Buscar

Vulnerabilidademultidimensionaispreditoras-Pessoa-2021

Prévia do material em texto

1 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE EDUCAÇÃO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO 
CURSO DE DOUTORADO EM EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
KARINE SYMONIR DE BRITO PESSOA 
 
 
 
 
 
VULNERABILIDADES MULTIDIMENSIONAIS PREDITORAS DO (IN)SUCESSO 
ESCOLAR EM UM SISTEMA DE ENSINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL - RN 
2021 
2 
 
KARINE SYMONIR DE BRITO PESSOA 
 
 
 
 
 
 
VULNERABILIDADES MULTIDIMENSIONAIS PREDITORAS DO (IN)SUCESSO 
ESCOLAR EM UM SISTEMA DE ENSINO 
 
 
 
 
 
Tese de Doutorado apresentada ao Programa 
de Pós-Graduação em Educação, da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito parcial para a obtenção do título 
de Doutora em Educação. 
 
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Betania Leite Ramalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL – RN 
2021 
3 
 
Pessoa, Karine Symonir de Brito. 
Vulnerabilidade multidimensionais preditoras do (in)sucesso 
escolar em um sistema de ensino / Karine Symonir de Brito 
Pessoa. - 2021. 
260 f.: il. color. 
 
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Educação, Programa de Pós Graduação em 
Educação. Natal, RN, 2021. 
Orientadora: Profa. Dra. Betania Leite Ramalho. 
1. Vulnerabilidades na educação - Tese. 2. Desempenho escolar 
- Tese. 3. Predição do insucesso escolar - Tese. I. Ramalho, 
Betania Leite. II. Título. 
RN/UF/Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE CDU 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - 
UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de 
Góes - CE 
 
 
Elaborado por Jailma Santos - CRB-15/745 
4 
 
 
KARINE SYMONIR DE BRITO PESSOA 
 
 
VULNERABILIDADES MULTIDIMENSIONAIS PREDITORAS DO (IN)SUCESSO 
ESCOLAR EM UM SISTEMA DE ENSINO 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de 
Doutora em Educação. 
 
APROVADA EM: 31/05/2021 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
Profa. Dr.ª Betania Leite Ramalho 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(Orientadora) 
 
 
Prof. Dr. Rainer Hans-Jürgen Lehmann 
Universidade Humboldt de Berlim 
 Examinador externo 
 
 
Prof. Dr. Robert Evan Verhine 
Universidade Federal da Bahia 
Examinador externo 
 
 
 
Profa. Dr.ª Thais Vasconcelos Batista 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Examinador interno 
 
 
Prof. Dr. Isauro Beltrán Núñez 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Examinador interno 
5 
 
 
 
Prof. Dr. Guilherme Mendes Tomaz dos Santos 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Examinador interno - Suplente 
 
 
 
Prof. Dr. Everton Ranielly de Sousa Cavalcante 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Examinador externo - Suplente 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. [Mahatma Gandhi] 
Dedico este trabalho a minha mãe, Francisca, por todo apoio e compreensão. Quero dizer 
que essa conquista não é só minha, mas nossa. Tudo que consegui só foi possível graças 
ao amor, apoio e dedicação que você sempre teve por mim. 
7 
 
 
AGRADECIMENTOS 
A Deus, Mestre Maior, por me ter concedido o dom da vida, mostrando o caminho a 
seguir, dando-me força, conhecimento e perseverança para transpor obstáculos e 
realizar esse estudo. 
 
À minha família, em especial, a minha querida mãe Francisca, pela dedicação quase 
que exclusiva, pelo amor, carinho e paciência. 
 
Às minhas irmãs Katiene e Katiane e aos meus queridos e amados sobrinhos João 
Vitor, Enzo Gabriel e Davi Lucas por me encherem de amor e carinho. 
 
Ao querido amigo Heitor César por todo companheirismo, paciência, palavras de 
incentivo, carinho e compreensão. 
 
À amiga, professora e orientadora, Betania Ramalho, pelas palavras de incentivo, 
pelo acompanhamento em momentos tão importante de minha vida, pela confiança, 
credibilidade, atenção, carinho e conhecimentos dispensados a mim, o que muito me 
enriqueceram, pela forma de agir e ensinar/orientar e, principalmente, pela pessoa 
simples que é. Meu eterno agradecimento! 
 
À professora e amiga Drª. Iloneide Ramos que sempre incentivou, acompanhou 
minha caminhada até aqui com carinho e atenção, além de me auxiliar com o 
tratamento dos dados utilizados na Tese. 
 
Aos amigos queridos Patrick Alverga e Felipe Henrique que me auxiliaram com a 
mineração de alguns dados. 
 
Aos amigos Ingrid, Paulo Gonçalo, Isabela Cecília, Juliana Raquel e Daniele Dias 
por me motivarem e não deixarem desistir. Estendo aqui minha gratidão aos demais 
colegas que fiz durante essa fase. 
 
Enfim, minha gratidão a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para 
realização desse ciclo da minha formação profissional. 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epígrafe 
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e 
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse 
amor, nada seria (1 Coríntios 13:2).
9 
 
RESUMO 
 
A educação é essencial para a evolução da sociedade do conhecimento e 
fundamental para os avanços sociais, histórico-culturais, políticos, econômico-
financeiros e tecnológicos de uma nação. É pela comunhão dessas múltiplas 
dimensões que se constrói uma sociedade mais democrática, justa, humana e 
solidária, instrumentos primordiais para o desenvolvimento da autonomia e da 
criticidade do sujeito cidadão. Nessa perspectiva, buscar identificar os fatores 
multidimensionais que podem influenciar no desempenho escolar do estudante ao 
longo do seu percurso escolar torna-se uma relevante premissa assumida por essa 
tese. É possível compreender que o estudante pode estar vulnerável em diferentes 
perspectivas que repercutem na sua trajetória escolar. Identificar essas 
vulnerabilidades e, a partir delas, identificar, com rigor científico a sua repercussão é 
o que julgamos ser uma contribuição para a predição do (in)sucesso escolar. A 
presente tese tem como objetivo desenvolver um modelo estatístico que auxilie na 
predição do (in)sucesso e do desempenho escolar de estudantes do ensino regular 
da Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do Norte. Para tanto, foram analisados 
os dados do Censo Demográfico 2010, do Sistema Integrado de Monitoramento e 
Avaliação Institucional – SIMAIS/RN, do SIGEduc – Sistema Integrado de Gestão da 
Educação do RN, além de dados dos diários dos estudantes matriculados nas 
escolas estaduais no período 2013 a 2019. Essa mineração de dados permite 
identificar vulnerabilidades multidimensionais que influenciam no desempenho 
escolar dos estudantes, possibilitando por meio de um modelo estatístico, a predição 
do (in)sucesso em múltiplas perspectivas. Para análise dessas dimensões e 
tipificações utilizou-se análise descritiva, o teste de independência, estatística 
espacial, análise de clusters e o modelo linear generalizado: Regressão Logística. 
Os resultados apontam que menos de 12% dos estudantes conseguiram cumprir a 
trajetória escolar obrigatória esperada, iniciando o 7º ano do Ensino Fundamental 
(EF) em 2013 e concluindo a 3ª série do Ensino Médio (EM) em 2019; em média, 
apenas 42% dos estudantes conseguem concluir o EF II (9º ano) e ingressar no 1º 
ano do EM sem reprovação; as condições territoriais dos domicílios dos estudantes 
influenciam no insucesso escolar; apenas 3,9% dos estudantes obtiveram padrão de 
proficiência avançado entre aqueles do 5º e 9º ano (EF) e 3ª série do EM; nenhum 
dos 167 municípios do RN possuem mais de 50% dos domicílios com computadores 
com acesso à internet, o que demonstra o elevado nível de vulnerabilidade digital; 
em média, 40% dos estudantes do ensino regular da rede estadual são beneficiados 
com programassociais do governo federal; municípios do Seridó e Alto Oeste 
possuem, de forma concomitante, as melhores condições territoriais e níveis de 
padrões avançados de proficiência, o que significa que os estudantes conseguiram 
atingir um patamar considerado essencial para sua etapa de escolaridade, exigindo 
novos estímulos. Esses resultados georeferenciados serão produtos que ganharão 
maior dinamicidade ao serem integrados às plataformas potencializadoras de 
inovações a SGeol-Educ/IMD/UFRN e SIGEduc/SEEC/RN. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Vulnerabilidades na Educação, Avaliação; Desempenho 
Escolar; Predição do Insucesso Escolar 
 
