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O ser humano diante das situações-limite	
APRESENTAÇÃO
A tecnologia e a ciência avançaram no século XX e no século XXI em um ritmo muito 
acelerado. Houve muitas invenções que se demonstraram extremamente importantes, pois 
melhoraram a qualidade da vida humana. O problema é que nem sempre é isso que acontece. 
Muitas vezes, na ânsia de inventar algo novo, ou de descobrir a cura de uma nova doença, 
podem ocorrer situações em que a vida humana, de modo geral, não é respeitada na sua 
integralidade. É nesse contexto que Van Rensselaer Potter pensa a bioética como uma ponte 
entre a ética e as ciências.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará sobre esse assunto, além de analisar o conceito 
de bioética. Esse conceito é fundamentalmente interdisciplinar, na medida em que reconhece a 
riqueza da pluralidade. Além disso, aprofundará os seus conhecimentos sobre dois temas 
centrais para a bioética: a autonomia e a vulnerabilidade. Por fim, conhecerá o posicionamento 
da Igreja Católica, a qual considera o direito à vida — desde a concepção até a morte — como o 
mais fundamental de todos os direitos humanos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Conceituar bioética enfatizando a sua concepção multidisciplinar e pluralística.•
Analisar a bioética a partir das situações persistentes e das situações emergentes do 
desenvolvimento científico e tecnológico.
•
Discutir sobre as “questões da vida e dos direitos humanos” à luz da revelação cristã.•
DESAFIO
A bioética tem quatro princípios: 
 
Autonomia: refere-se ao direito que o indivíduo assistido tem sobre si, a sua liberdade de •
escolha e seu poder de decisão. Para que os profissionais de saúde exerçam esse principio 
é necessário respeitar o indivíduo, sua cultura, suas ideias e crenças. O profissional da 
enfermagem tem o dever de ser educador. A proximidade com o paciente propicia a 
criação de elo e confiança, o que ajuda nesse processo. 
Beneficência: esse princípio impõe ao profissional da área da saúde o dever de promover o 
bem ao paciente por meio do desempenho de suas funções. Pautado nesse princípio, o 
profissional deve promover atitudes, práticas e procedimentos em benefício do outro. 
•
Justiça: esse conceito fundamenta-se na premissa de que as pessoas têm direito a terem 
suas necessidades de saúde atendidas, livres de preconceitos ou segregações sociais. O 
princípio da justiça se fortalece na Lei n.° 8.080, a qual dispõe: a saúde é um direito 
fundamental do ser humano, devendo o estado prover condições indispensáveis ao seu 
pleno exercício. 
•
Não maleficência: esse princípio determina a obrigação de não infligir dano 
intencionalmente, ou seja, o desempenho das atribuições dos profissionais de saúde não 
devem ocasionar nenhum dano ao paciente assistido. 
•
Quando se trata das ações em saúde, respeitar o outro significa colocar em prática os princípios 
da bioética. Se forem infringidos os princípios da bioética, ocorrem as infrações éticas:
Imperícia: consiste na falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para 
executar determinada atribuição; 
•
Imprudência: consiste em agir com descuido ou sem cautela e causar um dano que poderia 
ter sido previsto e evitado; 
•
Negligência: consiste no ato omisso de deixar de fazer o que é necessário, gerando 
resultados prejudiciais.
•
 
 
Sendo assim, tendo em mente os princípios da bioética, qual é o problema que você identifica? 
Como você deve proceder?
INFOGRÁFICO
A bioética deve estar atenta aos avanços da ciência, bem como ter sempre presente a 
responsabilidade pelas futuras gerações. Para tanto, é preciso que seja pluralista e 
multidisciplinar, contribuindo para que a ciência permaneça a serviço da melhoria da qualidade 
da vida humana.
Neste infográfico, você vai ver quais são os objetivos do Observatório de Bioética da 
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
CONTEÚDO DO LIVRO
Os acelerados progressos da ciência e da tecnologia conduziram a ética a novas situações de 
fronteira, isto é, a buscar entender quais são os limites adequados — e que não devem ser 
transpostos — entre o desenvolvimento da tecnologia, o lucro e o cuidado com a vida humana. 
