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TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO

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TRANSPORTE 
E DISTRIBUIÇÃO 
Jorgiane Suelen de Sousa
Controle de estoques
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir controle de estoques.
  Apresentar os sistemas de controle de estoques: conceito, vantagens 
e desvantagens.
  Caracterizar a análise ABC: conceito e aplicação.
Introdução
A gestão do setor de estoques tem como foco principal maximizar o 
efeito de lubrificação entre os setores de produção, vendas e financeiro. 
Desse modo, a empresa consegue vender a quantidade possível de 
ser produzida, sem comprometer a parte financeira com custos altos 
relacionados ao volume de itens que fica armazenado. 
A gestão inicia com o planejamento de quanto material é necessário, 
considerando a realidade de vendas da empresa. Em seguida, passa pela 
avaliação da área de estocagem e da área financeira, buscando a máxima 
eficiência e o menor custo. Com isso, otimizam-se os investimentos, 
promovendo o uso eficiente das finanças e minimizando o volume de 
capital investido no setor de estocagem.
Neste capítulo, você vai estudar o setor de estoques, conhecendo sua 
importância e suas características. Em seguida, vai ler sobre os sistemas 
de controle de estoque disponíveis, com suas vantagens e desvantagens. 
Por fim, você vai conferir o que é a ferramenta curva ABC e como aplicá-la. 
1 Definição
Há alguns anos, poucas empresas davam importância ao setor de estoques, já 
que não pareciam ter tanto impacto quanto o setor de vendas, de fi nanças e de 
produção, por exemplo. No entanto, com o desenvolvimento e a expansão do 
processo industrial e tecnológico, percebeu-se a importância dessa área para 
as organizações. Isso porque as empresas passaram a atuar contra o aumento 
dos custos, e o setor de estoques está completamente associado aos gastos 
das organizações (ARNOLD, 1999). Ele ocupa-se em gerenciar e controlar 
os volumes de produtos, para que não faltem nem sobrem itens, buscando um 
equilíbrio entre os departamentos das empresas.
Estoques são os recursos que a empresa mantém com o propósito de venda 
ou para suprir as necessidades dos processos de produção. Buscam armaze-
nar os insumos de produção/revenda, os materiais auxiliares, os produtos 
em elaboração, os produtos acabados e o estoque em trânsito, cada um com 
sua particularidade (DIAS, 2011; POZO, 2015). Veja a seguir as principais 
classificações de estoque.
  Insumos de produção: são itens essenciais para que a organização possa 
produzir e realizar o desenvolvimento logístico de sua organização. 
É importante uma análise criteriosa desses itens, pois a falta deles 
ocasiona grandes problemas à organização, como parada de todo o 
processo produtivo e geração de custos elevados.
  Materiais auxiliares: são itens de escritório, materiais de limpeza e 
demais produtos necessários ao funcionamento da organização.
  Produtos em elaboração: são aqueles que iniciaram o processo em um 
determinado mês, mas não foram concluídos e precisam ser finalizados 
em algum momento no futuro, devendo ficar armazenados enquanto 
isso.
  Produtos acabados: são os que estão disponíveis para venda e ficarão 
estocados até o momento de enviar ao comprador, seja ele o cliente 
final ou uma empresa de revenda. Alguns produtos como alimentos 
precisam passar por períodos de quarentena para depois passarem ao 
processo de vendas.
  Estoque em trânsito: é composto por itens que estão em movimento 
entre uma localidade e outra, como uma mercadoria sendo expedida 
de uma fábrica para um centro de distribuição.
Para uma boa gestão de estoques, é fundamental minimizar os investi-
mentos, além de analisar as necessidades de materiais. Por isso, os tipos de 
estoque são extremamente importantes, porque os custos estão diretamente 
relacionados à sua administração.
Diminuir o estoque da empresa implica em diversas ações, como reor-
ganizar o processo de vendas e produção e estruturar o setor de compras. 
