Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA JOÃO PAULO SILVA DE LIMA BALANCEAMENTO EM UM PLANO DE ROTOR RÍGIDO NATAL/RN 2019 JOÃO PAULO SILVA DE LIMA BALANCEAMENTO EM UM PLANO DE ROTOR RÍGIDO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Dr. João Bosco da Silva. NATAL/RN 2019 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Maria das Graças Silva de Lima e Franklin Costa de Lima, às minhas tias Maria do Rosário e Maria do Socorro, ao meu tio Tony José e aos meus irmãos Marcos Felipe e Talita Cristina que me incentivaram e me apoiaram das mais variadas formas para que eu pudesse concluir este trabalho. AGRADECIMENTOS A Deus, pelo dom da vida, por Ele sempre está comigo em todos os momentos me fortalecendo, me guiando pelos melhores caminhos e me orientando diante das escolhas mais difíceis. Ao professor Dr. João Bosco da Silva, meu orientador pela sua disponibilidade e pelo comprometimento com o sucesso deste trabalho. Ao meu querido amigo e mentor MSc. Karllyamo Lennon de Souza, por acreditar no meu potencial, por todos os seus ensinamentos, conselhos, pela paciência dedicada durante toda a realização deste trabalho, pela disponibilidade em tirar sempre mais uma dúvida, por fim, pela generosidade de me apresentar o mundo da manutenção preditiva. A Raíssa Silva pelo total apoio durante a realização dos ensaios no laboratório e por compartilhar os seus conhecimentos na área de vibrações. Aos amigos da PREDMEC: Antônio Oliveira, Alex Ciríaco e Fabiola Silveira. A Luana Nascimento, Flaviano Mota e Kennedy Lopes, meus grandes amigos, que estão sempre me ajudando e torcendo pelo meu sucesso. Aos meus amigos que me acompanharam ao longo de toda essa jornada também conhecida como graduação e que sem dúvidas tornaram possível, leve e mais divertida esta realização: Átila Amorim, Andressa Santos, Daniel França, Djalma Santos, Éric Calasans, Jonathan Carvalho, Miguel Souto, Raquel Dantas e Rodrigo Pimenta. Finalmente, a todos que de forma direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para que este trabalho tivesse êxito. Muito obrigado a todos. RESUMO Um dos defeitos mais recorrentes em plantas industriais e que podem impactar diretamente nos resultados das empresas é o desbalanceamento de máquinas rotativas. Trata-se de um defeito que possui alta energia destrutiva e por isso deve ser monitorado adequadamente e corrigido para que não gere paradas de produção através de uma quebra inesperada do equipamento. Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como proposito de através da utilização de uma bancada didática apresentar as principais características ligadas ao desbalanceamento estático para rotores rígidos, métodos de detecção e correção através do auxílio da análise de vibração em conjunto com dois métodos de balanceamento distintos. Neste trabalho também será abordado a classificação empregada para rotores, os tipos de desbalanceamentos segundo a literatura e as normas técnicas aplicáveis ao processo de balanceamento. Neste trabalho também será tratado as consequências geradas aos equipamentos devido ao desbalanceamento e os impactos à manutenção, bem como os meios para a sua devida correção através do método, puramente gráfico, de simples execução, conhecido como método dos três pontos onde não há necessidade do conhecimento da fase do sinal de vibração e o método mais largamente utilizado que é o método dos coeficientes de influência que é um método mais complexo, que requer, além do coletor e analisador de vibração, a utilização de um sensor óptico para a coleta da fase do sinal de vibração, porém entrega um ótimo resultado exigindo menos acionamentos do equipamento. Por fim, será produzido um procedimento detalhado de balanceamento para cada um dos métodos apresentados onde poderá ser consultado e utilizado como um guia para a execução do balanceamento. Palavras-chave: Balanceamento. Desbalanceamento estático. Rotores rígidos. Método dos três pontos. Coeficientes de influência. ABSTRACT One of the most recurring defects in industrial plants and that can directly impact company results is the unbalance of rotary machines. It is a defect that has high destructive energy and that it must be monitored properly and corrected so that it does not generate stops of production through an unexpected break of the equipment. In this context, the present work has the purpose of using a didactic workbench to present the main characteristics related to static unbalance for rigid rotors, methods of detection and correction through the aid of vibration analysis together with two different balancing methods. This paper will also discuss the classification used for rotors, the types of unbalances according to the literature and the technical standards applicable to the balancing process. This work will also deal with the consequences of the unbalance and the impacts on maintenance, as well as the means for its correct correction through the purely graphic, simple execution method known as the three- point method where there is no need for the knowledge of the vibration phase and the most widely used method is the coefficient of influence method which is a more complex method, which requires, in addition to the collector and vibration analyzer, the use of an optical sensor to collect signal phase of vibration, but it delivers a great result requiring fewer equipment drives. Finally, a detailed balancing procedure will be produced for each of the presented methods where it can be consulted and used as a guide for the execution of balancing by other students. Keywords: Balancing. Static unbalance. Rigid rotors. Three-point method. Coeficiente of influence method. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Causas primárias de falhas em equipamentos mecânicos ...................... 14 Figura 2 – Causas de vibração em máquinas ........................................................... 15 Figura 3 – Vibração devido ao desbalanceamento ................................................... 16 Figura 4 – Desbalanceamento Estático no domínio da frequência ........................... 17 Figura 5 – Desbalanceamento acoplado no domínio da frequência .......................... 18 Figura 6 – Desbalanceamento dinâmico no domínio da frequência .......................... 19 Figura 7 – Desbalanceamento representado no espectro de frequência .................. 21 Figura 08 – Característica do sinal de desbalanceamento ........................................ 21 Figura 9 – Efeito da velocidade de rotação na flexibilidade do rotor ......................... 22 Figura 10– Balanceamento em 1 plano ..................................................................... 24 Figura 11 – Balanceamento em 2 planos .................................................................. 24 Figura 12 – Máximo desbalanceamento residual permissível (ISO 1940-1) ............. 30 Figura 13 – Fluxograma: três pontos ......................................................................... 34 Figura 14 – Efeito da massa de desbalanceamento captado pelo sensor de vibração .................................................................................................................................. 35 Figura 15 – Sequência gráfica de balanceamento com medição de fase ................. 38 Figura 16 – Posicionamento angular da massa de correção .................................... 38 Figura 17 – Balanceamento pelo método do coeficientesde influência apresentado na forma vetorial. ....................................................................................................... 38 Figura 18 – Fluxograma: coeficientes de influência .................................................. 39 Figura 19 – Bancada didática (vista lateral) .............................................................. 40 Figura 20 – Bancada didática (vista frontal) .............................................................. 41 Figura 21 – Motor elétrico WEG ................................................................................ 41 Figura 22 – Polias ..................................................................................................... 42 Figura 23 – Correias .................................................................................................. 43 Figura 24 – Mancal .................................................................................................... 43 Figura 25 – Rotor ....................................................................................................... 44 Figura 26 – Rolamento .............................................................................................. 44 Figura 27 – Redutor de velocidade ........................................................................... 45 Figura 28 – Acoplamento flexível .............................................................................. 46 Figura 29 – Inversor de frequência ............................................................................ 46 Figura 30 – Acelerômetro .......................................................................................... 47 Figura 31 – Sensor óptico montado em suporte com base magnética ...................... 48 Figura 32 – Coletor e analisador de vibrações SKF CMXA 75 .................................. 49 Figura 33 – Pontos de coleta do sinal de vibração .................................................... 52 Figura 34 – Software SKF @ptitude Analyst ............................................................. 53 Figura 35 – Configuração dos parâmetros de medição (Geral)................................. 