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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA TORNEAMENTO DO AÇO-FERRAMENTA AISI D6 TEMPERADO E REVENIDO NAS CONDIÇÕES SECO, JORRO E LN2: UMA ANÁLISE TÉCNICO- ECONÔMICA MATHEUS EMMANUEL PEREIRA FERNANDES NATAL- RN, 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA TORNEAMENTO DO AÇO-FERRAMENTA AISI D6 TEMPERADO E REVENIDO NAS CONDIÇÕES SECO, JORRO E LN2: UMA ANÁLISE TÉCNICO- ECONÔMICA MATHEUS EMMANUEL PEREIRA FERNANDES Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica (PPGEM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA, orientado pelo Prof. Dr. Anderson Clayton Alves de Melo e coorientado pelo Prof. Dr. Nicolau Apoena Castro. NATAL - RN 2019 Fernandes, Matheus Emmanuel Pereira. Torneamento do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido nas condições seco, jorro e LN2: uma análise técnico-econômica / Matheus Emmanuel Pereira Fernandes. - 2019. 104f.: il. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica, Natal, 2019. Orientador: Dr. Anderson Clayton Alves de Melo. Coorientador: Dr. Nicolau Apoena Castro. 1. Manufatura sustentável - Dissertação. 2. Usinagem criogênica - Dissertação. 3. Aço-ferramenta AISI D6 - Dissertação. 4. Torneamento duro - Dissertação. I. Melo, Anderson Clayton Alves de. II. Castro, Nicolau Apoena. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 621 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429 TORNEAMENTO DO AÇO-FERRAMENTA AISI D6 TEMPERADO E REVENIDO NAS CONDIÇÕES SECO, JORRO E LN2: UMA ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA MATHEUS EMMANUEL PEREIRA FERNANDES Dissertação APROVADA pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica (PPGEM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Banca Examinadora Prof. Dr. Anderson Clayton Alves de Melo ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador Prof. Dr. Adilson José de Oliveira ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno Prof. Dr. Flávio José da Silva ___________________________ Universidade Federal de Pernambuco - Avaliador Externo NATAL, 02 de setembro de 2019. Dedicatória Dedico este trabalho aos meus pais e a todos os meus familiares e amigos que sempre me ajudaram. Agradecimentos A Deus, que esteve ao meu lado e me deu força, ânimo e coragem para não desistir e continuar lutando por este meu sonho e objetivo de vida. A Ele eu devo minha gratidão. Ainda, este trabalho não poderia ter sido concluído sem a ajuda das seguintes pessoas e organizações, as quais presto minha homenagem: Aos meus pais, Emmanuel Costa Fernandes e Dangleide Pereira Leite Fernandes, pelo incentivo e apoio em todas as minhas decisões. À minha irmã Nathalia Emmanuel Pereira Fernandes, pela parceria e encorajamento sempre que necessário. À Thays Suelen de Morais Pereira, por toda sua compreensão, apoio e carinho quando mais precisei. Aos meus professores orientadores Anderson Clayton Alves de Melo e Nicolau Apoena Castro, pela orientação, dedicação, paciência e por todos os ensinamentos transmitidos. Ao professor George Santos Marinho, pelo empréstimo da fonte de tensão usada neste trabalho. À empresa Dinateste Indústria e Comércio Ltda, pela doação da atualização do software TestView-A 1.0.0.4 usado em conjunto com as células de carga para a medição da vazão mássica de LN2. Ao aluno de iniciação cientifica Caio Vinícius Carlos Frutuoso, pela parceria e ajuda na montagem e realização dos testes de medição de vazão de LN2. Ao aluno de engenharia mecânica Ivson Roberto Damasceno Silva de Sousa, pela parceria e ajuda na montagem e realização dos testes de usinagem com aplicação de LN2 por agulha. À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamentos de Pessoal de Nível Superior), pelo suporte financeiro através da concessão de minha bolsa. À família LABMAN, pelo companheirismo e troca constante de conhecimentos. Agradeço pelo privilégio de ter convivido com pessoas tão brilhantes academicamente e pessoalmente. Ao Laboratório de Manufatura da UFRN (LABMAN), pela disponibilização da estrutura necessária para a realização deste trabalho. Aos técnicos do LABMAN Frazão e Elmar, pela ajuda na fabricação e montagem da resistência elétrica usada neste trabalho. Ao Laboratório de Criogenia da UFRN, que através do professor Carlos Chesman de Araújo Feitosa e dos servidores Carlos Alberto dos Anjos e Paulo Ranier, forneceu, gratuitamente, o nitrogênio líquido usado neste trabalho. Aos professores do Laboratório de Metrologia da UFRN, Luiz Pedro de Araújo e Igor Lopes de Andrade, pelo empréstimo das células de carga usadas neste trabalho. “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos." Eleanor Roosevelt Fernandes, M. E. P. Torneamento do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido nas condições seco, jorro e LN2: Uma análise técnico-econômica. 2019. 104 p. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019. Resumo Muito tem se falado nos últimos anos acerca dos impactos ambientais provocados pela indústria de usinagem. O uso de fluidos de corte convencionais à base de óleos minerais, por exemplo, vem sendo tratado como uma prática a ser superada ou, pelo menos, minimizada. Porém, a solução dessa questão esbarra em aspectos técnicos, principalmente na usinagem de materiais com baixo índice de usinabilidade que promovem o desenvolvimento de altas temperaturas de corte. Nesse sentido, tem-se investigado a eficácia técnica de práticas que se apresentam como ambientalmente sustentáveis, como é o caso do uso de fluidos criogênicos, como o nitrogênio líquido (LN2). Vários trabalhos têm mostrado que a usinagem com LN2 apresenta diversas vantagens técnicas, além de ser considerada uma técnica sustentável. Apesar disso, o uso de LN2 como fluido de corte na indústria ainda é considerado irrelevante. Nesse sentido, este trabalho teve como principal objetivo investigar a viabilidade técnico-econômica do uso de LN2 como fluido de corte na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido com insertos de PCBN. Nesse caso foram investigadas três vazões de LN2. Para efeito de comparação, também foram realizados testes a seco e com aplicação de uma emulsão de óleo mineral por jorro. Como variáveis de saída foram monitoradas o desgaste da ferramenta de corte e aspectos gerais dos cavacos. A análise técnico-econômica foi feita com base no custo/mês referente ao consumo de ferramentas de corte, fluido de corte, energia elétrica e descarte do fluido de corte. Concluiu-se que a usinagem a seco se mostrou mais viável do que qualquer outra condição. Porém, faz-se a ressalva de que, ainda que mais cara, a usinagem com LN2 pode ser justificada pelos seus benefícios técnicos referentes ao componente usinados. Palavras-chave: Manufatura Sustentável, Usinagem Criogênica, Aço-Ferramenta AISI D6, Torneamento duro. Fernandes, M. E. P. An experimental study on turning of quenched and tempered AISI D6 tool steel under dry, wet and LN2: A technical and economic analysis. 2019. 104 p. Master’s Dissertation in Mechanical Engineering- Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2018. Abstract A lot of attention has been paid about the environmental impacts caused by the machining industry. The use of conventional cutting fluids based on mineral oils, for example, has been approached as a practice to be overcome or, at least, minimized. However, the solution for this question comes up against technical aspects, mainly in the case of machining of difficult-to-cut materials. In this sense, the effectiveness of technical practices that appear as environmentally sustainable, as the case of cryogenic machining with liquid nitrogen (LN2), have been investigated. Several investigations have shown that the machining assisted by LN2 present a lot of technical advantages and besides to be considered a sustainable cutting fluid. Nevertheless, the use of LN2 as cutting fluid in the industry is considered irrelevant. In this sense, the present work was intended to investigate the technical and economic feasibility of using liquid nitrogen as cutting fluid in machining of quenched and tempered AISI D6 tool steel with PCBN inserts. In this case, three flows of LN2 were investigated. For comparison purposes, turning trials under dry and wet conditions were also performed. As output variables cutting tool wear and chip morphology were monitored. The technical and economic analyses were performed based on the cost/hour related with the consumption of cutting tool, cutting fluid, electric energy and cutting fluid disposal. It was concluded that the dry machining was more feasible as compared to the other conditions. However, it should be noticed that cryogenic machining with LN2 can be justified because of its technical benefits to the machined component. Keywords: Sustainable Manufacturing, Cryogenic Machining, AISI D6 Tool Steel, Hard Turning. https://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/quenched.html Lista de Figuras Figura 1. Os três pilares da manufatura sustentável. .................................................. 4 Figura 2. Ciclo de vida de um produto em circuito aberto (preto) e fechado (verde). .. 6 Figura 3. Névoa de LN2 sendo entregue na superfície de saída de um inserto. ......... 9 Figura 4. Rugosidade média (Ra) em função da condição de lubrirrefrigeração no torneamento da liga Inconel 718. .............................................................................. 