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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE INSTITUTO METRÓPOLE DIGITAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO EM TECNOLOGIA EDUCACIONAL O USO PEDAGÓGICO DA ESCOLA VIRTUAL DO SIGEDUC: A VISÃO DOS TÉCNICOS E PEDAGOGOS DA SEEC/RN CLAUDIANA TELLES DE OLIVEIRA NATAL/RN 2019 CLAUDIANA TELLES DE OLIVEIRA O USO PEDAGÓGICO DA ESCOLA VIRTUAL DO SIGEDUC: A VISÃO DOS TÉCNICOS E PEDAGOGOS DA SEEC/RN Dissertação apresentada como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestra em Inovação em Tecnologias Educacionais do Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais da Universidade Federal do Rio grande do Norte. Orientadora: Profa. Dra. Betânia Leite Ramalho NATAL/RN 2019 CLAUDIANA TELLES DE OLIVEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para a obtenção do título de Mestra em Inovação em Tecnologias Educacionais. ________________________________________________________ Profa. Dra. Betania Leite Ramalho – Orientadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) _______________________________________________________ Dennys Leite Maia – Examinador Interno Instituto Metrópole Digital (UFRN) ________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Aliete Cavalcante Bormann – Examinador Externo Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Oliveira, Claudiana Telles de. O uso pedagógico da escola virtual do SGEDUC: a visão dos técnicos e pedagogos da SEEC/RN / Claudiana Telles de Oliveira. - 2019. 100f.: il. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto Metrópole Digital, Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologia Educacional, Natal, 2020. Orientadora: Dra. Betania Leite Ramalho. 1. SIGEDUC - Dissertação. 2. TDICs - Dissertação. 3. Inovação - Dissertação. I. Ramalho, Betania Leite. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 004:37 Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429 Dedico este estudo ao meu filho – Benjamin Oliveira de Souza - que é uma criança autista em uma sociedade despreparada para recebê-lo, mas ao mesmo tempo responde a isso com uma delicadeza própria, um sorriso sempre no rosto e uma força colossal me motivando e me amando mesmo em minhas fragilidades. AGRADECIMENTOS Nenhum dever é mais importante do que a gratidão. Então, é chegada a hora de agradecer a todos que fazem parte dessa história. Agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me sustentado durante toda a travessia. À minha mãe, Damiana Oliveira, pela dedicação, amor e cuidado. A sua história de vida, é exemplo que me fez persistir e cumprir com os compromissos assumidos, a despeito de todas as dificuldades. À minha orientadora Betania Leite Ramalho, por compartilhar, com profissionalismo e carinho, doses generosas de sua sabedoria. A sua correção crítica, enraçada de experiência, me fizeram e fazem crescer. À você, meu respeito, admiração e gratidão. Ao Professor Dennys Leite Maia, em nome de quem, agradeço os demais professores do Programa de Pós-graduação em Inovações em Tecnologias Educacionais (PPGITE), pelo convívio, pelo apoio, pelos ensinamentos е por tornarem as aulas de sextas a noite e sábados durante todo dia mais fáceis ao aprendizado e a vivência delas. Às minhas amigas e companheiras de turma, Zelda e Sônia que nunca desistiram de mim, me encorajando sempre que necessário. Esse suporte foi fundamental para a elaboração desse trabalho. À Secretaria de Educação do Estado e da Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC-RN), foi lá que tive a oportunidade de vivenciar a educação em diferentes papéis, técnica pedagógica, assessora de gabinete, coordenadora de programas e Diretora de uma regional, cresci muito profissionalmente durante esses anos. “Vista criticamente, a tecnologia não é senão a expressão natural do processo criador em que os seres humanos se engajam no momento em que forjam o seu primeiro instrumento com que melhor transformam o mundo”. Paulo Freire RESUMO O presente estudo tem como objetivo geral analisar as potencialidades pedagógicas do Ambiente da Escola Virtual do SIGEduc, a partir da visão de técnicos e pedagogos da – Secretaria de Estado da Educação, Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte (SEEC –RN), e como objetivos específicos tipificar as funcionalidades do SIGEduc, no âmbito dos propósitos do ambiente Escola Virtual, analisar a visão de técnicos e especialistas que atuam nos setores pedagógicos da SEEC-RN em relação as funcionalidades pedagógicas do SIGEduc e por fim desenvolver uma proposta para uso pedagógico do ambiente Escola Virtual do SIGEduc considerando as opiniões dos sujeitos envolvidos na seguinte pesquisa. O Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGEduc) é um Sistema de gestão bastante inovador, abrangente e com inúmeras funcionalidades. Para tanto, buscou-se tipificar as funcionalidades para o uso pedagógico, considerando as revelações da equipe técnica. Trata-se de estudo pioneiro sobre o espaço Escola Virtual SIGEduc e caracteriza-se como exploratório e descritivo. Para colher dados na dimensão qualitativa, utilizou-se questionário com perguntas fechadas e abertas aplicado a 43 participantes. Os dados coletados foram sistematizados com o auxílio de planilha eletrônica e as análises foram realizadas por meio de técnica de análise de discursos. Procurou-se evidenciar os argumentos que tiveram maior incidência nas falas e opiniões emitidas pelos/as informantes. Os resultados evidenciam que os entrevistados/as compreendem a importância do SIGEduc como ferramenta da gestão integrada das rotinas técnicas administrativas e escolares. No entanto, pouco se referem a ele como potencializador do processo ensino-aprendizagem, como espaço de inovação das atividades educativas apoiadas nas funcionalidades tecnológicas. A esse respeito, o estudo discute elementos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) por meio do SIGEduc, cujo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) encontra-se nele ancorado. O espaço pedagógico desse Sistema tem a finalidade de promover diferentes possibilidades de mediações entre os conhecimentos, as aprendizagens e as atividades didático-pedagógicas dos professores e entre eles e seus alunos. O estudo aponta ser preciso desmistificar as possíveis dificuldades envolvendo o uso de TDICs e a falta de infraestrutura. Observou-se a ausência de iniciativas para reverter o que hoje emperra a concretização do uso pedagógico de um AVA como o disponibilizado no SIGEduc, espaço esse também propício para tornar as práticas educativas centradas no protagonismo docente, estudantil e entre ambos. Esse AVA, se bem compreendido, poderá contribuir para a almejada mudança de postura dos profissionais de educação pautada no pensamento computacional e nas inúmeras ferramentas digitais propícias para o uso didático e pedagógico. Para tanto, o estudo sugere um Plano de Formação para as equipes técnicas da SEEC e para as demais equipes técnicas e pedagógicas das escolas que compõem cada Diretoria Regional de Ensino. Palavras-chave: SIGEDUC. TDICs. Inovação. Sistema de Informação ABSTRACT This study aims to analyze the pedagogical potentialities of the the SIGEduc Virtual School space, from the view of technicians and pedagogues of the State Department of Education and Culture of Rio Grande do Norte (SEEC –RN). The Integrated School Management System (SIGEduc) is a very innovative, comprehensive management system with numerous features. To this end, we sought to typify the functionalities for the pedagogical use of SIGEduc within the scope of the Virtual School, considering the revelations of the technical team. This is a pioneering study on the SIGEduc Virtual School space and is characterized as exploratory and descriptive. To collect data in the qualitative dimension, we used a questionnaire with closed and open questions applied to 43 participants. The collected data were systematized with the aid of an eletronic spreadsheet and the analyzes were performed by discourse analysis technique. We tried to highlight the arguments that had the greatest weight (incidences) in the speech / opinions issued by the informants. The results show that the interviewees understand the importance of SIGEduc as a tool for the integrated management of administrative and school technical routines. However, little is referred to it as an enhancer of the teaching- learning process, as a space for innovation in educational activities supported by technological features. In this regard, the study discusses elements of Digital Information and Communication Technologies DICTs through SIGEduc, whose Virtual Learning Environment (VLE) is anchored in the Virtual School. The pedagogical environment of this System aims to promote different possibilities of mediation between the knowledge, learning and didactic-pedagogical activities of teachers and between them and their students. The study points to the need to demystify the possible difficulties involving the use of DICTs and the lack of infrastructure. There was a lack of initiatives to reverse what today hinders the implementation of the pedagogical use of a Virtual Learning Environment such as SIGEduc, a space that is also conducive to making educational practices centered on student protagonism. This space, if well understood, may contribute to the desired change of attitude of educational professionals based on computational thinking, in the countless digital tools for the didactic and pedagogical use. To this end, the study suggests a Training Plan for the SEEC technical teams, at first, and for the other technical and pedagogical teams of the schools that make up each Regional Education Bodies of SEEC-RN. Keywords: Teaching-Learning. DICTs. Innovation. Information system LISTA DE FIGURAS Figura 1 Organograma da SEEC-RN........................................................... 22 Figura 2 Logomarca SIGEduc...................................................................... 