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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO EM EFLUENTE DE INDÚSTRIA TÊXTIL VINICIUS FONSECA SILVESTRE NATAL- RN, 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO EM EFLUENTE DE INDÚSTRIA TÊXTIL VINICIUS FONSECA SILVESTRE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador(a): Profª Drª Débora Machado de Oliveira Medina Coorientador: Prof. Dr. Gabriel Ivan Medina Tapia. NATAL - RN 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO EM EFLUENTE DE INDÚSTRIA TEXTIL VINICIUS FONSECA SILVESTRE Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso Prof. Dr. Debora Machado de Oliveira Medina ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientadora Prof. Dr. Gabriel Ivan Medina Tapia ________________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte- Coorientador Prof. Dr. Thercio Henrique de Carvalho Costa ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno Msc. Daniel Soares da Silva ___________________________ Ecoeng Consultoria e Serviços Ltda. - Avaliador Externo NATAL, 25 de Novembro de 2019. i Agradecimentos Agradeço primeiramente aos meus pais e minha querida irmã, que sempre me incentivaram em todos os desafios, e sempre fizeram de tudo para que eu tivesse as devidas condições de realizar meus sonhos. A minha orientadora Profª Drª Debora Machado de Oliveira Medina e ao meu coorientador Prof. Dr. Gabriel Ivan Medina Tapia pela paciência, pela oportunidade de realizar um trabalho tão enriquecedor e pelos ensinamentos. A Sabrina Suelen de Oliveira por sempre acreditar em mim, me animar nos momentos ruins e ser uma pessoa tão incrível. Aos amigos que fiz no ensino fundamental, mas que levo para vida, João Daniel, Lucas Cunha, Lucas Duarte, Carlos Morais e Caio Chaves. Aos amigos que tive a oportunidade de fazer na universidade, Haroldo Viana, Vitor Fassanaro, Rhayssa Carla, Rômulo Pontes, Gabriel Baumann, Igor Matheus, Hélyda Valeria, Beatriz Sena e todos os outros. ii Silvestre, V. F. Concepção e Dimensionamento de Sistema de Flotação por Ar Dissolvido em Efluente de Indústria têxtil. 2019. 56 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019. Resumo A indústria têxtil consome grandes volumes de água em seus processos, desde as etapas de produção da fibra até o beneficiamento. Os efluentes gerados pelo setor têxtil, em geral apresentam alta carga poluidora, devido à grande presença de produtos químicos e a alta concentração de sólidos totais. Um dos métodos utilizados em larga escala na indústria para tratamento desses efluentes é a flotação por ar dissolvido (FAD), a qual corresponde a um método de separação de fases amplamente utilizado em tratamento de efluentes e de água, que consiste na separação de partículas em suspensão através da sua aderência a microbolhas de ar. Esse processo, deve ser precedido por um pré-tratamento: coagulação e/ou floculação pois tais etapas garantem uma maior eficiência da flotação. Este trabalho teve como objetivo, realizar o dimensionamento de um sistema de FAD para efluentes da indústria têxtil levando em conta condições locais de temperatura e pressão, bem como vazão e qualidade dos efluentes têxteis gerados nas indústrias têxteis localizadas no Rio Grande do Norte. Após o dimensionamento, foi realizado o projeto do sistema levando em conta disponibilidade dos materiais no mercado, construção e fácil acesso para a manutenção do sistema. Em consonância com o que fora apresentado, conclui-se que o projeto realizado foi de extrema importância para a obtenção de novos conhecimentos multidisciplinares relacionados a tratamento de efluentes, e especialmente, FAD, podendo-se chegar a um modelo de sistema genérico para tratamento de efluentes para empresas de grande porte do setor têxtil. Palavras-chave: Flotação. Dimensionamento.Projeto. Efluente têxtil. iii Silvestre, V. F.Conception and Sizing of a Textile Wastewater Dissolved Air Flotation System. 2019. 56 p. Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019. Abstract The Textile industry consumes large volumes of water in their processes, from fiber production to fabric processing. The wastewater generated by the textile sector, in general, present a high polluting load, due to the great presence of chemicals and the high concentration of total solids. One of the industry-wide methods used for the treatment of these effluents is Dissolved Air Flotation (DAF), which corresponds to a phase separation method widely used in effluent and water treatment, which consists in the separation of suspended particles by their adherence to microbubbles.This process should be preceded by a pretreatment: coagulation and / or floculation as these steps guarantee a greater flotation efficiency. The objective of this work was to perform the design of an DAF system for textile effluents, using as a reference the model developed by Edzwald (1990) taking into account local temperature and pressure conditions, as well as flow and quality of the generated textile effluents in the textile industries located in Rio Grande do Norte. After sizing, the system was designed taking into account the availability of materials in the market, construction and easy access for system maintenance. Thefore, it can be concluded that the project was extremely important to obtain new multidisciplinary knowledge related to effluent treatment, and especially, DAF, and it is possible to arrive at a generic system model for treatment of wastewater. effluents for large companies in the textile sector. Keywords: Flotation. Sizing. Project. Textile wastewater. iv Lista de Ilustrações Figura 2.1 – Classificação das fibras têxteis ............................................................... 5 Figura 2.2 - Esquema de uma máquina de estamparia rotativa ................................ 17 Figura 2.3 - Despejos provenientes do processamento de tecidos de algodão e sintéticos. .................................................................................................................. 18 Figura 2.4 - Diagrama sistema com fluxo contínuo em modo de recirculação pressurizada .............................................................................................................. 25 Figura 2.5 - Esquema do tanque de flotação de um sistema de FAD ....................... 26 Figura 3.1 – Gráfico Volume de ar dissolvido na água em função da pressão manométrica de saturação ........................................................................................ 30 Figura 4.1 - Representação da vista lateral do sistema de FAD 3D .......................... 37 Figura 4.2 - Representação da vista frontal do modelo FAD em corte ...................... 38 Figura 4.3 - Vista isométrica do modelo FAD ............................................................ 39 v Lista de Tabelas Tabela 2.1 - Tipos de Engomantes ............................................................................. 8 Tabela 2.2 - Tipos de lubrificantes utilizados............................................................... 9 Tabela 2.3 - Auxiliares utilizadosna formulação de goma ........................................ 10 Tabela 2.4 - Redução da DQO (em mg/l) em consequência da desengomagem oxidativa .................................................................................................................... 12 Tabela 2.5 - Volume dos despejos provenientes de uma indústria de tecidos de raiom viscose, algodão, poliéster-algodão e de poliéster-nylon .......................................... 20 Tabela 2.6 - Características dos despejos do processamento de algodão ............... 21 Tabela 3.1 - Constantes da lei de Henry para o ar .................................................... 28 Tabela 3.2 - Densidade do ar saturado a diversas temperaturas .............................. 29 Tabela 4.1 - Tabela de dimensionamento do modelo de Flotação por Ar Dissolvido 36 vi Lista de abreviaturas e siglas DQO – Demanda Química de Oxigênio DBO – Demanda Biológica de Oxigênio CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos vii Lista de símbolos 𝑟 – Taxa de recirculação 𝑞 – Vazão de retorno (m³/h) 𝑄 – Vazão do efluente (m³/h) 𝑃 – Pressão absoluta do sistema (atm) 𝐾𝐻–Constante da Lei de Henry para ar em diferentes temperaturas ((mg/L)/atm) 𝜂 – Eficiência do tanque de saturação 𝑞𝑎𝑟– Vazão de ar necessária para FAD (m³/h) 𝐶𝑟– Concentração de massa de ar por unidade de volume de efluente (m³/m²) 𝐶𝑎𝑡𝑚– Concentração de ar na água de recirculação na saída do tanque de saturação (m³/m²) 𝜌𝑠𝑎𝑡– Densidade de ar saturado (kg/m³) 𝜑𝑏– Volume de ar liberado na zona de contato 𝑁𝑏– Numero de bolhas liberadas 𝑉 – Taxa de escoamento superficial (m³/m² ∙ dia) 𝐿– Carga Hidráulica (kg/s ∙ m²) 𝑑𝑛𝑏– Diâmetro das bolhas (m) 𝑉𝑐𝑎𝑣– Velocidade para que haja diferencial de pressão (m/s) 𝐾– Coeficiente de perda de carga na passagem 𝜎 – Coeficiente de cavitação 𝑃𝑣 – Pressão de vapor viii Sumário 1 Introdução .................................................................................................... 