É necessário que todos os departamentos estejam voltados a essa ação e 
Controle de estoques2
direcionem esforços a esse objetivo. Com a redução de estoques, a empresa 
diminui o capital investido no estoque e reduz os custos de armazenagem. Em 
contrapartida, os custos de falta e de pedido podem aumentar, caso a mudança 
não seja bem planejada.
Para facilitar a organização e a utilização do estoque, é importante que a 
empresa padronize seus processos e produtos, classificando, codificando e 
implantando sistemas de estocagem. Além disso, a empresa precisa simplificar 
e otimizar o seu uso de itens. 
Na classificação, é importante definir a descrição correta dos itens para 
facilitar a busca e a compra. Classificar um material é ordená-lo segundo 
critérios adotados, agrupando-o de acordo com semelhança, para não criar 
confusão ou dispersão no espaço e alteração na qualidade. Todos os seto-
res da empresa devem estar padronizados, evitando compras de produtos 
desnecessários ou duplicados. Dias (2011) afirma que, por meio de uma boa 
classificação dos materiais, as empresas conseguem controles eficientes dos 
estoques e procedimentos de armazenagem adequados, além de operacionalizar 
de maneira correta a localização dos materiais.
 Um dos fatores a serem avaliados durante a classificação é a simplificação, 
que busca avaliar a diversidade de produtos existentes para o mesmo fim e 
definir o uso de apenas um produto no mesmo processo (POZO, 2015). Por 
exemplo, existem três tipos de pregos de marcas diferentes que possuem a 
mesma utilidade. O gestor de estoque simplifica o processo definindo apenas 
um tipo de prego para ser reposto nas próximas compras. Considere isso 
sendo feito para todos os produtos armazenados: a redução de custos será 
expressiva. No processo de simplificar é definida a quantidade de materiais 
necessários, favorecendo a normalização, reduzindo as despesas e evitando 
que estas oscilem.
Codificação de um material significa representar, por meio de símbolos 
alfabéticos, alfanuméricos ou decimais, informações suficientes para identi-
ficar com facilidade a grande diversidade de seus materiais e bens. Com isso, 
facilita-se a comunicação interna na parte de materiais e compras, a padro-
nização de materiais, a otimização do controle de estoque e o procedimento 
de armazenagem. 
No sistema alfanumérico, os materiais e bens são codificados com letras 
e números, para abranger todas as possibilidades de identificação. O sistema 
numérico possui uma amplitude grande com enormes variações, podendo 
subdividir-se em subgrupos e subclasses de acordo com a necessidade da 
empresa e do volume de informações (DIAS, 2011; POZO, 2015).
3Controle de estoques
Ao longo dos últimos anos, a codificação vem evoluindo e se tornou mais 
prática com a revolução da informática. Utilizando o computador, a empresa 
pode identificar seus produtos, componentes e embalagens de forma inte-
grada em todos os elos cadeia de suprimentos desde o fornecedor até o varejo 
(MARTINS; ALT, 2009).
A classificação e a codificação buscam simplificar, especificar e padronizar, 
por meio de numeração e códigos, todos os bens da empresa. São primordiais 
para uma boa administração de materiais e de bens patrimoniais, além de 
demonstrar êxito do planejamento e da produção, elementos necessários para 
obter a certificação de qualidade (PAOLESCHI, 2011).
Para um bom controle de estoque, além da classificação e da codificação 
dos itens, é importante adotar um sistema de estocagem, que pode ser fixo 
ou livre. No sistema de estocagem fixo, o produto permanece sempre em um 
mesmo local em todo o seu período de armazenagem. Há sempre um setor 
de armazenagem específico para o produto, que pode ocorrer em espaços 
vazios entre um abastecimento e outro. Isso acaba facilitando o controle do 
estoque. Já no sistema de estocagem livre, os produtos são direcionados para 
os locais que estiverem livres no armazém. Assim, o mesmo produto, com 
lotes distintos, pode ser armazenado em locais diferentes.