53 Figura 36 – Configuração dos parâmetros de medição (Ajuste) ............................... 54 Figura 37 – Estrutura do banco de dados ................................................................. 54 Figura 38 – Massa de desbalanceamento ................................................................ 55 Figura 39 – Posição da massa de desbalanceamento .............................................. 55 Figura 40 – Instrumentação instalada na bancada .................................................... 56 Figura 41 – Rotor com a massa de teste a 0° ........................................................... 57 Figura 42 – Rotor com a massa de teste a 120° ....................................................... 57 Figura 43 – Rotor com a massa de teste a 240° ....................................................... 57 Figura 44 – Intersecção das circunferências ............................................................. 59 Figura 45 – Medição do comprimento de As ............................................................. 59 Figura 46 – Massa de correção (método dos três pontos) ........................................ 60 Figura 47 – Fixação da massa de correção a 30° ..................................................... 60 Figura 48 – Amplitude de vibração em velocidade após balanceamento .................. 60 Figura 49 – Detalhe das fitas isolante e reflexiva instaladas no rotor ........................ 61 Figura 50 – Massa de teste (método dos coeficientes de influência) ........................ 62 Figura 51 – Rotor com a massa de teste a 330° ....................................................... 62 Figura 52 – Detalhe da massa de correção............................................................... 63 Figura 53 – Rotor com massa de correção a 30° (coeficientes de influência) ........... 63 Figura 54 – Intensidade da vibração em velocidade após balanceamento (coeficientes de influência) ........................................................................................ 64 Figura 55 – Sinal de vibração no domínio do tempo (forma de onda) ....................... 66 Figura 56 – Sinal de vibração no domínio da frequência. ......................................... 66 Figura 57 – Comparativo entre os métodos de balanceamento ................................ 68 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classes de qualidade de balanceamento para vários grupos de rotores rígidos (ISO 1940-1) .................................................................................................. 29 Tabela 2 – Carta de severidade de vibração em velocidade – RMS (ISO 20816-1) . 31 Tabela 3 – Especificações do acelerômetro .............................................................. 48 Tabela 4 – Especificações do coletor de vibração .................................................... 50 Tabela 6 – Amplitudes de vibração ........................................................................... 58 Tabela 7 – Conversão de unidades (mm/s x cm) ...................................................... 58 Tabela 8 – Valores úteis para aplicação da norma ISO 1940-1 ................................ 68 Tabela 9 – Carta de severidade de vibração em velocidade RMS (comparativo) ..... 69 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................... 13 1.1 OBJETIVOS .................................................................................................... 13 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .............................................................................. 14 2.1 DESBALANCEAMENTO ................................................................................ 14 2.2 TIPOS DE DESBALANCEAMENTO ................................................................ 16 2.2.1 Desbalanceamento estático .................................................................... 17 2.2.2 Desbalanceamento acoplado ou conjugado ....................................... 178 2.2.3 Desbalanceamento semi-estático .......................................................... 18 2.2.4 Desbalanceamento dinâmico.................................................................. 19 2.3 CAUSAS DO DESBALANCEAMENTO ............................................................ 19 2.4 DETECÇÃO DO DESBALANCEAMENTO ATRAVÉS DO SINAL DE VIBRAÇÃO ............................................................................................................ 20 2.5 ROTORES ....................................................................................................... 22 2.6 MÉTODOS DE BALANCEAMENTO ................................................................ 23 2.7 BALANCEAMENTO DE ROTORES ................................................................ 25 2.8 NORMAS APLICAVEIS ................................................................................... 25 2.8.1 ISO 1940-1 ................................................................................................ 25 2.8.2 ISO 20816-1:2016 ..................................................................................... 30 2.9 ESTIMATIVA DA MASSA DE TESTE .............................................................. 31 2.10 BALANCEAMENTO ATRAVÉS DO MÉTODO DOS TRÊS PONTOS ........... 32 2.10.1 Procedimento de balanceamento pelo método dos três pontos ....... 32 2.11 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA...........................................................................................................35 2.11.1 Procedimento de balanceamento pelo método dos coeficientes de influência ...........................................................................................................36 3 MATERIAL E PROCEDIMENTOS ......................................................................... 40 3.1 BANCADA DIDÁTICA ...................................................................................... 40 3.1.1 Motor elétrico ........................................................................................... 41 3.1.2 Eixo ........................................................................................................... 41 3.1.3 Polias ........................................................................................................ 42 3.1.4 Correias .................................................................................................... 42 3.1.5 Mancais ..................................................................................................... 43 3.1.6 Rotor ......................................................................................................... 43 3.1.7 Rolamentos .............................................................................................. 44 3.1.8 Redutor de velocidades .......................................................................... 45 3.1.9 Acoplamento ............................................................................................ 45 3.2 ACIONAMENTO E CONTROLE DO MOTOR ELÉTRICO ............................... 46 3.3 INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE DADOS ............................................ 47 3.3.1 Acelerômetro ............................................................................................ 47 3.3.2 Sensor óptico ........................................................................................... 48 3.3.3 Coletor e analisador de vibração ............................................................ 49 3.4 PONTOS DE MEDIÇÃO .................................................................................. 51 3.5 SOFTWARE DE ANÁLISE DE VIBRAÇÃO ..................................................... 52 3.6 MASSA DE DESBALANCEAMENTO .............................................................. 55 3.7 MASSA DE TESTE .......................................................................................... 56 3.8 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS TRÊS PONTOS .......................... 56 3.9 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA...........................................................................................................61 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 65 4.1 FORMA DE ONDA ........................................................................................... 65 4.2 ESPECTRO DE DESBALANCEAMENTO ....................................................... 66 4.3 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS TRÊS PONTOS .......................... 66 4.4 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA...........................................................................................................67 4.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ......................................................... 67 4.6 APLICAÇÃO DA NORMA ISO 1940-1 ............................................................. 68 4.7 CONFORMIDADE COM A NORMA ISO 20816-1:2016 .................................. 