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Hanseníase: Doença Estigmatizada e Transmissão

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Hanseníase
Graduanda de Enf Bianca Karen M P Luz
Doença muito estigmatizada, chamada por
muito tempo de lepra. As pessoas afetadas
ficavam isoladas, à margem da sociedade,
nos leprosários e hospícios. Alusão aos
leprosos na bíblia. Eram renegados pela
sociedade, por conta das malformações e
resquícios da doença. É uma doença comum
no Brasil. 
Existe o dia de combate à hanseníase:
importante fazer acompanhamento da
população para detectar o máximo de casos
possíveis. A ideia de colônias para pessoas
com a doença surgiu em 1921 no país. É uma
ideia de um modelo de assistência à saúde
alemão, trazida por Juliano Moreira em 1911,
que era o diretor do hospício dos alienados. A
intenção era que os pacientes tivessem casas
nessa colônia, assim como os profissionais de
saúde – uma tentativa de ressocialização.
Ausente Causador
Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen.
Essa bactéria tem afinidade pelas células
cutâneas e nervosas. 
A multiplicação do bacilo é lenta, de 11 a 16
dias. 
Possui baixa patogenicidade (pouca chance
de desenvolver a doença) e alta capacidade
de infectar. 
A transmissão ocorre pelo contato direto
com doentes que não estão em tratamento. 
O período de incubação é de 2 a 5 anos. 
A pessoa pode ser infectada e só
desenvolver a doença anos depois, por isso
se pergunta o contato com pessoas de 5
anos atrás. 
O período de incubação é de 6 a 10 anos, deve-se
observar os familiares de pessoas já confirmadas. 
Por ser difícil de crianças contagiarem, quando
há confirmadas é um indicador de transmissão
dentro de casa e contato constante com pessoa
não tratada. 
Doença infectocontagiosa, com evolução lenta.
Os sinais e sintomas manifestados são dermato-
neurológicos: Lesões na pele e nervos periféricos,
nas áreas dos olhos, mãos e pés, psoríase, é
essencial fazer exame de nervos. 
Está relacionada a desigualdade social, já que
tem mais incidência em áreas carentes. A maior
incidência no país se encontra no Norte e
Nordeste. 
Sua transmissão é por meio de secreções nasais,
gotas de saliva, tosse e espirro de pacientes
bacilíferos – sem tratamento. Vias aéreas. 
Não há contágio através do contato com a lesão.
Os pacientes tratados deixam de transmitir a
doença.
Sintomas
Dormência e dor nos nervos, braços, mãos,
pernas e pés; 
Lesões na pele (caroços, placas, psoríase). 
Alteração da sensibilidade a calor, frio e
toque da pele, mesmo quando não há lesão
visível. 
Diminuição da força muscular, por conta
do acometimento do nervo.
Machas esbranquiçadas, vermelhas ou
amarronzadas. Quando não tratadas por
muitos anos, pode causar deformidades. 
1.
2.
3.
4.
5.
Transmissão
O único transmissor é o homem. A bactéria é
transmitida por meio do contato com o doente
que não está sendo tratado. Período de
incubação longo – 2 a 5 anos. Atinge todas as
faixas etárias e sexos, sendo mais rara em
crianças. Há maior incidência nos homens.
Relacionado a trabalho – em quartel, exército é
muito comum, pelo convívio em espaços
fechados, viver tantas pessoas juntas, viagens
de barco.
Graduanda de Enf Bianca Karen M P Luz
A pessoa que começa a ser tratada pela
quimioterapia deixa de transmitir, já que
ainda nas primeiras doses os bacilos são
mortos e são incapazes de infectar outros
indivíduos. É um tratamento longo. 
Dependendo do grau de acometimento do
nervo, os sintomas neurológicos podem ir
diminuindo com o tratamento ou não –
normalmente apenas é reversível em casos
que estão começando. As consequências
neurológicas não tendem a sumir
completamente.
A detecção é frequente em multibacilares –
pessoas que tem muito tempo com a doença
se manifestando. Em pessoas com a doença
recente - Paucibacilar, não há lesões tão
perceptíveis. Quando há sinais visíveis, é
porque a doença já está avançando para
outros graus. 
Aspectos clínicos
Sinais e sintomas na derme e nervos são
indícios da doença. Se não houver diagnóstico e
tratamento, as alterações neurológicas podem
causar incapacidade física e deformidades –
dedos em garra, lesões extensas... • Até 5 lesões e
baciloscopia negativa: paucibacilar. Lesões
torácicas muito extensas determinam como
multibacilar. Faz-se a baciloscopia para
confirmar.