Isso pode dificultar 
o controle do estoque, principalmente se os produtos não forem tecnológicos. 
Além disso, pode fazer com que os produtos de lotes mais recentes sejam uti-
lizados antes, o que pode gerar problemas com prazos de validade (ARNOLD, 
1999; DIAS, 2011).
Para conhecer um pouco mais sobre os sistemas de padronização do estoque, leia o 
artigo “O endereçamento como ferramenta na armazenagem e estocagem”, de Catto, 
Oliveira e Gonçalves (2013).
Controle de estoques4
No controle dos estoques é importante também realizar uma análise cons-
tante do inventário, avaliando, verificando e comparando se o estoque físico 
está igual ao estoque virtual da empresa. O registro de estoques deve ser feito 
de forma precisa, baseando-se em todos os lançamentos e movimentações de 
materiais internos ou externos. O que pode ajudar nessa tarefa é o inventário.
De acordo com Viana (2000), o inventário é uma auditoria permanente 
do estoque, que tem o objetivo de conferir a garantia plena da exatidão dos 
registros contábeis e físicos. Segundo Martins e Alt (2009), o inventário físico 
pode ser executado de dois modos. 
  Periódico: contagem física de todos os itens do estoque. Normalmente, 
é feito no encerramento dos exercícios fiscais, ou duas vezes por ano. 
  Rotativo: contagem pertinente dos itens dos estoques. É feito no decor-
rer do ano fiscal da empresa, sem qualquer tipo de parada no processo, 
concentrando-se em cada grupo de itens em determinados períodos 
(semanas ou meses). Sua maior vantagem é a garantia da manutenção 
dos estoques sem erros.
De acordo com Paoleschi (2011), para um inventário cíclico, é necessário 
elaborar o gráfico de Pareto ou a curva ABC, dividindo os produtos em classes 
para avaliar o giro e o volume de estoque. Nessa avaliação, define-se quanto 
tempo o produto fica parado na empresa. Se a organização não comprar 
nenhum item a partir da data atual, em quanto tempo ela venderá todo o 
seu estoque? A avaliação de giro e volume de estoque é o padrão mundial 
de analisar e comparar. Quanto maior for o número de rotatividade, melhor 
será a administração logística e de materiais da empresa, que assegura uma 
competitividade, proporcionando custos mais baixos (DIAS, 2011).
5Controle de estoques
Um supermercado comprou 1.000 pacotes de arroz de 5 kg. Em quanto tempo o 
estabelecimento venderá esse produto?
Para avaliar essa compra, mais informações são necessárias, como o volume médio 
de venda de arroz da empresa e o valor do estoque médio. Considere que, neste 
supermercado, o volume médio de vendas de arroz é de 5.000 pacotes ao ano, e o 
estoque médio é de 500 pacotes. Qual seria, então, o giro do estoque deste produto?
Rotatividade = 5.000 ÷ 500 = 10 vezes ao ano
Em quanto tempo o supermercado venderá o produto? Sabe-se, pelas informações 
dadas, que o supermercado vende 5.000 pacotes de arroz ao ano. Precisamos agora 
calcular o consumo mensal:
Consumo mensal = (consumo anual) ÷ 12
Consumo mensal = 5.000 ÷ 12 = 416,67 = 417 pacotes de açúcar 
por mês.
Dessa forma, pode-se calcular o antigiro.
Antigiro = (estoque ) ÷ (consumo mensal)
Antigiro = 1000 ÷ 417 = 2,39 meses.
Pode-se considerar, portanto, que o volume de 1.000 unidades adquirido terá uma 
duração aproximada de dois meses e 12 dias.