10 
 
 
ABSTRACT 
Education is essential for the evolution of the knowledge society and fundamental for 
a nation's social, historical-cultural, political, economic-financial and technological 
advances. It is through the communion of these multiple dimensions that a more 
democratic, just, humane and solidary society is built, essential instruments for the 
development of the autonomy and criticality of the citizen subject. In this perspective, 
seeking to identify the multidimensional factors that can influence the student's 
school performance throughout his school career becomes a relevant premise 
assumed by this thesis. It is possible to understand that the student may be 
vulnerable in different perspectives that affect his school trajectory. Identifying these 
vulnerabilities and, from them, identifying, with scientific rigor, their repercussions is 
what we believe to be a contribution to the prediction of (in) school success. This 
thesis aims to develop a statistical model that assists in the prediction of (in) success 
and school performance of students of regular education in the State Education 
Network of Rio Grande do Norte. To this end, data from the 2010 Demographic 
Census, the Integrated Monitoring and Institutional Assessment System - SIMAIS / 
RN, the SIGEduc - Integrated Education Management System of RN were analyzed, 
in addition to data from the diaries of students enrolled in state schools in the period 
2013 to 2019. This data mining allows the identification of multidimensional 
vulnerabilities that influence students' academic performance, making it possible, 
through a statistical model, to predict (in) success in multiple perspectives. For the 
analysis of these dimensions and typifications, descriptive analysis, the 
independence test, spatial statistics, cluster analysis and the generalized linear 
model were used: Logistic Regression. The results show that less than 12% of 
students managed to fulfill the expected compulsory school trajectory, starting the 7th 
year of Elementary School (EF) in 2013 and concluding the 3rd grade of High School 
(EM) in 2019; on average, only 42% of students are able to complete EF II (9th 
grade) and enter the 1st year of MS without fail; the territorial conditions of students' 
homes influence school failure; only 3.9% of students achieved advanced proficiency 
standards among those in the 5th and 9th grade (EF) and 3rd grade of MS; none of 
the 167 municipalities in RN have more than 50% of households with computers with 
internet access, which demonstrates the high level of digital vulnerability; on average, 
40% of regular school students in the state system benefit from federal government 
social programs; municipalities in Seridó and Alto Oeste have, concomitantly, the 
best territorial conditions and levels of advanced proficiency standards, which means 
that students have managed to reach a level considered essential for their stage of 
schooling, requiring new stimuli. These georeferenced results will be products that 
will gain greater dynamism when integrated to the platforms that enhance innovations 
to SGeol-Educ / IMD / UFRN and SIGEduc / SEEC / RN. 
KEYWORDS: Vulnerabilities in Education, Evaluation; School performance; 
Predicting School Failure 
11 
 
 
RESUMEN 
 
La educación es fundamental para la evolución de la sociedad del conocimiento y 
fundamental para los avances sociales, histórico-culturales, políticos, económico-
financieros y tecnológicos de una nación. Es a través de la comunión de estas 
múltiples dimensiones que se construye una sociedad más democrática, justa, 
humana y solidaria, instrumentos imprescindibles para el desarrollo de la autonomía 
y criticidad del sujeto ciudadano. En esta perspectiva, buscar identificar los factores 
multidimensionales que pueden influir en el desempeño escolar del estudiante a lo 
largo de su carrera escolar se convierte en una premisa relevante asumida por esta 
tesis. Es posible comprender que el alumno puede ser vulnerable en diferentes 
perspectivas que inciden en su trayectoria escolar. Identificar estas vulnerabilidades 
y, a partir de ellas, identificar, con rigor científico, sus repercusiones es lo que 
creemos que es un aporte a la predicción del éxito (in) escolar. La presente tesis 
tiene como objetivo desarrollar un modelo estadístico que asista en la predicción del 
(in) éxito y desempeño escolar de los estudiantes de educación regular de la Red 
Estatal de Educación de Rio Grande do Norte. Para ello, se analizaron los datos del 
Censo Demográfico 2010, el Sistema Integrado de Monitoreo y Evaluación 
Institucional - SIMAIS / RN, el SIGEduc - Sistema Integrado de Gestión Educativa de 
RN, además de los datos de los diarios de los estudiantes matriculados en las 
escuelas públicas de la período 2013 a 2019. Esta minería de datos permite 
identificar vulnerabilidades multidimensionales que influyen en el desempeño 
académico de los estudiantes, posibilitando, a través de un modelo estadístico, 
predecir el (in) éxito en múltiples perspectivas. Para el análisis de estas dimensiones 
y tipificaciones se utilizó el análisis descriptivo, la prueba de independencia, la 
estadística espacial, el análisis de conglomerados y el modelo lineal generalizado: 
Regresión logística. Los resultados muestran que menos del 12% de los estudiantes 
lograron cumplir con la trayectoria escolar obligatoria esperada, iniciando el 7 ° año 
de Educación Primaria (EF) en 2013 y concluyendo el 3 ° grado de Bachillerato (EM) 
en 2019; en promedio, solo el 42% de los estudiantes pueden completar EF II 
(noveno grado) e ingresar al primer año de MS sin fallar; las condiciones territoriales 
de los hogares de los estudiantes influyen en el fracaso escolar; solo el 3.9% de los 
estudiantes lograron estándares de competencia avanzada entre los de quinto y 
noveno grado (EF) y tercer grado de MS; ninguno de los 167 municipios de RN tiene 
más del 50% de hogares con computadoras con acceso a internet, lo que demuestra 
el alto nivel de vulnerabilidad digital; en promedio, el 40% de los estudiantes de 
escuelas regulares en el sistema estatal se benefician de los programas sociales del 
gobierno federal; Los municipios de Seridó y Alto Oeste cuentan, 
concomitantemente, con las mejores condiciones territoriales y niveles de 
estándares de competencia avanzada, lo que significa que los estudiantes han 
logrado alcanzar un nivel considerado fundamental para su etapa escolar, 
requiriendo nuevos estímulos. Estos resultados georreferenciados serán productos 
que ganarán mayor dinamismo al integrarse a las plataformas que potencian las 
innovaciones SGeol-Educ / IMD / UFRN y SIGEduc / SEEC / RN. 
 
PALABRAS CLAVE: Vulnerabilidades en Educación, Evaluación; El rendimiento 
escolar; Predecir el fracaso escolar 
12 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Dimensões da qualidade educacional .................................................................. 44 
Figura 2 - Percentual de disciplinas que são ministradas por professores com formação 
superior de licenciatura (ou equivalente) na mesma área da disciplina nos anos finais do 
Ensino Fundamental por município – Brasil – 2019 ............................................................. 59 
Figura 3 - - Percentual de disciplinas que são ministradas por professores com formação 
superior de licenciatura(ou equivalente) na mesma área da disciplina no Ensino Médio por 
município – Brasil – 2019 ..................................................................................................... 60 
Figura 4 - Percentual de escolas que apresentam biblioteca/sala de leitura por município – 
Brasil – 2019 ........................................................................................................................ 62 
Figura 5 - Informações sobre o SAEB .................................................................................. 77 
Figura 6 - Rendimento mensal domiciliar per capita das pessoas residentes em domicílios 
particulares, segundo Unidade de Federação – Brasil - 2018 ............................................ 109 
Figura 7 - Registro fotográfico de crianças com aulas pelo rádio ....................................... 189 
Figura 8 – Divisão política-administrativa do Estado do Rio Grande do Norte ................... 211 
Figura 9 – Modelo de análise para sucesso e insucesso horizontal e vertical .................... 239 
 