É possível perceber, na contemporaneidade, que o ser humano não tem tanta autonomia racional 
quanto julgava ter, e que o conceito que o define melhor é o da vulnerabilidade. A partir disso, 
torna-se possível pensar uma bioética global, a qual envolva a autonomia e a vulnerabilidade a 
partir do direito humano mais fundamental: o direito à vida plena, desde a concepção até a 
morte natural.
No capítulo O ser humano diante das situações-limite, da obra Antropologia teológica e direitos 
humanos, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai entender mais sobre esse 
assunto.
Boa leitura. 
ANTROPOLOGIA 
TEOLÓGICA E 
DIREITOS HUMANOS
Paulo Gilberto Gubert
O ser humano diante 
das situações-limite
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Conceituar bioética enfatizando a sua concepção multidisciplinar 
e pluralística.
  Analisar a bioética a partir das situações persistentes e das situações 
emergentes do desenvolvimento científico e tecnológico.
  Discutir sobre as "questões da vida e dos direitos humanos" à luz da 
revelação cristã.
Introdução
Neste capítulo, você vai verificar, em primeiro lugar, uma breve história 
da bioética, centrada nas figuras de Potter e Hellenger, responsáveis por 
duas formas distintas de compreender a bioética: uma em sentido macro, 
que ultrapassa as questões humanas e pensa também na ecologia, e 
outra em sentido micro, centrada no ser humano. 
Em segundo lugar, você vai analisar como a bioética se posiciona em 
relação aos avanços da tecnologia e como a bioética se torna global na 
medida em que não tem mais como ponto de partida o conceito de 
autonomia, mas o de vulnerabilidade. Ou seja, não é o fato de sermos 
autônomos que nos iguala, mas o fato de sermos vulneráveis. 
Por fim, você vai descobrir o posicionamento da Igreja Católica no que 
diz respeito aos progressos das biotecnologias. A posição é muito clara: 
o direito à vida é inegociável, porque a vida é sagrada, digna e inviolável, 
isto é, deve ser preservada desde a concepção até a morte natural.
Origens da bioética e o seu caráter 
multidisciplinar 
O termo bioética (bio-ethik) foi cunhado pelo teólogo alemão Fritz Jahr 
(1895–1953) e apresentado em um artigo, publicado em 1927 na revista Kos-
mos, intitulado “Bioética: uma revisão do relacionamento ético dos humanos 
em relação aos animais e plantas”. No artigo, Jahr considera que deve haver 
um “imperativo bioético”, ou seja, que os seres humanos devem reconhecer 
que possuem obrigações éticas com todos os seres vivos, não apenas com 
os outros seres humanos. Contudo, naquela época, o artigo não teve grande 
repercussão, sendo redescoberto apenas na década de 1990 (JAHR, 1927 
apud PESSINI, 2013).
O principal responsável por difundir o conceito de bioética (bioethics) 
foi o bioquímico americano Van Rensselaer Potter (1911–2001), por meio do 
artigo “Bioética: a ciência da sobrevivência” e do livro Bioética: ponte para 
o futuro. No livro, Potter defende a bioética enquanto “ponte” entre a ética 
e as ciências. Houve, ainda, uma terceira contribuição muito significativa 
para as origens da bioética, dada pelo obstetra holandês André Hellegers, ao 
utilizar, seis meses após a publicação do livro de Potter, o termo bioethics no 
Centro de Estudos de Ética, da Universidade de Georgetown, para nomear 
o Joseph and Rose Kennedy Institute for the Study of Human Reproduction 
and Bioethics (PESSINI, 2013).
O bioeticista brasileiro Padre Leo Pessini considera que isso implica uma 
dupla paternidade, isto é, de de Potter e de Hellegers (seria tripla, se a inovação 
do neologismo bio-ethik de Jahr não tivesse afundado junto com o naufrágio 
donazismo). De um lado, Potter pensa na perspectiva macro, isto é, uma ética 
que vai além da humanidade, para pensar também as questões ecológicas. 
Por outro lado, Hellegers pensa em uma perspectiva micro (que não a torna 
menos importante), ao manter o discurso bioético nos limites da ética clínica 
ou biomédica. Tal pensamento dá origem ao principialismo bioético, fundado 
em quatro princípios (PESSINI, 2018): 
1. autonomia (respeito por todas as pessoas);
2. beneficência;
3. não maleficência;
4. justiça.