26 Figura 3 Tela de autenticação de acesso ao SIGEduc................................ 28 Figura 4 Tela inicial do SIGEduc.................................................................. 30 Figura 5 Divisões da tela inicial – Menu Principal........................................ 33 Figura 6 Divisões da tela inicial – Portais.................................................... 34 Figura 7 Divisões da tela inicial – Outros Sistemas..................................... 35 Figura Mapa do Alcance da Rede Giga Metrópole................................... 36 Figura 9 Ideias que nortearam a pesquisa.................................................. 62 Figura 10 Tela inicial Escola Virtual............................................................... 80 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Nível de importância de uso das TDICs na educação................ 66 Gráfico 2 Nível de atratividade e dinamização das TDICs no processo de ensino-aprendizagem.................................................................. 67 Gráfico 3 Mudanças positivas com a implantação do sistema.................. 68 Gráfico 4 Avanços citados para integração da rede estadual promovidos pelo SIGEduc.............................................................................. 70 Gráfico 5 Nível de estrutura técnica e tecnologia da SEEC-RN................. 71 Gráfico 6 Dificuldades de uso do SIGEduc................................................. 71 Gráfico 8 Medidas que poderiam ser tomadas pela SEEC-RN para incentivar uso do SIGEduc.......................................................... 73 Gráfico 9 Frequência de utilização do SIGEduc......................................... 75 Gráfico 10 Nível de facilidade no acesso ao SIGEduc................................. 76 Gráfico 11 Recursos do SIGEduc que auxiliam no trabalho pedagógico..... 78 Gráfico 12 Nível de conhecimento da Escola Virtual.................................... 78 Gráfico 13 Conhecimentos acerca da Escola Virtual.................................... 79 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Menu principal SIGEduc - ícones, módulos e funcionalidade.... 32 Quadro 2 Detalhamento da Amostra........................................................... 57 Quadro 3 Questões do estudo e objetivos específicos da pesquisa........... 58 Quadro 4 Questões fechadas da pesquisa e suas categorias.................... 59 Quadro 5 Questões abertas da pesquisa e suas categorias...................... 59 Quadro 6 Estruturação do capitulo.............................................................. 62 Quadro 7 Visões dos técnicos da SEEC-RN em relação às funcionalidades pedagógicas dos SIGEduc................................ 65 Quadro 8 Itens e subitens da Escola Virtual............................................... 80 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem BNCC - Base Nacional Comum Curricular CEJAS – Centro de Estudos de Educação de Jovens e Adultos CODESE - Coordenadoria de Desenvolvimento Escolar DCNs - Diretrizes Curriculares Nacionais DIREC – Diretoria Regional de Educação DRAEs - Diretoria Regional de Alimentação Escolar EJA - Educação de Jovens e Adultos ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FUST - Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações IDH - Índice de Desenvolvimento Humano IFES - Instituições Públicas de Ensino Superior do Brasil IMD - Instituto Metrópole Digital INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira ITI - Instituto Nacional de Tecnologia da Informação LDB – Lei de Diretrizes e Bases LGBTI+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros. MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia MEC – Ministério da Educação e Cultura MOOCs - Curso Online Aberto e Massivo, do inglês Massive Open Online Course NTE – Núcleo de Tecnologia Educacional OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ODS - Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável ONU/UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais PEE - Plano Estadual de Educação PETERN - Programa Estadual de Transporte Escolar do Rio Grande do Norte PNE - Plano Nacional de Educação PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PROINFO - Programa Nacional de Tecnologia Educacional PROUCA – Programa Um Computador Por Aluno REAs - Recursos Educacionais Abertos RN – Rio Grande do Norte RNP - Rede Nacional de Pesquisa SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica SEEC/RN – Secretaria de Estado da Educação, Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte SIGAA - Sistema de Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas SIGEDUC - Sistema Integrado de Gestão da Educação SUEF - Subcoordenadoria de Ensino Fundamental SUEJA - Subcoordenadoria de Educação de Jovens e Adultos SUEM - Subcoordenadoria de Ensino Médio SUEP – Subcoordenadoria de Ensino Profissional SUESP - Subcoordenadoria de Educação Especial TDICs -Tecnologias da Informação e da Comunicação UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte SUMÁRIO INTRODUÇÃO 16 Descrição do Contexto: Setores Pedagógicos da SEEC-RN 21 Objetivos do Estudo 24 Pressupostos Teóricos 25 Estrutura do Estudo 26 2 O SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE- SIGEduc/RN 28 2.1 Apresentação do SIGEduc 29 2.2 A Rede Giga Metrópole 36 3 AS TDICS COMO POTENCIALIZADORAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 40 3.1 As políticas públicas para inserção das TDICs no Brasil 40 3.2 O uso das TDICs como ferramentas pedagógicas e de inovação da gestão 44 3.3 A importância da atratividade das TDICs para potencializar o processo de ensino-aprendizagem. 47 3.4 Desafios para uma mudança de paradigma: das práticas pedagógicas analógicas às digitais 53 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 57 4.1 Lócus e sujeitos da pesquisa 58 4.2 O Instrumento de pesquisa e análise dos dados 58 4.3 Tratamento e análise dos dados 59 5 A VISÃO DE TÉCNICOS E ESPECIALISTAS SOBRE O SIGEduc E AMBIENTE DA ESCOLA VIRTUAL 65 5.1 As visões dos técnicos, especialistas, que atuam setores pedagógicos da SEEC-RN, em relação às funcionalidades pedagógicas do SIGEduc 65 5.2 As funcionalidades e uso pedagógico do SIGEduc no Espaço da Escola Virtual 78 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS 89 APÊNDICE 92 ANEXO 101 16 INTRODUÇÃO O tema do desenvolvimento, da inovação e das tecnologias vem sendo amplamente pautado e discutido nas agendas de organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entre outras, com influência nas políticas dos países a elas associados. Essas discussões objetivam influenciar, dentre vários temas, a formulação de políticas públicas voltadas à melhoria das condições de vida e provisão de necessidades básicas dos indivíduos em escala global. Nesses debates, a educação desempenha, com frequência, um papel de destaque pela importância que ocupa na sociedade do século XXI, tanto por suas interfaces no caráter econômico de formação profissional e produtiva, quanto por sua função social de integrar noções de cidadania e possibilidades de pleno desenvolvimento integral humano. Nesse sentido, segundo Dourado (2007), é fundamental destacar a ação política, orgânica ou não, de diferentes atores e contextos institucionais influenciados por marcos regulatórios oriundos de orientações, compromissos e perspectivas – em escala nacional e mundial –, preconizados, entre outros, por agências e/ou organismos multilaterais e fortemente assimilados e/ou naturalizados pelos gestores de políticas públicas. Nessa ótica, em 2015, foi instituído uma agenda comum mundial, a chamada Agenda 2030, com 17 objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS)1 que impactam na melhoria das condições de vida dos indivíduos. Nos concentraremos aqui no 4º objetivo que se refere especificamente à educação, área central do nosso estudo. Esse objetivo trata de “Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo a para todos”. A promoção dessa agenda encorajou o Brasil e outros países a buscarem alternativas voltadas à criação de indicadores para o cumprimento das metas globais estabelecidas. 