 
13 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 - Matrículas na educação básica no Brasil segundo a rede de ensino (2015-2019)
 ............................................................................................................................................ 49 
Gráfico 2 - Taxa de distorção idade-série do ensino fundamental e do ensino médio segundo 
o sexo – Brasil - 2019 .......................................................................................................... 54 
Gráfico 3 - Sexo dos estudantes (2013- 2019) .................................................................. 166 
Gráfico 4 - Pirâmide etária dos estudantes matriculados no Ensino Fundamental I (1º ao 5º 
ano), período 2013 a 2019 ................................................................................................. 168 
Gráfico 5 - Pirâmide etária dos estudantes matriculados no Ensino Fundamental II (6º ao 9º 
ano), período 2013 a 2019 ................................................................................................. 170 
Gráfico 6 - Pirâmide etária dos estudantes matriculados no Ensino Médio (1ª a 3ª série), 
período 2013 a 2019 .......................................................................................................... 173 
Gráfico 7 - Distribuição espacial das matrículas no período de 2013 a 2018 na rede estadual 
de ensino na modalidade regular do Estado do Rio Grande do Norte ................................ 178 
Gráfico 8 - - Distribuição espacial do local de residência dos estudantes matriculados no 
ensino regular estadual do Rio Grande do Norte no ano 2019 ........................................... 181 
Gráfico 9 - Mapa com percentual de domicílios no município que possui computador ....... 185 
Gráfico 10 - Mapa com percentual de domicílios no município que possui computador e 
acesso à internet ............................................................................................................... 186 
Gráfico 11 - Dendrograma para o conjunto de variáveis do Censo que foram classificadas na 
dimensão digital ................................................................................................................. 187 
Gráfico 12 - Mapa com municípios agrupados com base nas variáveis da dimensão digital
 .......................................................................................................................................... 188 
Gráfico 13 - Mapa com percentual de domicílios no município que possui Rádio .............. 189 
Gráfico 14 - Diagrama de Lexis dos estudantes matriculados no ensino regular do Estado do 
Rio Grande do Norte .......................................................................................................... 192 
Gráfico 15 - Representação do desempenho Abaixo do Básico no 9º ano em Língua 
Portuguesa e Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ............................................. 212 
Gráfico 16 - Representação do desempenho Básico no 9º ano em Língua Portuguesa e 
Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ................................................................... 214 
Gráfico 17 - Representação do desempenho Proficiente no 9º ano em Língua Portuguesa e 
Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ................................................................... 215 
Gráfico 18 - Representação do desempenho Avançado no 9º ano em Língua Portuguesa e 
Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ................................................................... 217 
Gráfico 19 - Representação do desempenho Abaixo do Básico na 3º série do EM em Língua 
Portuguesa e Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ............................................. 219 
Gráfico 20 - Representação do desempenho Básico na 3º série em Língua Portuguesa e 
Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ................................................................... 220 
Gráfico 21 - Representação do desempenho Proficiente na 3º série em Língua Portuguesa e 
Matemática no Rio Grande do Norte em 2019 ................................................................... 221 
Gráfico 22 - Representação do desempenho Avançado na 3º série em Língua Portuguesa 
no Rio Grande do Norte em 2019 ...................................................................................... 222 
Gráfico 23 - Relação entre o desempenho em Português na escola e desempenho em 
português no SIMAIS - 5º português .................................................................................. 227 
Gráfico 24 - Relação entre o desempenho em Português na escola e desempenho em 
português no SIMAIS - 5º ano - matemática ...................................................................... 228 
14 
 
Gráfico 25 - Relação entre o desempenho em Português na escola e desempenho em 
português no SIMAIS - 9º ano em Português ..................................................................... 229 
Gráfico 26 - Relação entre o desempenho em Português na escola e desempenho em 
português no SIMAIS - 3ª série - português ....................................................................... 230 
Gráfico 27 - Relação entre o desempenho em Português na escola e desempenho em 
português no SIMAIS - 3ª série - matemática .................................................................... 231 
 
15 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Diretrizes do PNE (2014-2024) .......................................................................... 40 
Quadro 2 - Competências gerais da educação básica ........................................................ 41 
Quadro 3 - Síntese dos documentos norteadores da educação brasileira ........................... 42 
Quadro 4 - Matriz de referência do 9º ano do Ensino Fundamental em língua portuguesa .. 80 
Quadro 5 - Matriz de referência da 3ª série do Ensino Médio em língua portuguesa ........... 81 
Quadro 6 - Matriz de referência do 9º ano do Ensino Fundamental em matemática ............ 82 
Quadro 7 - Matriz de referência da 3ª série do Ensino Médio em matemática .................... 84 
Quadro 8 - Padrões de Desempenho Estabelecidos pelo SIMAIS em Língua Portuguesa e 
Matemática .......................................................................................................................... 94 
Quadro 9 - Quadro-síntese dos tipos de vulnerabilidade abordados na tese ..................... 114 
Quadro 10 – Síntese dos dados utilizados ........................................................................ 128 
Quadro 11- Variáveis que compõe o Perfil do estudante no Dataset do SIGEDUC ........... 130 
Quadro 12 – Algumas variáveis que compõe o Dataset do Censo Demográfico realizado 
pelo IBGE .......................................................................................................................... 132 
Quadro 13 - Classificação do coeficiente decorrelação. .................................................... 137 
 
 
 
16 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Número de matrículas da educação básica por dependência administrativa – 
Brasil – 2015-2019 ............................................................................................................... 50 
Tabela 2 - Número de matrículas da educação básica por dependência administrativa, 
segundo a localização da escola – Brasil – 2019 ................................................................. 51 
Tabela 3 - Número de matrículas do Ensino Fundamental por dependência administrativa, 
segundo a etapa de ensino – Brasil – 2019 ......................................................................... 52 
Tabela 4 - Número de matrículas do Ensino Médio por dependência administrativa – Brasil – 
2015-2019 ........................................................................................................................... 53 
Tabela 5 - Taxa de distorção idade-série por etapa de ensino e rede, segundo o sexo– Brasil 
– 2015-2019 ........................................................................................................................ 56 
Tabela 6 - Percentual de disciplinas ministradas por professores com formação superior de 
licenciatura na mesma área por região, segundo a etapa de ensino – Brasil – 2019 ........... 57 
Tabela 7 - Percentual de escolas com biblioteca/sala de leitura por dependência 
administrativa, segundo a região – Brasil – 2019 ................................................................. 61 
Tabela 8 - Disponibilidade (%) de recursos relacionados à infraestrutura nas escolas de 
Ensino Fundamental por dependência administrativa, segundo recurso – Brasil – 2019 ..... 63 
Assim, apresentamos a Tabela 9 na qual revela o percentual de recursos nas instituições de 
ensino brasileiras no ensino fundamental. ........................................................................... 64 
Tabela 10 - Disponibilidade (%) de recursos relacionados à infraestrutura nas escolas de 
Ensino Médio por dependência administrativa, segundo recurso – Brasil – 2019 ................ 66 
Tabela 11 - Disponibilidade (%) de recursos tecnológicos nas escolas de Ensino 
Fundamental por dependência administrativa, segundo recurso – Brasil – 2019 ................. 67 
Tabela 13 - Disponibilidade (%) de recursos tecnológicos nas escolas de Ensino Médio por 
dependência administrativa, segundo recurso – Brasil – 2019 ............................................. 68 
Tabela 14 - Dados Nacionais do IDEB Observado (2005 a 2019) e as Metas (2007 a 2021) 
para os anos finais do Ensino Fundamental. Brasil. ............................................................. 86 
Tabela 15 - Dados Nacionais do IDEB Observado (2005 a 2019) e as Metas (2007 a 2021) 
para o Ensino Médio. Brasil. ................................................................................................ 87 
Tabela 16 - Dados Nacionais do IDEB Observado (2005 a 2019) e as Metas (2007 a 2021) 
para os anos finais do Ensino Fundamental do RN (8ª série/9ºano) e Ensino Médio ........... 88 
Tabela 17 - Dados Nacionais do IDEB Observado (2005 a 2019) e as Metas (2007 a 2021) 
para o Ensino Fundamental e Médio da rede estadual do RN ............................................. 89 
Tabela 18 – Resultado do SIMAIS em Língua Portuguesa em 2018 .................................... 95 
Tabela 19 – Resultado do SIMAIS em Matemática em 2018 .............................................. 96 
Tabela 20 – Diagnóstico sobre a Taxa de Não Resposta do Perfil do Estudante no ato da 
matrícula ............................................................................................................................ 131 
Tabela 21 – Representação para os estudantes sobre o que representa a escola .......... 142 
Tabela 22 – Representação para os estudantes sobre o que representa a escola segundo 
a situação ao final do ano letivo ......................................................................................... 144 
Tabela 23 – Religião dos estudantes matriculados na rede estadual de ensino público do 
RN (2013-2019) ................................................................................................................. 146 
Tabela 24 – Tipos de livros que os estudantes matriculados na rede estadual de ensino 
pública do RN gostam de ler (2013 – 2019) ...................................................................... 147 
Tabela 25 – Tipo de livro que mais lê segundo a situação ao final do ano letivo ................ 149 
17 
 