Hanseníase confirmada
Lesões de pele com alteração da
sensibilidade; 
Acometimento nos nervos com
espessamento neural; 
- Baciloscopia positiva – os paucibacilares
apresentam baciloscopia negativa, porque a
quantidade de bacilos é menor. 
Diagnóstico clínico, analisando os sinais.
Apresentando um ou + desses sinais: 
Faz-se os testes de sensibilidade, já que na
doença há grande perda da sensibilidade e da
capacidade de suar. 
Primeiro é o diagnóstico e depois é a
baciloscopia para classificar a doença, que
direcionará o tratamento. Quando positiva, será
multibacilar, quando negativa, paucibacilar. 
O enfermeiro pode fazer o diagnóstico na
estratégia da família. Depende das políticas e
protocolos do município. É necessário realizar
quimioterapia. Há muita confusão entre a
psoríase e hanseníase.
Sinais e Sintomas Dermatológicos
Manchas pigmentares ou discrômicas,
podendo ser avermelhadas, amarronzadas
ou esbranquiçados: ausência, diminuição ou
aumento de melanina; depósito de
pigmentos ou substâncias na pele; 
Placa: lesão mais extensa. Individuais ou
aglomeradas. 
Infiltração: espessamento e alteração da
consistência da pele – sulcos menores,
limites imprecisos, podendo ter eritemas
leves. 
Ao fazer pressão com um tubo de vidro,
adquirem uma coloração de café com leite.
É resultado da presença de infiltrado
celular, que pode apresentar edema e
vasodilatação. 
Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada
ou não, com 1 a 3 cm de tamanho. Pode ser
mais palpável do que visível. É um processo
patológico na epiderme, derme ou
hipoderme. Presente da hanseníase
Virchowiana e dimorfa As lesões podem se
localizar em qualquer região, inclusive
mucosa nasal e oral. São mais frequentes na
face, orelhas, braços, nádegas, pernas e
costas. Ex: ressecamento da mucosa do
nariz, enrijecimento – por conta da perda de
sudorese. 
Lesões na derme que contenham diminuição ou
ausência de sensibilidade, tais como: 
Tipos de Hanseníase
Sinais e Sintomas Neurológicos
Graduanda de Enf Bianca Karen M P Luz
A indeterminada e a tuberculóide são as fases
iniciais da doença, onde a pessoa costuma ser
PB. Começam com manchas menores
hipocrômicas ou placas (tuberculóide). •
Contudo, nos adultos, pode não ser perceptível
as placas e machas. É mais fácil achar a
indeterminada em crianças, os adultos
costumam desenvolver a doença já na
tuberculoide ou na dimorfa e Virchowiana.
Hanseníase indeterminada: 
Fase inicial da doença, nem sempre perceptível
em adultos. Costuma afetar menores de 10 anos
e em casos raros adolescentes e adultos.
Quando detectado neste estágio, o indivíduo
tende a conviver com o paciente multibacilar
não diagnosticado, pelo pouco tempo de
evolução da doença. 
Sinais e sintomas: máculas hipocrômicas,
acrômicas, eritematosas ou eritemato-
hipocrômicas. Limites imprecisos ou nítidos,
com 1 a 5 cm de diâmetro. No início há 1 ou 2
manchas nas nádegas, coxas ou na região
deltoidiana. Quanto maior for o número, mais
avançada é a doença. Ocorre alteração da
sensibilidade, vasomotora e de sudorese, com
alopecia parcial – perda de cabelo no local. 
Diagnóstico por meio da prova da picada e da
histamina. O exame bacterioscópico costuma
sair negativo.
Com essa placa, por exemplo, ele seria classificado
como MB, por conta da extensão. Provavelmente na
baciloscopia daria positivo. 
Dor e espessamento dos nervos (periféricos); 
Perda de sensibilidade nas áreas inervadas –
frequente em olhos, mãos e pés; 
Perda de força muscular nas placas motoras
dos nervos afetados – frequente nas
pálpebras e membros. 
Neurite: processo agudo com dor intensa e
edema. Ocorre nos casos mais avançados da
doença. Em um primeiro momento não há
sinais de comprometimento neural.Conforme a neurite cronifica, é possível
observar o comprometimento com a perda
da sudorese, que resseca a pele. 
Observa-se perda de sensibilidade,
dormência e perda de força nos músculos,
com paralisia nas áreas inervadas pelos
nervos danificados. 