1 17 Objetivos para o desenvolvimento sustentável: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ 17 No plano nacional, o compromisso com a agenda 2030 tem se materializado através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/Brasil) que atua como orientador de princípios e políticas voltadas para apoiar os países a erradicar a pobreza, as desigualdades e a exclusão social. O PNUD atua em 170 países e territórios. É um programa que acontece há mais de 50 anos no Brasil, cuja missão de alinhar seu trabalho às necessidades do país, colaborando no desenvolvimento de políticas, habilidades de liderança, capacidades institucionais e resiliência. Desde a entrada em vigor da Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em janeiro de 2016, o PNUD Brasil vem desenvolvendo sua cooperação em torno de quatro áreas-chave ou eixos, conforme seu Programa de País para o ciclo 2017-2021: pessoas, planeta, prosperidade e paz. Em relação a “pessoas” o programa prevê o desenvolvimento de capacidades para reduzir as desigualdades, superar crises e melhorar a qualidade dos serviços públicos, com foco nas pessoas em situação vulnerável. Já para o eixo “planeta” o foco é no suporte para melhor gestão de recursos naturais, estímulo à eficiência energética e ao enfrentamento da mudança global do clima, assim como o fortalecimento da resiliência de populações e regiões mais vulneráveis. Na área “prosperidade” se destina ao estímulo e ao crescimento econômico inclusivo, por meio do fortalecimento de parcerias público-privadas, contribuição para a redução da desigualdade de gênero no setor privado e promoção de negócios inclusivos. E, finalmente, o eixo “paz” incentiva à transparência e o enfrentamento da corrupção, fortalecimento das instituições dos sistemas de justiça, estabelecimento de diálogo pela eliminação das diferentes formas de preconceito e discriminação, entre outras medidas que promovam os direitos humanos e uma sociedade pacífica. Outra ação importante que alicerçou essa agenda no Brasil – mesmo que de forma independente e de natureza distinta – foi a promulgação da Lei 13.005 de 25 de julho de 2014, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE) constituindo uma referência central para os entes federativos em relação às políticas educacionais a serem implantadas. Diante desse contexto são postas novas demandas sociais, novas exigências de saberes, de formação de habilidades e competências aos indivíduos para inserção na sociedade do século XXI: a sociedade da informação, do conhecimento, 18 da rapidez das transformações tecnológicas e da conectividade. Cabe, então, seguir esse caminho e buscar estratégias para acompanhar essas transformações sociais, fazendo com que a qualidade na educação básica brasileira seja uma meta a ser alcançada. Seguindo nessa direção, a SEEC-RN implantou, em 2012, com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Ministério da Educação (MEC), o Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc), customizado do Sistema de Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas da UFRN (SIGAA). O SIGAA2, implantado a partir do ano 1996, foi uma ferramenta decisiva para dar início a uma nova política de governança da universidade, chegando a mudar a sua cultura na condução, uso, inovação e qualificação dos processos acadêmicos e de gestão em todos seus campuses. Posteriormente, em 2013, outro projeto foi criado: a Rede Giga Metrópole, que tem a função de dar suporte ao SIGEduc e às demandas de rede web para a SEEC/RN, para as escolas e para outras instituições públicas. Foi mais uma parceria formalizada entre o MEC, a SEEC-RN e a UFRN, por meio do Instituto Metrópole Digital (IMD). Essa rede de cabeamento de fibra ótica, Rede Giga Metrópole, ampliou a rede metropolitana anterior, Giga Natal, visando implantar uma nova rede corporativa e de alta velocidade, interligando diversos setores de interesse dos governos federal, estadual e municipal. O projeto previu a potencial contemplação de 346 instituições de ensino público da região metropolitana de Natal, envolvendo os seguintes municípios: São Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Macaíba. Nesse contexto, a Rede Giga Metrópole e o SIGEduc se complementam em termos de infraestrutura tecnológica a serviço da inovação pedagógica, técnica e tecnológica. Sendo o SIGEduc um sistema bastante inovador, abrangente e com inúmeras funcionalidades, ao longo de sua implementação, observa-se dificuldades para ser assimilado, permanecendo subutilizado ou com pouco uso quando consideramos seu real potencial nas agendas de natureza pedagógica. Em outras palavras: é preciso pôr mais ênfase no uso dessa ferramenta para a atividade fim da educação que é o processo de ensino-aprendizagem. Faz-se necessário, 2 Mais informações sobre o SIGAA em: https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/home.jsf https://sigaa.ufrn.br/sigaa/public/home.jsf 19 portanto, a implementação de estratégias para que ele possa tornar-se um recurso tecnológico atrativo e motivador de mudanças nas atitudes e práticas pedagógicas do coletivo da educação, integrando a equipe gestora da SEEC-RN. Percebemos a necessidade de estudos aplicados voltados para apontar caminhos a serem trilhados pelo grupo gestor, considerando estes os responsáveis pela implementação desse sistema. É nosso propósito, neste trabalho, não apenas anunciar, mas revelar possibilidades de inovação tecnológica para a gestão pedagógica nas organizações escolares, não só enquanto mecanismo a serviço de um melhor funcionamento operacional das escolas, mas também enquanto nova problemática que interfere nas concepções pedagógicas dos estabelecimentos de educação e ensino básico (MORÁN, 2015). Nesse estudo trazemos para a discussão elementos das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDICs) por meio do SIGEduc, cujo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) encontra-se ancorado na Escola Virtual do SIGEduc. Esse ambiente pedagógico do sistema tem a finalidade de potencializar diferentes maneiras de promover mediações entre os conhecimentos, as aprendizagens, as atividades didático-pedagógicas dos professores, entre outros. A Escola Virtual foi pensada para ser um ambiente estratégico e de apoio para a implementação de novas maneiras de se pensar, inovar, estudar e desenvolver soluções para elevar os níveis de conhecimento profissional dos professores com foco nas aprendizagens dos alunos. Apoiando-se na atratividade dos recursos das TDICs, nas mudanças de postura de ensino de uma perspectiva analógica para digital, o SIGEduc constitui- se em uma ferramenta pedagógica que pode representar inovação da gestão e em metodologias e recursos educacionais com base no protagonismo pedagógico, para a promoção de novas possibilidades para se lograr a melhoria da qualidade da educação. É um fator de superação de um dos maiores desafios da escola pública: reverter a baixa capacidade de ensino e aprendizagem reveladas pelas avaliações nacionais e as escolares. Apontamos, também, a formação docente como estratégia de grande relevância para se implementar mudanças que levem os sistemas educacionais a passarem de uma perspectiva analógica para uma digital, uma vez que, em nossa 20 breve história profissional, tivemos o privilégio de vivenciar essa realidade. Nos primeiros anos de atuação docente, exercemos a função de regente de laboratório de informática em uma escola pública do município de Natal: lá trabalhamos com informática educativa e formação do corpo de professores através do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO) e, nesta experiência, enxergamos o potencial das TDICs para a dinamização do processo de ensino-aprendizagem e inovação do fazer pedagógico. Posteriormente, atuando na SEEC-RN, tivemos os primeiros contatos com nosso objeto de estudo: o SIGEduc. A partir daí visualizamos o uso das tecnologias digitais na perspectiva de gestão dos processos educativos atuando em funções voltadas para a gestão educacional, tanto na SEEC-RN como na 2ª Diretoria Regional de Educação e Cultura (DIREC). Sendo assim, acreditamos que nossas escolhas profissionais nos levaram para uma atuação docente mais sólida e conectada com as necessidades dos discentes, mas entendemos que o percurso formativo de professores não deve ser apenas apoiado por escolhas, mas principalmente por oportunidades igualitárias a todos numa perspectiva futura de elevação da qualidade na educação. Com base nas argumentações apresentadas e considerando observações registradas como membro da equipe técnica da SEEC, algumas questões norteiam o presente estudo: como o SIGEduc pode contribuir, efetivamente, para as mudanças na gestão dos processos da educação – notadamente os que se inserem no plano da gestão dos conhecimentos curriculares e na mediação das aprendizagens das habilidades básicas da educação básica – e potencializar a inovação, o sucesso escolar e a formação integral do aluno? Que opinião tem a equipe técnica e pedagógica da SEEC a esse respeito? Que revelações (advindas dessas opiniões) podem ser sinalizadoras de mudanças (no plano das concepções, do pensamento profissional e das maneiras de agir de técnicos e pedagogos) para a tão propagada necessidade de rever o paradigma que ainda predomina na escola pública? Como levar a gestão da educação a superar práticas pedagógicas analógicas e tradicionais e passar para outras assistidas pelas TDICs, aqui representada pelo Espaço Escola Digital do SIGEduc? Obviamente que essas questões não dão conta de todo o problema e problemática aqui situada. Todo estudo que procura compreender o campo de 21 mudanças a serem implementadas por um programa, um projeto ou mesmo uma política, têm elevada abrangência. Aqui, como ponto de partida de um primeiro estudo, o foco se volta para conhecer a visão ou pensamento de pessoas atuando num campo profissional (setores técnicos e pedagógicos de uma secretaria de educação do estado), confrontadas com um Sistema Integrado de Gestão da Educação que requer muito mais tempo, fôlego e aprofundamento, entre outras condições, o que foge ao que se propõe uma pesquisa acadêmica no âmbito de uma dissertação de mestrado. Utilizaremos como conceito da palavra “visão”, a capacidade