Tabela 26 – Renda mensal da família dos estudantes matriculados na rede estadual de 
ensino público durante o período de 2013 a 2019 ............................................................. 151 
Tabela 27 – Situação de trabalho dos estudantes matriculados na rede estadual de ensino 
público durante o período de 2013 a 2019 ......................................................................... 153 
Tabela 28 – Situação de trabalho dos estudantes matriculados na rede estadual de ensino 
público segundo situação de matrícula (2013 a 2019) ....................................................... 153 
Tabela 29 – Tempo dedicado ao trabalho dos estudantes matriculados na rede estadual de 
ensino público durante o período de 2013 a 2019 que afirmaram trabalhar ....................... 155 
Tabela 30 – Distribuição dos estudantes beneficiários do Programa Bolsa família no período 
de 2013 a 2019 .................................................................................................................. 157 
Tabela 31 – Local e Tipo de casa onde reside dos estudantes (2013-2019) ...................... 159 
Tabela 32 –Situação de Moradia dos estudantes (2013-2019) .......................................... 160 
Tabela 33 – Número de pessoas com quem os estudantes informaram que residiam (2013-
2019) ................................................................................................................................. 161 
Tabela 34 Meio de transporte que mais utiliza para se locomover (2013-2019) ................. 162 
Tabela 35 – Escolaridade do pai (2013-2019)................................................................... 163 
Tabela 36 – Ocupação profissional do pai (2013-2019) ..................................................... 164 
Tabela 37 – Escolaridade da mãe (2013-2019) ................................................................. 164 
Tabela 38 – Ocupação profissional da mãe (2013-2019) ................................................... 165 
Tabela 39 - Estado Civil dos estudantes (2013-2019) ........................................................ 167 
Tabela 40 – Situação ambiente remoto da SEEC-RN no ano de 2020 ............................. 184 
Tabela 41 – Desempenho dos estudantes aprovados em Português e Matemática por 
DIREC – 2019.................................................................................................................... 203 
Tabela 42- Resultado geral (5º ano, 9º ano e 3 série) de Português da Avaliação do SIMAIS 
no Rio Grande do Norte em 2019 ...................................................................................... 209 
Tabela 43- Resultado geral (5º ano, 9º ano e 3 série) de Matemática da Avaliação do 
SIMAIS no Rio Grande do Norte em 2019 ......................................................................... 210 
Tabela 44 – Matriz de Correlação linear de Pearson entre os resultados nas disciplinas de 
Português e Matemática na escola e os resultados das proficiências em Português e 
Matemática no SIMAIS ...................................................................................................... 225 
Tabela 45 - Estimativas, erro-padrão e razões de chance das variáveis que compõe o 
modelo ...............................................................................................................................234 
 
18 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 19 
1.1 Trajetória acadêmica e motivações pessoal e profissional da pesquisadora 19 
1.2 O problema da investigação e os objetivos 21 
1.3 A educação obrigatória no contexto dos marcos regulatórios 24 
1.4 Vulnerabilidades na Trajetória dos Escolares: multidimensionalidades 27 
1.5. Estrutura do trabalho 
2 BRASIL: REALIDADES E CENÁRIOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 30 
2.1 Marcos regulatórios e dispositivos legais nacionais 32 
2.2 Indicadores de qualidade da educação básica 43 
2.3 Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica: um breve histórico 71 
2.4 O Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB e o Índice da Educação 
Básica (IDEB) no Rio Grande do Norte. 78 
2.5 Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação Institucional (SIMAIS) 91 
3 PERCURSO METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO 127 
3.1 FONTES de DADOS 129 
3.1.1 CRÍTICA DOS DADOS 132 
3.1.2 SUBGRUPO SUCESSO E INSUCESSO E O MODELO PREDITIVO 133 
3.2 ANÁLISE ESTATÍTICA: ANÁLISE DESCRITIVA, DIAGRAMA DE LEXIS; 
ESTATÍSTICA ESPACIAL; CORRELAÇÃO DE PEARSON; REGRESSÃO 
LOGÍSTICA 133 
4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS 141 
4.1 DIMENSÃO CULTURAL 141 
4.2 DIMENSÃO ECONÔMICA 150 
4.3 DIMENSÃO SOCIODEMOGRÁFICA 156 
4.4 DIMENSÃO TERRITORIAL 176 
4.5 DIMENSÃO DIGITAL 182 
4.6 Trajetória escolar dos estudantes da rede estadual do RN: revelações do 
diagrama de lexis 190 
4.7 Lacunas de desempenho do educando entre o sistema de avaliação interna e 
externa: a relação entre o desempenho em Português e Matemática na Escola com 
a proficiência no SIMAIS nas mesmas disciplinas 201 
4.8 O sistema preditor do (in)sucesso 232 
5.0 NOTAS CONCLUSIVAS 245 
 REFERÊNCIAS 
19 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A educação é essencial para a evolução da sociedade do conhecimento e 
fundamental para os avanços sociais, histórico-culturais, políticos, econômico-
financeiros, tecnológicos de uma nação. É pela comunhão dessas múltiplas 
dimensões que se constrói uma sociedade mais democrática, justa, humana e 
solidária, instrumentos primordiais para o desenvolvimento da autonomia e da 
criticidade do sujeito cidadão. 
Essa compreensão sobre a importância da educação é confirmada ao 
olharmos para um passado não tão distante. Em meados do século XX, a educação 
como política pública passou a ser considerada essencial para o desenvolvimento e 
transformação de uma sociedade. Para isso, alguns países acataram essa 
prerrogativa e passaram a comprometer-se em ofertá-la, especialmente a educação 
básica, de modo gratuito (ou parcialmente) e comprometidos com a qualidade para 
todo e qualquer cidadão. Alguns documentos norteadores das políticas 
internacionais capitaneadas pela UNESCO ganharam grande expressão que, por 
sua vez, influencia as políticas públicas da educação, dos países membros, à 
exemplo do Relatório Educação um Tesouro a descobrir (1998) e do pacto global da 
Agenda 2030 que de forma colaborativa se propõe a criar um modelo global para 
acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos. 
Nesse sentido, destaca-se o Objetivo de Desenvolvido Sustentável 
(ODS/UNESCO) número 4, referente à Educação de Qualidade que visa assegurar a 
educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de 
aprendizagem ao longo da vida para todos até 2030. 
1.1 Trajetória acadêmica e motivações pessoal e profissional da pesquisadora 
 
Um importante aspecto a ser considerado, nesta introdução, são as 
motivações para o desenvolvimento deste estudo, pois o mesmo pode ser 
considerado como resultado das experiências vivenciadas ao longo da minha 
trajetória como estudante no âmbito da educação básica e, posteriormente, como 
acadêmica ao ser aprovada no vestibular da UFRN para o curso de Estatística. 
20 
 
Engajei-me em estudos de pesquisa como bolsista de Iniciação Científica 
sobre temas que tratavam da Política de Acesso e Inclusão de alunos da Rede 
Pública em cursos da UFRN. Vivenciei momentos importantes ao participar das 
diversas atividades técnicas, acadêmicas na Comissão Permanente do Vestibular – 
COMPERVE. A partir de 2003 essa Comissão passou a realizar estudos e 
pesquisas, de natureza avaliativas, para melhor compreender o impacto e a 
repercussão dele junto aos sistemas de ensino público e privado, com foco no 
ensino médio. 
Parte desse processo de mudanças e reformas no Vestibular da UFRN foram 
vivenciadas por mim, quando tive a oportunidade de participar dos estudos e 
discussões sobre a reestruturação desse exame seletivo e da Política de Acesso e 
Inclusão dos Estudantes para a UFRN. 
Não posso deixar de destacar também a experiência que tive na iniciação 
científica, atuando como monitora na disciplina de Métodos Estatísticos, que 
contribuiu para a minha formação. Essa experiência me possibilitou ter uma visão 
mais ampliada sobre a universidade, seus cursos e alunos, a importância da 
pesquisa sobre o vestibular como “porta de entrada da UFRN”, não apenas como 
estudante mas também como integrante de um grupo de pesquisa. De certa forma, 
tive que estudar para ensinar, desde a monitoria, o que me fez compreender melhor 
sobre a responsabilidade de assumir a docência, embora não fosse professora da 
instituição, mesmo que em um nível mais elementar. 
Outra experiência importante que contribuiu para a escolha do tema deste 
estudo foi a participação em três grandes projetos desenvolvidos do Grupo de 
Pesquisa Formação e Profissionalização Docente e da Rede de Pesquisa Territórios 
Inteligente e Sustentáveis no âmbito Social e Educativo (TISSE), liderados pelos 
professores Betania Leite Ramalho e Isauro B. Núñez, ambos com registro no 
CNPq. Os citados projetos, que geraram muito conhecimento sobre a UFRN, são: “A 
Passagem do Ensino Médio ao Ensino Superior: acesso e inclusão de alunos da 
rede Pública na cultura acadêmica da universidade pública” (Edital CNPq nº 
50/2006); “Tornar-se Universitário: do lugar, do sentido e do percurso do Ensino 
Médio e da Educação Superior” (Edital PROCAD/CAPES 01/2007), projeto 
desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Sergipe – UFS, a 
21 
 