12 Figura 5. Rugosidade média (Ra) em função da condição de lubrirrefrigeração e da velocidade de corte na usinagem do aço inoxidável AISI 316 L................................ 13 Figura 6. Efeito da condição de lubrirrefrigeração na topografia da superfície usinada do aço inoxidável AISI 316 L (vc = 180 m/min e ap = 0,6 mm). .................................. 14 Figura 7. Variação da rugosidade média (Ra) na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido sob diferentes condições de lubrirrefrigeração. ..................... 15 Figura 8. Efeito da profundidade de corte na rugosidade média (Ra) na usinagem do aço inoxidável 17-4 PH SS sob diferentes condições de lubrirrefrigeração. ............. 16 Figura 9. Variação da dureza na subsuperfície da liga NiTi após sua usinagem sob diferentes condições de lubrirrefrigeração. ............................................................... 17 Figura 10. Variação da microdureza em função da profundidade de medição após a usinagem da liga Al 7075-T651 sob diferentes velocidades de corte e condições de lubrirrefrigeração. ...................................................................................................... 17 Figura 11. Variação do desgaste de flanco (VBB) com a profundidade de corte para a usinagem do aço inoxidável 17-4 PH SS nas condições de lubrirrefregeração Seco, Jorro, MQL e Criogênica (LN2). ................................................................................. 19 Figura 12. Desgaste de flanco em função do tempo na usinagem do aço AISI 4340 nas condições Criogênica e Jorro. ............................................................................ 20 Figura 13. Evolução do desgaste de flanco “VBC” em função do percurso de avanço “Lf” e da condição de lubrirrefrigeração na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido com inserto de PCBN. ........................................................... 21 Figura 14. Força de corte em função do avanço na usinagem da liga Ni50Ti50 a seco e com aplicação de LN2. ............................................................................................ 22 Figura 15. Força de corte em função da profundidade de corte na usinagem da liga Ti- 6Al-4V nas condições Jorro e Criogênica: (a) vc = 100 m/min, f = 0,1 mm/rot; (b) vc = 150 m/min, f = 0,2 mm/rot. ........................................................................................ 23 Figura 16. Efeito do avanço e da condição de lubrirrefrigeração na forma dos cavacos obtidos na usinagem da liga Ti-6Al-4V. ..................................................................... 25 Figura 17. Tipos de cavacos com aplicação de LN2 na superfície de saída (SS), superfície de folga (SF), em ambas as superfícies (SS/SF) e Seco. ......................... 26 Figura 18. Efeito das diferentes condições de lubrirrefrigeração na forma dos cavacos obtidos na usinagem do aço AISI 4140. .................................................................... 27 Figura 19. Fluxograma dos testes experimentais e análises realizadas. .................. 30 Figura 20. Botijão de armazenamento de LN2 e detalhes de sua tampa de fechamento. .................................................................................................................................. 31 Figura 21. Tubos de entrada de ar e de saída de nitrogênio líquido do botijão de LN2. .................................................................................................................................. 32 Figura 22. Esquema de funcionamento do sistema de entrega de LN2 usado por Oliveira (2015) e Leadebal Jr. (2017). ....................................................................... 32 Figura 23. Caminho percorrido pelo LN2 do reservatório de armazenamento até às superfícies de saída e de flanco da ferramenta de corte. .......................................... 33 Figura 24. Detalhes da resistência elétrica usada para o aquecimento do LN2. ....... 34 Figura 25. Resistência acoplada na parte inferior do tubo de entrada de LN2. ......... 34 Figura 26. Esquema de funcionamento do sistema de entrega de LN2 modificado. . 35 Figura 27. Uma das três células de carga usadas para auxiliar na medição da vazão mássica de LN2. ........................................................................................................ 36 Figura 28. Células de carga montadas na base da coluna de sustentação do botijão de LN2. ...................................................................................................................... 36 Figura 29. Sistema preparado para a medição da vazão mássica. ........................... 37 Figura 30. Interface do software TestView-A 1.0.0.4. ................................................ 37 Figura 31. Escalas com graduação angular montadas nos eixos dos manípulos das válvulas de agulha. .................................................................................................... 38 Figura 32. Névoa composta de nitrogênio gasoso e líquido na saída do sistema de aplicação de LN2. ...................................................................................................... 41 Figura 33. Máquina-ferramenta usada nos testes de torneamento. .......................... 42 Figura 34. (a) Desenho do corpo de provas com suas dimensões iniciais em milímetro; (b) Corpo de provas fixado na placa do torno. ..........................................................43 Figura 35. Microestrutura do material usinado (Aço AISI D6 temperado e revenido). .................................................................................................................................. 43 Figura 36. Geometria do inserto usado. .................................................................... 44 Figura 37. Posição de aplicação do fluido de corte por emulsão. ............................. 45 Figura 38. Posicionamento dos bicos de entrega de LN2 nas condições (a) U2–U3 e (b) U4. ....................................................................................................................... 46 Figura 39. Posicionamento do inserto de PCBN em relação à câmera digital do microscópio ferramenteiro. ........................................................................................ 47 Figura 40. Fluxograma das ações realizadas nos testes de torneamento. ............... 48 Figura 41. Variação da massa de LN2 em função do tempo para o ensaio V01. ...... 53 Figura 42. Imagem de MEV da superfície fraturada do inserto de PCBN usado nos testes de torneamento e espectros de EDS da área delimitada (retângulo verde). .. 57 Figura 43. Difratograma da face fraturada do inserto de PCBN usado nos testes de torneamento. ............................................................................................................. 57 Figura 44. Desgaste de flanco (VBC) em função do tempo de usinagem para as condições de lubrirrefrigeração Seco, Jorro, LN2 A-A, LN2 1/4A-1/4A e LN2 Agulha- Agulha (1ª repetição). ................................................................................................ 58 Figura 45. Curva de regressão obtida a partir dos pontos experimentais do desgaste (VBC) em função do tempo de usinagem para a condição LN2 A-A, 1ª repetição. .... 59 Figura 46. Tempo de usinagem até VBC = 0,25 mm para cada condição de lubrirrefrigeração. ...................................................................................................... 60 Figura 47. Intervalo de confiança da variável aleatória Tempo de vida da aresta de corte para cada condição de lubrirrefrigeração. ........................................................ 62 Figura 48. Imagens do desgaste de flanco (VBC) em alguns dos insertos testados. 65 Figura 49. Imagem mostrando o cavaco produzido na usinagem a seco com uma coloração rubra, sugerindo altas temperaturas na região. ........................................ 66 Figura 50. Aspecto geral dos cavacos produzidos na condição Seco no início e fim da vida da aresta de corte. ............................................................................................. 71 Figura 51. Aspecto geral dos cavacos produzidos na condição Jorro no início e fim da vida da aresta de corte. ............................................................................................. 72 Figura 52. Aspecto geral dos cavacos produzidos na condição LN2 A-A no início e fim da vida da aresta de corte. ........................................................................................ 73 Figura 53. Aspecto geral dos cavacos produzidos na condição LN2 1/4A-1/4A no início e fim da vida da aresta de corte. ............................................................................... 74 Figura 54. Aspecto geral dos cavacos produzidos na condição LN2 Agulha-Agulha no início e fim da vida da aresta de corte. ...................................................................... 75 Figura 55. Imagens de MEV do desgaste no flanco do inserto após seu fim de vida para as cinco condições de lubrirrefrigeração testadas. ........................................... 76 Figura 56. Resultados da análise de EDS pontual das áreas desgastadas dos insertos testados nas condições Seco e Jorro. ....................................................................... 78 Figura 57. Resultados da análise de EDS pontual das áreas desgastadas dos insertos testados nas condições LN2 A-A e LN2 1/4A-1/4A. ................................................... 79 Figura 58. Resultados da análise de EDS pontual das áreas desgastadas do inserto testado na condição LN2 Agulha-Agulha. .................................................................. 