de compreensão, assimilação, entendimento, ponto de vista; maneira de interpretar, uma vez que, nosso intuito é conhecer o entendimento dos sujeitos da pesquisa (técnicos e pedagogos atuando na equipe central da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte), a respeito do objeto estudado: a Escola Virtual do SIGEduc. Partimos da premissa de que as funcionalidades pedagógicas do SIGEduc e o ambiente da Escola Virtual não são conhecidas e exploradas o suficiente para induzir novos meios de aprendizagem na Rede Estadual de Educação do Rio Grande do Norte, negligenciando, dessa forma, uma importante ferramenta para a inovação dos processos de gestão técnica, pedagógica e, portanto, potencializadora de novas práticas para a aprendizagem e a formação integral dos estudantes. Esse é, portanto, o problema objeto do presente estudo. Descrição do Contexto: Setores Pedagógicos da SEEC-RN As políticas de gestão da educação têm sido objeto de ampla discussão no cenário nacional e internacional na atualidade na perspectiva de um desenvolvimento sustentável para a população mundial, demandando repensar projetos nacionais para o cumprimento de acordos globais. Nesse sentido, é fundamental destacar a ação política, orgânica ou não, de diferentes atores e contextos institucionais marcadamente influenciados por marcos regulatórios fruto de orientações, compromissos e perspectivas. Nesse interim, é fundamental não perder de vista que o projeto de educação para o país – que impacta diretamente nos aspectos organizacionais e, 22 consequentemente, na dinâmica com que se materializam esses processos de gestão da educação básica em cada ente federativo nacional – trazido por documentos como: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9394/96, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s), o Plano Nacional de Educação (PNE), o Plano Estadual de Educação (PEE) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa forma, a análise da gestão educacional pode se realizar por meio de vários recortes e planos. Uma perspectiva importante e que pretendemos formular diz respeito à influência de todas essas orientações nacionais no organograma das secretarias estaduais de educação. Nessa perspectiva, realizaremos uma breve análise do organograma da Secretária de Estado da Educação, Cultura, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte, para apresentar o lócus da nossa pesquisa e situar o nosso objeto empírico: setores pedagógicos, dentro de uma política organizacional de educação para o Brasil. A SEEC-RN tem uma rede de educação básica formada por 608 escolas nos 167 municípios do estado. Considerando os estudantes, técnicos e professores, trata-se de uma comunidade escolar composta por cerca de 270 mil pessoas. Esse contingente é dividido em 16 Diretorias Regionais de Ensino e Cultura, distribuídas estrategicamente pelo estado do RN, considerando localidade e particularidades das instituições educativas. A sede central da Secretaria de Educação está situada no Centro Administrativo do estado em Natal, contando com cerca de 800 servidores em seu quadro funcional, lotados nos mais diversos setores e organizados em um organograma estruturado voltado para infraestrutura, gestão e processo de ensino- aprendizagem na educação estadual, o conforme figura a seguir: 23 Figura 1: Organograma da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. A estruturação dos setores pedagógicos na SEEC-RN, como nas demais secretárias de educação estaduais, se desenvolveu impulsionada por marcos regulatórios, fruto de orientações, planos, projetos e leis de diversas instâncias dos poderes nacionais e muitas vezes orientados por iniciativas em ações fragmentadas e implantadas de forma superficial. O texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9.394/96 estabeleceu, a finalidade da educação no Brasil, como esta deve estar organizada, quais são os órgãos administrativos responsáveis, quais são os níveis e modalidades de ensino, entre outros aspectos em que se define e se regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição de 1988. As orientações e diretrizes nacionais instituídas a partir da LDB, como PCN’s, DCN’s e mais recentemente BNCC, PNE’s, PEE’s e etc., foram criadas com objetivo de estabelecer bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem como para as modalidades com que podem se apresentar. Sendo assim, os entes federativos tanto na instância municipal quanto estadual foram se moldando organizacionalmente para atendimento e execução desse projeto de educação nacional. No caso da educação estadual do RN foi criado a Coordenadoria de Desenvolvimento Escolar (CODESE) englobando https://sigeduc.rn.gov.br/2019 24 todas as demandas de políticas de impacto ao ensino-aprendizagem do educando e dividindo-se, de maneira fragmentada, em subcoordenadorias para o atendimento de demandas especificas a cada ensino ou modalidade educacional (SUEM, SUEJA, SUEP, SUEF, SUESP). Na SEEC-RN, o organograma reflete um outro contexto de sociedade, política e espaço físico, cujas referências não atendem, em grande medida, as atuais demandas na gestão global da educação. Com essa compreensão, faz-se necessário que as agendas de natureza pedagógica ocupem ações mais destacadas pautadas numa releitura dos diferentes setores que compõem o cenário da SEEC-RN, ainda compartimentalizado, com dificuldades de dar unidade a uma política com elevadas atribuições técnicas, administrativas e financeiras. Chama-se a atenção para o fato da educação estadual do RN contar, há 8 anos, com um Sistema de Gestão, o SIGEduc, que integra os mais variados procedimentos da administração técnica e pedagógica e com possibilidade de uso. Esse tempo possibilita uma avaliação desse sistema para qualificar seu uso e sugerir, sempre que necessário, uma revisão uma nova forma de estruturar os diferentes setores da SEEC para atender aos propósitos fundamentais desse sistema: a integração dos processos de gestão da educação. Fazemos esse destaque uma vez que o estudo procura contribuir para uma permanente atualização da gestão da educação no atual contexto do século XXI. Objetivos do Estudo O objetivo geral da presente pesquisa é analisar as potencialidades pedagógicas do Espaço Escola Virtual do SIGEduc a partir da visão da equipe técnica e pedagógica da SEEC. Para tanto, delimitamos os seguintes objetivos específicos: a) Tipificar as funcionalidades do SIGEduc, no âmbito dos propósitos do ambiente Escola Virtual; b) Analisar a visão de técnicos e especialistas que atuam em setores pedagógicos da SEEC-RN em relação às funcionalidades pedagógicas do SIGEduc; 25 c) Desenvolver uma proposta para o uso pedagógico do ambiente Escola Virtual do SIGEduc, considerando as opiniões dos sujeitos envolvidos na presente pesquisa. Pressupostos Teóricos Assumimos alguns pressupostos teóricos que fundamentam o estudo a partir de autores que compartilham ideias, em grande medida, de uma mesma escola de pensamento cuja base epistemológica se alicerça no pensamento crítico, contextualizado, reflexivo e aberto às atuais demandas da sociedade tida como do conhecimento. O primeiro pressuposto trata da importância das TDICs na gestão pedagógica da educação com base tecnológica, que segundo Ramalho, Nuñez e Flor (2018), pode propiciar a modernização das rotinas pedagógicas do trabalho de gestores, coordenadores, professores, e servidores, promovendo o acesso à tecnologia pelos alunos e familiares, possibilitando o monitoramento dos indicadores da escola, o acesso dos alunos a ferramentas didático-tecnológicas que dinamizam e tornam mais atrativas as alternativas de aprendizagens. As famílias, por sua vez, podem ter um melhor acompanhamento de seus filhos por meios dos canais disponíveis. O segundo pressuposto diz respeito à importância da atratividade dos recursos TDICs para potencializar o processo de ensino dos professores e a aprendizagem dos alunos. Essa é uma das demandas na qual nos deparamos com o desafio de superar os preceitos e rotinas da chamada escola tradicional, com vistas às novas demandas de um mundo com informações ilimitadas, disponíveis e em constante transformação. Nesse sentido, o que deve ser ensinado e aprendido no âmbito da educação escolar passa, também, por necessárias inovações tecnológicas e pedagógicas como metodologias ativas de aprendizagem que motivem o estudante ao desenvolvimento de conhecimentos acadêmicos potencializadores de habilidades e competências para a vida. O terceiro pressuposto trata das dificuldades da escola e, consequentemente, da equipe técnica e pedagógica mudar suas ações arraigadas em uma lógica analógica e práticas tradicionais de ensino e aprendizagem que já não são as mais indicadas para fomentar as esperadas aprendizagens do alunado. 