Universidade Federal do Ceará – UFC e a Universidade do Estado da Bahia – 
UNEB; e o Projeto “Reformas Educacionais e Ensino Superior: impactos da 
globalização no acesso e na inclusão social no Brasil e na Espanha, desenvolvido 
em parceria com a Universidade de Valencia - Espanha” (Edital CAPES/DGU 
018/2009). 
Dentre as atividades realizadas junto a esses projetos, destacamos nossa 
participação em algumas missões de estudos realizados na Universidade do Estado 
da Bahia – UNEB, durante os anos de 2010 a 2013, sob a orientação da Prof.ª Drª 
Nadia Hage Fialho, onde participamos de diversas atividades de discussão e 
apresentação dos trabalhos com o grupo de estudos coordenado pela citada 
professora, além de atividades realizadas na Secretaria de Educação do Estado da 
Bahia e na UNEB sobre a questão do Observatório da Vida do Estudante 
Universitário, projeto pioneiro desenvolvido pela equipe de pesquisadores e técnicos 
da COMPERVE/UFRN. 
Essas atividades, nas quais participei ao longo processo de minha formação 
na universidade, seja nos grupos de pesquisa, eventos e congressos, contribuíram 
para compreender os desafios da universidade no século XXI e os inúmeros dilemas 
vivenciados pelos estudantes no percurso trilhado entre a Educação Básica e o 
Ensino Superior. 
1.2 O problema da investigação e os objetivos geral e específico 
 
A presente tese busca ampliar os estudos e qualificar as possibilidades para 
mitigar o persistente fenômeno do baixo desempenho escolar. Volta-se o foco 
analítico-investigativo à Educação Básica devido à prévia compreensão que, nessa 
etapa escolar, os esforços científicos, pedagógicos e demais perspectivas da política 
pública apresentam impacto significativo na vida do estudante. 
O lócus da investigação volta-se para a realidade da RedeEstadual de 
Ensino do estado do Rio Grande do Norte, situado na região Nordeste brasileira, a 
qual, historicamente, possui índices educacionais desfavoráveis em relação a outros 
estados e regiões do país. 
Assim sendo, com base nas argumentações sobreditas e lacunas 
22 
 
apresentadas, é apresentado o seguinte problema de investigação: Qual o impacto 
do desenvolvimento de um modelo preditivo de avaliação da qualidade (sucesso e 
insucesso) do serviço educacional do estado do Rio Grande do Norte? 
1.2.1 OBJETIVOS DO ESTUDO 
 
A seguir, alicerçada na questão de pesquisa, serão apresentados o objetivo 
geral e os objetivos específicos da presente tese. 
 
1.4.1.1 Objetivo geral 
Desenvolver um modelo preditivo de avaliação da qualidade (sucesso e 
insucesso) do serviço educacional do estado do Rio Grande do Norte. 
1.4.1.2 Objetivos específicos: 
a) Caracterizar os estudantes da Rede Estadual de Ensino do Rio Grande do 
Norte em função das dimensões cultural, econômica, sócio demográfica, 
territorial e digital. 
b) Identificar as vulnerabilidades multidimensionais que influenciam na 
aprovação, reprovação ou evasão de discentes da Rede Estadual de Ensino 
do Rio Grande do Norte; 
c) Avaliar as lacunas de desempenho do educando entre o sistema educacional 
de avaliação interno e externo; 
1.2.2 ESTRUTURA DO TRABALHO 
 
 Procurou-se estruturar o estudo de maneira que o problema e os objetivos 
respondessem às premissas em relação ao contexto da educação do Estado do RN, 
no tocante ao problema do insucesso de estudantes durante a trajetória escolar. 
Dessa forma, pretende-se levar o leitor a compreender o percurso de uma 
investigação é função de todo e qualquer pesquisador, de modo a possibilitar um 
maior e melhor entendimento sobre o fenômeno estudado. Considerando essa 
perspectiva, nesse capítulo introdutório apresentamos os argumentos iniciais para 
direcionar o leitor para adentrar nesta investigação sobre o (in)sucesso estudantil, 
23 
 
mediante a compreensão das vulnerabilidades multidimensionais e a reflexão sobre 
as possíveis soluções. 
No que diz respeito à estrutura geral da tese, ela foi dividida em seis 
capítulos, da seguinte forma: 
No primeiro capítulo, denominado “Introdução”, apresentamos as inquietações 
iniciais que nos motivaram à realização desta investigação. Também situamos o 
leitor no contexto de alguns marcos regulatórios e dispositivos legais importantes 
para justificar a escolha pela temática. Além disso, expomos a estrutura geral e 
metodológica da tese para apresentar ao leitor quanto ao percurso realizado. 
No que tange ao segundo capítulo, nomeado “Brasil: Realidades e cenários 
da Educação Básica”, é feita uma discussão sobre a qualidade da educação no 
contexto nacional. 
O terceiro capítulo, denominado “Indicadores de qualidade da educação: um 
olhar à aprendizagem potiguar”, apresentamos a fundamentação teórica acerca das 
distintas vulnerabilidades e suas relações com a aprendizagem discente. 
O quarto capítulo é nomeado “Ecos da vulnerabilidade: reflexos no 
desempenho e aprendizagem estudantil. Nessa parte da investigação é 
conceituado, tipificado e abordado o impacto cognitivo da vulnerabilidade no 
processo ensino-aprendizagem”. 
No quinto capítulo, intitulado “Percurso Metodológico”, apresentamos e 
justificamos os caminhos que optamos para o desenvolvimento desta tese. 
Fundamentamos os instrumentos de pesquisa e a(s) técnica(s) de análise de dados 
utilizados. Também caracterizamos os sujeitos de pesquisa e o lócus analítico-
investigativo. 
O sexto capítulo, nomeado “Análise dos Dados e discussões”, discorremos 
sobre os resultados das análises. Ademais é feita a discussão teórica sobre os 
resultados e apontamos caminhos acerca do fenômeno estudado. 
No último capítulo, denominado “Notas Conclusivas”, retomamos as principais 
discussões da tese, apresentamos as conclusões originárias do estudo e suas 
respectivas limitações, assim como inquietações para futuras pesquisas e 
proposições para a área educacional. 
Por fim, apresentamos as referências que serviram para embasar esta 
investigação. 
24 
 
1.3 A educação obrigatória no contexto dos marcos regulatórios 
 
Após um cenário pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945), surge o primeiro 
marco sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Sendo 
elaborada por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as 
regiões do mundo, esse documento foi proclamado pela Assembleia Geral das 
Nações Unidas (AGNU) em Paris, em 10 de dezembro de 1948, por meio 
da Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral (UNESCO, 1948) como uma norma 
comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Trata-se de um marco 
regulatório1 que busca incentivar a manutenção da paz, da justiça social e da 
equidade de oportunidades para os cidadãos. Foi inspirado na Declaração de 
Genebra2 de 1924, tornando-se uma esperança para o mundo, de modo que se 
entendeu a necessidade da garantia de direitos fundamentais para o 
desenvolvimento dos países, bem como na restauração de cenários ofuscados pela 
Segunda Guerra Mundial tendo a educação como pilar basilar para esta mudança. 
Ressalta-se, à luz do texto da DUDH/ONU, um conjunto de normativas de 
elevada relevância e que praticamente muda o cenário precarizado dos direitos do 
cidadão. Destacam-se o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (AGNU, 
1966a) e seus dois Protocolos Opcionais (sobre procedimento de queixa e 
sobre pena de morte) e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais (AGNU, 1996b) e seu Protocolo Opcional, formando a chamada Carta 
Internacional dos Direitos Humanos. Eles incluem a Convenção para a Prevenção e 
a Repressão do Crime de Genocídio (AGNU, 1948), a Convenção Internacional 
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (AGNU, 1965), 
a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as 
Mulheres (AGNU, 1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança (AGNU, 1989) e 
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (AGNU, 2006), entre 
outras. 
 
1
 Entendido aqui como os documentos orientadores para Organismos Internacionais, países, Estados, 
Municípios e instituições, mas que não possuem força de lei (SANTOS, 2018; MENEGAT, 2016). 
 