O ser humano diante das situações-limite2
Além disso, na Encyclopedia of Bioethics (Enciclopédia de Bioética), o 
conceito de bioética é definido como “[...] um estudo sistemático das dimensões 
morais — incluindo visão, decisão, conduta e normas morais — das ciências 
da vida e do cuidado da saúde, utilizando uma variedade de metodologias 
éticas, em contexto interdisciplinar”, conforme leciona Reich (1995, p. 21).
A bioética deve estar atenta aos avanços da ciência atual, bem como ter sempre 
presente a responsabilidade pelas futuras gerações. Para tanto, é preciso que seja 
pluralista e multidisciplinar, mas sem ser dispersiva: deve ser guiada por princípios (já 
mencionados acima) que norteiem as questões sempre renovadas a partir dos avanços 
das ciências. Nesse contexto, os comitês de ética surgem para assegurar a aplicação 
desses princípios, garantindo a proteção e o cuidado para os seres humanos (e para 
os animais) que participam de pesquisas científicas.
Bioética diante do progresso 
científico e tecnológico
O desafi o da bioética está em buscar respostas que permitam, simultaneamente, 
o respeito pela dignidade humana e da vida em geral, acompanhando os avanços 
da tecnociência. Os desafi os lançados pela ciência precisam ser confrontados, 
levando-se em consideração a adequação de princípios gerais aos casos particulares.
Pensar em princípios gerais implica em pensar na perspectiva da bioética 
como ética planetária, isto é, uma tentativa de unificação do pensamento em 
torno de um objetivo comum: não apenas buscar respostas para os problemas 
que se apresentam a partir do avanço da medicina, mas perceber as relações 
desses problemas com aqueles de ordem social, cultural e ambiental. Essa 
noção de ética global, ou mundial, pode ser entendida sob dois aspectos, um 
geográfico e outro mais voltado à área da saúde. 
De um lado, a bioética se estabelece na década de 1970 nos Estados Unidos, 
e na Europa nos anos 1980; na década de 1990, chega à América Latina, à 
Ásia e à África. A partir dos primeiros anos do século XXI, conforme con-
sidera Pessini (2018), as discussões bioéticas alcançam, enfim, uma projeção 
planetária, que se pretende universal, na medida em que traz consigo as pre-
ocupações que dizem respeito a todos os seres humanos, independentemente 
de sua religiosidade e das diferenças étnico-culturais.
3O ser humano diante das situações-limite
Por outro lado, a ética médica, antes mais voltada para aspectos relativos 
ao seu cotidiano profissional, ganha novos desdobramentos e passa a se ocupar 
também com o macro, tornando-se a bioética médica. Isto é, passa a ter um 
campo de visão interdisciplinar, passando por todas as áreas da saúde, até chegar 
a outras áreas e tornar-se global, ainda conforme o exposto por Pessini (2018).
Com relação a essa bioética global, destaca-se um conceito que assume 
um papel central na discussão para a bioética no início do século XXI: a vul-
nerabilidade. Esta não deve ser pensada apenas como elemento heurístico, 
isto é, como propulsor para a ciência avançar e fazer novas descobertas, mas 
a partir de uma perspectiva da defesa da vida, em especial, da vida humana.
A vulnerabilidade é um conceito que designa populações que precisam 
de cuidado especial: crianças, minorias raciais, idosos, mulheres, indígenas, 
pessoas institucionalizadas, dentre outros. O avanço global das discussões 
bioéticas, somado aos riscos que acompanham as pesquisas médicas e as 
novas tecnologias, são responsáveis por tornar o conceito de vulnerabilidade 
“[...] um dos princípios da ética global, na Declaração Universal de Bioética 
e Direitos Humanos”, conforme leciona Pessini (2018, p. 420).
Observe que a Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos não é a mesma 
que a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). A primeira data de 2005; a 
segunda, de 1948. Enquanto a DUDH formula princípios gerais que devem reger todas 
as ações e relações humanas, a Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos 
é voltada para as questões éticas oriundas da medicina e das ciências que impactam 
na vida humana de forma direta.
A novidade apresentada por esse conceito está no fato de reconhecer, para 
além da autonomia do ser humano, também a sua fragilidade, tanto na dimensão 
corporal quanto na emocional e social. Nesse ponto, Pessini (2018) entende 
que o conceito de vulnerabilidade não pode ser confundido com uma mera 
incapacidade para a autonomia, isto é, para defender seus interesses pessoais 
e se autodeterminar. Para além disso, é preciso reconhecer que determinados 
contextos sociais também podem ser responsáveis diretos pelo pleno desen-
volvimento do ser humano e de suas múltiplas capacidades. 