26 Levar a escola tradicional ainda analógica para dar um salto qualitativo e inovador é um avanço necessário e um propósito assumido por esse estudo. Estrutura do Estudo Esta dissertação está organizada em quatro seções além desta introdução e das considerações finais. As seções, que lhe dão forma e contexto, foram construídos de maneira a fornecer uma visão geral e específica do estudo. A introdução apresenta os aspectos relativos à problemática que suscita o trabalho, as inquietações e justificativa para a escolha do tema, o problema, objeto de estudo, objetivos e pressupostos teóricos. Finalizamos discutindo o fator pedagógico na estrutura de uma secretaria de educação. Na seção II apresentamos o objeto da pesquisa e seu percurso histórico desde a implantação e desenvolvimento do SIGEduc. A seção III, intitulado “As TDICS (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação) como ferramenta pedagógica para o uso na educação básica”, trata da fundamentação teórica do estudo, abordando as palavras chaves do problema: ensino e aprendizagem, formação integral, inovação, sistema de gestão, atratividade dos recursos, TDICs. Este capitulo está subdividido em quatro partes: as políticas de inserção da TDICs no Brasil; o uso das TDICs na gestão educacional, propiciando a modernização das rotinas pedagógicas na educação, A importância da atratividade dos recursos TDICs para potencializar o processo de ensino e aprendizagem e mudanças de paradigmas: das práticas pedagógicas de lógica analógica e tradicionais as digitais. Na seção IV abordamos os fundamentos teóricos e metodológicos que orientam a pesquisa; apresentamos o design do estudo, revelando o lócus da pesquisa e os sujeitos. Ainda são descritos os instrumentos de recolha dos dados, bem como os procedimentos de análise destes. A seção V traz a análise e inferência dos resultados e está subdividido em três subitens: no primeiro apresentamos as visões dos técnicos, especialistas, que atuam setores pedagógicos da SEEC-RN, em relação às funcionalidades pedagógicas do SIGEduc: aqui faremos uma reflexão dos dados obtidos na pesquisa; no segundo as funcionalidades e uso pedagógico do Ambiente Escola 27 Virtual do SIGEduc. No terceiro item apresentaremos a Escola Virtual como espaço pedagógico voltado ao ensino e aprendizagem. Nas considerações finais evidenciamos as implicações do estudo, fazendo uma reflexão e apontamentos necessários para um caminho de novas perspectivas de uso do SIGEduc, de mudança de paradigmas em relação ao sistema voltados ao ensino e aprendizagem da educação básica na rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte, onde a Escola Virtual ganhe a devida dimensão. 28 2 O SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE- SIGEduc/RN O SIGEduc se caracteriza como uma tecnologia que moderniza as rotinas de gestão da rede estadual de educação do Rio Grande do Norte, ele interliga informações e gerencia escolas de todo o estado ao seu órgão central, a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEEC/RN), conforme figura a seguir. Figura 2: Logomarca SIGEduc Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. O sistema foi implantado em 2012 e focou inicialmente em padronizar e otimizar processos inerentes ao funcionamento das escolas, integrando as informações em um banco de dados unificados e fornecendo ferramentas automatizadas para realização dos procedimentos escolares, tudo isso demandado pela urgência na organização dos processos de gestão da informação da rede escolar. Essa implantação foi motivada pela necessidade de modernização e informatização nos processos de gestão da rede, tanto na sede da Secretaria de Educação, quanto nas unidades educacionais e DIRECs, ou seja, a preocupação da SEEC-RN com a melhoria da educação pública estadual. Implantar um sistema de informação na rede estadual aperfeiçoaria a coleta, processamento, armazenagem, análise e distribuição das informações. E esses dados, consequentemente, dariam suporte à tomada de decisão pelos gestores, bem como no planejamento das atividades pedagógicas executadas pela SEEC- RN. Para colocar o sistema em funcionamento, a secretaria pesquisou várias alternativas e a que melhor se aproximou a sua necessidade foi o SIGAA. Utilizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o SIGAA informatizou todas as https://sigeduc.rn.gov.br/2019 29 atividades acadêmicas de graduação, pós-graduação, ensino técnico, ensino médio e infantil, projetos de ensino, ensino a distância e portais próprios para professores, alunos, coordenações e comissão de avaliação institucional e docente. Foram utilizados os códigos fontes do SIGAA para implantação do sistema informatizado da rede estadual de educação do Rio Grande do Norte. O MEC, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que financiou a customização dos primeiros módulos. Em 2014, com o aprimoramento do sistema, e objetivando a integração da gestão educacional, foram criados módulos que incorporaram o SIGEduc: transporte escolar, gestão de recursos humanos, gestão de eleições, portal da DIREC, Sigponto (módulo de ponto eletrônico) e o ambiente virtual de aprendizado, a Escola Virtual. Por se tratar de um sistema de alta complexidade e com inúmeras funcionalidades, apresenta muitas dificuldades no entendimento e aplicação eficiente dos recursos. É preciso avançar no desenvolvimento de funcionalidades pedagógicas de ensino-aprendizagem e capacitação para o manejo das ferramentas, como também na aproximação e acessibilidade dos usuários. Estruturando-se o sistema dessa forma poderia ainda promover mais benefícios como um processo colaborativo de alimentação constante de dados, promovendo uma robustez e qualidade de informações disponíveis. Sendo assim, todos os colaboradores independentemente da função que exerçam ou instituição que estejam lotados na estrutura institucional da Secretaria de Educação, possuindo login e as devidas permissões de acesso necessárias a atividade fim podem integrar a rede de alimentadores do sistema. Associar os diferentes atores sociais à tomada de decisões constitui, efetivamente, um dos principais objetivos e sem dúvida, o meio essencial de aperfeiçoamento dos sistemas educativos. (DELORS 1996, p. 81) Dessa forma, o trabalho colaborativo na alimentação do sistema torna-se figura central no funcionamento que gera qualidade e sustentabilidade. Isso só se tornará possível com o gradativo aprimoramento de módulos e uma maior participação dos sujeitos envolvidos. 1.1 Apresentação do SIGEduc 30 A interface atual do SIGEduc é composta por uma tela de identificação (figura 3) onde o usuário seleciona seu perfil de acesso: estudante, familiares, professor ou funcionário. Cada perfil possibilita acesso a módulos diferentes de acordo com as permissões disponibilizadas na programação do tipo de perfil, que estão diretamente vinculadas às necessidades de uso de cada usuário. Além disso, é possível realizar a autenticação no sistema e acessá-lo através de senha e usuários cadastrados. Figura 3: Tela autenticação de acesso ao SIGEduc Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. A tela seguinte à da autenticação é a tela inicial (figura 4). Nela, é possível acessar todos os módulos do SIGEduc de acordo com as permissões disponíveis, abrir chamados de assistência técnica, alterar senha de acesso, acessar a área administrativa, alterar o perfil ou vinculo de acesso. Atualmente a interface do sistema está dividida em “menu principal”, “portais” e “outros sistemas”. Figura 4: Tela inicial do SIGEduc https://sigeduc.rn.gov.br/2019 31 Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. QUADRO 1: Menu principal SIGEduc – ícones, módulos e funcionalidade ÍCONE NOME DO MÓDULO FUNCIONALIDADE Central de matrícula Envolve todo processo de matrícula da rede (que é realizado exclusivamente via sistema): busca de escolas com vagas disponíveis, classificação por oferta de ensino e questionário socioeconômico. Diário de Classe Frequência dos alunos, turmas que o professor ministra as aulas, aba de educação especial com vários itens de gerenciamento e acompanhamento do aluno com necessidades educacionais especiais, Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para informar inscrições, notas, médias e etc. Unidades escolares Módulo com listagem e descrição de todas as unidades escolares da educação estadual. Gestão do estudante Gerenciamento de informações sobre os alunos, documento, histórico de matrículas, transferências, relatórios de estudantes por etapa de ensino, por município, por diretoria regional, por distorção, por modalidade de ensino. https://sigeduc.rn.gov.br/2019 32 Gestão curricular Gerenciamento do currículo educacional, etapas de ensino, componente pré-requisito, nível de ensino, modalidade de ensino, estrutura curricular, cadastro de turno, forma de organização das etapas. Monitoramento da educação Módulo aberto para livre consulta, apresenta dados, gráficos, indicadores de resultados sobre estudantes e escolas. Integração com Educasenso Cruzamento de dados com o sistema Educasenso, censo escolar. Comunicação com os usuários Espaço destinado à comunicação e interação com os usuários do sistema. Administração técnica Gerencia permissões e acesso do sistema com perfis, apresenta opções de login como usuário, gestão escolar ou diretoria de ensino. Processo seletivo de estudantes Módulo onde são concentrados os processos seletivos, concursos e olimpíadas para estudantes. Gestão de eleições Espaço da gestão democrática para realização dos processos de eleições para gestores escolares. Alimentação escolar Módulo exclusivo para gestão da merenda escolar nas escolas e secretaria: cardápio, fornecedores, comunicação com a escola e Diretorias Regionais de Alimentação Escolar (DRAEs). Transporte escolar Espaço para adesões dos municípios ao Programa Estadual de Transporte Escolar do Rio Grande do Norte (PETERN), bem como realização denúncias e consultar legislação e normas estaduais. Ouvidoria Reclamações, denúncias e comunicação. Biblioteca Para organização, estruturação, catalogação, empréstimo e aquisições de livros nas bibliotecas escolares. Educação de jovens e adultos Especificidades da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Bancas, legislação e programas com acesso restrito. 