1 2 Revisão Bibliográfica ................................................................................... 3 2.1 Indústria Têxtil ....................................................................................... 3 2.2 Descrição dos processos industriais ..................................................... 4 2.2.1 Tipos de fibras têxteis ..................................................................... 4 2.2.2 Fiação ............................................................................................. 5 2.2.3 Tecelagem ...................................................................................... 6 2.2.4 Processo de engomagem ............................................................... 7 2.2.5 Beneficiamento ............................................................................. 11 2.2.6 Desengomagem ........................................................................... 11 2.2.7 Mercerização ................................................................................ 13 2.2.8 Purga ............................................................................................ 13 2.2.9 Alvejamento .................................................................................. 14 2.2.10 Tingimento .................................................................................. 14 2.2.11 Estamparia e Acabamento final .................................................. 16 2.3 Caracterização dos efluentes .............................................................. 18 2.4 Flotação .............................................................................................. 22 2.4.1 Coagulação e Floculação ............................................................. 22 2.4.2 Flotação por Ar Dissolvido ............................................................ 23 2.4.3 Tanque de flotação e Vaso de Saturação..................................... 25 3 Metodologia ............................................................................................... 27 3.1 Dimensionamento Saturador............................................................... 29 3.2 Formação das microbolhas ................................................................. 31 3.3 Dimensionamento de tanques de flotação .......................................... 31 4 Resultados ................................................................................................. 33 4.1 Planilha de Dimensionamento ............................................................. 33 ix 4.2 Modelagem do sistema 3D.................................................................. 37 5 Considerações Finais ................................................................................ 40 5.1 Sugestão para trabalhos futuros ......................................................... 40 6 Referências ............................................................................................... 42 7 Anexos ....................................................................................................... 46 1 1 Introdução A escassez de água potável é um problema que atinge o Brasil e diversos países ao redor do mundo, prejudicando o desenvolvimento sustentável, facilitando a transmissão de doenças e reduzindo a qualidade de vida das populações. Uma das áreas mais afetadas pela escassez de água no Brasil é a região nordeste, onde o fenômeno da seca é causado pelo clima semiárido além de questões sociopolíticas. Entretanto, o fenômeno da falta de água também atinge outras regiões do país, um exemplo disso foi a crise hídrica no estado de São Paulo entre 2014 e 2016 ocasionada pela má gestão dos recursos hídricos pela Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (BARIFOUSE,2014). Uma das alternativas para amenizar os efeitos decorrentes do fenômeno da escassez hídrica é o reuso do efluente tratado, seja ele doméstico ou industrial. Um exemplo de utilização de reuso de efluente tratado é apresentado no projeto Aquapolo1, que é considerado o maior empreendimento para produção de água de reuso industrial na América do sul e fornece água para reuso para Polo Petroquímico da região do ABC Paulista. No Brasil a Lei n° 9.433 /1997 estabeleceu a Política Nacional dos Recursos Hídricos, que ficou conhecida como Lei das Águas que tem como principal avanço a criação de instrumentos para gestão dos recursos hídricos. Essa lei possui diversos instrumentos, um deles é o enquadramento dos corpos de água estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) por meio da Resolução nº 357/2005. Esta resolução também estabelece padrões de qualidade para lançamento de efluentes em corpos de água, nesse aspecto é importante ressaltar que a Resolução sofreu alterações e complementações ao longo dos anos apresentados na Resoluções Conama n° 397/2008 e n° 430/2011. A indústria têxtil utiliza grandes volumes de água em seu processamento sendo este um dos principais insumos (BELTRAME, 2000). Estima-se que a produção de 1 tonelada de produto têxtil consuma de 200 a 270 toneladas de água (SILVA FILHO,1994). Segundo o autor, o efluente gerado traz consigo uma alta carga poluidora, uma vez que cerca de 90% dos produtos químicos utilizados no 1 Disponível em < https://www.aquapolo.com.br/quem-somos/sobre-o-aquapolo/> https://www.aquapolo.com.br/quem-somos/sobre-o-aquapolo/ 2 beneficiamento têxtil são eliminados após cumprirem seus objetivos. Outro aspecto que deve ser levado em conta a respeito do efluente têxtil é a presença de grandes quantidades de sólidos totais decorrentes dos processos de purga, desengomagem e tingimento. Nocontexto citado acima segundo Silvestre (2018), a flotação por ar dissolvido (FAD) acaba se tornando uma alternativa viável para tratamento de águas de abastecimento e efluentes industriais que apresentam grandes quantidades de sólidos totais. A FAD é o método de flotação mais utilizado no tratamento de efluentes industriais (RUBIO et al., 2002). Segundo Edzwald (1995) o sistema de FAD pode ser aplicado na separação mineral, na clarificação de efluentes da indústria de papel, em combinados de esgoto e água de chuva, no tratamento de águas para abastecimento, entre outros. O método consiste na injeção de microbolhas de ar no efluente a ser tratado, promovendo o arraste de materiais em suspensão que são menos densos que a água e têm maior facilidade de acúmulo na superfície líquida, como óleos e gorduras. Segundo Schofield (2001), as principais vantagens provenientes da FAD em sistemas de clarificação são: unidades compactas; utilização reduzida de produtos químicos, muitas vezes não requer necessidade de auxílio de polímeros; relativamente robusto às variações hidráulicas e de qualidade do efluente. Entretanto, o autor também apresenta as desvantagens do sistema FAD, sendo elas: precisa da utilização de energia elétrica para funcionamento; altos custos de serviço; grande número de variáveis no controle do processo, entre outros. Este trabalho teve como objetivo a realização de um dimensionamento utilizando-se de parâmetros empregados na indústria têxtil de grande porte do município de Natal - Rio Grande do Norte para modelo FAD, levando em conta fatores de projeto como vazão de entrada do efluente, pressão atmosférica local, temperatura, densidade de ar saturado, vazão de retorno, eficiência do saturador, constante da Lei de Henry, concentração de massa de ar no efluente, concentração de ar na água de recirculação, diâmetro de bolha, entre outros. Após o dimensionamento do sistema, foi realizado o modelamento do projeto com a utilização de software de CAD. 3 2 Revisão Bibliográfica Para o entendimento do dimensionamento do projeto e consequentemente sua modelagem, é imprescindível o entendimento dos processos que são realizados na indústria têxtil, as características destes efluentes e o sistema de tratamento selecionado. 