Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Experimente o Premium!star struck emoji

Acesse conteúdos dessa e de diversas outras disciplinas.

Libere conteúdos
sem pagar

Ajude estudantes e ganhe conteúdos liberados!

Prévia do material em texto

2018
Ética e LegisLação em 
enfermagem
Profª Liliani Carolini Thiesen
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª Liliani Carolini Thiesen
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
T439e
 Thiesen, Liliani Carolini
 Ética e legislação em enfermagem. / Liliani Carolini 
Thiesen; Paula Dittrich Correa – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 
 168 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0184-9
 
 1.Ética da enfermagem – Brasil. 2.Enfermagem - 
Legislação – Brasil. I. Correa, Paula Dittrich. II. Centro Universitário 
Leonardo Da Vinci.
 
CDD 174.961073
III
apresentação
Caro acadêmico! Seja muito bem-vindo à nossa disciplina! Este livro 
irá auxiliar nos seus estudos e fará compreender melhor a ética, bioética e 
as legislações de enfermagem. O conteúdo deste livro e suas orientações 
contribuirão positivamente com o direcionamento do processo de ensino e 
aprendizagem. 
A elaboração deste livro de estudos tem como finalidade direcionar 
você a ordenar os conteúdos e aspectos práticos e teóricos que auxiliarão 
no desenvolvimento global do seu estudo, agregando conhecimento e 
possibilitando, no final do curso, sua inserção no mercado de trabalho, 
através do seu mérito e dedicação.
Assim, convidamos você a conhecer brevemente cada unidade que 
será abordada neste livro de estudos.
Na Unidade 1, você compreenderá os aspectos relacionados à ética, 
moral e bioética e como esses assuntos se relacionam no contexto atual da 
vida do ser humano, conhecerá também os problemas éticos que decorrem 
dos avanços científicos na área da biologia e da medicina. E, por fim, estudará 
o Código de Ética de Enfermagem.
Na Unidade 2, você estudará a lei e a sociedade, a saúde e a 
enfermagem no código de defesa e proteção do consumidor, o trabalho de 
enfermagem: normas legais de segurança e saúde, fundamentos jurídicos e 
ético-legais da enfermagem e, por fim, as principais legislações que regem a 
enfermagem. 
Na Unidade 3, você compreenderá como foi a evolução das práticas 
de saúde no decorrer da história e de que maneira surgiu a enfermagem 
como profissão, além de entender a importância de Florence Nightingale 
para a enfermagem. Delinearemos a importância da comunicação para a 
equipe multidisciplinar e, por fim, estudaremos a legislação do exercício da 
enfermagem e os órgãos da classe.
Nesse contexto delineamos os assuntos importantes a serem 
conhecidos e, desta forma, convidamos você para se inteirar e assimilar este 
conhecimento.
Desejamos uma ótima leitura! Bons estudos!
Profª Liliani Carolini Thiesen
Prof.ª Paula Dittrich Correa
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA ........ 1
TÓPICO 1 – ÉTICA NA ENFERMAGEM ........................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 ÉTICA ...................................................................................................................................................... 3
2.1 CONCEITO ....................................................................................................................................... 4
3 ÉTICA PROFISSIONAL ...................................................................................................................... 5
4 ÉTICA E DEONTOLOGIA ................................................................................................................. 6
5 ÉTICA E PESQUISA EM SAÚDE ...................................................................................................... 8
5.1 HISTÓRIA DA ÉTICA EM PESQUISA EM SAÚDE .................................................................. 9
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 13
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 14
TÓPICO 2 – BIOÉTICA NA ENFERMAGEM .................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15
2 BIOÉTICA .............................................................................................................................................. 15
2.1 ORIGEM ............................................................................................................................................ 15
2.2 CONCEITO ....................................................................................................................................... 21
2.3 PRINCÍPIOS ..................................................................................................................................... 22
3 DIREITOS HUMANOS E ENFERMAGEM ................................................................................... 23
3.1 HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................................. 25
3.2 BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS ........................................................................................... 27
4 BIOÉTICA E BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE ............................................................................... 28
5 BIOÉTICA E O INÍCIO E O FIM DA VIDA ................................................................................... 31
6 BIOÉTICA E CUIDADOS PALIATIVOS ......................................................................................... 35
7 BIOÉTICA E QUESTÕES ÉTICAS VIVENCIADAS PELOS PROFISSIONAIS DE 
ENFERMAGEM ...................................................................................................................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 38
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................39
TÓPICO 3 – CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ....................... 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41
2 CÓDIGO DE ÉTICA EM ENFERMAGEM ...................................................................................... 41
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................... 42
2.2 DIREITOS .......................................................................................................................................... 42
2.3 RESPONSABILIDADES E DEVERES ........................................................................................... 42
2.4 DAS PROIBIÇÕES ........................................................................................................................... 43
2.5 INFRAÇÕES E PENALIDADES .................................................................................................... 43
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 44
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 48
sumário
VIII
UNIDADE 2 – LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL .................. 49
TÓPICO 1 – A LEI E A SOCIEDADE ................................................................................................... 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 CONCEITO DO DIREITO .................................................................................................................. 51
3 ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE ................................................................................................. 52
3.1 OS TRÊS PODERES ......................................................................................................................... 53
3.1.1 Poder Legislativo .................................................................................................................... 54
3.1.2 Poder Executivo ...................................................................................................................... 56
3.1.3 Poder Judiciário ...................................................................................................................... 59
4 HIERARQUIA DAS NORMAS ........................................................................................................ 60
5 NORMAS GERAIS BRASILEIRAS QUE AFETAM A ENFERMAGEM .................................. 62
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65
TÓPICO 2 – REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67
2 HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM .................. 68
3 ENTIDADES DE DEFESA ECONÔMICA DA CLASSE .............................................................. 72
4 CAMINHOS DA LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM NO BRASIL .......... 74
5 SAÚDE E ENFERMAGEM NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA
 DO CONSUMIDOR ............................................................................................................................. 76
6 TRABALHO DE ENFERMAGEM: NORMAS LEGAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE ........... 78
7 ASPECTOS JURÍDICOS E ÉTICO-LEGAIS DA ENFERMAGEM ............................................. 81
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM........... 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 LEI Nº 5.905, DE 12 DE JULHO DE 1973 .......................................................................................... 85
3 LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO DE 1986 .......................................................................................... 88
4 DECRETO Nº 94.406, DE 08 DE JUNHO DE 1987 .......................................................................... 90
5 RESOLUÇÃO COFEN – 311/2007 ...................................................................................................... 91
6 RESOLUÇÃO COFEN – 370/2010 ...................................................................................................... 91
7 RESOLUÇÃO COFEN Nº 358/2009 .................................................................................................... 92
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 98
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 99
UNIDADE 3 – ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL .........................................................101
TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM ..................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM .........................................................................104
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CUIDAR .......................................................................................105
3.1 TRAJETÓRIA DO ATO DE CUIDAR, NO LIVRO SAGRADO .............................................106
3.2 INFLUÊNCIA DAS CRUZADAS NO ATO DE CUIDAR .......................................................109
4 A HISTÓRIA DE FLORENCE NIGHTINGALE ...........................................................................110
5 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL .............................................................................113
5.1 QUEM FOI ANNA NERY ............................................................................................................116
6 ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO ...........................................................................................117
IX
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................120
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121
TÓPICO 2 – CONDUTA PROFISSIONAL .......................................................................................123
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123
2 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO .................................................................................................123
2.1 CONCEITO .....................................................................................................................................124
2.2 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO .............................................................................................126
2.3 COMUNICAÇÃONA ENFERMAGEM ....................................................................................129
3 DIREITOS DO PACIENTE ...............................................................................................................130
4 DIREITO À VIDA ...............................................................................................................................132
5 LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM: ÓRGÃOS DE CLASSE ....................134
5.1 ABEN ...............................................................................................................................................135
5.2 COFEN ...........................................................................................................................................136
5.3 COREN ............................................................................................................................................138
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................140
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141
TÓPICO 3 – IMPLICAÇÕES LEGAIS ...............................................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 SIGILO PROFISSIONAL OU RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL ...............................143
3 REGISTRO DE ENFERMAGEM .....................................................................................................147
3.1 CONCEITO E FINALIDADE .......................................................................................................147
3.2 ASPECTOS LEGAIS ......................................................................................................................149
4 IDENTIFICANDO ERROS NA RELAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................152
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................156
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................159
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................161
X
1
UNIDADE 1
ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: 
UMA SINERGIA NECESSÁRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender sobre ética e bioética;
• conceituar ética profissional;
• estudar sobre deontologia; 
• conhecer sobre a história da ética em pesquisa em saúde; 
• aprender sobre os direitos humanos;
• saber que a bioética está relacionada com o início e fim da vida;
• conhecer questões éticas vivenciadas pelos profissionais de enfermagem;
• explorar o código de ética dos profissionais de enfermagem.
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles 
você encontrará atividades que o auxiliarão na compreensão dos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – ÉTICA NA ENFERMAGEM
TÓPICO 2 – BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
TÓPICO 3 – CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ÉTICA NA ENFERMAGEM
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Seja bem-vindo a esta caminhada para estudar e 
compreender a ética na enfermagem. A finalidade deste estudo é para que você 
receba as informações e construa seu próprio conhecimento referente ao tema 
central, para que consiga discutir o significado de ética nas diferentes áreas, 
visando ao aprimoramento para sua trajetória profissional.
Nos dias de hoje, a palavra "ética" é amplamente empregada nas diferentes 
áreas de atuação profissional, como também em situações cotidianas, na política, 
nas relações interpessoais, na educação, na saúde, entre outros. Além disso, a 
ética exige do ser humano uma reflexão crítica, envolvendo conhecimento, razão, 
sentimentos, emoções, vivências, bem como as heranças acumuladas e os valores 
adquiridos ao longo da vida. 
Dessa forma, a ética presume a capacidade de a pessoa decidir e optar, 
com base nos valores, crenças e convenções sociais. 
A partir de agora, estudaremos e compreenderemos o conceito e os 
princípios da ética, a relação da ética com o profissional, com a deontologia, com 
as políticas públicas e a pesquisa em saúde. 
Vamos aos estudos!
2 ÉTICA
A ética antigamente preocupava-se quase que exclusivamente da ação 
individual. Hoje, devido aos avanços científicos e tecnológicos e as transformações 
sucedidas na sociedade, a prioridade passou a ser, não o indivíduo isolado, mas o 
sujeito social, com o desenvolvimento de muitas pessoas em grupos comunitários, 
profissionais, associações de classe e outros. Visando aos valores morais perante 
a sociedade, a ética prima por um comportamento correto e digno. Você já 
ponderou por que precisamos estar ao lado da ética? Você já ponderou que, na 
maioria das vezes, agimos em conformidade com padrões estabelecidos pela 
sociedade, do que é bom e moral? Na verdade, a ética está intrínseca ao nosso 
caráter, pois está diretamente ligada à maneira digna de agir, ou seja, temos que 
demonstrar uma conduta adequada e correta.
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
4
A ética está presente primordialmente na área de saúde, mas há 
verdadeiramente um domínio teórico sobre a ética e suas peculiaridades por 
parte dos profissionais de saúde, em especial a enfermagem?
2.1 CONCEITO
Caro acadêmico! Embora sejam usados como sinônimos com frequência, 
os conceitos de moral e ética são diferentes. Vamos agora conhecer suas 
particularidades!
FIGURA 1 – ÉTICA E MORAL, SINÔNIMOS?
FONTE: Disponível em: <http://www.ideiaseopinioes.com/moral-
etica-um-nos/>. Acessado em: 12 abr. 2018. 
Ética é uma área da filosofia que estuda os juízos de apreciação que se 
referem ao comportamento humano, passível de qualificação do ponto de vista 
do bem e do mal. Proveniente do grego ethos, significa caráter, costume, hábito 
ou modo de ser. Compreende os comportamentos que caracterizam uma cultura 
ou um grupo, fazendo uso de valores e de uma escala de valores. Já a moral, 
oriunda do latim mos, moris (costume), poderia ser definida como a ciência que se 
preocupa com ações ou costumes do ser humano, deveres do homem individual 
e grupal (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Segundo Adolfo Sánchez Vásquez, tanto ethos como mos denotam uma 
espécie de comportamento propriamente humano que não é natural, não é inato 
ao ser humano como se fosse um instinto, mas que é “adquirido ou conquistado 
por hábito”. (ARISTÓTELES, 1992; KORTE, 1999). 
Para Boff (2003), ética é um balizador social do comportamento humano, 
para estipular o que se deve fazer para alcançar a “boa vida”, o “bem-estar” das 
pessoas vivendo em sociedade. As instituições de saúde, entre elas os hospitais, 
são constituídas primordialmente por pessoas que convivem profissionalmente e 
tomam decisões que afetam a própria instituição, as pessoas que dela dependem 
direta e indiretamente e a coletividade onde está inserida. Por essa razão, deve-
se compreender a existência de uma ética institucional como parte da cultura da 
TÓPICO 1 | ÉTICA NA ENFERMAGEM
5
organização. Ética nos remete a valores, princípios e normas que atuam como 
alicerces para o comportamento humano; indica-nos o que é certo, correto e justo, 
assim como a responsabilidade das pessoas por seus atos. Esse mesmo autor 
considera que os problemas e dilemas éticos enfrentados no cotidiano dos hospitais 
são muitas vezes de alta complexidade, exigindo que se ressaltam indagações 
a respeito da natureza ética das decisõestomadas e dos atos administrativos. 
Daí a valia dos princípios e valores como fundamentos a orientar as decisões 
dos profissionais da área de saúde, confrontando-se os interesses econômicos, 
financeiros e gerenciais com os direitos dos pacientes, o respeito à sua integridade 
e segurança.
Basicamente, a diferença entre esses termos consiste em que a ética tem 
conotação filosófica na análise dos problemas, a moral tem conotação sobrenatural 
e, por essa razão, é reiteradamente confundida com religião. Outra concepção 
importante a mencionar dentro desse âmbito é a liberdade, ou seja, a faculdade 
ou poder de decidir ou agir conforme a própria determinação, respeitadas as 
regras legais instituídas. A liberdade deve compreender as faculdades de fazer 
ou não fazer o que se quer; de pensar livremente; de ir e vir de qualquer parte, 
quando e como deseja; de exceder qualquer profissão ou atividade, respeitadas as 
leis; de associar-se e de professar qualquer religião (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Para Segre (1999), a ética é uma característica autônoma e individual do 
homem. A capacidade de ação e decisão tem de partir da singularidade que cada 
pessoa possui e não das experiências vistas e vivenciadas em seu entorno. Não 
deve existir a coação do meio sobre o arbítrio do fazer, permitindo à própria 
consciência saber o certo e o errado.
Dessa maneira, conclui-se que, ainda que sejam etimologicamente 
similares, a moral e a ética são distintas, tendo a moral uma característica prática 
imediata e restrita, visto que representa um conjunto de normas que governam a 
vida do indivíduo e, consequentemente, da sociedade, indicando o que é bom e o 
que é mau, influenciando os juízos de valores e as opiniões. Em contrapartida, a 
ética possui um caráter de reflexão filosófica de característica universalista sobre 
a moral, a fim de analisar os princípios, as causas, mas também as consequências 
das ações dos indivíduos para a sociedade (KORTE, 1999). 
3 ÉTICA PROFISSIONAL
Pode-se definir ética profissional como um conjunto de padrões que 
governam o comportamento humano, relacionada à atividade que o indivíduo 
desempenha profissionalmente, com zelo ao seu próximo, não arguindo fofocas, 
intrigas e conluios, agindo com honestidade, assiduidade, responsabilidade, 
pontualidade, transparência no desempenho de suas funções. De tal maneira, 
a ética compreende o relacionamento de profissionais, a fim de conservar a 
dignidade humana e a construção do bem comum. 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
6
Sá (2009) elenca uma relação de valores, dentre eles: abnegação, atitude, 
benevolência, coerência, disciplina, eloquência, fidelidade, gratidão, honestidade, 
idealismo, os quais são primordiais à realização dos serviços profissionais. 
Dessa maneira, Medeiros e Hernandes (2004, p. 98) esclarecem que:
a ética profissional é o conjunto de princípios que regem a conduta 
funcional de uma profissão. Princípios esses, que são essenciais para 
a atuação profissional. No entanto, é importante perceber o quanto 
esse conjunto de normas morais se faz necessário no desempenho 
profissional, pois é através dos preceitos éticos incorporados nas ações 
individuais de cada sujeito, que se pode avaliar a conduta profissional 
de cada indivíduo.
Quando a honestidade e a benevolência são presentes no desempenho do 
ambiente profissional, é possível identificar o caráter do profissional, garantindo 
a extensão da ética para o benefício comum de todos.
4 ÉTICA E DEONTOLOGIA
A referência à ética ocorre no domínio da reflexão filosófica sobre a ação 
humana, o cenário deste debate é íntimo, ou seja, na consciência de cada um. No 
aspecto de que cada indivíduo intenta caminhar no sentido de uma vida boa, 
com e para os outros, em instituições justas. É a ação que realiza cada pessoa, no 
fundo, a questão ética trata-se da administração que cada qual faz da sua vida, 
para o seu próprio bem (RICOEUR, 1995; SAVATER, 2000).
UNI
O termo “deontologia” surgiu das palavras gregas déon, déontos, com significado 
de dever, e logos, que significa estudo, discurso ou tratado. É, portanto, a deontologia um 
estudo dos deveres do profissional.
Ao referir-se à deontologia entra-se no âmbito do conhecimento sobre 
o dever, o adequado, o conveniente. A peculiaridade deste nível valorativo (o 
campo deontológico) é que não projeta julgamento sobre o proceder das pessoas 
enquanto tais, nem se ocupa com o ideal de uma boa vida. A “jurisdição do 
deontológico é sobre os membros de uma profissão, enquanto comprometidos a 
realizar as atividades profissionais” (SAVATER, 2000, p. 148). O que se objetiva 
com a deontologia não é a felicidade (supondo que este é um objetivo da jurisdição 
da ética), mas a conservação da ordem e a harmonia da sociedade. Pode-se dizer 
que estão aqui em discussão questões de procedimento, de disciplina (NUNES; 
AMARAL; GONÇALVES, 2005).
TÓPICO 1 | ÉTICA NA ENFERMAGEM
7
A deontologia é, portanto, o tratado do dever, o conjunto de deveres, 
princípios e regras adotados por um determinado grupo profissional. Dentro da 
conceituação já exposta, de ética e de moral, poderíamos denominar a deontologia 
profissional como moral profissional, isto é, o conjunto das obrigações que 
o profissional tem, porque assumiu, com seu meio profissional (no caso dos 
profissionais da área da saúde): o paciente, a família do paciente, a sociedade em 
geral, o colega, o Estado. A deontologia, sendo pertinente à conceituação para a 
atuação profissional dentro de qualquer uma das prestações de serviço de saúde, 
será uma questão de “dever ser”, e não de “ser”, de acordo com o que definimos, 
e defendemos, para a conduta ética individual (SEGRE; COHEN, 1999).
Considerando a deontologia como a formulação de um “dever ser 
profissional”, poderemos defini-la como o conjunto de normas referentes a uma 
determinada profissão, fundamentadas nos princípios da moral e do direito, que 
buscam definir as boas práticas, tendo em conta as particularidades da profissão. 
Assim como a moral e o direito evoluem com o passar do tempo, também as 
deontologias profissionais tendem a adaptar-se às circunstâncias de cada época 
(NUNES; AMARAL; GONÇALVES, 2005).
A grande distinção entre a deontologia, a ética e a moral é proveniente da 
própria origem das normas, uma vez que as deontológicas são instituídas pelos 
próprios profissionais, depois de reflexão sobre a prática e tendo como princípio 
o que favorece e prejudica a profissão (NUNES; AMARAL; GONÇALVES, 2005).
Sabemos que as decisões de enfermagem afetam consideravelmente a vida 
das pessoas, tanto no presente como no futuro, e que, no domínio da prática, se 
entroncam os aspectos relacionados com os parâmetros de excelência, as legis artis, 
o juízo deontológico, decorrente da assunção de deveres estatuídos, que acarretam 
a dimensão disciplinar. Dizer que existem normas significa igualmente dizer que 
as normas são passíveis de ameaças pelo descumprimento e de pouca utilidade 
seria uma deontologia amputada da capacidade disciplinar, da possibilidade de 
punir as violações dos deveres (NUNES; AMARAL; GONÇALVES, 2005).
A deontologia demonstra, dessa maneira, duas faces, de um lado, a 
expressão das regras e dos deveres; do outro, o poder e a possibilidade de 
reconhecer mérito ou aplicar sanção. Participando de um todo complexo, os 
deveres emergem em conexão à moral profissional e ao direito. Expondo de 
outra maneira: sempre foi necessário uma medida, uma régua ou um esquadro, 
menos mutável que a própria realidade do cotidiano, para julgar sobre as coisas, 
portanto, a regra, a norma ou o cânone podem ser vistos como balizadores para o 
juízo (NUNES; AMARAL; GONÇALVES, 2005). 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
8
5 ÉTICA E PESQUISA EM SAÚDE
O avanço nos cuidados e na prevenção de doenças depende da 
compreensão de processos fisiológicos e patológicos e para isso são necessárias 
pesquisas em seres humanos. As descobertasprovenientes da pesquisa em 
seres humanos contribuíram de maneira significativa para a saúde humana 
(PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014). Segundo Almeida (2009, p. 14): “Além 
do conhecimento sobre as causas das doenças e sua evolução, essas pesquisas 
trouxeram a perspectiva do desenvolvimento de novas tecnologias biomédicas 
para o controle ou até mesmo a cura dessas doenças”.
O termo “pesquisa” se refere a um tipo de atividade estruturada para 
desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável. Esse conhecimento 
consiste em teorias, princípios ou relações, ou acúmulo de informações em que 
se baseiam, que podem ser comprovados por métodos científicos de observação e 
inferências aceitos. No atual contexto, “pesquisa” inclui os estudos biomédicos e 
de conduta relativa à saúde humana (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014). 
A realização dos experimentos em seres humanos pode expor a saúde 
individual e coletiva de pessoas que indiretamente não serão beneficiadas pelos 
resultados da pesquisa. Nesse contexto, as questões da ética nos ensaios clínicos 
suscitam o interesse de pesquisadores e provocam grandes discussões. A pesquisa 
clínica é essencial para a melhoria da qualidade de vida das populações, mas a 
questão que surge é até que ponto se pode permitir a participação de pessoas 
em estudos dessa natureza, em função dos avanços da medicina. Visto que o 
limite ético das investigações e experimentos em seres humanos está entre a real 
necessidade da experimentação científica e a violação do direito à saúde (MORO 
et al., 2011).
A pesquisa em qualquer área do conhecimento abrangendo seres 
humanos deverá ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e 
com probabilidades concretas de responder às incertezas que a antecederam, 
prevalecendo sempre as possibilidades dos benefícios esperados sobre os riscos 
previsíveis, assegurar aos sujeitos da pesquisa os seus benefícios, respeitando 
os valores culturais, sociais, morais, étnicos, religiosos e éticos, deverá também 
prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade 
dos indivíduos pesquisados, garantindo a sua proteção de imagem, a sua não 
censura e a não utilização das informações em prejuízo dos indivíduos e/ou das 
comunidades (SARDENBERG et al., 1999).
Além disso, toda pesquisa em seres humanos deve ser realizada de acordo 
com três princípios éticos básicos: respeito à autonomia, beneficência e justiça, 
que serão abordados posteriormente. 
Por essa razão, toda pesquisa que se propõe a trabalhar com seres humanos 
suscita implicações éticas que precisam ser debatidas e adequadas para sua 
realização. No Brasil, essas implicações éticas têm que cumprir rigorosamente as 
TÓPICO 1 | ÉTICA NA ENFERMAGEM
9
recomendações contidas na Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 
196, de 10 de outubro de 1996, que estabelece padrões de conduta para proteger 
a integridade física e psíquica, a saúde, a dignidade, a liberdade, o bem-estar, a 
vida e os direitos dos envolvidos em experiências científicas (BRASIL, 1996).
UNI
Para conhecer a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, você pode 
acessar:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html>.
5.1 HISTÓRIA DA ÉTICA EM PESQUISA EM SAÚDE
A partir de agora entraremos na história da ética em pesquisa com seres 
humanos. Vamos ver que a história da pesquisa envolvendo seres humanos 
percorreu diversos caminhos. Muitas vezes foram perversos e duvidosos, 
apresentando episódios cercados de misticismo e crueldade. Ainda assim, houve 
momentos de consciência e justiça humanitária, em que se tentou estabelecer 
padrões adequados para o estudo em humanos.
Desde a Grécia antiga já havia relatos de pesquisa em seres humanos e 
animais, porém não eram científicas e sim por questões morais e religiosas. Mas 
Hipócrates modificou isso, separou a medicina da religião e da magia, afastou as 
crenças sobre as doenças e fundou os alicerces da medicina racional e científica. 
E se fez presente a preocupação com a ética médica, como visto no Juramento de 
Hipócrates (PUCCI, 2009). 
UNI
Para conhecer o Juramento de Hipócrates, você pode acessar: <http://books.
scielo.org/id/8kf92/pdf/rezende-9788561673635-04.pdf>.
A história também reconheceu os estudos em cadáveres. André Vesálio 
(1514-1564) foi um dos primeiros a quebrar o tabu teológico e moral de estudar 
a anatomia humana por meio de cadáveres, que na época era considerado um 
sacrilégio, a menos se se tratasse de um homem criminoso. Mas em 1537, o Papa 
Clemente VII oficializou a autorização da dissecação anatômica em cadáveres 
humanos (KOTTOW, 2008). 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
10
A partir de então se iniciou a ciência experimental, muitos autores têm 
como pioneiro Galileu Galilei (1564-1642) no início no século XVI, que sempre 
clamava que a verdade deveria ser buscada na experimentação e na observação, e 
não aceita como algo imposto por escolásticos (HOSSNE, 2006).
Max Weber (1864-1920) defendeu a ideia de que a ciência ganha da 
sociedade o encargo de solucionar alguns problemas, sendo esses resultados 
aplicados como prioridades também sociais, sendo a ciência então regulada 
por estes dois momentos sociais, eminentemente éticos, por lidar com valores 
(KOTTOW, 2008).
Observa-se, caro acadêmico, que as questões éticas advindas e/ou 
relacionadas aos novos conhecimentos que surgiam a todo instante nesse período 
da história até as primeiras décadas do século XX, eram tratadas principalmente 
de acordo com a ética e virtude do próprio pesquisador (HOSSNE, 2006). Como 
é o caso do médico inglês Edmund Jenner (1796), que ao estudar uma vacina 
contra a varíola, coordenou seus estudos em seus filhos e nas crianças vizinhas, 
colocando-os em risco, porém, publicou seus resultados após 20 anos, devido 
seus deslizes ético-morais (KIPPER, 2010). 
Existiu também o caso do Dr. Albert Neisser (1900), cientista, que estudou 
a sífilis e a gonorreia, e teve papel relevante no diagnóstico diferencial dessas 
patologias. Foi autor do mais abrangente trabalho experimental sobre sífilis 
publicado na história. Relata-se que ele injetou soro de um paciente com sífilis 
por via subcutânea em quatro pacientes do gênero feminino com idades entre 
10 a 24 anos. E também injetou por via endovenosa em quatro prostitutas de 
idades entre 17 a 20 anos. Todas desenvolveram sífilis, entretanto, a metodologia 
adotada por ele é citada como infração à bioética (LIGON 2005).
Nessa época também ocorreu autoexperimentação: Friedrich Sertürner 
estudou em si mesmo os efeitos da morfina; John Hunter se autovinculou ao 
material extraído de um cancro luético; Sir Humphry Davy inalou óxido nitroso 
para conhecer suas propriedades; Eusébio Valli injetou uma mistura de pus 
variólico, Lazaro Spallanzani estudou o mecanismo da digestão, ingerindo 
repetidamente tubinhos com alimentos; Max von Pettenkoffer ingeriu bacilos de 
cólera e Frederick Alexander Lindemann injetou em si mesmo a espiroqueta da 
sífilis (SGRECCIA, 2009). 
Em 1901, Walter Reed já apontava alguns requisitos para haver um mínimo 
de ética em pesquisa, principalmente, com o consentimento dos participantes, bem 
como o pagamento em dinheiro pela participação destes nos estudos (GUILHAM; 
DINIZ, 2005). Sugeria ainda que em casos de publicação dos resultados deveria 
constar a frase “com total consentimento do sujeito”. No entanto, essas exigências 
foram desconsideradas por longo período (KIPPER, 2010). 
TÓPICO 1 | ÉTICA NA ENFERMAGEM
11
Pierre-Charles Bongrand demonstrou em 1905 uma extensa lista de 
experimentos e autoexperimentos biomédicos em seres humanos, chegando à 
conclusão de que, em prol da ciência, esses estudos, ainda que “imorais”, eram 
“ocasionalmente necessários”. As pesquisas eram realizadas com os moribundos, 
os prisioneiros e os condenados à morte, mas não as pessoas vulneráveis, como 
os pobres, as crianças e as mulheres grávidas, mencionando o consentimentovoluntário e a necessidade de compensações. (KIPPER, 2010). 
Em 1914, a Alemanha possuía um regulamento sobre procedimentos 
terapêuticos de experimentação humana, sendo este estabelecido pelo Ministério 
do Interior Germânico, visando controlar o abuso e o desrespeito à dignidade 
humana nas pesquisas. 
Com a propagação das perversidades envolvendo médicos e pesquisadores 
alemães da Segunda Guerra Mundial, a comunidade organizou-se para julgá-los 
como criminosos de guerra, no Tribunal de Nuremberg, em 1947, julgamento 
promovido pelos Estados Unidos da América (KIPPER, 2010).
Caro acadêmico! Perceba que as atrocidades cometidas durante a Segunda 
Guerra Mundial impuseram o desenvolvimento de normas éticas para a realização 
de pesquisas com seres humanos. Após esse julgamento, foi elaborado o primeiro 
documento internacional sobre ética em pesquisa, o Código de Nuremberg, que 
englobava recomendações sobre os aspectos que deveriam guiar a realização de 
investigações com seres humanos (PUCCI, 2009). 
O código demonstrou a necessidade de uma fase pré-clínica em animais 
antes de se efetuar testes em seres humanos, com possibilidade de se conseguir 
resultados vantajosos a partir dos estudos e avaliar cuidadosamente os riscos 
e benefícios do estudo. Outro avanço importante foi apontar a importância do 
consentimento voluntário, tornando-se elemento absolutamente essencial para a 
inclusão do indivíduo na pesquisa e de responsabilidade do pesquisador (COSTA; 
OSELKA; GARRAFA, 1998). 
Henry Beecher, na década de 1960, publicou um artigo intitulado “Ética e 
pesquisa clínica”, chamando a atenção de 22 casos de pesquisas impróprias que 
haviam sido divulgadas por periódicos médicos de grande prestígio internacional. 
As pesquisas relatadas haviam sido financiadas por instituições governamentais, 
universidades e companhias farmacêuticas e utilizavam nos estudos pessoas 
debilitadas, como soldados, idosos, pacientes psiquiátricos, adultos e crianças 
com deficiência mental e pessoas internadas em hospitais (COSTA; OSELKA; 
GARRAFA, 1998; KIPPER, 2010).