Além dessa análise, é importante verificar o retorno de capital da em-
presa. Para isso, deve ser avaliado o lucro comparado com o investimento do 
estoque. Para esse indicador ser positivo, o lucro deve ser maior que o lucro, 
pois, assim, a organização alcançará níveis de estoque adequados. Para o valor 
de retorno ser positivo, é necessário que o resultado encontrado seja acima de 
um coeficiente 1. Quanto maior for o seu coeficiente, melhor será o resultado 
da administração de gestão de estoque (POZO, 2015).
Controle de estoques6
Uma empresa de revenda de peças automotivas fatura mensalmente R$50.000,00, 
mantendo um estoque médio de R$ 65.000,00. Sabendo que o lucro anual é de 
12% do faturamento, vamos calcular o retorno sobre o capital investido em 
estoques nas seguintes situações.
Retorno de capital = lucro ÷ (capital em estoque)
Retorno de capital = [(50.000,00 × 12) × 0,12] ÷ 65.000,00
Retorno de capital = 1,11
Esse valor é um bom retorno de capital, mas está bem próximo do coeficiente 
ideal. Por isso, a empresa precisa reavaliar o volume do seu estoque, verificando como 
diminuí-lo, o que vai melhorar também seu faturamento.
Um volume de estoque adequado deve ser sempre menor que o lucro anual 
da empresa. Isso indica um retorno de capital positivo. Portanto, quanto maior 
este indicador, melhor será para a organização. 
2 Sistemas de controle de estoques
Controlar o estoque envolve avaliar as quantidades mínimas e máximas a serem 
estocadas juntamente com os lotes de compras de uma empresa. É importante 
avaliar os custos dos estoques comparados com custos do pedido e de falta de 
mercadorias, para defi nir a viabilidade de uma redução de compras comparada 
a um aumento de compras. Quanto maior o estoque de uma empresa, mais 
altos são os seus custos de armazenagem e estocagem.
Segundo Ching (2010), para estabelecer os níveis de estoque, é necessário 
calcular o custo de manter o estoque e analisar a real necessidade daquela 
quantidade. Isso porque quanto maior os níveis de estoque, mais alto é o custo 
de manutenção. Entretanto, um maior pedido elimina a necessidade de serem 
feitos pedidos próximos e diminui seu preço de aquisição.
Além disso, é muito importante definir a sua política de estoques. Para 
isso, a empresa deve seguir algumas etapas. Primeiro, é importante realizar 
7Controle de estoques
o inventário da empresa. O gestor de estoques deve estabelecer metas de 
indicadores para redução das diferenças, calculando a acurácia da empresa.
Com o inventário feito, é importante definir quais são os itens mais im-
portantes do estoque relacionados ao volume e ao custo dos produtos. Dessa 
forma, a empresa vai priorizar os produtos que devem ser avaliados para 
reduzir o estoque. Para realizar a avaliação do estoque, a empresa pode usar 
a curva ABC, responsável por definir o estoque em produtos mais relevantes, 
chamados de classe A. Aproximadamente 20% dos produtos corresponde a 
80 % do valor estocado.
 Após encontrar os produtos mais relevantes do estoque, é hora de avaliar 
algumas informações sobre eles, como o consumo mensal, o tempo de reposi-
ção do fornecedor, os volumes de estoque mínimo e estoque máximo. Depois 
dessas informações, devem ser calculados os valores de estoque mínimo e 
máximo e o ponto de pedido dessas mercadorias. Por fim, é feita a redução 
dos estoques da empresa.
O ponto de pedido define o ressuprimento do material no estoque, para 
que possa suprir as necessidades de produção sem ocorrer interrupções ou 
atrasos. Pozo (2015) afirma que, no momento que um determinado item de 
estoque atinge seu ponto de pedido, deve-se fazer o ressuprimento de seu 
estoque, com um pedido de compra. 
De acordo com Dias (2011), o ponto de pedido (PP) é calculado conside-
rando o consumo médio (CM) previsto para os próximos períodos, o tempo de 
consumo/reposição (TR) e o estoque de segurança (ES), também conhecimento 
como estoque mínimo.