2.1 Indústria Têxtil O Brasil possui um segmento têxtil muito amplo, que vai da produção e beneficiamento da matéria prima (lã, algodão e entre outros), vestuário, até desenvolvimento de novas tecnologias e maquinário. Com base nesse contexto, é preciso considerar que: A cadeia têxtil produziu em 2015 aproximadamente R$131 bilhões, que é equivalente a 5,8% do valor total da produção da indústria brasileira de transformação, aí excluídas as atividades de extração mineral e construção civil, que complementam o setor secundário da economia (SEBRAE, 2015, p.18) O estudo citado acima reforça a influência deste setor no cenário da economia nacional. Além disso, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção – ABIT, em 2019, o Brasil possui a maior cadeia produtiva integrada do hemisfério ocidental. Além de grande importância na economia nacional, o setor têxtil influencia na geração de empregos e receita na economia do estado do Rio Grande do Norte. Segundo o estudo da Competitividade dos Setores Têxtil e Confeccionista no Estado do Rio Grande do Norte elaborado em 2015 pelo Sebrae, a indústria têxtil e confeccionista no Rio Grande do Norte movimenta cerca de R$4,7 bilhões anualmente e gera cerca de 45 mil empregos, seja de forma direta ou indiretamente. Além disso, a produção de peças de vestuário do Rio Grande do Norte representa 3,4% do montante produzido no país. Das centenas de empresas estabelecidas no estado do Rio Grande do Norte, vale-se destacar as seguintes empresas: Hering, Vicunha Têxtil e Guararapes. A primeira empresa citada foi fundada em 1880 no estado de Santa Catarina, e veio estabelecer suas atividades na cidade de Parnamirim em 2000. A Vicunha têxtil é a 4 maior produtora de Denim da América do Sul com unidades espalhadas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e São Paulo, além de uma fábrica no Equador e filiais de vendas na América do Sul (Argentina) e Europa (Suíça). A Guararapes é uma empresa iniciada no estado do Rio Grande do Norte, e é referência nacional em diversas áreas do mercado e conta com mais de 200 000 m² de área construída no estado. 2.2 Descrição dos processos industriais O processamento têxtil pode ser basicamente resumido em Fiação, Tecelagem e Acabamento (BELTRAME, 2000). A fiação pode ser definida como processo da fibra crua em fios ou tecidos não acabados, é uma operação mecânica e não gera efluentes. Os efluentes do setor têxtil são formados na engomagem das fibras e nos diferentes processos de acabamento. 2.2.1 Tipos de fibras têxteis As fibras têxteis podem ser classificadas em dois grandes grupos: naturais e sintéticas, conforme apresentado a figura 2.1. As fibras naturais podem ser de origem vegetal (algodão, juta, cânhamo, rami, sisal e linho), origem mineral (amianto) ou de origem animal (seda e lã). As fibras sintéticas, por sua vez, dividem-se em polímeros naturais (raion viscose, raion acetato) e polímeros sintéticos (acrílico, elastano, poliamida, poliéster) (BELTRAME, 2000). 5 Figura 2.1 – Classificação das fibras têxteis (Fonte:Alcântara e Daltin,1995) O Brasil, e principalmente o Nordeste, se destaca pela alta produção de fios de algodão. Isto deve-se ao fato de ser esta a matéria prima mais frequente, ter excelente absorção, ser agradável ao uso e possuir preços acessíveis (BELTRAME, 2000). Segundo Gorini (2000), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de malhas com predominância de algodão, somente atrás dos Estados Unidos e da Índia, e por isso, os processos com algodão tiveram ênfase dada por este trabalho. 2.2.2 Fiação O processo de fiação é iniciado com o algodão na forma de fardos e depois de abertos, segue para o batedor, onde a desagregação das fibras e a limpeza ocorrem. Dependendo da aplicação, pode-se ter mistura de fibras no batedor entretanto, como estas possuem características diferentes não se misturam (BELTRAME,2000). No processo de fiação, ocorre atrito entre as fibras com outros materiais que acabam gerando cargas elétricas superficiais. E o resultado destas cargas é a repulsão entre as fibras, provocando a expulsão das fibrilas em forma de pó. O pó acaba sendo retirado com a inserção de óleos lubrificantes (BELTRAME,2000). 6 Segundo a autora, a etoxilação ou adição de emulsionantes tem a finalidade de tornar estes óleos solúveis em água para facilitar a remoção por lavagem. Logo após, as fibras são retiradas desse banho com óleo, e cardadas onde seguem para o próximo processo. Depois disso as fibras são paralelizadas e ocorre a remoção das fibras curtas. A manta é estirada e sai da carda em forma de fitas. Em seguida as fitas são juntadas no passador e conduzidas a maçaroqueira. Na maçaroqueira elas sofrem estiramento e redução da massa por metro unitário .Com isso, o pavio segue para os filatórios onde são estirados e torcidos resultando no fio. 2.2.3 Tecelagem A Tecelagem pode ser classificada em três tipos: tecelagem de tecido plano, tecelagem de tecido de malha e tecidos não tecidos. De acordo com a norma NBR13370, não tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras ou filamentos, orientados direcionalmente ou a acaso, consolidados por fricção (processo mecânico) e/ou adesão (processo químico) e ou coesão (térmico) e combinação destes. Outra forma de obtenção de não tecidos é a adição direta das fibras á emulsão de polímeros, formando uma suspensão que é depositada na forma de filme e secada (BELTRAME, 2000). Estes produtos tem grande aplicação na produção de fraldas descartáveis, absorventeshigiênicos, produtos hospitalares e produtos industriais (ALCÂNTARA E DALTIN, 1995). A tecelagem de tecido de malha consiste no entrelaçamento de fios em forma de laçadas, feitas por um conjunto de agulhas com um só fio que corre em forma de espiral (BELTRAME, 2000). Para reduzir o coeficiente de atrito e diminuir as tensões na tecelagem de tecidos de malha, é recorrente que haja lubrificação dos fios ou parafinação, reduzindo as tensões existentes. Os tecidos planos são caracterizados por entrelaçamento dos fios de trama que entram no tear no sentido transversal, com os fios que entram na máquina de tear no sentido longitudinal chamados de urdume formando ligamentos com ângulo de 90°. Os fios de urdume sofrem maior atrito devido a tração ocasionada devido a velocidade 7 dos teares, e por isso, devem ser reforçados pelo processo da engomagem (BELTRAME,2000). 2.2.4 Processo de engomagem Segundo Beltrame (2000), A engomagem consiste na impregnação e revestimento dos fios de urdume com susbstâncias que formam um filme. O intuito da formação deste filme é de aumentar a resistência mecânica pela melhor adesão entre as fibras. A maior adesão entre as fibras torna o fio mais liso, e diminui as tensões e atritos sofridos, pois não possui fibras projetadas. De modo geral a goma deve ter (ALCÂNTARA E DALTIN,1995): • Poder de adesão adequado à fibra; • Poder de coesão; • Boa capacidade de formação de película; • Elasticidade e resistência a ruptura; • Resistência à abrasão; • Boa fluidez; • Bom poder de penetração; • Flexibilidade e maleabilidade; • Impor lubrificação aos fios engomados; • Ser razoavelmente hidroscópica; • Ser resistente ao mofo; • Ser facilmente retirada; • Ser econômica. As substâncias engomantes que são utilizadas na produção industrial são apresentadas na tabela 2.1 8 Tabela 2.1 - Tipos de Engomantes ENGOMANTE PRINCIPAL ALGODÃO LÃ MISTURA DE POLIESTER (1) ACRÍLICO ACETATO E NYLON POLIÉSTER Amido (2) X X X X CMC (3) X X X X PVA (4) X X X X X PVAc (5) X X X X X Poliacrilatos poliésteres X X X X X X (1) Misturas de poliéster com algodão, lã e/ou viscose; (2) Amido e seus derivados; CMA (carboximetilamido), amido etoxilado e amido hidroxilado; (3) Carboximetilcelulose; (4) Álcool polivinílico; (5) Acetato de polivinila. (Alcântara e Daltin,1995) De acordo com Beltrame (2000), o amido de milho ainda é o mais utilizado como agente engomante, e é aplicado após os tecidos serem cozidos em água. Devido a necessidade de aplicação de agentes auxiliares para a melhora do desempenho, o amido acaba não sendo o mais indicado para aplicações em geral. Além disso, apresenta problemas para a retirada do tecido e aumenta a DBO do efluente. Outro engomante que também é utilizado no processo é o álcool polivinílico, a carboximetilcelulose, carboximetilamido ou poliacrilatos. Existem misturas de amido com poliacrilatos, que são denominadas de “blends”. De acordo com Alcântara e Daltin (1995), essas misturas aumentam a adesividade da goma e impedem a formação do pó, e os “blends nobres” são misturas sem amidos que são hidrossolúveis, que acaba facilitando o processo de retirada posteriormente. A composição da goma utilizada no processo de engomagem é um assunto complexo, que envolve diversas variáveis como a qualidade desejada do fio, a matéria prima, o tipo de tecido desejado na saída e o tipo de equipamento utilizado. Geralmente a goma utiliza cerca de 5 a 6% de lubrificantes para a proteção da película e deslizamento do fio, porém este valor pode variar com a fibra, como é apresentado na tabela 2.2. Os auxiliares de engomagem são utilizados em uma proporção de 1 a 9 2%, e tem como função o aumento de características específicas do fio, como apresentado na tabela 2.3. Tabela 2.2 - Tipos de lubrificantes utilizados SUBSTRATO AGENTES LUBRIFICANTES 100% Algodão; Algodão Poliéster; Poliéster/viscose - Sebo e derivados (Hidrogenados ou sulfatados) - Ácidos graxos e derivados (ésteres de glicerina, de ácido esteárico, oleico ou de