Vamos ver agora alguns exemplos desses casos de pesquisa imprópria, o 
Estudo de Tugeskee, experimento financiado e conduzido pelo Serviço de Saúde 
Pública dos Estados Unidos, que durou em torno de 40 anos, período entre 1932 
e 1972. No estudo foram utilizados cerca de 400 homens negros portadores de 
sífilis, deixados sem tratamento com o objetivo de estudar a evolução natural 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
12
da doença. Para eles era oferecido somente placebo, mesmo após a descoberta 
da penicilina, que era o medicamento utilizado para o tratamento da doença. 
Outro estudo inoculou o vírus da hepatite em crianças com deficiência mental, 
internadas na Escola Estatal de Willowbrook, e o da injeção de células cancerígenas 
em pacientes gravemente doentes, hospitalizados no Hospital Judeu de Doenças 
Crônicas de Brooklyn (KOTTOW, 2008).
Após esses eventos no mundo da pesquisa, em 1964, na 18ª Assembleia 
da Associação Médica Mundial, foi revisto o Código de Nüremberg e aprovada a 
Declaração de Helsinque. Essa declaração foi aprovada pela Organização Mundial 
da Saúde (OMS) e reconheceu os experimentos em seres humanos em benefício 
do paciente e da ciência, estabelecendo regras éticas que devem ser cumpridas. 
Também, se atém aos riscos dos participantes, reforçando a necessidade do 
consentimento livre e esclarecido e a indicação do melhor tratamento, diagnóstico 
comprovado, incluindo aqueles do grupo de controle (KOTTOW, 2008).
Na década de 1980, o Council for International Organizations of Medical 
Sciences (CIOMS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) elaboraram 
um documento mais detalhado sobre o assunto, estabelecendo as "Diretrizes 
internacionais para a pesquisa biomédica em seres humanos", traduzida para a 
língua portuguesa pelo Ministério da Saúde (COSTA; OSELKA; GARRAFA, 1998). 
Você acabou de ver como foi a evolução da história da pesquisa em seres 
humanos e como foi a implementação da regulamentação dentro desse meio.
13
Após o término deste tópico, estudamos que:
• A palavra "ética" é amplamente empregada nas diferentes áreas de atuação 
profissional, como também em situações cotidianas, na política, nas relações 
interpessoais, na educação, na saúde, entre outros.
• A ética está relacionada ao estudo da conduta humana, já a moral está atrelada 
ao conjunto de normas baseadas nos costumes e na cultura de uma sociedade.
• O conjunto de padrões que regem a conduta humana é conhecido por 
ética profissional e está relacionado à atividade que o homem desempenha 
profissionalmente.
• A deontologia pode ser definida como o conjunto de normas referentes a uma 
determinada profissão, fundamentadas nos princípios da moral e do direito, 
que buscam definir as boas práticas, tendo em conta as particularidades da 
profissão.
• A pesquisa em seres humanos é imprescindível para o desenvolvimento da 
ciência e para aumentar a qualidade de vida da sociedade.
• No Brasil, em 1996, foi criada a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de 
Saúde, que determina padrões de conduta para proteger a integridade física e 
psíquica, a saúde, a dignidade, a liberdade, o bem-estar, a vida e os direitos dos 
envolvidos em experiências científicas.
RESUMO DO TÓPICO 1
14
1 É uma área da filosofia que estuda os juízos de apreciação que se referem ao 
comportamento humano, passível de qualificação do ponto de vista do bem 
e do mal. Significa caráter, costume, hábito ou modo de ser. Compreende os 
comportamentos que caracterizam uma cultura ou um grupo, fazendo uso 
de valores. Assinale a alternativa que corresponde à afirmação:
a) ( ) Ética.
b) ( ) Bioética.
c) ( ) Moral.
d) ( ) Consciência humana.
2 Defina ética profissional:
3 Qual é a distinção entre a deontologia, a ética e a moral?
4 Toda pesquisa em seres humanos deve ser realizada de acordo com três 
princípios éticos básicos. Assinale a alternativa que não apresenta um desses 
princípios:
a) ( ) Autonomia.
b) ( ) Beneficência.
c) ( ) Justiça.
d) ( ) Igualdade.
AUTOATIVIDADE
15
TÓPICO 2
BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Após estudarmos o conceito e o significado de ética nas 
diferentes áreas, a partir de agora abordaremos a ética sob o enfoque da vida e da 
saúde humana, conhecida como bioética. 
A bioética é a parte da ética voltada para as questões da vida e da saúde 
humana, entendida como um conjunto organizado de reflexões construtivas, no 
qual cada pessoa toma posição quanto às situações conflituosas referentes à vida. 
Dessa forma, é necessário retomar as reflexões éticas, no que tange aos 
problemas éticos decorrentes dos avanços científicos nas áreas da biologia e da 
medicina.
Neste tópico, nossa intenção é conduzir você ao conhecimento da bioética 
perante os avanços científicos e problemas éticos vivenciados pelos profissionais 
da área da saúde frente à vida, à qualidade de vida e à morte. Podemos ainda 
acrescentar assuntos como aborto, distanásia e ortotanásia, transplante de órgãos, 
sigilo profissional, suicídio assistido, reprodução assistida e experimentação com 
seres humanos. 
Vamos aos estudos!
2 BIOÉTICA
“O termo bioética diz respeito ao campo de estudo sistemático, plural e 
interdisciplinar, envolvendo questões morais teóricas e práticas, levantadas pela 
medicina e ciência da vida, enquanto aplicadas aos seres humanos e à relação 
destes com a biosfera” (UNESCO, Elaboration of the Declaration on Universal 
Norms on Bioethics: fourth outline of a text. Paris, 12-14 de dezembro de 2004). 
2.1 ORIGEM
Segundo Pessini e Barchifontaine (2014), o movimento da bioética 
estabeleceu-se na década de 1970 nos EUA, na década de 1980 na Europa, no 
início da década de 1990 na Ásia e a partir de meados da década de 1990, nos 
países em desenvolvimento. 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
16
No entanto, caro acadêmico, vocêsabe quem inventou o termo ‘bioética’?
A criação do termo bioética atribuiu-se primeiramente a Van Rensselaer 
Potter, bioquímico e oncologista americano que trabalhou na Faculdade de 
Medicina da Universidade de Wisconsin, que cunhou o termo no artigo “Bioethics, 
the Science of Survival”, publicado em 1970, na revista Perspectives in Biology 
and Medicine e, posteriormente, no seu livro Bioethics: Bridge to the Future, 
publicado em 1971. 
FIGURA 2 – VAN RENSSELAER POTTER E SUA OBRA “BIOETHICS: 
BRIGET TO THE FUTURE”
FONTE: Disponível em: <https://alchetron.com/Van-Rensselaer-Potter>. 
Acesso em: 7 abr. 2018.
Na contracapa de seu livro, Potter (1971) disserta: 
Ar e água poluída, explosão populacional, ecologia, conservação – 
muitas vozes falam, muitas definições são dadas. Quem está certo? As 
ideias se entrecruzam e existem argumentos conflitivos que confundem 
as questões e atrasam a ação. Qual é a resposta? O homem realmente 
está colocando em risco o seu meio ambiente? Não seria necessário 
aprimorar as condições que ele criou? A ameaça de sobrevivência é 
real ou se trata de pura propaganda de alguns teóricos histéricos? 
[...] Esta nova ciência, bioethics, combina o trabalho dos humanistas e 
cientistas, cujos objetivos são sabedoria e conhecimento. A sabedoria 
é definida como o conhecimento de como usar o conhecimento para 
o bem social. A busca de sabedoria tem uma nova orientação porque 
a sobrevivência do homem está em jogo. Os valores éticos devem 
ser testados em termos de futuro e não podem ser divorciados dos 
fatos biológicos. Ações que diminuem as chances de sobrevivência 
humana são imorais e devem ser julgadas em termos do conhecimento 
disponível e no monitoramento de “parâmetros de sobrevivência” que 
são escolhidos pelos cientistas e humanistas.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
17
Para Potter, o termo bioética é a ponte entre a ciência biológica e a ética, ou 
seja, expressar a necessidade de equilibrar a orientação científica da biologia com 
os valores humanos. Expressando grande preocupação com o avanço científico 
crescendo de forma exponencial, sem se acompanhar de adequada reflexão sobre 
o seu uso e possíveis consequências para a sobrevivência do homem (LOPES, 
2014; PESSINI, 2013). 
Entretanto, em 1997, o professor Rolf Lother, da Universidade Humboldt, 
de Berlim, em conferência em Tübingen, menciona Fritz Jahr, a quem credita ter 
cunhado a palavra bioética (bio + ethik) pela primeira vez, em um artigo publicado 
no periódico alemão Kosmos, em 1927. Fritz Jahr, em seu artigo “Bioética – revendo 
as relações éticas dos seres humanos com os animais e plantas”, caracterizou a 
bioética como o reconhecimento de obrigações éticas, não apenas com relação ao 
ser humano, mas para com todos os seres vivos (LOPES, 2014; PESSINI, 2013). 
Seguindo a linha do pensamento filosófico de Kant, propôs o imperativo bioético: 
“Respeita cada ser vivo em princípio como uma finalidade em si e trata-o como 
tal na medida do possível” (JAHR, 1927apud GOLDIM, 2006, p. 86).
FIGURA 3 - EDIÇÃO DA REVISTA KOSMOS EM QUE FOI 
PUBLICADO ARTIGO SOBRE BIOÉTICA DE FRITZ JAHR
FONTE: Disponível em: <https://bioamigo.com.br/category/
historia-da-medicina/>. Acesso em: 9 abr. 2018.
Hans-Martin Sass (2011) reúne uma coletânea dos ensaios escritos por Jahr 
e apresenta um escrito sobre seu imperativo bioético de maneira sistematizada, 
explicitando sua visão bioética e a expansão do pensamento filosófico de Kant. 
Nesse sentido, Sass (2011, p. 273-275) identifica alguns aspectos sobre o imperativo 
bioético de Jahr:
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
18
1. Uma nova disciplina acadêmica: o imperativo bioético deve ser 
“desenvolvido para educar e nortear as atitudes coletivas e individuais 
morais e culturais e exige novas responsabilidades e respeito com 
todas as formas de vida”.
2. Uma nova Ética de Virtude integradora e fundamental: o Imperativo 
Bioético baseia-se nas evidências históricas e outros indícios de que a 
compaixão é um fenômeno empírico estabelecido da alma humana.
3. Um novo Princípio da Regra de Ouro: o Imperativo Bioético reforça e 
complementa os deveres e o reconhecimento morais com os irmãos no 
contexto kantiano e tem de ser seguido em relação à cultura humana e 
obrigações morais mútuas entre os seres humanos.
4. Uma nova Regra de Cuidados com a Saúde Pessoal e Ética na Saúde 
Pública: o Imperativo Bioético inclui obrigações com o corpo e a alma 
de alguém enquanto ser vivo.
5. Uma nova Regra de Cuidados com a Saúde Pública e Ética: Jahr 
expressa uma visão crítica e conservadora sobre as questões de saúde 
pública, na qual cumprir as obrigações com alguém é também um 
dever com os outros e a saúde pública, realçando a estreita interação 
dos cuidados com a saúde pessoal e pública.
6. Uma nova Regra de Gestão Global e Ética: Jahr propõe uma regra 
universal ética de cuidar positivamente e proativamente da saúde e 
da vida deste globo como parte de um cosmos vivo, que resulta no 
imperativo bioético “Respeite cada ser vivo por questão de princípios 
e trate-o, se possível, como tal!”
7. Uma nova Regra de Gestão e Ética Corporativa: o Imperativo 
Bioético tem de reconhecer, guiar e cultivar a luta pela vida entre as 
formas de vida e os ambientes vivos culturais e naturais.
8. Uma nova Regra de Terminologia e Ética Terminológica: Jahr 
inventou o termo bioética, pois via a necessidade de uma terminologia 
clara e precisa para definir nosso relacionamento com as formas de 
vida da realidade como diferente em relação às formas inanimadas 
e estabelecer a gestão da ciência e tecnologia mais modernas e suas 
aplicações de modo moralmente responsável.
9. Uma nova Regra e Ética de Diferenciação: ao inventar o termo 
Bioética, Jahr seguiu a diferenciação da terminologia da ciência mais 
moderna, para analisar as formas de natureza viva a partir de outras 
formas de natureza inanimada.
10. Uma Nova Regra de Interação e Regra de Integração na Ética: 
para Jahr, a ética ao animal e a ética social são campos diferentes, 
mas se interagem e se integram, trazendo formas e tons diferentes 
do Imperativo Bioético e descrevendo a multiplicidade de obrigações 
éticas no século XXI.
Portanto, caro acadêmico, é perceptível que o conceito desenvolvido por 
Jahr é mais abrangente do que o de Potter, pois estende a visão bioética a todas 
as formas de vida, atribuindo, assim, deveres dos seres humanos para com os 
animais e as plantas.
Ainda em 1970, a palavra bioética teve também origem paralelamente 
na Universidade de Georgetown. André Hellegers utilizou esse termo para 
denominar os novos estudos que estavam sendo propostos na área de reprodução 
humana. Foi a primeira vez que se utilizou a palavra bioética no nome de uma 
instituição: The Joseph and Rose Kennedy Institute for the Study of Human Reproduction 
and Bioethcis, conhecida hoje como Kennedy Institute of Ethics (LOPES, 2014; 
PESSINI, 2013). 
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
19
Apesar de ter sua origem registrada na década de 1970, a bioética, enquanto 
ciência, tem sua origem em meio às profundas mudanças sociais, políticas e 
culturais ocorridas principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 
Nos campos de concentração nazistas os prisioneiros eram submetidos a cruéis 
experimentações de fármacos, gás e venenos. Experimentos foram realizados 
com câmaras de descompressão para estudar os efeitos do voo a grandes alturas; 
para analisar os efeitos do congelamento, prisioneiros nus ou vestidos foram 
submetidos a temperaturas polares produzidas artificialmente, e experiências 
de queimaduras com gás mostarda foram feitas nos campos de concentração. 
Ainda eram realizados experimentos de cortes de ossos, de músculos e de nervos, 
injeção de vacinas contendo soros anticancerígenos, hormônios e de doenças 
(SGRECCIA, 2009). 
Em consequência das atrocidades citadas acima que aconteceram durante 
a Segunda Guerra Mundial por médicos e pesquisadores alemães, foi constituídoo Tribunal Militar Internacional de Nuremberg para julgamento de 24 pessoas, 
sendo 20 médicos. Em agosto de 1947, o mesmo tribunal divulga as suas sentenças 
e elabora um documento histórico chamado Código de Nuremberg (PUCCI, 2009; 
LOPES, 2014).
FIGURA 4 – JULGAMENTO DE NUREMBERG
FONTE: Disponível em: <https://culturaeviagem.wordpress.com/2014/04/02/o--filme-
o-julgamento-de-nuremberg-aula-de-historia-direito-e-filosofia-para--a-humanidade-
refletir/>. Acesso em: 15 abr. 2018.
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
20
UNI
Para conhecer o Código de Nuremberg, você pode acessar: <https://www.ufrgs.
br/bioetica/nuremcod.htm>.
Caro acadêmico, perceba que o Código de Nuremberg foi um marco 
histórico para a bioética, pois pela primeira vez um documento internacional 
instituía normas éticas para a realização de pesquisas com seres humanos. Esse 
Código estabeleceu as bases do consentimento informado e alguns princípios 
basilares que devem ser assegurados:
1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente 
essencial. Isso significa que as pessoas que serão submetidas ao 
experimento devem ser legalmente capazes de dar consentimento; 
essas pessoas devem exercer o livre direito de escolha sem qualquer 
intervenção de elementos de força, fraude, mentira, coação, astúcia 
ou outra forma de restrição posterior; devem ter conhecimento 
suficiente do assunto em estudo para tomarem uma decisão. Esse 
último aspecto exige que sejam explicados às pessoas a natureza, a 
duração e o propósito do experimento; os métodos segundo os quais 
será conduzido; as inconveniências e os riscos esperados; os efeitos 
sobre a saúde ou sobre a pessoa do participante, que eventualmente 
possam ocorrer, devido à sua participação no experimento. O dever 
e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento 
repousam sobre o pesquisador que inicia ou dirige um experimento 
ou se compromete nele. São deveres e responsabilidades pessoais que 
não podem ser delegados a outrem impunemente. 
2. O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos 
para a sociedade, que não possam ser buscados por outros métodos 
de estudo, mas não podem ser feitos de maneira casuística ou 
desnecessariamente.
3. O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação 
em animais e no conhecimento da evolução da doença ou outros 
problemas em estudo; dessa maneira, os resultados já conhecidos 
justificam a condição do experimento.
4. O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo 
sofrimento e danos desnecessários, quer físicos, quer materiais.
5. Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem 
razões para acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez permanente; 
exceto, talvez, quando o próprio médico pesquisador se submeter ao 
experimento.
6. O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do 
problema que o pesquisador se propõe a resolver. 
7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante 
do experimento de qualquer possibilidade de dano, invalidez ou 
morte, mesmo que remota.
8. O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas 
cientificamente qualificadas.
9. O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no 
decorrer do experimento.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
21
10. O pesquisador deve estar preparado para suspender os 
procedimentos experimentais em qualquer estágio, se ele tiver 
motivos razoáveis para acreditar que a continuação do experimento 
provavelmente causará danos, invalidez ou morte para os participantes 
(CÓDIGO DE NUREMBERG, 1949, p. 181-182).
UNI
Se você quiser conhecer mais sobre o Tribunal de Nuremberg, assista ao filme 
“O Julgamento de Nuremberg”, que retrata um dos acontecimentos mais emblemáticos da 
história, em 1947, na Alemanha. 
FONTE: Disponível em: <https://culturaeviagem.wordpress.com/2014/04/02/o--filme-o-
julgamento-de-nuremberg-aula-de-historia-direito-e-filosofia-para--a-humanidade-refletir/>. 
Acesso em: 15 abr. 2018.
2.2 CONCEITO
Bioética seria um ramo ou subclasse da ética, que focaliza nas questões 
referentes à vida humana (e, portanto, à saúde). Fundamenta-se mais na razão 
e juízo moral do que em uma vertente filosófica ou religiosa. Mesmo fazendo 
uso de princípios e valores tradicionais, buscam-se soluções novas para dilemas 
emergentes, como clonagem de seres vivos, experiências para alterar genoma 
humano ou influir no código genético, além de outros trazidos pela engenharia 
genética e o rápido progresso científico e tecnológico (SEGRE; COHEN, 1999; 
OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Ao contrário da Ética Médica, com seu modelo médico, a Bioética é 
absolutamente interdisciplinar, campo de ação e de interação de profissionais 
e estudiosos provenientes das mais diversificadas áreas do conhecimento 
humano. Médicos, biomédicos, enfermeiros, biólogos, farmacêuticos, psicólogos, 
psicanalistas, cientistas sociais, juristas, religiosos, filósofos, são apenas exemplos 
de profissionais, de diferentes formações, que têm um papel a desempenhar na 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
22
discussão bioética. Refletindo a realidade de que as decisões médicas não podem 
mais ser baseadas exclusivamente na ciência médica (BANKOWSKI; LEVINE, 
1994; OGUISSO; SCHIMIDT, 2007; SEGRE; COHEN, 1999;). Porque a bioética, 
debatendo a vida e a saúde humanas, não somente interessa a todos os homens, 
bem como exige, para esse debate, o bojo de conhecimento de todos esses 
profissionais (SEGRE; COHEN, 1999).
 
Dessa forma, como uma necessidade de proteger a vida humana diante 
das descobertas e inovações científicas e tecnológicas, a bioética incorpora 
uma dimensão social, relacionada com justiça e direitos humanos, respeito 
pela dignidade humana, autonomia individual e respeito pelas comunidades 
(OGUISSO; SCHIMIDT, 2007). 
Justamente em razão dos temas mais em voga da bioética serem referentes à 
vida e à saúde de cada um dos componentes da sociedade, tem-se que essas questões 
devam ser abordadas e discutidas dentro da própria sociedade, com um leque de 
participação de pessoas tão diversificado quanto possível (SEGRE; COHEN, 1999).
Pautas como a reprodução assistida, o aborto, a engenharia genética, 
o transplante de órgãos, o suicídio assistido e o planejamento familiar são 
pertinentes à pessoa, portanto, ao cidadão, sendo que sua normatização, 
procedida democraticamente, é um coroamento dos “direitos da cidadania”. Não 
serão mais colegiados de médicos ou de juízes (ou de qualquer outro grupamento 
corporativo) que haverão de decidir sobre pautas que são referentes aos aspectos 
mais íntimos da vida de cada pessoa. São todos seres humanos, atuando como 
sujeitos (e não como objetos) de nosso destino, que vamos nos posicionar sobre 
o que consideramos construtivo ou destrutivo, adequado ou inadequado, para o 
nosso convívio em sociedade (SEGRE; COHEN, 1999).
2.3 PRINCÍPIOS
Os princípios bioéticos remetem ao Relatório de Belmont, que retrata a 
ética ligada à pesquisa com seres humanos, mas também para a reflexão bioética 
em geral. Este relatório, publicado em 1978, definiu que toda pesquisa em seres 
humanos deve ser realizada de acordo com três princípios éticos básicos: respeito 
à autonomia, beneficência e justiça. Posteriormente foi adicionado o princípio de 
não maleficência.
Então, vamos agora conhecer os principais princípios bioéticos e suas 
definições.
Princípio da autonomia
O princípio da autonomia é aquele com o qual o ser humano (paciente) 
possui o direito de ser responsável por suas ações, de exercer seu direito de 
escolha, respeitando-se sua vontade, valores e crenças, reconhecendo-se seu 
domínio pela própria vida e o respeito à sua intimidade (CAMARGO, 2003).
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
23
Esse princípio requer que o profissional da saúde respeite a vontade do 
paciente, ou de seu representante, levando em consideração, em certa medida, 
seus valores morais e crenças religiosas.Reconhece o domínio do paciente sobre 
a própria vida (corpo e mente) e o respeito à sua intimidade, restringindo, com 
isso, a intromissão alheia no mundo daquele que está sendo submetido a um 
tratamento.
Princípio da beneficência
O princípio da beneficência requer o atendimento por parte do profissional 
de saúde aos mais importantes interesses das pessoas envolvidas nas práticas 
biomédicas ou médicas, para atingir seu bem-estar, evitando, na medida do 
possível, quaisquer moléstias. Fundamenta-se na tradição hipocrática de que o 
profissional da saúde, em particular o médico, só pode usar o tratamento para o 
bem do enfermo, segundo sua capacidade e juízo, e nunca para fazer o mal ou 
praticar a injustiça. No que concerne às moléstias, deverá o profissional criar na 
prática médica o hábito de auxiliar ou socorrer, sem prejudicar ou causar mal ou 
dano ao paciente (DINIZ, 2009).
Esse princípio baseia-se na obrigatoriedade do profissional da saúde de 
promover, em primeiro lugar, o bem-estar do paciente, tendo a função de fazer o 
bem, passar confiança e evitar danos (CAMARGO, 2003).
Princípio da não maleficência
O princípio da não maleficência é um desdobramento da beneficência, 
por conter a obrigação de não acarretar dano intencional (DINIZ, 2009). Seria o 
princípio de não causar mal ou danos aos pacientes. 
Princípio da justiça
O princípio da justiça requer a imparcialidade na distribuição dos riscos 
e benefícios, no que atina à prática médica pelos profissionais da saúde, pois 
os iguais deverão ser tratados igualmente e os desiguais de maneira diferente 
(DINIZ, 2009).
3 DIREITOS HUMANOS E ENFERMAGEM 
Caro acadêmico! Você sabe o que são direitos humanos?
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
24
FIGURA 5 - CHARGE SOBRE DIGNIDADE HUMANA
Programa Nacional de Direitos Humanos
FONTE: Disponível em: <https://saalmeida.wordpress.com/2015/09/18/a-
dinamica-entre-valores-e-direitos-humanos/>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
Os direitos humanos são compreendidos como um conjunto de direitos, 
que são indispensáveis à vida, fundamentados na liberdade, igualdade e 
dignidade, sendo imprescindíveis para uma vida digna.
Fruto da história humana, possuímos os direitos humanos pelo simples 
fato de que somos humanos, intimamente ligado à dignidade humana. Conforme 
João Baptista Herkenhoff (1994, p. 30-31):
por direitos humanos ou direitos do homem são, modernamente, 
entendidos aqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo 
fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade 
que a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da 
sociedade política. Pelo contrário, são direitos que a sociedade política 
tem o dever de consagrar e garantir. Este conceito não é absolutamente 
unânime nas diversas culturas. Contudo, no seu núcleo central, a ideia 
alcança uma real universalidade no mundo contemporâneo [...].
Os direitos humanos estão relacionados à condição de vida do homem e 
são as necessidades essenciais da pessoa humana. Trata-se daquelas necessidades 
que são iguais para todos os seres humanos e que devem ser atendidas para que a 
pessoa possa viver com a dignidade que deve ser assegurada a todas as pessoas, 
pois sem elas a pessoa não consegue existir (DALLARI, 2004).
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
25
FIGURA 6 - FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOS
Conjunto de direitos
Respeito à dignidade da pessoa humana
Limite ao arbítrio e estabelecimentos de 
igualdade dos pontos de partida
FONTE: Disponível em: <https://www.saraiva.com.br/direitos-humanos-fundamentais-15-
ed-2016-9329269.html>. Acesso em: 18 abr. 2018.
Os direitos humanos são necessidades sociais que têm o objetivo de 
contribuir para a redução do sofrimento humano. Os direitos humanos são 
inerentes a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, sexo, 
origem, cor, religião, língua, orientação sexual. Sem qualquer discriminação, 
todas as pessoas são titulares de direitos humanos (ONU, 2017).
No âmbito da enfermagem, os valores e os compromissos éticos dos 
profissionais da enfermagem, assim como os direitos, partem do mesmo 
princípio: a dignidade humana. A dignidade humana está no cerne dos Códigos 
de Enfermagem, apesar de que se reconheça a sua imprecisão teórica e dificuldade 
de aplicação nos cuidados em saúde.
Os profissionais de enfermagem lidam com questões de direitos humanos 
diariamente, em seu ambiente de trabalho e em todos os aspectos de sua atuação 
profissional. Em algumas ocasiões, podem ser pressionados a aplicar seu 
conhecimento e habilidades em detrimento dos pacientes. Assim, é necessário 
que haja um aumento da percepção da importância dos direitos humanos 
(ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2016). 
UNI
Conheça na íntegra o Manual de Direitos Humanos para Enfermagem.
 Este Manual tem como base a abordagem baseada nos direitos humanos e sua interconexão 
com a prática da enfermagem. Disponível em: <http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/
uploads/2018/03/Manual-Direitos-Humanos-Enfermagem.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018.
3.1 HISTÓRICO DOS DIREITOS HUMANOS
Caro acadêmico, neste tópico entraremos na história dos direitos humanos, 
que são fruto de um longo processo histórico de lutas por necessidades básicas 
essenciais. A luta pela sobrevivência levou os seres humanos a construírem 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
26
formas de adaptabilidade ao meio que envolvem as dinâmicas das estruturas 
em vigor. Nesse sentido, as lutas e batalhas em torno dos aspectos essenciais da 
sobrevivência levaram os seres humanos a constantes batalhas que dizimaram 
civilizações inteiras em incontáveis guerras e massacres. Esses acontecimentos 
levaram também diversos sujeitos a pensar e construir mecanismos para evitá-
los, de modo a possibilitar uma vida digna e pacífica entre todos os seres.
Assim, as bases históricas dos direitos humanos começaram a ser 
construídas em 539 a.C., quando o exército de Ciro, o rei da Pérsia, dominou a 
Babilônia. Ciro libertou os escravos, declarou a possibilidade de escolha individual 
da religião, e estabeleceu a igualdade. Esse decreto foi registrado num cilindro de 
argila, conhecido como Cilindro de Ciro. Esse documento, hoje, é reconhecido 
como a primeira carta dos direitos humanos do mundo. 
FIGURA 7 – CIRO, O PRIMEIRO REI DA PÉRSIA QUE LIBERTOU 
OS ESCRAVOS DA BABILÔNIA EM 539 A.C.
FONTE: Disponível em: <http://www.
unidosparaosdireitoshumanos.com.pt/what-are-human-rights/
brief-history/..>. Acesso em: 3 maio 2018.
FIGURA 8 - CILINDRO DE CIRO, RECONHECIDO COMO A PRIMEIRA 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
FONTE: Disponível em: <http://www.unidosparaosdireitoshumanos.com.
pt/what-are-human-rights/brief-history/..>. Acesso em: 3 maio 2018.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
27
E ainda, ao longo da história, outros documentos contribuíram para a 
construção dos direitos humanos, como a Carta Magna (1215) e a Petição de Direito 
(1688), que, após as revoluções inglesas, garantiram os direitos individuais e 
limitaram o poder e o agir do Estado na vida privada. A Constituição dos Estados 
Unidos (1787), que reforçou a liberdade como direito fundamental e universal. A 
Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), defendendo 
a ideia de que todas as pessoas possuem direitos básicos e inatos, cabendo ao 
Estado protegê-los, o qual foi considerado como o primeiro documento universal 
dos direitos humanos. 
Em 1945, ao fim da 2ª Guerra Mundial, por conta das atrocidades cometidas 
durante a guerra, 50 nações se reuniram e formaram a Organização das Nações Unidas 
(ONU) para proteger e promover a paz. Após três anos, elaboraram o rascunho do 
documento que tornar-se-ia a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos contém 30 artigos, 
formando um documento de caráter universal, que tem como objetivo proteger os 
direitos de homens, mulheres e crianças em todo o mundo, independentementede raça, cor ou credo religioso, e contempla vários assuntos relacionados a uma 
qualidade de vida digna ao ser humano.
Interessante destacar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
garante, no seu art. I, que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade 
e direitos, com razão e consciência, e devem agir em relação uns aos outros com 
espírito de fraternidade.
UNI
Para conhecer mais sobre todos os direitos que constam na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, você pode acessar: <http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>.
A Declaração Universal de Direitos Humanos foi um marco internacional 
referente a muitos direitos humanos, sendo que após a sua assinatura, muitos 
tratados, pactos e convenções foram realizados por vários países. 
3.2 BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS
Com o rápido progresso científico e tecnológico nos últimos tempos, 
nunca na história humana a ética foi tão imprescindível na medicina e na biologia. 
As descobertas científicas fizeram com que a moral se tornasse de interesse para 
todos, problema da mais alta importância e prioridade na sociedade em nível 
mundial (SGRECCIA, 2009).
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
28
Desse modo, o enfoque da bioética foi consideravelmente ampliado, 
especialmente a partir de 2003, com a conclusão do Projeto Genoma Humano e o 
leque de novas possibilidades que trouxe para a ciência. Por conta dessas novas 
possibilidades, a bioética tornou-se ainda mais evidente, o que culminou com a 
elaboração da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, em 2005.