80 Figura 59. Resultados das análises de EDS na superfície da raiz do cavaco para as cinco condições de lubrirrefrigeração testadas. ........................................................ 81 Figura 60. Intervalos de confiança para o custo mensal de cada sistema de lubrirrefrigeração. ...................................................................................................... 83 Figura 61. Comparação, em termos de custo/mês, de cada condição de lubrirrefrigeração. ...................................................................................................... 83 Lista de Tabelas Tabela 1. Desempenho de algumas técnicas de lubrirrefrigeração em usinagem. ... 10 Tabela 2. Comparação entre os custos de diversos sistemas de lubrirrefrigeração. 29 Tabela 3. Ensaios de medição da vazão de LN2. ...................................................... 39 Tabela 4. Composição química do aço-ferramenta AISI D6. .................................... 44 Tabela 5. Geometria do conjunto inserto-suporte. .................................................... 45 Tabela 6. Ensaios de torneamento realizados. ......................................................... 45 Tabela 7. Sequência dos ensaios de torneamento realizados. ................................. 49 Tabela 8. Resultados de estimativa da vazão mássica de LN2 para diferentes configurações de abertura das válvulas de agulha do manifold. ............................... 55 Tabela 9. Valores dos tempos de usinagem até o fim de vida das arestas de corte obtidos a partir das curvas de regressão do desgaste em função do tempo de usinagem. .................................................................................................................. 60 Tabela 10. Intervalos de confiança para a variável aleatória Tempo de vida da aresta de corte para cada condição de lubrirrefrigeração. ................................................... 61 Tabela 11. Probabilidades de ocorrência da média populacional da variável aleatória Tempo de vida da aresta de corte se encontrar em determinados intervalos. .......... 63 Tabela 12. Custos operacionais estimados de cada sistema de lubrirrefrigeração. .. 82 Lista de abreviaturas e siglas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AISI American Iron and Steel Institute – Instituto Americano do Ferro e do aço CNC Comando Numérico Computadorizado EDS Espectroscopia por Dispersão de Energia HRC Dureza Rockwell C HV Dureza Vickers LCO2 Dióxido de Carbono Líquido LN2 Nitrogênio Líquido MEV Microscopia Eletrônica de Varredura ou Microscópio Eletrônico de Varredura MQL Mínima Quantidade de Lubrificante PCBN Nitreto Cúbico de Boro Policristalino PVD Physical Vapor Deposition – Deposição de fase por processo físico RPM Rotação por minuto SS Superfície de saída SF Superfície de folga UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte Lista de símbolos ap Profundidade de corte f Avanço Lf Percurso de avanço Vef Variação da tensão elétrica eficaz VB Desgaste de flanco VBC Desgaste de flanco de ponta vc Velocidade de corte C.A. Coeficiente angular Q Vazão Sumário 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1.1. OBJETIVOS....................................................................................................................................2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................... 3 MANUFATURA SUSTENTÁVEL .....................................................................................................3USINAGEM CRIOGÊNICA ..............................................................................................................8 2.2.1. Efeito da refrigeração criogênica na rugosidade da superfície usinada ............................. 11 2.2.2. Efeitos da refrigeração criogênica na microdureza da superfície usinada ......................... 16 2.2.3. Efeito da refrigeração criogênica no desgaste da ferramenta de corte .............................. 18 2.2.4. Efeito da refrigeração criogênica na força de corte ............................................................ 21 2.2.5. Efeito da refrigeração criogênica na forma dos cavacos .................................................... 24 ASPECTOS ECONÔMICOS ........................................................................................................ 28 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 30 3.1. MODIFICAÇÃO DO SISTEMA DE RETIRADA DE LN2 DO RESERVATÓRIO ............................ 31 3.2. MEDIÇÃO DA VAZÃO MÁSSICA DE LN2 COM O SISTEMA MODIFICADO ............................... 35 3.3. ANÁLISE DO MATERIAL DOS INSERTOS ................................................................................. 41 3.4. TESTES DE TORNEAMENTO ..................................................................................................... 42 3.5. ANÁLISE POR MEV DO DESGASTE DOS INSERTOS............................................................... 49 3.6. ANÁLISE POR MEV DOS CAVACOS .......................................................................................... 49 3.7. ANÁLISE ECONÔMICA ............................................................................................................... 50 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 52 4.1. MODIFICAÇÃO DO SISTEMA DE RETIRADA DE LN2 DO RESERVATÓRIO ............................ 52 4.2. MEDIÇÃO DA VAZÃO MÁSSICA DE LN2 COM O SISTEMA MODIFICADO ............................... 53 4.3. ANÁLISE DO MATERIAL DOS INSERTOS ................................................................................. 56 4.4. TESTES DE TORNEAMENTO ..................................................................................................... 58 4.4.1. Resultados do desgaste de flanco (VBC) e de vida da ferramenta de corte ....................... 58 4.4.2. Aspectos gerais dos cavacos .............................................................................................. 69 4.5. ANÁLISE POR MEV DO DESGASTE DOS INSERTOS............................................................... 75 4.6. ANÁLISE POR MEV DOS CAVACOS .......................................................................................... 80 4.7. ANÁLISE ECONÔMICA ............................................................................................................... 82 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 85 6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 87 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 88 8. APÊNDICE............................................................................................................ 93 1 1. INTRODUÇÃO Nos últimos 20 anos, tem-se dado grande atenção às questões relacionadas à sustentabilidade econômica, social e ambiental em praticamente todas as áreas da atuação humana (LU; JAWAHIR, 2015). O aumento das doenças relacionadas ao trabalho, as políticas governamentais mais rigorosas em relação ao meio ambiente e a necessidade de redução do custo total de fabricação, estão contribuindo para a busca de uma manufatura mais sustentável no ambiente industrial. A definição geral fornecida por Brundtland (1987) em seu relatório Our Common Future, afirma que o desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de suprir as necessidades das gerações futuras. Na indústria de usinagem, os fluidos de corte convencionais são amplamente utilizados com a finalidade de reduzir problemas associados ao atrito e à geração de calor, tais como: (i) aumento da taxa de desgaste da ferramenta de corte (MACHADO et al., 2009); (ii) redução da qualidade da superfície usinada (M’SAOUBI et al., 2014; JAWAHIR et al., 2011) e (iii) diminuição da resistência à fadiga da peça (PU et al., 2012). Porém, o uso intenso e deliberado de fluidos de cortes convencionais vem de encontro à definição de sustentabilidade dada por Brundtland (1987). Trabalhos recentes mostram que a exposição aos fluidos de corte pode levar ao desenvolvimento de doenças de pele e respiratórias (HANNU et al., 2013; LAWAL; CHOUDHURY; NUKMAN, 2012; SHOKRANI; DHOKIA; NEWMAN, 2012). Além disso, legislações ambientais, tais como a Lei Nacional 6.938, de 31 de agosto de 1981; e a norma ISO 14001 de 2015, estão cada vez mais rigorosas, fazendo com que os custos associados ao descarte dos fluidos de corte se tornem cada vez mais elevados. Nesse contexto, a usinagem a seco, a princípio, poderia ser considerada uma alternativa sustentável à usinagem com fluidos de corte de base mineral. Contudo, as temperaturas no corte a seco representam uma queda significativa na vida útil da ferramenta (DUTRA XAVIER et al., 2011), além de provocar distorções na peça e comprometer a integridade da superfície usinada (SHARMA; SIDHU, 2014). Uma das alternativas que vem sendo investigada com frequência nos últimos anos é o uso de fluidos criogênicos, tal como o LN2 (nitrogênio líquido). Diversos trabalhos têm sido publicados com resultados que evidenciam os benefícios técnicos e ambientais do uso do LN2 como fluido de corte (KAYNAK et al., 2014; SHOKRANI http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm 2 et al., 2012; UMBRELLO et al., 2012; LEADEBAL JR. et al., 2019). Usualmente, o LN2 é aplicado diretamente na zona de corte, absorvendo calor latente desta e se vaporizando. A usinagem com o LN2 resulta em peças usinadas secas e limpas e sem risco de contaminação ambiental ou de doenças de trabalho, pois o gás nitrogênio retorna para o meio ambiente (PUSAVEC et al., 2014). Entretanto, mesmo com todas as vantagens técnicas e ambientais evidenciadas por diversas investigações experimentais, existe uma certa carência em relação à publicações científicas que mostrem a viabilidade técnico-econômica do uso deste tipo de fluido nas operações de usinagem, já que o LN2 é considerado um fluido de custo de aquisição relativamente elevado e o mesmo é “perdido” para a atmosfera após seu uso. 1.1. OBJETIVOS Assim, o presente trabalho teve como principal objetivo investigar a viabilidade técnico-econômica do uso de LN2 no torneamento do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido. Nesse sentido, foram adotados os seguintes objetivos específicos: a) Alterar fisicamente o sistema de aplicação de LN2 desenvolvido no Laboratório de Manufatura da UFRN, com vistas na medição da vazão mássica de LN2 para diversas configurações de aberturas das duas válvulas de entrega do fluido; b) Tornear uma barra de aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido com inserto de PCBN nas condições seco, Jorro e LN2 em três diferentes vazões; c) Avaliar desgaste de flanco da ferramenta de corte (VBC); d) Avaliar aspectos gerais dos cavacos; e) Realizar uma análise econômica comparativa entre as técnicas de lubrirrefrigeração testadas. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O texto de revisão bibliográfica traz uma breve apresentação dos assuntos que estão direta ou indiretamente relacionados ao tema desta pesquisa. Assim, inicia- se abordando o tema Manufatura Sustentável. Em seguida, apresenta-se uma revisão sobre Usinagem Criogênica,destacando-se suas vantagens e desvantagens em relação à outras técnicas de lubrirrefrigeração. Finaliza-se este capítulo com a apresentação de alguns Aspectos Econômicos relacionados à aplicação de diversos meios de lubrirrefrigeração em usinagem. MANUFATURA SUSTENTÁVEL Tradicionalmente os processos de manufatura se desenvolveram na busca por máxima produtividade com o menor custo possível, muitas vezes sem uma preocupação acerca de seus efeitos no meio ambiente, na saúde do trabalhador e na sociedade (UMBRELLO; MICARI; JAWAHIR, 2012). Entretanto, desde meados da década de 1970, vários setores e entidades sociais começaram a discutir a necessidade de se adotar práticas mais responsáveis nesse sentido, o que tem conduzido à redução do uso de recursos não-renováveis, à crescente preferência do consumidor por produtos economicamente e ambientalmente sustentáveis e ao estabelecimento de regulamentos mais rigorosos no que se refere ao meio ambiente, à saúde ocupacional, dentre outros (JAYAL et al., 2010). Tal comportamento tem forçado as indústrias a buscarem soluções mais sustentáveis para seus processos de produção, levando em consideração aspectos econômicos, ambientais e sociais, os quais são vistos como os três pilares que suportam o que se denomina Manufatura Sustentável (JAYAL et al., 2010; LU; JAWAHIR, 2015). A figura 1, adaptada de Pusavec et al. (2010), mostra uma engrenagem com os três elementos (pilares) da manufatura sustentável. 4 Figura 1. Os três pilares da manufatura sustentável. Fonte: adaptado de Pusavec et al. (2010). De acordo com Jayal et al. (2010), a definição mais amplamente aceita de desenvolvimento sustentável é aquela fornecida por Brundtland em 1987 e adotada pela Comissão das Nações Unidas que afirma: “Desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de suprir as necessidades das gerações futuras”. O Departamento de Comércio dos Estados Unidos (United States Department of Commerce and Labor) define manufatura sustentável como aquela em que produtos manufaturados são obtidos a partir de processos que causam impactos ambientais mínimos, conservam energia e recursos naturais, são seguros para os trabalhadores, comunidades e consumidores, além de serem economicamente viáveis (ROSEN; KISHAWY, 2012). Jawahir et al. (2013) afirmam que a manufatura sustentável pode ser definida como aquela capaz de reduzir o impacto ambiental, oferecendo melhoria da eficiência energética, redução do uso de recursos naturais, geração mínima de resíduos, boa segurança operacional e de saúde pessoal, enquanto mantém e/ou melhora a qualidade de seus produtos e processos. Pode-se perceber que todas as definições mencionadas têm em comum a preocupação com os impactos causados ao meio ambiente, à saúde e integridade física das pessoas envolvidas nos processos e à conservação de energia e recursos naturais. 5 Diante do exposto, os esforços para tornar a manufatura sustentável devem considerar questões relacionadas ao produto, ao processo e ao sistema de produção (JAYAL et al., 2010). A nível de produto, é necessário não somente priorizar os sistemas de ciclo fechado, como também ampliar suas concepções mais simples, como é o caso do tradicional sistema 3R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), em que se estimula a redução da fabricação de novos produtos com baixa expectativa de vida útil; a reutilização de produtos fabricados, que já não atendem às suas funções originais, em outras aplicações diversas; e a reciclagem daquilo que não mais é possível se usar de alguma forma, para a geração de matéria-prima para a obtenção de novos produtos. Neste caso, uma ideia mais atual seria a 6R (Reduzir, Remanufaturar, Reusar, Recuperar, Reciclar e Reprojetar), que estimula um ciclo fechado mais amplo no que se refere à vida do produto (JAWAHIR et al., 2006). É importante enfatizar que a reciclagem também é um caminho para geração de empregos e desenvolvimento de novas tecnologias. A figura 2 mostra um sistema 6R de ciclo de vida de um produto (verde), em comparação com um sistema de ciclo aberto (preto). Observa-se que, no sistema aberto, o produto é fabricado, usado e descartado no final de sua vida útil. Nesse caso, os recursos materiais, a produção de resíduos, o uso de energia e outras emissões do sistema, são basicamente uma função da demanda do mercado consumidor. No sistema 6R, entretanto, as etapas REUSAR, REMANUFATURAR e RECICLAR são responsáveis pela circulação do material no sistema. Essas etapas diminuem a necessidade de nova extração de material do meio ambiente para alimentar o sistema, resultando na redução de energia e de emissões de poluentes (JAWAHIR et al., 2006). 6 Figura 2. Ciclo de vida de um produto em circuito aberto (preto) e fechado (verde). Fonte: adaptado de Jawahir et al. (2006). Em âmbito de processo, é necessário usar técnicas que sejam capazes de proporcionar redução de energia, de consumíveis, de resíduos tóxicos, de riscos ocupacionais, dentre outros (JAWAHIR; DILLON, 2007). Em âmbito de sistema, é preciso considerar todos os aspectos do ciclo de vida do produto, ou seja, pré- fabricação, fabricação, uso e pós-uso (BADURDEEN et al., 2009). Diante desse contexto, a usinagem apresenta um papel de destaque frente aos demais processos de manufatura mecânica, uma vez que a demanda por peças usinadas cresce a cada dia, impulsionando a indústria ao uso de práticas que, com frequência, vêm de encontro aos princípios da sustentabilidade (KAYNAK; KARACA; JAWAHIR, 2014). É notório que a usinagem de peças metálicas resulta da interação mecânica entre ferramenta, peça e cavaco. Essa interação resulta em atrito e calor que influenciam diretamente na taxa de desgaste da ferramenta de corte, em possíveis distorções dimensionais e geométricas na peça, alterações indesejadas na integridade da superfície usinada, baixa produtividade, entre outros. Assim, como forma de minimizar esses efeitos indesejáveis, os fluidos de corte, principalmente 7 aqueles à base de óleo mineral, têm sido utilizados na indústria de forma abundante como meio de lubrirrefrigeração (AGGARWAL et al., 2007). Infelizmente, existe uma série de desvantagens associadas ao uso de fluidos de corte convencionais (à base de óleo mineral). Normalmente estes fluidos são aplicados na forma de jorro, recirculando na máquina através de bombeamento do seu reservatório de armazenamento até à zona de corte, o que gera uma sensação de economia baseada no fato de que o fluido é usado várias vezes. Porém, com frequência, esses fluidos sofrem alterações em suas características químicas, físicas e biológicas, o que exige manutenção até o fim de suas vidas úteis, quando devem ser reciclados/descartados. Obviamente, existem custos atrelados a esses processos de manutenção, reciclagem e descarte que impactam diretamente no custo total de produção. Os óleos minerais, quando usados na forma de emulsões, como normalmente ocorre na indústria da usinagem, são frequentemente atacados por bactérias e fungos, o que reduz o tempo de vida útil destes (RUZZI, 2017). Embora existam aditivos químicos capazes de inibir a proliferação de micro-organismos nos fluidos minerais, muitas vezes estes são compostos de substâncias químicas perigosas para o meio ambiente e para a saúde do trabalhador. Muitos dos biocidas disponíveis liberam formaldeído, que é considerada uma substância com potencial cancerígeno (SHOKRANI et al., 2012). Além disso, em algumas situações, os fluidos de corte podem sofrer vaporização e/ou atomização quando aplicados, como acontece no caso do uso da técnica MQL (Mínima Quantidade de Lubrificante). Nesse caso, a névoa produzida pode ser facilmente inalada pelo trabalhador, causando doenças em seu aparelho respiratório, desde problemas leves,até o desenvolvimento de cânceres de esôfago, estômago, pâncreas, próstata, cólon e reto (SHOKRANI; DHOKIA; NEWMAN, 2012). Segundo Kuram et al. (2013), a maioria dos fluidos de corte utilizados na usinagem são de base mineral contendo substâncias químicas prejudiciais ao meio ambiente. O descarte desse tipo fluido de corte causa contaminação da água, poluição