69 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 70 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 71 13 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O desbalanceamento é um problema corriqueiro em máquinas rotativas e é uma das principais fontes de vibração, segundo Everett (1987), em torno de 80% dos problemas detectados em máquinas rotativas são resultado do desbalanceamento. Sendo assim esse tipo de defeito deve monitorado e receber atenção especial pela equipe de manutenção. Segundo Rao (2008), o desbalanceamento pode ser entendido como a existência de uma massa excêntrica em relação ao eixo do rotor, ou seja, um rotor desbalanceado apresenta uma massa distribuída de forma assimétrica em relação ao seu eixo de rotação, de tal forma que desloca o centro de gravidade ao longo da seção perpendicular do rotor. Dentre os defeitos que podem ser diagnosticados através da análise de vibração o desbalanceamento é, sem dúvidas, um dos mais relevantes visto possuir uma grande energia associada e dessa forma ter um alto poder destrutivo. O processo de balanceamento tem como finalidade corrigir a distribuição de massa assimétrica de um corpo rotativo em torno do seu eixo de rotação de modo que ele não ultrapasse os limites de desbalanceamento residual e consequentemente de vibração que são definidos por normas regulamentadoras. 1.1 OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo apresentar os conceitos principais relacionados ao desbalanceamento de rotores rígidos, suas consequências dentro do contexto da manutenção, as normas aplicáveis, a aplicação de dois métodos de balanceamento em um plano e a elaboração de um procedimento de balanceamento para cada um dos métodos apresentados. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 2.1 DESBALANCEAMENTO O desbalanceamento é um defeito mais comum do que se pensa principalmente em máquinas rotativas, ele consiste na distribuição assimétrica de massa em torno do eixo de rotação de um rotor, criando pontos pesados o que gera forças radiais desbalanceadas ocasionando uma forte vibração no equipamento durante o seu funcionamento provocando o desgaste prematuro dos seus elementos mecânicos, como por exemplo: mancais, rolamentos, elementos de vedação, elementos de fixação e até no próprio rotor, chegando a afetar, dependendo da severidade do desbalanceamento, outros equipamentos instalados nas proximidades, além disso, há o desperdício da energia em forma de vibração e, finalmente, devido a intensa vibração há possibilidade de ocorrência de acidentes materiais e pessoais. Os dados relacionados aos efeitos do desbalanceamento dentro do contexto manutenção são apresentados através das figuras 1 e 2. Figura 1 – Causas primárias de falhas em equipamentos mecânicos Fonte: Adaptado de Kardec (2013). 15 Figura 2 – Causas de vibração em máquinas Fonte: Adaptado de Kardec (2013). Segundo Grim et al. (2014), o eixo principal de inercia (EPI) pode ser definido como sendo o eixo em torno do qual toda a distribuição de massa é uniforme. Nessa situação, a rotação em torno desse eixo se apresenta de forma totalmente balanceada. Enquanto o eixo de rotação (ER) está associado a um eixo em qual ocorre a rotação real do rotor. Soeiro (2008) explica que a distribuição irregular de massa, para cada seção transversal, provoca uma mudança de posição do centro de gravidade. A totalidade destes desvios é classificado como afastamento do eixo principal de inercia (EPI) do eixo de rotação (ER), em outas palavras, a massa do rotor não está distribuída simetricamente em torno do eixo de rotação do rotor. Devido ao excesso de massa em algum ponto do rotor surgirá sobre ele uma força centrifuga, a magnitude dessa força geradora da vibração é proporcional a massa excêntrica (md), a distância do centro de gravidade ao eixo de giro do rotor, ou seja, a excentricidade (e) e, finalmente, ela é proporcional ao quadrado da velocidade angular de rotação do rotor (ω). Matematicamente, é expressa pela equação: Fcentrífuga = md. e. ω 2 (1) Onde: Fcentrífuga: Força centrifuga devido ao desbalanceamento md: Massa desbalanceada e: Excentricidade ω: Velocidade angular 16 O efeito do desbalanceamento é ilustrado através da figura 3. Figura 3 – Vibração devido ao desbalanceamento Fonte: Pruftechnik (2010). A força centrifuga, causadora do desbalanceamento é diretamente suportada e contrabalanceada pelas reações dos mancais,por isso eles são os pontos mais afetados do equipamento. Soeiro (2008), explica que quando o eixo principal de inercia (EPI) é paralelo ao eixo de rotação (ER), fenômeno que ocorre quando os pontos pesados se encontram uniformemente distribuídos em uma linha paralela ao eixo de rotação a resultante das reações nos apoios serão iguais em modulo e direção, sem defasagem. Para o caso em que o eixo principal de inercia (EPI) intercepta o eixo de rotação (ER) justamente no centro de gravidade com alguma inclinação entre eles as resultantes das reações nos mancais terão módulos iguais, contudo serão defasadas em 180°. Essas duas situações mostram dois tipos de desbalanceamento, no primeiro caso trata-se do desbalanceamento puramente estático, enquanto no segundo caso tem- se o desbalanceamento dinâmico. 2.2 TIPOS DE DESBALANCEAMENTO De acordo com o posicionamento relativo entre os eixos de inercia principal (EPI) e de rotação (ER) existem, segundo Eisenmann et al. (1998), quatro formas de desbalanceamento. São elas: desbalanceamento estático, desbalanceamento acoplado, o desbalanceamento quase-estático e o desbalanceamento dinâmico. 17 2.2.1 Desbalanceamento estático No desbalanceamento estático o eixo principal de inercia (EPI) encontra-se deslocado paralelamente em relação ao eixo geométrico do rotor (EGR). Dessa forma o elemento se comporta como um pêndulo, ou seja, a região com maior concentração de massa tende a estabilizar sempre na parte inferior do rotor, isso ocorre devido a concentração de massa e os efeitos das forças gravitacionais. Este tipo de desbalanceamento ocorre mesmo na ausência de movimento, por isso ser denominado desbalanceamento estático. Ferreira (2006), observa que no desbalanceamento estático, sob mancais rígidos, as forças de reação medidas nos mancais encontram-se em fase. Além disso, quando balanceado sob mancais flexíveis o eixo geométrico do rotor executa um movimento de precessão em do seu centro de massa produzindo um cilindro no espaço. As características no domínio da frequência desse tipo de desbalanceamento são apresentadas através da figura 4. Figura 4 – Desbalanceamento Estático no domínio da frequência Fonte: Mobius Institute (2019). Eisenmann et al (1998), observa que rotores com pequena espessura pode- se considerar que o mesmo apresente apenas desbalanceamento estático. 18 2.2.2 Desbalanceamento acoplado ou conjugado No desbalanceamento acoplado a concentração de massa está distribuída nas extremidades do rotor, mas de forma alternada, devido a essa configuração os eixos (EPI) e o (EGR) se cruzam exatamente no centro de gravidade do elemento girante. Segundo Ferreira (2006), esse tipo de desbalanceamento não pode ser detectado através de um ensaio estático, pois o rotor apresenta equilíbrio indiferente, ou seja, não apresenta tendência de girar quando posto em qualquer posição angular. As reações nos apoios são similares a um binário rotativo com resultante nula, além disso as forças nos apoios encontram-se em “contra-fase” para o caso em que o centro de massa do rotor estar posicionado exatamente entre os mancais. O desbalanceamento acoplado é ilustrado na figura 5. Figura 5 – Desbalanceamento acoplado no domínio da frequência Fonte: Mobius Institute (2019). 2.2.3 Desbalanceamento semi-estático O desbalanceamento semi-estático pode ser entendido com uma composição do desbalanceamento estático com o desbalanceamento acoplado. Nesse tipo de desbalanceamento o eixo principal de inercia (EPI) e o eixo geométrico do rotor (EGR) se interceptam em um ponto diferente do centro de gravidade do sistema. Esse tipo de desbalanceamento tem como característica amplitudes de vibração maiores em um dos pontos de apoio. 19 2.2.4 Desbalanceamento dinâmico No desbalanceamento dinâmico o eixo principal de inercia (EPI) não intercepta o eixo geométrico do rotor (EGR), além disso as massas desbalanceadas encontram-se deslocadas de um ângulo diferente de 180°. Esse tipo de desbalanceamento é o mais comum encontrado no dia a dia. A correção deve ser realizada em pelo menos dois planos perpendiculares ao eixo de rotação do rotor. A figura 6 representa o desbalanceamento dinâmico. Figura 6 – Desbalanceamento dinâmico no domínio da frequência Fonte: Mobius Institute (2019). 2.3 CAUSAS DO DESBALANCEAMENTO Todo elemento mecânico, por mais bem projetado que seja, apresenta em seu estado final imperfeições devido a uma série de fatores o que pode acarretar entre outros problemas o desbalanceamento, por isso a ausência do desbalanceamento é abordada apenas em condições teóricas, em termos práticos ela sempre existirá, mesmo que em valores mínimos (residual de desbalanceamento). Dessa forma os parâmetros de fabricação e montagem são apenas controlados de forma que atendam as normas em vigor, ou seja, um rotor estará dentro dos padrões a partir do momento que possua um desbalanceamento residual menor do que o valor determinado por norma ou especificado pelo fabricante. Além disso, outras situações que não estão ligadas a fase de projeto também contribuem significativamente para o desbalanceamento de corpos rígidos rotativos. 