33 Análise socioeconômica Relatórios com análise do perfil socioeconômico dos alunos da rede. Evolução de desempenho, comparativo por DIREC, município, nível de ensino, modalidade de ensino. Monitoramento da escola virtual Ambiente virtual de aprendizagem, repositório de conteúdo. Processos seletivos Concursos e processos de seleção. Administração dos CEJAS Oferta de vagas para os centros, mapa de vagas e ocupações, relatório de disciplinas. Ata eletrônica Esse módulo é utilizado para envio de atas de resultados finais por escolas que não fazem parte da rede estadual de ensino e também a validação dessas atas. Recursos humanos Gestão de recursos humanos de servidores. Eventos Informes e divulgação de eventos. Integração do SIGEF O Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF) é uma ferramenta eletrônica para subsidiar a governança fundiária. Plano Estadual de Educação Acesso ao documento oficial do Plano Estadual de Educação do RN. Fonte: Elaborado pela autora com dados obtidos em https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Nomeamos “ferramentas pedagógicas” aquelas ferramentas de ensino- aprendizagem voltadas para a interação entre professores e alunos e diretamente ligada com a atividade fim da educação que é a formação integral do educando. Nesse caso, identificamos o módulo da “escola virtual”, com essas características e dedicado a esse objetivo. Abaixo apresentamos a imagem desses módulos em uma tabela com ícone, nome e função correspondente a cada módulo: https://sigeduc.rn.gov.br/2019 34 Figura 5: Divisões da tela inicial – Menu Principal Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. O menu “portais” é subdividido em 8 portais com uma série de outras funcionalidades desenvolvidas propriamente para atender a necessidade de cada portal: Portal da Gestão Escolar, Portal da DIREC, Portal do Professor, Portal dos Pais/Responsáveis, Acompanhamento da Educação, Portal da Gestão CEJA e Portal do Ensino Superior. https://sigeduc.rn.gov.br/2019 35 Figura 6: Divisões da tela inicial – Portais Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. Já o menu “outros sistemas” corresponde a sistemas que são interligados ao SIGEduc: Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (SIPAC); Acessar SIGPonto; que se refere ao sistema de informação de ponto eletrônico acessado pelos servidores da educação estadual; Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação Institucional (SIMAIS), que tem, entre outros objetivos, o de oferecer indicadores mais precisos com relação à aprendizagem dos estudantes e à gestão do ensino; e, por fim, o Comunica-Edu, que visa facilitar a comunicação entre alunos, professores, gestores e pais. Por ele é possível comunicar problemas, fazer elogios e até emitir avisos sobre ocorridos em uma determinada escola. https://sigeduc.rn.gov.br/2019 36 Figura 7: Divisões da tela inicial – Outros Sistemas Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. Portanto, o SIGEduc dispõe de uma gama de ferramentas e funcionalidades que dão suporte aos processos de gestão educacional nas instâncias técnicas e pedagógicas. Seguindo esse rumo de uma melhor estruturação desse sistema robusto e diversificado de funcionalidades, a Secretaria de Educação Estadual estabelece uma parceria voltada a oferta de internet de alta velocidade, a Rede Giga Metrópole, na perspectiva de ampliação de infraestrutura tecnológica a serviço da Inovação educacional. 1.2 A Rede Giga Metrópole A SEEC-RN procurou estabelecer parcerias estratégicas com o MEC e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) no intuito de implantar outras tecnologias digitais para fomentar as atividades técnicas, administrativas e pedagógicas da SEEC. Assim, nasce a Rede Giga Metrópole, conforme logo apresentado na figura a seguir: https://sigeduc.rn.gov.br/2019 37 Figura 8: Mapa do Alcance da Rede Giga Metrópole Fonte: https://sigeduc.rn.gov.br/2019. Print elaborado pela autora. A Rede Giga Metrópole é uma rede de comunicação de dados de alta velocidade que utiliza tecnologia óptica para prestar serviços de conectividade física a instituições localizadas na região metropolitana de Natal. Desenvolveu-se de uma extensão de uma rede metropolitana anterior chamada de Rede Giga Natal, de onde foi compartilhado o uso de um par de fibras ópticas cedido pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) ao Governo do Rio Grande do Norte visando implantar uma rede corporativa de alta velocidade interligando os diversos setores de interesse do governo. O projeto é uma parceria entre o Instituto Metrópole Digital, a Secretaria de Estado da Educação e Cultura e o Ministério da Educação, sendo este responsável pelo financiamento. No total, foram investidos R$ 11 milhões, repassados pelo FNDE para a SEEC-RN. Até dezembro de 2012, segundo estudo publicado pelo instituto Metrópole Digital da UFRN metade das escolas públicas da região metropolitana de Natal não possuíam conexão com internet e a outra metade tinha acesso somente a uma banda média de 370 kbps. A partir desta constatação, foram iniciados entendimentos entre SEEC, UFRN através do IMD e o Ministério da Educação com o objetivo de conectar, através de uma rede de alta velocidade, todas as escolas públicas da região metropolitana de Natal. https://sigeduc.rn.gov.br/2019 38 Nesse contexto, a Rede Giga Metrópole e o SIGEduc apresentam uma perspectiva para atendimento das demais unidades educacionais. Espera-se que, com o avanço gradual dessa rede de fibra óptica, essas iniciativas venham a se complementarem em termos de infraestrutura tecnológica a serviço da inovação pedagógica, no sentido de se ter à disponibilidade um sistema de informação abrangente em termos de funcionalidades e internet com velocidade e de qualidade para operar esse sistema na gestão dos processos educacionais. Entendemos que esse percurso histórico aponta claramente a necessidade, em nosso estado, da inserção das TDICs na educação, com iniciativas tanto de gestão, modernização e organização educacional quando no desenvolvimento de estratégias e ferramentas pedagógicas na perspectiva de construção de uma educação de maior qualidade e para atender as demandas formativas do indivíduo do século XXI. Pois, como afirma Delors (1996, p.85): A educação não serve, apenas, para fornecer pessoas qualificadas ao mundo da economia: não se destina ao ser humano como agente econômico, mas enquanto fim último do desenvolvimento. Desenvolver os talentos e as aptidões de cada um corresponde, ao mesmo tempo, à missão fundamental humanista da educação, à existência de equidade que deve orientar qualquer política educativa e as verdadeiras necessidades de um desenvolvimento endógeno, respeitador do meio ambiente humano e natural, e da diversidade de tradições e cultura. Para tanto, são necessários todos os esforços para que a inserção das Tecnologia Digitais da Informação e Comunicação no ambiente escolar realmente aconteça. E não apenas, mas também ultrapasse ofertas de potenciais melhorias do trabalho pedagógico, indo para além e chegando na necessidade maior de acesso ao conhecimento do mundo no amanhã. Dessa forma, para Morán (2015, p.16): O que a tecnologia traz é integração de todos os espaços e tempos. O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante entre o que chamamos de mundo físico e mundo digital. Não são dois mundos ou espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se mescla, hibridiza constantemente. Por isso a educação é cada vez mais bleded, misturada híbrida porque não acontece só no espaço físico da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os digitais. O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os alunos, mas também digitalmente, com as tecnologias móveis, equilibrando a interação com todos e cada um. As TDICs abrem esse leque de possibilidades na educação que transcende espaço físicos, que inova o ato de lecionar, que permite o engajamento dos alunos 39 pela atratividade e diversidade de formas de fazer o ensino, que oferece infraestrutura técnica e organizacional adequada, que traz a escola para o século XXI. E, é com essa visão que entendemos essas ferramentas como potencializadoras da educação. 40 3 AS TDICS COMO POTENCIALIZADORAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação exercem um papel cada vez mais importante na forma de nos comunicarmos, aprendermos e vivermos. O desafio é equipar essas tecnologias efetivamente, de forma a atender aos interesses dos aprendizes e das unidades escolares em que estão inseridos. Acreditamos que as TDICs podem contribuir para o acesso universal à educação, a equidade na educação, a qualidade de ensino-aprendizagem, o desenvolvimento profissional de professores, bem como melhorar a gestão, a governança e a gestão educacional ao fornecer a combinação certa e organizada de políticas, tecnologias e capacidades. Nas páginas que se seguem, detalharemos essas possibilidades desempenhadas pelas Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação. Na seção seguinte, faremos um breve relato da história da educação brasileira na perspectiva de mostrar algumas das iniciativas governamentais de inserção de políticas públicas de TDICs marcadas pela implantação de muitos programas e ações que foram importantes para o fortalecimento da compreensão da importância desses recursos para educação e impulsão de mais iniciativas voltadas a esse fim. Também observamos, nesse percurso histórico, que essas políticas apresentaram muitos entraves exatamente pela fragmentação entre os programas e instituições responsáveis pela sua implantação e aplicação. 