2
 Marco regulatório suíço que teve por intuito apontar sobre os direitos da criança e já apontava a 
educação como essencial para a sociedade. Foi reafirmada pela DUDH em 1948. 
http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/217(III)&Lang=E
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm
http://ohchr.org/EN/HRBodies/TBPetitions/Pages/HRTBPetitions.aspx
http://acnudh.org/wp-content/uploads/2012/08/Segundo-Protocolo-Facultativo-ao-Pacto-Internacional-sobre-Direitos-Civis-e-Pol%C3%ADticos-com-vistas-%C3%A0-Aboli%C3%A7%C3%A3o-da-Pena-de-Morte.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0591.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0591.htm
http://www.ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/OPCESCR.aspx
http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/segurancapublica/convenca....crime_genocidio.pdf
http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/segurancapublica/convenca....crime_genocidio.pdf
http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=94836
http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.action?id=94836
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4377.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4377.htm
http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10120.htm
http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/convencaopessoascomdeficiencia.pdf
25 
 
Voltando nosso olhar para o cenário brasileiro, podemos identificar um grande 
avanço no entendimento da educação como um direitoa ser promovido pelo Estado, 
de modo gratuito e com qualidade. Tal avanço surgiu com a promulgação da 
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), também conhecida como 
Constituição Cidadã. Nela, constam dez artigos voltados exclusivamente para a 
educação. 
O artigo 205 da Constituição da República Brasileira define ser “a educação 
direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 
1988). Nessa passagem, percebemos que a educação brasileira pauta-se no 
desenvolvimento integral da pessoa, bem como aspectos voltados para o mercado 
de trabalho e para a cidadania. É dizer: por meio dela, projetamos e preparamos a 
sociedade brasileira para um mundo melhor, de modo que a formação, 
escolarização e trajetória do sujeito seja permeada por um desenvolvimento da 
autonomia e da criticidade. 
Em relação aos princípios para o desenvolvimento da educação brasileira, a 
Constituição Cidadã de 1988 destaca sete aspectos fundamentais a respeito do 
processo educativo expostos no artigo 206. Vejamos: 
 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
 I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
 II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber; 
 III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência 
de instituições públicas e privadas de ensino; 
 IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
 V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na 
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos, aos das redes públicas; 
 VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
 VII - garantia de padrão de qualidade; 
 VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da 
educação escolar pública, nos termos de lei federal. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores 
considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo 
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
 
 Ao observarmos os princípios mencionados no artigo supracitado, identifica-
se aspectos de grande relevância para o desenvolvimento de ações educativas no 
26 
 
contexto da educação básica, por exemplo: o acesso e a permanência, a liberdade 
de aprendizagem e de ensinagem, bem como a pluralidade de ideias e concepções 
pedagógicas, educação de qualidade, entre outros. Confrontando esses aspectos, 
observa-se ainda que, embora avanços possam ser considerados desde a 
promulgação da Constituição, ainda estamos muito aquém3 da educação pública 
com qualidade social a ser efetivada no âmbito da educação básica obrigatória. 
 Em 1996, surge a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – 
(BRASIL, 1996), a qual assume como mandamento, no artigo 1º, que “a educação 
abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, convivência 
humana, trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e 
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Significa dizer que o 
desenvolvimento de ações educativas, dos processos de ensino e de aprendizagem 
ocorrem ao longo da vida do sujeito, em diferentes contextos e espaços. Esses, por 
sua vez, tornam-se ambientes profícuos para a formação integral do sujeito e da 
promoção de experiências que contribuirão para o exercício da cidadania e 
qualificação para o mercado de trabalho. 
 Cabe destacar que, em 2013, por meio da Lei nº 12.796 (BRASIL, 2013), a 
educação básica amplia o compromisso do país no que diz respeito aos anos de 
escolarização obrigatória, passando a ser dos quatro aos dezessete anos, tendo 
como etapas a educação infantil, o Ensino Fundamental e o ensino médio. 
Até então, considerava-se somente o Ensino Fundamental como etapa 
obrigatória – dos seis aos catorze anos de idade. Esse dispositivo legal4 foi 
importante, uma vez que passou a incluir nessa obrigatoriedade a oferta do Ensino 
Médio, historicamente considerado, uma modalidade de ensino com atendimento e 
recursos financeiros limitados. Todavia, com essa abrangência, ampliou-se o 
problema da baixa qualidade, notadamente nos anos finais do Ensino Fundamental 
e do Ensino Médio. 
 No que concerne ao desempenho escolar – foco principal desta tese de 
doutorado –, percebemos que o Brasil ainda tem muito a avançar na busca da 
melhoria dos indicadores de qualidade da educação básica, visto que entendemos 
 
3
 Os indicadores de qualidade da educação básica serão apresentados no próximo capítulo. 
 
4
 Entendido aqui como aquele documento que possui força de lei (SANTOS, 2018). 
27 
 
que vários são os fatores que podem contribuir para o (in)sucesso do estudante. 
Esses fatores podem estar (ou não) relacionados à família, ao perfil 
sociodemográfico, aspectos econômicos, políticos, sociais, culturais, cognitivos entre 
outros. 
1.4 Vulnerabilidades na Trajetória dos Escolares: multidimensionalidades 
 
Nessa perspectiva, buscar identificar os fatores multidimensionais que podem 
influenciar na aprendizagem do estudante ao longo do seu percurso escolar torna-se 
uma importante premissa assumida no âmbito desse estudo. É possível entender 
que o estudante pode estar vulnerável em diferentes perspectivas que repercutem 
diretamente na trajetória escolar. Trazer à tona essas vulnerabilidades e, a partir 
delas, identificar com rigor científico a repercussão delas é o que julgamos ser uma 
contribuição para a predição do insucesso escolar. 
Cabe destacar que esse olhar é o que traz a originalidade da tese, já que, por 
meio da detecção de problemáticas evidenciadas nas bases de dados disponíveis 
em instituições como Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
(INEP), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, Sistema Integrado de 
Gestão da Educação (SIGEDUC5), entre outros, da realidade do estudante da rede 
estadual do Rio Grande do Norte, poderemos desenvolver um modelo preditivo para 
auxiliar na identificação e redução das vulnerabilidades. Essa proposta apresentará 
soluções para problemas recorrentes e históricos no âmbito do desempenho escolar 
na rede de ensino em tela. 
Tal proposta vem ao encontro da geração de informações para que as 
lideranças institucionais da rede em destaque, possam tomar decisões e antecipar 
ações e desenvolvimento de políticas públicas para melhorar a qualidade da 
educação estadual. Em virtude do elevado potencial dos dados disponíveis torna-se 
importante a projeção de um sistema preditivo para as vulnerabilidades dos 
 
5
 O SIGEduc Mobile é uma ferramenta para auxiliar o professor com as atividades de seu dia a dia 
como: digitar notas, registrar frequência, registrar conteúdo ministrado entre outras funcionalidades 
que iremos demonstrar ao decorrer deste documento, conforme descrito no endereço 
https://sigeduc.rn.gov.br/sigeduc 
28 
 
estudantes, visto que poderá impactar positivamente nas suas aprendizagens e na 
trajetória escolar, reduzindo o insucesso escolar. 
Pode-se perceber que o uso de dados para orientar a tomada de decisões de 
modo que possam ajudar a identificar, com maior abrangência, situações 
indesejadas no tocante ao desenvolvimento cognitivo (entre outros) de estudantes 
está ainda iniciando sua cultura escolar no Brasil, que iniciou essa prática há poucas 
décadas. 
São fartas as bases de dados com séries históricas que revelam a 
precariedade do sistema educacional de ponta a ponta do país. Notocante ao que 
disponibiliza o INEP, por meio do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) 
ou por meio do recém-criado SIMAIS/RN, fica evidenciado que as avaliações não 
são compreendidas como importantes referenciais para uma autoavaliação do 
processo ensino-aprendizagem das redes de ensino. Essas atividades de natureza 
pedagógica não têm se tornado iniciativas das escolas e respectivos professores e 
equipes técnicas. Conforme afirmam Sousa e Ferreira (2019) tais avaliações em 
larga escala só poderão exercer sua plena função social quando superarem a fase 
dos diagnósticos e forem capazes de propiciar condições para apoiar as melhorias 
necessárias identificadas nos resultados. 
Nessa perspectiva, os professores Francesc Jesus Hernandez i Dubon e 
Alícia Villar-Aguilés, da Universidade de Valência que comungam da mesma 
inquietação a respeito do desempenho de alunos em sua trajetória acadêmica, 
apostaram nas potencialidades de um sistema preditivo de insucesso acadêmico 
criado para orientar a política educacional da Universidade de Valência, na Espanha. 
Conforme os autores, 
 
Um sistema de alerta foi projetado e implementado para detectar estudantes 
em risco de desistência. Este sistema foi obtido a partir da aplicação de um 
barômetro composto por dois questionários on-line curtos: oito semanas 
após o início do curso (questionário Q1) e no início do segundo semestre 
(questionário Q2). O barômetro permite identificar, previamente, estudantes 
com possíveis dificuldades acadêmicas, pessoais e / ou sociais com o 
objetivo de lançar ações relevantes para eles. É um instrumento para avaliar 
a evolução dos alunos em seu ano de incorporação através da análise deles 
obter respostas para uma previsão sobre o abandono e sua relação com as 
variáveis sociodemográficas, educacionais e outras que tratam da 
incorporação anterior dos alunos na universidade e também como as notas 
obtidas pelos alunos no primeiro e no segundo trimestre do ano de 
incorporação” (Dubon y Aguillés, 2017) 
 