do ar e do solo. Portanto, o uso intenso e deliberado de fluidos de cortes convencionais na usinagem, atualmente, vem de encontro aos princípios do que se denomina Manufatura Sustentável. Assim, muito esforço tem sido feito pela comunidade científica mundial no sentido de se buscar alternativas que consigam agregar 8 resultados técnicos satisfatórios, com o mínimo impacto ao meio ambiente, à saúde do trabalhador, à economia e à sociedade. Poder-se-ia pensar como uma alternativa, a eliminação completa dos fluidos de corte nos processos de usinagem. Porém, o corte a seco não parece ser uma solução universalmente viável atualmente, já que existem situações em que o atrito e o calor gerados na usinagem são intensos, como no caso do corte de aços inoxidáveis, de ligas de Ni e Ti e de aços-ferramenta com dureza elevada. Nesse contexto, os gases liquefeitos têm se apresentado como uma alternativa. O LN2, por exemplo, se vaporiza no momento de seu contato com a zona de corte, roubando calor desta, reduzindo a temperatura de corte e retornando ao meio ambiente, onde 78% da atmosfera é composta por nitrogênio gasoso (ELSHWAIN et al., 2013). Isso elimina os custos de manutenção, descarte e os custos associados à limpeza das peças, dos cavacos e da máquina-ferramenta, como acontece com os fluidos convencionais à base de óleo mineral (DOGRA et al., 2010). Segue uma revisão bibliográfica sobre a usinagem criogênica, na qual são apresentadas suas principais características, vantagens, desvantagens e desafios. USINAGEM CRIOGÊNICA De acordo com Shokrani et al. (2012), o termo “criogenia” se refere à ciência das temperaturas muito baixas. O termo "usinagem criogênica" foi usado pela primeira vez por Uehara e Kumagai (1968) apud Jawahir et. al (2016) para denominar a técnica de uso de gases liquefeitos como fluido de lubrirrefrigeração no corte de metais. Neste caso, o nitrogênio líquido (LN2) é o fluido mais comumente usado em aplicações que envolvem criogenia, embora alguns trabalhos tenham sido publicados com o uso do dióxido de carbono líquido (LCO2), cuja temperatura de vaporização à pressão atmosférica é de -78 oC. O LN2 é um gás liquefeito produzido industrialmente por destilação fracionada do ar atmosférico líquido, além de não apresentar cor, cheiro, gosto e toxicidade (YILDIZ; NALBANT, 2008). Sua temperatura de vaporização é de aproximadamente - 196 ºC, é o mais abundante gás presente na atmosfera (78% em volume) (KAYNAK et al., 2014). De acordo com Pusavec et al. (2014), a grande maioria dos estudos sobre usinagem criogênica tem usado o nitrogênio líquido (LN2) e o dióxido de carbono líquido (LCO2) como fluidos de corte. Em ambos os casos os gases que dão origem a 9 estes fluidos estão amplamente presentes na atmosfera. Porém, o nitrogênio líquido é preferido por ser considerado ecologicamente correto, o que não é o caso do dióxido de carbono líquido que produz CO2 após a sua aplicação em operações de usinagem, gás este, considerado um dos grandes vilões pela deterioração da camada de ozônio da Terra. O uso de LN2 como fluido de corte elimina a necessidade de sua manutenção e descarte, além de afastar a demanda por limpeza das peças usinadas e da máquina- ferramenta, como ocorre no caso do uso de fluidos convencionais, o que reduz o custo total de produção (DEBNATH et al., 2014; UMBRELLO et al., 2012). Usualmente o LN2 tem sido entregue à zona de corte através de bicos de pequeno diâmetro, normalmente na forma de uma névoa composta de nitrogênio gasoso e gotículas de nitrogênio líquido (figura 3), o que garante uma temperatura de chegada em torno de -196 °C. No momento em que esta névoa entra em contato com a zona de corte, as gotículas de LN2 absorvem a energia térmica gerada no processo, sofrendo vaporização imediata. Figura 3. Névoa de LN2 sendo entregue na superfície de saída de um inserto. Fonte: Elaborada pelo autor. Vários trabalhos têm sido publicados apresentando resultados comparativos da usinagem criogênica em relação a outras técnicas de lubrirrefrigeração, tais como: Seco, MQL, Jorro e Híbrida (Criogênica+MQL). Jawahir et al. (2016), por exemplo, apresentaram uma tabela-resumo (tabela 1) mostrando de forma qualitativa o desempenho dos principais métodos de lubrirrefrigeração disponíveis em relação a diversos pontos de análise. 10 Tabela 1. Desempenho de algumas técnicas de lubrirrefrigeração em usinagem. Técnica de lubrirrefrigeração Jorro (emulsão) Seco (ar) MQL (óleo) Criogênica (LN2) Hibrido (LN2+MQL) E fe it o P ri m á ri o Refrigeração Boa Ruim Insignificante Excelente Excelente Lubrificação Excelente Ruim Excelente Insignificante Excelente Remoção do cavaco Boa Boa Insignificante Boa Boa S e c u n d á ri o Refrigeração da máquina Boa Ruim Ruim Insignificante Insignificante Refrigeração da peça Boa Ruim Ruim Boa Boa Controle de pó/partículas Bom Ruim Insignificante Insignificante Bom Qualidade do produto (integridade da superfície usinada) Boa Ruim Insignificante Excelente Excelente Questões ligadas à sustentabilidade Poluição da água, proliferação microbiana e alto custo - Vapor de óleo nocivo Custo inicial elevado Custo inicial elevado, vapor de óleo Fonte: adaptada de Jawahir et al. (2016). Observa-se que, do ponto de vista de resultados referentes ao processo de usinagem em si, o uso de emulsão por jorro apresenta resultados positivos em todos os itens avaliados. Porém, no que se refere a questões ligadas à sustentabilidade e ao custo operacional, a técnica deixa a desejar. Nota-se que a técnica de usinagem a seco, com uso de ar comprimido, apresenta um excelente resultado no que se refere à sustentabilidade, porém nos itens de avaliação relacionados ao processo, os resultados são na grande maioria ruins quando comparados com as outras técnicas. A técnica MQL se apresenta como uma alternativa mais sustentável do que a jorro, porém com resultados relacionados à usinagem inferiores. Apesar de seu custo inicial relativamente elevado, a técnica criogênica mostra resultados classificados como “bons” ou “excelentes” nos itens diretamente relacionados com peça-cavaco- ferramenta, além de ser considerada uma estratégia sustentável. Finalmente, a técnica híbrida mostra que a junção da usinagem criogênica, sustentável e com alto poder de refrigeração, com a MQL, com “excelente” poder de lubrificação e também considerada sustentável, pode resultar numa estratégia que agrega os pontos positivos das duas técnicas separadas. Uma análise das informações presentes na tabela 1, conduz à crítica de que o desempenho de algumas técnicas apresentadas pode ser questionável, como a 11 “remoção do cavaco” ser classificada como “boa” na usinagem a seco, sendo que nessa condição as altas temperaturas na interface cavaco/ferramenta tendem a gerar cavacos contínuos e em forma de fita. Já na condição MQL os itens “remoção do cavaco” e “controle de pó/partículas” são classificados como insignificantes, porém o ar comprimido ajuda na remoção dos cavacos e o ambiente é fortemente contaminado por essa técnica. Nos itens a seguir, são apresentados alguns resultados de trabalhos de pesquisa realizados sobre a usinagem criogênica e seus efeitos em diversas variáveis relacionadas ao processo de corte. 2.2.1. Efeito da refrigeração criogênica na rugosidade da superfície usinada A rugosidade é uma das principais características da integridadesuperficial de componentes usinados. Os efeitos de diversas variáveis do processo na rugosidade da superfície usinada, tais como, avanço, velocidade de corte, lubrificação, entre outras, já são bem conhecidos. No entanto, o efeito do resfriamento criogênico é um assunto relativamente novo e carente de uma melhor compreensão. O efeito da usinagem criogênica na rugosidade da superfície usinada de diferentes materiais tem sido extensivamente estudado. De forma geral, relata-se na literatura que a usinagem criogênica é uma técnica que favorece a diminuição da rugosidade (KAYNAK; LU; JAWAHIR, 2014). No torneamento da liga Inconel 718 (vc = 60 m/min, f = 0,05 mm/rot e ap = 0,63 mm), por exemplo, Pusavec et al. (2011) relataram que o uso de LN2 (pressão de 1,5 MPa e vazão de 0,6 kg/min por bocal) como fluido de corte e a combinação deste com a técnica MQL (vazão de 120 ml/h e fluido lubrificante Coolube 2210EP) reduziram os valores de rugosidade média (Ra) da superfície usinada quando comparadas às condições a seco e MQL puro, conforme mostrado na figura 4. 12 Figura 4. Rugosidade média (Ra) em função da condição de lubrirrefrigeração no torneamento da liga Inconel 718. Fonte: adaptada de Pusavec et al. (2011). Observa-se que o menor valor de rugosidade média foi obtido na condição Crio/MQL, ou seja, quando as técnicas criogênica e MQL foram associadas. Os autores explicaram a maior rugosidade na condição Crio em comparação à condição Crio/MQL, pela maior força de corte que ocorreu naquela condição motivada pelo resfriamento prévio da peça. Nesse caso, citam os autores, que a medição da força foi realizada num trabalho anterior (Pusavec et al., 2008). Kaynak et al. (2014) também investigaram o efeito de diferentes métodos de lubrirrefrigeração (Seco, MQL, Jorro e Crio/LN2) na rugosidade da superfície usinada de peças de aço inoxidável AISI 316 L. Neste caso, foram usados insertos de metal duro sem revestimento, com geometria CNMA 432 e raio de ponta de 0,8 mm com os parâmetros de usinagens constantes: f = 0,12 mm/rot, ap = 0,6 mm e comprimento de corte = 20 mm. A figura 5 mostra os resultados obtidos para duas velocidades de corte (125 e 180 m/min). 