20 As causas mais comuns de desbalanceamento são: • Defeitos geométricos durante o processo de fabricação (tolerâncias geométricas e dimensionais). • Erosão do material (cavitação, corrosão, desgaste) • Incrustações (sujeira, deposito de materiais) • Defeitos do material (inclusões ou vazios em peças laminadas, forjadas ou fundidas) • Excentricidade e ou desalinhamento entre os mancais • Problemas de caráter operacional 2.4 DETECÇÃO DO DESBALANCEAMENTO ATRAVÉS DO SINAL DE VIBRAÇÃO A análise de vibrações é uma ferramenta poderosa na detecção de defeitos desde a sua fase inicial em equipamentos rotativos, dessa forma ela é empregada fortemente dentro da indústria, visto que os equipamentos rotativos estão presentes em quantidade significativa em quase toda a planta industrial. Todo equipamento dinâmico produz normalmente vibração durante o seu funcionamento, dessa forma ele possui uma espécie de “identidade vibracional”, conhecida como assinatura, que caracteriza o seu funcionamento dentro dos padrões esperados, quando há alguma mudança nessa assinatura é possível que o equipamento esteja operando com alguma falha em potencial ou já tenha iniciado algum processo de desgaste. Um rotor bem balanceado, possui como característica uma considerável coincidência entre o eixo de rotação e o eixo principal de inercia do rotor, dessa forma durante o seu funcionamento os mancais que o suportam não sofrem tantos esforços, não havendo níveis de vibração elevados. O desbalanceamento pode ser detectado através da análise de vibração, nesse caso, as medições radiais são as que melhor transmitem o efeito do desbalanceamento, devido ao grau de liberdade ser maior nessa direção, para os casos dos rotores horizontais bi-apoiados, já nos rotores em balanço as medidas axiais podem apresentar valores mais elevados. No sinal de vibração apresentado no domínio do tempo o desbalanceamento possui como característica uma forma de onda senoidal perfeita, sem deformações, enquanto no domínio da frequência o desbalanceamento é facilmente identificado 21 através de um pico elevado em 1x a frequência de rotação do rotor, onde sua amplitude é diretamente proporcional a quantidade de desbalanceamento e ao quadrado da rotação. As figuras 4 e 5 ilustram o sinal de desbalanceamento tanto no domínio do tempo (forma de onda) como no domínio da frequência (espectro). No desbalanceamento estático não há mudança de fase na máquina ou acoplamento na mesma posição de medição, portanto no desbalanceamento estático as vibrações nos mancais são estáveis e estão em fase, enquanto no desbalanceamentodinâmico, o tipo mais comum de desbalanceamento encontrado, o sinal da vibração em cada mancal está defasado em torno de 180 graus. O desbalanceamento geralmente faz com o que o rolamento que é um elemento sensível do equipamento trabalhe com uma carga dinâmica maior do que a especificada em projeto, fazendo com que o elemento mecânico falhe por fadiga mais precocemente devido as tensões cíclicas, esse fenômeno pode ser constatado através da fragmentação de metal na superfície. Figura 7 – Desbalanceamento representado no espectro de frequência Fonte: Pruftechnik (2010). Figura 08 – Característica do sinal de desbalanceamento Fonte: Pruftechnik (2010). 22 2.5 ROTORES Um rotor, basicamente, é um elemento mecânico que realiza movimento de rotação em torno do seu próprio eixo apoiado sobre mancais com a finalidade de realizar uma tarefa específica. Os rotores estão presentes nas máquinas rotativas tais como compressores, turbinas, ventiladores, bombas, redutores. Os rotores podem ser classificados em rotores rígidos ou rotores flexíveis. Segundo Góz et al. (2002), a distinção entre rotor rígido e rotor flexível, geralmente, não é simples de ser determinada, devido a fatores como a flexibilidade do sistema rotor-eixo-mancais. O grau de flexibilidade dos mancais pode indicar se o rotor é do tipo rígido ou flexível. Via de regra, quanto maior for a flexibilidade dos mancais, maior será a tendência de o rotor apresentar comportamento rígido. Para Pereira (2005), um rotor é dito rígido quando este possui velocidade de rotação distante da velocidade crítica (ressonância), o rotor nessa configuração não apresenta deformações estruturais significativas ao longo do seu eixo durante o funcionamento. Ainda segundo Góz et al. (2002), para ser considerado um rotor flexível ele deve possuir velocidade de rotação próxima da sua velocidade crítica de rotação, em termos quantitativos, velocidades maiores que 70% da sua frequência natural. Essa condição é representada através da figura 9. Nessa situação o rotor passa a apresentar deformações relevantes, relacionadas ao seu modo de vibração, ao longo do seu eixo o que ocasiona reações de alta magnitude nos mancais de apoio. Figura 9 – Efeito da velocidade de rotação na flexibilidade do rotor Fonte: Góz e Silva (2002). 23 2.6 MÉTODOS DE BALANCEAMENTO O balanceamento atualmente pode ser feito tanto em máquinas balanceadoras destinadas exclusivamente a execução do balanceamento de rotores quanto pelo balanceamento realizado em campo. O balanceamento em máquinas balanceadoras é normalmente utilizado após o processo de fabricação ou quando o equipamento opera em altas rotações. O balanceamento de campo, tem como característica ser mais simples e por isso geralmente possuir um custo menor na sua execução além de entregar um resultado bastante satisfatório. No balanceamento de campo existe a necessidade da instalação temporária dos instrumentos de coleta do sinal de vibração no mancal do equipamento que se pretende balancear além do sensor optico de fase. O custo menor da execução desse tipo de balanceamento ocorre devido o processo ser realizado no próprio local de funcionamento do equipamento, sem necessidade de desmontagem, nem de transporte dele. Resumidamente o processo de correção do desbalanceamento pode ser realizado através do balanceamento em um plano para os casos de desbalanceamento puramente estático enquanto o desbalanceamento dinâmico exige que o balanceamento seja realizado em no mínimo dois planos. Segundo, Soeiro (2008), boa parte dos rotores apresentam uma combinação entre desbalanceamento puramente estático e o dinâmico, contudo em casos em que o diâmetro do rotor for muito maior que o seu comprimento como, por exemplo, serra circular, polias, alguns tipos de ventiladores a componente do desbalanceamento dinâmico pode ser desconsiderada desde que a rotação de operação não seja alta. O desbalanceamento estático, por ser mais simples, é mais facilmente corrigido através da adição ou remoção de massa de balanceamento em um único plano perpendicular ao eixo de rotação, conforme ilustra a figura 10, dessa forma é possível deslocar o eixo de inercia em direção ao eixo de rotação satisfazendo a condição de balanceamento. Segundo Gunter (1970), para os casos em que o rotor possuir diâmetro dez vezes maior que o seu comprimento o desbalanceamento pode ser corrigido através do balanceado estático, enquanto Nish (2006), afirma que rotores em formato de disco que possuem o diâmetro maior ou igual a três vezes sua largura podem ter o seu 24 desbalanceamento corrigido através do balanceamento estático, ou se já, em um único plano. Já no desbalanceamento dinâmico, o processo de correção é mais complexo e ocorre em dois planos diferentes e perpendiculares em relação ao eixo de rotação como já mencionado anteriormente. O balanceamento em dois planos é representado através da figura 11. Nesse caso a adição ou remoção de massa de balanceamento possibilita que o eixo principal de inercia (EPI) sofra uma rotação em relação ao eixo de rotação, além disso o eixo de inércia é deslocado em direção ao eixo de rotação. Figura 10– Balanceamento em 1 plano Fonte: Góz e Silva (2002). Figura 11 – Balanceamento em 2 planos Fonte: Góz e Silva (2002). 25 2.7 BALANCEAMENTO DE ROTORES A norma ISO 1940-1 que é aceita como uma das principais referências quando se deseja avaliar a qualidade de balanceamento de rotores rígidos define que o balanceamento pode ser entendido como o processo de correção de uma distribuição assimétrica de massa de um corpo que gira apoiado sobre mancais resultando na redução dos efeitos do desbalanceamento durante serviço. Segundo Ferreira (2006), a correção do desbalanceamento consiste em uma operação iterativa baseada na adição ou remoção de massa de posições angulares especificas do elemento desbalanceado, dessa forma, equilibrando o momento e o efeito das forças de inércia geradas devido a rotação, reduzindo, dessa forma, os níveis de vibração. Contudo, a eliminação completa do desbalanceamento é difícil de ser obtida, então o processo de balanceamento tem como finalidade reduzir os esforços radiais nos mancais a valores aceitáveis, chamado de residual de desbalanceamento. Os limites toleráveis do desbalanceamento residual, a classificação dos tipos de rotores, a determinação do residual de desbalanceamento e a alocação desse residual de desbalanceamento em planos de correção são definidos pelas normas ISO 1940-1. Além da norma supracitada especifica a correção do desbalanceamento de rotores rígidos o controle de vibração, devido ao desbalanceamento do equipamento, pode ser feito através da norma ISO 20816-1 (2016) que define através dos limites de vibração em velocidade (RMS) a condição do equipamento em operação. A forma de avaliação do resultado do balanceamento utilizada neste trabalho foi baseada na norma ISO 20816-1 (2016) a partir da coleta dos níveis de amplitude de vibração. 