29 
 
O sistema de predição acima apresentado para o contexto espanhol aponta 
para a possibilidade de se ampliar a capacidade de gerenciamento da qualidade da 
educação de instituições educacionais por meio da coleta de informações sobre 
trajetórias acadêmicas de estudantes ou a incorporação de bases de dados 
disponíveis. A junção de informações estatisticamente compatíveis poderá contribuir 
para a busca de melhorias qualitativas além de identificar, com precisão, sobre o 
risco de estudantes em possível situação de abandono. Pensar nessa realidade, 
antecipa ações para qualificar o processo de ensino-aprendizagem e ter um olhar 
mais individualizado para o estudante, de modo a considerar suas particularidades e 
possíveis vulnerabilidades. Por outro lado, considera-se também a possibilidade de 
redução de outros tipos de prejuízo como o financeiro, o social, o institucional, entre 
outros. 
De acordo com a passagem acima, é revelado que a utilização do sistema no 
contexto espanhol amplia a capacidade de gerenciamento das instituições e da 
busca de melhorias para a qualidade educacional, visto que se pode identificar com 
precisão sobre o risco de estudantes em possível situação de abandono. Essas 
inquietações pessoais são decorrentes de estudo anterior– dissertação de mestrado 
– na qual buscamos compreender os fatores que influenciavam a trajetória do 
estudante da rede pública de ensino durante a transição do Ensino Médio para a 
educação superior. Esse estudo revelou um conjunto de fatores determinantes que 
contribuíram para o insucesso na educação superior, como por exemplo, a ausência 
de backgrounds6 desenvolvidos na educação básica, bem como a relação professor-
estudante, fatores sociodemográficos (PESSOA, 2014). 
 
 
6
 Entendidos como conhecimentos prévios que os estudantes adquirem ao longo de sua formação. 
30 
 
2 BRASIL: REALIDADES E CENÁRIOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
 Refletir sobre a educação básica em nosso país requer pensar sobre o 
processo de sua constituição histórico-cultural, bem como nos elementos que são 
fundamentais para se compreender o peso que a educação ocupa no momento atual 
em que vivemos. Esses elementos são orientados por princípios jurídicos, 
pedagógicos, sociais e históricos, culturais e constitucionais (entre outros) que 
compõem uma política pública tão abrangente e complexa como tem sido a 
exequibilidade bem-sucedida da sua oferta. 
 Nessa linha de pensamento, Cury (2008) afirma que a educação básica é o 
processo formativo que busca referendar e promover o pleno desenvolvimento do 
sujeito, de modo a contribuir para a sua consciência cidadã. Para ele, o termo 
“básica” consiste como entendimento de condições de base, ou seja, conhecimentos 
necessários e que sejam importantes para todo e qualquer cidadão brasileiro. 
Compreende, ainda, a educação como um bem público, ou seja, o Estado tem o 
papel de promover a formação do estudante ao longo do seu processo de 
escolarização. 
 Conforme Vieira (2007), a “educação básica” é um termo relativamente novo 
no contexto brasileiro, pois surgiu após a promulgação da Constituição Federal de 
1988 (BRASIL, 1988). Para a autora, ainda não tinha sido evidenciado esse conceito 
no referido documento, tendo surgido após o advento da publicação da Declaração 
de Jomtiem (UNESCO, 1990). Nesse documento da Organização das Nações 
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO –, fica destacado que a 
educação deve ser um direito de todos, uma oferta pautada na qualidade, no acesso 
às suas etapas fundamentais e permanência delas, de modo a desenvolvê-las no 
âmbito da cidadania. 
 Nesse sentido, o Prof. Jamil Cury (2008, p. 296) reforça que 
 
A educação escolar é, pois, erigida em bem público, de caráter próprio, por 
ser ela em si cidadã. E por implicar a cidadania no seu exercício consciente, 
por qualificar para o mundo do trabalho, por ser gratuita e obrigatória no 
ensino fundamental, por ser gratuita e progressivamente obrigatória no 
ensino médio, por ser também a educação infantil um direito, a educação 
básica é dever do Estado. 
 
31 
 
Sendo assim, revela-se a cidadania como pressuposto essencial do processo 
educativo. É dizer que, por meio da educação básica, no plano nacional, ela está 
fortemente comprometida com o pleno desenvolvimento da pessoa em idade escolar 
e para além desta. Por meio da cidadania, desenvolve-se a autonomia do estudante, 
a criticidade, a reflexão, sua autonomia para compreender seu papel, seus direitos e 
sua compreensão sobre questões sociopolíticas, culturais, históricas, dentre outras. 
Desse modo, a educação básica escolar tem por função ser, essencialmente, 
formadora de cidadãos. 
O olhar volta-se para a educação com o viés da formação crítica e promotora 
do desenvolvimento da cidadania. Anísio Teixeira (1969) já apontava sobre a 
necessidade de se romper com os paradigmas escolares, os quais não valorizavam 
a criticidade e autonomia do sujeito. Para esse célebre brasileiro, a necessidade de 
se promover uma escolarização discente e um ambiente educacional que fosse 
favorável ao diálogo deveria ser premissa na formação integral, já que essa 
premissa é fundamental para a construção de uma sociedade, igualmente crítica e 
engajada com as demandas coletivas. 
 Nessa mesma perspectiva, Paulo Freire (1996) destaca que a autonomia do 
sujeito deve ser promovida no processo educacional, de modo que este seja o ethos 
do processo da escolarização discente. Para o autor, a autonomia é libertadora e 
promove uma consciência crítica que vai além dos muros da escola, mas sim, para a 
vida em sociedade. 
 Corroborando também essa visão, Miguel Arroyo (2012) destaca a 
importância da promoção de pedagogias libertadoras e críticas nos movimentos 
sociais e, especialmente, na cultura escolar. Para o autor, valorizar espaçosde 
discussão e momentos nos quais se considere o outro como ser crítico, deve ser o 
cerne da educação escolar. Para ele, a escola deve ser o lugar de promoção da 
inclusão para desmistificar a diversidade, visando à redução das desigualdades 
socioeconômicas, culturais e educacionais. 
 Nesse sentido, quanto ao aspecto cultural e da diversidade, Ribeiro (1995) 
destaca sobre a pluralidade que a sociedade brasileira possui, configurando-se em 
diferentes “Brasis”. De acordo com o autor, essa pluralidade denota a importância de 
valorização de práticas sociais mais convergentes e menos excludentes. 
32 
 
 Consoante a essa perspectiva, Fernandes (2008) ressalta que a sociedade 
brasileira ainda é excludente e, por isso, necessita buscar alternativas para a 
redução das desigualdades sociais. Para ele, as políticas públicas e sociais 
possuem papel fundamental para a diminuição das diferenciações dos sistemas de 
classes presentes na sociedade capitalista e dos impactos na formação da pessoa 
humana. 
 Diante de tais reflexões, nesta seção apresentaremos os marcos regulatórios 
e dispositivos legais nacionais voltados à educação básica bem como os indicadores 
INEP/MEC de qualidade educacional. Ressalta-se que documentos internacionais 
serão aqui citados considerando haver uma forte relação entre as posições 
nacionais assumidas e eles. 
2.1 Marcos regulatórios e dispositivos legais nacionais 
 
 Refletir sobre a educação nacional brasileira, na contemporaneidade, requer 
um olhar para o que revelam e apresentam os marcos regulatórios e dispositivos 
legais do país sobre esse campo de conhecimento. Partindo-se dessa premissa, 
iniciamos o olhar, nesta seção, a partir da Constituição Federal do República 
Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), na qual pressupõe a educação como um direito 
“e não como um privilégio”, como apontado por Anísio Teixeira em seu livro com 
esse título, cuja primeira edição se deu em 1957. 
 A Constituição Federal (CF) também é conhecida como a “Constituição 
Cidadã”, por ser a primeira Carta Magna do país que reconhece a cidadania como 
princípio fundamental para o pleno desenvolvimento do sujeito, aponta a educação 
como meio de efetivá-la. De acordo com o artigo 205 (BRASIL, 1988) do presente 
documento, fica estabelecido que 
 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho. 
 