As degradações ambientais, as doenças autoimunes (como o HIV), o bioter-
rorismo, as doenças que já deveriam ter sido erradicadas e que ainda devastam 
O ser humano diante das situações-limite4
países mais pobres, dentre outros problemas globais, são responsáveis pelo 
pensamento de que vivemos algo como uma vulnerabilidade universal. 
Considerando que todos os seres humanos podem ser vulneráveis de alguma 
forma (seja corporal, emocional ou social), essa nova compreensão interfere 
diretamente na concepção moderna de autonomia, sobre a qual a bioética do 
século XX se fundamentou, segundo Pessini (2018). 
Nesse sentido, a vulnerabilidade, à medida que se globaliza, também se 
torna um ponto de partida para pensar a bioética. A partir dessa linha de 
raciocínio, a bioética toma novos caminhos, para além da autonomia. Esta, 
por si só, poderia conduzir a um “individualismo bioético”, isto é, pensar 
que, tanto a autonomia quanto a vulnerabilidade do indivíduo dizem respeito 
somente a ele e a ninguém mais.
A vulnerabilidade é o que iguala todos os seres humanos, na medida em 
que o simples fato de existir nos torna vulneráveis, dado que a vida humana é 
frágil. Um ponto interessante é que a nossa vulnerabilidade é o que faz nossa 
força. Uma vez conscientes de que precisamos de proteção, desenvolvemos 
instituições que nos protejam. Encontramos aí outras pessoas com as quais 
interagimos e nos abrimos para o mundo, somos solidários na fraqueza, e 
juntos nos tornamos mais fortes, conforme expõe Pessini (2018). 
Direito à vida e dignidade humana 
à luz da revelação cristã
O desenvolvimento das biotecnologias e os debates acerca de temas como 
aborto, eutanásia, células-tronco, anencefalia e cuidados paliativos, bem 
como a questão da degradação da natureza, não são ignorados pela Igreja 
Católica. Pelo contrário, fazem parte de um conjunto de preocupações que 
são fundamentais. Por quê? 
Porque dizem respeito à vida humana, independentemente de seus estágios 
de desenvolvimento, e isso é um valor inegociável para a Igreja. O direito 
à vida fundamenta todos os direitos humanos porque, se não se respeita a 
primazia do direito à vida, os demais direitos se esvaziam de sentido. A esse 
respeito, Dom Ricardo Hoepers (CONFERÊNCIA..., 2018, documento on-line) 
afirma que é preciso “[...] defender a vida na sua integralidade, inviolabilidade 
e dignidade, desde a concepção até a morte natural”. 
Isso implica estar do lado dos mais vulneráveis, daqueles que podem ter sua 
dignidade humana ceifada pelo egoísmo de quem desconsidera o valor de cada 
vida humana criada por Deus. Nesse sentido, Hoepers (CONFERÊNCIA..., 2018, 
5O ser humano diante das situações-limite
documento on-line) considera que “[...] o direito à vida é o mais fundamentalde todos os direitos e, por isso, em primeiro lugar, não se trata de um discurso 
religioso ou fundamentalista por parte da Igreja”. 
Se não se trata de um discurso fundamentalista, como a Igreja entende ser 
possível assegurar efetivamente o direito à vida para todos? Buscando a melhoria 
das condições da vida humana desde a fecundação até a morte natural — em 
especial daquela parte da humanidade que ainda está alijada dos bens essenciais 
e que não tem sua dignidade respeitada —, como consequência das conquistas 
científicas e tecnológicas. É nesse sentido que se pode pensar a bioética à luz 
dos documentos da Igreja, como sugere Dom Antônio Augusto Dias Duarte.
Para Duarte (2010, p. 16), “[...] na raiz dos documentos da Igreja que ver-
sam sobre a Bioética está sempre o amor à pessoa”. Esse amor é que encoraja 
os líderes religiosos a proclamarem os direitos inalienáveis do ser humano. 
Nesse sentido, “[...] os documentos da Igreja Católica querem ser sempre essa 
voz afirmativa e precisa, corajosa e misericordiosa, a favor do valor da vida 
humana e de sua inviolabilidade”, ainda conforme expõe Duarte (2010, p. 16). 