2.8 NORMAS APLICAVEIS 2.8.1 ISO 1940-1 A norma ISO 1940-1 trata sobre os requisitos de qualidade de balanceamento em rotores rígidos. Ela define os limites de tolerâncias recomendados de acordo com 26 o grau de qualidade de balanceamento que levam em consideração o tipo de aplicação do rotor, massa do rotor e a velocidade máxima de rotação de operação. Além disso, a norma ISO 1940-1 específica: formas de representar o desbalanceamento em um ou mais planos e os métodos de distribuição do desbalanceamento residual permissível em cada um dos planos de correção. O desbalanceamento residual permissível (Uper) representa o valor máximo que o produto entre a massa excêntrica e a distância dessa mesma massa com relação ao centro de rotação pode apresentar. Normalmenteé expresso em gramas por milímetros e pode ser obtido através da seguinte equação: Uper = Massa desbalanceadora . Distância [g.mm] (2) De maneira alternativa o desbalanceamento residual permissível pode ser obtido diretamente através da equação uma vez estabelecida a qualidade de balanceamento (Gn) para o rotor. Uper = 9549. Gn. m RPM (3) Onde, Uper : Desbalanceamento residual permissível; Gn: Grau de qualidade do balanceamento; m: Massa do rotor (kg); RPM: Rotação por minuto do rotor. Devido as faixas de desbalanceamento residual permissíveis dependerem diretamente da massa total do rotor, ou seja, uma massa total maior possibilita um desbalanceamento residual permissível também maior. Diante disso, define-se o desbalanceamento residual específico permissível que nada mais é do que a razão entre o desbalanceamento residual permissível e a massa total do rotor. O desbalanceamento residual específico permissível (eper) é dado por: eper = Uper Massa do rotor [ g.mm kg ] (4) 27 Segundo Ferreira (2006), o desbalanceamento residual específico permissível pode ser especificado em micrometros (µm) quando o desbalanceamento for dado em (g.mm) e a massa total em (kg). Para os casos em que o desbalanceamento for puramente estático, o desbalanceamento residual específico permissível corresponderá a excentricidade máxima permissível entre o centro de massa do rotor e o seu eixo de rotação. Enquanto para os casos de desbalanceamento dinâmico funciona apenas como um parâmetro necessário para se avaliar o estado de balanceamento. A norma ISO-1940 também define o parâmetro qualidade de balanceamento (G) o qual é obtido através do produto entre a velocidade angular do rotor (rad/s) e o desbalanceamento residual específico permissível. Esse padrão de qualidade deve apresentar um valor constante para rotores do mesmo tipo, ou seja, quando a velocidade aumentar o valor do desbalanceamento residual específico permissível deve diminuir e vice e versa. O grau de qualidade do balanceamento (G) é dado por: G = eper . ω = constante [ g.mm kg. s ] (5) Ferreira (2006), explica que o grau de balanceamento é expresso em milímetros por segundo, dessa forma G é definido como um limite em termos da velocidade, isso ocorre, pois, rotores semelhantes geometricamente apresentam tensões tanto no próprio rotor quanto nos mancais proporcionais a velocidade periférica do rotor. A norma ISO-1940 traz uma tabela com diversos graus de qualidade predefinidos, construída através de longa experiência prática para uma grande variedade de rotores diferentes, essa tabela permite estabelecer o valore residual de desbalanceamento específico permissível (eper) diretamente sem o uso de equações. conforme tabela 1. Ainda, segundo Ferreira (2006) , um rotor estará balanceado quando o produto entre a velocidade máxima de rotação em operação e o desbalanceamento residual específico permissível para a classe ISO Gn não superar o valor de n (classe ou grau de qualidade de balanceamento), onde os valores de n variam através de uma 28 série geométrica de razão √16 3 , o que corresponde a aproximadamente 2,5. Valores menores representam qualidade de balanceamento superiores. Portanto, o grau de qualidade de balanceamento n é definido por: n ≥ ω. eper [mm/s] (6) 29 Tabela 1 – Classes de qualidade de balanceamento para vários grupos de rotores rígidos (ISO 1940-1) Fonte: ISO 1940-1. 30 Figura 12 – Máximo desbalanceamento residual permissível (ISO 1940-1) Fonte: ISO 1940-1. 2.8.2 ISO 20816-1:2016 Além da norma 1940-1 específica ao balanceamento de rotores rígidos, faz- se uso para o controle de vibração em equipamentos, da norma ISO 20816-1:2016: 31 Vibração mecânica – Medição e avaliação da vibração da máquina – Parte 1. Essa norma é largamente utilizada durante o procedimento de balanceamento de campo. Ela, diferentemente da norma ISO 1940-1 estabelece diretrizes condições e procedimentos gerais para a medição e a avaliação de vibração em máquinas rotativas através do valor da vibração em velocidade (RMS). A ISO 20816-1:2016 apresenta, na seção 6, uma tabela com valores de referência para vibração em velocidade, onde as máquinas são classificadas nos níveis de condição: bom, satisfatório, insatisfatório e inaceitável de acordo com a classe da máquina analisada. No presente trabalho o equipamento analisado encontra-se inserido na classe 1 que é definido por pequenas máquinas com potência de até 15 kW, ou 20 CV. A carta de severidade de vibração é apresentada na tabela 2. Tabela 2 – Carta de severidade de vibração em velocidade – RMS (ISO 20816-1) Fonte: ISO 20816-1:2016. 2.9 ESTIMATIVA DA MASSA DE TESTE Sousa (2005), sugere que a massa de teste a ser utilizada no processo de balanceamento pode ser estimada de acordo com a equação: mt = 90. P { RPM 1000} 2 . R (7) 32 Onde: mt: massa de teste (g) P: Massa do rotor (kg) RPM: Rotação por minuto do eixo R: Raio em que será fixada a massa de teste (mm) 2.10 BALANCEAMENTO ATRAVÉS DO MÉTODO DOS TRÊS PONTOS Esse é um dos métodos mais simples de balanceamento, sendo puramente gráfico, sua aplicação necessita apenas das amplitudes de vibrações em quatro voltas do rotor, dispensando o uso dos valores de fase do sinal de vibração. 2.10.1 Procedimento de balanceamento pelo método dos três pontos 1. Realizar três marcações no rotor em posições angulares defasadas em 120 ˚ de preferência respeitando o sentido de rotação do rotor, por exemplo 0 ˚(referência), 120 ˚, 240 ˚; 2. Ligar o equipamento e obter a amplitude de vibração original A0; 3. Desenhar, em escala apropriada, um círculo centrado na origem com raio correspondente a A0; 4. Determinar a massa de teste (mt); 5. Aplicar a massa de teste no rotor na posição 0 ˚, religar o equipamento e obter a amplitude de vibração A1. Desligar o equipamento; 6. Desenhar, em escala, um círculo com raio correspondente a A1 com centro na posição 0 ˚; 7. Retirar a massa de teste da posição anterior e aplicá-la no rotor na posição 120 ˚, religar o equipamento e obter a amplitude de vibração A2. Desligar o equipamento; 8. Desenhar, em escala, um círculo com raio correspondente a A2 com centro na posição 120 ˚; 33 9. Retirar a massa de teste da posição anterior e aplicá-la no rotor na posição 240 ˚, religar o equipamento e obter a amplitude de vibração A3. Desligar o equipamento; 10. Desenhar, em escala, um círculo com raio correspondente a A3 com centro na posição 240 ˚; 11. Desenhar o segmento de reta AS partindo do centro do círculo com raio A0 até o ponto ou centro geométrico da região onde os círculos de raios correspondentes a A1, A2 e A3 se interceptam; 12. Medir o valor do vetor AS, em escala apropriada, e sua posição angular com relação a referência 0 ˚ no sentido de rotação do rotor; 13. Determinar a massa de correção através da equação: mc = mt A0 AS (8) Onde: mc: Massa de correção mt : Massa de teste A0: Amplitude de vibração inicial AS: Amplitude de vibração resultante (medida graficamente) 14. Aplicar a massa de correção na posição determinada, religar o equipamento e verificar o desbalanceamento; 15. Avaliar se o nível de desbalanceamento final foi atendido, em caso negativo deve-se repetir o processo. O autor Góz et al. (2002), esclarece que a primeira medida obtida, V0, está relacionada a ação causada pelo desbalanceamento que se pretende corrigir. 34 O procedimento de balanceamento através do método dos três pontos é resumido pelo fluxograma contido na figura 13. Figura 13 – Fluxograma: três pontos Fonte: elaborado pelo autor (2019). 35 2.11 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA Essemétodo de balanceamento é largamente utilizado no processo de balanceamento tanto estático quanto dinâmico de rotores rígidos. Segundo Ferreira (2006), os coeficientes constantes que relacionam os efeitos nos mancais devido exclusivamente ao desbalanceamento são conhecidos como coeficientes de influência. Lacerda (1990) explica que através da variação de vibração obtida devido a adição de uma massa de teste conhecida ao elemento rotativo, pode-se determinar o coeficiente de influência e a partir daí calcular o valor e a posição angular da massa de correção. Para Magalhães (2013), a aplicação do método necessita que a vibração seja representada de forma vetorial, tendo como parâmetros sua amplitude e a fase de vibração o que necessita de instrumentação adequada para a coleta desses parâmetros. Figura 14 – Efeito da massa de desbalanceamento captado pelo sensor de vibração Fonte: Pruftechnik (2010). Segundo Gunter (1970), em rotores flexíveis com o aumento da velocidade pode ocorrer o fenômeno da precessão, alterando o comportamento dinâmico do rotor e fazendo variar os coeficientes de influência. O método de balanceamento por coeficiente de influência baseia-se, basicamente, na relação linear presente entre as reações nos apoios devido 36 exclusivamente ao desbalanceamento causado por uma força conhecida, força essa causada pelo efeito dinâmico sobre a massa de testes. Ferreira (2006), observa que rotores quando apoiados em mancais flexíveis possuem como característica a matriz de coeficientes influência constante independente da velocidade de rotação do rotor. Mantendo a relação sempre linear entre o desbalanceamento e as respostas nos mancais. Ferreira (2006), ainda complementa que para os casos em que o desbalanceamento for pequeno pode-se considerar válida a relação linear entre o desbalanceamento e as respostas nos mancais mesmo estes sendo rígidos ou flexíveis. 