UNI
Conheça na íntegra a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. 
Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001461/146180por.pdf>. Acesso 
em: 20 maio. 2018.
Segundo Volnei Garrafa (2011, p. 132), a partir dessa Declaração:
[...] a bioética passou a se configurar como uma disciplina que não mais 
se furta à análise das questões sanitárias e ambientais e não mais se 
omite frente à responsabilidade do Estado na garantia dos direitos aos 
cidadãos; nem frente à preservação da biodiversidade e ecossistema, 
patrimônios que devem ser preservados de modo sustentado para as 
gerações futuras.
A Declaração trata das questões de ética suscitadas pela medicina, pelas 
ciências da vida e pelas tecnologias que lhes estão associadas, aplicadas aos seres 
humanos, tendo em conta as suas dimensões social, jurídica e ambiental.
UNI
Assista ao vídeo lançado para comemorar os 10 anos da adoção da Declaração
Internacional sobre Bioética e Direitos Humanos. Nele, o Dr. Volnei Garrafa, professor da UnB 
e coordenador da cátedra de Bioética da UNESCO no Brasil, fala sobre o papel da Organização 
na promoção de valores éticos e humanos na pesquisa científica: <https://www.youtube.
com/watch?v=j2886GvznHc>.
4 BIOÉTICA E BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE
Atualmente, entende-se por biotecnologia o conjunto de técnicas e 
processos biológicos que viabilizam a utilização da matéria viva para degradar, 
sintetizar e produzir outros materiais. Abrange a elaboração das próprias técnicas, 
processos e ferramentas, como também o aperfeiçoamento e a transformação das 
espécies (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
29
UNI
A palavra “biotecnologia”, em sua origem grega: bios (vida), techno (técnica) e 
logos (estudo), literalmente significa o estudo das técnicas aplicadas ao estudo da vida.
Segundo Nascimento Silva (1995), a biotecnologia é a ciência que visa ao uso de 
sistemas e organismos biológicos para aplicações medicinais, industriais, ambientais, 
científicas e agrícolas. Com o seu advento, os organismos vivos começaram a ser 
manipulados geneticamente, permitindo-se a criação de organismos transgênicos ou 
geneticamente modificados (FIORILLO; DIAFÉRIA, 1999). 
As técnicas e os processos que possibilitam a manipulação do código 
genético, da molécula de Ácido Desoxirribonucleico (DNA), compõem hoje um 
ramo importante da biotecnologia denominada engenharia genética. Denomina-
se engenharia genética a biotecnologia que trabalha diretamente com o DNA 
(BARCHIFONTAINE, 2014). 
Na engenharia genética estão incluídas noções de manipulação genética, 
assim como, de reprodução humana assistida, terapia gênica, diagnose genética 
e clonagem, pois têm a tendência de modificar o patrimônio hereditário humano 
(MANTOVANI, 1986). É uma tecnologia utilizada em nível laboratorial, pela 
qual o cientista poderá alterar o genoma de uma célula viva para a produção 
de produtos químicos ou até de organismos geneticamente modificados (OGM) 
(FIORILLO; ABELHA RODRIGUES, 1996).
As novas biotecnologias que veremos a seguir, tiveram sua origem nas 
universidades e outras instituições públicas de pesquisa, nas quais os cientistas 
desenvolvem conhecimentos básicos em áreas como a biologia molecular, a 
química e a genética (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014).
Com o advento do Projeto Genoma Humano (PGH), passamos a ter 
a capacidade de “mapear” todo o código genético humano, reconhecer suas 
alterações, e assim identificar quais sequências são responsáveis por expressar 
determinadas proteínas. Essas alterações nas sequências de nucleotídeos, 
quando ocorrem, as denominamos mutações, e são a causa de mais de quatro 
mil moléstias hereditárias. Por exemplo, já se identificaram os genes que são 
responsáveis pela hereditariedade do câncer de mama e doença de Alzheimer 
(NUSSBAUM et al., 2008). 
Descobriu-se também a tecnologia do “DNA recombinante” ou 
“transgênico”, que é um conjunto de técnicas para localizar, isolar, alterar e estudar 
segmentos de DNA. O processo geral baseia-se em três enfoques experimentais 
principais: produção de fragmentos de DNA de fontes diversas que contenham 
as sequências gênicas de interesse; reunião desses segmentos em uma molécula 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
30
de DNA com capacidade de replicar-se, geralmente um plasmídeo bacteriano ou 
em um vírus, que atuarão como vetor; transformação de células bacterianas com 
a molécula recombinante de modo que elas se repliquem e então se expressem. 
Com isso podem ser usadas bactérias munidas de genes humanos responsáveis 
pela expressão de insulina, fazendo com que essas bactérias sintetizem o hormônio 
que falta aos diabéticos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). 
Outra biotecnologia é a farmacogenômica, um segmento da engenharia 
genética, uma mistura de farmacologia e a genômica, que consiste em correlacionar 
variações na sequência do DNA a identificação de subgrupos de pacientes, a 
respostas a tratamentos médicos e ao desenvolvimento de drogas especialmente 
projetadas para essa população (ZATZ, 2004). 
Há ainda a terapia gênica, que consiste no uso de genes para obter efeitos 
terapêuticos. É conhecida a capacidade que os vírus possuem para infectar as células 
humanas. A terapia gênica tira bom proveito disso ao modificar a composição 
genética desses agentes, removendo seus genes patológicos e inserindo neles o 
gene humano terapêutico. Dessa maneira, o vírus atua como vetor, transportando 
o material genético de que o indivíduo necessita. As pesquisas também procuram 
garantir que os vetores virais não sejam replicativos, explica Maurício Rodrigues, 
do centro Interdisciplinar em Terapia Gênica da Universidade Federal de São Paulo. 
Isso deve ser feito para que, assim que for introduzido no organismo humano, o 
vírus não readquira a habilidade de se replicar e causar infecção (CID, 2017).
Tais biotecnologias de engenharia genética permitem identificar pessoas 
portadoras de genes patológicos e retirar genes que possuem alguma anomalia 
para serem reparados e reinseridos no organismo, possibilitando a correção do 
mal pela substituição do gene anômalo por outro normal, assim, impedindo a 
transmissão desse gene mutado para sua descendência (ESPINOSA, 1998).
No entanto, haveria, nessas técnicas, verdadeira melhoria na qualidade 
de vida? Seriam elas, realmente, garantia de uma existência digna àsfuturas 
gerações? Ao fazer uso da biotecnologia, o ser humano não estaria assumindo 
um risco à sua saúde e sobrevivência? Estaria se respeitando a dignidade humana 
ao realizar experimentos com material genético humano? Acaso não estariam elas 
ferindo a inviolabilidade do direito de todo humano ser único e irrepetível se a 
clonagem humana se tornar uma realidade? Se houver violação de um patrimônio 
genético, como garantir a preservação de sua privacidade? (ESER, 1986).
Nunca na história humana a ética foi tão imprescindível na medicina, na 
biologia e na sociedade: as descobertas científicas fizeram com que a moral se 
tornasse de interesse para todos, problema da mais alta importância e prioridade 
na sociedade, e da sociedade em nível mundial. Tal imprescindibilidade se 
tornará mais evidente e documentada se recordarmos brevemente o rápido 
progresso das ciências biológicas, as possibilidades que elas reservam para o 
futuro da humanidade e as questões éticas que apresentam à responsabilidade 
dos cientistas e comunidade civil (SGRECCIA, 2009).
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
31
A rapidez crescente das etapas evolutivas de uma ciência que supera 
continuamente novas fronteiras e permite uma crescente possibilidade técnica de 
intervenção do homem sobre a vida atropelou a reflexão ética, as instituições do 
conhecimento e as instâncias legisladoras. Há perplexidade diante da constatação 
de inadequação dos preceitos aceitos até há pouco, sem que se vislumbre uma 
solução satisfatória no horizonte (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014).
FIGURA 9 – HOMEM INTERVINDO NA MOLÉCULA DE DNA
FONTE: Disponível em: <https://www.biospectrumasia.com/news/54/
10730/bac-to-review-stand-on-genetic-modifications.html>. Acessado 
em: 30 maio 2018.
5 BIOÉTICA E O INÍCIO E O FIM DA VIDA
A bioética já possui enorme relevância, independentemente da definição 
que seja estabelecida, sendo que o início da vida humana é um de seus temas mais 
relevantes, controversos e desafiadores. Juntamente com a morte, o início da vida é o 
tema mais presente no pensamento humano de todas as épocas (MALAGUTTI, 2007).
Alguns estudiosos argumentam que a vida começa quando o zigoto é 
formado, tendo em vista que esta célula possui potencial para originar o ser humano. 
Outros defendem que a vida começa após o blastocisto implantar-se na parede do 
útero, enquanto uma terceira vertente descreve que não é possível identificar uma 
vida se ela ainda pode multiplicar-se em vidas diferentes (MALAGUTTI, 2007).
Pode-se alegar, também, que a vida só iniciará no começo da 3ª semana 
de gestação, quando surgem as células que originarão os tecidos e órgãos do 
embrião. É válido ressaltar que é neste estágio de desenvolvimento que se iniciam 
contrações cardíacas, por volta do 21º ou 22º dia (MALAGUTTI, 2007).
Ao referir-se à morte, pode-se dizer que ela é uma certeza indeterminada, 
pessoal e intransferível, que tem um aspecto biológico, psicológico, filosófico, 
Parece indiscutível que uma solução aceitável deverá contar com a 
cooperação de especialistas das várias áreas relacionadas, enfatizando-se a 
contribuição da filosofia (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014).
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
32
espiritual e religioso, além de social e econômico. Em resumo, a morte faz parte 
da vida (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
No início do século, o que existia era a morte aguda, ou se morria ou se 
ficava curado. As pessoas não permaneciam “morrendo durante muito tempo”. 
O hiato entre o adoecer e o morrer era de aproximadamente cinco dias. Hoje esse 
hiato entre o momento da descoberta da enfermidade até o óbito aumentou de 
cinco dias para cinco anos, e mais do que se falar em morte, fala-se do processo 
do morrer (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014).
Se o nascer traz luz, felicidade e esperança, a morte traz insegurança, 
temor, aflição, sensação de fim e trevas (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Para o moribundo, é um evento místico, repleto de sentimentos de fim 
e de adeus. Nesse momento, não importam os bens materiais acumulados, só 
importam o apoio e o consolo de seus entes queridos. É importante também a fé 
no sobrenatural (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Entretanto, para os profissionais da saúde, a morte suscita frustrações, 
sentimento de derrota e de impotência, ou até mesmo, temor da própria morte. 
Porém, pode também significar uma nova esperança para outros pacientes que 
aguardam por um transplante de órgãos ou precisam do equipamento que estava 
sendo utilizado pelo paciente que faleceu (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Antigamente, a morte mais temida era a morte súbita. Não apenas porque 
não havia tempo para o arrependimento, como também porque privava o homem 
do “acontecer” de sua morte. A morte era aguardada no leito pelo paciente que, 
tendo conhecimento de seu fim próximo, reunia a família e explicitava seus 
desejos derradeiros e se despedia de todos os entes queridos, a morte era uma 
cerimônia. Não se morria sem saber que se ia morrer; às vezes era apenas uma 
convicção íntima, outras vezes era a revelação de uma doença incurável, com 
prognóstico de morte. A morte era familiar e próxima. Era algo simples e havia 
familiaridade com a morte, que era aceita como parte do ciclo de vida (OGUISSO; 
SCHIMIDT, 2007).
Atualmente, a morte é compreendida de uma outra maneira. Já não se 
morre em casa, em meio aos familiares, mas, muitas vezes, solitário, inconsciente 
no hospital, numa unidade de terapia intensiva (UTI). No hospital, a morte é um 
acontecimento técnico ocasionado pelo cessar de cuidados, declarada por decisão 
de profissionais especializados (PESSINI: BARCHIFONTAINE, 2014).
Os que estão em torno do moribundo tendem a poupá-lo e omitir-lhe a 
gravidade de seu estado. A verdade começa a ser problemática. O enfermo não deve 
saber nunca que seu fim se aproxima. Tornou-se regra moral que o moribundo morra 
na ignorância de sua morte (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014). 
O profissional que lida com o moribundo também enfrenta o medo 
e o remete à própria morte, o que pode levá-lo a evitar o paciente, a realizar 
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
33
“visitas mais rápidas” e não permitir um diálogo que possa favorecer perguntas 
desconfortáveis, do tipo “eu vou morrer? ” ou afirmações como “eu tenho medo 
de morrer, fique comigo!” Relata-se o caso de uma criança de oito anos, com 
diagnóstico de leucemia, internada na clínica pediátrica de um hospital em São 
Paulo. Uma tarde, essa criança disse: “Tia, não vai embora, fique comigo porque 
eu vou morrer”. E, de fato, a criança morreu naquela noite, com a presença da 
enfermeira, que permaneceu junto ao seu leito (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
A adversidade vivida pelos profissionais é: O que falar? Como falar e 
quando falar? Muitos não consideram que conversar com o paciente possa ter 
muita importância, limitando-se a administrar a terapia prescrita, até mesmo 
para atenuar a dor física. Mas, o paciente terminal morre sozinho e desamparado 
(OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
A tendência de hoje é propiciar ao moribundo uma morte digna, o que 
pode significar morrer sem dor e sofrimento, recebendo conforto e toda assistência 
de cuidados paliativos, não morrer por escassez de recursos. A responsabilidade 
dos profissionais de enfermagem é atenuar o sofrimento, aliviar a dor e fazer 
com que o paciente se sinta o melhor possível, auxiliando-o a morrer em paz e 
apoiando a família (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Segundo Vasconcelos Sobrinho (1984), o indivíduo que está à beira da 
morte, à medida que se liberta das restrições do corpo, alcança cada vez maior 
capacidade de percepção, podendo perceber cada palavra e, mesmo, pensamento 
e cada emoção que o cerca. Assim, é preciso controlar os sentimentos e emoções. 
É importante manter uma atitude mental de confiança e amor. 
As expressões fisionômicas, gestos ou atitudes da equipe de enfermagem, 
ou do médico, podem induzir o paciente a ter consciência de seu estado, da 
gravidade de sua enfermidade. Todavia,ele pode não ter conhecimento sobre a 
realidade de sua doença e de sua possível morte. Pode até saber que irá falecer, mas 
prefere ignorar o fato, ou, ainda, omitir da família. Pode não desejar compaixão 
(OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Em países desenvolvidos, na matriz curricular dos profissionais da saúde, 
a disciplina de tanatologia tem sua presença obrigatória e os hospitais dispõem 
de profissionais altamente especializados para lidar nessa área, tanatologistas. 
Instituições especializadas são criadas e programadas para atender às 
necessidades especiais dos moribundos. Que falar da formação dos profissionais 
da saúde no Brasil, no sentido de lidar com a morte? Praticamente não existe nada 
ainda de expressivo em termos curriculares que os preparem para lidar com os 
pacientes terminais, observando-se nesta fase crítica da vida uma desumanização 
assombrosa (PESSINI; BARCHIFONTAINE, 2014).
É importante “tocar”, segurar a mão do paciente, não transmitindo medo, 
mas amor e confiança e, talvez, não falando mentiras, como “você vai sair desta”, 
mas palavras de consolo e, principalmente, respeitando a religiosidade do paciente, 
oferecendo-lhe o apoio de uma visita religiosa, de qualquer denominação. Dar ao 
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
34
paciente a oportunidade de resolver suas “culpas” ou de reconciliar-se com alguém, 
ou, ainda, dispor de seus bens como lhe convir (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
No processo de morrer, mesmo com prévio conhecimento, preparo e 
apoio, os sentimentos de temor, dor e solidão estarão presentes em maior ou 
menor intensidade. A crença em uma divindade e em uma vida vindoura pode 
mitigar tais sentimentos. É necessário saber viver para poder saber morrer com 
tranquilidade (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
MORTE NA PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR: UM DEPOIMENTO
“Sou uma estudante de enfermagem. Estou morrendo. Escrevo isso para vocês 
que são, e vão ser enfermeiras, na esperança de que ao compartilhar meus sentimentos, 
algum dia vocês sejam mais capazes de ajudar aqueles que estiverem vivendo essa 
experiência.
Agora estou fora do hospital. Talvez por um mês, seis meses, ou quem sabe um 
ano... Mas ninguém gosta de falar sobre estas coisas. Na verdade, ninguém gosta de 
falar muito a respeito de nada. A Enfermagem está progredindo, mas eu gostaria que 
progredisse mais rapidamente. 
Ensinaram-nos a não ser muito otimistas, a omitir a rotina do “está tudo 
ótimo!”, e nos saímos muito bem. No entanto, as pessoas, nessas circunstâncias, são 
abandonadas num solitário e silencioso vazio. Com o abandono do “tudo ótimo”, os 
profissionais da saúde são deixados apenas com sua vulnerabilidade e seu temor. O 
moribundo ainda não é visto como pessoa. Assim, torna-se impossível a comunicação. 
Ele é o símbolo do que teme todo ser humano, e do que todos sabemos – pelo menos 
academicamente – que também teremos que enfrentar algum dia. O que diziam em 
Enfermagem Psiquiátrica, ao considerar apenas a patologia e não o paciente? E havia 
tanta coisa a respeito de conhecer os próprios sentimentos, antes de poder ajudar 
alguém com seus próprios sentimentos... Como isso é verdade! Porém, para mim, o 
medo é hoje e a morte agora. Vocês entram e saem do meu quarto, dão-me remédios, 
verificam minha pressão. Será porque sou uma estudante de Enfermagem ou apenas 
um ser humano que percebo seu medo? E seus terrores aumentam o meu. Por que 
estão apavoradas? Eu sou a única que está morrendo! Sei que se sentem inseguras, 
não sabem o que dizer, não sabem o que fazer. Mas, por favor, acreditem em mim! Se 
vocês se importam, não podem estar erradas: isso é o que realmente buscamos. Podemos 
perguntar pelos porquês, mas, na verdade, não esperamos respostas.
 Não fujam… esperem… tudo o que eu gostaria é de ter a certeza de que haverá 
alguém para segurar a minha mão quando eu precisar. Estou com medo… A morte pode 
ser rotina para vocês, mas é novidade para mim. Vocês podem não me ver como única. 
Mas eu nunca morri antes… Uma vez é absolutamente única. Vocês murmuram a 
respeito de minha juventude. Mas quando se está morrendo, ainda se continua jovem? 
Tenho muitas coisas que gostaria de partilhar com vocês. Na verdade, não lhes tomaria 
muito tempo, pois, de qualquer maneira, vocês estão aqui mesmo.
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
35
Se ao menos pudéssemos ser honestas, aceitar nossos temores. Tocar-nos. Se 
vocês realmente se importassem, perderiam muito de seu profissionalismo, se chorassem 
comigo? Como pessoa. 
 Então, talvez não fosse tão difícil morrer… num hospital… com amigos por 
perto”.
Este foi o depoimento deixado por uma jovem e publicado, em fevereiro 
de 1970, em The american journal of nursing, em tradução livre (PESSINI; 
BARCHIFONTAINE, 2014).
6 BIOÉTICA E CUIDADOS PALIATIVOS
Os cuidados paliativos são definidos pela OMS como “os cuidados totais 
e ativos prestados ao paciente cuja doença não responde mais aos tratamentos 
curativos e, quando o controle da dor e outros sintomas psicológicos, sociais e 
espirituais, tornam-se prioridade” (BRASIL, 2001). Em 2002, a OMS redefiniu os 
cuidados paliativos enfocando mais a prevenção no sofrimento. 
Cuidado paliativo é uma “filosofia”, um “modo de cuidar” que visa 
melhorar a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, que enfrentam 
problemas relacionados a enfermidades que ameaçam a vida, tendo como meta 
a prevenção e alívio do sofrimento pelo controle dos sintomas. Esta filosofia 
propõe que o atendimento seja executado por uma equipe multiprofissional, 
e caracteriza-se por aceitar o limite da vida, ocupando-se dos cuidados e não 
da cura, o que torna os profissionais de enfermagem essenciais nesse processo 
(WHO, 2006). 
Caro acadêmico, nos dias de hoje, a medicina paliativa vem se tornando 
uma especialidade voltada em melhorar a qualidade de vida daqueles pacientes 
com patologias muito avançadas e sem possibilidade de cura, por meio de técnicas 
que aumentem o conforto, mas sem interferirem na sua sobrevida.
UNI
O que são cuidados paliativos?
 Proteger. Esse é o significado de paliar, derivado do latim pallium, termo que nomeia o 
manto que os cavaleiros usavam para se proteger das tempestades pelos caminhos que 
percorriam. Proteger alguém é uma forma de cuidado, tendo como objetivo amenizar a dor 
e o sofrimento, sejam eles de origem física, psicológica, social ou espiritual. Por esse motivo, 
quando ouvir que você ou alguém que conhece é elegível a cuidados paliativos, não há o 
que temer.
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
36
FONTE: Disponível em: <http://paliativo.org.br/cuidados-paliativos/
o-que-sao/>. Acessado em: 30 maio 2018.
Os princípios do cuidado paliativo, que fundamentam esse modelo 
assistencial, podem ser descritos como: Saber quando a morte está chegando; 
manter o controle sobre o que ocorre; preservar a dignidade e a privacidade; 
aliviar a dor e demais sintomas; escolher o local da morte; ter suporte espiritual 
e emocional; controlar quem está presente; ter tempo para dizer adeus; partir 
quando for o momento (O´NEILL; FALLOW, 1997). Esses princípios inserem-se 
em um dos principais fundamentos da bioética, o respeito à pessoa, e reafirmam 
a autonomia do paciente como um dos pontos centrais na busca da excelência dos 
cuidados de enfermagem prestados (VIEIRA; GOLDIM, 2012).
A bioética pode ser compreendida como uma reflexão compartilhada, 
complexa e interdisciplinar sobre a adequação das ações que envolvem a vida 
e o viver. A vida entendida predominantemente em sua dimensão biológica, 
e o viver na perspectiva da relação entre pessoas. Mesmo quando a discussão 
sobre a preservação da vida já não é mais o foco de atenção, o viver conserva-
se como uma questão fundamental. Dessa maneira, os cuidados paliativos estão 
plenamente inseridos no campo da reflexão bioética, especialmente no que se 
refere ao processo de tomada de decisões envolvido (VIEIRA; GOLDIM, 2012).
Segundo Pessini (2006), esse cuidaré fundamentado nos princípios 
éticos da veracidade (visando proporcionar a autonomia), da proporcionalidade 
terapêutica, da prevenção dos problemas pessoais e do não abandono. Está 
orientado para o alívio do sofrimento, focando a pessoa enferma e não a 
enfermidade da pessoa. 
7 BIOÉTICA E QUESTÕES ÉTICAS VIVENCIADAS PELOS 
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM 
A prática da enfermagem compreende conhecimentos científicos e 
técnicos, acrescidos das práticas sociais, éticas e políticas vivenciadas no ensino, 
pesquisa e assistência. Presta serviços ao ser humano no contexto saúde-doença, 
atuando na promoção da saúde em atividades com grupos sociais ou com sujeitos 
TÓPICO 2 | BIOÉTICA NA ENFERMAGEM
37
específicos, respeitando-lhes a individualidade. Consequentemente, a prática da 
enfermagem está inserida num contexto com grande potencial para gerar conflitos 
éticos, pois todas as ações e decisões profissionais implicam consequências que 
afetam terceiros, positiva ou negativamente (LEAL; RABUER, 2012).
Além disso, os avanços ocorridos nos mais diversos campos do saber 
humano, com ênfase nas questões dos direitos humanos e paralelamente com 
as inovações tecnológicas, a biomedicina e pesquisa na biotecnologia trouxeram 
diversas consequências, por exemplo, as alterações nos procedimentos biomédicos 
e nos serviços de saúde quanto ao conceito de vida humana, as quais trazem na 
sua bagagem questionamentos que rompem e extrapolam substancialmente o 
campo dos valores conhecidos na área da saúde. (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007). 
Por conseguinte, reflexões inovadoras se impõem, tais como o sentido da vida e 
da morte, o custo da saúde, os direitos das pessoas e o respeito à sua autonomia, 
ou ainda, caro acadêmico, questões mais complexas, como: qual é o sentido da 
autonomia na administração do existir humano? E as responsabilidades pessoais 
e profissionais? 
O progresso técnico e científico na área das ciências humanas e biomédica 
trouxe como consequências modificações no universo da ação da equipe de saúde, 
conferindo um novo poder: o de interferir na vida humana. Multiplicaram-se os 
instrumentos, as técnicas e as possibilidades de decisão dos enfermeiros. Aumentaram 
também os riscos envolvidos e as consequências destas escolhas. Devido a isso, passa-
se a questionar com maior frequência e intensidade a ação da equipe de saúde em 
todos os níveis de atenção à saúde (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Talvez daí um paradoxo origina-se: o enfermeiro não pode prescindir da 
ciência, da técnica e da especialização em suas atividades. Mas o conhecimento 
não fornece as regras éticas para o seu emprego. Desta maneira, se transforma em 
vítima de seu próprio poder, perde a possibilidade de aplicar a ética positiva e 
também tem dificuldade de aproveitar as possibilidades oferecidas pelo poder da 
técnica e do conhecimento científico (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007).
Os profissionais de saúde, muitas vezes de modo inconsciente, demonstram 
insegurança aos princípios que devem nortear as responsabilidades de cada 
membro da equipe. As opiniões se contradizem, não apenas na intimidade, mas 
em todos os níveis das relações humanas, inclusive em relação a questões que 
envolvem vida e morte (OGUISSO; SCHIMIDT, 2007). 
 
Para solucionar esse dilema, a enfermagem recorre à filosofia e às ciências 
sociais em busca de saídas. Também seria uma opção de novas perspectivas para 
a enfermagem buscar na ética, pois a ética é uma saída para a crise moral que 
vivemos. 
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que: 
• As raízes do neologismo “bioética” acontecem em dois momentos distintos: 
com o bioquímico Van Rensselaer Potter, em 1970, e com o teólogo alemão Paul 
Max Fritz Jahr, em 1927.
• A bioética, enquanto ciência, tem sua origem em meio às profundas mudanças
 sociais, políticas e culturais ocorridas principalmente após a Segunda Guerra 
Mundial.
• Bioética é o estudo complexo, interdisciplinar e sistemático sobre a conduta, 
os conflitos e controvérsias morais em torno da vida e do viver, a ética das 
ciências da vida.
• São princípios bioéticos a autonomia, a beneficência, a não maleficência e a 
justiça.
• A Declaração de Bioética e Direitos Humanos é reconhecida como um marco 
para a bioética, trata das questões pertinentes relacionadas à biomedicina, 
biotecnologia e das questões sanitárias relacionadas à preservação da 
biodiversidade e ecossistemas.
• A biotecnologia é a ciência da engenharia genética que visa o uso de sistemas
 e organismos biológicos para aplicações medicinais, industriais, ambientais, 
científicas e agrícolas.
• Cuidado paliativo é uma “filosofia”, um “modo de cuidar” que visa melhorar 
a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, que enfrentam problemas 
relacionados a enfermidades que ameaçam a vida, tendo como meta a 
prevenção e alívio do sofrimento pelo controle dos sintomas. 
• A prática da enfermagem está inserida num contexto com grande potencial 
para gerar conflitos éticos, pois todas as ações e decisões profissionais implicam 
consequências que afetam terceiros, positiva ou negativamente.
39
1 Descreva os princípios bioéticos.
2 A bioética surgiu com o avanço da medicina, assim, ela estuda as relações 
jurídicas entre o direito e os avanços tecnológicos, bem como, questões 
relacionadas à vida do ser humano e à dignidade da pessoa humana. Diante 
dessa afirmativa, assinale a alternativa correta referente à bioética. 
( ) A bioética representa o resgate da dignidade humana, frente aos 
progressos técnico-científicos na área da saúde. 
( ) A bioética e a ética não possuem nenhuma correspondência, ou seja, cada 
uma segue numa direção, ou seja, os ideais são totalmente divergentes. 
( ) As ciências filosóficas, econômicas, jurídicas e médicas não se envolvem 
com a bioética, pois esta é uma ciência que é independente. 
( ) A bioética não se preocupa com o humanismo e sim com o mecanicismo.
3 Com relação à evolução histórica dos direitos humanos, podemos dizer que:
( ) Os direitos humanos surgiram gradativamente, de acordo com o 
desenvolvimento histórico da humanidade.
( ) Os direitos humanos apresentaram apenas uma faceta, ou seja, surgiram 
com o preconceito da diversidade de gênero.
( ) A universalização dos direitos humanos é utopia, pois eles surgiram 
apenas no Oriente Médio e depois se expandiram para a Europa.
( ) A superioridade humana, independentemente de ética ou moral, foi 
reconhecida como fator importante na evolução histórica.
AUTOATIVIDADE
40
41
TÓPICO 3
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Para se ter maior segurança sobre o exercício profissional com uma postura 
ética e humanística, juntamente com a regulamentação das diferentes profissões, 
foram criados os códigos de ética profissional. Como os códigos de ética integram 
a legislação que regulamenta a profissão, os princípios nele expostos têm valor 
de lei e os infratores podem ser punidos pelos respectivos Conselhos Regionais e 
Federais. Embora não se deva entender que a prática profissional ética se limita ao 
cumprimento dos princípios e deveres expostos nos respectivos códigos de ética 
profissional, eles são extremamente importantes para o exercício profissional de 
maior qualidade (LEAL; RABUER, 2012).
Há uma impropriedade na utilização da expressão “Código de Ética” 
para definir o conjunto de regras às quais deve obediência o profissional 
de enfermagem. Há impropriedade porque a ética traduz-se no respeito ao 
comportamento do homem enquanto parte da sociedade, elemento do qual não 
cuida o referido código. A expressão correta para designar o conjunto de regras de 
cunho ético e de princípios que rege a conduta do homem enquanto profissional 
inserido na sociedade deve ser “Código de Deontologia” (SILVA PINTO).
Vamos agora estudar o Código de Ética (deontologia) dos profissionais 
de enfermagem!
2 CÓDIGO DE ÉTICA EM ENFERMAGEM
O Código de Ética dos profissionais de enfermagem é um pilar essencialpara a prática dos enfermeiros. Nele se enunciam os deveres profissionais, 
enraizados nos direitos dos cidadãos e das comunidades a quem se dirigem 
os cuidados de enfermagem, bem como nas responsabilidades que a profissão 
assumiu.
Compete ao Conselho Federal de Enfermagem (COFEn) elaborar o 
Código de Deontologia de Enfermagem, o qual é fundamentado na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos 
Humanos, Código de Ética do Conselho Internacional de Enfermagem, Resolução 
do Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/1996, Lei nº 11.340, de 7 de agosto 
de 2006, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da 
Criança e do Adolescente; Lei nº 10.741, de 1 de outubro de 2003, que dispõe 
42
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
sobre o Estatuto do Idoso; Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a 
proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona 
o modelo assistencial em saúde mental, e a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 
1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da 
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.
O código se aplica aos enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de 
enfermagem, obstetrizes e parteiras, bem como aos atendentes de enfermagem.