PP = CM × TR + ES
Para Paoleschi (2011), o ponto de pedido é o ponto de ressuprimento. É o 
momento em que o almoxarife, ao solicitar a reposição do estoque pelo ponto 
de compras, determina as datas e quantidades em que o material comprado 
será entregue.
Controle de estoques8
Cada autor, portanto, nomeia o processo de uma forma diferente. Para Pozo (2015), 
trata-se de ponto de pedido e, para Paoleschi (2011), ponto de ressuprimento. No 
entanto, ambos possuem o mesmo objetivo na organização.
O estoque mínimo, chamado também de estoque de segurança ou estoque 
reserva, é aquele responsável por definir a quantidade mínima de itens a 
permanecer na empresa para cobrir uma possível variação no sistema, como 
atrasos de entrega, devolução do lote de compras em função
de algum problema, 
ou aumento de demanda no produto. O ideal é que o estoque de segurança 
seja zero, mas normalmente não é isso que acontece. Isso porque o tempo 
de reposição de um produto não é fixo, e os fornecedores não conseguem 
apresentar garantias, em razão da variação do mercado ou de problemas de 
distribuição (POZO, 2015).
Segundo Dias (2011), pode-se calcular o estoque mínimo (Emin) com uma 
fórmula simples. O consumo mensal (CM) é multiplicado pela constante (K), 
que é um fator de segurança, sendo este proporcional ao grau de atendimento 
desejado para o item:
 Emin = C × K
Estoque máximo é a quantidade máxima em que uma mercadoria ou 
matéria-prima será estocada. Segundo Paoleschi (2011), o estoque máximo 
determina o tamanho do espaço que aquele item irá ocupar no almoxarifado. 
De acordo com Dias (2011, p. 50) o estoque máximo (Emax) “[…] é igual à soma 
do estoque mínimo mais o lote de compra (Q)”, sendo este a quantidade de 
peças especificadas no pedido de compra:
Emax = Emin + Q
O nível do estoque máximo é determinado de forma que o seu volume 
não ultrapasse a somatória da quantidade do estoque de segurança com o 
lote de compras, pois isso pode onerar os custos de manutenção dos estoques 
(POZO, 2015).
9Controle de estoques
Para conhecer um pouco mais sobre os sistemas máximo e mínimo, leia o artigo 
“Análise da gestão de estoques dos medicamentos anti-hipertensivos de uma farmácia 
universitária”, de Pasa et al. (2008).
Com base nessas análises, serão perceptíveis as reduções alcançadas com-
paradas com o novo volume de compras. A partir disso, é importante avaliar 
os custos para estocar, pedir e o custo de falta para essas tomadas de decisão, 
percebendo se a política é viável ou não.
Pode-se concluir, por fim, que o controle de estoques visa ao gerenciamento 
por meio de técnicas que permitam manter o equilíbrio com o consumo, 
definindo parâmetros e níveis de novos suprimentos e acompanhando sua 
evolução (VIANA, 2000).
3 Análise ABC
A análise ABC é um importante instrumento para o administrador, que per-
mite classifi car os itens de acordo com sua importância, para que tenham o 
tratamento adequado. É uma ferramenta usada na administração de estoques, 
na defi nição de políticas de vendas, na programação de produção, entre outras 
áreas.
A curva ABC foi criada por Vilfredo Pareto, economista, sociólogo e en-
genheiro, nascido na Itália, no fim do século passado. O pesquisador elaborou 
um estudo de distribuição de renda e riqueza da população local. Durante o 
estudo, ele notou que uma grande porcentagem da renda total da população 
(80%) estava concentrada em uma pequena parcela da população (20%). Com 
esse estudo difundido, mais tarde, essa ferramenta passou a ser essencial e 
muito útil para os administradores (POZO, 2015).
Para Ching (2010), o método da curva ABC baseia-se no diagrama de 
Paretto. Nem todos os itens têm a mesma importância, e a atenção deve ser 
dada aos itens mais significativos. São divididos em três classes, segundo 
Dias (2011), conforme listadas a seguir.