2.11.1 Procedimento de balanceamento pelo método dos coeficientes de influência 1. Ligar o equipamento na sua velocidade de rotação operacional e obter a amplitude de vibração e a sua respectiva fase, sendo representada pelo vetor V0⃗⃗⃗⃗ = (V0,F0). Desligar o equipamento. 2. Determinar a massa de teste (mt). 3. Aplicar a massa de teste em posição angular qualquer do rotor que será utilizada como referência. 4. Religar o equipamento na sua velocidade de rotação operacional e obter a nova amplitude e sua respectiva fase, sendo representada pelo vetor V1⃗⃗ ⃗ = (V1,F1). Desligar novamente o equipamento. 5. Determinar o vetor resultante Vef⃗⃗⃗⃗ ⃗ obtido pela diferença entre os vetores (V⃗⃗ 1 − V0⃗⃗⃗⃗ ), isso pode ser realizado através da aplicação da lei dos cossenos e lei dos senos ao triangulo formado entre esses vetores, através das equações: Vef⃗⃗⃗⃗ ⃗ = (V⃗⃗ 1 − V0⃗⃗⃗⃗ ) (9) Vef = √V0 2. V1 2 − 2.V0. V1. cos β (10) 37 α = sin−1 ( V1 Vef . sin β) (11) Onde: β = Ângulo formado entre os vetores V⃗⃗ 1e V0⃗⃗⃗⃗ (diferença de fases); α= Ângulo formado entre os vetores Vef⃗⃗⃗⃗ ⃗ e V0⃗⃗⃗⃗ ; V0: Amplitude da vibração inicial; V1: Amplitude da vibração após a fixação da massa de teste; F0: Fase da vibração inicial; F1: Fase da vibração após a fixação da massa de teste. 6. Determinar o valor da massa de correção (mc) através da equação: mc = mt. V0 Vef (12) 7. Determinar a posição angular de aplicação da massa de correção. Para isso, temos que levar em consideração duas situações: se F0 > F1, então deve-se posicionar a massa de correção a α graus a partir da posição da massa de teste no sentido anti-horário. Caso contrário, se F1 > F0, então deve-se posicionar a massa de correção a α graus a partir da posição da massa de teste no sentido horário. 8. Retirar a massa de teste, aplicar a massa de correção na posição determinada, religar o equipamento e verificar o desbalanceamento. 9. Avaliar se o nível de desbalanceamento final foi atendido, em caso negativo deve-se repetir todo o processo. A sequência gráfica do balanceamento é ilustrada através das figuras 15, 16 e 17. 38 Figura 15 – Sequência gráfica de balanceamento com medição de fase Fonte: Góz et al. (2002). Figura 16 – Posicionamento angular da massa de correção Fonte: Góz et al. (2002). Figura 17 – Balanceamento pelo método dos coeficientes de influência apresentado na forma vetorial. Fonte: Góz et al. (2002). 39 O procedimento de balanceamento através do método dos coeficientes de influência é resumido pelo fluxograma contido na figura 18. Figura 18 – Fluxograma: coeficientes de influência Fonte: elaborado pelo autor (2019). 40 3 MATERIAL E PROCEDIMENTOS Para o desenvolvimento desse trabalho fez-se uso de uma bancada didática voltada exclusivamente a prática dos conceitos de vibrações alvo de estudo na disciplina de vibrações mecânicas e o estudo do comportamento dinâmico dos elementos mecânicos. Nela é possível simular uma série defeitos encontrados no dia a dia da indústria que podem ser detectados através da análise de vibrações, como por exemplo: desalinhamentos, folgas excessivas, defeitos em rolamentos, defeitos em engrenagens, instabilidade do filme de óleo lubrificante, “roçamentos” e o desbalanceamento que é o foco deste trabalho. 3.1 BANCADA DIDÁTICA A bancada é composta por uma série de elementos mecânicos, tais como: base rígida, mancais de rolamentos, rolamentos autocompensadores, eixo-arvore rotativo maciço, polias, rotor, correia, caixa redutora, acoplamento flexível, um motor elétrico que alimenta o sistema e um inversor de frequência que controla o acionamento e a velocidade de rotação do equipamento. A bancada é apresentada através das figuras 19 e 20: Figura 19 – Bancada didática (vista lateral) Fonte: elaborado pelo autor (2019). 41 Figura 20 – Bancada didática (vista frontal) Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.1.1 Motor elétrico A bancada é acionada por um motor elétrico trifásico 220/380V, com potência de 5 CV, fabricação WEG, 60 Hz e velocidade nominal de operação de 3500 RPM. A figura 21 apresenta o motor utilizado. Figura 21 – Motor elétrico WEG Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.1.2 Eixo O eixo utilizado durante o ensaio é do tipo maciço e tem como finalidade transmitir movimento de rotação e torque entre as partes da máquina. A parte do equipamento responsável por gerar o movimento, normalmente acionada por motores 42 elétricos é denominada de parte motora enquanto a parte do equipamento que recebe o movimento é conhecida como parte movida. 3.1.3 Polias O sistema de transmissão de potência entre o eixo acionador e a caixa de multiplicação é feito através de polia trapezoidal com duplo canal, também conhecida como “duplo V”. A polia motora possui diâmetro de 95mm enquanto a polia movida fixada no eixo da caixa multiplicadora possui diâmetro de 65mm. A figura 22 apresenta as polias utilizadas. Figura 22 – Polias Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.1.4 Correias A transmissão de potência feita por polias utiliza duas correias lisas com perfil trapezoidal, modelo 3L-280. Nesse sistema a transmissão de potência é feita por atrito, dessa forma é fundamental o tensionamento adequado, evitando o desgaste prematuro dos componentes. A correia é feita de material polimérico revestida de lona e na sua parte interna é formada por cordonéis vulcanizados o que lhe confere resistências a forças trativas. Normalmente opta-se pela polia e correia com perfil trapezoidal por não apresentarem deslizamento, baixo ruído e choques, além de possibilitar o uso de polias a curta distância e relações de transmissão maiores que 10. A figura 23 apresenta a correia utilizada. 43 Figura 23 – Correias Fonte: elaboradopelo autor (2019). 3.1.5 Mancais Os mancais de rolamento utilizados na bancada que funcionam como suporte do conjunto eixo-rotor-polia, modelo SN 505. Esse tipo de mancal é do tipo bipartido o que facilita a sua montagem e a manutenção. O sistema de vedação é feito por anel de borracha. A utilização de mancal de rolamento é utilizada quando há necessidade de um menor atrito e maiores velocidade de rotação. A figura 24 apresenta o mancal utilizado. Figura 24 – Mancal Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.1.6 Rotor O rotor em questão trata-se de uma disco rígido, confeccionado em aço SAE 1020 com diâmetro 190 mm, comprimento 25 mm, com aproximadamente 8 kg, fixado ao eixo simetricamente em relação aos mancais através de porca e rosca com arruela 44 de trava. O rotor possui 24 furos roscados M8 para a fixação de massa de balanceamento com raios de correção 55 mm e 87 mm a 30°. A figura 25 apresenta o rotor utilizado. Figura 25 – Rotor Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.1.7 Rolamentos Os rolamentos utilizados na bancada são do tipo autocompensadores de duas carreiras de esferas com furo cônico de especificação 1205 EKTN9, diâmetro interno de 25mm e largura de 15m, folga interna C3 e são fixados por meio de bucha lisa cônica com rosca e arruela de trava. Esses rolamentos possuem capacidade de suportar cargas radiais e axiais. A figura 26 apresenta o modelo do rolamento autocompensador utilizado. Figura 26 – Rolamento Fonte: Catálogo SKF. 45 3.1.8 Redutor de velocidades O redutor de velocidade presente na bancada é composto por um trem com duas engrenagens cônicas helicoidais. Onde a engrenagem de entrada possui 13 dentes enquanto a engrenagem de saída possui 30 dentes. A lubrificação do sistema é feita por imersão. A figura 27 apresenta o motor utilizado. Figura 27 – Redutor de velocidade Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.1.9 Acoplamento A conexão entre o motor elétrico e o eixo de acionamento é feito através de um acoplamento flexível do tipo garra. Devido a sua flexibilidade ele permite desalinhamentos radiais, axiais e até angulares entre os eixos acoplados além de absorver pequenos choques e vibrações provenientes da máquina acionada ou acionadora. Esse tipo de acoplamento possui o elemento elástico em borracha resistente a poeira, água, óleo e intempéries. Instalação rápida e segura. A figura 28 apresenta o acoplamento utilizado. 46 Figura 28 – Acoplamento flexível Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.2 ACIONAMENTO E CONTROLE DO MOTOR ELÉTRICO O sistema é acionado e controlado através de um inversor de frequência da marca WEG, modelo CFW08. A partir desse dispositivo é possível configurar a velocidade de rotação do equipamento, configurar a rampa de aceleração durante a partida do equipamento bem como a rampa de desaceleração durante o seu desligamento, dessa forma reduzindo o desgaste dos componentes. Destinado para o acionamento de motores trifásicos. Na faixa de potência de 0,25 a 20cv. A figura 29 apresenta o inversor de frequência utilizado. Figura 29 – Inversor de frequência Fonte: elaborado pelo autor (2019). 47 3.3 INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE DADOS Uma vez conhecida a bancada didática, seus elementos mecânicos e suas principais características é necessário detalhar os itens que servirão para realizar a coleta e a análise do sinal de vibração gerado pelo equipamento. 