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Os princípios são a base, a estrutura de uma ciência, ou legislação em 
que são fixadas suas raízes. Os princípios fundamentais do Código de Ética 
de Enfermagem se baseiam no compromisso com a saúde do ser humano e da 
coletividade, respeito à vida, à dignidade e aos diretos das pessoas humanas, 
à justiça, competência, responsabilidade e honestidade; promoção, proteção e 
recuperação da saúde e reabilitação das pessoas. 
2.2 DIREITOS
De acordo com o Código de Ética de Enfermagem, os direitos são: recusar-
se a executar atividades que não sejam de sua competência; ser informado sobre 
o diagnóstico; recorrer ao COREN; participar de movimentos reivindicatórios; 
suspender atividades na falta de condições mínimas para o exercício; receber 
salários ou honorários; participar de entidades de classe; atualizar-se; apoiar 
iniciativas de interesse da classe.
2.3 RESPONSABILIDADES E DEVERES
As responsabilidades e deveres dos enfermeiros, segundo o código, são: 
cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da profissão; exercer a profissão 
com justiça, competência, responsabilidade e honestidade, prestar assistência 
sem discriminação; prestar assistência sem riscos de imperícia, negligência ou 
imprudências; garantir continuidade da assistência de enfermagem; prestar 
adequadas informações ao cliente e família; respeitar o direito do cliente de decidir 
sobre sua pessoa; respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do paciente; 
manter segredo sobre fato sigiloso, em razão da função; colaborar e esclarecer sobre 
sua saúde ao cliente; orientar e colaborar sobre os riscos dos exames e tratamentos; 
respeitar o próximo na situação de morte e pós-morte; proteger cliente contra danos 
de imperícia, negligência ou imprudências; estar à disposição da comunidade em 
emergência, epidemia ou catástrofes, sem pleitear vantagens pessoais; solicitar 
consentimento para realização de pesquisas ou atividade de ensino orientando 
de forma completa os objetivos, riscos e benefícios; tratar colegas com respeito; 
comunicar ao COREN fatos que infrinjam a lei ou sobre recusa ou demissão de 
cargo, função ou emprego para preservar postulados éticos e legais. 
TÓPICO 3 | CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
43
2.4 DAS PROIBIÇÕES
As proibições, segundo o Código de Ética, são: em caso de urgência ou 
emergência, negar assistência; abandonar clientes em meio a tratamento; participar 
de tratamento sem consentimento do cliente, exceto em risco de vida; provocar ou 
cooperar na prática do aborto; promover eutanásia; administrar medicamentos 
sem certificar-se da natureza das drogas e riscos; prescrever medicamentos 
ou praticar ato cirúrgico, exceto previstos em lei; executar prescrições quando 
contrárias à segurança do cliente; provocar, cooperar ou ser conivente com maus-
tratos; determinar execução de atos contrários ao Código de Ética; determinar 
execução de atos contrários ao Código de Ética; pleitear cargo, função ou emprego 
ocupado por colega; assinar ações de enfermagem que não executou ou permitir 
que outro profissional assine as que você executou; denegrir imagem de colega 
ou membro da equipe de saúde. 
2.5 INFRAÇÕES E PENALIDADES
As penalidades previstas no Código somente poderão ser aplicadas, 
cumulativamente, quando houver infração a mais de um artigo.
A pena de advertência verbal é aplicável nos casos de infrações ao que 
está estabelecido nos artigos: 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 
43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 
78, 79, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, 101 e 102.
A pena de multa é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido 
nos artigos: 28, 29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 
61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 
85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101 e 102.
A pena de censura é aplicável nos casos de infrações ao que está 
estabelecido nos artigos: 31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 
66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 
93, 94, 95, 97, 99, 100, 101 e 102.
A pena de suspensão do exercício profissional é aplicável nos casos de 
infrações ao que está estabelecido nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 
61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 
91, 92, 93, 94 e 95.
A pena de cassação do direito ao exercício profissional é aplicável nos 
casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 
82, 83, 94, 96 e 97.
44
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
LEITURA COMPLEMENTAR
ÉTICA E LEGALIDADE NA ERA DIGITAL
Compartilhar procedimentos de saúde, expor acidentados ou outras situações que 
envolvem o atendimento profissional é apenas questão de escolha? A resposta ultrapassa 
o impulso de ser o primeiro a postar ou receber uma imagem impactante e chega à linha 
tênue entre o cotidiano e ético-legal.
UNI
Para visualizar o Código de Ética em Enfermagem na íntegra, acesse: <http://
www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html>.
As novas tecnologias facilitam o dia a dia, nos aproximam de pessoas que 
talvez não vejamos há anos e nos possibilitam conhecer tantas outras de forma 
rápida e em escala crescente. Junto com a facilidade de apenas um toque na tela 
do celular para falar com o mundo, vem também um dos mais novos pontos de 
confronto ético para os profissionais de saúde: a captura e reprodução de imagens 
ou de situações vivenciadas pelo paciente no momento de seu atendimento. Como 
ficam estabelecidas a ética e a legalidade na era da imagem digital?
Não são raros os casos de exposição de acidentados, procedimentos de 
saúde ou de cuidados pós-morte em sites de notícias, redes sociais e e-mails. 
A primeira reação talvez seja a de impacto. O que fazer após isso? Caberia 
ao profissional de enfermagem, do ponto de vista ético e legal, replicar ou 
compartilhar imagens onde o indivíduo precisaria de cuidados e não de 
exposição? Um pensamento comum poderia ser “eu não fiz essa imagem, apenas 
recebi e compartilhei”. Entretanto, a ética ultrapassa esse viés de culpabilidade 
direta e alcança o posicionamento de interromper essa corrente ou somar-se a 
propagação de intimidade alheia.
TÓPICO 3 | CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
45
A ConstituiçãoFederal de 1988, no artigo 5º, inciso X, diz que “são 
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação”. O denominado direito da personalidade, de acordo com o Código Civil, 
no artigo 20, garante que, “salvo se autorizadas ou necessárias à administração da 
justiça ou à manutenção da ordem pública”, a exposição e utilização da imagem de 
uma pessoa podem ser proibidas, sendo possível o requerimento de indenização.
Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988
CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES 
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, 
à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurando o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua 
violação. 
Código Civil
CAPÍTULO II - DOS DIREITOS DA 
RESPONSABILIDADE
Art. 20 - Salvo se autorizadas, ou se necessárias à 
administração pública, a divulgação de escritos, 
a transmissão da palavra, ou a publicação, a 
exposição ou a utilização da imagem de uma 
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento 
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe 
atingirem a honra, a boa fama ou a resoeitabilidade, 
ou se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único - Em se tratando de morto ou 
de ausente, são partes legítimas para requerer 
essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os 
descendentes.
Somado a isso, o profissional de enfermagem deve levar em consideração 
os critérios estabelecidos em seu Código de Ética, por exemplo, as palavras do 
artigo 19, “Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser humano, em 
todo seu ciclo, inclusive nas situações de morte e pós-morte”. O artigo 106, do 
referido Código, expressa que é responsabilidade e dever do profissional “zelar 
pelos preceitos éticos e legais da profissão nas diferentes formas de divulgação”; 
e o artigo 108 proíbe “inserir imagens ou informações que possam identificar 
pessoas e instituições sem sua prévia autorização”.
É válido ressaltar que a tecnologia é um grande suporte para a atuação dos 
diferentes profissionais da atualidade, inclusive aqueles da área da saúde. Mas, 
é imprescindível a reflexão sobre as violações dos direitos à imagem, previsto 
no Código Civil; à intimidade, previsto na Constituição Federal; e também do 
Código de Ética da Enfermagem. Em breves palavras: não é permitido fotografar 
e divulgar pacientes sem sua prévia autorização para pessoas não envolvidas 
diretamente na assistência.
Na vida profissional, os direitos e as liberdades têm por limite a reputação 
alheia, quer tornando públicas informações sigilosas, quer desrespeitando ou 
expondo o paciente/cliente, quer praticando atos incompatíveis com a dignidade 
e direito de acesso aos cuidados de saúde.
46
UNIDADE 1 | ÉTICA PROFISSIONAL E BIOÉTICA: UMA SINERGIA NECESSÁRIA
O Coren-GO acredita e defende que é dever de todos os profissionais 
de enfermagem zelar pela imagem da profissão e das instituições em que 
trabalham. De acordo com a Lei 5.905, de 1973, compete aos conselhos regionais 
de Enfermagem zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam. Cabe 
ainda ao Conselho apurar, e se identificadas infrações, tomar as medidas cabíveis 
a fim de coibir abuso e afronta à imagem da enfermagem. Em consonância com 
as resoluções do Conselho Federal de Enfermagem (COFEn), com o Código de 
Ética da profissão e com as legislações pertinentes, o Coren-GO se propõe a lutar 
contra qualquer desgaste – velado ou publicizado – à enfermagem.
FONTE: Disponível em: <http://www.corengo.org.br/etica-e-legalidade-na-era-
digital_5947.html>. Acesso em: 21 maio 2018.
47
RESUMO DO TÓPICO 3
Parabéns, você chegou no final deste tópico e desta unidade com sucesso, 
ampliando seus conhecimentos para que no futuro possa utilizá-los com 
segurança, portanto, você é capaz de compreender que:
• O Código de Ética dos profissionais de Enfermagem é um pilar essencial para 
a prática dos enfermeiros. 
• Compete ao Conselho Federal de Enfermagem (COFEn) elaborar o Código de 
Deontologia de Enfermagem.
• O Código é constituído por princípios, direitos, deveres, proibições, infrações 
e penalidades.
• O código se aplica aos enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de 
enfermagem, obstetrizes e parteiras, bem como os atendentes de enfermagem.
48
1 A Resolução COFEN nº 564/2017, que aprova o novo Código de Ética dos 
Profissionais de Enfermagem, aplica-se para quais profissionais? Marque a 
alternativa correta:
a) ( ) Aplica-se para enfermeiros e técnicos de enfermagem.
b) ( ) Aplica-se para enfermeiros, técnicos de enfermagem, parteiras e agentes 
comunitários de saúde.
c) ( ) Aplica-se aos enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de 
enfermagem.
d) ( ) Aplica-se aos enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de 
enfermagem, obstetrizes e parteiras, bem como aos atendentes de 
enfermagem.
2 De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, 
administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se 
da possibilidade dos riscos caracteriza:
( ) Responsabilidade.
( ) Proibição.
( ) Direito.
( ) Dever.
3 Em relação aos princípios fundamentais estabelecidos no Código de Ética 
dos Profissionais de Enfermagem, assinale a alternativa correta: 
a) ( ) O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em consonância 
com os preceitos éticos e legais.
b) ( ) Atua na promoção, prevenção e recuperação da saúde, estando vedada 
a atuação na reabilitação da saúde.
c) ( ) Compromete-se com a saúde e a qualidade de vida da pessoa e família, 
estando vedada a atuação na saúde da coletividade.
d) ( ) Atua em ações que garantam a participação da comunidade sem 
respeitar a vida e aos direitos humanos. 
AUTOATIVIDADE
49
UNIDADE 2
LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE 
ENFERMAGEM NO BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender sobre o conceito de Direito;
• conhecer as normas gerais brasileiras que afetam a enfermagem;
• estudar a regulamentação do exercício da enfermagem e seu contexto atual;
• conhecer os caminhos da legislação do exercício da enfermagem no Brasil;
• conhecer saúde e enfermagem no Código de Defesa e Proteção do Consu-
midor;
• compreender as normas legais de segurança e saúde na enfermagem;
• explorar os aspectos jurídicos e ético-legais da enfermagem;
• conhecer as principais legislações de enfermagem.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Em cada um deles, você encontra-
rá atividades que o auxiliarão na compreensão dos conteúdos apresentados. 
TÓPICO 1 – A LEI E A SOCIEDADE
TÓPICO 2 – REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
TÓPICO 3 – PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFER-
MAGEM
50
51
TÓPICO 1
A LEI E A SOCIEDADE
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Seja bem-vindo a esta jornada para estudar e compreender 
a relação da lei com a sociedade. 
A Lei está presente desde que começamos a nos relacionar com outras 
pessoas a fim de viver em sociedade. Se não vivêssemos em uma sociedade 
organizada, as leis não seriam necessárias. 
Ainda que em uma sociedade bem organizada há discórdias e conflitos 
entre os indivíduos que a compõem, a lei deve propiciar uma forma de resolver 
tais conflitos de maneira pacífica. Assim, necessitamos da lei para assegurar uma 
sociedade segura e harmoniosa, na qual os direitos individuais são respeitados. 
Assim, as leis intentam controlar ou modificar nosso comportamento. As 
pessoas que infringem uma lei podem ser impelidas a pagar uma multa, ressarcir 
danos ou sofrer uma pena de prisão.
Já no âmbito profissional, as leis ajudam os profissionais nasdecisões, 
pois limitam os profissionais a seus direitos e obrigações. Agir fora da lei, além de 
corromper a sua moralidade, também lesa sua própria ética profissional e social. 
2 CONCEITO DO DIREITO
O conceito mais antigo de lei não provinha de uma declaração ou decreto 
de um órgão legislativo ou executivo. Nos primórdios das civilizações, a lei era 
o que o rei ou imperador dizia, e acreditava-se que sua manifestação era divina, 
e, assim, possuía o direito de decidir e aplicar sanções. Essas decisões e sanções, 
inicialmente dos reis e posteriormente dos juízes, foram sendo acumuladas, e 
passaram a servir como baliza e regra para casos similares. Passaram a constituir 
um princípio de direito pelo uso e costume. Ainda hoje, os julgados de tribunais 
e decisões de juízes passaram a constituir um bojo de regras e interpretações de 
textos pouco claros da lei, e são conhecidos como jurisprudência (OGUISSO; 
SCHMIDT, 2007).
A palavra direito representa um conjunto de regras que impõem à 
atividade humana certa direção ou a delimitam. Assim, existe um direito objetivo, 
que é a regra de direito imposta ao agir humano, a norma de comportamento 
a que a pessoa deve se submeter, o preceito que deve influenciar sua atuação. 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
52
Em contrapartida, o direito subjetivo, derivado do direito objetivo, é o poder ou 
prerrogativa de que uma pessoa é titular para obter determinado efeito jurídico, 
em virtude da regra de direito. Por exemplo, quando alguém fala sobre seu direito 
de crédito ou de propriedade sobre alguma coisa, está se referindo a um poder 
que estende e dilata seu campo de ação sobre outros indivíduos e coisas. Constitui 
uma faculdade reconhecida à pessoa pela lei e que lhe permite realizar certos 
atos. O direito objetivo subdivide-se em público e privado. O público destina-se a 
disciplinar os interesses gerais da coletividade, tais como o direito constitucional, 
direito administrativo, direito penal, direito do trabalho e direito internacional. O 
direito privado contém preceitos para regular as relações dos indivíduos entre si, 
por exemplo, o direito civil e o direito comercial (MONTEIRO, 1993).
Levando em consideração que o direito pode ser um ideal de perfeição, 
pode-se ainda distinguir direito positivo do direito natural. O primeiro constitui 
todo o ordenamento jurídico, ou leis e normas, em vigor em determinado país e 
em determinada época; o segundo seria um ordenamento ideal, correspondente 
a uma justiça superior, suprema e anterior ao direito positivo. Basicamente, as 
fontes do direito são a lei, os usos e costumes, a doutrina jurídica e a jurisprudência 
(OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
UNI
O símbolo do direito é representado por uma balança, objeto símbolo do 
julgamento, que, por sua vez, aponta para o tema da justiça e do equilíbrio.
FONTE: Disponível em: <https://seeklogo.com/vector-
logo/264574/simbolo-de-direito>. Acesso em: 25 jun. 
2018.
3 ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE
A organização política de uma sociedade está fundamentada na ordem 
jurídica instituída pela lei, como um meio para manter o equilíbrio entre as 
relações do homem na sociedade, no que tange a seus direitos e deveres. 
Como se observa, a família é a base de qualquer sociedade, como a primeira e 
TÓPICO 1 | A LEI E A SOCIEDADE
53
menor democracia no âmago da sociedade. O conjunto de famílias formará os 
agrupamentos sociais, que formarão os municípios, e assim sucessivamente, até 
culminar com a formação da nação organizada.
FIGURA 1 – ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE
União
Estado
Município
Agrupamento Social
Família
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v33n2/
v33n2a09.pdf>. Acessado em: 21 jun. 2018.
3.1 OS TRÊS PODERES
A Constituição Federal, objetivando, primordialmente, evitar o arbítrio 
e o desrespeito aos direitos fundamentais do homem, previu a existência dos 
Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, dividindo entre eles 
as funções estatais e prevendo prerrogativas e imunidades para que pudessem 
exercê-las corretamente, bem como desenvolvendo mecanismos de controles 
recíprocos, sempre como garantia da existência perpétua do Estado democrático 
de direito (MORAES, 2003).
A divisão de acordo com o critério funcional é a célebre "separação de 
poderes", que é a distinção entre três funções estatais, quais sejam, legislação, 
administração e jurisdição, que devem ser atribuídas a três órgãos autônomos 
entre si, que as exercerão. Assim, o Brasil, como todo país democrático, exerce 
sua soberania mediante três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário 
(OGUISSO; SCHMIDT, 2007; MORAES, 2003).
O objetivo visado pela Constituição Federal, ao estipular diversas funções, 
imunidades e garantias aos detentores das funções soberanas do Estado, Poderes 
Legislativo, Executivo, Judiciário e a Instituição do Ministério Público, é a defesa do 
regime democrático, dos direitos fundamentais e da própria separação de poderes, 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
54
legitimando, assim, o tratamento diferenciado estabelecido a seus membros, perante 
o princípio da igualdade. Portanto, estas eventuais diferenciações são compatíveis 
com a cláusula igualitária por existência de um vínculo de correlação lógica 
entre o tópico diferencial acolhido por residente no objeto, e a desigualdade de 
tratamento em função dela conferida, pois é compatível com interesses prestigiados 
na Constituição. Não há, portanto, qualquer dúvida da estreita interligação 
constitucional entre a defesa da separação de poderes e dos direitos fundamentais 
como requisito indispensável para a existência de um Estado democrático de 
direito. Baseando-se nisso, o legislador constituinte previu diversas imunidades 
e garantias para os exercentes de funções estatais relacionadas com a defesa dos 
direitos fundamentais e administração dos negócios do Estado, estabelecendo-as 
nos capítulos respectivos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e, também, 
da Instituição do Ministério Público (MORAES, 2003).
Não existirá, portanto, um Estado democrático de direito, sem que 
existam Poderes de Estado e Instituições, independentes e harmônicos entre 
si, assim como previsão de direitos fundamentais e instrumentos que tornem 
possível a perpetuidade e a fiscalização desses requisitos. Todos estes temas são 
intimamente ligados de tal maneira que a derrocada de um, invariavelmente, 
desencadeará a supressão dos demais, com o retorno do arbítrio e da ditadura 
(MORAES, 2003).
A Carta Magna de 1988 consagrou em seu art. 2° a tripartição de Poderes, 
ao estabelecer que são Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre 
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Fundamentando-se nessa solene 
proclamação, o próprio legislador constituinte atribuiu diversas funções a 
todos os Poderes, no entanto, sem caracterizá-las com a exclusividade absoluta. 
Portanto, cada um dos Poderes exerce uma função predominante e primordial, 
que o caracteriza como detentor de parcela da soberania estatal, além de outras 
funções previstas no texto constitucional. São as denominadas funções típicas e 
atípicas (MORAES, 2003).
3.1.1 Poder legislativo
 O Poder Legislativo, em nível federal ou nacional, é bicameral e exercido 
pelo Congresso Nacional, que é composto pela Câmara dos Deputados e pelo 
Senado Federal, que se complementam, distinguindo-se dos estaduais, distritais e 
municipais, onde é estabelecido o unicameralismo (CF, arts. 27, 29 e 32). Em nível 
estadual, é exercido pela Assembleia Legislativa em cada estado, composta por 
deputados estaduais e, em nível municipal, pela Câmara Municipal, composta de 
vereadores. O bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente relacionado 
à escolha pelo legislador constituinte da forma federativa de Estado, pois no 
Senado Federal encontram-se, de maneira paritária, representantes de todos os 
Estados-membros e do Distrito Federal, consagrando o equilíbrio entreas partes 
contratantes da Federação. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, 
na Capital Federal, de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 1° de agosto a 15 de 
TÓPICO 1 | A LEI E A SOCIEDADE
55
dezembro. Cada legislatura terá a duração de quatro anos, compreendendo 
quatro sessões legislativas, ou oito períodos legislativos. O art. 57, § 6°, da 
Constituição Federal dispõe sobre a possibilidade de convocação extraordinária 
do Congresso Nacional, que poderá ser realizada, dependendo da situação, pelo 
Presidente da República, pelo Presidente do Senado Federal, pelo Presidente da 
Câmara dos Deputados, ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as 
Casas Legislativas (OGUISSO; SCHMIDT, 2007; MORAES, 2003).
A Câmara dos Deputados constitui-se de representantes do povo, eleitos 
para mandato de quatro anos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada 
Território e no Distrito Federal, sendo que o número total de deputados, assim 
como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei 
complementar, proporcionalmente à população. O sistema é proporcional quando 
à distribuição dos mandatos, ocorre de modo que o número de representantes 
em cada circunscrição eleitoral seja dividido em relação ao número de eleitores, 
de modo que resulte uma proporção. O sistema proporcional consiste, pois, no 
procedimento eleitoral que busca garantir ao Parlamento uma representação 
proporcional ao número de votos obtido por cada um dos partidos políticos 
(MORAES, 2003).
O Senado Federal constitui-se de representantes dos Estados e do 
Distrito Federal, eleitos para mandatos de oito anos, de acordo com o princípio 
majoritário, sendo que cada Estado e o Distrito Federal possuirão três senadores. 
Sistema majoritário é aquele em que será considerado vencedor o candidato que 
obtiver maior número de votos (maioria simples), tendo o texto constitucional 
optado pelo sistema majoritário puro ou simples (um único turno) para a eleição 
de senadores da República. A representação de cada Estado e do Distrito Federal 
será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um ou dois 
terços do Senado Federal (CF, art. 46, § 2°). O legislador constituinte brasileiro 
concedeu ao Senado Federal a mesma importância e força concedida à Câmara 
dos Deputados (MORAES, 2003).
As atribuições do Congresso Nacional estão determinadas nos arts. 48 
e 49 da Constituição Federal, sendo que no art. 48 se exige a participação do 
Poder Executivo através da sanção presidencial, enquanto no art. 49, por se tratar 
de competências exclusivas do Congresso Nacional, serão tratadas somente 
no âmbito do Poder Legislativo, através de Decreto Legislativo. O Congresso 
Nacional, que possui a função de elaborar leis de interesse de toda nação e de 
fiscalizar a atuação do Presidente da República, aprecia os projetos apresentados 
pelos seus parlamentares, pelos representantes dos tribunais federais, pelo 
Presidente da República e por projeto de lei de iniciativa popular (OGUISSO; 
SCHMIDT, 2007; MORAES, 2003).
A sociedade pode, portanto, diante de alguma necessidade evidenciada, 
encaminhar reivindicações aos seus representantes no Legislativo, que criam os 
projetos de lei (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
56
De acordo com Moraes (2003, p. 301),
O exercício da função típica do Poder Legislativo consistente no 
controle parlamentar, por meio de fiscalização, pode ser classificado 
em político-administrativo e financeiro-orçamentário. Pelo primeiro 
controle, o Legislativo poderá questionar os atos do Poder Executivo, 
tendo acesso ao funcionamento de sua máquina burocrática, a fim 
de analisar a gestão da coisa pública e, consequentemente, tomar as 
medidas que entenda necessárias. Inclusive, a Constituição Federal 
autoriza a criação de comissões parlamentares de inquérito, que 
terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, 
além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, e 
serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em 
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de 
seus membros, que deverá ser aprovado pela maioria, para a apuração 
de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for 
o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores (CF, art. 58, § 3.°)”. 
Já o segundo controle corresponde à fiscalização prevista nos arts. 70 
a 75 da Constituição Federal. Assim, a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, além 
dos sistemas internos de cada Poder, será exercida pelo Congresso 
Nacional, mediante controle externo (MORAES, 2003). 
As funções típicas do Poder Legislativo são legislar e fiscalizar, tendo 
ambas o mesmo grau de relevância. Assim, se por um lado a Constituição 
prevê normas de processo legislativo, para que o Congresso Nacional crie as 
normas jurídicas, de outro, estabelece que a ele cabe a fiscalização orçamentária, 
financeira, contábil, operacional e patrimonial do Poder Executivo (CF, art. 70). 
As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira acontece, 
exemplificativamente, quando o Legislativo dispõe sobre sua organização e 
operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores; 
enquanto a segunda ocorrerá, por exemplo, no processo e julgamento do 
Presidente da República por crime de responsabilidade (MORAES, 2003).
3.1.2 Poder Executivo
O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função primordial 
é a prática dos atos de chefia de Estado, de governo e de administração da nação, 
em nível federal, é exercido pelo Presidente da República, e assessorado por 
ministros de Estado. Pode construir hospitais, escolas, rodovias ou ferrovias e, 
com a anuência do Congresso, pode declarar estado de sítio, de emergência e 
de guerra. O governador administra o Estado, assessorado pelos secretários. O 
prefeito, auxiliado também pelos secretários, administra o município (OGUISSO; 
SCHMIDT, 2007).
 A chefia do Poder Executivo foi confiada pela Constituição Federal 
ao Presidente da República, a quem compete seu exercício, auxiliado pelos 
TÓPICO 1 | A LEI E A SOCIEDADE
57
Ministros de Estado. Os Ministros são auxiliares do Presidente, que os pode 
deliberadamente nomear ou exonerar. As funções dos Ministros são definidas 
pela própria Constituição, que estabelece a eles competir, como principal 
atribuição, exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e 
entidades da administração federal na área de sua competência e referendar 
os atos e decretos assinados pelo Presidente da República. Além disso, deverá 
expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; apresentar 
ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; praticar 
os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo 
Presidente da República. Os Ministros compreendem, ainda, o braço civil da 
administração (burocracia) e o militar (Forças Armadas), consagrado mais 
uma vez o presidencialismo, concentrando na figura de uma única pessoa a 
chefia dos negócios do Estado e do Governo. Apesar de a clássica separação 
dos Poderes ter sido adotada pelo constituinte de 1988, no art. 2°, ao afirmar 
que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário, foram consagradas pela Constituição Federal, 
como já visto anteriormente, em relação a todos os Poderes de Estado, funções 
típicas e atípicas, assim, inexistindo, exclusividade absoluta no exercício dos 
ofícios constitucionais. O Executivo, portanto, além de ter por função típica 
administrar a coisa pública, também legisla (art. 62 - Medidas Provisórias) 
e julga (contenciosoadministrativo), no exercício de suas funções atípicas 
(MORAES, 2003).
O presidente e vice-presidente da República são eleitos pelo sistema 
eleitoral majoritário, que, como já vimos, consiste naquele em que será considerado 
eleito o candidato que obtiver maior número de votos, pelo sistema majoritário de 
dois turnos será considerado vencedor o candidato que obtiver a maioria absoluta 
dos votos válidos. Caso não obtenha na primeira votação, deverá ser realizado 
novo sufrágio. O Presidente da República é eleito simultaneamente com um Vice-
presidente, através do escrutínio universal e pelo voto direto e secreto. A duração 
do mandato presidencial, atualmente, é de quatro anos, com a possibilidade de 
reeleição do chefe do Poder Executivo para um único mandato subsequente (CF, 
art. 14, § 5°) (MORAES, 2003).
Sobre as atribuições do Presidente da República:
Tendo adotado o sistema presidencialista, as funções de chefe de 
Estado e de Governo acumulam-se na figura presidencial e são 
descritas no art. 84, competindo-lhe, privativamente: nomear e 
exonerar Ministros de Estado; exercer, com o auxílio dos Ministros 
de Estado, a direção superior da administração federal; iniciar 
o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição; sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem 
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; vetar 
projetos de lei, total ou parcialmente; dispor sobre a organização e 
o funcionamento da administração federal, na forma da lei; manter 
relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes 
diplomáticos; celebrar tratados, convenções e atos internacionais, 
sujeitos a referendo do Congresso Nacional; decretar o estado de 
defesa e o estado de sítio; decretar e executar a intervenção federal; 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
58
remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por 
ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do 
País e solicitando as providências que julgar necessárias; conceder 
indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos 
instituídos em lei; exercer o comando supremo das Forças Armadas, 
nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
promover seus oficiais generais e nomeá-los para os cargos que lhes 
são privativos; nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os 
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, 
os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, 
o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, 
quando determinado em lei; nomear, observado o disposto no 
art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União; nomear os 
magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-
Geral da União; nomear membros do Conselho da República, nos 
termos do art. 89, VII; convocar e presidir o Conselho da República e 
o Conselho de Defesa Nacional; declarar guerra, no caso de agressão 
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado 
por ele, quando ocorrida no intervalo da sessões legislativas, e, nas 
mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização 
nacional; celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do 
Congresso Nacional; conferir condecorações e distinções 
honoríficas; permitir, nos casos previstos em lei complementar, 
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele 
permaneçam temporariamente; enviar ao Congresso Nacional 
o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e 
as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; prestar, 
anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 60 dias após a 
abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício 
anterior; prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da 
lei; editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 
62, bem como exercer outras atribuições previstas na Constituição. 
(MORAES, 2003, p. 339). 
Para o indivíduo candidatar-se ao cargo de Presidente e Vice-presidente 
da República, a Constituição da Republica exige alguns requisitos: ser brasileiro 
nato (art. 12, § 3°); estar no gozo dos direitos políticos; ter mais de 35 anos; não ser 
inelegível (inalistáveis, analfabetos, reeleição, cônjuge, parentes consanguíneos 
e afins até o segundo grau ou por adoção do Presidente da República) e possuir 
filiação partidária (MORAES, 2003).
3.1.3 Poder Judiciário
O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos previstos pela 
doutrina e consagrado como poder autônomo e independente de crescente 
importância no Estado de Direito, sua função não consiste somente em 
administrar a Justiça, sendo mais, pois seu ofício é ser o verdadeiro guardião 
da Constituição, com a finalidade de preservar, basicamente, os princípios 
da legalidade e igualdade, sem os quais os demais tornar-se-iam vazios. É 
exercido pela magistratura e ministérios públicos em duas ou mais instâncias, 
conforme mostra o quadro da Figura 2, tendo em sua base as varas cíveis 
ou criminais, as juntas de conciliação e julgamento, juízos federais, militares 
TÓPICO 1 | A LEI E A SOCIEDADE
59
etc. O órgão máximo do Poder Judiciário é o Supremo Tribunal Federal. Na 
Justiça Estadual existem as Varas Cíveis e Criminais em primeira instância, e 
os respectivos Tribunais de Justiça Estadual e o Superior Tribunal de Justiça. 
Na área federal, existem os Juízos Federais, também com suas Varas Cíveis e 
Criminais, e, em segunda instância, os Tribunais Regionais Federais. Na área 
trabalhista, a primeira instância é constituída pelas Juntas de Conciliação e 
Julgamento e, em segunda instância, pelos Tribunais Regionais do Trabalho. 