sebo) - Parafinas 100% Nylon 100% Poliéster - Óleos minerais emulsionados ou etoxilados (Fonte: Alcântara e Daltin,1995) 10 Tabela 2.3 - Auxiliares utilizados na formulação de goma PRODUTO FUNÇÃO BASES QUÍMICAS MAIS USADAS Fluidificante Melhora a viscosidade da goma Persulfato de sódio Penetrante Facilita a penetração de goma no fio; usado basicamente para amido Dioctilsulfosuccinato de sódio; Glicose Agente após enceragem Aplicado em um banho após a engomagem. Funciona como lubrificante de superfície Sebo hidrogenado; Óleos vegetais etoxilados ou sulfatados; Ceras de polietileno Reforçados de películas Melhora a resistência da película de amido Carboximetilcelulose (CMC) Álcool polivinílico (PVA) Carboximetilamido (CMA) Poliacrilatos Plastificante (geralmente para fios sintéticos) Aumenta adesividade da goma ao fio e sua elasticidade Trietilenoglicol; Poliacrilatos; PVA Agente higroscópico Mantém a umidade do fio engomado para evitar a descolagem da goma e formação de pó durante a tecelagem Uréia; Polietilenoglicol de alto peso molecular; Sorbitol; Glicerina; Glicose Antiespumante Evita extravasão do banho por formação de espuma Suspensão de estearato de alumínio em óleos minerais; Álcoois graxos fosfatados; Microemulsão de silicone Agente Antimofo Evita ataque microbiológico aos urdumes engomados Sál sódico de orto-fenil-fenol; Formol; Benzoatos; (Fonte: Alcântara e Daltin,1995) O processo de engomagem dos fios de urdume é realizado em uma máquina denominada engomadeira, em um processo contínuo. Os fios são desenrolados e mergulhados em banho contendo a goma, lubrificantes e auxiliares. Na saída da máquina os fios são espremidos para que o excesso de goma seja removido, e são enviados para prensagem aonde são secos em rolos aquecidos. 11 2.2.5 Beneficiamento De forma geral, o beneficiamento têxtil tem como intuito melhorar as características físico-químicas do tecido quanto à aparência, capacidade de absorção de água e aumento da resistência. O beneficiamento é classificado em três tipos: beneficiamento primário, secundário e terciário. O beneficiamento primário recebe este nome pois geralmente são os primeiros tratamentos recebidos pelo tecido após a saída do tear, e são necessários para qualquer tingimento, estampagem ou acabamento que seja efetuado no tecido. O processo consiste em operação de limpeza para eliminação de óleos e aditivos utilizados nos processos de tecelagem. Dentro desta classificação se encontram os processos de desengomagem, purga, mercerização e alvejamento que serão apresentados ao longo deste trabalho. O beneficiamento secundário consiste no processo de tingimento do tecido, que pode ser definido como processo no qual os corantes são aplicados ao material têxtil (TWARDOKUS, 2004). O beneficiamento terciário consiste na eliminação das substâncias que não reagiram com a fibra do fio, que para garantir maior solidez no produto final, devem ser removidas. O fio é amaciado com a utilização de produtos amaciantes (graxas especiais, gorduras), que tem como função melhorar o fio. 2.2.6 Desengomagem A primeira etapa do processo de beneficiamento é denominada desengomagem, que tem como intuito a remoção da goma que se encontra no tecido com intuito de torna-lo mais absorvente. O fator de extrema importância para este processo é a escolha da formulação da engomagem. De acordo com Alcântara e Daltin (1995), a utilização de produtos solúveis em água como a carboximetilcelulose, carboximetilamido ou poliacriato conseguem ser facilmente removidos com simples lavagem do tecido com tensoativo, este processo é denominado de ensaboamento. Segundo Patza (2006),a forma mais utilizada para medir a quantidade de matéria orgânica presente no efluente é através 12 da determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), e este parâmetro mede a quantidade de oxigênio necessária para estabilização biológica da matéria orgânica. Outra forma de medir a quantidade de matéria orgânica indiretamente é através da DQO (Demanda Química de Oxigênio) (PATZA,2006). Segundo o autor, este ensaio laboratorial determina a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a fração orgânica presente em uma amostra, e envolve todos os tipos de demandas de oxigênio, incluindo DBO. Entretanto, se a goma utilizada for de fórmula que tenha como base o amido, será necessário a realização da degradação por enzimas (amilase) ou por oxidação com peróxidos. A principal vantagem da desengomagem oxidativa é a redução da relação Demanda Química de Oxigênio /Demanda Biológica de Oxigênio do efluente (Hickman,1993). A relação entre DQO/DBO é de extrema importância para o processo de escolha do tratamento de efluentes adequado, uma redução no valor da razão pode ocasionar em um tratamento diferente, havendo a possibilidade dos custos do sistema variarem e o consumo de elementos de dosagem também. A redução do da Demanda Química de Oxigênio é apresentada na tabela 2.4. Tabela 2.4 - Redução da DQO (em mg/l) em consequência da desengomagem oxidativa 3 ° Estágio 2 ° Estágio 1°Estágio Degradação por enzimas 95 800 Ensaboamento/ desengomagem oxidativa 59 400 91 290 Alvejante 11 000 22 100 191 000 TOTAL 166 200 113 390 191 000 (Fonte:Hickman,1993) A tabela 2.4 mostra que a remoção da DQO no primeiro estágio ocorre apenas devido a utilização do alvejante. Já no 2° estágio, a remoção de DQO é causada pelo processo de desengomagem oxidativa e de alvejante. No terceiro estágio, a remoção de DQO é aumentada com a degradação por enzimas. A degradação realizada pelas enzimas é de extrema importância para as etapas do tratamento de efluentes provenientes da desengomagem, e a redução do número de processos reduz o 13 impacto ambiental causado pelo efluente, além de reduzir os custos relacionados a esses sistema. 2.2.7 Mercerização A Mercerização é o processo geralmente aplicado a tecidos de algodão ou de linho, e consiste no mergulho do tecido em uma solução de hidróxido de sódio concentrado a temperaturas de até 18°C. A mercerização confere ao material têxtil celulósico características como (ALCÂNTARA E DALTIN, 1995): • Brilho acentuado, uma vez que deixa as fibras mais esticadas aumentando reflexão; • Maior afinidade aos corantes, devido ao inchamento do fio; • Superfície mais lisa; • Maior resistência a ruptura; • Maior capacidade de absorção de água; • Pré encolhimento. Outro fator de extrema importância é que uma fibra que passa pelo processo de mercerização necessita de menos corante para possuir uma coloração com a mesma intensidade do que uma fibra não mercerizada. De acordo com Alcântara e Daltin (2008), para cores claras o consumo de corante é 10 até 15% menor e para cores escuras ocorre uma redução maior, que varia entre 25 a 30%. 2.2.8 Purga A purga é um processo de lavagem do tecido ou malha com a finalidade de retirar da superfície das fibras impurezas, tais como: óleos lubrificantes, ceras naturais ou até agentes de pós enceragem que podem causar a não uniformidade do tecido que pode ter grandes consequências para produção com a perda de qualidade. A fibra do algodão consiste em média por 90% de celulose e 10% de impurezas (BELTRAME, 2000). Entre estas impurezas estão gorduras, ceras, pectinas e sais minerais, que concedem a fibra um caráter hidrófobo e impedem as operações de beneficiamento (ARAÚJO E CASTRO,1987). 14 Segundo Alcântara e Daltin (1995), as fibras de algodão acabam não sendo hidrofílicas de maneira uniforme e isso interfere na obtenção de cores regulares e satisfatórias. Para que siga para os processos de tingimento e estamparia, é necessário que o tecido esteja limpo para que seja assegurada a penetração dos corantes, evitando um desperdício de produtos químicos e reduzindo o impacto ambiental. O processo de purga consiste em um tratamento com solução de hidróxido de sódio concentrado, junto com um detergente com alta capacidade de dispersão. O enxágue é efetuado em água fervente para assegurar uma boa eliminação das ceras emulsionadas (BELTRAME, 2000). 2.2.9 Alvejamento O Alvejamento é o processo utilizado para que se obtenha brancura no tecido, sendo de extrema importância quando há necessidade de ter tecidos claros ou brancos. São utilizados alvejantes químicos como por exemplo: peróxido de hidrogênio, clorito de sódio e hidrossulfito de sódio e sua escolha será realizada com base no fio e no equipamento utilizado na indústria. Além disso, deve-se levar em conta parâmetros como temperatura, tempo de contato e métodos adequados (ALCÂNTRA E DALTIN, 1995). 