  Classe A: itens mais importantes, que devem ser tratados com prioridade.
Controle de estoques10
  Classe B: itens de importância intermediária.
  Classe C: itens de menor importância, que não representam grande 
valor monetário para a empresa.
Geralmente, são colocados no máximo 20% dos itens na classe A, 30% na 
classe B e 50% na classe C. Essas porcentagens podem variar de empresa para 
empresa, de acordo com os tratamentos administrativos que são aplicados. 
Já de acordo com Pozo (2015), as classes da curva ABC seguem as defi-
nições a seguir. Estes valores servem como base e podem variar de acordo 
com o produto e a empresa.
  Classe A: grupo de itens mais importantes, que devem ser tratados com 
uma atenção especial. 20% dos itens correspondem a 80% do valor total.
  Classe B: grupo de itens em situação intermediária de importância. 
30% dos itens correspondem a 15% do valor total.
  Classe C: grupo de itens pouco importantes, que recebem pouca aten-
ção por parte da administração. 50% dos itens correspondem a 5% do 
valor total.
Confira a seguir os passos necessários para montar uma curva ABC, 
segundo Pozo (2015). 
  Levantar todos os itens do problema a ser resolvido, com dados de suas 
respectivas quantidades, preços unitários e preços totais.
  Colocar todos os itens em uma tabela em ordem decrescente de preços 
totais e sua somatória total. Essa tabela deve estar composta das se-
guintes colunas: item, nome, ou número da peça, preço unitário, preço 
total do item, preço acumulado e porcentagem.
  Dividir o valor total de cada item pela somatória total de todos os itens 
e colocar a porcentagem obtida em sua respectiva coluna.
  Dividir todos os itens em classes A, B e C, de acordo com nossa prio-
ridade e tempo disponível para tomar decisão sobre o problema.
Observe este exemplo: o gerente de materiais da empresa no segmento 
de produção de janelas de alumínio está avaliando seus estoques e buscando 
redefinir a política de estoques da empresa em virtude do elevado investimento 
de capital parado em estoques. Ele vai identificar os itens que precisam de 
controles rígidos e os menos importantes, que não merecem inicialmente 
um controle mais aprofundado. Para isso, vai utilizar a curva ABC dos itens 
11Controle de estoques
estocados. O inventário da empresa foi feito. O Quadro 1 mostra os produtos 
encontrados, com seus preços de compras e quantidades estocadas.
 
Item no 
estoque
Preço unitário 
(R$)
Quantidade 
(unidade) Preço total
A1 7 250 
A2 35 50 
A3 4 2.100 
A4 20 60 
A5 30 150 
A6 9 120 
A7 35 135 
A8 15 3.200 
A9 5 1.700 
A10 11 5.500 
 Quadro 1. Tabela de produtos estocados na Empresa X 
O cálculo inicia-se encontrando o valor do preço total de cada item do 
estoque. Para isso, deve-se multiplicar o preço unitário pela quantidade esto-
cada, como ilustra o Quadro 2.
Controle de estoques12
 
Item no 
estoque
Preço unitário 
(R$)
Quantidade 
(unidade) Preço total (R$)
A1 7 250 1.750
A2 35 50 1.750
A3 4 2.100 8.400
A4 20 60 1.200
A5 30 150 4.500
A6 9 120 1.080
A7 35 160 5.600
A8 15 4.000 60.000
A9 5 1.700 8.500
A10 11 6.200 68.200
 Quadro 2. Cálculo do preço total de itens em estoque 
Depois, é necessário colocar o valor do preço total em ordem decrescente, 
ou seja, do produto de maior valor para o de menor valor, conforme Quadro 3.