Na Justiça Eleitoral, também existem as Juntas Eleitorais e os Tribunais 
Regionais Eleitorais. A Justiça Militar pode ser estadual ou federal, cada uma 
com os respectivos órgãos de auditoria em primeira instância, seguidos dos 
Tribunais da Justiça Militar. Havendo matéria de âmbito constitucional, de 
qualquer uma dessas áreas, os processos são encaminhados para o Supremo 
Tribunal Federal (OGUISSO; SCHMIDT, 2007; MORAES, 2003).
Além da função de legislar e administrar, o Estado também exerce a função 
de julgar, ou seja, a função jurisdicional, que consiste na imposição da validade 
do ordenamento jurídico, de maneira coerciva, sempre que houver necessidade 
(MORAES, 2003).
Desse modo, a função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou 
seja, julgar, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de 
um conflito de interesses. O Judiciário, porém, assim como os demais Poderes 
do Estado, possui outras funções, chamadas atípicas, de cunho administrativo 
e legislativo. São de cunho administrativo, exemplificativamente, concessão 
de férias aos seus membros e servidores; prover, na forma prevista nessa 
Constituição, os cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição. São 
de cunho legislativo a edição de normas regimentais, pois cabe ao Poder 
Judiciário elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de 
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência 
e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos 
(MORAES, 2003).
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
60
FIGURA 2 - A ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO
Supremo Tribunal
de Justiça
Supremo Tribunal
Federal
Tribunais 
Regionais Federais
Tribunal Superior 
do Trabalho
Varas Civel 
e Criminal
Tribunal Regional 
do Trabalho
Tribunal de 
Justiça
Varas Civel 
e Criminal
Tribunal Superior 
Eleitoral
Tribunal Regional 
Eleitoral
Superior 
Tribunal Militar
Tribunal 
Militar
Auditoria Justiça 
Militar Federal
Auditoria Justiça 
Militar do Estado
Juízes e Juntas 
Eleitorais
Juntas de Conciliação 
do Trabalho
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v33n2/v33n2a09.pdf>. Acessado em: 
21 jun. 2018. 
4 HIERARQUIA DAS NORMAS 
Cada uma das casas do Congresso tem uma Mesa Diretora, uma Comissãode Constituição e Justiça (CCJ), comissões permanentes e temporárias. Além da 
CCJ, a Câmara tem mais 12 comissões permanentes, entre elas a de Ciência e 
Tecnologia, Defesa do Consumidor, Direitos Humanos, Educação, Seguridade 
Social e Família e Trabalho, que são as que podem ter maior relação com o ensino 
e exercício da Enfermagem. Já o Senado tem outras seis comissões permanentes: 
Assuntos Econômicos, Assuntos Sociais, Educação, Relações Exteriores, Defesa 
Nacional e de Infraestrutura. As comissões permanentes são organizadas de 
acordo com a proporcionalidade dos partidos, mas também seguem critérios 
políticos e técnicos, pois os membros da comissão devem ter em sua formação ou 
experiência alguma afinidade com o assunto em pauta. As comissões temporárias 
tratam de um tema específico, por exemplo, a comissão parlamentar de inquérito 
(CPI) ou uma comissão destinada a representar a Câmara ou o Senado fora da 
sede do Parlamento. (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
A hierarquia das normas resulta basicamente da posição que as normas 
ocupam, com uma relação de superioridade e inferioridade entre elas. Assim, 
as leis são válidas porque se apoiam em outras que lhes são hierarquicamente 
superiores. Essa disposição hierárquica das normas prevê, em princípio, três 
planos ou níveis: constitucional, composto da Constituição e leis complementares 
à Constituição; o ordinário, com as leis ordinárias; e o terceiro plano, com os 
regulamentos. A Constituição é a lei suprema, estabelecida pelo povo em virtude 
de sua soberania para servir de base à sua organização política, dispor sobre os 
TÓPICO 1 | A LEI E A SOCIEDADE
61
modos de criação de outras leis e estabelecer direitos e deveres de seus membros. 
As leis ordinárias são normas elaboradas pela autoridade investida de poder 
legislativo. E os regulamentos e resoluções são regras ou disposições estabelecidas 
para que se executem as leis, e são elaborados por autoridades que recebem 
das leis constitucionais e ordinárias a competência ou o poder administrativo. 
Existem, ainda, os regimentos que dispõem sobre a organização e funcionamento 
interno de um órgão público ou privado (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
Portanto, a hierarquia das normas mostra que existe uma ordem de 
grandeza condicionando inclusive o espaço de aplicação, a menor ou maior 
abrangência da generalidade dos cidadãos. Nesse caso, na base dessa pirâmide 
podem ser incluídos os contratos, que têm força de lei entre as partes contratantes, 
e também as sentenças judiciais, que têm a menor abrangência de todas as normas 
por serem aplicadas pelo juiz a determinado cidadão. Acima de todas, está a lei 
constitucional ou Constituição, também chamada de Carta Magna, Lei Maior, 
Código Supremo, estatuto básico ou conjunto de regras e preceitos fundamentais 
estabelecidos pela soberania de um povo, para servir de base à sua organização 
política e firmar os direitos e deveres de cada um de seus componentes, vigente 
nos limites totais do Estado, para todos os indivíduos, acima de todos os órgãos 
da soberania e sobre todos os seus titulares. Portanto, pela sistemática jurídica, 
a Constituição é depositária da soberania. Não pode o Congresso Nacional, 
mediante lei ordinária, contrariar dispositivo constitucional. A revogação de 
um inciso da Carta Magna deverá seguir o rito complexo da própria elaboração 
constitucional (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
De acordo com o texto da Constituição (art. 59), abaixo da Carta Magna ou 
Constituição estão as emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, 
leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções, aos quais 
podem ser acrescidos as portarias e, por último, os contratos e sentenças, como já 
referidos (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
FIGURA 3 – PIRÂMIDE DE KELSIN
C
LC
Leis 
Ordinárias
Leis 
Delegadas
Medidas 
Provisórias
Decretos 
Legislativos
Resoluções e 
Portarias
Contratos e Sentenças
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v33n2/v33n2a09.
pdf>. Acessado em: 21 jun. 2018.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
62
5 NORMAS GERAIS BRASILEIRAS QUE AFETAM A ENFERMAGEM 
Os Códigos Civil e Penal brasileiros possuem diversos artigos que afetam 
a enfermagem no seu exercício, especialmente no âmbito da responsabilidade 
civil ou penal, indenização, lesões corporais, a culpa em suas formas de imperícia, 
negligência ou imprudência, falsidade ideológica e outros itens que são abordados 
nos capítulos específicos (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com todas as emendas 
e legislação complementar, é outro diploma legal que afeta de modo direto as 
relações de trabalho de todos os profissionais da enfermagem, bem como de todos 
os trabalhadores que exercem suas atividades dentro do território nacional. De 
acordo com a CLT, é empregado a pessoa física que presta serviços de natureza 
não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário. E 
empregador é a empresa individual ou coletiva (profissional liberal, instituições 
de beneficência, associações ou entidades sem fins lucrativos) que assume os 
riscos da atividade econômica, admite, assalariado e dirige a prestação pessoal 
de serviços (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
Não obstante, a Constituição, além de garantir direitos sociais e individuais 
aos enfermeiros e a todo o profissional de enfermagem, na qualidade de cidadãos, 
também afeta todas as pessoas que exercem a enfermagem, porque ela institui, 
por exemplo, que cabe à União “legislar sobre as condições de capacidade para o 
exercício das profissões liberais e técnico-científicas”. Além disso, a Constituição 
da República incorporou em seu bojo uma grande parcela dos direitos trabalhistas, 
paralisando, de um certo modo, ou no mínimo dificultando as negociações coletivas 
entre empregados e empregadores, pois um certo grau de flexibilização nas 
negociações seria benéfico para que empresários permanecessem no negócio e os 
empregados mantivessem seus empregos. Os aspectos trabalhistas incorporados 
pela Constituição, em 1988, devido à própria euforia de aprovar uma nova Carta 
Magna após um vasto período de ditadura militar, influenciou legisladores a 
concederem muito mais direitos sociais e trabalhistas do que provavelmente se 
pretendia. Ainda que muitos desses direitos já estavam presentes na CLT, porém, 
ao serem incluídos na Constituição, tornaram-se cláusulas pétreas, portanto, 
inamovíveis, pela própria hierarquia das normas jurídicas. O que acarretou em 
dificuldades para a manutenção de empregos formais, devido ao alto custo que 
recai sobre o empregador, afetando não só o profissional de enfermagem ou da 
saúde, mas todo trabalhador brasileiro (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
Devemos fazer menção, também, ao próprio Código de Ética (Deontologia) 
dos Profissionais de Enfermagem, e à Lei nº 7.498/86, que em seu art. 14 - Incumbe 
a todo o pessoal de Enfermagem:
I- Cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfermagem.
 
Há de citar-se o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, Lei nº 
8.078, de 11 de setembro de 1990, que no capítulo sobre os direitos básicos do 
TÓPICO 1 | A LEI E A SOCIEDADE
63
consumidor, inclui nove direitos, entre os quais, os direitos “à proteção da vida, 
saúde e segurança contra riscos provocados por práticas de fornecimento de 
produtos e serviços, considerados perigosos ou nocivos”, assim como os direitos 
“à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentam”. Também afetando todos os 
profissionais da saúde e não apenas os da enfermagem. Um dos direitos mais 
relevantes do consumidor, criado a partir desse Código, foi “a facilitação da defesa 
de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo 
civil, quando verossímil a alegação”. Este direito foi realmente uma inovação que 
beneficiou todos osconsumidores, em geral, mas, na área da saúde, passou a ter 
um significado muito especial. Tradicionalmente, no direito afirma-se que “quem 
alega deve provar”, ou seja, o ônus de produzir a prova sempre recai sobre quem 
alega ou acusa, ou seja, na área da saúde, o paciente que se sentisse lesado ou 
mal assistido deveria provar essa alegação contra o profissional. Era uma missão 
praticamente impossível a um leigo produzir prova contra um profissional, 
sem mencionar um certo corporativismo que existia entre os profissionais, que 
se protegiam de forma mútua. O Código de Proteção e Defesa do Consumidor 
inverteu exatamente essa ordem, pois agora é o profissional que tem o dever de 
provar que a assistência prestada é a indicada, correta e de qualidade. Sendo 
assim, fundamentado nesse Código, é o acusado, e não o acusador, que possui o 
dever de provar que agiu corretamente em conformidade com as normas técnicas 
recomendadas, e, assim, desonerando o paciente de juntar provas para o que 
alega (OGUISSO; SCHMIDT, 2007).
64
RESUMO DO TÓPICO 1
Após o término deste tópico, estudamos que:
• O direito representa um conjunto de regras que imprimem à atividade humana 
certa direção ou a encerram dentro de certos limites.
• A organização política de uma sociedade está baseada na ordem jurídica 
instituída pela lei, como um meio para manter o equilíbrio entre as relações 
do homem na sociedade, no tocante a seus direitos e deveres. E o conjunto de 
famílias irá formar os agrupamentos sociais e assim sucessivamente até formar 
a nação organizada.
• O Brasil, como todo país democrático, exerce sua soberania através de três 
poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e o Poder Judiciário. 
• Entre as normas que afetam a enfermagem, podemos elencar: Os Códigos 
Civil e Penal, a CLT, a Constituição Federal, o próprio Código de Ética dos 
Profissionais de Enfermagem, e o Código de Defesa do Consumidor. 
65
AUTOATIVIDADE
1 Desenhe a pirâmide da organização da sociedade, descrevendo a formação 
da nação organizada.
2 O Brasil exerce sua soberania através de três poderes, assinale a alterativa 
CORRETA: 
a) Poder Executivo e Poder Legislativo.
b) Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário.
c) Poder Executivo, Poder Legislativo e Tribunal de Contas.
d) Poder Executivo, Poder Legislativo e Forças Armadas.
66
67
TÓPICO 2
REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! É importante aprender a história para descobrir os 
caminhos percorridos pelas antigas gerações e entender as razões que motivaram 
as escolhas que hoje estão presentes no nosso cotidiano.
Desde antigamente existem normas e regras para regulamentar as 
relações das pessoas na sociedade. Um exemplo mais antigo de normas legais 
escritas do mundo foi o Código de Hamurabi, estabelecido pelo rei Hamurabi, 
que pertenceu à primeira dinastia do Império da Babilônia. O Código de 
Hamurabi foi gravado em caracteres cuneiformes, com cerca de 3.500 linhas, em 
um enorme bloco cilíndrico de pedra negra. O Código traz 282 artigos tratando 
do direito da propriedade, família, sucessões, penhora e até sobre proteção ao 
consumidor. Previa casos de composição ou acordo entre as partes em alguns 
delitos patrimoniais e entre as penalidades aplicadas, permeava o princípio da 
Lei de Talião, "olho por olho, dente por dente" (OGUISSO; SCHMIDT, 2007). E 
tem como preâmbulo o seguinte texto:
" - Quando o alto Anu, Rei de Anunaki e Bel, Senhor da Terra e dos céus, 
determinador dos destinos do mundo, entregou o governo de toda a humanidade a Marduc; 
quando foi pronunciado o alto nome da Babilônia; quando ele a fez famosa no mundo e 
nela estabeleceu um duradouro reino cujos alicerces tinham a firmeza do céu e da terra, - 
por esse tempo Anu e Bel me chamaram, a mim Hamurabi, o excelso príncipe, o adorador 
dos deuses, para implantar justiça na terra, para destruir os maus e o mal, para prevenir 
a opressão do fraco pelo forte, para iluminar o mundo e propiciar o bem-estar do povo. 
Hamurabi, governador escolhido por Bel, sou eu; eu o que trouxe a abundância à terra; o 
que fez obra completa para Nippur e Dirilu; o que deu vida à cidade de Uruk; supriu água 
com abundância aos seus habitantes; o que tornou bela a nossa cidade de Brasíppa; o que 
encelerou grãos para a poderosa Urash; o que ajudou o povo em tempo de necessidade; o 
que estabeleceu a segurança na Babilônia; o governador do povo, o servo cujos feitos são 
agradáveis a Anuit".
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
68
FIGURA 4 – CÓDIGO DE HAMURABI
FONTE: Disponível em: <https://taisluso.blogspot.com/2018/01/o-rigor-das-
leis-codigo-de-hamurabi.html>. Acesso em: 25 jun. 2018.
A História da Legislação de Enfermagem também é repleta de grandes 
momentos, cujos feitos se refletem até os dias de hoje, e as atuais gerações 
podem usufruir dos inúmeros benefícios, especialmente no campo da legislação 
profissional e da regulamentação do exercício da profissão.
O conhecimento a respeito dos marcos legais que tutelam a atuação da 
categoria é primordial para o constante aperfeiçoamento e respaldo da prática 
profissional.
2 HISTÓRICO DA REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA 
ENFERMAGEM
A partir de agora entraremos na história da regulamentação do exercício 
da enfermagem. Vamos ver que, ao longo da história da enfermagem, ressaltam-
se os esforços e lutas que cercaram a promulgação de todos os diplomas legais 
de determinação do currículo mínimo de enfermagem, da regulamentação do 
exercício da profissão, ou de controle da classe pela própria classe. Assim, neste 
tópico, iremos demonstrar a evolução da enfermagem no Brasil. 
Historicamente, iniciou-se com a legislação para a formação da parteira, 
levando em conta seu vínculo com faculdades de Medicina, teve início com um 
decreto sem número de 8 de outubro de 1832, e a do exercício profissional com 
o Decreto nº 828, de 29 de setembro de 1851, que dispunha sobre o Regulamento 
da Junta de Higiene Pública, em que os médicos, cirurgiões, boticários, dentistas 
e parteiras deveriam apresentar seus diplomas na Corte e Província do Rio de 
Janeiro (OGUISSO, 2001). 
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
69
Especificamente sobre enfermagem, o primeiro dispositivo legal ocorreu 
somente no início da República, com o Decreto nº 791, de 27 de setembro de 1890, 
criando a primeira escola profissional de enfermagem, com duração de dois anos 
e aulas ministradas por médicos (BRASIL, 1974a). Em 1921, o Decreto nº 15.230, 
de 31 de dezembro de 1921, aprovou o regulamento para o serviço de saúde do 
exército, em que os enfermeiros são incluídos como parte do pessoal subalterno, 
juntamente com soldado encarregado de remover feridos do campo de batalha e 
outros auxiliares.
No âmbito civil, o Decreto nº 15.799, de 10 de novembro 1922, aprovou o 
regulamento do Hospital Geral do Departamento Nacional de Saúde Pública, que 
já mencionava que, anexo ao Hospital, seria criada a Escola de Enfermeiras desse 
Departamento (BRASIL, 1974b). Mas apenas em 1923, o Decreto nº 16.300, de 31 
de dezembro de 1923, ao aprovar o regulamento do Departamento Nacional de 
Saúde Pública e a fiscalização do exercício profissional de médicos, farmacêuticos, 
dentistas, enfermeiros e parteiras, também criou uma escola para enfermeiras. No 
que se refere ao exercício, o enfermeiro vinha agrupado junto com massagistas, 
manicures, pedicuros e optometristas que deveriam ser responsáveis pelo 
tratamento de doentes (BRASIL, 1974c). Porém, se praticassem ações sem ordem 
médica, sofreriam as penalidades previstas no mesmo regulamento.
O Decreto nº 20.109, de 15 de junho de 1931, declarava em sua ementa que 
pretendia regular "O exercício da enfermagem no Brasil e fixar as condições para 
equiparação das escolas de enfermagem" (BRASIL, 1974, s.p.). Todavia, somente o 
artigo 1º tratava do exercício da enfermagem, ao estabelecer que apenas poderiam 
usar o título de enfermeiro diplomado, se oprofissional fosse diplomado por 
escola oficial ou equiparada na forma da lei e tivesse o diploma registrado no 
Departamento Nacional de Saúde Pública (OGUISSO, 2001). 
Mais adiante, o Decreto nº 20.931, de 11 de janeiro de 1932, ao dispor 
sobre a regulamentação e fiscalização do exercício da medicina, odontologia e 
medicina veterinária, regulava também as profissões de farmacêutico, da parteira 
e da enfermeira. No que tange à enfermagem, não havia ainda preocupação 
em definir o que esse profissional deveria fazer, mas era-lhe proibido instalar 
consultório para atendimento de cliente. O decreto estabelecia que em caso 
de transgressão grave, o enfermeiro poderia ser suspenso do exercício ou ser 
demitido, se exercesse função pública (OGUISSO, 2001).
A Lei nº 775, de 6 de agosto 1949, dispunha sobre o ensino de enfermagem 
no país, mas incluiu um preceito referente ao exercício profissional no art. 21, 
dispondo que "as instituições hospitalares, públicas ou privadas, decorridos sete 
anos após a publicação desta lei, não poderiam contratar, para a direção dos seus 
serviços de enfermagem, senão enfermeiros diplomados" (BRASIL, 1974d). Esse 
artigo foi de imenso valor no exercício profissional da enfermagem, tendo em 
vista que a Lei nº 775/49 jamais chegou a ser revogada, e décadas mais tarde, 
líderes da enfermagem ainda utilizavam esse preceito legal.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
70
Mas somente na década de 1950 houve a aprovação de uma lei específica 
que tratava efetivamente do exercício da enfermagem. Foi a Lei nº 2.604, de 17 de 
setembro de 1955, que definiu as categorias que poderiam exercer a enfermagem 
no país e revogou diversos dispositivos que tratavam de categorias que seriam 
posteriormente extintas, como enfermeiros práticos, enfermeiros assistentes, 
assistentes de enfermagem, enfermeiro militar, atendentes (BRASIL, 1974e), mas 
existiram por muito tempo como grupos residuais da enfermagem (OGUISSO; 
SCHMIDT, 2007).
Em abril de 1954, uma comissão governamental que estudava o Plano 
de Classificação de Cargos dos Servidores Públicos Civis da União divulgou 
os resultados, nos quais a enfermagem havia sido classificada entre os serviços 
profissionais de nível médio, com vencimentos inferiores aos dos técnico-
científicos, em que estavam classificados os profissionais de nível universitário. 
A ABEn (Associação Brasileira de Enfermagem), então presidida pela Dra. Glete 
de Alcântara, vinha subsidiando essa comissão e manteve encontros formais 
com seus dirigentes para solicitar revisão dos níveis salariais dos enfermeiros 
nos serviços públicos federais e autárquicos. Esse estudo, já como projeto de lei, 
tramitou no Congresso Nacional e acabou sendo aprovado como a Lei nº. 3.780, de 
12/07/1960 (BRASIL, 1974), dispondo sobre a Classificação de Cargos do Serviço 
Civil do Poder Executivo, e teve uma considerável influência na enfermagem. 
As diversas denominações existentes na época, na enfermagem, foram reduzidas 
de acordo com as regras de enquadramento por similaridade de atribuições e 
responsabilidades. Essa Lei, apesar de não tratar especificamente da enfermagem, 
causou grande impacto na profissão, pois o enfermeiro foi enquadrado como 
profissão técnico-científica de nível superior no serviço público federal. Diante 
disso, abriu-se o caminho para que nos âmbitos estadual e municipal, pouco 
a pouco, fosse o enfermeiro também reconhecido como categoria de nível 
universitário, com remuneração correspondente (DORNELLES, 1995).
Aproximadamente seis anos após a promulgação da Lei n 2.604/55, o 
Decreto nº 50.387, de 28/03/1986, veio regulamentar o exercício da enfermagem. 
Pela primeira vez houve uma tentativa de definição do exercício da enfermagem, 
no entanto essa definição estava restrita às seguintes atividades: observação e 
cuidado de enfermos, gestante e acidentado; administração de medicamentos e 
terapias prescritas pelo médico; educação sanitária; e, aplicação de medidas de 
prevenção de doenças. Definiu também todas as categorias que poderiam exercer 
de forma legal a profissão, inclusive as obstetrizes e parteiras. No entanto, havia 
indefinição de funções de enfermagem, entre todas as categorias existentes. O 
enfermeiro era diferenciado das demais categorias por quatro funções, que 
não eram propriamente de enfermagem. Assim, além de poder exercer "a 
enfermagem em todos os seus ramos", o enfermeiro poderia administrar serviços 
de enfermagem; participar do ensino em escolas de enfermagem e de auxiliar 
de enfermagem ou de treinamento de pessoal; dirigir e inspecionar escolas de 
enfermagem e participar de bancas examinadoras de práticos de enfermagem em 
concursos. Havia também artigos que tratavam dos deveres e das proibições para 
todo o pessoal de enfermagem (OGUISSO; SCHMIDT, 2007). 
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
71
Como o profissional técnico de enfermagem não existia quando da 
aprovação da Lei nº 2.604/55 e do Decreto nº 50.387/61, essa categoria ficaria sem 
função legal durante os 20 anos após sua criação, não fossem as funções definidas 
no Parecer do Conselho Federal de Educação nº 3.814/76 (BRASIL,1976). As 
funções definidas nesse parecer para o Técnico de Enfermagem e para o Auxiliar 
de Enfermagem têm valor histórico, porque na época o texto da legislação do 
exercício profissional era ainda um projeto em estudo. Mas, constata-se que as 
atividades específicas descritas posteriormente na Lei nº 7.498/86 (BRASIL, 2001) 
e no Decreto nº 94.406/87 (BRASIL, 2001) do Exercício Profissional possuem 
enorme similaridade com as Resoluções do Conselho Federal de Educação, 
mantendo-se inclusive vários de seus termos. Já o decreto regulamentador faz 
desdobramentos dessas funções, detalhando e explicitando as ações para cada 
uma dessas categorias (OGUISSO, 2001). 
A ABEn foi a primeira organização profissional de enfermagem a surgir, 
no Brasil, dentre os três tipos de entidades de classe e foi também responsável pela 
criação dos outros dois: Conselhos de Enfermagem e Sindicatos de Enfermeiros. 
A grande vitória conquistada, na década de 1970, pela ABEn foi justamente a 
criação dos Conselhos de Enfermagem, e em seguida, na mesma década, os 
Sindicatos de Enfermeiros. A proliferação de entidades de classe na enfermagem, 
assim como em qualquer outra profissão, é decorrente do próprio crescimento e 
especificação de atribuições (GERMANO, 2010). 
Historicamente, os enfermeiros começaram a sentir a necessidade de 
ver a profissão regulamentada, diante da multiplicação de diferentes grupos 
de pessoas, com pouco ou nenhum preparo, praticarem também atividades de 
enfermagem. A solução encontrada pelas enfermeiras pioneiras na época, era a 
criação de um Conselho de Enfermagem (OGUISSO, 2001). 
Após 28 anos de luta, a ABEn conseguiu tornar realidade a Lei que recebeu 
o nº 5.905, (BRASIL, 1973), de 13 de julho de 1973 e que criou os Conselhos Federal 
(COFEN) e Regionais de Enfermagem (COREN), estes em âmbito estadual. 
Mesmo não estando, na época, ainda regulamentadas as funções dos técnicos de 
enfermagem, o COFEN, fundamentando-se na legislação do ensino, criou três 
quadros distintos para fins de inscrição: - Quadro I, de enfermeiros e obstetrizes; - 
Quadro II, de técnicos de enfermagem; e Quadro III, de auxiliares de enfermagem, 
práticos de enfermagem e parteiras práticas (OGUISSO, 2001).
 
A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e o Decreto nº 94.406, (BRASIL, 
2001), de 8 de junho de 1987, constituem os atuais dispositivos legais do exercício 
profissional da Enfermagem, e vieram substituir a Lei nº 2.604/55 e o Decreto nº 
50.387/61, que vigoraram por mais de duas décadas. Na nova Lei não houve uma 
redefinição do que seria a enfermagem, mas estabelece as competências privativas 
do enfermeiro, inclusive no que se refere à consulta e prescrição da assistência 
de enfermagem e os cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica, 
inexistentes na legislação anterior.Foram também incluídas as atribuições dos 
técnicos e auxiliares de enfermagem, sempre sob orientação de supervisão do 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
72
enfermeiro. Essa Lei, no art. 23, delimitava um prazo de dez anos, a contar da 
promulgação da mesma, isto é, 1986, para que as pessoas que estivessem executando 
atividades de enfermagem, sem possuir formação específica, pudessem continuar 
a exercer essas atividades, desde que devidamente autorizado pelo Conselho 
Federal de Enfermagem (COFEN). Isso significava que ao fim dos dez anos, isto 
é, em 1996, todos deveriam estar devidamente qualificados. Entretanto, a Lei nº 
8.967 (BRASIL, 1994), de 28 de dezembro de 1994, veio modificar o texto do art. 
23 da Lei nº 7.498/86, garantindo "aos atendentes de enfermagem admitidos antes 
da vigência desta Lei, exercício das atividades elementares de enfermagem", 
sob supervisão do enfermeiro. Posteriormente, foi criada uma categoria pessoal, 
denominada de agentes comunitários, também sem escolaridade formal em 
enfermagem, e esses agentes deveriam desempenhar atividades de saúde em 
comunidades distantes dos centros urbanos, ou onde não houvesse recursos 
humanos preparados (OGUISSO; SCHIMIT, 2007). 
3 ENTIDADES DE DEFESA ECONÔMICA DA CLASSE
As associações profissionais e os sindicatos são órgãos de finalidade 
econômica, de assistência, de defesa e representação da classe. A associação 
profissional constituiu normalmente uma fase que antecede a existência do 
respectivo sindicato. O sindicalismo brasileiro adotou um único sindicato para 
cada uma das categorias profissionais, não podendo haver outro, possuindo 
total privilégio legal da representação exclusiva e monopolista. A organização 
sindical apresenta três níveis, o sindicato de forma geral em âmbito municipal, 
a federação de amplitude estadual e a confederação em âmbito nacional. E é 
competência de o Ministro do Trabalho estabelecer a base territorial no momento 
da licença à associação profissional a virar sindicato, a qual deverá estar em 
conformidade com os requisitos exigidos pela Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT) (EDITORIAL, 2006). 
É importante ressaltar que a associação profissional só pode representar 
os associados, já o sindicato representa legalmente toda a categoria profissional 
perante autoridades administrativas e judiciárias. Outra diferença é que somente as 
entidades sindicais têm competência de celebrar contratos de trabalho coletivos, bem 
como instaurar e homologar dissídios coletivos da categoria, impor contribuições 
a todos os integrantes da profissão que representa em conformidade com as regras 
estipuladas pela Consolidação das Leis de Trabalho (arts. 511 e 512). É facultativa a 
filiação do indivíduo a associação profissional ou sindical. 
Agora, caro acadêmico, você deve se perguntar, os profissionais de 
enfermagem possuem sindicato?
Historicamente, o sindicalismo de enfermagem começou em 1929, 
com a associação dos Enfermeiros da Marinha Mercante se transformando no 
Sindicato Nacional dos Enfermeiros da Marinha Mercante, ao qual se filiavam 
somente as pessoas que desenvolviam atividades de enfermagem na Marinha 
Brasileira. Assim, em 1933 foi criado o Sindicato dos Enfermeiros Terrestres, que 
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
73
estava associado às práticas de enfermagem, aos atendentes e aos enfermeiros 
diplomados (DORNELLES, 1995).
Entre 1945 e 1950, várias escolas foram criadas, bem como várias seções 
estaduais da Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas (ABED). A partir de 
1952, a ABED e o sindicato dos enfermeiros em hospitais e casas de saúde assumem 
uma postura de trabalho conjunto para defender os interesses da enfermagem. 
Destacam-se as reivindicações da ABED na década de 1950, pelo reconhecimento 
do status do enfermeiro e suas questões específicas, assim como de auxílio, no que 
diz respeito a salários, pagamento de insalubridade, aposentadoria aos 25 anos de 
serviço, reintegração do enfermeiro ao quadro de profissionais liberais, acesso do 
Enfermeiro ao plano de Classificação de Cargos do serviço federal e a atividade 
de nível superior, fiscalização e subvenção às escolas de enfermagem. Com isso, 
pode-se concluir que a ABED desempenha tarefas sindicais, como as reivindicações 
salariais (GERMANO, 2010; OGUISSO, 2001).
Em 1954, a ABED transformou-se em Associação Brasileira de Enfermagem 
(ABEn), denominação que conserva até os dias atuais. Embora existisse sindicato 
dos enfermeiros, este não representava os verdadeiros interesses da categoria, 
assim, em 2 de setembro de 1974, a Portaria Ministerial nº 3.311/74 alterou a 
denominação Sindicato dos Enfermeiros e Empregados de Hospitais e Casas 
de Saúde, para Sindicato de Profissionais de Enfermagem, técnicos, duchistas, 
massagistas e empregados em hospitais e casas de saúde. Essa mudança abriu 
caminhos para a criação do Sindicato de Enfermagem (OGUISSO, 2001).
UNI
A ABEn é uma associação de caráter cultural, 
científico e político, com personalidade jurídica própria, de 
direito privado e que congrega pessoas – enfermeiros; técnicos 
de enfermagem; auxiliares de enfermagem; estudantes 
de cursos de graduação em enfermagem e de educação 
profissional de nível técnico em enfermagem; escolas, cursos 
ou faculdades de enfermagem; associações ou sociedades de 
especialistas – que a ela se associam, individual e livremente, para fins não econômicos.