2.2.10 Tingimento O tingimento é o processo onde se tem a aplicação de corantes aos substratos têxteis, com o objetivo de alterar a coloração original do tecido. É importante dizer que não há corante que tinja todas as fibras existentes e não há uma fibra que possa ser tingida por todos os corantes conhecidos (ALCÂNTRA E DALTIN, 1995). O material a ser tingido é o determinante principal de todo o processo, e a escolha do corante adequado deve satisfazer as seguintes características (BELTRAME, 2000): 15 • Afinidade – O corante deve fazer parte integrante da fibra após o tingimento; • Igualização – a cor obtida deve ser uniforme em toda extensão do material têxtil; • Solidez – Resistência aos agentes desencadeadores de desbotamento como lavagem, suor, água clorada, luz e entre outros; • Economia – não ultrapassar as quantidades estritamente necessárias de corantes, produtos auxiliares e tempo do processo. O processo de tingimento pode ser subdividido em três partes: a montagem, fixação e tratamento final. A montagem é a etapa que o tecido recebe a tonalidade desejada pela solução, e pode ser realizada por esgotamento ou impregnação. No processo de esgotamento o tecido tem sua tensão superficial reduzida por meio de tensoativos, que ocasiona em uma maior absorção da solução com corante. Durante a impregnação, o corante acaba tendo contato com a fibra por meio de esforço mecânico. Depois do banho de corante, o tecido é prensado por dois rolos logo após, ele é enrolado e coberto com pad-batch, que acaba complementando a reação deste com o corante. É de extrema importância que todo o tecido esteja molhado de forma uniforme, e se caso não seja, existe a possibilidade da área que não foi bem umectada acabar resultando em uma cor diferente, ou seja, um tingimento não uniforme. Após o processo de montagem é iniciado o processo de fixação do corante ao tecido que acontece da seguinte forma: o tecido proveniente do processo de montagem chega com uma dilatação do fio maior devido aos processos explicados anteriormente, e para que o corante acabe sendo fixado ao tecido, ocorre um aumento de temperatura que acaba provocando a fixação por impedimento físico do material (ALCÂNTARA E DALTIN, 1995). A última etapa do processo é onde ocorre a lavagem do tecido, com uma solução a altas temperaturas e detergente, com o intuito de remover o excesso de corantes da malha. Este processo acaba sendo de extrema importância para que o 16 corante que não se ligou a fibra seja removido, para que este não venha a se soltar em um segundo momento que o tecido fique umedecido novamente. 2.2.11 Estamparia e Acabamento final Diferentemente do tingimento, a estamparia é um processo que visa gerar cores ou desenhos localizados. E por esse motivo, acaba sendo o setor da indústria têxtil que mais se aproxima da arte (BELTRAME, 2000). Os processos de estampagem são divididos em dois tiposprincipais, sendo eles a estampagem de tela e a estampagem rotativa. A estampagem de tela consiste na aplicação de um padrão ou desenho em um tecido por passagem de tinta em orifícios de uma tela (ALCÂNTARA E DALTIN, 1995). A superfície perfurada pode ser uma placa metálica ou de tecido, e seus orifícios são os espaços deixados pelo cruzamento da trama com o urdume. Em geral este processo é utilizado na produção de camisas, e tem extrema dependência com a forma que o operador as realiza e acaba dificultando a reprodutibilidade do processo. A estamparia rotativa é um processo mais moderno, e acabou substituindo o processo da estampagem de tela no setor industrial em geral. Diferente do processo descrito anteriormente, as telas são substituídas por cilindros de folha de cobre que possuem microperfurações, como o esquema apresentado na figura 2.2. Dentro destes cilindros, há um tubo perfurado que a pasta de estamparia é bombeada. 17 Figura 2.2 - Esquema de uma máquina de estamparia rotativa (Fonte:Alcântara e Daltin, 1995). A principal vantagem do processo é que os cilindros já possuem os padrões que serão estampados no tecido, e que com isso não há necessidade de ajustes. Outro ponto positivo segundo Alcântara e Daltin (1995), é de que este sistema tem a vantagem de se adaptar a diversas mudanças no tipo de tecido, diâmetro dos orifícios do cilindro, viscosidade da tinta usada e tudo isso devido ao sistema de pressão controlada no tubo que libera pasta de estamparia. Logo após a estampagem o tecido é levado para o setor de acabamento final, que tem como finalidade conferir ao tecido os aspectos que são desejados pelos consumidores e aumentar sua resistência. A melhora do tecido neste processo consiste na aplicação de resinas insolúveis para que o tecido consiga as seguintes características: • Aumento do brilho, tornando a superfície lisa por meio dos ácidos graxos ou ceras; • Aumentar a resistência ao desgaste através da aplicação de resina polimérica, que tem como função “prender” as fibras unidas; • Impedir o ataque microbiológico utilizando-se antibactericida a base de formol; • Impermeabilização; • Encorpantes para que o tecido pareça mais grosso, e isso é feito utilizando-se engomantes como amido; • Anti-mofo para evitar apodrecimento. 18 2.3 Caracterização dos efluentes Os inúmeros processos da indústria têxtil acabam gerando grandes quantidades de efluentes líquidos nas operações de limpeza, tingimento e acabamento. O conhecimento do tipo de efluente foi um dos pontos mais importantes para a realização deste trabalho. Como foi apresentado ao longo deste capítulo, a grande variedade de processos, de matéria prima, técnicas e equipamentos utilizados na indústria têxtil acaba ocasionando na variação dos despejos de cada processo, como mostrado na figura 2.3. Figura 2.3 - Despejos provenientes do processamento de tecidos de algodão e sintéticos. Onde: (a) DBO alta, muitos sólidos e pH de neutro a alcalino;(b) e (c) pH neutro, temperatura, DBO e teor de sólidos totais elevados; (d) temperatura elevada e altos teores de DBO, alcalinidade e teor de sólidos totais; (e) DBO elevada, pH alcalino e muitos sólidos; (f) DBO baixa, pH fortemente alcalino e poucos sólidos; (g) pH neutro a alcalino, muitos sólidos, e alta DBO; (h) elevada DBO, pH alcalino; (i) elevada DBO e pH alcalino; (j) DBO, sólidos e pH alcalino (Fonte:Braile e Cavalcanti, 1993) 19 Além disso, os resíduos que são decorrentes da composição dos despejos das várias seções que compõem o processo industrial têxtil de forma geral são classificados das seguintes formas (Braile e Cavalcanti,1993 e Beltrame, 2000): • Orgânicos: Amido, dextrinas, gomas glucose, graxas, pectinas, álcoois, ácido acético, sabões e detergentes; • Inorgânicos: hidróxido de sódio, carbonato, sulfato e cloreto. O volume que acaba sendo despejado é muito grande, e cerca de 100 m³ de água são consumidos em média para cada tonelada de tecido processado, gerando 100 kg de DQO (BERGNA et al., 1999). A tabela 2.5, apresenta o volume de despejo obtido nas etapas de produção. De acordo com Braile e Cavalcanti (1993), a caracterização dos despejos é feita de acordo com o processamento utilizado para o algodão, que é exemplificada na tabela 2.6. De acordo com Von Sperling (2008), todos os contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos contribuem para a carga de sólidos. No caso de esgoto, os sólidos são divididos por tamanho, e são divididos em dois tipos: • Sólidos em suspensão (particulados) (SS); • Sólidos dissolvidos (solúveis) (SD); A separação dos sólidos é feita passando-se a amostra por um papel de filtro com porosidade de tamanho padronizado (as dimensões variam de 0,45 a 2,0 µm). Os sólidos que ficam no filtro são considerados como suspensão, ao passo que os sólidos que passam com o filtrado são considerados dissolvidos (VON SPERLING, 2008). A junção dos sólidos dissolvidos com os em suspensão dá os sólidos totais (ST) do efluente, como é apresentado na tabela 2.6. 