 Nesse sentido, evidencia-se a importância da educação escolar para a 
evolução da sociedade brasileira em âmbito individual e coletivo. Focaliza a 
33 
 
qualificação para o trabalho e o exercício da cidadania como objetivos a serem 
assumidos pela educação básica. 
 No espectro do ensino, define-se na Constituição (BRASIL, 1988) os 
princípios nos quais devem ser ministrados no contexto nacional. Vejamos o que diz 
o artigo 206 do referido documento. 
 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a 
arte e o saber; 
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma 
da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII - garantia de padrão de qualidade. 
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação 
escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006) 
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores 
considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo 
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
 
 
 Como pode ser observado no presente artigo da CF (BRASIL, 1998), focaliza-
se a igualdade de acesso e permanência na escola. De acordo com Silva (2015), o 
país vem avançando nas condições de acesso à educação básica, de modo que 
estamos tendo um aumento nas matrículas nas instituições educativas. Contudo, 
ainda, precisamos enfrentar os “gargalos” presentes entre as etapas do percurso 
escolar, por exemplo, a transição do ensino fundamental para o ensino médio. Um 
dos desafios que o Brasil ainda possui, especialmente no ensino médio, é fazer com 
que o alunado chegue até ele e, uma vez matriculado, manter-se participativo, 
incluído na cultura escolar. 
 No que concerne à liberdade de expressão, ao pensamento e a práticas 
pedagógicas, destacamos que vivemos em um país laico e que busca promover a 
autonomia institucional para o processo de ensino-aprendizagem no contexto 
educacional. Conforme explicitado na nossa Carta Magna, a educação deve ter esse 
pressuposto como ênfase nas ações desenvolvidas na educação básica e superior. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
34 
 
É dizer, mesmo que tenhamos um objetivo comum – o pleno desenvolvimento do 
sujeito – a forma como buscamos atingi-lo depende de cada contexto. 
 Outro ponto importante a destacar sobre os princípios educacionais, pauta-se 
nos padrões de qualidade que devem ser assegurados no processo de 
escolarização dos estudantes, visto que se entende que são por meio deles que se 
promove a potencialidade cognitiva discente e o preparo para a cidadania. Nesse 
sentido, Dourado e Oliveira (2009) afirma que a qualidade no contexto educacional 
varia de acordo com a temporalidade e com o ambiente no qual estamos. Na 
sociedade brasileira, atualmente o padrão de qualidade está entendido como um 
direito de todos. Faz-se necessário, portanto, que o padrão de qualidade da 
educação seja compreendido e reivindicado como um direito de todos os estudantes, 
independentemente de ser aluno de uma escola pública ou privada, urbana ou rural, 
localizada numa área social e geográfica mais ou menos desenvolvida. 
 Nessa direção, em 1996 surge um dispositivo legal fundamental para 
referendar a nossa Constituição, chamada como Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional – LDB (BRASIL, 1996). A LDB assume um papel fundamental 
nas normativas e diretrizes da educação brasileira, de modo a efetivar o processo de 
ensino e aprendizagem no contexto da educação básica e superior. Estabelece 
princípios, de modo que contribui para a projeção da sociedade. Nesse sentido, a 
LDB em seu artigo 1º (BRASIL, 1996), diz que 
 
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida 
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e 
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais. 
 
 A esse respeito, Paulo Freire (1996) cita que é por meio da educação que se 
potencializa a formação do sujeito para o pleno desenvolvimento e exercício da 
cidadania. Para ele, a formação ao longo da vida é essencial para todo e qualquer 
cidadão, de modo que ele possa construir uma autonomia para sua visão de mundo. 
Corroborando a perspectivade Freire (1996), expõe no artigo 2º da LDB que a 
educação é “[...] inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para 
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”(BRASIL, 1996). 
35 
 
 Para tanto, apresentam-se os princípios nos quais o ensino brasileiro deve 
pautar-se para o desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem em todos 
os níveis educativos. Vejamos: 
 
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber; 
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; 
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
VII - valorização do profissional da educação escolar; 
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da 
legislação dos sistemas de ensino; 
IX - garantia de padrão de qualidade; 
X - valorização da experiência extraescolar; 
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. 
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 
12.796, de 2013) 
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da 
vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018) 
 
 Como podemos observar, houve um avanço nos princípios educacionais 
brasileiros em relação aos apresentados na Carta Magna, visto que se valoriza na 
LDB a experiência extraescolar, a relação trabalho, educação escolar e práticas 
sociais, bem como a diversidade étnico-racial (BRASIL, 1996). Foi se entendendo 
que outros fatores, como os mencionados, necessitam-se ter um olhar atento pelo 
viés prospector educativos, de forma a promover uma educação para todos. 
 Outro ponto importante a destacar diz respeito ao sistema educacional. No 
Brasil, compreendemos pela organização do sistema, a educação básica e 
educação superior. Conforme o art. 22 da LDB (BRASIL, 1996), “a educação básica 
tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum 
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no 
trabalho e em estudos posteriores.”. De acordo com Cury (2008), a educação básica 
é a etapa formativa do sujeito que compreende os conhecimentos necessários para 
a sua inclusão na sociedade, de modo a prepará-lo para o exercício da cidadania. 
Assim, temos como etapas da educação básica: a educação infantil, o Ensino 
Fundamental e o ensino médio. 
Para isso, ressalta-se, no entanto, a necessidade de se ter um olhar atento e 
com previsibilidade para prospectar a efetivação dessas prerrogativas com bons 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13632.htm#art1
36 
 
resultados esperados para todas as etapas da educação básica: da educação 
infantil, passando pelo ensino fundamental até chegar ao ensino médio. Esse 
percurso formativo da educação obrigatória que abrange as idades dos quatro aos 
dezessete anos, deve lidar com os conhecimentos potencializadores das habilidades 
e competências necessárias para a inclusão do cidadão brasileiro na sociedade, de 
maneira a bem prepará-lo para a vida. 
 A educação infantil é compreendida como a primeira etapa formativa do 
sujeito. Segundo o artigo 29 (BRASIL, 1996) 
 
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como 
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em 
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a 
ação da família e da comunidade 
 
Incluída, obrigatoriamente, no nosso sistema desde 2013 (BRASIL, 2013), 
compreendendo a formação de crianças de quatro a cinco anos de idade. O foco da 
educação infantil consiste na aprendizagem de estudantes com apoio de materiais 
concretos, de socialização entre os pares, bem como na iniciação à leitura e à 
alfabetização – sem a necessidade do efetivo letramento da criança (dependendo do 
sistema de ensino). 
Já o ensino fundamental, desde 2006 (BRASIL, 2006), passou a ser de nove 
anos, compreendendo crianças e adolescentes de seis a catorze anos. O foco na 
formação consiste no desenvolvimento da cidadania. De acordo com o artigo 32 da 
LDB (BRASIL,1996) 
 
Art. 32 O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, 
gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por 
objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada 
pela Lei nº 11.274, de 2006) 
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios 
básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; 
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, 
da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em 
vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes 
e valores; 
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de 
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida 
social. 
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino 
Fundamental em ciclos. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm#art3
37 
 
 Diante do exposto, podemos perceber a importância do Ensino Fundamental 
para a formação do sujeito, uma vez que ela busca prepará-lo para sua inclusão na 
sociedade de modo autônomo. Para isso, focaliza os esforços do ensino-
aprendizagem para o domínio da leitura, da escrita e do cálculo. Ademais, valoriza a 
compreensão das tecnologias, a formação ética e cidadã, assim como a busca por 
melhorias nas relações família-escola e escola-família. 
Não obstante a isso, sabemos que essa etapa educativa ainda traz consigo 
vulnerabilidades que repercutem dentro do sistema educacional traduzida em 
dificuldades de aprendizagem, abandono escolar, transições entre os anos dessa 
etapa: do último ano da educação infantil para o primeiro do ensino fundamental, do 
quinto ano do ensino fundamental para o sexto ano e assim por diante, entre outros 
fatores a serem discutidos ao longo do presente estudo. Ainda que tenha havido 
avanços no atendimento com a quase universalização da matrícula, a qualificação 
dos professores, a oferta do transporte, da merenda escolar, a distribuição de livros 
e materiais didáticos e, por vezes, o fardamento escolar, no que diz respeito à 
formação com qualidade para o alunado, esse ainda é um fator que necessita de 
muitos avanços, sendo o tema principal desse estudo. 
O ensino médio é a última etapa da educação básica e compreende a 
formação de jovens de quinze a dezessete anos. O foco desta etapa está na 
consolidação dos conhecimentos para a qualificação para o trabalho e 
desenvolvimento da cidadania. 
 De acordo com o artigo 35 da LDB (BRASIL, 1996) 
 
Art. 35 O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração 
mínima de três anos, terá como finalidades: 
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no 
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; 
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para 
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade 
a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; 
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a 
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do 
pensamento crítico; 
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos

Continue navegando