13Controle de estoques
 
Item no 
estoque
Preço unitário 
(R$)
Quantidade 
(unidade) Preço total (R$)
A10 11 6.200 68.200
A8 15 4.000 60.000
A9 5 1.700 8.500
A3 4 2.100 8.400
A7 35 160 5.600
A5 30 150 4.500
A1 7 250 1.750
A2 35 50 1.750
A4 20 60 1.200
A6 9 120 1.080
 Quadro 3. Preço total de itens em estoque em ordem decrescente 
Em seguida, deve-se calcular o volume acumulado, o percentual e a defi-
nição das classes. Para o volume acumulado, mantém-se o valor de consumo 
do item com volume mais elevado e somam-se os próximos consumos dos 
outros produtos. Por exemplo, se o primeiro valor do acumulado for 68.200, 
o segundo será:
 68.200 + 60.000 = 128.200
O percentual do acumulado é calculado com base no preço acumulado de 
cada produto dividido pelo total acumulado encontrado. Veja o exemplo do 
produto A10: 
(68.200 ÷ 160.980) × 100 = 42,37%
Isso é aplicado a todos os outros produtos. 
A definição das classes é feita com base na classificação 80, 15 e 5. Se-
rão colocados os produtos mais próximos a esse valor. Veja, no Quadro 4, 
que os produtos A10 e A8 juntos correspondem a 79,64%, posicionando-se, 
portanto, na classe A. Para encontrar os produtos da classe B, considere que 
Controle de estoques14
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15Controle de estoques
o valor a ser observado nesta tabela será o mais próximo de 95% (80 + 15). 
Os produtos da classe B, então, são A9, A3 e A7, que juntos correspondem 
a 13,98% (93,61 − 79,64) do valor estocado. Logo, os produtos da classe C 
serão A5, A1, A2, A4 e A6, que juntos correspondem a 6,39% (100 − 93,61) 
do valor estocado.
A partir da montagem da curva, observa-se que os itens foram classificados 
conforme segue.
  Classe A: 20 % dos itens correspondem a 79,64% do valor total.
  Classe B: 30% dos itens correspondem a 13,98% do valor total.
  Classe C: 30% dos itens correspondem a 6,39%% do valor total.
A Figura 1 ilustra a curva ABC elaborada com base nos dados do exemplo.
Figura 1. Curva ABC.
Com base nessa avaliação, observa-se que é muito importante avaliar e 
definir uma nova política de estoque para as classes mais importantes, A e 
B, já que elas possuem a maior concentração de capital investido no estoque. 
A curva ABC auxilia no desenvolvimento da política de estoques, prin-
cipalmente quando a empresa possui um volume elevado de itens em seu 
estoque. Por fim, é importante lembrar que, quanto melhor definida estiver 
essa análise, maiores resultados a empresa vai encontrar com sua utilização.
Controle de estoques16
ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1999.
CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada. 4. ed. São Paulo: Atlas, 
2010.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6. ed. São 
Paulo: Atlas, 2011.
MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2009.
PAOLESCHI, B. Logística industrial integrada: do planejamento, produção, custo e qua-
lidade à satisfação do cliente. 3. ed. São Paulo: Érica, 2011.
POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 
7. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.
Leituras recomendadas
CATTO, M. F.; OLIVEIRA, K. F. R.; GONÇALVES, G. I. O endereçamento como ferramenta 
na armazenagem e estocagem. In: ENCONTRO CIENTÍFICO DO GEPRO, 3., 2013, Jaú. 
Anais [...]. Jaú: FATEC-JAHU, 2013. Disponível em: http://www.geprofatecjahu.com.br/
anais/2013/33.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020.
PASA, C. R. et al. Análise de medicamentos anti-hipertensivos contendo captopril, pro-
pranolol e losartana manipulados por farmácias de Campo Grande-MS. Rev Bras Farm, v. 
89, n. 4, p. 322-326, 2008. Disponível em: http://rbfarma.org.br/files/pag_322a326_ana-
lise_medicamentos.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020.
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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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17Controle de estoques

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