20 Tabela 2.5 - Volume dos despejos provenientes de uma indústria de tecidos de raiom viscose, algodão, poliéster-algodão e de poliéster-nylon Origem dos despejos Volume em m³/dia Tingimento de fios 80 Engomagem 4 Desengomagem e lavagem 864 Purga e lavagem 1 200 Alvejamento e lavagem 1 728 Mercerização e lavagem 1 037 Estamparia 549 Tinturaria 37 Lavagem (ensaboadeira) 1 350 Vaporização 5 Total 6 854 (Fonte: Braile e Cavalcanti,1993 e Beltrame, 2000) 21 Tabela 2.6 - Características dos despejos do processamento de algodão DESPEJOS pH ALCALINIDADE mg/L DBO mg/L ST mg/L TOTAL 𝐶𝑂3 − 𝐻𝐶𝑂3 − 𝑂𝐻− Engomadeira Forte 9,2 1 040 248 800 0 37 700 76 976 Diretamente da máquina 8,9 660 0 660 0 36 000 77 247 Fraco 7,2 334 0 34 0 1800 4 078 Desengomagem Goma de amido 7,2 202 0 202 0 5 130 23 000 Purga Tanque sob pressão 13,1 20 340 1 860 0 18 480 1 840 26 740 Tanque aberto 10 10 000 7800 2200 0 3 750 19 642 Primeira fervura Segunda fervura 9,8 7 400 5 800 1 600 0 2 280 16 064 Refervedor contínuo 13,1 20 400 6 600 0 13 800 5 800 39 605 Lavagem a quente 11,8 265 90 175 0 63 366 Alvejamento Cloro 9,5 290 90 200 0 119 2 310 Peróxido 9,6 1 265 560 705 0 1 200 9 040 Mercerização Direto 12,1 9 282 275 0 9 007 15 10 398 Lavagem 9,6 125 110 0 15 52 541 Tingimento Anilina Preta 38 0 38 0 40 831 Básico 6,3 65 0 65 0 167 628 Desenvolvimento 6,9 200 8 140 Direto 7,5 81 0 81 0 337 9 400 Índigo- lavagem alcalina 11,9 2 700 1 910 790 0 2 080 5 834 Lavagem índigo 11,25 2 200 1 400 800 0 928 1 132 Naftol 9,5 1 310 1 084 0 226 108 8 475 Banho contendo enxofre 10,5 4 200 3 600 600 0 3000 36 980 A cuba 9,6 714 660 0 54 129 1 770 Acabamento Forte (da máquina) 8,8 490 65 425 0 13 600 41 646 Fraco (lavagem) 7,1 37 0 37 0 680 2 050 (Fonte: adaptado de Braile e Cavalcanti, 1993) 22 2.4 Flotação Segundo Haarhoff (2008), os primeiros relatos de utilização de flotação para tratamento de água são da década de 1920, entretanto em 1960 países como Suécia, Finlândia, África do sul e Reino unido voltaram a demonstrar interesse no assunto. O processo de Flotação por Ar Dissolvido (FAD) atualmente se encontra difundido em vários países, principalmente na produção de água potável e a indústria de papel, desde pequenas estações até estações de porte industrial, como uma construída na cidade de Nova York com 1100.000 m³/dia (CROSSLEY E VALADE, 2006). A flotação é um processo de clarificação, que agrega microbolhas aos flocos fazendo que eles flutuem até a superfície (CROSSLEY E VALADE, 2006). Dessa forma, é um processo que apresenta as mais diversas aplicações como na indústria de minério, produção e tratamento de petróleo, reciclagem de papel,indústria alimentícia, bioengenharia e tratamento de efluentes e água potável. Existem três tipos principais de formas de flotação, quanto à formação de bolha: ar disperso, flotação eletrolítica e ar dissolvido (EDZWALD E HAARHOFF, 2011). Na Flotação por ar disperso as bolhas se formam por consequência da passagem de ar dentro dos difusores que possuem membranas porosas, ou por turbinas agitadas mecanicamente. Já a flotação eletrolítica tem a inserção de eletrólitos no efluente, com a passagem corrente elétrica formam bolhas. Enquanto na flotação por ar dissolvido, as bolhas são resultantes da redução da pressão da mistura água e ar proveniente de uma câmara de saturação. 2.4.1 Coagulação e Floculação Antes da apresentação dos conceitos necessários para o entendimento do processo de flotação por ar dissolvido, existe a necessidade de também entender os processos de coagulação e floculação e o seu papel no processo de clarificação do efluente. Segundo Silvestre (2018), uma etapa que acontece que é de extrema importância para tratamento do efluente é o processo de coagulação/floculação, onde a mistura de coagulantes e/ou floculantes são misturados com o efluente a ser tratado, seguido pela flotação em si, que ocorre no tanque de flotação. 23 A coagulação é o processo de desestabilização das forças elétricas de repulsão e atração que interagem entre as partículas da solução, permitindo que elas se agreguem (CARDOSO, 2003). A desestabilização pode ocorrer na superfície dos coloides, que são partículas sólidas com tamanho variando de 10−3µ𝑚 até 1µm. Os colóides são caracterizados pela presença de cargas elétricas na sua superfície, e isso possibilita processo de adsorção de espécies hidrolisadas dos coagulantes na superfície dos coloides, pois estas possuem cargas opostas. Para o processo de coagulação é necessária a mistura rápida, e a floculação acontece na etapa de mistura lenta. A mistura rápida tem como objetivo dissipar o coagulante, de forma que haja a melhor difusão de maneira mais rápida e homogênea possível, visto que as quantidades de coagulantes são pequenas comparadas com o volume de efluente. Durante a etapa de mistura lenta, segunda etapa a qual acontece após a desestabilização das partículas e formação dos coágulos, inicia-se então a floculação, que ocorre na fase de mistura lenta. A floculação consiste na agitação lenta, para que ocorram choques suaves entre partículas para que se aglomerem formando partículas maiores, formando os flocos. Para que sejam determinadas as dosagens adequadas de coagulantes e de floculantes, há a necessidade da realização de testes de bancada, conhecidos como Jar test. Com objetivo de verificar a eficiência da remoção de partículas, a turbidez é medida no início como no final de cada teste (SILVESTRE, 2018). Tal parâmetro indica uma medida indireta da quantidade de partículas sólidas em uma amostra (EDZWALD E HAARCHOFF, 2011). Depois que as dosagens são determinadas por meio de experimento, é possível dimensionar a quantidade de coagulante necessário para o projeto. 2.4.2 Flotação por Ar Dissolvido Segundo Rubio et al. (2002), a flotação por ar dissolvido (FAD) é reconhecida por ser um dos meios mais econômicos e efetivos de recuperação e remoção de sólidos, íons, microrganismo, redução de DQO e DBO e espessamento de lodo no tratamento de efluentes domésticos e de efluentes industriais. 24 Existem diversas aplicações para o uso de FAD, como por exemplo: flotação de gordura, graxas e sólidos suspensos de efluentes alimentícios, tratamento de água potável e tratamento de efluentes do setor de mineração (RUBIO, 2002). Além das diversas aplicações, as principais vantagens do processo de flotação por ar dissolvido, segundo Zabel (1985) são: maior flexibilidade, menor tempo de partida, maior facilidade em lidar com o lodo gerado, tanques rasos e tamanho compacto. O processo de flotação por ar dissolvido (FAD), apresentado na figura 2.4 tem início com a geração e inserção de microbolhas nos saturadores, que consistem em tanques ou tubulações projetadas para que recebam a mistura saturada de ar e água sob altas pressões (serão apresentados mais detalhes sobre as zonas de tanque de flotação na seção 2.4.3 Tanque de Flotação e Vaso de Saturação). As altas pressões nas câmaras de saturação que permitem a nucleação de bolhas de 10 a 100µm. A água saturada é bombeada da câmara de saturação para a câmara de mistura, onde o efluente é clarificado. Neste processo bolhas formadas aderem nas partículas sólidas suspensas na água e reduzem sua densidade, e dessa maneira, o conjunto partículas sólidas-bolhas acumula-se na superfície do líquido, e a água clarificada é enviada para próximas etapas do tratamento de efluente. 25 Figura 2.4 - Diagrama sistema com fluxo contínuo em modo de recirculação pressurizada (Fonte: Fonseca,2017) 2.4.3 Tanque de flotação e Vaso de Saturação Depois que o efluente já passou pelo processo de coagulação e floculação, a flotação já pode ser realizada. Seguindo para o tanque de flotação, o efluente acaba se chocando com as microbolhas que são provenientes do vaso de saturação em uma região que a maioria dos autores define como zona de contato, como apresentado na figura 2.5. Os flocos se chocam contra as microbolhas, e acabam formando agregados de densidade menor que a da água, o que acaba permitindo a flutuação dos sólidos para superfície na zona de separação, que é constituída pela parte superior do tanque de separação. Com o tempo, a camada dos agregados bolha-flocos é concentrada, formando um lodo que pode ser coletado e removido através de raspadores ou pelo próprio fluxo do efluente (EDZWALD e HAARHOFF,2011). 26 Figura 2.5 - Esquema do tanque de flotação de um sistema de FAD (Fonte:adaptado de Silvestre,2018) O processo dimensionado neste trabalho é um FAD por recirculação pressurizada, então parte do efluente clarificado é reenviado para o processo de saturação, e essa vazão de recirculação é denominada de 𝑞 , enquanto a vazão do efluente é dada por 𝑄. A taxa de recirculação segundo Edzwald (2011) é dada entre 6 a 12%, e sua fórmula será apresentada no capítulo 3. 27 3 Metodologia Para o dimensionamento e concepção do modelo de Flotação por Ar Dissolvido (FAD) deste trabalho, com o objetivo de simular de maneira mais próxima da realidade, utilizou-se como base o modelo desenvolvido por Edzwald et al. (1990) no qual explica a colisão e a adesão das microbolhas aos flocos através dos fenômenos de difusão, interceptação e sedimentação em condições de fluxo laminar (Richter, 2009). taxa de recirculação (𝑟) é a razão entre a vazão de retorno (𝑞) que geralmente é filtrada ou clarificada, que será enviada a câmara de saturação pressurizada por meio de uma bomba e recirculada ao sistema, e a vazão de entrada de efluente da estação (𝑄). Quando água é misturada ao ar sob um certo valor de pressão, o ar se dissolve até uma concentração de saturação 𝐶𝑠𝑎𝑡 que é definida pela lei de Henry (3.2). Na qual 𝜂 é a eficiência do tanque de saturação, 𝐾𝐻 é a constante da lei de Henry para o ar em diferentes temperaturas, como a tabela 3.1, e pressão absoluta 𝑃 ,em atm. Nessa fórmula, podemos perceber que a concentração de saturação depende das variáveis pressão e temperatura. Para que a câmara de saturação forneça a quantidade de ar (𝑞𝑎𝑟) necessária para o processo de FAD, é usada a seguinte a Eq. (3.3): 𝑟 = 𝑞 𝑄 (3.1) 𝐶𝑠𝑎𝑡 = 𝜂 𝐾𝐻𝑃 (3.2) 𝑞𝑎𝑟 = (1 + 𝑟) 𝑄 𝐶𝑟 𝜌𝑠𝑎𝑡 (3.3) 28 Tabela 3.1 - Constantes da lei de Henry para o ar Temperatura (C°) (mg/L)/atm (mg/L)/kPa (mg/L) / (kg/ cm²) (mg/L) / (mca) 0 37,3 0,405 36,1 3,61 5 32,7 0,330 31,7 3,17 10 29,3 0,293 28,4 2,84 15 26,9 0,272 26,0 2,60 20 24,3 0,239 23,5 2,35 25 21,7 0,219 21,0 2,10 30 20,90,202 20,2 2,02 (Fonte: Richter,2009) A densidade de ar saturado com vapor de água é representada pela variável 𝜌𝑠𝑎𝑡, conforme apresentado na tabela 3.2 A concentração de massa de ar por unidade de volume de efluente (𝐶𝑟) liberado na zona de reação pode ser representado por: Em que 𝐶𝑎𝑡𝑚 é a concentração de ar na água de recirculação na saída do tanque de saturação, que se encontra na pressão atmosférica e calculada conforme a Eq (3.5): Com a obtenção dos valores de 𝐶𝑎𝑡𝑚 pode-se calcular a concentração em volume de ar liberado (𝜑𝑏 ) na zona de contato da água saturada com o efluente através da Eq. (3.6): O valor de 𝜑𝑏 é adimensional. Com a concentração de volume de ar, pode-se calcular o número de bolhas (𝑁𝑏) liberados por unidade de volume pela equação (3.7): 𝐶𝑟 = 𝑟 1 + 𝑟 (𝐶𝑠𝑎𝑡 − 𝐶𝑎𝑡𝑚) (3.4) 𝐶𝑎𝑡𝑚 = 𝐾𝐻 ∗ 𝑃 (3.5) 𝜑𝑏 = 𝐶𝑟 𝜌𝑠𝑎𝑡 (3.6) 29 Tabela 3.2 - Densidade do ar saturado a diversas temperaturas Temp .