3.1 As políticas públicas para inserção das TDICs no Brasil Com o crescente avanço tecnológico e a grande variedade e velocidade de conhecimentos expostos surge a necessidade de adequar a realidade escolar às mudanças que ocorrem no contexto social. É buscando atender estas especificidades que, aos poucos, vão surgindo as políticas públicas que tencionam minimizar as situações e ou problemas que aí existem. Segundo Barreto e Maia (2012), a partir da metade dos anos de 1990 se percebe no Brasil a preocupação na difusão de políticas voltadas ao fomento do uso de TDICs presentes em documentos e leis que regulamentam a educação, como é o caso da LDB (Lei Nº 9.394/96) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais. No caso da LDB, nessa época tanto para o Ensino Fundamental, quanto para o Ensino Médio 41 e superior se observa referência em seu texto quanto à disseminação dos conhecimentos científico-tecnológicos e suas implicações na sociedade. Os Parâmetros Curriculares Nacionais já indicavam a necessidade do uso de computadores nas escolas como instrumento de aprendizagem. Para Barreto e Maia (2012, p. 48), verificaram-se elementos, [...] como a criação de políticas públicas direcionadas às tecnologias digitais na educação, predisposição dos gestores e professores em favor da inserção das tecnologias digitais, tanto no espaço físico, quanto no currículo e na formação docente devem ser observados a fim de se conseguirem melhores resultados. Nesse contexto, impulsiona-se demandas de recursos, ações e programas de inserção de TDICs no espaço físico das escolas, no currículo educacional e na formação dos docentes motivados por esses documentos e marcos legais. Sendo assim, presumimos que as políticas públicas de inserção de TDICs no Brasil se concretizaram para suprir as novas necessidades da sociedade, concretizadas por formas e modelos de aplicação de algumas iniciativas governamentais, tais como: criação de recursos de apoio aos professores e alunos, ferramentas que os auxiliariam na aquisição de materiais e tecnologias para uso nas escolas públicas brasileiras, programas, ações de infraestrutura técnica. Em relação aos recursos de apoio pedagógico aos professores podemos citar como exemplo a criação da TV Escola, em 1996 pelo Ministério da Educação. Como citado na própria página de internet da TV Escola3, os conteúdos audiovisuais foram elaborados por uma rede de profissionais: professores, pedagogos, especialistas nas áreas do conhecimento, jornalistas especializados e equipe técnica, que dialogam com as diretrizes curriculares da educação básica e com seus principais programas de aperfeiçoamento. Disponibilizados integralmente por meio da TV aberta, internet e aplicativo e que abordam o desenvolvimento profissional da equipe escolar; dinâmicas de sala de aula e de extraclasse; avaliação, recuperação e aceleração dos alunos por meio de séries, animações e documentários nacionais e estrangeiros, [...] é importante viabilizar também condições para que nossos professores utilizem conteúdos digitais em suas salas de aula, tornando a escola mais interessante. Para tal, precisamos oferecer a eles acesso a esses conteúdos, tanto em formato de objetos educacionais isolados, tais como 3 Disponível em: https://tvescola.org.br/ https://tvescola.org.br/ 42 vídeos ou simuladores, quanto por meio de roteiros completos multimidiáticos sobre um determinado assunto. (BRASIL, 2010, p. 01). Apoiada no documento “Portal da Educacional do Professor no Brasil” de 2010 da Secretaria de Educação à Distância do Ministério da Educação pra fomentar a participação dos professores em comunidades educacionais, com a oferta de conteúdos digitais, espaços de comunicação e outros elementos podemos citar outro exemplo de recurso implantado pelo governo federal como política para o uso de TDICs na educação que é o Portal do Professor: uma comunidade virtual desenvolvida através do Ministério das Ciências e Tecnologia, lançada em 2008 na qual os professores de todo o país podem compartilhar suas ideias, propostas, sugestões metodológicas para o desenvolvimento dos temas curriculares e para o uso dos recursos multimídia e das ferramentas digitais. Como exemplo de política pública voltada a ações de infraestrutura técnica para dar suporte aos programas e recursos para uso de TDICs na educação apontamos a implantação da internet no Brasil. Bonilla e Pretto (2015) afirmam que a implantação da rede internet no Brasil foi uma experiência positiva de política pública com bons resultados, exatamente por conta de uma ação articulada e articuladora de diversos atores no cenário nacional. Sendo assim, uma ação conjunta entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com as Instituições Públicas de Ensino Superior do Brasil (IFES) possibilitou a montagem da Rede Nacional de Pesquisa (RNP). Com isso, criou-se uma rede que possibilitou conexão em quase todo o país. A característica básica desta política que fez nascer a internet no Brasil foi a articulação horizontal de todas as instituições de ensino superior existentes que, com apoio financeiro e técnico, dotou essas instituições de conexão em alta velocidade para a época e, com isso, estruturou-se uma rede de transmissão inicial da internet brasileira. Ainda na perspectiva da infraestrutura técnica o governo federal investiu em políticas preocupadas em investir em softwares. Segundo Barreto e Maia (2012), em 2003, as instituições públicas federais adotaram preferencialmente o uso de softwares livres como solução informática em suas repartições. Com essa iniciativa o objetivo foi controlar nos custos de licenças de softwares, redução de dependência com empresas desenvolvedoras e a promoção no uso de programas de computadores em instituições públicas. Essas medidas possibilitaram que as tecnologias digitais chegassem às escolas públicas. 43 No campo dos programas, as iniciativas governamentais que mais se destacaram na implantação do uso de TDICs na educação brasileira foram o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO) e o Programa Um Computador por Aluno (PROUCA). De acordo com Bonilla e Preto (2015), o PROINFO foi o principal programa de formação continuada de professores para o uso de tecnologias digitais, criado em 1997 com o objetivo de disponibilizar laboratórios de informática nas escolas e formar professores na perspectiva de difusão das tecnologias digitais nas práticas educativas. Para Barreto e Maia (2012), a frente de atuação mais estratégica desse programa foi a criação de 100 Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) em todo o país. Os núcleos davam suporte para instalação, manutenção e disseminação dos laboratórios de informática nas escolas e para a formação de professores multiplicadores para propagar o uso pedagógico das tecnologias em todo território nacional, promovendo uma ideia de descentralização no processo de informatização das escolas públicas. Ainda segundo Bonilla e Pretto (2015), o PROINFO foi reformulado em 2007 e incorporou a seus objetivos a promoção da inclusão digital e a produção de conteúdos digitais educacionais. Essas adequações do programa foram realizadas com o intuito de que ocorressem significativas melhorias que possibilitassem a sua utilização de forma eficiente, na promoção da inclusão digital da sociedade tão almejada e desejada desde meados da década de 90. O PROUCA foi lançado efetivamente como projeto piloto em 2010 em cerca de 300 escolas públicas distribuídas em todo país. O projeto era articulado entre instituições em diferentes instâncias: governos estaduais e municipais, universidades, núcleos de tecnologia, escolas, empresas. Estava previsto que cada escola receberia laptops para o uso de alunos e professores e apoio para melhorar/construir a infraestrutura de acesso à internet. O programa também previa infraestrutura capaz de dar suporte aos laptops e formação dos profissionais de educação envolvidos no processo para dinamizar cada fase de atuação do programa nessa etapa. Como é possível perceber no relato descrito nos parágrafos acima, desde a metade dos anos 1990 é possível perceber uma intensificação de políticas 44 educacionais voltadas para implantação do uso da TDICs no Brasil. A presença de menções às políticas de tecnologias na educação em documentos e marcos regulatórios da educação nacional impulsionou a reflexão e execução de iniciativas com esse fim. Para Barreto e Maia (2012), é possível perceber na história das TDICs no Brasil uma ênfase no campo de iniciativas políticas de softwares e hardwares. No campo da formação de professores para lidar com o uso pedagógico dessas máquinas não se percebe a mesma evolução. Dessa forma, torna-se legitimo nosso pensamento, neste estudo, em promover como produto final dessa dissertação uma proposta de formação em serviço que objetiva o uso de TDICs para profissionais da educação do Rio Grande do Norte, como uma iniciativa de preparar, nesse contexto específico, educadores que multipliquem e disseminem os conhecimentos adquiridos nesse processo de formação em toda a rede de ensino. 