13 Figura 5. Rugosidade média (Ra) em função da condição de lubrirrefrigeração e da velocidade de corte na usinagem do aço inoxidável AISI 316 L. Fonte: adaptada de Kaynak et al. (2014). Nota-se que para a velocidade de corte de 125 m/min, qualquer condição de lubrirrefrigeração resultou num valor de rugosidade média menor do que aquele obtido na usinagem a seco. Considerando-se a dispersão dos resultados, pode-se inferir que não existiu diferença estatística significativa entre as condições MQL, Jorro e Crio. Com o aumento da velocidade de corte para 180 m/min, nota-se uma tendência de queda no valor da rugosidade média para quase todas as condições de lubrirrefrigeração. Neste caso, a única condição que resultou num aumento de Ra foi a Jorro. Esta tendência de queda no valor da rugosidade com o aumento da velocidade de corte na usinagem de materiais ferrosos, é conhecida já há bastante tempo e bem explicada para o caso da usinagem do aço AISI 1045 normalizado em Shaw (2005, pp. 442 – 445). Nota-se ainda que, nesta velocidade de 180 m/min, o valor da rugosidade média caiu de forma significativa para a condição Crio em relação às demais. Nesse caso, os autores justificaram o resultado com base na análise da topografia da superfície usinada, conforme a figura 6. 14 Figura 6. Efeito da condição de lubrirrefrigeração na topografia da superfície usinada do aço inoxidável AISI 316 L (vc = 180 m/min e ap = 0,6 mm). Fonte: adaptada de Kaynak et al. (2014). Observa-se que para a condição Crio, as marcas de rugosidade são bem mais suaves do que aquelas obtidas nas outras condições. Leadebal Jr. et al. (2018) investigaram a influência da aplicação de LN2 na rugosidade média da superfície usinada do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido com insertos de PCBN ISO H15. Neste caso, foram feitos testes de torneamento longitudinal a seco e com aplicação de LN2 nas superfícies de folga (SF), de saída (SS) e em ambas as superfícies da ferramenta de corte (SS/SF). Os parâmetros de usinagem foram mantidos constantes: vc = 170 m/min, ap = 0,1 mm e f = 0,1 mm/rot. A figura 7 mostra os valores de Ra obtidos. 15 Figura 7. Variação da rugosidade média (Ra) na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido sob diferentes condições de lubrirrefrigeração. Fonte: adaptada de Leadebal Jr. et al. (2018). Nota-se que o resfriamento criogênico proporcionou valores de rugosidade média para as condições SF, SS e SS/SF significativamente inferiores àquele obtido na condição Seco. Neste caso, novamente, a justificativa apresentada foi que a usinagem criogênica provoca fragilização da superfície da peça, fazendo com que o material se torne quebradiço, o que provocaria a fratura dos picos das marcas de avanço, reduzindo a distância pico-vale da microtextura da superfície usinada. Como meio de provar este fato, os autores apresentaram os perfis de rugosidade obtidos para cada condição de lubrirrefrigeração. Assim, os valores de Rz medidos para as condições Seco, SF, SS e SS/SF foram 1,95, 1,43, 1,43 e 1,22 m, respectivamente. Shokrani et al. (2012) apresentaram resultados semelhantes na investigação da rugosidade com aplicação de nitrogênio líquido no fresamento da liga de titânio Ti– 6Al–4V. Nesse caso, quando comparada com à condição a seco, a usinagem criogênica forneceu valores de rugosidade até 21% menores. Já Sivaiah e Chakradhar (2018) estudaram a influência da condição de lubrirrefrigeração e da profundidade de corte no torneamento aço inoxidável 17-4 PH SS, muito usado nas indústrias naval, aeroespacial e nuclear. Nesse caso, as técnicas usadas foram: Seco, MQL, Jorro (emulsão 5%) e LN2. A figura 8 mostra os resultados obtidos. Para uma profundidade de corte de 0,2 mm, a rugosidade média (Ra) foi de 1,8 μm para a condição a seco, 1,56 μm para a condição Jorro, 1,42 μm para a condição MQL e 1,31 μm para a condição criogênica. Assim, a usinagem assistida por LN2 foi capaz de reduzir a rugosidade média em 27%, 16% e 8%, quando comparada às condições a seco, Jorro e MQL, respectivamente. Para todas as outras profundidades de corte, a usinagem criogênica forneceu o menor valor de rugosidade média frente às demais condições de lubrirrefrigeração. 16 Figura 8. Efeito da profundidade de corte na rugosidade média (Ra) na usinagem do aço inoxidável 17-4 PH SS sob diferentes condições de lubrirrefrigeração. Fonte: adaptada de Sivaiah e Chakradhar (2018). Os resultados dos artigos anteriores mostraram que o resfriamento criogênico proporcionou menores valores de rugosidade. Como esse parâmetro se constitui numa das principais características da integridade superficial da peça, o componente usinado apresenta um valor agregado superior. 2.2.2. Efeitos da refrigeração criogênica na microdureza da superfície usinada Kaynak et al. (2011) e Rotella et al. (2012), estudaram o efeito da usinagem criogênica na microdureza da superfície usinada. Kaynak et al. (2011) observaram, que na usinagem criogênica com LN2 em ligas de materiais duros, como as ligas de NiTi, a superfície usinada resultante apresentou uma dureza superior em comparação àquela obtida na usinagem a seco. Mesmo em profundidades de corte maiores, a dureza foi levemente maior na condição criogênica, como pode ser visto na figura 9. Leadebal Jr. et al. (2018) também obtiveram resultado semelhante na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido assistida com LN2. 17 Figura 9. Variação da dureza na subsuperfície da liga NiTi após sua usinagem sob diferentes condições de lubrirrefrigeração. Fonte: adaptado de Kaynak et al. (2011). Já Rotellaet al. (2012) estudaram a influência da refrigeração criogênica com LN2 na microdureza da superfície usinada da liga de alumínio Al 7075-T651. Os resultados estão mostrados na Figura 10, onde pode-se ver também os resultados para o corte a seco. Figura 10. Variação da microdureza em função da profundidade de medição após a usinagem da liga Al 7075-T651 sob diferentes velocidades de corte e condições de lubrirrefrigeração. Fonte: adaptado de Rotella et al. (2012). 18 Nota-se maiores valores de dureza superficial e subsuperficial após os testes realizados com LN2. De acordo com os autores a recristalização dos grãos na superfície da peça ocorreu em todos em todas as condições testadas. Porém, as maiores durezas obtidas na condição criogênica, ocorreram por causa da obtenção de um menor tamanho de grão em relação àquele obtido para a condição a seco. 2.2.3. Efeito da refrigeração criogênica no desgaste da ferramenta de corte A aplicação de LN2 em processos de usinagem tem sido usada como alternativa para aumentar a resistência ao desgaste das ferramentas de corte principalmente por dois motivos: (i) evitar a redução da dureza destas com a elevação da temperatura; e (ii) diminuir a reatividade química entre os materiais em contato (BERMINGHAM et al., 2011). Sivaiah e Chakradhar (2018) estudaram a evolução do desgaste de flanco em ferramentas de metal duro revestidas com AlTiN (classe KC5010 da Kennametal) no torneamento do aço inoxidável 17-4 PH SS sob as condições de lubrirrefrigeração Seco, Jorro, MQL e Criogênica (LN2). Nesse caso, a velocidade de corte e o avanço foram mantidos constantes (vc = 78,5 m/min e f = 0,143 mm/rot) e variou-se a profundidade de corte (ap = 0,2, 0,4, 0,6 e 1 mm). A figura 11 mostra os resultados obtidos. Observa-se, por exemplo, que para a profundidade de corte de 0,2 mm, os valores de desgaste de flanco médio, VBB, para as condições de usinagem Seco, Jorro (emulsão 5%), MQL e Criogênica (LN2) foram, respectivamente, iguais a 84, 77, 75 e 55 μm. Assim, a redução percentual no valor do desgaste da ferramenta foi de 35, 29 e 27%, quando a condição Criogênica foi comparada às condições Seco, Jorro e MQL, respectivamente. Essa tendência também foi observada para as demais profundidades de corte, com variações nos percentuais citados anteriormente. Segundo os autores, essa redução significativa do desgaste de flanco médio na condição criogênica (LN2) foi devido a um controle dos mecanismos de desgaste por aderência e abrasão, resultado de temperaturas mais baixas. Os autores relataram que o mecanismo de desgaste encontrado na condição criogênica foi apenas a abrasão, enquanto nas outras condições ocorreram adesão e abrasão. 19 Figura 11. Variação do desgaste de flanco (VBB) com a profundidade de corte para a usinagem do aço inoxidável 17-4 PH SS nas condições de lubrirrefregeração Seco, Jorro, MQL e Criogênica (LN2). Fonte: adaptada de Sivaiah e Chakradhar (2018). Arun Kumar et al. (2018) também investigaram o efeito do uso de LN2 no desgaste de flanco em ferramentas de metal duro revestidas com TiAlN no torneamento do aço AISI 4340. O corte ortogonal de barras redondas do aço AISI 4340 foi realizado em um centro de torneamento Pinacho. A peça bruta foi torneada antes do tratamento. O ciclo padrão de tratamento térmico foi realizado e a peça foi temperada em óleo. A dureza Rockwell C foi medida e o valor encontrado ficou entre 56 e 58 HRC. A figura 12 mostra o gráfico do desgaste de flanco em função do tempo de usinagem para vc = 100 m/min, f = 0,1 mm/rot e ap = 0,5 mm nas condições Criogênica e Jorro. Observa-se que a taxa de desgaste diminui consideravelmente na condição Criogênica em relação à condição Jorro. 