(C°) 0 5 10 15 20 25 30 35 𝜌𝑠𝑎𝑡 (mg/L) 1.207 1.263 1.237 1.211 1.187 1.161 1.133 1.106 (Fonte: Richter,2009) Na qual 𝑑𝑏 é o diâmetro de bolha, geralmente dado em 𝜇𝑚. Para que o processo de Flotação por Ar Dissolvido tenha sucesso, o número de bolhas deve superar o número de flocos. 3.1 Dimensionamento Saturador O funcionamento do processo de saturação acontece da seguinte forma: o saturador é preenchido com água vinda de fonte externa, e uma pequena parte é proveniente da vazão de retorno (𝑞) pós tratamento. O tanque é preenchido até sua altura máxima (normalmente controlada por sistema de boias) e logo após, é injetado ar nesse sistema por um ou mais sopradores. Com a inserção de ar no saturador, a pressão interna da câmara começa a subir e o ar é difundido dentro do líquido. Quando essa água agora saturada atinge uma pressão pré-determinada, essa mistura água e ar é bombeada para zona de reação. A relação entre o volume de ar dissolvido e o volume de água limpa utilizada na câmara de saturação em função do processo de saturação é apresentado na Fig. (3.1). Com base no gráfico apresentado, pode-se concluir que a eficiência de uma câmara de saturação na dissolução de ar com coluna de recheio depende essencialmente da altura da coluna e da taxa de aplicação superficial. Apesar da massa de ar dissolvido ter influência direta com a pressão, esta não apresentou mudanças nas eficiências do sistema para saturadores com pressão acima de 3 atm (Richter,2009). 𝑁𝑏 = 6 ∙ 𝜑𝑏 𝜋 ∙ 𝑑𝑏 3 (3.7) 30 Figura 3.1 – Gráfico Volume de ar dissolvido na água em função da pressão manométrica de saturação (Fonte: Richter, 2009) Segundo NBR 12209 Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário - Procedimento, taxa de escoamento superficial é a relação entre vazão do efluente líquido de uma unidade de tratamento e a área horizontal sobre a qual é distribuída. As taxas de escoamento aplicadas em geral são na ordem de 350 –1300 m³/m² ∙ dia segundo Richter (2009). A taxa de escoamento superficial, definida na literatura por V é calculada pela Eq. (3.8): Na qual 𝑞 é a vazão de recirculação do sistema (apresentada anteriormente) e 𝑎 é a área da seção transversal do vaso de saturação. Tal área é um parâmetro extremamente importante para dimensionamento do tanque, pois é delimitada por limitações estruturais e econômicas. Outro fator importante para dimensionamento é carga hidráulica (𝐿), que representa o fluxo de massa de ar sendo dissolvido por unidade de área do tanque kg/s ∙ m². A carga hidráulica é dada pela Eq. (3.9): 𝑉 = 𝑞 𝑎 (3.8) 𝐿 = 𝜌𝑉 (3.9) 31 Inserindo a Eq. (3.8) na Eq. (3.9), tem-se: Em que 𝜌 é a densidade da água (kg/m³), 𝐴 a área da seção transversal do vaso de saturação (m²) e 𝑞 vazão de recirculação (m³/s). As taxas em geral variam entre 4 e 15 kg/s ∙ m², segundo Richter (2009). 3.2 Formação das microbolhas A eficiência da FAD depende da quantidade e do tamanho das microbolhas que são formadas na zona de contato. O diâmetro desses núcleos é denominado 𝑑𝑛𝑏, a determinação deste diâmetro é calculada pela Eq. (3.11): Na qual 𝜎 é a tensão superficial da água (N/m) e Δ𝑃 diferencial de pressão dado em Pa, determinado no projeto. O diâmetro das bolhas, segundo Richter (2009) devem estar entre 30 𝜇𝑚 e 100 𝜇𝑚 com valor médio em torno de 40-50 𝜇𝑚. 3.3 Dimensionamento de tanques de flotação A zona de reação é a primeira região em que o efluente entra em contato com a mistura proveniente do saturador composta por água e ar. O dimensionamento da zona de reação, semelhante aos adensadores por gravidade, é baseado no critério da taxa de escoamento superficial. Outro ponto de extrema importância para o processo de FAD são os dimensionamentos dos tanques de flotação, e estes são baseados no critério da taxa de escoamento superficial sendo normalmente aplicadas taxa de ordem de 240 – 300 m³/m³ ∙ dia segundo Richter (2009). A profundidade dos tanques varia entre 1,60 a 3 m, porém é preferível que a profundidade seja maior que 2 m. Segundo Richter (2009), a separação entre a zona de contato e a zona de separação é feita por meio de uma chicana inclinada de 60° a 75°, com o intuito de dirigir o fluxo para a superfície do tanque e gradualmente reduzir a velocidade a um valor que mantenha a estabilidade da camada de microbolhas acumulada na superfície. 𝑎 ∙ 𝐿 = 𝜌 ∙ 𝑞 (3.10) 𝑑𝑛𝑏 = 4 𝜎 Δ𝑃 (3.11) 32 O cálculo de área da zona de flotação deve levar em conta a vazão 𝑄 do efluente a ser flotado, a vazão de retorno de 𝑞 e 𝑉 a taxa superficial descrita acima é definido por Eq (3.12): O tamanho máximo de uma unidade de flotação é limitado em condições hidráulicas e do sistema de remoção de lodo em até 80 m². 𝐴 = 𝑄 + 𝑞 𝑉 (3.12) 33 4 Resultados A planta piloto de FAD foi dimensionada conforme as equações apresentadas no capítulo 3 e possui os seguintes itens: tanque de flotação, vaso saturador, sistema de pressurização constituído por conjunto de bombas centrífugas e compressor radial. Os equipamentos citados acima foram dimensionados conforme os seguintes parâmetros: vazão do efluente, taxa de recirculação, eficiência do saturador, pressão de saturação, volume de ar liberado, diâmetro da bolha e diferencial de pressão. Os valores de cada variável serão apresentados e justificados na seção de Planilha de dimensionamento. 4.1 Planilha de Dimensionamento A vazão de entrada de efluente foi pré-estabelecida como 100 m³/h, que representa uma vazão típica em estação de tratamento de efluente produzida por empresas de grande porte como Guararapes e Vicunha Têxtil. A temperatura considerada para o projeto dimensionado foi de 30°C, devido ao estado do Rio Grande do Norte apresentar faixas de valores próximas a essa temperatura ao longo dos meses do ano. A pressão atmosférica utilizada para a obtenção dos resultados realizados foi de 1 atm, considerando que a cidade de Natal está no nível do mar. A vazão de recirculação foi estabelecida conforme realizado no trabalho de Moruzzi e Reali (2007). Com os dados de vazão de entrada do efluente e vazão de recirculação, calculou-se vazão de retorno do efluente conforme a Eq 3.1. Após dimensionadas as vazões, foi calculado o valor de 𝐶𝑠𝑎𝑡, utilizando-se dos valores de eficiência do saturador η obtido de Fonseca (2017), constante da Lei de Henry KH (Richter,2009) para temperatura de 30°C e de pressão absoluta P de 5,4 atm (Teixeira,2003). O valor de 𝐶𝑎𝑡𝑚é obtido conforme apresentado na Eq 3.5. Após os valores de 𝐶𝑠𝑎𝑡 e 𝐶𝑎𝑡𝑚 serem obtidos conforme as equações apresentadas no capítulo 3, a concentração de massa de ar no efluente 𝐶𝑟 foi calculada conforme a equação 3.6. Os valores de densidade de ar saturado com vapor de água 𝝆𝒔𝒂𝒕 para temperatura de 30°C foram obtidos de Richter,conforme apresentado na Tabela 3.2. 