João Paulo II, na Encíclica Evangelium Vitae, publicada em 1995, assevera 
que somente por meio da defesa da dignidade da vida humana é que se torna 
possível encontrar a justiça, o progresso, a verdadeira liberdade, a paz e a feli-
cidade. Além disso, a Congregação para a Doutrina da Fé, no terceiro parágrafo 
da Instrução Dignitas Personae, reforça o posicionamento mencionado acima:
A Igreja Católica, ao propor princípios e avaliações morais para a investigação 
biomédica sobre a vida humana, recorre à luz da razão e da fé, contribuindo 
para a elaboração de uma visão integral do homem e da sua vocação, capaz de 
acolher tudo o que de bom emerge das obras dos homens e das várias tradições 
culturais e religiosas, que não raras vezes mostram uma grande reverência 
pela vida (JOÃO PAULO II, 1995, documento on-line).
Em outro documento elaborado pela Congregação para a Doutrina da 
Fé, denominado Instrução Donum vitae, nas considerações sobre o uso de 
embriões humanos em técnicas de procriação artificial, encontra-se o seguinte 
questionamento: “[...] existe uma presença pessoal desde a primeira aparição 
de uma vida humana: como um indivíduo humano não seria pessoa humana?” 
(LEVADA; LADARIA, 2008, documento on-line).
No Documento de Aparecida, os bispos salientam que a ciência e a tecnolo-
gia não devem estar a serviço exclusivo do mercado, porque, assim, perdem a 
sua essência, que é estar a serviço da melhoria das condições da vida humana, 
prolongando a expectativa de vida e sua qualidade. Além disso, no parágrafo 
123 do documento, enfatizam-se os limites da ciência: a ciência e a tecnologia 
O ser humano diante das situações-limite6
não têm as respostas às grandes interrogações da vida humana, de forma que 
a resposta às questões fundamentais do homem só pode vir de uma razão e 
ética integrais, iluminadas pela revelação de Deus (CELAM, 2007). 
Nesse contexto, trazendo a discussão para o campo político, é importante 
salientar que, para acompanhar os desdobramentos das discussões que envolvem 
as questões bioéticas, o governo brasileiro criou o Sistema de Conselhos de Ética 
em Pesquisa (CEPs), por meio da Resolução nº. 446, de 12 de dezembro de 2012 
(BRASIL, 2012). Nela, está prescrito que os conselhos de cada instituição devem 
ser formados por profissionais das mais distintas áreas, bem como por membros 
da sociedade civil, para que ocorra um diálogo efetivamente interdisciplinar. 
Com a intenção de acompanhar as discussões e oferecer sua contribuição com 
vistas ao bem integral do ser humano, a Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil (CNBB) também instituiu, em 2009, a Comissão de Bioética da CNBB. 
Ademais, em 2018, a CNBB constituiu o Observatório de Bioética, com 
o propósito de mapear a vulnerabilidade humana e oferecer informações que 
colaborem com a Igreja e com a sociedade. Conforme assinala Dom Rodolfo 
Luís Weber, em seu artigo “Observatório de Bioética”, publicado em 2018, no 
site da CNBB, trata-se de “[...] um serviço à verdade, ao bem integral do ser 
humano, à família e à ecologia integral” (WEBER, 2018, documento on-line).
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional De Saúde. Resolução nº. 466, de 12 de 
dezembro de 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo 
seres humanos. Diário Oficial da União, Brasília, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html. Acesso em: 9 abr. 2019.
CELAM. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral do Episco-
pado Latino-Americano e do Caribe. São Paulo: Edições CNBB, 2007.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Dom Ricardo Hoepers: “o direito 
à vida é o mais fundamental de todos os direitos”. CNBB, [s. l.], 2018. Disponível em: 
http://www.cnbb.org.br/dom-hoepers-o-direito-a-vida-e-o-mais-fundamental-de-
-todos-os-direitos/. Acesso em: 9 abr. 2019.
DUARTE, A. A. D. A bioética à luz dos documentos da igreja. In: CONFERÊNCIA NACIONAL 
DOS BISPOS DOS BRASIL. Questões de bioética. Brasília: Edições CNBB, 2010.
JOÃO PAULO II, Papa. Carta encíclica: Evangelium Vitae. 1995. Disponível em: http://
w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25031995_
evangelium-vitae.html. Acesso em: 9 abr. 2019.