20 Figura 12. Desgaste de flanco em função do tempo na usinagem do aço AISI 4340 nas condições Criogênica e Jorro. Fonte: adaptada de Arun Kumar et al. (2018). Leadebal Jr. et al. (2019) estudaram a influência da refrigeração criogênica com LN2 na vida de insertos de PCBN na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido. Foram realizados testes de torneamento a seco e com LN2 aplicado nas regiões das superfícies de saída (SS), de folga (SF) e em ambas as superfícies da ferramenta de corte simultaneamente (SS/SF). Os parâmetros vc = 170 m/min, ap = 0,1 mm e f = 0,1 mm/rot foram mantidos constantes. A figura 13 mostra a evolução do desgaste de flanco “VBC” com o percurso de avanço “Lf” para as três condições de lubrirrefrigeração citadas anteriormente. Observa-se que a aresta testada a seco atingiu o critério de fim de vida, VBC = 250 μm, no 6° passe, correspondente a Lf = 525 mm. Já as arestas testadas com lubrirrefrigeração criogênica, atingiram o critério de fim de vida no 8º passe (Lf = 725 mm), condições SS e SF, 9° passe (Lf = 825 mm), condição SS/SF, mostrando a eficácia do LN2 em reduzir a taxa de desgaste da ferramenta de corte nas condições testadas. 21 Figura 13. Evolução do desgaste de flanco “VBC” em função do percurso de avanço “Lf” e da condição de lubrirrefrigeração na usinagem do aço-ferramenta AISI D6 temperado e revenido com inserto de PCBN. Fonte: adaptada de Leadebal Jr. et al. (2019). Na maioria dos trabalhos, os autores apresentam como hipótese para a redução da taxa de desgaste da ferramenta de corte na condição criogênica, a redução da temperatura do processo, que manteria a resistência ao desgaste da ferramenta maior do que na condição a seco. Porém, não se apresenta qualquer resultado (de temperatura de corte) que corrobore essa hipótese. 2.2.4. Efeito da refrigeração criogênica na força de corte Grande parte das pesquisas realizadas até o momento sobre a influência da usinagem assistida por LN2 na força de corte, revela uma queda desta componente 22 da força de usinagem quando a condição de lubrirrefrigeração Criogênica é comparada às condições Seco e Jorro. Kaynak, Karaca e Jawahir (2011) investigaram o efeito do uso de LN2 (aplicado na superfície de saída da ferramenta com pressão de 1,5 MPa) na força de corte no torneamento da liga Ni50Ti50 com insertos de metal duro sem revestimento (ISO CNGG 120404) para diferentes avanços (0,02 mm/rot, 0,06 mm/rot e 0,1 mm/rot) e os demais parâmetros de corte constantes (vc = 80 m/min e ap = 0,65 mm). O material usinado foi uma liga de NiTi com propriedades de memória de forma composto basicamente de matriz martensítica. A figura 14 mostra os resultados obtidos para diferentes valores de avanço. Figura 14. Força de corte em função do avanço na usinagem da liga Ni50Ti50 a seco e com aplicação de LN2. Fonte: adaptada de Kaynak, Karaca e Jawahir (2011). Observa-se que a usinagem com LN2 produziu valores médios de força de corte menores do que a usinagem a seco. Segundo os autores, esperava-se inicialmente que o resfriamento proporcionado pela aplicação do fluido criogênico na região do flanco da ferramenta, aumentasse a força de corte devido à manutenção de uma dureza média (da liga de NiTi) maior nesta condição, do que na condição a seco. No entanto, observou-se que a permanência do material na matriz martensítica da liga de NiTi, proporcionada pela baixa temperatura do LN2, produziu forças de corte menores do que na usinagem a seco. De acordo com os autores, nesta última 23 condição, a temperatura de corte aumenta a ponto de provocar uma transformação da fase martensítica em austenita, promovendo um leve aumento da força de corte nesta condição, comparada com a condição criogênica. Debnath et al. (2014) relataram diversos trabalhos em que as componentes da força que se desenvolvem no torneamento criogênico (LN2) são menores do que aquelas desenvolvidas no torneamento a seco. Segundo os autores este comportamento se deve à capacidade do fluido criogênico de reduzir o coeficiente de atrito na interface cavaco/ferramenta, o quelevaria a uma redução no valor da pressão específica de corte (ks) e, consequentemente, da força de corte. Arun Kumar et al. (2018) investigaram o efeito do uso de LN2 na força de corte no torneamento do aço AISI 4340 com insertos de metal duro revestidos com TiAlN. Relatou-se uma redução na força de corte para a usinagem criogênica em relação à condição a seco de 18,1% (vc = 100 m/min), 14,03% (vc = 150 m/min) e 11,45% (vc = 200 m/min). Damir et al. (2018) investigaram o efeito da lubrirrefrigeração com LN2 e por jorro (com concentração de 5% de óleo) na força de corte produzida no torneamento da liga Ti-6Al-4V. Neste caso foram variados os parâmetros de corte: avanço, profundidade e velocidade de corte. A figura 15a mostra o resultado obtido para a velocidade de corte de 100 m/min e avanço de 0,1 mm/rot, enquanto que a figura 15b mostra o resultado obtido para a velocidade de corte de 150 m/min e avanço de 0,2 mm/rot). Figura 15. Força de corte em função da profundidade de corte na usinagem da liga Ti-6Al- 4V nas condições Jorro e Criogênica: (a) vc = 100 m/min, f = 0,1 mm/rot; (b) vc = 150 m/min, f = 0,2 mm/rot. Fonte: adaptada de Damir, Sadek e Attia (2018). Novamente observa-se menores valores da força de corte para a usinagem criogênica em comparação com a usinagem por jorro. De acordo com os autores, a 24 usinagem criogênica mostrou-se mais efetiva para valores de velocidade de corte e avanço maiores. Os maiores valores de força de corte para a condição jorro, principalmente quando do uso de parâmetros de corte mais severos, seriam devidos às altas temperaturas associadas ao processo nesta condição, o que acarretou em maior desgaste na ferramenta de corte. Por outro lado, foram observados níveis de força menores com a usinagem criogênica nas mesmas condições de corte. Isso destaca que a capacidade de resfriamento do LN2 afeta diretamente o desempenho da ferramenta e, portanto, melhora a produtividade. 2.2.5. Efeito da refrigeração criogênica na forma dos cavacos O controle dos cavacos é uma preocupação constante na usinagem. Em geral, cavacos longos são indesejados por provocarem prejuízos diversos, principalmente ligados à lubrirrefrigeração da zona de corte. O acúmulo de cavacos na região peça-ferramenta produz o que se costuma chamar de “efeito guarda-chuva”, o qual impede o acesso do fluido às regiões que devem ser lubrirrefrigeradas (interfaces cavaco-ferramenta e peça-ferramenta), aumentando a temperatura de corte e reduzindo a vida da ferramenta. Adicionalmente, cavacos longos podem provocar danos à peça, à ferramenta de corte e à máquina operatriz, além de levar a paradas indesejadas na linha de produção (BORDIN et al., 2017). Assim, quanto mais fragmentados forem os cavacos produzidos durante a operação de corte, melhor, principalmente em operações de corte contínuo, como é o caso do torneamento. Via de regra, as investigações sobre usinagem criogênica de diversos materiais têm mostrado que o uso de nitrogênio líquido como fluido de corte produz cavacos fragmentados, e isso estaria ligado à sua capacidade de se aproximar a temperatura de transição dúctil-frágil dos metais. Bordin et al. (2017) estudaram o efeito de vários métodos de lubrirrefrigeração (LN2, Seco e Jorro com óleo mineral) na forma dos cavacos produzidos na usinagem da liga de titânio Ti-6Al-4V. A figura 16 mostra os resultados obtidos para diferentes avanços e demais parâmetros de corte constantes (vc = 80 m/min e ap = 0,25 mm). 25 Figura 16. Efeito do avanço e da condição de lubrirrefrigeração na forma dos cavacos obtidos na usinagem da liga Ti-6Al-4V. Fonte: adaptado de Bordin et al. (2017). Observa-se uma variação considerável na forma dos cavacos em função da condição de corte. No torneamento a seco, os cavacos apresentaram forma de fita rosqueada para o avanço de 0,1 mm/rot e alongada e helicoidal quando o avanço foi aumentado para 0,2 mm/rot, como pode ser visto nas figuras 16b e 16e. No caso da usinagem por jorro, foram formados cavacos tubulares emaranhados para o avanço de 0,1 mm/rot e longos e tubulares para o avanço de 0,2 mm/rot, conforme mostram as figuras 16c e 16f. Neste caso, nos testes realizados com aplicação do fluido de corte por jorro e com menor avanço (0,1 mm/rot), foram produzidos cavacos mais curtos do que no torneamento a seco com o mesmo avanço. De acordo com os autores, isso aconteceu por causa da ação mecânica exercida pelo jato do fluido de corte nesta condição de lubrirrefrigeração. Ainda segundo os autores, um melhor controle de cavacos foi obtido ao aplicar LN2. A justificativa apresentada foi que a baixa temperatura do LN2 reduz a plasticidade do material em usinagem, diminuindo a capacidade de deformação sem fratura deste. As figuras 16a e 16d mostram os cavacos formados na usinagem criogênica com avanços de 0,1 e 0,2 mm/rot, respectivamente. Em ambos os casos, nenhum emaranhamento de cavacos se formou ao redor do porta-ferramenta, melhorando a retirada destes da área de trabalho. Leadebal Jr. et al. (2018) apresentaram resultado semelhante na usinagem criogênica do aço ferramenta AISI D6 temperado e revenido. Eles observaram uma 26 tendência de fragmentação dos cavacos nas condições em que houve aplicação de LN2 na zona de corte, como pode ser visto na figura 17. Figura 17. Tipos de cavacos com aplicação de LN2 na superfície de saída (SS), superfície de folga (SF), em ambas as superfícies (SS/SF) e Seco. Fonte: adaptado de Leadebal Jr. et al. (2018). Já Kaynak e Gharibi (2018) apresentaram resultados diferentes relativos ao tipo de cavaco formado na usinagem do aço AISI 4140 sob as condições de lubrirrefrigeração seco, LCO2, LCO2+MQL e LN2. A barra cilíndrica tinha 50 mm de diâmetro e 80 mm de comprimento quando laminado a frio com dureza de 25 HRC. Ela foi aquecida a 815 °C, depois foi resfriada em óleo e temperada em banho de sal a 580 °C por 1 h. Após o tratamento térmico, sua dureza foi medida e obteve-se 42 HRC. Os autores observaram cavacos contínuos e longos nas condições a seco e com LN2, enquanto que na usinagem assistida por dióxido de carbono (LCO2 e LCO2+MQL), os cavacos se apresentaram fragmentados, como pode ser visto na figura 18. 