Tem número ilimitado de associados e se organiza por meio de suas seções federadas, no 
Distrito Federal e em cada estado da federação brasileira, sob a direção de uma diretoria 
nacional. É regida por estatuto nacional e estatutos estaduais.
Possui normativas próprias que regulam os atos administrativos da gestão. Suas decisões, 
fontes de recursos e patrimônio são definidos, fiscalizados e controlados por órgãos e 
instâncias de deliberação, administração, execução e de fiscalização. Como Associação de 
âmbito nacional, é reconhecida como de utilidade pública, conforme Decreto Federal nº 
31.417/52, publicado no Diário Oficial da União de 11 de setembro de 1952.
Pautada em princípios éticos e em conformidade com suas finalidades, a ABEn articula-se 
com as demais organizações da enfermagem brasileira, para promover o desenvolvimento 
político, social e científico das categorias que a compõem.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
74
Tem como eixos a defesa e a consolidação da educação em Enfermagem, da pesquisa 
científica, do trabalho da Enfermagem como prática social, essencial à assistência social e à 
saúde, à organização e ao funcionamento dos serviços de saúde.
Compromete-se a promover a educação e a cultura em geral; e a propor e defender políticas 
e programas que visem à melhoria da qualidade de vida da população e ao acesso universal 
e equânime aos serviços social e de saúde.
FONTE: Disponível em: <http://www.abennacional.org.br/site/a-aben/>. Acesso em: 25 jun. 
2018.
4 CAMINHOS DA LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DA 
ENFERMAGEM NO BRASIL
Caro acadêmico! Qual lei regulamenta o exercício da enfermagem? O 
que consiste esse exercício? Quais são suas atribuições? Quem pode exercer 
legalmente a profissão no Brasil? Essas respostas você encontrará nesse tópico. 
 A Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto nº 
94.406, de 8 de junho de 1987, trata do exercício profissional da enfermagem. 
Essa Lei dispõe em seu art. 1º que "é livre o exercício da enfermagem em todo o 
território nacional, observadas as disposições desta Lei" (BRASIL, 2001). 
O Decreto n° 94.406, de 8 de junho de 1987, especifica que "o exercício 
da atividade de enfermagem, observadas as disposições da Lei nº 7.498/86, que 
define quem são cada um dos profissionais, respeitando os graus de habilitação, 
é privativo do enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem e 
parteiro, e só será permitido exercer a profissão o profissional inscrito no Conselho 
Regional de Enfermagem da respectivaRegião" (BRASIL, 2001). O Decreto 
nº 94.406/87 também descreve as atribuições para cada uma dessas categorias 
profissionais de enfermagem. Para o enfermeiro são descritas as atividades 
privativas e as que deve realizar como integrante de equipe de saúde. Assim, 
aquele que não possui um desses títulos também não pode, legalmente, exercer a 
enfermagem (OGUISSO; SCHMIDT, 2007). 
Em virtude da carência de recursos humanos de nível médio nessa área, 
todavia, a Lei nº 7.498/86, no art. 23, permitiu que o profissional, sem formação 
específica, tais como os atendentes de enfermagem e agentes de saúde, que 
se encontravam executando atividades de enfermagem, continuassem nessa 
atividade desde que autorizado pelo Conselho Federal de Enfermagem (BRASIL, 
2001). Porém, essa autorização foi alterada pela nº Lei 8.967, não existindo mais 
prazo legal que obrigasse os profissionais amparados pela Lei nº 8.967/94 a buscar 
uma formação específica (BRASIL, 1994). O Ministério da Saúde, preocupado 
com o problema a fim de melhorar a qualidade dos serviços de saúde, realizou 
projetos como o PROFAE (Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da 
área de Enfermagem), com objetivo de profissionalizar esses trabalhadores, 
inclusive os atendentes de enfermagem. Assim, a lei confere a qualificação ou 
o título profissional de acordo com o grau de preparo e formação. Por isso, na 
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
75
divisão do trabalho de enfermagem, as atividades mais complexas e de maior 
responsabilidade foram atribuídas aos enfermeiros, profissionais de maior 
preparo acadêmico (OGUISSO; SCHMIDT, 2007). 
O Decreto nº 94.406/87, no seu art. 8º, é muito explícito a respeito das 
atividades privativas de direção e liderança do enfermeiro, assim como de 
planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação da assistência 
de enfermagem exercida nos órgãos de enfermagem, estão incluídos todos os 
níveis da estrutura institucional, pública ou privada, tais como coordenadorias, 
consultorias, auditorias, assessorias, departamentos, divisões, serviços ou seções 
de enfermagem. Além dessas atividades de cunho intelectual ou administrativo, 
compete ainda ao enfermeiro, em caráter privativo, a consulta e prescrição da 
assistência de enfermagem, assim como os cuidados diretos aos pacientes 
graves com risco de vida e os de maior complexidade técnica e que demandam 
conhecimentos científicos apropriados e capacidade de tomar decisões imediatas. 
Como integrante de equipe de saúde, o enfermeiro tem no inciso II do 
mesmo art. 8º, um conjunto de 17 atividades, em que ele participa na elaboração, 
no planejamento, execução e avaliação de programas de saúde, de assistência 
integral à saúde individual e de grupos específicos, particularmente daqueles 
prioritários e de alto risco, prevenção e controle da infecção hospitalar, de 
educação sanitária, de vigilância epidemiológica, de projetos de construção ou 
reforma de unidades de saúde, de treinamento de pessoal de saúde, assim como 
na prestação de assistência obstétrica e execução de parto sem complicações, em 
situação de emergência, entre outras funções.
Os profissionais portadores do título de enfermeira obstétrica (art. 9°) 
ou enfermeiro obstetra (art. 12º), além das atividades já citadas, podem também: 
prestar assistência obstétrica a parturiente e ao parto normal, assim como identificar 
complicações obstétricas e tomar providências até a chegada do médico e efetuar 
episiotomias e episiorrafias, com aplicação de anestesia local, quando necessária. 
O parteiro ou parteira pode prestar assistência à gestante e à parturiente, assistir 
ao parto normal, inclusive em domicílio e cuidar da puérpera e do recém-nascido. 
Essas atividades devem ser exercidas sob supervisão de enfermeira obstétrica, 
quando efetuadas em instituições de saúde e, sempre que possível, sob controle e 
supervisão de unidades de saúde, quando efetuadas em domicílio. As funções dos 
técnicos e auxiliares de enfermagem estão descritas no art. 10 e 11 desse mesmo 
decreto, atribuindo-lhes atividades auxiliares de nível médio técnico, assim como 
as de assistência de enfermagem (OGUISSO: SCHMIDT, 2007). 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
76
UNI
Caro acadêmico! Veja na íntegra o Decreto nº 94.406/87. Disponível em: 
<http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html>.
5 SAÚDE E ENFERMAGEM NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E 
DEFESA DO CONSUMIDOR
O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de 
setembro de 1990) estipula normas de proteção e defesa do consumidor, de 
ordem pública e interesse social, ou seja, estabelece regras para o relacionamento 
entre consumidores e fornecedores ou prestadores de serviços, e para a proteção 
e defesa dos consumidores, como parte dos direitos da cidadania. Para o código, 
o consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final. O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. Já o serviço é qualquer atividade fornecida no 
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, 
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter 
trabalhista.
O Código apresenta nove direitos básicos do consumidor, entre eles está 
“a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”. 
Neste sentido, o profissional de enfermagem é fornecedor de serviços, no qual, 
de acordo com o CDC, responderá subjetivamente pelos danos causados por 
suas atividades. É importante ressaltar que essa responsabilidade subjetiva nãvo 
os exclui de observar todos os demais princípios impostos pelo CDC, como 
informação, transparência, boa-fé, segurança, prevenção, entre outros.
O Código também prevê o direito do consumidor de receber a "informação 
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta 
de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre 
os riscos que apresentarem"; a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, 
a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos e difusos.
O dever de informar constitui direito fundamental também previsto na 
Constituição da República de 1988 (BRASIL, 1988), em seu art. 5º, inciso XIV: “é 
assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional”.
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
77
No que tange aos profissionais de enfermagem, o dever de informação 
constitui uma das suas principais atribuições. O próprio Código de Ética 
dos Profissionais de Enfermagem dispõe, em seu artigo 17, como dever e 
responsabilidade do profissional informar: “Prestar adequadas informações 
à pessoa, família e coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e 
intercorrências acerca da Assistência de Enfermagem”. Deste modo, apesar de 
os profissionais de enfermagem, como profissionais liberais, estarem abarcados 
pela exceção à regra geral da responsabilidade objetiva do CDC e, portanto, 
responderem subjetivamente pelos vícios e defeitos em seus serviços, não estão 
excluídos dos demais preceitos estampados no diploma legal. Assim, estão os 
profissionais de enfermagem vinculados ao dever de informação, de modo que 
deverão fornecer ao paciente todas as informações necessárias para a formação 
de sua opinião, no que diz respeito a submeter-se ou não ao procedimento, aos 
riscos e benefícios da intervenção, aos efeitos colaterais, às chances de êxito etc. 
(PREST; PAZÓ, 2014).
UNI
Veja na íntegra o Código de Defesa do Consumidor.Disponível em: <http://
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/533814/cdc_e_normas_correlatas_2ed.pdf>. 
Acesso em: 25 jun. 2018. 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
78
6 TRABALHO DE ENFERMAGEM: NORMAS LEGAIS DE 
SEGURANÇA E SAÚDE
As Normas Regulamentadoras (NR) tratam do elenco de requisitos e 
procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho, de observância 
obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam 
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. Atualmente, temos 
36 NRs aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, dentre estas, as normas 
4, 5, 6, 7, 9, 15, 17 e 32 são as principais normas legais para a enfermagem. 
Vejamos elas:
• NR 4 – Serviço especializado em engenharia e medicina do trabalho/SESMET
Colima a promoção da saúde do trabalhador e a proteção de sua 
integridade física no ambiente de trabalho. Orienta sobre a segurança no local 
de trabalho, fiscaliza o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 
e assegura o cumprimento das Normas Regulamentadoras por parte dos 
trabalhadores. Esses serviços são atribuídos aos seguintes profissionais: médico 
do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro, técnico de 
segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem. As empresas privadas e públicas, 
os órgãos públicos da administração direta e indireta dos poderes Legislativo e 
Judiciário, que possuam empregados regidos pela CLT, são obrigados a manter 
SESMET. O SESMET é responsável pela conscientização dos trabalhadores sobre 
a importância da prevenção de acidentes e das formas de manutenção da saúde 
no ambiente de trabalho.
• NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA
A NR 5 dispõe sobre a obrigatoriedade de as empresas estabelecerem 
uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O estabelecimento 
dessa comissão tem como objetivo a busca pela prevenção de acidentes e 
doenças decorrentes do trabalho. A CIPA terá como membros representantes dos 
empregadores e dos empregados.
• NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)
A NR 6 dispõe sobre a importância e sobre as normas referentes à 
utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI). Equipamento de 
Proteção Individual é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado 
pelo trabalhador e destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a 
segurança e a saúde no trabalho. Além de estipular e definir os tipos de EPIs a 
que as empresas estão obrigadas a fornecer a seus empregados.
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
79
UNI
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) utilizados pelos enfermeiros.
• NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
A NR 7 dispõe sobre a obrigatoriedade de se elaborar e de se implementar 
o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. O Programa (PCMSO) 
tem a função de promover e preservar a saúde dos trabalhadores. É responsável 
por analisar e avaliar os empregados de maneira individual ou coletiva, através 
de instrumentos clínico-epidemiológicos. O PCMSO possui natureza preventiva 
referente à saúde do trabalhador. Prevê a obrigatoriedade da realização de exames 
médicos para as empresas: admissional, periódico, retorno ao trabalho, mudança 
de função, demissional.
• NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) 
A NR 9 dispõe sobre a obrigatoriedade de se elaborar e implementar 
o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. O Programa (PPRA) tem a 
função de prevenir a saúde do trabalhador, assim como sua integridade física. 
Essa prevenção é realizada através da antecipação, reconhecimento, avaliação e 
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no 
ambiente de trabalho. Vale ressaltar que esse programa (PPRA) tem o objetivo 
também de proteger o meio ambiente e recursos naturais. Para efeito de aplicação 
do PPRA considera-se riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de 
acidentes.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
80
UNI
Tabela demonstrando os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de 
acidentes.
RISCOS FÍSICOS, QUÍMICOS, BIOLÓGICOS, ERGONÔMICOS E ACIDENTES
Grupo Riscos Cor de Identificação Descrição
1 Físicos Verde
Ruído, calor, frio, pressões, umidade, 
radiações ionizantes e não ionizantes, 
vibrações, etc.
2 Químicos Vermelho Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas, etc.
3 Biológicos Marron Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos, etc.
4 Ergonômicos Amarela
Levantamento e transporte manual 
de peso, monotonia, repetitividade, 
responsabilidade, ritmo excessivo, 
posturas inadequadas de trabalho, 
trabalho em turnos, etc.
5 Acidentais Azul
Arranjo físico inadequado, iluminação 
inadequada, incêndio e explosão, 
eletrecidade, máquinas e equipamentos 
sem proteção, quedas e animais 
peçonhentos.
FONTE: Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd186/riscos-ambientais-de-
um-hospital-escola.htm>. Acesso em: 25 jun. 2018.
• NR 15 – Operações e atividades insalubres
A NR 15 dispõe sobre regras referentes a operações e atividades efetuadas 
em locais de grande exposição a riscos ambientais em um ambiente de trabalho 
insalubre. Ao decorrer da norma são abordados assuntos como limite de tolerância, 
insalubridade, laudo de inspeção do local de trabalho, dentre outros mais.
• NR 17 – Ergonomia
A NR 17 estabelece parâmetros de adaptação psicológica e fisiológica do 
trabalhador às condições de trabalho. Tem como finalidade oferecer ao trabalhador 
o máximo de segurança e conforto. Destina-se a evitar comportamentos 
inadequados e inseguros dos trabalhadores, por exemplo: postura inadequada 
do corpo, esforço intenso e sobrecarga de trabalho relacionada a certa execução, 
escada inexistente, máquinas com válvulas de acionamento difícil, entre outras.
TÓPICO 2 | REGULAMENTAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM
81
• NR 32 – Serviços de saúde
A NR 32 estabelece orientações sobre a segurança e saúde no trabalho nos 
serviços de saúde. Tem por finalidade fixar diretrizes básicas para a implementação 
de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de 
saúde, assim como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à 
saúde em geral. Entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada 
à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, 
recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de 
complexidade.
Sendo assim, as NRs permitem identificar muitas irregularidades nos 
serviços de saúde. Dessa forma, é possível considerar que a norma auxiliará o 
enfermeiro a exigir da instituição de saúde em que trabalha condições adequadas 
de trabalho, se o mesmo conhecer e compreender estas NRs. Não obstante, é 
fundamental que os enfermeiros, assim como os outros profissionais da equipe, 
conheçam estas normas regulamentadoras a fim de que possam cumprir com 
os seus deveres, reafirmar seus direitos, como também possam promover a 
segurança no trabalho e prevenir acidentes e doenças ocupacionais. 
7 ASPECTOS JURÍDICOS E ÉTICO-LEGAIS DA ENFERMAGEM
Caro acadêmico! Como a Constituição, o Código Civil ou o Código 
Penal poderiam influenciar nos aspectos jurídicos e ético-legais no exercício da 
enfermagem?
A Constituição Brasileira garante a todos os direitos à saúde, sob 
responsabilidade do Estado (art. 196), através de políticas sociais e econômicas 
que visem à diminuição do risco de doenças e de outros agravos, como também 
o acesso universal e igualitário aos serviços que visem à promoção, proteção 
e recuperação da saúde. Dá prioridade às ações e serviços públicos de saúde 
integrantes de um sistema regionalizado e hierarquizado que constituem o Sistema 
Único de Saúde (SUS), e permite que a iniciativa privada também possa oferecer 
serviços de assistência à saúde. A Constituição ainda afirma que "é livre o exercício 
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidasas qualificações profissionais 
que a lei estabelecer" (art. 5c, item XI II) (OGUISSO; SCHMIDT, 2007). 
A Lei das Contravenções Penais (art. 47) prevê que "exercer profissão ou 
atividade econômica, ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a 
que por lei está subordinado o seu exercício" constitui uma contravenção penal 
(infração menor que o crime), sujeita a pena de prisão simples ou multa. O elemento 
moral das contravenções e a simples voluntariedade da ação ou omissão, isto é, 
não há necessidade de dolo (intenção) ou de culpa para o reconhecimento de fato 
contravencional (OGUISSO, 2001). 
O Código Civil Brasileiro, art. 3°, dispõe que "ninguém se escusa de 
cumprir a lei, alegando que não a conhece". Esse dispositivo é ratificado pelo 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
82
Código Penal, art. 21 (BRASIL, 1985), que estabelece que "O desconhecimento da 
lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se 
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço". 
Não se trata evidentemente de uma qualificação, capacidade ou aptidão 
física ou mental e nem mesmo técnica, mas de capacidade legal. Obviamente, 
capacidade legal supõe capacidade técnica e profissional, mas somente esta não 
é suficiente para o exercício legal da profissão. É o que acontece com as pessoas 
formadas em outros países, que, para exercerem a profissão em nosso país, 
precisam revalidar ou registrar seus títulos. Pode ocorrer também com qualquer 
pessoa que, estando formada, não registra seu título em órgão regulamentador 
do exercício (OGUISSO; SCHMIDT, 2007). 
É preciso ainda lembrar que a atual Constituição brasileira (art. 5°, 
inciso XXXI I) já previa que o Estado promoveria a defesa do consumidor, e que 
competia à União (art. 24, inciso VI II) legislar sobre responsabilidade por dano 
ao consumidor. Com isso, a aprovação do Código de Defesa do Consumidor, Lei 
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, era uma consequência da Constituição. Esse 
Código, visto anteriormente, estabelece que a proteção da vida, saúde e segurança 
constitui um dos direitos básicos do consumidor contra riscos provocados 
por serviços considerados perigosos ou nocivos. Neste caso, o profissional de 
enfermagem seria o fornecedor ou prestador do serviço e o cliente/paciente o 
consumidor desse serviço. Não obstante, a liberdade de exercer a profissão 
ou atividade, garantida pela Constituição, estará limitada pelas condições de 
qualificação profissional que a lei estabelecer (OGUISSO: SCHIMIT, 2007).
Então, caro acadêmico, no caso da enfermagem, qual seria essa lei?
83
RESUMO DO TÓPICO 2
Após o término deste tópico, estudamos que:
• O Código de Hamurabi foi um dos primeiros códigos sobre normas e regras 
para regulamentar as relações das pessoas na sociedade. O Código traz 282 
artigos, tratando do direito da propriedade, família, sucessões, penhora e até 
sobre proteção ao consumidor.
• A história da regulamentação do exercício da enfermagem é repleta de grandes 
momentos, cujos feitos se refletem até os dias de hoje, e as atuais gerações 
podem usufruir dos inúmeros benefícios, especialmente no campo da legislação 
profissional e da regulamentação do exercício da profissão.
• A Lei n° 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto nº 94.406, 
de 8 de junho de 1987, trata do exercício profissional da enfermagem. 
• O Decreto n° 94.406, de 8 de junho de 1987, especifica que "o exercício da 
atividade de enfermagem, observadas as disposições da Lei nº 7.498/86, que 
define quem são cada um dos profissionais, respeitando os graus de habilitação, 
é privativo do enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem 
e parteiro, e só será permitido exercer a profissão o profissional inscrito no 
Conselho Regional de Enfermagem da respectiva Região". E também descreve 
as atribuições para cada uma dessas categorias profissionais de enfermagem. 
• A ABEn é a Associação Brasileira de Enfermagem, criada em 1958. 
• O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro 
de 1990) apresenta nove direitos básicos do consumidor, entre eles está a 
proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.
• Atualmente, temos 36 Normas Regulamentadoras aprovadas pelo Ministério 
do Trabalho e Emprego, dentre estas, as normas 4, 5, 6, 7, 9, 15, 17 e 32 são as 
principais normas legais para a enfermagem.
84
AUTOATIVIDADE
1 De acordo com o estatuto da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), 
a associação:
a) Congrega enfermeiro e técnico de enfermagem, é vedada a participação de 
obstetriz e auxiliares de enfermagem.
b) Congrega enfermeiros e estudantes ade curso de graduação, é vedada a 
participação dos demais profissionais de enfermagem.
c) Congrega enfermeiros, obstetriz, técnicos de enfermagem, auxiliares de 
enfermagem e estudantes de cursos de graduação e de educação profissional 
- habilitação técnico de enfermagem.
d) Tem caráter cultural, científico, político e de fiscalização do exercício 
profissional, com personalidade jurídica de direito privado.
2 De acordo com a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre 
a regulamentação do exercício da enfermagem, quem pode exercer 
privativamente a enfermagem?
3 As normas regulamentadoras tratam do conjunto de requisitos e 
procedimentos relativos à segurança e medicina do trabalho, de observância 
obrigatória às empresas privadas, públicas e órgãos do governo que possuam 
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho. Dentre as 
normas, quais pertencem à enfermagem?
85
TÓPICO 3
PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE 
ENFERMAGEM
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Os profissionais de enfermagem lidam com pessoas o tempo todo, se 
relacionam e vivem no cotidiano situações de urgência e de conflitos. A legislação 
serve como proteção à categoria e ao cidadão que recebe atendimento, assim como 
a atuação do Conselho de Enfermagem, que foi criado para registrar, fiscalizar 
e defender o exercício legal em prol da sociedade. É mister manter a postura 
ética, seguir normas e regras regulamentadas para o exercício profissional da 
Enfermagem. 
A partir de agora abordaremos as principais legislações para o exercício 
de enfermagem, trazendo as principais partes destas legislações. 
2 LEI Nº 5.905, DE 12 DE JULHO DE 1973 
A Lei nº 5.905 dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais 
de Enfermagem e dá outras providências. 
No Art. 1º são criados o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os 
Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN), constituindo em seu conjunto 
uma autarquia, vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social. 
Art. 2º O Conselho Federal e os Conselhos Regionais são órgãos 
disciplinadores do exercício da profissão de enfermeiro e das demais profissões 
compreendidas nos serviços de enfermagem. Art. 3º O Conselho Federal, ao qual 
ficam subordinados os Conselhos Regionais, terá jurisdição em todo o território 
nacional e sede na Capital da República. 
Art. 4º Haverá um Conselho Regional em cada Estado e Território, com 
sede na respectiva capital, e no Distrito Federal. 
Parágrafo único. O Conselho Federal poderá, quando o número de 
profissionais habilitados na unidade da federação for inferior a cinquenta, 
determinar a formação de regiões, compreendendo mais de uma unidade.
 Art. 5º O Conselho Federal terá nove membros efetivos e igual número 
de suplentes, de nacionalidade brasileira, e portadores de diploma de curso 
86
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
de Enfermagem de nível superior. Art. 6º Os membros do Conselho Federal e 
respectivos suplentes serão eleitos por maioria de votos, em escrutínio secreto, 
na Assembleia. 
Art. 8º Compete ao Conselho Federal: I aprovar seu regimento interno 
e os dos Conselhos Regionais; II instalar os Conselhos Regionais; III elaborar o 
Códigode Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário, ouvidos 
os Conselhos Regionais; IV baixar provimentos e expedir instruções, para 
uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais; 
V dirimir as dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais; VI apreciar, em grau 
de recursos, as decisões dos Conselhos Regionais; VII instituir o modelo das 
carteiras profissionais de identidade e as insígnias da profissão; VIII homologar, 
suprir ou anular atos dos Conselhos Regionais; IX aprovar anualmente as contas 
e a proposta orçamentária da autarquia, remetendo-as aos órgãos competentes; 
X promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional; XI publicar 
relatórios anuais de seus trabalhos; XII convocar e realizar as eleições para sua 
diretoria; XIII exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei. 
Art. 9º O mandato dos membros do Conselho Federal será honorífico e 
terá a duração de três anos, admitida uma reeleição.
Art. 10 A receita do Conselho Federal de Enfermagem será constituída 
de: I- um quarto da taxa de expedição das carteiras profissionais; II- um quarto 
das multas aplicadas pelos Conselhos Regionais; III- um quarto das anuidades 
recebidas pelos Conselhos Regionais; IV- doações e legados; V- subvenções 
oficiais; VI- rendas eventuais. 
Parágrafo único. Na organização dos quadros distintos para inscrição de 
profissionais o Conselho Federal de Enfermagem adotará como critério, no que 
couber, o disposto na Lei nº 2.604, de 17 de setembro de 1955. 
Art. 11 Os Conselhos Regionais serão instalados em suas respectivas sedes, 
com cinco a vinte e um membros e outros tantos suplentes, todos de nacionalidade 
brasileira, na proporção de três quintos de enfermeiros e dois quintos de 
profissionais das demais categorias de pessoal de enfermagem reguladas em lei. 
Parágrafo único. O número de membros dos Conselhos Regionais será sempre 
ímpar, e a sua fixação será feita pelo Conselho Federal em proporção ao número 
de profissionais inscritos. 
 Art. 12 Os membros dos Conselhos Regionais e respectivos suplentes 
serão eleitos por voto pessoal secreto e obrigatório em época determinada pelo 
Conselho Federal em Assembleia Geral especialmente convocada para esse fim. 
§1º Para a eleição referida neste artigo serão organizadas chapas separadas, 
uma para enfermeiros e outra para os demais profissionais de enfermagem, 
podendo votar em cada chapa, respectivamente, os profissionais referidos no 
artigo 11. 
§2º Ao eleitor que, sem causa justa, deixar de votar nas eleições referidas 
neste artigo, será aplicada pelo Conselho Regional multa em importância 
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM
87
correspondente ao valor da anuidade. 
Art. 13 Cada Conselho Regional elegerá seu Presidente, Secretário e 
Tesoureiro, admitida a criação de cargos de Vice-Presidente, Segundo Secretário 
e Segundo Tesoureiro para os Conselhos com mais de doze membros.
 
Art. 14 O mandato dos membros dos Conselhos Regionais será honorífico 
e terá a duração de três anos, admitida uma reeleição. 
Art. 15 Compete aos Conselhos Regionais: I- deliberar sobre inscrição no 
Conselho e seu cancelamento; II- disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, 
observadas as diretrizes gerais do Conselho Federal; III- fazer executar as 
instruções e provimentos do Conselho Federal; IV- manter o registro dos 
profissionais com exercício na respectiva jurisdição; V- conhecer e decidir os 
assuntos atinentes à ética profissional impondo as penalidades cabíveis; VI- 
elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno e 
submetê-los à aprovação do Conselho Federal; VII- expedir a carteira profissional 
indispensável ao exercício da profissão, a qual terá fé pública em todo o território 
nacional e servirá de documento de identidade; VIII- zelar pelo bom conceito da 
profissão e dos que a exerçam; lX- publicar relatórios anuais de seus trabalhos e 
a relação dos profissionais registrados; X- propor ao Conselho Federal medidas 
visando à melhoria do exercício profissional; XI- fixar o valor da anuidade; XII- 
apresentar sua prestação de contas ao Conselho Federal, até o dia 28 de fevereiro 
de cada ano; XIII- eleger sua diretoria e seus delegados eleitores ao Conselho 
Federal; XIV exercer as demais atribuições que lhes forem conferidas por esta Lei 
ou pelo Conselho Federal. 
 Art. 16 A renda dos Conselhos Regionais será constituída de: I- três 
quartos da taxa de expedição das carteiras profissionais; II- três quartos das multas 
aplicadas; III- três quartos das anuidades; IV- doações e legados; V- subvenções 
oficiais, de empresas ou entidades particulares; VI- rendas eventuais.
 Art. 17 O Conselho Federal e os Conselhos Regionais deverão reunir-se, 
pelo menos, uma vez mensalmente. Parágrafo único. O Conselheiro que faltar, 
durante o ano, sem licença prévia do respectivo Conselho, a cinco reuniões 
perderá o mandato. 
Art. 18 Aos infratores do Código de Deontologia de Enfermagem poderão 
ser aplicadas as seguintes penas: I- advertência verbal; II- multa; III- censura; 
IV- suspensão do exercício profissional; V- cassação do direito ao exercício 
profissional. 
§1º As penas referidas nos incisos I, II, III e IV deste artigo são da alçada 
dos Conselhos Regionais e a referida no inciso V, do Conselho Federal, ouvido o 
Conselho Regional interessado.
§2º O valor das multas, bem como as infrações que implicam nas 
diferentes penalidades, serão disciplinadas no Regimento do Conselho Federal e 
dos Conselhos Regionais.
88
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
Art. 19 O Conselho Federal e os Conselhos Regionais terão tabela própria 
de pessoal, cujo regime será o da Consolidação das Leis do Trabalho. 
Art. 20 A responsabilidade pela gestão administrativa e financeira dos 
Conselhos caberá aos respectivos diretores. 
Art. 21 A composição do primeiro Conselho Federal de Enfermagem, com 
mandato de um ano, será feita por ato do Ministro do Trabalho e Previdência 
Social, mediante indicação, em lista tríplice, da Associação Brasileira de 
Enfermagem. Parágrafo único. Ao Conselho Federal assim constituído caberá, 
além das atribuições previstas nesta Lei: a) promover as primeiras eleições para 
composição dos Conselhos Regionais e instalá-los; b) promover as primeiras 
eleições para composição do Conselho Federal, até noventa dias antes do término 
do seu mandato.
 Art. 22 Durante o período de organização do Conselho Federal de 
Enfermagem, o Ministério do Trabalho e Previdência Social lhe facilitará a 
utilização de seu próprio pessoal, material e local de trabalho.
3 LEI Nº 7.498, DE 25 DE JUNHO DE 1986
Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o 
exercício da Enfermagem, e dá outras providências
Art. 2º A enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser 
exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de 
Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício.
Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativamente pelo 
enfermeiro, pelo técnico de enfermagem, pelo auxiliar de enfermagem e pela 
parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação.
Art. 3º O planejamento e a programação das instituições e serviços de 
saúde incluem planejamento e programação de enfermagem.
Art. 4º A programação de enfermagem inclui a prescrição da assistência 
de enfermagem.
Art. 6º São enfermeiros:
I- O titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição de ensino, 
nos termos da lei; II- o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de 
Enfermeira Obstétrica, conferido nos termos da lei; III- o titular do diploma ou 
certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira 
Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira 
segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural 
ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de EnfermeiraObstétrica 
ou de Obstetriz;
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM
89
Art. 7º São técnicos de enfermagem: I- o titular do diploma ou do certificado 
de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo 
órgão competente; II- o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido 
por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio 
cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem. 
Art. 8º São auxiliares de enfermagem: I- o titular de certificado de auxiliar de 
enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da lei e registrado no 
órgão competente; VI o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso 
estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio 
cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.
 Art. 9º São parteiras: II- a titular do diploma ou certificado de parteira, ou 
equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, 
registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois) 
anos após a publicação desta lei, como certificado de Parteira.