7O ser humano diante das situações-limite
LEVADA, W.; LADARIA, L. F. Congregação para a doutrina da fé: instrução dignitas personae: 
sobre algumas questões de bioética. 2008. Disponível em: http://www.vatican.va/ro-
man_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20081208_dignitas-
-personae_po.html. Acesso em: 9 abr. 2019.
PESSINI, L. As origens da bioética: do credo bioético de Potter ao imperativo bioético 
de Fritz Jahr. Revista Bioética, [s. l.], v. 21, nº. 1, p. 9–19, 2013. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S1983-80422013000100002&script=sci_abstract&tlng=pt. 
Acesso em: 9 abr. 2019.
PESSINI, L. Bioética global, vulnerabilidade e agenda 2030 da ONU. In: MILLEN, M. I. C.; 
ZACHARIAS, R. (org.). Ética teológica e direitos humanos. São Paulo: Sociedade Brasileira 
de Teologia Moral, 2018.
REICH W. T. Encyclopedia of bioethics. New York: Macmillan, 1995.
WEBER, R. L. Observatório de bioética. CNBB, [s. l.], 2018. Disponível em: http://www.
cnbb.org.br/observatorio-de-bioetica/. Acesso em: 9 abr. 2019.
Leitura recomendada
RATZINGER, J.; BOVONE, A. Sagrada congregação para a doutrina da fé: instrução sobre 
o respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação. 1987. Disponível em: 
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_
doc_19870222_respect-for-human-life_po.html. Acesso em: 9 abr. 2019.
O ser humano diante das situações-limite8
DICA DO PROFESSOR
Van Rensselaer Potter afirma que a bioética deve ser uma ponte entre a ética e as ciências em 
geral. André Hellegers, por sua vez, mantém o discurso bioético nos limites da ética clínica ou 
biomédica. Sendo assim, o princípio da autonomia do paciente é considerado um dos pilares da 
bioética. Esse princípio assevera que o paciente deve ser o responsável principal no que 
concerne às decisões sobre o seu tratamento. Todavia, o conceito de autonomia não é uma 
invenção da filosofia contemporânea e também não esgota o seu sentido no discurso filosófico.
Nesta Dica do Professor, você vai ver como o filósofo Immanuel Kant propõe o conceito de 
autonomia como central para entender a filosofia prática, isto é, a ética. Além disso, no que 
concerne à autonomia em sua relação com a bioética, você vai conhecer a proposta de um dos 
principais expoentes do cristianismo: o bioeticista italiano e cardeal da Igreja Católica, Elio 
Sgreccia. 
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EXERCÍCIOS
1) A paternidade da bioética se divide entre dois grandes autores, o bioquímico 
americano Van Rensselaer Potter e o obstetra holandês AndréHellegers.
Qual é a diferença fundamental na forma de conceber bioética para os dois autores?
A) Potter pensa a bioética no sentido macro (ecológica) e Hellegers no sentido micro (ética 
médica).
B) Potter pensa a bioética no sentido micro (ecológica) e Hellegers no sentido macro (ética 
médica).
C) Potter cunhou o conceito de biomedicina e Hellegers elaborou o conceito de bioecologia.
D) Potter cunhou o conceito de bioecologia e Hellegers elaborou o conceito de biomedicina.
E) Potter foi responsável pela criação dos comitês de ética no Brasil e Hellegers ajudou a 
fundar comitês de ética nos EUA.
2) Com relação à bioética global há um conceito que assume um papel central na 
discussão para a bioética no início do século XXI: a vulnerabilidade. Esta não deve 
ser pensada apenas como elemento eurístico, isto é, como propulsor para a ciência 
avançar e fazer novas descobertas, desde uma perspectiva da defesa da vida, 
especialmente da vida humana.
Sendo assim, o que significa a vulnerabilidade universal?
A) Que a vulnerabilidade está fundada no princípio da autonomia.
B) Que a vulnerabilidade impede o ser humano de se realizar em sua plenitude.
C) Que todo o universo é vulnerável.
D) Que o cristianismo deseja impor seus dogmas para todos os seres humanos vulneráveis.
E) Que todos os seres humanos estão sujeitos a algum tipo de vulnerabilidade.