3.3.1 Acelerômetro O acelerômetro utilizado na coleta de dados é do tipo piezoelétrico, esse tipo de acelerômetro é o transdutor de aceleração mais utilizado na monitoração de equipamentos mecânicos atualmente. Esse tipo de transdutor possui em seu interior um elemento piezelétrico que produz um sinal de saída na forma de tensão quando submetido a vibrações. Esse tipo de sensor se tornou comum devido à sua grande versatilidade, pois a partir do sinal em aceleração é possível obter tanto o sinal em velocidade quanto em deslocamento por meio de integração. A figura 30 apresenta o modelo de acelerômetro utilizado. Figura 30 – Acelerômetro Fonte: elaborado pelo autor (2019). A tabela 3 traz as especificações do acelerômetro utilizado na aquisição do sinal: 48 Tabela 3 – Especificações do acelerômetro ITEM ESPECIFICAÇÃO Modelo CMSS 2200 Tecnologia Piezoelétrico Fabricante SKF Escala de Frequência 0,7 até 10 kHz Sensibilidade 100 mV/g Tensão 12 V DC Massa 135 g Fonte: Catálogo SK. 3.3.2 Sensor óptico O sensor óptico é instrumento sensível à mudança de cor branco-preto, que pode ser gerada aplicando ao rotor um pedaço da fita refletiva. Durante o ensaio foi utilizado fita isolante e fita reflexiva para melhorar o contraste e consequentemente melhorar a captação do sinal. Figura 31 – Sensor óptico montado em suporte com base magnética Fonte: elaborado pelo autor (2019). 49 3.3.3 Coletor e analisador de vibração O coletor e analisador de vibração é um equipamento eletroeletrônico bastante sofisticado e portátil, ele é capaz de receber os sinais devido a vibração, armazená-los e processá-los em tempo real de forma que os sinais possam ser analisados no próprio coletor ou no software dedicado à análise e monitoramento de vibração que o acompanha. Os sinais de vibração são captados através do acelerômetro e transmitidos ao coletor através dos cabos conectados a um dos canais do aparelho. Uma vez que o sinal é coletado ele pode ser apresentado através da sua forma de onda ou na forma de espectro. Os coletores e analisadores atuais se destacam por serem portáteis e leves, possuírem tela de cristal líquido colorida, possuírem boa capacidade de armazenamento de dados, normalmente possuem dois canais para aquisição simultânea do sinal entre outras vantagens. O coletor e analisador de vibração utilizado na coleta de dados é fabricado pela empresa SKF, modelo SKF CMXA 75. A figura 32 apresenta o coletor e analisador utilizado. Figura 32 – Coletor e analisador de vibrações SKF CMXA 75 Fonte: SKF. 50 As especificações do coletor e analisador utilizado encontram-se na tabela 4. Tabela 4 – Especificações do coletor de vibração ÍTEM ESPECIFICAÇÃO Modelo SKF CMXA 75 Canais Canal 01: Vibração (ICP acelerômetro), tensão (± 25 V AC ou DC) Canal 02: Vibração (ICP acelerômetro), tensão (± 25 V AC ou DC), Tacho canal Transdutor Acelerômetro, velocidade, deslocamento, tensão transdutor Análise de frequência máxima 40 kHz (Dual channel max: 20 kHz) Linhas 100, 200, 400, 800, 1600, 3200, 6400, 12800 Comunicação USB Conversão A/D 24 Alcance do sinal dinâmico Maior que 90 dB Médias 1 a 255 LCD True Color LCD, 320 x 240 pixels Grau de Proteção IP65 Dimensão 186 x134x93mm Peso 715 g Fonte: SKF adaptado pelo autor. Além dos equipamentos principais citados anteriormente foi necessário o uso de uma balança digital de precisão, massas de desbalanceamento e massa de teste confeccionadas a partir de parafusos, arruelas e porcas M8, compasso, régua graduada, marcador permanente e folhas para gráfico polar. 51 3.4 PONTOS DE MEDIÇÃO Os mancais por serem responsáveis por suportar todo o conjunto de elementos rotativos configuram os melhores pontos de coleta de dados de vibração, isto deve-se as interações dinâmicas, forças internas entre elementos mecânicos e o meio, que ocorrem durante o funcionamento do equipamento e que são transmitidos até eles, ou seja, todo esforço que ocorre em um equipamento são suportados pelos mancais. Deve-se sempre optar por captar a vibração nas caixas de mancais ou na impossibilidade disso que seja realizado a medição em pontos os mais próximos possíveis desses. Deve-se ainda evitar pontos flexíveis, tampas de pequena espessura, parafusos e porcasA escolha bem-feita dos pontos de medição e sua padronização são fundamentais para uma análise de vibração bem-sucedida. Para o caso específico deste trabalho que trata sobre o desbalanceamento é fundamental que sejam realizadas medições nos mancais próximos ao rotor na direção radial horizontal que é a que melhor transmite o efeito causado pelo desbalanceamento, isso como já mencionado anteriormente ocorre devido essa direção possuir um maior grau de liberdade. Apesar do sinal de vibração oriundo tanto do mancal 5 como do mancal 6 serem suficientes para a execução do balanceamento todos os outros mancais foram coletados nas três direções tanto em velocidade quanto em aceleração com a finalidade de se manter um histórico sobre a condição da bancada didática. Os pontos de aquisição do sinal estão indicados na figura 33. 52 Figura 33 – Pontos de coleta do sinal de vibração Z Fonte: elaborado pelo autor (2019). 3.5 SOFTWARE DE ANÁLISE DE VIBRAÇÃO O software de análise utilizado foi o SKF @ptitude Analyst que acompanha o coletor e analisador de vibração. O software em questão apesar de bastante robusto e confiável possui uma interface intuitiva e uma série de recursos aplicáveis a detecção de defeitos em equipamentos dinâmicos, inclusive um módulo específico para o balanceamento de rotores. Inicialmente foi criado um banco de dados referente a bancada didática, nele foi inserido informações a respeito do equipamento, tais como: identificação do equipamento, elementos mecânicos presentes, velocidade de operação, potência, pontos, direções e parâmetros de medição. 53 Figura 34 – Software SKF @ptitude Analyst Fonte: Catálogo SKF. Figura 35 – Configuração dos parâmetros de medição (Geral) Fonte: elaborado pelo autor (2019). 54 Figura 36 – Configuração dos parâmetros de medição (Ajuste) Fonte: elaborado pelo autor (2019). Figura 37 – Estrutura do banco de dados Fonte: elaborado pelo autor (2019). 55 Após a realização da configuração do equipamento e dos parâmetros de coleta foi necessário transferir essas informações para o coletor de vibrações via conexão usb com o computador. Finalmente, após a aquisição do sinal de vibração da bancada didática todos os dados foram descarregados do coletor para o computador e através do @ptitude Analyst puderam ser analisados. 3.6 MASSA DE DESBALANCEAMENTO Inicialmente foi adicionado uma massa de desbalanceamento de 15,7 gramas, posicionada distante do centro do rotor de 87 mm a 210° a partir da referência adotada para reforçar a intensidade do desbalanceamento no equipamento. Figura 38 – Massa de desbalanceamento Fonte: elaborado pelo autor (2019). Figura 39 – Posição da massa de desbalanceamento Fonte: elaborado pelo autor (2019). 56 Em seguida, o inversor de frequência foi configurado para acionar o equipamento, através de uma rampa de subida partindo do repouso até a velocidade de rotação de 1320 RPM, ou 22 Hz. Nesse momento foi realizado a coleta inicial do sinal de vibração em todos os seis pontos do equipamento. 3.7 MASSA DE TESTE Como já discutido anteriormente para a realização do processo de balanceamento são necessários alguns parâmetros do equipamento. Tais como velocidade de operação, massa e diâmetro do rotor. A partir desses parâmetros foi calculado a massa de teste através da equação 7 resultando em um valor de 4,90 gramas. O valor utilizado por motivos de conveniência foi de 5,2 gramas. 3.8 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS TRÊS PONTOS A primeira etapa do procedimento consiste na marcação das posições angulares na face do rotor e na fixação através de uma base magnética do sensor de vibração ao mancal de número 6. O procedimento de balanceamento foi executado a uma velocidade de rotação de 1300 RPM e a distância entre o centro do rotor e a massa de teste e da massa de correção foi igual a 87 mm essas distancias foram mantidas constantes durante todo o procedimento. Figura 40 – Instrumentação instalada na bancada Fonte: elaborado pelo autor (2019). 57 Inicialmente o equipamento foi acionado, sem massa de teste e foi obtido o valor de vibração, em seguida as massas de teste foram posicionadas nos pontos determinados pelo procedimento, ou seja, a 0°, 120° e 240° graus. Conforme evidencia as imagens: Figura 41 – Rotor com a massa de teste a 0° Fonte: elaborado pelo autor (2019). Figura 42 – Rotor com a massa de teste a 120° Fonte: elaborado pelo autor (2019). Figura 43 – Rotor com a massa de teste a 240° Fonte: elaborado pelo autor (2019). 58 Os valores obtidos durante o procedimento de balanceamento são apresentados na tabela 6: Tabela 6 – Amplitudes de vibração Posição da massa de teste Amplitude de vibração (mm/s – RMS) A0 1,32 A1(0°) 1,17 A2(120°) 1,37 A3(240°) 1,57 Ao final do processo de coleta das amplitudes de vibração, fazendo uso de uma folha destinada a confecção de gráfico polar, foram desenhadas as circunferências correspondentes a com cada raio proporcional a amplitude de vibração medida, utilizando a escala onde 1 mm/s corresponde a 3 cm. Tabela 7 – Conversão de unidades (mm/s x cm) Posição da massa de teste Valor convertido (cm) A′0 3,96 A′1 3,5 A′2 4,11 A′3 4,71 A′s 0,6 Nesta etapa, com todas as circunferências desenhadas, foi traçado um seguimento de reta partindo da origem do plano cartesiano até a região onde três circunferências se interceptaram (A1, A2, A3). Daí, mediu-se o tamanho desse segmento de reta obedecendo a mesma escala adotada anteriormente, obtendo 0,6 cm, o que equivale em 1,8 mm/s em amplitude de vibração. Utilizando o valor de As no cálculo da massa de correção através da equação 8, obteve-se 3,81 gramas. Devido a impossibilidade de utilizar a massa calculada, foi utilizado 5,2 gramas. 