27 Figura 18. Efeito das diferentes condições de lubrirrefrigeração na forma dos cavacos obtidos na usinagem do aço AISI 4140. Fonte: adaptado de Kaynak e Gharibi (2018). De acordo com os autores, a razão para a formação de cavacos fragmentados nas condições LCO2 e LCO2+MQL provavelmente estaria associada à temperatura de transição dúctil-frágil do aço AISI 4140, que se encontra na faixa entre entre −40 e −20 oC. Como a temperatura do LCO2 é em torno de –78 oC, seria muito provável que durante a usinagem assistida com este fluido, a superfície do material da peça tenha atingido sua temperatura de transição dúctil-frágil promovendo, desta forma, a fratura dos cavacos. Os autores não deram qualquer explicação para os cavacos não saírem quebradiços na usinagem com LN2, visto que a temperatura nesse processo é bem mais baixa do que com LCO2. Diante do que foi apresentado, pode-se concluir que a usinagem criogênica, principalmente usando o LN2, além de promover melhorias técnicas no processo de usinagem, vem sendo considerada uma técnica sustentável pois reduz impactos ambientais quando comparado com os fluidos convencionais à base de óleo mineral. Embora apresente as vantagens anteriormente apresentadas, o LN2 ainda não é amplamente usado na usinagem. Acredita-se que o motivo ligado a este fato esteja relacionado à desconfiança dos profissionais da indústria no que se refere à relação custo/benefício da técnica, o que exige que mais pesquisas sejam realizadas, não somente com respeito aos aspectos técnicos, como também aos aspectos econômicos. O item que segue aborda alguns aspectos econômicosligados à usinagem e ao uso de fluidos criogênicos no processo. 28 ASPECTOS ECONÔMICOS De acordo com Walker (2013), cerca de 16% do custo total de usinagem está relacionado ao uso de fluidos de corte convencionais. Isso representa quatro vezes o custo com ferramentas (4%). Desse percentual relacionado ao fluido de corte (16%), 22% é gasto com o seu descarte. Para apresentar os custos exatos com fluidos de corte é preciso realizar uma análise mais complexa. Segundo Benedicto et al. (2017), para se avaliar o custo total de um sistema de aplicação de fluidos de corte, deve-se levar em conta os seguintes fatores: ● Custo de aquisição do fluido de corte; ● Custo referente ao consumo de energia; ● Custo das tarefas de manutenção associadas ao bombeamento, limpeza e reabastecimento do sistema; ● Custo com a limpeza de peças e custos de operações secundárias para remover a camada de óleo lubrificante (óleo destinado à lubrificação dos barramentos da máquina e outras partes) da superfície do fluido de corte, evitando sua contaminação; ● Custo da água para diluir o fluido de corte e compensar as perdas por evaporação. Obs.: Este custo pode variar muito dependendo da qualidade da água necessária; ● Custos associados à reposição do fluido devido ao arraste deste com os cavacos e a peça; ● Custo com o sistema de recirculação e filtragem do fluido; ● Custos de manutenção associados aos aditivos usados para prolongar a vida útil dos fluidos; ● Custos de tratamento e descarte do fluido. Como pode ser visto, no caso da usinagem assistida por LN2, apenas os 3 primeiros fatores devem ser levados em consideração. Benedicto et al. (2017) ainda apresenta a tabela 2, que mostra de forma qualitativa, uma comparação entre os custos de matéria-prima, consumo, equipamentos, limpeza e descarte para diferentes sistemas de lubrirrefrigeração. 29 Tabela 2. Comparação entre os custos de diversos sistemas de lubrirrefrigeração. Matéria prima Consumo de fluido Equipamento Ferramenta Limpeza Descarte Fluidos de corte Baixo Muito Alto Alto Médio Muito Alto Muito Alto Usinagem a seco Muito baixo Muito baixo Muito baixo Muito Alto Muito baixo Muito baixo MQL Baixo Baixo Médio Baixo Baixo Baixo Lubrificantes Sólidos Alto Médio Médio Médio Médio Alto Resfriamento Criogênico Médio Médio Muito Alto Médio Muito baixo Muito baixo Resfriamento a gás Médio Médio Alto Alto Muito baixo Muito baixo Fluidos biodegradáveis Médio Alto Alto Baixo Alto Médio Nanofluidos Muito Alto Alto Alto Médio Alto Muito Alto Fonte: Adaptado de Benedicto, Carou e Rubio (2017). Observa-se que o custo mais crítico para o resfriamento criogênico, por exemplo, é com a aquisição do equipamento. Hong et al. (2000) utilizaram um sistema de aplicação de LN2, com um custo total de aquisição de US$ 12.150,00 (R$ 45.927,00 – valor em reais calculado com cotação do dólar no dia 15/11/2018 a R$ 3,78). Entretanto, 17 anos depois, Leadebal Jr. (2017) utilizou um sistema com insumos de cerca de R$ 5.800,00. Acredita-se que este custo possa cair ainda mais à medida que a técnica seja aprimorada, com a otimização dos equipamentos em termos de vazão e pressão necessárias, por exemplo, e com uma maior difusão da técnica no meio industrial. A principal desvantagem dessa alternativa de usinagem, além de custos adicionais de equipamentos, é o preço relativamente alto do LN2 que, ao usar o resfriamento criogênico, não é reutilizável como é o caso no método convencional Um outro ponto chave na busca de uma maior economia na aplicação do nitrogênio líquido como fluido de corte estaria relacionado à definição da quantidade mínima necessária de LN2 para a obtenção de um tempo de vida da ferramenta de corte satisfatório (LU e JAWAHIR, 2015). O item que segue descreve os materiais e métodos usados no presente trabalho. 30 3. MATERIAIS E MÉTODOS Neste capitulo são apresentados os materiais, ferramentas, máquinas e equipamentos utilizados nesta pesquisa, bem como os procedimentos adotados para a realização dos experimentos. Os experimentos realizados seguiram o fluxograma apresentado na figura 19, caracterizando-se como um resumo geral do que foi feito nesta pesquisa. Figura 19. Fluxograma dos testes experimentais e análises realizadas. A seguir, faz-se um detalhamento de cada um dos itens apresentados no fluxograma da figura 19 no que se refere aos materiais usados e procedimentos adotados. 3.2. Medição da vazão mássica de LN2 no sistema modificado (Ver Tab. 03) TORNEAMENTO DO AÇO AISI D6 TEMPERADO E REVENIDO NAS CONDIÇÕES SECO, JORRO E LN2: UMA ANÁLISE TÉCNICO-ECONÔMICA 3.7. Análise econômica 3.1. Modificação do sistema de retirada de LN2 do reservatório 3.5. Análise por MEV do desgaste dos insertos Imagem e EDS 3.6. Análises por MEV dos cavacos Imagem e EDS 3.3. Análises do material dos insertos Imagem, EDS e DRX 3.4. Testes de torneamento vc = 100 m/min ap = 0,3 mm f = 0,1 mm/rot Seco Jorro Emulsão óleo mineral 10% Vazão de 212 l/h LN2 Vazões de 79, 51 e 21l/h Variáveis monitoradas Desgaste de flanco (VBC) e vida da ferramenta de corte; aspectos gerais dos cavacos 31 3.1. MODIFICAÇÃO DO SISTEMA DE RETIRADA DE LN2 DO RESERVATÓRIO O sistema de entrega de LN2 usado nesta pesquisa foi configurado a partir do equipamento desenvolvido por Oliveira (2015) e Leadebal Jr. (2017). Nesse caso, o sistema é composto de um botijão para armazenamento de LN2 isolado à vácuo com capacidade de 30 litros e pressão máxima de trabalho de 2 bar, conforme a figura 20. Observa-se que na boca do botijão está acoplada uma tampa dotada de um manômetro (para monitoramento da pressão interna do botijão), um ponto de entrada de ar comprimido (para pressurização interna do botijão e retirada do LN2), um ponto de saída de LN2, uma porca (para fechamento e vedação do botijão) e duas válvulas de alívio (para controle da pressão interna). Figura 20. Botijão de armazenamento de LN2 e detalhes de sua tampa de fechamento. Abaixo da tampa do botijão, fazendo parte desta, encontram-se dois tubos (figura 21). O de diâmetro maior (e de menor comprimento) está ligado ao ponto de entrada de ar comprimido e o de diâmetro menor (e de maior comprimento), denominado “pescador” está ligado ao ponto de saída de LN2. Assim, quando o botijão, preenchido com LN2, é vedado pelo fechamento de sua tampa por meio do aperto da porca contra o seu bocal e ar comprimido é injetado pelo ponto de entrada, a pressão interna do recipiente aumenta e empurra a superfície do fluido de LN2, 32 forçando o nitrogênio líquido a sair pelo tubo de menor diâmetro até o ponto de descarga. Figura 21. Tubos de entrada de ar e de saída de nitrogênio líquido do botijão de LN2. A figura 22 mostra um esquema do funcionamento do sistema usado por Oliveira (2015) e Leadebal Jr. (2017). Figura 22. Esquema de funcionamento do sistema de entrega de LN2 usado por Oliveira (2015) e Leadebal Jr. (2017). Após a saída do LN2 do reservatório, o mesmo segue em direção à válvula criogênica conectada ao bocal do botijão e à mangueira isolada à vácuo, que por sua vez conduz o fluido até um manifold dotado de duas válvulas de agulha que 33 direcionam o nitrogênio líquido para as regiões das superfícies de saída e de folga da ferramenta de corte (figura 23). Figura 23. Caminho percorrido pelo LN2 do reservatório de armazenamento até às superfícies de saída e de flanco da ferramenta de corte. Com o sistema descrito anteriormente, o levantamento do consumo de LN2 através da medição de sua vazão mássica, ficaria comprometido devido à entrada contínua de ar comprimido no sistema, o qual se misturaria à massa de nitrogênio (líquido
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