3) O desenvolvimento de novas tecnologias e seu impacto na vida humana é um dos 
pontos principais da discussão bioética, da qual a Igreja também faz parte.
Por que a Igreja faz questão de participar dessa discussão?
A) Para se manter atualizada sobre as grandes questões discutidas pela humanidade.
B) Para demonstrar que o direito à vida é o mais importante de todos.
C) Para criar comitês que discutam internamente essas questões.
D) Para demonstrar que o ser humano jamais será autônomo, devido à sua vulnerabilidade.
E) Para elaborar documentos com prescrições que devem nortear a vida dos católicos.
4) A Igreja tem demonstrado um posicionamento firme em seus documentos sobre as 
questões que tangem a bioética.
Que posicionamento é esse?
A) Que a ciência e a tecnologia não são capazes de responder às grandes interrogações da 
vida humana.
B) Que o simples fato de existir nos torna vulneráveis.
C) Que deve haver um imperativo bioético, o qual obrigue os seres humanos a terem 
responsabilidade.
D) Que o direito à vida está na base de todos os outros direitos.
E) Que a bioética global denota um campo de visão interdisciplinar.
5) Para acompanhar os desdobramentos das discussões que envolvem as questões 
bioéticas, o governo brasileiro criou o Sistema de Conselhos de Ética em Pesquisa 
(CEPs).
Quais foram os órgãos criados pela CNBB para refletir e dar um retorno para a 
sociedade sobre essas discussões?
A) O Conselho de Ética em Pesquisa e o Observatório de Bioética.
B) A Comissão de Bioética e o Observatório de Bioética.
C) A Comissão de Bioética e o Conselho de Ética em Pesquisa.
D) A Dignitas Personae e a Donum Vitae.
E) O Instituto de Bioética e o Observatório de Ética Biomédica.
NA PRÁTICA
A bioética é um estudo das dimensões e das condutas morais das ciências da vida e do cuidado 
da saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas, em contexto interdisciplinar. Por 
conta disso, deve estar atenta aos avanços da ciência atual, bem como ter sempre presente a 
responsabilidade pelas futuras gerações.
 
Neste Na Prática, você vai conhecer o trabalho do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da 
Universidade Católica de Pelotas (UCPel). 
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Dom Ricardo Hoepers fala sobre Observatório de Bioética
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil deu início, no sul do país, ao Observatório de 
Bioética para pesquisas em defesa da vida. A rede interdisciplinar vai integrar universitários, 
religiosos e leigos engajados em estudos inéditos para a Igreja. Veja mais sobre isso no vídeo a 
seguir.
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Laudato si'
Nesta encíclica, o Papa Francisco critica a ideia de progresso a qualquer custo, responsável pelo 
consumismo e pela degradação do meio ambiente, bem como da vida humana. O documento é 
dirigido a todas as pessoas do mundo e pede unidade de todos no combate às alterações 
climáticas e à pobreza extrema. O conceito de ecologia integral é apresentado e desenvolvido na 
encíclica. Para saber mais, acesse o link a seguir.
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A bioética e suas aplicações
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia contribuiu para avanços em diversas áreas, 
possibilitando melhorias na qualidade de vida humana. Contudo, qual é o limite da ciência, 
principalmente quando se trata de pesquisa com seres humanos? Neste vídeo, o professor Volnei 
Garrafa traz considerações interessantes sobre esse assunto.
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Carta Encíclica do Papa Paulo VI sobre a regulação da natalidade
O Papa Paulo VI publicou esta encíclica em 25 de julho de 1968. Nela está descrita a orientação 
da Igreja Católica com relação à sexualidade humana e ao aborto. Leia mais sobre esse assunto 
no link a seguir.
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Papa rejeita aborto e eutanásia, em defesa da "cultura da vida"
O Papa Francisco, durante a oração do Angelus, orienta que a vida precisa ser defendida do 
início ao fim, pois toda a vida humana é sagrada. O Sumo Pontífice convida a promover a 
cultura da vida como resposta à cultura do descarte. Veja a seguir.
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Evangelium Vitae
O Sumo Pontífice publicou esta encíclica em 25 de março de 1995, na qual defende a dignidade 
da vida humana e reforça que ela deve ser defendida de forma integral, da concepção à morte 
natural. As principais questões discutidas neste documento são: a eutanásia, o aborto, a 
contracepção e as técnicas de reprodução assistida.
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