59 Figura 44 – Intersecção das circunferências Fonte: elaborado pelo autor (2019). Figura 45 – Medição do comprimento de 𝐀𝐬 Fonte: elaborado pelo autor (2019). 60 Figura 46 – Massa de correção (método dos três pontos) Fonte: elaborado pelo autor (2019). A posição angular da massa de correção foi obtida graficamente a partir da direção que o seguimento de reta As faz com a referência adotada chegando ao valor de aproximadamente 30 graus. Figura 47 – Fixação da massa de correção a 30° Fonte: elaborado pelo autor (2019). De posse do valor da massa de correção e da posição angular da massa de correção foi aplicado a massa de correção na posição determinada. Em seguida o equipamento foi religado e obteve-se intensidade de vibração de 1,01 mm/s. Figura 48 – Amplitude de vibração em velocidade após balanceamento Fonte: elaborado pelo autor (2019). 61 3.9 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA Novamente a primeira etapa do procedimento consiste na preparação do rotor e na fixação através de uma base magnética do sensor de vibração ao mancal de número 6. Nesse tipo de balanceamento também é necessário captar o valor da fase do sinal de vibração, dessa forma foi instalado um sensor óptico posicionado próximo ao rotor. Como já mencionado anteriormente, uma pequena fita reflexiva foi instalada no rotor coincidindo com a posição de referência (0°) com a finalidade de melhorar a captação do sensor óptico. As distâncias entre o centro do rotor, a massa de teste e a massa de correção foram mantidas constantes durante todo o procedimento. Figura 49 – Detalhe das fitas isolante e reflexiva instaladas no rotor Fonte: elaborado pelo autor (2019). Inicialmente o equipamento foi acionado, sem massa de teste e após atingir a velocidade final de operação foram coletados a intensidade da vibração V0= 1,33 mm/s e a sua respectiva fase F0 = 59°, valoresbem próximos dos obtidos através do método dos três pontos. Em seguida, estimou-se a massa de teste através da equação 7, chegando a um valor de 4,90 gramas. Foi utilizado uma massa de teste igual a 5,2 gramas, valor mais próximo disponível. A massa de teste então foi posicionada na posição de 330° marcada na face de balanceamento do rotor. 62 Figura 50 – Massa de teste (método dos coeficientes de influência) Fonte: elaborado pelo autor (2019). Figura 51 – Rotor com a massa de teste a 330° Fonte: elaborado pelo autor (2019). Posteriormente o equipamento foi novamente acionado e após atingir a velocidade final de operação foram coletados novamente a intensidade da vibração V1 = 1,65 mm/s e a sua respectiva fase F1 = 74°. Finalmente de posse desses dados calcula-se através das equações 9, 10, 11 o vetor resultante Vef, o ângulo α e a massa de correção. Obtendo os valores: Vef = 0,502 mm/s, α = 58,29° e mc= 13,78 gramas. Foi utilizado um parafuso como massa de 13,2 gramas como massa de correção. 63 Figura 52 – Detalhe da massa de correção Fonte: elaborado pelo autor (2019). Como F0< F1a massa de correção deve ser posicionada, a uma distância angular de α graus a partir da posição da massa de teste, no sentido horário, resultando na posição angular igual a 28,29 °. Portanto a massa de teste foi posicionada no valor mais próximo, ou seja, 30°. Figura 53 – Rotor com massa de correção a 30° (coeficientes de influência) Fonte: elaborado pelo autor (2019). Após o posicionamento da massa de correção na posição determinada, conforme ilustra a imagem 53. O equipamento foi religado e obtido a intensidade de vibração de 0,569 mm/s. 64 Figura 54 – Intensidade da vibração em velocidade após balanceamento (coeficientes de influência) Fonte: elaborado pelo autor (2019). 65 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste tópico serão apresentados e discutidos os resultados obtidos durante a execução do balanceamento em um plano de rotor rígido realizados na bancada didática, de acordo com a seguinte ordem: 1. Aspecto da forma de onda do sinal de vibração; 2. Espectro do sinal de desbalanceamento; 3. Balanceamento através do método dos três pontos; 4. Balanceamento através do método dos coeficientes de influência; 5. Comparação entre os métodos de balanceamento aplicados; 6. Conformidade com a Norma ISO 20816:2016. 4.1 FORMA DE ONDA O sinal de vibração no domínio no tempo representa o somatório de todos os efeitos causadores de vibração. Ela representa em tempo real o que está acontecendo no equipamento. O sinal de vibração no domínio do tempo por ser composto por várias frequências diferentes torna-se mais complexo a sua análise, geralmente sendo mais utilizado quando se deseja estudar fenômenos de curta duração. Um sinal de desbalanceamento puro no domínio do tempo é caracterizado por uma forma de onda perfeitamente senoidal, sem deformações. A forma onda obtida durante a realização do ensaio apresenta uma tendência senoidal, contudo devido a influência de outros fatores que contribuem para a vibração, como desalinhamento, empenamentos, folgas estruturais a forma de onda sofre deformações. O sinal de vibração obtido durante a realização do ensaio na bancada é apresentado através da figura 54. 66 Figura 55 – Sinal de vibração no domínio do tempo (forma de onda) Fonte: elaborado pelo autor (2019). 4.2 ESPECTRO DE DESBALANCEAMENTO O desbalanceamento é caracterizado por ocorrer exatamente na frequência de rotação do equipamento, ou seja, é síncrono da rotação. Dessa forma um pico com elevada magnitude, 1,206 mm/s – RMS, se destaca no espectro de frequência exatamente na frequência de rotação do equipamento 22 Hz ou 1320 RPM. Figura 56 – Sinal de vibração no domínio da frequência. Fonte: elaborado pelo autor (2019). 4.3 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS TRÊS PONTOS O procedimento de balanceamento pelo método dos três pontos reduziu a amplitude de vibração de 1,32 mm/s para 1,01 mm/s, ou seja, uma redução de 67 aproximadamente 23 % na primeira iteração, portanto esse método se mostrou válido podendo ser aplicado sempre que houver necessidade de uma correção emergencial, não sendo recomendado como solução definitiva em equipamentos críticos. Esse método por ser puramente gráfico é facilmente implementado. A grande desvantagem do balanceamento através do método dos três pontos se dá devido ao acúmulo de erros embutidos durante as leituras, conversões e a imprecisão das representações gráficas que no nosso caso foram todas executadas manualmente, sem auxílio de ferramentas computacionais. As imprecisões das operações que ocorre durante a execução do procedimento impactam diretamente no valor da massa de correção, contudo a posição angular da massa de correção foi pouco afetada. Uma última observação que deve ser feita é que há casos em que não uma região bem definida de intersecção entre as circunferências, geralmente devido ao efeito de outros tipos de defeitos presentes no equipamento. 4.4 BALANCEAMENTO PELO MÉTODO DOS COEFICIENTES DE INFLUÊNCIA O procedimento de balanceamento pelo método dos coeficientes de influência, ou método vetorial, conseguiu reduzir os níveis de vibração de 1,33 mm/s para 0,569 mm/s, ou seja, houve uma redução de aproximadamente 57% com uma única iteração. Esse procedimento diferentemente do método dos três pontos, devido não depender de tantas operações passiveis de erros, apresenta ótimos resultados, contudo é fundamental que a instrumentação produza valores estáveis e esteja bem calibrada, além disso em caso do equipamento apresentar outros tipos de defeitos pode ocorrer a instabilidade da fase no sinal de vibração o que pode comprometer o resultado do balanceamento. 4.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS A partir dos resultados apresentados pode-se afirmar que o balanceamento através dos dois métodos entregaram bons resultados, reduzindo o efeito do desbalanceamento no equipamento e consequentemente os níveis de vibração nos dois casos, contudo é importante destacar que o método dos três pontos obteve uma redução no desbalanceamento de aproximadamente 23,48% na primeira iteração, 68 enquanto no balanceamento pelo método dos coeficientes de influência (método vetorial) obteve 57,22 % para as mesmas condições. Figura 57 – Comparativo entre os métodos de balanceamento Fonte: elaborado pelo autor (2019). 4.6 APLICAÇÃO DA NORMA ISO 1940-1 Para determinar o desbalanceamento residual permissível (Uper) e o desbalanceamento residual específico permissível (eper) foram necessários os dados da rotação do eixo, massa do rotor e o grau de qualidade de balanceamento desejado. Para este trabalho baseado na tabela 1 adotou-se o grau de qualidade igual a 6,3 mm/s. Os valores úteis para esse cálculo são mostrados na tabela 8 Tabela 8 – Valores úteis para aplicação da norma ISO 1940-1 Descrição Valor Rotação do eixo (RPM) 1300 Massa do rotor (Kg) 8 Qualidade de balanceamento requerida (mm/s) 6,3 Fonte: elaborado pelo autor (2019). Aplicando a equação 3 chega-se em um valor de desbalanceamento residual permissível Uper= 370,21 g.mm para a qualidade de balanceamento requerida. Como o rotor possui apenas um plano de correção este é o valor de desbalanceamento 69 residual permissível neste plano. Para o raio de correção igual a 87mm o desbalanceamento residual permissível é de 4,25 gramas. Em seguida, para obter o desbalanceamento residual específico permissível aplicamos a equação 4 obtendo- se eper = 46,27 g.mm/Kg. 4.7 CONFORMIDADE COM A NORMA ISO 20816-1:2016 Os dois métodos conseguiram melhorar a condição do equipamento. De acordo com na carta de severidade a condição do equipamento saiu da condição satisfatória
Compartilhar