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ALTERAÇÕES dos ERITRÓCITOS O sangue é composto de uma parte líquida e outra celular. A parte líquida é chamada de plasma quando com anticoagulante (contendo o fibrinogênio) e denominada soro quando sem anticoagulante, contendo os mais variados solutos orgânicos, como minerais, enzimas, hormônios etc. A parte celular é composta por eritrócitos, leucócitos e trombócitos (plaquetas, nos mamíferos, que não são células, mas fragmentos citoplasmáticos de megacariócitos). A função primária dos eritrócitos é transportar hemoglobina, a qual é responsável por carregar oxigênio para os tecidos. A morfologia normal das hemácias varia entre as diversas espécies, sendo anucleadas em mamíferos e nucleadas nos outros vertebrados. Resumidamente, as diferenças significativas entre os eritrócitos das espécies incluem: Tamanho; Forma; Grau de palidez central; Tendência a formar rouleaux; Presença de pontilhados basofílicos; Presença de reticulócitos na resposta regenerativa à anemia. O volume sanguíneo normal nas espécies domésticas varia em torno de 6% a 10% do peso corpóreo, com grande variedade intra e interespécies. O hemograma é o exame mais solicitado na rotina laboratorial. Está dividido em eritrograma (hematócrito, dosagem de hemoglobina, avaliação morfológica e contagem), leucograma (avaliação morfológica e contagem total e diferencial de leucócitos) e plaquetas (avaliação morfológica e contagem). A morfologia dos eritrócitos é avaliada em exames laboratoriais de acordo com características que irão ajudar a fechar o diagnóstico, tais como forma, coloração (policromasia e hipocromasia) e tamanho (microcitose e macrocitose). Hematologia As principais estruturas observadas nos eritrócitos em busca de diagnósticos são: Corpúsculos de Heinz Pontilhado basofílico associado a eritrócitos imaturos em ruminantes Corpúsculos de Howell-Jolly Grânulos siderócitos Parasitas piroplasmas, hemoplasmas Inclusões virais Corpúsculos de Lentz Ainda com relação à morfologia, a poiquilocitose ocorre quando o eritrócito exibe formas anormais: acantócito Projeções irregulares na membrana Principais causas: distúrbios esplênicos e hepáticos; hemangiossarcoma codócito São células alvo Anel claro separando o foco central de hemoglobina da hemoglobina periférica Principais causas: comum em anemias regenerativas. Na hipocromia por deficiência de Fe. Distúrbios hepáticos, renais e lipídicos. dacriócito Forma de gota ou lágrima Principais causas: doenças medulares como mielofibrose e neoplasias QUERATÓCITO A margem é cortada formando duas projeções de membrana. Principais causas: traumas ao eritrócito dentro do sistema vascular como vasculite e a coagulação intravascular. EQUINÓCITO Projeções de membrana regularmente espaçadas Principais causas: desidratação do eritrócito (hiponatremia), exercício intenso (equinos), intoxicação por doxorrubicina, reação a medicamentos aniônicos (fenotiazina), envenenamento por serpentes. ESFERÓCITO Eritrócito menor e com a palidez central diminuída Principais causas: anemia hemolítica imunomediada, envenenamentos e infecção por clostrídios Esquistócitos Eritrócito fragmentado, contraído Principais causas: trauma vascular (semelhante ao ceratócito), hemangiossarcoma, endocardite ESTOMATÓCITO Eritrócito unicôncavo, com uma área de palidez semelhante a uma boca ou fenda Principais causas: eritrócitos jovens e distúrbios hereditários. Tem pouco significado quando presente em pequenas quantidades EXCENTRÓCITO Hemoglobina excêntrica, esse deslocamento torna a outra parte pálida Principais causas: lesão oxidativa A policitemia é relativa quando é causada por desvio de líquidos, desidratação ou contração esplênica, não estímulo à eritropoiese. A policitemia absoluta pode ser primária ou secundária. A primária (ou policitemia vera) é um distúrbio mieloproliferativo e a secundária é uma resposta medular a um estímulo que aumente a demanda de eritrócitos como a oxigenação inadequada de tecidos e hipóxia generalizada. COLORAÇÃO Anisocromia é a presença de eritrócitos com coloração ou grau de hemoglobinização diferentes, variando entre hipocromia, normocromia e hipercromia. É característica das anemias sideroblásticas, podendo também ser encontrada nas terapias pós-transfusionais e de reposição de ferro. A anisocromia pode ocorrer pela presença de eritrócitos pobres ou ricos em hemoglobina (eritrócitos hipocrômicos ou hipercrômicos). NORMOCROMIA São eritrócitos com quantidade normal de hemoglobina, corando-se, pelos métodos habituais, de róseo com uma zona central clara, correspondente à sua concavidade. Nos diferentes tipos de anemias, os eritrócitos podem sofrer variações em seu conteúdo hemoglobínico e consequentemente, na intensidade de sua coloração. Este estado patológico constitui anisocromia eritrocítica, que indica insuficiência da medula óssea. HIPOCROMIA São eritrócitos de tamanho reduzido ou normal, apresentando-se pálidos ou descorados, sobretudo na zona central, em virtude da quantidade de hemoglobina, anormalmente escassa. A predominância destes elementos constitui a hipocromia. A hipocromia ocorre, em geral, nas anemias por deficiência, falta de absorção ou armazenamento de ferro (anemias primárias ou secundárias, microcíticas ou normocíticas). tamanho Eritrócitos de tamanho normal são denominados normócitos. Quando alterados em relação ao tamanho são denominados micrócitos (diâmetro inferior, encontrados em anemias por deficiência de ferro e hemolíticas), macrócitos (diâmetro superior, encontrados em anemias megaloblásticas, aplásicas e doenças hepáticas crônicas) e megalócitos (diâmetro bem maior, encontrados em anemias por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico). Macrócito (seta); Micrócito (seta tracejada); Eritrócito de tamanho normal (seta d) Referências BALESDENT, Anna et. al. Preparatório para Residência em Medicina Veterinária, 2. ed., Sanar. Salvador, Bahia, 2019. SILVA, Beatriz et. al., Preparatório para Residência em Medicina Veterinária - Patologia Clínica. Sanar. Salvador, Bahia, 2019. Universidade Federal de Goiás. Atlas de Hematologia - UFG. Goiânia, Goiás, 2014. Disponível em: <https://hematologia.farmacia.ufg.br/>. ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. Editora Atheneu. São Paulo, 2013.
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