3.2 O uso das TDICs como ferramentas pedagógicas e de inovação da gestão A educação promovida nas instituições escolares faz parte da vida cotidiana quase que naturalmente. Essa premissa é tão forte e impregnada na nossa cultura acaba passando despercebida, sem tomarmos conta de sua existência e das funções que cumpre ou poderia cumprir para nossa sociedade. Essa construção está tão intrínseca à sociedade que se tornou direito humano universal e um direito para toda população mesmo sendo realidades criadas por certas sociedades em contextos específicos. Diferentes grupos sociais dispõem em condições e medidas desiguais; ou seja, estamos a frente de um direito universal que não é oferecido igualmente para todos. Vivemos atualmente momentos críticos em relação a posturas tradicionais impregnadas em nossas instituições educacionais frente a uma sociedade em transformações constantes e rápidas impulsionadas pelas TDICs. Nesse sentido, [...] o que deve ser ensinado e aprendido no âmbito da educação escolar passa, também, por necessárias inovações tecnológicas e pedagógicas que motivem o estudante para as aprendizagens de conhecimentos e habilidades inerentes à etapa da escolarização obrigatória (RAMALHO; NUÑES; FLOR, 2018, p. 8). 45 No contexto do trabalho e da sociedade, a escola se destaca na qualificação de indivíduos, ela dispõe das condições necessárias para promover o acesso ao conhecimento científico, a criticidade nas informações, ao desenvolvimento do intelecto, formação da cidadania, formação ética. É fundamental que as instituições educacionais não sejam mais consideradas isoladas, é necessário que o debate de questões como economia, política, cultura se integre a essas instituições, centrando-se na formação integral e contínua dos sujeitos. São postas novas exigências de saberes e de comportamentos aos cidadãos para que possam se inserir nesse cenário. À Educação Básica cabe estar em sintonia com as novas necessidades impostas pelo mundo digital, integrando essa realidade à sua estrutura formativa. (RAMALHO; NUÑES; FLOR, 2018, p. 2). Dessa forma, a necessidade de se estabelecer políticas públicas, formas de ensino, mudanças de paradigma e inovações pedagógicas que democratizem e tornem possível a efetivação desse direito se torna fator determinante para um futuro promissor na educação brasileira. Uma das dimensões relevantes da inovação pedagógica, no contexto atual, diz respeito à incorporação das novas tecnologias da informação e das comunicações, como ferramentas estratégicas para melhorar a atividade de ensino e das aprendizagens dos estudantes na escola, assim como ferramenta de melhor gestão pedagógica. (RAMALHO; NUÑES; FLOR, 2018, p.8). Em relação à inovação pedagógica, a literatura vigente nos mostra duas perspectivas distintas do conceito de inovação: 1) alterar o sentido das coisas em prática; 2) caráter intencional e planejado em oposição a mudanças espontâneas (MESSINA, 2001, p. 226). A inovação pela alteração do estado das coisas ou pelo deslumbramento por qualquer coisa nova não representa necessariamente uma estratégia adequada e se perde o sentido da educação; como, por exemplo, utilizar um sistema de gestão educacional como SIGEduc meramente para reprodução de atividades mecânicas que anteriormente eram realizadas com outro tipo de tecnologia mais simples. Podemos citar o SIGEduc como exemplo de recurso inovador, de base tecnológica, projetado para modernizar as rotinas pedagógicas e fortalecer a gestão educacional, que é objeto de estudo dessa pesquisa. Uma plataforma com capacidade de potencializar as práticas pedagógicas inovadoras no âmbito da rede escolar. 46 Essa plataforma se concretiza como um sistema de informações que promove gestão integrada, controle e organização, de modo a reduzir as distâncias físicas, planejamento eficiente e acesso às informações por funcionários, docentes, pais e oferecendo ferramentas que dinamizem o aprendizado de alunos. Segundo Messina (2001), é necessário inovar, mas com caráter intencional, aberto e com múltiplos significados capazes de transformar pessoas e o espaço no qual está inserido resinificando a prática pedagógica. Conforme Freire (1996), os seres humanos têm essa possibilidade de ser co-criadores, a qual nos libera de ser meros executores das programações sociais e de ficar subordinados às metodologias “bancárias”. Metodologias que nascem não só no ensino, mas no conjunto da vida social. Assim sendo, um sistema de gestão de informação com base na internet desempenha na atualidade uma importância crescente nas organizações de formal geral. A tecnologia consegue potencializar e modernizar qualquer tipo de estrutura organizacional no fluxo dos processos administrativos, na tomada de decisões, na colaboração dos grupos envolvidos e no acesso a informações que; consequentemente, se reflete no processo de ensino do docente e no aprendizado do aluno. Para Terra (2013), o aprendizado individual se dá de forma análoga ao processo organizacional, demandando reinvenção pessoal. Estão associados a mudanças de modelos de mapas mentais, comportamentos, desenvolvimento de habilidades e competências sociais sendo elas desenvolvidas presencial ou não- presencialmente. Também se verifica que os indivíduos, em seus processos criativos e de aprendizado, dependem de grande motivação intrínseca, assim como da interação com outros, da combinação de múltiplas perspectivas e experiências e, finalmente, de tentativas e erros pessoais. (TERRA, 2013, p. 2). Dessa forma, são vários aspectos relacionados às tecnologias da informação que promovem um ganho substancial no apoio, estruturação e organização das instituições educacionais, tanto quanto no estímulo ao desenvolvimento de habilidades e competências individuais dos sujeitos. Segundo O`Brier e Marakas (2006, p. 9), existem três razões fundamentais em torno da aplicação das tecnologias da informação e da comunicação nas 47 organizações: suporte dos processos, suporte na tomada de decisões e suporte das estratégias de atuação. Trazendo essas aplicações para o campo educacional, podemos inferir que o suporte dos processos ficaria a cargo da administração da unidade escolar; ou seja, aparatos de suporte organizacional tais como: relatório de rendimento dos estudantes, diário escolar, rol da instituição, distribuição de carga horária de professores e matricula. O sistema de informação também dá suporte na tomada de decisões que tem maior e mais detalhado acesso a informações referentes aos estudantes daquela instituição e eficiência nas resoluções de problemas durante o processo educativo. E, finalmente, dar suporte às estratégias de atuação que seriam correções de rotas de atuação no planejamento pedagógico: uso de novas estratégias, fazer de novas formas a chamada inovação educativa. Inovar para atender a demanda educacional dos estudantes que necessitam de estratégias diversificadas para concretização de um aprendizado significativo, para Terra (2013, p. 4): Reconhece-se, assim, que o aprendizado e a criação individual incluem a capacidade de combinar diferentes inputs e perspectivas, que o aprendizado organizacional demanda uma visão sistêmica do ambiente e a confrontação de modelos mentais distintos e, finalmente, que o processo de inovação requer, crescentemente, a combinação de diferentes habilidades, conhecimentos e tecnologias de campos distintos. Em suma, o uso de um sistema de informação ou qualquer recurso digital será pedagógico de acordo “com quem” e “como se usa” ele. É necessário compreender a importância do uso das tecnologias na educação, para que ela envolva adequadamente todos que com ela interagem (gestores, funcionários, professores alunos, comunidade e etc.) e para que dela se extraia o necessário para atividade fim da educação que é o ensino e aprendizagem dos estudantes. 3.3 A importância da atratividade das TDICs para potencializar o processo de ensino-aprendizagem. O que deve ser aprendido e ensinado nas escolas na atualidade passa, necessariamente, por uma proposta curricular que atenda mais igualitariamente as crianças e jovens. Perpassa, também, a necessidade de redefinição de papéis e atores no âmbito escolar, a atratividade no ensino para facilitar o aprendizado, novas estratégias educativas, a chamada inovação pedagógica e finalmente a 48 incorporação das TDICs na educação como necessidade da sociedade do século XXI, a chamada sociedade da informação. De acordo com Moran (2005, p. 15) a educação [...] formal está num impasse diante de tantas mudanças na sociedade: como evoluir para tornar-se relevante e conseguir que todos aprendam de forma competente a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais. Os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos. O processo de ensino-aprendizagem deve ser personalizado: propor atratividade nas aulas, propor diversas disciplinas como opções, estimular as habilidades, aptidões e interesse dos estudantes, diversificar e inovar nas formas de ensinar, envolver as famílias e os vários atores sociais no processo, propiciando uma aproximação e um reconhecimento social. A estrutura do modelo de escolarização tradicional que concebia em períodos distintos a educação, sendo a infância e adolescência para instrução escolar, a fase adulta para produção profissional e o tempo da aposentadoria já não contemplam o contexto na contemporaneidade e, consequentemente, o futuro. Os conhecimentos adquiridos na infância e juventude não são suficientes
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