34 O dimensionamento do compressor radial foi realizado conforme o cálculo da vazão de ar para câmara de saturação 𝒒𝒂𝒓, apresentado na equação 3.3. Segundo Richter (2009), recomenda-se que a compra do compressor seja realizada multiplicando-se a vazão obtida por um fator de segurança de 50%, então o compressor deve ter a capacidade de 1100 m³/h. Depois de dimensionado a vazão do compressor radial, foi calculado o volume de ar liberado 𝝋𝒃 conforme Eq (3.6). O diâmetro da bolha selecionado para o sistema foi de acordo com Chu (2008), que se utilizou de um diâmetro de bolha de 45 µ𝑚, valor que se apresenta entre os limites apresentados por Richter (2009). O número de bolhas foi dimensionado conforme a Eq 3.7. Um dos fatores mais importantes para dimensionamento do saturador é a taxa de escoamento superficial V e depende diretamente da taxa de retorno do efluente e das dimensões do tanque. As dimensões do vaso de saturação foram selecionadas conforme consulta realizada com as principais fontes fornecedoras de tanques para as empresas têxteis do estado, com o intuito de reduzir os custos do projeto do projeto, foi selecionado um tanque com diâmetro de 1,4 m e altura de 1,4 metros feito de ferro fundido. Como apresentado na Eq. 3.8, a taxa de escoamento superficial V depende diretamente da taxa de retorno do efluente e das dimensões do tanque. O valor calculado se encontra entre a faixa aceitável de escoamento de 4 e 15 kg/s ∙ m². Outro parâmetro de extrema importância para o dimensionamento do vaso de saturação é a carga hidráulica L, que representa a quantidade de ar dissolvido dividido pela área do tanque. Determinada com os valores obtidos de densidade da água e escoamento superficial V, foi calculada conforme apresentado na Eq 3.9. Depois de dimensionado o vaso de saturação, calculou-se o diâmetro dos núcleos iniciais das microbolhas, que se chegou a um valor de 0,67 𝜇𝑚, e a diferença entre o valor obtido com a equação 3.13 com o de Chu (2008) é decorrente da pressão que é obtida com a mistura de água e vapor saturado proveniente do vaso de saturação. Quando as microbolhas entram na zona de reação do tanque de saturação, ocorre uma diminuição de pressão proveniente da mistura saturada, que ocasiona o aumento do diâmetro das bolhas. 35 Por fim, foi dimensionado a área da zona de flotação A conforme apresentado na equação 3.12, usando da vazão do efluente Q, vazão de retorno q e taxa de escoamento superficial V o que trouxe como resultado uma área de seção longitudinal de 14,11 m². Para melhor concepção do modelo dimensionado, foi-se adotado as medidas da área da zona de flotação semelhante ao equipamento PWL-30 da marca FRC Systems, que possui as seguintes dimensões: 5,92 metros de comprimento; 2,39 metros de profundidade e 2,54 metros de altura. 36 Tabela 4.1 - Tabela de dimensionamento do modelo de Flotação por Ar Dissolvido VARIÁVEIS VALORES UNIDADES Vazão de entrada de efluente Q 27,8 𝐿 𝑠 Vazão de retorno de efluente q 2,78 𝐿 𝑠 Razão de recirculação r 0,1 Eficiência saturador η (3.1) 0,87 Constante da Lei de Henry 𝑲𝑯 20,9 𝑚𝑔 𝐿 𝑎𝑡𝑚 Pressão absoluta P 5,4 𝑎𝑡𝑚 Concentração de saturação 𝑪𝒔𝒂𝒕 (3.2) 98,2 𝑚𝑔 𝐿 Concentração de ar na água de recirculação na saída 𝑪𝒂𝒕𝒎 20,9 𝑚𝑔 𝐿 Concentração de massa de ar no efluente 𝑪𝒓 (3.4) 7,03 𝑚𝑔 𝐿 Densidade de ar saturado com vapor de água 𝝆𝒔𝒂𝒕 1110 𝑚𝑔 𝐿 Vazão de ar para câmara de saturação 𝒒𝒂𝒓 (3.3) 0,193 𝐿 𝑠 Volume de ar liberado 𝝋𝒃 (3.5) 0,00631 Diâmetro da bolha 𝒅𝒃 0,00000450 𝑚 Número de bolhas liberadas 𝑵𝒃 (3.7) 1,32 * 10 11 𝑏𝑜𝑙ℎ𝑎𝑠 𝑚³ Taxa de escoamento superficial V (3.8) 7,8 𝑚³ 𝑚2 ∗ ℎ Carga hidráulica L (3.9) 2,16 𝑘𝑔 𝑚2 ∗ 𝑠 Tensão superficial da água 𝝈 0,0742 𝑃𝑎 ( 𝑁 𝑚2 ) Diferencial de pressão ∆𝑷 44600 𝑃𝑎 ( 𝑁 𝑚2 ) Diâmetro dos núcleos de bolhas 𝒅𝒏𝒃 (3.11) 0,000000666 𝑚 Área da mínima zona de flotação (3.12) 14,11 𝑚 2 37 4.2 Modelagem do sistema 3D Utilizando dos resultados calculados na seção 4.1, o sistema de FAD foi dimensionado em um software de CAD, que possui a capacidade de modelar peças em 3D parametricamente. O sistema foi modelado conforme apresentado na figura 4.1 Figura 4.1 - Representação da vista lateral do sistema de FAD 3D (1) Tubulação de entrada do efluente têxtil; (2) Tanque de flotação;(4) Tubulação da mistura água e vapor; (11) Tubulação da vazão de retorno; (12) Vaso de saturação; (13) Tubulação do compressor radial; (14) Compressor radial. (Fonte: Elaborado pelo Autor) A título de facilitar a visualização e entendimento do modelo tridimensional criado, o vaso saturador se encontra à uma distância de 4 metros do tanque de flotação. Entretanto, em modelos comercializados na indústria o sistema de bombeamento e saturador se encontram próximos ao tanque de saturação. O material selecionado para a tubulação do modelo tridimensional foi o ferro fundido, devido a sua grande disponibilidade no mercado, além de ser utilizado em sistema de efluentes industriais devido a sua boa resistência mecânica e baixo custo. A principal vantagem obtida com a utilização dessa para o sistema de FAD dimensionado é a resistência da tubulação com possíveis variações de pressão que possam ocorrer na planta, além da boa resistência a corrosão do material. O diâmetro 38 da tubulação estabelecido para o projeto foi de 4 polegadas, com uma velocidade de escoamento inferior a 5 m/s conforme a NBR 9649 Projeto de Redes de Esgoto. Figura 4.2 - Representação da vista frontal do modelo FAD em corte (2) Zona de reação; (5) Zona de flotação (6) Zona de descarte de lodo proveniente da flotação (8) Sistema de bombas de envio da vazão de retorno (Fonte: Elaborado pelo Autor) O processo começa no tubo de entrada do efluente têxtil (1), conforme apresentado na figura 4.1 onde o efluente têxtil é inserido na zona de reação do tanque de flotação (2). Conforme a figura 4.2, o efluente entra na zona reação (3) com mistura de ar e água saturada vinda da tubulação (4). Na zona de reação ocorre a adesão das partículas de ar aos flocos do efluente, proveniente de um processo de coagulação anteriormente no tratamento. O efluente segue da zona de contato para zona de flotação (5), onde parte do lodo é removido por meio de raspagem manual e descartado na zona de descarte (6). 39 Figura 4.3 - Vista isométrica do modelo FAD (7) Tubulação de saída do efluente clarificado; (9) válvula de controle da vazão (10) Tubulação de saída do lodo não flotado. (Fonte: Elaborado pelo Autor) O efluente clarificado sai pela tubulação de saída (7) e logo após, parte desse efluente é enviado para o sistema de bombas da vazão de retorno (8) enquanto a outra parte é retida pela válvula (9) e enviada para os próximos tratamentos. Parte do resíduo sólido do efluente têxtil acaba não sendo flotado, e como apresentado na figura 4.2, este resíduo é conduzido até a tubulação de saída (10) onde é removido do sistema sem haver necessidade de períodos de lavagem do tanque. Depois de enviado para o sistema de bombeamento (8) de retorno, o efluente é transportado ao longo da tubulação (11) até o vaso de saturação (12). Além do efluente clarificado, o saturador também recebe ar enviado pela tubulação (13) proveniente do compressor radial (14). A mistura água e ar se mantem dentro do saturador até que atinja a pressão de projeto, e quando atingida, a mistura é enviada ao sistema de flotação pela tubulação (4). 40 5 Considerações Finais Tratamento de efluentes é um assunto que vem recebendo a sua devida importância, devido a busca dos países pelo desenvolvimento sustentável. O reuso de água proveniente dos processos industriais se torna uma área que vem recebendomaior importância, pois reduz o consumo das reservas de água potável do planeta, além de reduzir os custos dos processos. A indústria têxtil é uma área de pesquisa que é extremamente vasta em todos os seus aspectos. Neste trabalho foram apresentados desde os tipos de fibras que são utilizadas para matéria prima, os processos industriais que ocorrem na indústria têxtil, até a caracterização dos efluentes decorrentes dos processos industriais. Após apresentado o funcionamento do sistema de FAD, o dimensionamento foi realizado levando em consideração os parâmetros e variáveis apresentados ao longo do trabalho. A concepção do projeto foi realizada, levando em conta os valores obtidos pelo dimensionamento, além das dimensões reais de equipamentos apresentados no trabalho nas indústrias de estações de tratamento de efluentes no Brasil e no mundo. Por fim, destaca-se que o projeto realizado foi de extrema importância para a obtenção de novos conhecimentos multidisciplinares relacionados a tratamento de efluentes, e especialmente, FAD. Foi possível dimensionar e projetar um modelo de sistema de FAD genérico para tratamento de efluentes para empresas de grande porte do setor têxtil. 5.1 Sugestão para trabalhos futuros • Dimensionamento do sistema com parâmetros adquiridos por meio de testes experimentais; • Automação do sistema de FAD por meio de Controlador Lógico Programável; • Simulação de escoamento no sistema FAD para análise de perda de carga na tubulação; • Análise do desgaste apresentado no sistema de bombeamento da vazão de recirculação; 41 • Análise de custos relacionados ao consumo de energia total do sistema, além orçamento de maquinário detalhadamente; • Plano de manutenção do sistema de bombeamento/soprador; • Dimensionamento de sistema motorredutor para sistema de raspagem de lodo flotado. 42 6 Referências ALCÂNTARA, M.R.; DALTIN, D. A química do processamento têxtil. Química Nova, v.19, 320-330,1996. Disponível em <https://www.abqct.com.br/2019/02/14/edicao- 19/>Acesso em 20 out. 2019. 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