Quando não é tratado, esse acometimento
neural pode gerar incapacidade e
deformidades, por conta da alteração de
sensibilidade. 
Lesões nos nervos periféricos, causadas por
neurites (processos inflamatórios). Originam-se
pela ação do bacilo, reação do sistema imune à
bactéria ou ambos. Caracterizados por: 
Graduanda de Enf Bianca Karen M P Luz
Hanseníase tuberculóide:
Há o aparecimento de micropápulas na pele
normal ou com machas indeterminadas.
Costumam ser mais coradas, acastanhadas ou
vermelho-acastanhadas, acuminadas ou
semiesféricas. Observam-se placas bem
delimitadas, únicas ou em pequeno número,
com alteração sensitiva, de sudorese e
vasomotoras, com alopecia. No geral é PB,
quando há poucas lesões. Se houver muitas
lesões, mesmo com características
indeterminadas ou tuberculóides, já se torna
MB. 
Pode haver a emersão de nervos espessados a
partir das placas. Se houver necrose caseosa no
nervo, pode causar alterações sensitivas,
motores e tróficas. As placas costumam ser
anestésicas, elevadas em relação à pele normal,
delimitadas e centro claro. Em forma de
circular ou semi-circular. 
Hanseníase dimorfa 
Forma mais comum da doença – mais de 70%
dos casos. Tem um longo período de incubação; 
Sinais e sintomas: várias manchas
avermelhadas ou esbranquiçadas, bordas
elevadas e não delimitadas ou múltiplas lesões
bem delimitadas parecidas com a tuberculóide
– com a borda externa pouco definida. 
Ocorre a perda parcial ou total da sensibilidade,
assim como diminuição de sudorese e vaso-
reflexo à histamina. Diminuição grave das
funções autonômicas. 
MB. • Doença em estágio avançado. Realiza-se a
baciloscopia da borda infiltrada das lesões.
Tende a ser positiva, a não ser que a doença
esteja unicamente nos nervos (raro). Mesmo
com resultado negativo da baciloscopia,
classifica-se como MB – pelo número de lesões e
sua extensão.
Hanseníase Virchowiana 
O diagnóstico é facilmente confirmado com
baciloscopia dos lóbulos da orelha e cotovelos.
Não tem como a pessoa não ser MB. Estágio
mais avançado e com maiores acometimentos. • 
Sinais e sintomas: vários nódulos, pápulas
vinho- acastanhadas; madarose (perder os
cílios); fácies leonina; alterações motores,
tróficas e anestesia; alteração na mucosa nasal,
oral e faríngea; comprometimento ocular;
adenopatia, anemia; infiltração hepática, do
baço e da suprarrenal; infiltração testicular que
resulta em impotência e esterilidade; rarefação,
atrofia e absorção óssea. Distúrbios
neurológicos: destruição e perda de tecido do
pé, por conta de traumatismos não percebidos –
pé caído e mão em garra. 
Graduanda de Enf Bianca Karen M P Luz
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, por meio do
reconhecimento de sinais dermatoneurológicos
característicos. Deve apresentar pelo menos um
desses sinais: - Lesão de pele com alteração de
sensibilidade; - Acometimento neural com
espessamento nos nervos periféricos; -
Baciloscopia positiva; É necessário realizar
quimioterapia. 
Sem a sensibilidade, o paciente perde a
capacidade de sentir sensações de pressão, tato,
calor, dor e frio, devido à perda de integridade
dos nervos e terminações nervosas. É necessário
explicar ao paciente o exame que será feito,
para que haja mais colaboração; o profissional
que realizar o exame deve estar focado, assim
como o paciente; primeiro mostrar a técnica
para o paciente com os olhos abertos e depois
cobrir o campo de visão; selecionar pontos
aleatórios para o teste, fazer o toque por tempo
suficiente para que o paciente possa responder,
repetir o teste para confirmação; fazer o teste
em áreas próximas ao território em que há
presença de calosidades, cicatrizes ou úlceras. 
Pesquisa de sensibilidade 
Pesquisa de sensibilidade térmica:
Realizar com dois tubos de vidro – um com
água fria e outro com água aquecida. 
Tocar pele íntegra e pele suspeita com as
extremidades de ambos os tubos
alternadamente, pedindo que o paciente
identifique se está frio ou quente; 
Valorizar o detalhamento – menos quente,
mais frio, morno, já que a perda pode não
ser total. 