Art. 11 O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: 
I privativamente: a) direção do órgão de enfermagem integrante da 
estrutura básica da instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de 
unidade de enfermagem; b) organização e direção dos serviços de enfermagem e 
de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; 
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da 
assistência de enfermagem; i) consulta de enfermagem; j) prescrição da assistência 
de enfermagem; l) cuidados diretos de enfermagem a acidentes graves com risco 
de vida; m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam 
conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas; 
II- como integrante da equipe de saúde: a) participação no planejamento, 
execução e avaliação da programação de saúde; c) prescrição de medicamentos 
estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição 
de saúde; h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; i) execução do 
parto sem distocia; j) educação visando à melhoria de saúde da população. 
Art. 12 O técnico de enfermagem exerce atividade de nível médio, 
envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau 
auxiliar, e participação no planejamento da assistência de enfermagem, cabendo-
lhe especialmente: a) participar da programação da assistência de enfermagem; b) 
executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, 
observado o disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei.
Art. 13 O auxiliar de enfermagem exerce atividades de nível médio, de 
natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sob supervisão, 
bem como a participação em nível de execução simples, em processos de tratamento, 
cabendo-lhe especialmente: a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; 
b) executar ações de tratamento simples; c) prestar cuidados de higiene e conforto 
ao paciente; instituições de saúde, públicas e privadas, e em programas de saúde, 
somente podem ser desempenhadas sob orientação e supervisão de Enfermeiro.
90
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
Art. 23 O pessoal que se encontra executando tarefas de enfermagem, em 
virtude de carência de recursos humanos de nível médio nessa área, sem possuir 
formação específica regulada em lei, será autorizado, pelo Conselho Federal de 
Enfermagem, a exercer atividades elementares de enfermagem, observado o 
disposto no art. 15 desta lei.
Parágrafo único. A autorização referida neste artigo, que obedecerá aos 
critérios baixados pelo Conselho Federal de Enfermagem, somente poderá ser 
concedida durante o prazo de 10 (dez) anos, a contar da promulgação desta lei.
4 DECRETO Nº 94.406, DE 08 DE JUNHO DE 1987
Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o 
exercício da Enfermagem, e dá outras providências. 
Art. 1º O exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições 
da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitação, 
é privativo de enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem e 
parteiro e só será permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de 
Enfermagem da respectiva região. 
Art. 2º As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade de 
enfermagem no seu planejamento e programação. 
Art. 3º A prescrição da assistência de Enfermagem é parte integrante do 
programa de Enfermagem.
Art. 8º Ao enfermeiro incumbe: II- como integrante da equipe de saúde: e) 
prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro 
das respectivas comissões; g) participação na prevenção e controle das doenças 
transmissíveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica; h) prestação 
de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido; 
i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde 
individual e de grupos específicos, particularmente daqueles prioritários e de 
alto risco; j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; l) execução e 
assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distocia; m) 
participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria 
de saúde do indivíduo, da família e da população em geral; n) participação nos 
programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente 
nos programas de educação continuada; o) participação nos programas de higiene 
e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais Ce 
do trabalho; p) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de 
referência e contrarreferência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde; 
q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde; 
r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de enfermagem, 
nos concursos para provimento de cargo ou contratação de enfermeiro ou pessoal 
técnico e auxiliar de enfermagem. 
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM
91
Art. 9º Às profissionais titulares de diploma ou certificados de obstetriz 
ou de enfermeira obstétrica, além das atividades de que trata o artigo precedente, 
incumbe: I prestação de assistência à parturiente e ao parto normal; II identificação 
das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico; III 
realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, quando 
necessária. 
Art. 10 O técnico de enfermagem exerce as atividades auxiliares, de 
nível médio técnico, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-lhe: I assistir 
o enfermeiro: a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das 
atividades de assistência de enfermagem; b) na prestação de cuidados diretos 
de enfermagem a pacientes em estado grave; c) na prevenção e controle das 
doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica; 
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar; e) na prevenção e 
controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante 
a assistência de saúde; 
Art. 11 O auxiliar de enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível 
médio atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe: I- preparar o paciente 
para consultas, exames e tratamentos; II- observar, reconhecer e descrever sinais 
e sintomas, ao nível de sua qualificação; III- executar tratamentos especificamente 
prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de enfermagem, tais como: a) 
ministrar medicamentos por via oral e parenteral; b) realizar controle hídrico; c) 
fazer curativos.
 Art. 12 Ao parteiro incumbe:I- prestar cuidados à gestante e à parturiente; 
II- assistir o parto normal, inclusive em domicílio; e III- cuidar da puérpera e do 
recém-nascido.
5 RESOLUÇÃO COFEN – 311/2007
Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de 
Enfermagem. No qual fica aprovado o Código de Ética dos Profissionais de 
Enfermagem para aplicação na jurisdição de todos os Conselhos de Enfermagem. 
Este Código aplica-se aos profissionais de enfermagem e exercentes das atividades 
elementares de enfermagem. 
6 RESOLUÇÃO COFEN – 370/2010
Vem alterar o Código de Processo Ético das Autarquias Profissionais de 
Enfermagem para aperfeiçoar as regras e procedimentos sobre o processo ético-
profissional que envolve os profissionais de enfermagem e Aprova o Código de 
Processo Ético. 
92
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
7 RESOLUÇÃO COFEN Nº 358/2009
Dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a 
implementação do processo de enfermagem em ambientes, públicos ou privados, 
em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. 
O processo de enfermagem organiza-se em cinco etapas inter-relacionadas, 
interdependentes e recorrentes: 
I – Coleta de dados de enfermagem (ou Histórico de Enfermagem) – 
processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos 
e técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre 
a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado 
momento do processo saúde e doença.
 II – Diagnóstico de enfermagem – processo de interpretação e agrupamento 
dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com a tomada de decisão 
sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais 
exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado 
momento do processo saúde e doença; e que constituem a base para a seleção das 
ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados. 
III – Planejamento de enfermagem – determinação dos resultados que se 
espera alcançar; e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas 
face às respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado 
momento do processo saúde e doença, identificadas na etapa de diagnóstico de 
enfermagem.
 IV – Implementação – realização das ações ou intervenções determinadas 
na etapa de planejamento de enfermagem.
 V – Avaliação de enfermagem – processo deliberado, sistemático e 
contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou 
coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, para 
determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado 
esperado; e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas 
do processo de enfermagem.
A execução do Processo de Enfermagem deve ser registrada formalmente, 
envolvendo: a) um resumo dos dados coletados sobre a pessoa, família ou 
coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; b) 
os diagnósticos de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou 
coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença; c) 
as ações ou intervenções de enfermagem realizadas face aos diagnósticos de 
enfermagem identificados; d) os resultados alcançados como consequência das 
ações ou intervenções de enfermagem realizadas.
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM
93
LEITURA COMPLEMENTAR
CÓDIGO DE DEONTOLOGIA DE ENFERMAGEM
Aprovado pela Resolução COFEN-9, de 4 de outubro de 1975.
O presente Código de Deontologia de Enfermagem fundamenta-se 
nos princípios postulados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, 
adotada e promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, e pela 
Convenção de Genebra da Cruz Vermelha, de 1949, e contidos nos Códigos de 
Ética do Conselho Internacional de Enfermeiras (ICN), do Comitê Internacional 
Católico de Enfermeiras e Assistentes Médico-Sociais (CICIAMS) e da Associação 
Brasileira de Enfermagem (ABEN).
Capítulo I
Das responsabilidades fundamentais
Art. 1º A responsabilidade fundamental do enfermeiro é prestar assistência 
de enfermagem ao indivíduo, à família e à comunidade, em situações que 
requerem medidas relacionadas com a promoção, proteção e recuperação da 
saúde, prevenção de doenças, reabilitação de incapacitados, alívio do sofrimento 
e promoção de ambiente terapêutico, levando em consideração o diagnóstico e o 
plano de tratamento médico e de enfermagem.
Art. 2º São deveres do enfermeiro:
I - exercer sua atividade com zelo, probidade e compreensão da própria 
responsabilidade, obedecendo aos preceitos da moral, da ética profissional e das 
leis vigentes no País;
II - diagnosticar as necessidades de enfermagem dos clientes, a fim de elaborar o 
plano de cuidados correspondente;
III - prestar assistência de enfermagem aos indivíduos dela necessitados, 
respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, independentemente de 
quaisquer considerações relativas a etnia, nacionalidade, credo político, religião, 
sexo e condição socioeconômica; a prioridade no atendimento deve obedecer 
exclusivamente a razões de urgência do caso;
IV - respeitar a vida humana desde a concepção até a morte, jamais cooperando 
em atos em que voluntariamente se atente contra a vida, ou que visem a destruição 
da integridade física ou psíquica do ser humano;
V - respeitar os valores culturais e as crenças religiosas de seus pacientes e zelar 
para que não lhes falte assistência espiritual;
VI - colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade em caso de 
guerra, catástrofe ou de graves crises sociais, independentemente de qualquer 
proveito pessoal;
VII - executar as prescrições médicas, exceto quando contrárias à moral ou à ética 
profissional, ou à segurança do cliente;
94
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
VIII - proteger o paciente contra eventuais falhas, imprudências, negligências, 
omissões ou imperícia em relação ao seu atendimento, por parte de qualquer dos 
membros da equipe de saúde. Constatado um fato dessa natureza, discutir o assunto 
com o profissional faltoso e, em última instância, recorrer à chefia a fim de que 
sejam tomadas medidas para salvaguardar a segurança e o conforto do paciente;
IX - respeitar o natural pudor e intimidade do paciente;
X - respeitar o direito do paciente de decidir sobre sua pessoa e seu bem-estar.
Art. 3º É vedado ao enfermeiro:
I - negar assistência de enfermagem, em caso de urgência, sem que haja outro 
profissional para garanti-la;
II - abandonar o paciente em meio a um tratamento sem causa justa e sem a garantia 
de continuidade de assistência;
III - prescrever medicamentos a não ser em casos de extrema urgência e nos 
previstos na legislação vigente;
IV - administrar terapêutica e colaborar em intervenções cirúrgicas e tratamentos 
desnecessários ou proibidos pela moral ou pela legislação vigente, ou praticados 
sem o consentimento do paciente, ou de seu representante legal, se se tratar de 
menor ou incapaz;
V - praticar o aborto ou colaborar em práticas destinadas a provocá-lo;
VI - praticar a eutanásia ou colaborar em práticas destinadas a antecipar a morte 
do paciente;
VII - realizar ou participar de pesquisas em que os direitos inalienáveis do homem 
sejam desrespeitados, que acarretem perigo de vida ou dano à sua saúde física 
ou mental, ou que envolvam menores ou incapazes, sem o consentimento do 
responsável legal;
VIII - emprestar o seu nome para propaganda de drogas, tratamentos, instrumental 
e equipamentos hospitalares, ou de instituições comerciais com atuação nesses 
ramos;
IX - permitir que o seu nome conste do quadro de pessoal de hospitais, casas de 
saúde, ambulatórios, escolas, cursos e outros estabelecimentos, sem neles exercer 
as funções de enfermagem correspondentes;
X - receber comissões, vantagens ou remuneração de laboratório, entidades de 
assistência à saúde ou de outros estabelecimentoscomerciais que não correspondam 
a serviços efetivamente prestados;
XI - prestar serviços gratuitos ou a preços ínfimos, salvo em benefício de pessoas 
reconhecidamente carentes de recursos ou a instituições filantrópicas sem condições 
de remunerá-lo adequadamente.
Capítulo II
Do exercício profissional
Art. 4º O enfermeiro assume responsabilidade quanto à provisão de cuidados de 
enfermagem e à manutenção de elevados padrões de competência profissional.
Art. 5º O enfermeiro programa e coordena todas as atividades que visam o bem-
estar do paciente.
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM
95
Art. 6º O enfermeiro, como chefe de sua equipe, é responsável pelo aperfeiçoamento 
técnico e cultural do pessoal sob sua orientação e supervisão.
Art. 7º O enfermeiro, no interesse de seus pacientes e de sua profissão, reprova 
atos dos que infringem postulados éticos ou disposições legais. Ao notar 
inobservância de normas éticas ou da legislação em vigor, deve discuti-la com o 
faltoso e, se necessário, levar o assunto ao conhecimento do Conselho Regional de 
Enfermagem de sua jurisdição.
Art. 8º O enfermeiro tem o dever moral de notificar, por escrito, irregularidades de 
que tome conhecimento em função do exercício de suas atividades profissionais; 
em se tratando de intervenções ou tratamentos ilícitos, a notificação deverá ser 
encaminhada à Chefia Médica por intermédio do Serviço de Enfermagem da 
Instituição.
Art. 9º O enfermeiro exerce julgamento ético com respeito à sua competência em 
aceitar atribuições delegadas e assume a responsabilidade somente por tarefas 
para as quais esteja capacitado.
Art. 10 O enfermeiro não delega injustificadamente suas atribuições a outrem.
Art. 11 O enfermeiro não permite que outro profissional assine trabalho por ele 
executado.
Art. 12 No interesse de seus pacientes e da instituição onde trabalha, o enfermeiro 
deve:
I - manter segredo sobre fatos sigilosos de que tenha conhecimento por ter visto, 
ouvido ou deduzido, no exercício de suas atividades profissionais e exigir a 
mesma discrição do pessoal sob sua supervisão;
II - manter o prontuário do paciente fora do alcance de estranhos à equipe de 
saúde da instituição;
III - manter em segurança os entorpecentes e psicotrópicos quando sob sua guarda 
e responsabilidade.
Art. 13 No exercício de suas funções, o enfermeiro abster-se-á de:
I - trabalhar em entidades onde não haja respeito pelos princípios éticos 
estabelecidos e condições de trabalho que assegurem aos pacientes uma assistência 
de enfermagem adequada, ou colaborar com essas entidades;
II - administrar medicamentos sem nome ou fórmula, identificados por números 
ou códigos, sem certificar-se antes da natureza das drogas que os compõem.
Capítulo III
Do enfermeiro e sua profissão
Art. 14 O enfermeiro preserva a honra, o prestígio e as tradições de sua profissão 
e as normas éticas da sociedade.
96
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM NO BRASIL
Art. 15 É vedado ao enfermeiro acumpliciar-se, por qualquer forma, com pessoa 
que exerça ilegalmente a profissão.
Art. 16. É dever do enfermeiro:
I - pertencer, no mínimo, a uma entidade da classe, da jurisdição onde exerça suas 
atividades profissionais;
II - apoiar as iniciativas que visem o desenvolvimento cultural e a defesa dos 
interesses da classe;
III - comunicar ao Conselho Regional de Enfermagem, no qual esteja inscrito, 
demissão de cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade de preservar 
os interesses da profissão;
IV - atualizar e ampliar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais em 
benefício dos clientes a quem assiste e do desenvolvimento da profissão;
V - assumir seu papel na determinação de padrões desejáveis do exercício e do 
ensino de enfermagem.
Capítulo IV
Do relacionamento com colegas e demais membros da equipe de saúde
Art. 17 O enfermeiro mantém relações de respeito e cortesia com colegas e outros 
profissionais e cumpre com lealdade sua parte no trabalho conjunto.
Art. 18 O enfermeiro coopera com todos os profissionais da equipe de saúde e 
participa dos planos que visam a provisão de serviços de assistência à comunidade.
Art. 19 O enfermeiro abster-se-á de:
I - prestar aos pacientes serviços que, por sua natureza, competem a outro 
profissional, salvo em caso urgente ou de calamidade pública;
II - ser conivente, mesmo a título de solidariedade, com erros, contravenção penal, 
ou atos praticados por colegas que infrinjam os postulados éticos que regem o 
exercício profissional;
III - praticar atos de concorrência desleal aos colegas; procurar conseguir para si 
emprego, cargo ou função que esteja sendo exercido por colega; 
IV - aceitar emprego deixado por colega que tenha sido dispensado sem justa causa 
ou que haja pedido demissão a fim de preservar a dignidade ou os interesses da 
profissão, salvo anuência do Conselho Regional de Enfermagem no qual esteja 
inscrito;
V - formular críticas depreciativas a colegas e outros membros da equipe de saúde, 
à instituição onde trabalha e às instituições de assistência à saúde.
Capítulo V
Da observância do Código
Art. 20 O enfermeiro cumpre os preceitos deontológicos contidos neste Código 
e leva ao conhecimento do Conselho Regional de Enfermagem competente fatos 
que constituem infração às suas disposições.
TÓPICO 3 | PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES PARA O EXERCÍCIO DE ENFERMAGEM
97
Art. 21 Aos infratores do Código de Deontologia de Enfermagem serão aplicadas 
as penas previstas no artigo 18 da Lei nº 5.905/73.
Art. 22 As dúvidas que venham a surgir na aplicação deste Código e os casos 
omissos serão esclarecidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Art. 23. O Conselho Federal de Enfermagem poderá alterar este Código por 
iniciativa própria ou mediante representação dos Conselhos Regionais, obedecidas 
normas regimentais.
Capítulo VI
Das disposições gerais
Art. 24 O enfermeiro assume a responsabilidade civil e penal por danos causados 
aos clientes sob seus cuidados, por imperícia, omissão de assistência ou negligência.
Art. 25. O enfermeiro responde pessoal e judicialmente pela propriedade ou 
impropriedade dos próprios atos; o trabalho coletivo ou em equipe não diminui 
essa responsabilidade.
Art. 26 O enfermeiro tem direito a justa remuneração pelo seu trabalho e aceita 
como retribuição de seus serviços profissionais somente as prestações que lhe 
forem devidas por contrato ou pelo cargo ou função que preencha.
Art. 27 O enfermeiro, por meio de sua atuação nos órgãos de classe, participa na 
determinação e manutenção de condições justas de trabalho para toda a equipe 
de enfermagem.
Art. 28 O enfermeiro cumpre com fidelidade seus deveres cívicos e colabora com 
os demais profissionais e cidadãos nos programas e pesquisas que se destinam a 
atender às necessidades de saúde da população, em âmbito nacional e internacional.
Art. 29 As disposições contidas neste Código aplicam-se, no que couber, aos outros 
profissionais de enfermagem.
FONTE: Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/resolucao_311_
anexo.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018.
98
RESUMO DO TÓPICO 3
Após o término deste tópico, estudamos que:
• A Lei nº 5.905 dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de 
Enfermagem e dá outras providências.
• A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, dispõe sobre o exercício da enfermagem, 
e dá outras providências.
• A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, dispõe sobre o exercício da enfermagem, 
e dá outras providências
• A RESOLUÇÃO COFEN - 311/2007 aprova a Reformulação do Código de Ética 
dos Profissionais de Enfermagem, no qual fica aprovado o Código de Ética 
dos Profissionais de Enfermagem para aplicação na jurisdição de todos os 
Conselhos de Enfermagem.
• A RESOLUÇÃO COFEN nº 358/2009 dispõe sobre a Sistematização da 
Assistência de Enfermagem e a Implementação do Processo de Enfermagem 
em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de 
enfermagem, e dá outras providências. 
•RESOLUÇÃO COFEN nº 370/2010 vem alterar o Código de Processo Ético 
das Autarquias Profissionais de Enfermagem para aperfeiçoar as regras 
e procedimentos sobre o processo ético-profissional que envolvem os 
profissionais de enfermagem e Aprova o Código de Processo Ético.
99
1 O mandato dos membros dos Conselhos Regionais de Enfermagem será 
honorífico e terá duração de:
a) Um ano, sem limite de reeleições.
b) Dois anos, não admitida reeleição.
c) Três anos, admitida uma reeleição.
d) Quatro anos, admitida uma reeleição.
2 De acordo com a Resolução COFEN nº 311/2007, é proibido aos profissionais 
de enfermagem:
a) Comunicar ao COREN e aos órgãos competentes fatos que infrinjam 
dispositivos legais e que possam prejudicar o exercício profissional.
b) Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento 
em razão de seu exercício profissional, a pessoas ou entidades que não 
estejam obrigadas ao sigilo.
c) Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade 
da pessoa.
d) Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-
se da possibilidade de riscos.
3 De acordo com a Lei nº 7.498/1986, artigo 11, é correto afirmar que o enfermeiro 
exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe, privativamente:
a) Prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças 
transmissíveis em geral.
b) Assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera.
c) Cuidados diretos de enfermagem a acidentes graves com risco de vida.
d) Execução do parto sem distocia.
AUTOATIVIDADE
100
101
UNIDADE 3
ENFERMAGEM NO CONTEXTO 
SOCIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender o conceito básico sobre o ato de cuidar;
• estudar a importância da enfermagem para a sociedade;
• compreender o desenvolvimento da enfermagem;
• diferenciar a atuação de Florence Nightingale e Anna Nery;
• entender porque se comemora o dia 12 de maio, como o Dia do Enfermeiro;
• conhecer como a enfermagem se tornou uma profissão;
• compreender quem foi Anna Nery;
• entender a contribuição de Florence Nightingale à enfermagem.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará atividades que o aju-
darão na compreensão dos conteúdos apresentados e, ao final de cada um deles, 
terá atividades que o ajudarão a assimilar os conhecimentos teóricos adquiridos.
TÓPICO 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
TÓPICO 2 – CONDUTA PROFISSIONAL
TÓPICO 3 – IMPLICAÇÕES LEGAIS
102
103
TÓPICO 1
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A enfermagem como profissão surgiu através do desenvolvimento e 
evolução das práticas de saúde no decorrer dos períodos históricos. É interessante 
destacar que a origem das doenças também evoluiu com o passar dos tempos, 
pois em alguns momentos históricos, acreditava-se que era um fenômeno 
"sobrenatural", em outro contexto, que elas apareciam devido ao mau-cheiro 
exalado de matéria orgânica em decomposição e, por fim, depois de muitas 
décadas, com os estudos de Louis Pasteur, prevaleceu a Teoria da Unicausalidade, 
com a descoberta dos micróbios (vírus e bactérias).
O que tem a ver esse breve relato com a enfermagem? É simples, porque 
onde existem agentes etiológicos, como vírus, bactérias e fungos, há doenças, e 
onde há doenças existe o ato de cuidar.
Os primeiros cuidados de assistência foram atitudes voltadas somente ao 
cuidado de manter vivos doentes e feridos, sem noção de higiene ou assepsia, sem 
falar que estava associado ao trabalho feminino. Posteriormente, esse cuidado foi 
evoluindo, até surgir a profissão de enfermagem.
Veremos neste tópico a evolução histórica da enfermagem, onde ela surgiu, 
como veio parar no Brasil, qual foi a primeira enfermeira legalmente constituída e 
de que maneira foi aceita pela sociedade.
Estudaremos que Florence Nightingale contribuiu brilhantemente 
para a formação do enfermeiro, potencializando sua forma de cuidar, abrindo 
perspectivas de conhecimento em várias direções, com vistas ao desenvolvimento 
de atividades e serviços nas áreas do cuidado, da educação e da administração.
Então vamos aos estudos!
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
104
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM
Com o decorrer do estudo, veremos que a enfermagem teve alguns marcos 
históricos, no que diz respeito ao seu surgimento, porém, sabe-se que ela esteve 
presente durante toda a história da humanidade. 
A enfermagem surgiu na antiguidade, quando a mãe inicialmente se 
responsabilizava pelo cuidado com seu bebê, enquanto o homem saía à caça, em 
busca de sustento para a sua família.
Avançando um pouco mais na história e entrando na Idade Média, 
quando o cristianismo predominava como religião, as doenças que acometiam 
a população eram atribuídas como um castigo divino. Nesse contexto, alguns 
grupos religiosos surgiram com o objetivo exclusivo de cuidar dos doentes, para 
que os enfermos tivessem a salvação divina, por meio de suas almas.
UNI
No período pré-cristão, os sacerdotes e as feiticeiras acumulavam funções 
de médico, como curandeiros. As pessoas da época acreditavam que as 
doenças eram um castigo de Deus para com as pessoas e grupos, pelos seus pecados. Os 
curandeiros utilizavam banhos de água fria ou quente, massagens, purgativos e substâncias 
que provocavam náuseas.
FONTE: Disponível em: <http://www.joaquimnabuco.edu.br/noticias/confira-5-curiosidades-
sobre-enfermagem>. Acesso em: 31 maio 2018.
A Inglaterra era o local em que predominava o cenário da caridade e 
cuidado dos religiosos com os doentes, porém houve um rompimento abrupto 
entre a Inglaterra e a Igreja, assim, todos os cuidadores deixaram os doentes à 
mercê do desconforto e abandono. Neste cenário caótico, o Estado interviu e o rei 
acabou destinando alguns elementos da população, como criminosos e viúvos, 
para assumir a função de cuidadores.
Mesmo o rei impondo a obrigação, para determinada categoria da população 
cuidar dos doentes, a conotação do ato de cuidar, que estava ligada à religião, 
acabou tendo um significado vocacional. Nessa época o capitalismo começou a 
avançar, os hospitais cresciam, bem como a organização do ambiente hospitalar.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
105
FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DE UM HOSPITAL NA DÉCADA DE 1960
FONTE: Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/saude/listas/variola-
colera-antraz-doencas-que-assolaram-a-humanidade-podem-voltar.htm>. 
Acesso em: 31 maio 2018.
Como já comentamos, a enfermagem surgiu na antiguidade, porém, de 
acordo com seu contexto histórico, ela foi se aperfeiçoando e recebendo normas 
de condutas. Nesse sentido, após a Segunda Guerra Mundial e com o advento 
do capitalismo nos Estados Unidos, começou a surgir uma vaga conscientização 
sobre saúde.
No século XIX, a enfermagem foi formalizada na Inglaterra, pois havia sido 
comprovado que, sem condições básicas de higiene, nutrição adequada, cuidados 
adequados com pós-operatório e procedimentos complexos, não haveria êxito em 
salvar vidas humanas.
Em 1854, na Inglaterra, os hospitais militares não possuíam enfermeiras 
no seu quadro de trabalho, apenas cuidadores militares que não estavam aptos 
a cuidar do restabelecimento da saúde dos enfermos. Foi nesse contexto que a 
enfermeira Florence Nightingale recebeu convite do governo inglês para trabalhar 
nos hospitais militares, durante a guerra da Crimeia, onde atuou brilhantemente, 
reduzindo o índice de mortalidade dos soldados (GIOVANINI, 2010).
3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CUIDAR
Você já percebeu que os seres animais cuidam muito bem da sua prole 
ao nascer? E os seres humanos? Qual é a diferença dos cuidados, se comparados 
com os animais?
É fácil responder, podemos pensar numa leoa, quando dá à luz a uma 
manada de leõezinhos, a mãe cuida dos filhotes e estes são benquistos no grupo, 
até os 16 meses, depois seguem o seu caminho. Essa é a grande diferença com os 
humanos, a mãe tem a obrigaçãode cuidar, amparar, proteger e sustentar até a 
maioridade, mesmo assim, através dos laços familiares, os filhos normalmente 
têm uma ligação de afeto com os pais e o cuidado pode acontecer sempre que for 
necessário.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
106
Percebe-se que algumas vezes, os pais cuidam dos filhos em várias ocasiões 
e não somente na vida infantil, isso acontece no nascimento dos netos, em caso de 
doença, no leito da morte, enfim, se os pais são ausentes, normalmente um amigo, 
parente ou pessoa próxima acaba prestando auxílio.
Com essa reflexão, já podemos arriscar em dizer que os cuidados existem, 
desde a formação da vida, há muitos séculos. Também podemos deduzir que os 
cuidados são prestados com o objetivo de proporcionar manutenção da vida, ou 
seja, a luta contra a morte, proporcionando bem-estar físico e – por que não – 
bem-estar psíquico?
Ainda estamos falando de uma pessoa que cuida de um doente sem 
ganhar salário em troca, para garantir a continuidade da vida. Assim, podemos 
nominar esta pessoa de cuidadora, pois não há objetivo de exercer nenhum ofício, 
nenhuma profissão.
Segundo Waldow (2001, p. 61), o conceito de cuidar é: “o compromisso com 
o estar no mundo e contribuir com o bem-estar geral, na preservação da natureza, 
da dignidade humana e da nossa espiritualidade; é contribuir na construção da 
história, do conhecimento, da vida”. Portanto, o cuidar refere-se à dedicação e ao 
dispor de uma pessoa em benefício de outra, de maneira humanizada.
3.1 TRAJETÓRIA DO ATO DE CUIDAR, NO LIVRO SAGRADO 
Certamente, você já ouviu falar sobre histórias da Bíblia, mesmo sendo 
crente ou ateu, os livros de história antiga fazem referências e comparações 
daquela época com a atualidade. 
Abraão foi um exemplo de personagem que está referenciado no Velho 
Testamento, que conta que Deus ordenou que ele abandonasse seu povo, 
seus costumes e partisse para outro lugar, juntamente com sua esposa, e que 
através de Moisés (da sua linhagem), recebeu revelações divinas, como os Dez 
Mandamentos.
Esses preceitos, ainda difundidos através das igrejas, são verdadeiros 
exemplos de ética no relacionamento humano, válidas em qualquer tempo e 
espaço. Se você não conhece, vamos dar uma “olhadinha” logo a seguir.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
107
FIGURA 2 - OS DEZ MANDAMENTOS
FONTE: Disponível em: <http://desafioscristao.blogspot.com/2011/04/
mutilacao-dos-dez-mandamentos-catolicos.html>. Acesso em: 30 maio 2018. 
Moisés estabeleceu um código chamado de Mosaico, para disciplinar as 
práticas religiosas que englobavam características sanitárias e de saúde, bem 
como, formas para a prevenção de patologias, através de normas de higiene 
pessoal, alimentação, repouso, entre outras regras.
Além desses cuidados, para Oguisso (2015), a Sagrada Escritura ainda 
dispõe de regras gerais para inspeção e seleção de animais para o abate, 
cuidados com dejetos e aviso às autoridades, em caso de descoberta de doença 
infectocontagiosa, a fim de providenciar isolamento e desinfecção.
Na antiguidade, a lepra era uma doença que assustava e matava a 
população. As pessoas acometidas por esta praga eram consideradas imundas, 
carregadas de preconceito, associadas aos atos pecaminosos e à desonra, 
necessitando se afastar do convívio social, e eram jogadas à própria sorte, sem 
nenhum tipo de cuidado, esperando a própria morte.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
108
FIGURA 3 - SIGNIFICADO DE LEPRA NO VELHO TESTAMENTO
O que quer dizer "lepra" na Bíblia?
A Bíblia, especialmente no Velho Testamento, fala
muitas vezes sobre o problema de lepra. Quando se fala
de pessoas leprosas, a palavra significa uma doença da
pele, e pode abranger tipos diferentes de doenças. Em
outros casos, a mesma palavra fala de manchas em
roupas ou paredes, algo que nós poderíamos chamar
hoje de fungo ou mofo.
FONTE: Disponível em: <https://www.estudosdabiblia.net/bd13_01.htm>. Acesso em: 
30 maio 2018.
Hoje sabe-se que a lepra é uma doença infectocontagiosa, que atinge a 
pele e não tem idade para se manifestar. A boa notícia é que há cura, através de 
antibioticoterapia, e o medicamento é distribuído gratuitamente por programas 
aliados ao Ministério da Saúde. 