Caso não seja possível realizar com água
fria e quente, utilizar algodão embebido em
éter ou álcool.
Explicar ao paciente antes de realizar; 
Tocar pele sã e suspeita alternadamente.
Perguntar ao paciente se sente o toque e o
local. 
Pesquisa de sensibilidade tátil: é a primeira a ser
perdida. - Realizado com uma mecha fina de
algodão seco. 
Realizar com um instrumento pontiagudo –
ponta de caneta, por exemplo; 
Avaliar se a pessoa sente a dor; -Utilizada
para prevenir incapacidades, já que
consegue detectar casos precoces de
diminuição ou ausência de sensibilidade
protetora do paciente.
Pesquisa de sensibilidade protetora/dolorosa: - 
Uma vez feito o diagnóstico clínico, deve-se
classificar o tipo de hanseníase para fins de
tratamento. A classificação é realizada com
base nos sinais e sintomas: 
- Paucibacilares (PB): casos com até 5 lesões de
pele; 
- Multibacilares (MB): mais de 5 lesões de pele
ou com menos e baciloscopia positiva. O
tratamento será feito segundo a classificação. 
A baciloscopia é um instrumento que aprimora
o diagnóstico clínico. Ela pode classificar como
MB, mas não exclui o diagnóstico em caso de
negativa nem classifica como PB
automaticamente.
Classificação
Tratamento
Esquema PB
Utiliza-se a combinação de Rifampicina e
Dapsona no esquema: 
 - Rifampicina: 1 dose mensal de 600 mg (2
cápsulas de 300 mg) com administração
supervisionada;
 - Dapsona: 1 dose mensal de 100 mg
supervisionada e uma dose diária
autoadministrada; 
O tratamento dura: 6 doses supervisionadas de
Rifampicina. Para alta devem ter 6 doses
supervisionadas em até 9 meses.
Prevenção
Atribuições do enfermeiro 
Graduanda de Enf Bianca Karen M P Luz
Quando diagnosticado um caso de hanseníase,
todos os contatos intradomiciliares devem ser
examinados – pessoas que convivem ou
conviveram nos últimos 5 anos. Depois do
exame dermatoneurológico, deve-se orientar
essas pessoas sobre os sinais e sintomas comuns
da doença, orientando a procurar o serviço de
saúde caso haja o surgimento desses – ela pode
desenvolver futuramente. Encaminhar os
contatos intradomiciliares para vacinação de
BCG, segundo o critério:
Avaliar a saúde do indivíduo por meio da
consulta de enfermagem; 
Prescrever técnicas simples de prevenção e
tratamento de incapacidades físicas; 
Realizar a avaliação clínica
dermatoneurológica, para acompanhar a
evolução da doença e do tratamento; 
Realizar coleta de material, segundo
técnicas padronizadas da
unidade/protocolos; 
Solicitar exames complementares para
confirmação do diagnóstico, quando
possível; Prescrever medicamento segundo
protocolos da unidade/município; 
Realizar tratamento não medicamentoso
das reações hansênicas; 
Supervisionar e avaliar as atividades de
controle da doença; 
Planejar busca ativa de casos, faltosos,
contatos e abandono de tratamento; 
Referenciar e contra-referenciar para
atendimento em outras unidades mais
especializadas; 
Gerenciar as ações da assistência de
enfermagem. 
Realizar os testes de sensibilidade.
Esquema MB 
Combinação de Rifampicina, Dapsona e
Clofazimina no esquema: 
 - Rifampicina: 1 dose mensal de 600 mg (2
cápsulas de 300 mg) com administração
supervisionada; 
 - Clofazimina: 1 dose mensal de 300 mg (3
cápsulas de 100 mg) com administração
supervisionada e 1 dose diária de 50 mg
autoadministrada; 
 - Dapsona: 1 dose mensal de 100 mg
supervisionadas e 1 dose diária
autoadministrada; 
O tratamento dura: 12 doses de rifampicina.
Critério de alta: 12 doses supervisionadas em até
18 meses. 
Menores de um ano de idade: Não vacinados:
tomar 1 dosede BCG; 
Comprovadamente vacinados com cicatriz
vacinal: não administrar outra dose; 
Vacinados sem cicatriz vacinal: administrar 1
dose de BCG 6 meses depois da última dose. 
1 ano a +: Sem cicatriz: administrar 1 dose;
Vacinados com 1 dose: administrar outra dose
de BCG, com intervalo de mínimo 6 meses
depois da dose anterior; 
Vacinados com 2 doses: não administrar.

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