FIGURA 4 - SINTOMAS DA LEPRA
FONTE: Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2014/01/
saude-lanca-campanha-para-diagnostico-precoce-da-hanseniase>. Acesso em: 
30 maio 2018.
O povo hebreu contribuiu significativamente para as gerações vindouras, 
com destaque à prática da hospitalidade, da visita e o ato de cuidar dos doentes, 
que constituiu um dever religioso.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
109
3.2 INFLUÊNCIA DAS CRUZADAS NO ATO DE CUIDAR
As Cruzadas foram expedições militares cristãs, que lutaram para que 
Jerusalém, a Terra Santa, que estava sob domínio dos mulçumanos, retornasse 
para a ocupação do povo cristão. 
FIGURA 5 - SIGNIFICADO CRISTÃO DAS CRUZADAS
FONTE: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/10640127/>. Acesso em: 31 maio 2018.
Essa luta foi cheia de intempéries, falta de provisão alimentar, doenças, 
pobreza, miséria. Para cuidar dos doentes e peregrinos feridos, surgiram os 
monges cuidadores, atividade masculina, com regras rígidas de hierarquia e 
obediência.
Para Oguisso (2015), a Igreja, com a ajuda da população, construiu 
hospitais, onde os monges militares começaram a cuidar dos feridos e doentes. 
No meio dessas pessoas havia muitas mulheres, assim, ocorreu a separação da 
construção de hospitais para os homens e hospitais para mulheres.
Dessa forma, as Cruzadas tinham funções militares, religiosas e assistenciais 
de enfermagem. Aos poucos, essas ordens militares foram substituídas por 
instituições de acordo com a época da história. 
Nesse período das Cruzadas, alguns hospitais foram criados, a fim de 
prestar cuidados aos guerreiros, viajantes e doentes. Mais tarde, ao invés de 
hospitais, surgiram locais que também prestavam auxílio nos cuidados aos 
doentes, oferecendo conforto, administrando poções que se igualavam aos 
medicamentos de hoje em dia, originando posteriormente a Cruz Vermelha.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
110
FIGURA 6 - OBJETIVO DA CRUZ VERMELHA
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TQlqomfYiiM>. Acesso 
em: 31 maio 2018.
Certamente, a enfermagem sofreu influência das Cruzadas no que diz 
respeito à disciplina, ordem e hierarquia, para padronizar o comportamento do 
enfermeiro na atuação de seu papel de cuidador.
4 A HISTÓRIA DE FLORENCE NIGHTINGALE
Florence Nightingale nasceu em 12 de maio de 1820, em Florença, numa 
família de origem inglesa abastada. Era poliglota, além de compreender história, 
filosofia e matemática. Nessa época, moças com condições sociais elevadas, além 
de estudarem, aguardavam seu pretendente, com o objetivo de casarem e de 
serem submissas aos maridos.
UNI
Você sabe que comemoramos o Dia do Enfermeiro em 12 de maio? Isso mesmo, 
é a data em que Florence nasceu e, como forma de homenageá-la, as comemorações pela 
profissão ocorrem nessa data.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
111
Florence inovou sua época, pois saiu do protocolo clássico da nobreza, 
dedicando-se a estudar assuntos que não eram comuns para mulheres, ela 
se interessou por questões sociais e políticas, relacionando-as com condições 
sanitárias das classes menos favorecidas. O que mais chocou seus pais foi a decisão 
de trabalhar com assistência aos doentes, caracterizando-a como enfermeira.
Em 1851, com 31 anos, ela conseguiu vencer a oposição familiar e ir para 
a instituição de Kaiserswerth, na Alemanha, onde permaneceu por três meses 
com os fundadores. Participou de todas as aulas teóricas e práticas, inclusive 
realizando serviços de limpeza. Retornou à França para acompanhar as Filhas 
de Caridade em hospitais, realizando também suas atividades (OGUISSO, 2007).
Oguisso (2007) entende que Florence se destacou pelas voltas que fazia 
todas as noites, apóstodas as pessoas que trabalhavam irem deitar, a fim de 
observar as condições dos pacientes, e sempre fazia isso com uma lamparina nas 
mãos. A partir de então, a lamparina se tornou o símbolo da enfermagem.
FIGURA 7 - SÍMBOLO DA ENFERMAGEM
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.pt/pin/597641813020
917927/>. Acesso em: 31 de maio 2018.
Em pouco tempo, Florence recrutou 38 mulheres entre religiosas 
anglicanas, leigas e até algumas católicas, apesar da rejeição de oficiais médicos, 
que não queriam mulheres no campo de batalha, e assim, partiram no dia 21 
de outubro de 1854, designadas para a base militar de Scutari. Nessa base, um 
hospital havia sido improvisado com milhares de feridos que chegavam da 
guerra (PADILHA; MANCIA, 2005).
Sua atuação na Guerra da Crimeia, em 1854, foi contemplada por elogios, 
Florence forneceu seus serviços às tropas inglesas, diminuindo a mortalidade dos 
internos de 40% para 2%, em seis meses. Por seu esforço, foi reconhecida pelo 
governo inglês e abriu a primeira escola de enfermagem (OGUISSO, 2007).
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
112
FIGURA 8 - FLORENCE NIGHTINGALE NA GUERRA DA CRIMEIA
FONTE: Disponível em: <portuguese.blogspot.com/2010/07/florence-
nightingale.html>. Acesso em: 31 maio 2018.
UNI
Você sabia que houve um período em que a enfermagem era considerada 
como um serviço que descaracterizava moralmente a mulher? Isso mesmo, pois esse tipo 
de tarefa era relegado às prostitutas, como forma de castigo por suas perversidades.
Por meio do seu desempenho, Florence proporcionou à enfermagem 
excelente base, normas técnicas e princípios éticos, fortalecendo a profissão e 
criando oportunidades futuras. 
Silva (2008) afirma que Florence não se destacou apenas na organização 
hospitalar, mas também na humanização dos cuidados prestados aos soldados, 
estabelecendo melhores condições sanitárias e no tratamento dos enfermos.
Com a experiência que teve na Guerra da Crimeia, através da sua 
coragem, persistência, ânimo e inteligência, conseguiu alcançar seus objetivos 
pessoais, além disso, contribuiu para relacionar pesquisa, teoria e prática. Devido 
à sua perspicácia, usou sua influência para fazer campanhas pela saúde pública e 
promover cultura e ensino, por meio de suas cartas e livros. 
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
113
FIGURA 9 - LIVRO ESCRITO POR FLORENCE NIGHTINGALE
FONTE: Disponível em: <https://archive.org/details/
notesonhospital01nighgoog>. Acesso em: 31 maio 2018.
Esse livro foi publicado em 1863 e ainda existe nas livrarias de todo o 
mundo para venda, inclusive no Brasil, mas não está traduzido do inglês, mas 
se você tiver curiosidade de folheá-lo, poderá fazê-lo virtualmente, acesse o site 
<https://archive.org/details/notesonhospital01nighgoog>, que conseguirá fazer o 
download gratuito. Aborda as histórias revolucionárias nos hospitais contadas 
por Florence, bem como sua experiência com feridos na Guerra da Crimeia.
O principal legado de Florence Nightingale à sociedade foi sua dedicação 
aos doentes e feridos, a mudança que promoveu nos hospitais, objetivando 
privilegiar a saúde dos pacientes, e o benefício dos que prestavam cuidados. 
Deixou sua marca em todas as gerações, foi exemplo de luta, garra, força e 
determinação, trabalhou até os 80 anos de idade e faleceu em agosto de 1910, com 
90 anos (SILVA, 2008).
5 HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL
Você sabe qual foi a primeira escola de enfermagem no Brasil? Não muito 
conhecida e pouco falada, mas a primeira escola de enfermagem que surgiu no 
Brasil foi a Alfredo Pinto.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
114
FIGURA 10 - IMAGEM ATUAL DA ESCOLA DE ENFERMAGEM ALFREDO PINTO
FONTE: Disponível em: <http://www.unirio.br/ccbs/eeap>. Acesso em: 1 jun. 2018.
Esta escola de enfermagem é a mais antiga do Brasil, foi a primeira a 
ser criada e foi frequentada, na época, tanto por homens, quanto por mulheres, 
marcando o início da profissionalização da enfermagem. Apesar de ter sido 
fundada em 1890, ela ainda existe e está em pleno funcionamento no Rio de 
Janeiro, fazendo parte da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 
A organização da enfermagem na sociedade brasileira começa no período 
colonial e vai até o final do século XIX. A profissão surge como uma simples prestação 
de cuidados aos doentes, realizada por um grupo formado, na sua maioria, por 
escravos, que nesta época trabalhavam nos domicílios (MALISKA, 2010). 
Dessa forma, os cuidados de enfermagem no Brasil eram praticados 
como forma de prestação de cuidados aos doentes e enfermos, porém, sofreram 
alterações significativas no fim do século XIX. Essa inovação foi caracterizada 
pelo pioneirismo da Escola Alfredo Pinto, criada pelo Decreto nº 791, de 27 de 
setembro de 1890. Apresentou influência da enfermagem francesa, porque estava 
ligada aos moldes das Escolas de Salpetriere, objetivando a ação de cuidar dos 
pacientes (OGUISSO, 2007).
Agora você já sabe qual é o nome da primeira escola de enfermagem no 
Brasil, mas qual é a escola de enfermagem mais conhecida no Brasil? É a Escola 
Anna Nery, vamos conhecer um pouco sobre ela.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
115
FIGURA 11 - ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY NO SÉCULO XIX
FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0034-71672003000100001>. Acesso em: 1 jun. 2018.
Antes de ter o nome reconhecido por Escola Anna Nery, possuía o nome 
de Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde. Nessa transição, 
os estudos práticos eram realizados na área hospitalar, chamados de estágios, e 
foi nesse ínterim que a Fundação Rockfeller patrocinou o projeto de organização 
do serviço de Enfermagem de Saúde Pública, sob a orientação de enfermeiras 
norte-americanas, que organizavam o ensino na Escola Anna Nery, adaptando ao 
modelo de ensino nightingaleano (OGUISSO, 2007)
A enfermagem deu continuidade com a evolução através dos tempos e, 
dessa vez, essa profissão já começou a ser vista como uma forma de auxiliar os 
médicos em seus trabalhos diários nos hospitais.
Os ensinamentos das escolas de enfermagem precisavam seguir uma 
conduta, ou seja, algum modelo de cuidados, como o modelo nightingaleano, 
demorou para surgir por questões políticas. Foi através do Decreto nº 20.109, 
de 15 de junho de 1931, que o modelo da própria Escola Anna Nery se tornou 
referência em todo o território brasileiro (MALISKA, 2010).
A educação no Brasil estava em modelo de construção, com regras a 
serem seguidas, portanto, nesse momento de ampliação da área de enfermagem, 
o governo exigiu que os candidatos com interesse de ingressar nas escolas de 
enfermagem necessitariam ter o segundo grau completo. Além disso, essa 
educação obrigatoriamente precisava acontecer em centros universitários, e 
assim ocorreu.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
116
5.1 QUEM FOI ANNA NERY
Nasceu em Vila da Cachoeira do Paraguaçu, Bahia, no dia 13 de dezembro 
de 1814, casou com Isidoro Antônio Nery, quando tinha 23 anos. Seu marido era 
capitão da Marinha, mas fatalmente morreu a bordo do veleiro Três de Maio, 
no Maranhão. Ficou viúva com 29 anos e precisou criar sozinha os três filhos, 
Justiniano, que se formou em medicina, Isidoro, que também foi médico, e Pedro 
Antônio, militar (GIOVANINI, 2010).
Os três filhos foram convocados para lutar na Guerra do Paraguai e o 
interessante aconteceu, quando Anna, sensibilizada com a dor da separação, 
escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição para ir à guerra. 
Surpreendentemente, Anna parte para os campos de batalha, improvisa hospitais 
e não mede esforços no atendimento aos feridos (GIOVANINI, 2010).
Mesmo com as condições precárias para trabalhar, devido às doenças, 
falta de higiene e falta de acomodação para todos os feridos, Anna se destacou por 
sua dedicação ao trabalho como enfermeira, pois conseguia improvisar materiais 
e acomodação em meio a tanta desgraça. 
Ela armou uma enfermariaem Assunção, capital do Paraguai, sitiada pelo 
exército brasileiro, que impressionou muitos que por ali passaram. Retornou ao 
Brasil após o término da guerra e foi condecorada pela sua bravura e presteza. 
Conforme Giovanini (2010), o retorno de Anna ao Brasil foi após cinco anos, 
sendo bem recebida pela sociedade, pelo governo, com medalhas humanitárias, 
e inclusive recebeu uma homenagem de Victor Meireles, que pintou sua imagem 
numa tela, sendo colocada no edifício do Paço Municipal.
FIGURA 12 - RETRATO DE ANNA NERY
FONTE: Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br>. Acesso 
em: 1 jun. 2018.
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
117
Anna Justina Ferreira Nery faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de maio de 
1880. Em virtude de toda sua enorme contribuição na área da saúde e em especial 
na área da enfermagem, Carlos Chagas batizou com o nome de Anna Nery a 
primeira escola oficial brasileira de enfermagem.
6 ENFERMAGEM COMO PROFISSÃO
Ao fomentar e incentivar o estudo da enfermagem, Florence encabeçou 
a divisão do trabalho de enfermagem, nascendo as ladies nurses, que eram 
responsáveis pela administração da enfermagem, e as nurses para realizarem 
assistência direta aos pacientes. Com uma organização sem igual, acabou 
incrementando a organização do serviço de enfermagem, com ferramentas 
do processo administrativo, como o planejamento, a direção e a supervisão, 
explicando a importância do gerenciamento na enfermagem (SPAGNOL, 2002). 
Para Potter e Perry (2006, p. 5):
Com a atuação de Florence Nightingale, juntamente com sua equipe 
na guerra da Crimeia, na metade do século XIX deu-se início à 
Enfermagem como uma profissão. Florence Nightingale, fundadora 
da Enfermagem moderna, estabeleceu o primeiro princípio da 
Enfermagem com base na manutenção e recuperação da saúde.
A enfermagem é uma ciência humana que interage com o indivíduo em 
todos os aspectos, seja físico, emocional e psicológico, pois é considerada a prática 
do cuidar humano, tanto na prevenção da doença, quanto na sua recuperação.
A enfermagem é uma profissão que envolve a arte de cuidar do paciente 
de uma maneira global, olhando o indivíduo como um todo, não apenas em 
partes, não permitindo tratar o sujeito apenas pela virtude da técnica, mas pela 
prática que envolve o homem sob o campo da visão holística, sem fazer acepção 
de pessoas, quer de ordem política, social, econômica ou questão de gênero.
UNI
Você sabe o significado de enfermeiro? Em português, a palavra “enfermeiro” vem 
do latim infirmum, que significa “aquele que não está firme”. No Brasil, infirmum foi adaptado 
para “enfermo”. A partir daí, surgiram as palavras enfermeiro, enfermagem e enfermaria.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
118
Figueiredo (2005, p. 129) enfatiza o que já dizia Nightingale:
Somos aqueles que criam condições para que o cliente se recupere, 
e a Enfermagem é uma arte, porque enquanto o escultor trabalha no 
mármore frio desenhando e dando forma, a Enfermagem trabalha o 
corpo quente vivo para que a natureza exerça sua cura.
Esse conceito vem ao encontro da ideia de que os profissionais de 
enfermagem são verdadeiros artistas. Eles esculpem todo o cuidado prestado ao 
paciente, com olhar crítico e aguçado, atentos a todas as nuances do indivíduo, 
para captar informações diversas, principalmente as que não são exteriorizadas, 
respeitando os princípios éticos e científicos da profissão.
Florence foi a primeira enfermeira com estudo aprimorado, técnica e 
visão de administradora que tivemos na história da saúde, escreveu vários livros 
e vivenciou, acima de tudo, a prestação do ato de cuidar. Foi ela que descreveu 
a primeira definição concreta sobre o papel do enfermeiro, pois foi por meio 
de Florence que a enfermagem passou a ser aceita como profissão, abrindo 
oportunidade para outros enfermeiros darem continuidade nos estudos sobre o 
cuidado integral ao ser humano, com bases teóricas e práticas.
A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, dispõe sobre a regulamentação do 
exercício de enfermagem, com destaque aos artigos: 6º e 7º, os quais apresentam 
a classificação da categoria, ou seja, enfermeiro e técnico de enfermagem, bem 
como, qual a competência de cada um. A lei estabelece claramente as atribuições 
que o profissional deve cumprir e exercer, dentro da sua atividade (FIGUEIREDO, 
2005).
Atualmente, a profissão é regulada pelo Conselho Federal de Enfermagem 
(COFEN), composta por um plenário de 18 conselheiros federais, há ainda os 
Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN) por Estado, nessa função de 
regulação da profissão (COFEN, 2018).
Galleguillos e Oliveira (2001) relatam que, em 1986, na VIII Conferência 
Nacional de Saúde, foram debatidos alguns temas relevantes para a população: 
saúde como direito, reformulação do sistema nacional de saúde e financiamento 
setorial. Ficou clara a importância de uma reforma administrativa e financeira, 
de olhar holístico para a saúde, fortalecimento do setor público e da constituição 
de orçamento social. Através dos questionamentos foi definido um programa 
para a reforma sanitária, junto com a proposta de criação do Sistema Único de 
Saúde (SUS), tendo como diretrizes a universalidade, a integralidade das ações e 
a participação social.
Percebemos, através dos tempos, que a VIII Conferência Nacional de Saúde 
foi vital para a saúde do Brasil, proporcionando mudanças importantes. Algumas 
leis também tiveram destaque, como a Lei nº 8.080 e a Lei nº 8.142, ambas de 1990 
e regulamentadas no texto constitucional, bem como outras normas operacionais 
que surgiram (GALLEGUILLOS; OLIVEIRA, 2001).
TÓPICO 1 | DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ENFERMAGEM
119
Podemos notar que a enfermagem está em constante evolução e conectada 
à sociedade, voltada à expansão das práticas de saúde e ligada à organização social 
em cada contexto histórico. A enfermagem pode ser considerada uma profissão 
“maleável”, pois está voltada tanto à área de prevenção, quanto à de recuperação 
e cura, moldando-se à necessidade de cada indivíduo ou de uma coletividade.
Já estudamos que a enfermagem é definida como a arte de cuidar do ser 
humano em seus aspectos físico, mental e social, sendo praticada até mesmo antes 
de ser considerada uma ciência, quando ainda não era baseada em fatos científicos 
e teóricos, pois o ato de cuidar não dependia de conhecimento científico, uma 
vez que já estava intrínseco na conduta humana. Entretanto, com a atuação e 
contribuição de Florence, a enfermagem teve seu reconhecimento como ciência e 
sua aceitação pela sociedade.
120
Chegamos ao final deste tópico de estudos e você já é capaz de saber:
• Em que momento histórico a enfermagem surgiu.
• A importância do ato de cuidar.
• O conceito de lepra.
• A compreensão da doença lepra, na Idade Antiga.
• A influência das Cruzadas no ato de cuidar.
• O objetivo da Cruz Vermelha.
• O significado do Dia do Enfermeiro.
• Qual foi a contribuição de Florence Nightingale para a área da saúde.
• Qual foi a importância de Anna Nery para a enfermagem.
• Conceituar o ato de cuidar.
• Oferecer definição para lepra.
• Compreender o que a lepra significava na idade antiga.
• Entender a influência das Cruzadas no ato de cuidar.
• Descrever o objetivo da Cruz Vermelha.
• Informar a data de comemoração do Dia do Enfermeiro.
• Explicar qual foi a contribuição de Florence Nightingale.
• Citar a primeira escola de enfermagem no Brasil. 
• Quem foi Anna Nery e qual foi sua contribuição para a enfermagem.
RESUMO DO TÓPICO 1
121
1 Quando se fala em Guerra Santa empreendida pelos católicos contra os 
muçulmanos que dominavam Jerusalém e outras regiões consideradas 
sagradas pelos cristãos do Oriente Médio, estamos falando de qual movimento?
( ) Cruzadas.
( ) Revolução Industrial.
( ) Revolução Francesa.
( ) Queda do Império Romano.
2 A Bíblia Sagrada é um livro conhecido por todo o mundo, que faz referências 
e comparações de histórias de séculos passados com a atualidade,dispondo 
de regras e cuidados com a saúde. Nesse sentido, assinale a alternativa 
correta no que diz respeito à saúde coletiva.
( ) Em caso de doença infectocontagiosa, providenciar isolamento e 
desinfecção.
( ) Depositar o doente em solitária.
( ) Abandonar à própria sorte o indivíduo enfermo até sua recuperação.
( ) Proporcionar banho com vinagre.
3 Foi pioneira da Enfermagem no Brasil, prestou seus serviços voluntários nos 
hospitais militares de Assunção, durante a Guerra do Paraguai. Diante dessa 
afirmação, estamos falando de qual enfermeira?
( ) Anna Nery.
( ) Florence Nightingale.
( ) Antônia Regina Ferreira Furegato.
( ) Ethel Bretz.
4 Explique por que o símbolo da enfermagem é representado pela lamparina?
AUTOATIVIDADE
122
123
TÓPICO 2
CONDUTA PROFISSIONAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Você já teve contato com alguma pessoa com perda auditiva? Ou seja, que 
não escuta direito? A comunicação torna-se defeituosa, cansativa e muitas vezes 
a pessoa que recebe a mensagem entende de maneira distorcida e o diálogo ou a 
informação se perde, pois não se atinge o objetivo da interpretação.
Já pensou se isso acontece entre um profissional da área da saúde e você? 
Imagine que você vai no posto de saúde para fazer a vacina contra a gripe e o 
funcionário entende errado e encaminha você para receber uma medicação de 
adrenalina? As agulhas são praticamente do mesmo tamanho, o local de aplicação 
é o mesmo, mas o conteúdo a ser administrado é totalmente diferente e você pode 
até ter uma parada cardíaca em função da comunicação, que não foi eficiente.
Qual é o seu direito como paciente? Qual é sua obrigação diante de uma 
conduta médica? Essas respostas veremos no decorrer do estudo deste tópico.
Além disso, iremos estudar quais foram os direitos conquistados pela 
enfermagem, no que diz respeito aos órgãos de classe.
Então vamos seguir em frente com nossos estudos!
2 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Caro acadêmico, você já brincou de telefone sem fio? É uma brincadeira 
de criança, mas que sugere uma ótima reflexão para este momento.
Para brincar de telefone sem fio, é necessário fazer uma fila e o primeiro 
indivíduo fala uma frase e vai passando essa informação no ouvido do colega, até 
chegar na última pessoa da fila, que fala bem alto a mensagem recebida.
Mas qual é o objetivo da brincadeira? Que a mensagem chegue na última 
pessoa de maneira original, mas o que normalmente acontece? A informação chega 
de uma maneira bem distorcida. Você já encaminhou algum tipo de informação, 
sendo interpretada da maneira errada? Certamente, você já foi vítima desse tipo 
de mal-entendido.
124
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
FIGURA 13 - ILUSTRAÇÃO DO TELEFONE SEM FIO
FONTE: Disponível em: <http://sabervalinhos.com.br>. Acesso em: 1 jun. 2018.
A comunicação é uma condição inerente à vontade humana, pois desde 
os nossos ancestrais, a comunicação sempre esteve presente, seja através de sons, 
gestos, mímicas, desenho, choro, enfim é um tipo de manifestação, com o objetivo 
de sobrevivência e integração das pessoas na sociedade. 
A comunicação é o modo de transmitir uma informação, e a exemplo da 
brincadeira do telefone sem fio, essa informação deve ser transmitida de maneira 
clara, para que o receptor a receba sem interferência, com a finalidade de cumprir 
sua intenção original.
2.1 CONCEITO
Comunicação é uma espécie de necessidade de sobrevivência, é um 
processo de aprendizagem, está presente na sociedade e deve ser utilizada de 
maneira harmoniosa, lembrando que cada indivíduo pode defender um ponto 
de vista, mas deve haver um ponto de equilíbrio, para que a opinião de cada 
indivíduo seja respeitada.
Para Penteado (2012, p. 59), a comunicação dirige as ações do indivíduo, 
basta saber que a “palavra comunicação deriva do latim comunicare, que significa o 
mesmo que repartir”. Já Ferreira (2010) entende que comunicar é estabelecer uma 
relação de comunicação, com intuito de comunicar algo a alguém, estabelecendo 
a garantia de que o receptor receba a mensagem correta e que a entenda.
Silva (2007) expressa bem seu pensamento quando diz que precisamos ser 
artistas, seres sensíveis e emocionais, a fim de sermos capazes de termos uma boa 
percepção e captar mensagens, para interpretá-las de maneira certa, esse tipo de 
comunicação é chamada de não verbal.
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
125
A comunicação é um elo de mediação das relações interpessoais, como se 
fosse uma ponte, para que o indivíduo se relacione com o mundo, por este trajeto. 
Ela é intrínseca à condição humana, pois faz parte da nossa vida e está cheia de 
fatores associados, como a parte social, ética e emocional.
De acordo com Schuler (2004, p. 258), “a comunicação é essencialmente um 
processo de interação humana, que busca o entendimento comum nas relações 
entre os indivíduos, fundamental para a sobrevivência e o crescimento”.
Pimenta (2010, p. 41) faz uma comparação muito interessante entre a 
comunicação e o sistema nervoso, ele diz que:
A comunicação é tão importante quanto o sistema nervoso para 
o corpo. Sem o sistema nervoso o corpo não se locomove, não se 
alimenta e não canta. Sem a comunicação, todas as relações que se 
estabelecem entre as pessoas e os diversos grupos humanos seriam 
impossíveis, sejam relações comerciais, de trabalho ou afetivas.
A comunicação nunca fica estagnada, ela está sempre em constante 
movimento e não perde seu propósito, tem seu objetivo específico, de transmitir 
a informação, porém, ela se adapta em cada contexto histórico, com cenários e 
concepções de acordo com a necessidade da população.
FIGURA 14 - EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO
PRIMEIRA
PALAVRA
ESCRITA 140
CARACTERES.
O QUE MAIS
HÁ A DIZER?
TWEETTWEET
TIPOGRAFIA
MÓVEL
PUBLICAÇÃO
EM MASSA
TWITTER
E-MAIL
FONTE: Disponível em: <https://medium.com/@guilhermegomess/a-evolu%C3%A7%C3%A3o-dos-
meios-de-comunica>. Acesso em: 1 jun. 2018.
126
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
A comunicação é um processo de aprendizagem que ocorre durante 
toda a vida de um indivíduo, sofrendo nuances da modernidade, é só lembrar 
que na pré-história, o ser humano começou a desenvolver as primeiras formas 
de linguagem, para depois partir para as pinturas nas cavernas. E hoje, como 
estamos? Estamos na era digital, onde conseguimos até comprar roupa e fazer 
compras utilizando a internet
FIGURA 15 - CHARGE SOBRE A COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL
FONTE: Disponível em: <http://flamir.blogspot.com>. Acesso em: 2 
jun. 2018.
2.2 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Na vida profissional de um enfermeiro, a comunicação é utilizada como 
ferramenta de trabalho, tanto para o paciente, quanto para os colegas de trabalho. 
Dessa forma, esse profissional deve ser perspicaz para analisar como o receptor 
está recebendo a mensagem.
Conforme Heldman (2006, p. 321), “toda comunicação possui três 
componentes: o emissor, a mensagem e o receptor”, que são os principais 
elementos da comunicação, e esses itens precisam estar equilibrados e alinhados, 
a fim de que a mensagem seja entendida com eficiência.
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
127
FIGURA 16 - ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
FONTE: Disponível em: <https://www.slideshare.net/dalisoaressa/elementos-
da-comunicao-pronto>. Acesso em: 2 jun. 2018.
Há outros elementos que compõem o processo da comunicação: veículo, 
codificação, decodificação, resposta, feedback e ruído, porém, vamos estudar os 
três principais componentes.
• Emissor: é aquele que transmite uma mensagem para alguém. De acordo com 
Heldman (2006, p. 321), 
é o responsável pela apresentação das informações de modo claro 
e conciso; elas devem ser completas e expostas de maneira que o 
receptor consiga entendê-las corretamente. Suas mensagens devem 
ser relevantes para o receptor; mensagens inúteis não passam de um 
grande incômodo.
• Receptor: é quem recebe a mensagem, assim, quando o receptor receber uma 
mensagem, ele não deve ficar inerte, pelo contrário, precisará emitir uma 
resposta. O processo somenteserá concluído quando o receptor conseguir 
interpretar a mensagem da maneira certa, conforme a intenção do receptor 
(STEFANELLI, 2005).
• Mensagem: são informações que desejamos transmitir, as quais não são 
necessariamente interpretadas da forma que pretendíamos, ela pode ser de 
maneira escrita, verbal ou não verbal. Chaves et al. (2007, p. 121) corroboram 
nesse sentido e complementam informando que a “mensagem deve ser 
compreensível tanto pelo emissor, quanto pelo receptor e pode ser transferida 
através de voz, texto, desenho, movimentos, expressões faciais ou por meios 
eletrônicos”.
Assim, a comunicação será eficiente quando todos os elementos estiverem 
sendo utilizados da maneira correta, e como resultado teremos um bom 
relacionamento entre pacientes e profissionais da saúde, execução das atividades 
com agilidade, confiança e transparência, sem falar da diminuição de erros, 
prejuízos e insatisfações.
128
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
Vale destacar que além dos elementos da comunicação estarem alinhados, 
para funcionarem bem, focados no objetivo central, também há a questão quanto 
à maneira de falar, como se expressar, de que forma oferecer uma notícia, por 
exemplo, por pior que seja, ao paciente.
Essa estória, acadêmico, é um texto que inicialmente quer fazer um 
questionamento a você: o que devemos fazer para que nossas palavras sejam 
impactantes sem causar desconforto, dor e sofrimento? A resposta correta seria: 
pensar antes de falar e utilizar o poder das palavras! Você já vai entender a 
conotação desta resposta, então vamos à leitura!
PEQUENA GRAMÁTICA SOBRE O PODER DA PALAVRA
Gaudêncio Torquato
Um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que 
despertou, chamou um adivinho para que interpretasse o seu sonho. – Que 
desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda 
de um parente de vossa majestade. – Mas que insolente – gritou o sultão, 
enfurecido. – Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui! 
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem 100 açoites. Mandou que 
trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Esse, após ouvir o 
sultão com atenção, disse-lhe: – Excelso senhor! Grande felicidade vos está 
reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver aos vossos parentes. A 
fisionomia do sultão iluminou-se em um sorriso, e ele mandou dar 100 moedas 
de ouro ao segundo adivinho. E quando esse saiu do palácio, um dos cortesãos 
lhe perguntou admirado: – Não é possível! A interpretação que você fez foi a 
mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou 
com 100 açoites e a você com 100 moedas de ouro. – Lembra-te, meu amigo – 
respondeu o adivinho – que TUDO DEPENDE DA MANEIRA DE FALAR... 
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se. 
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou 
a guerra. Que a verdade deve ser dita em qualquer situação não resta dúvida. 
Mas a forma com que ela é comunicada tem provocado, em alguns casos, 
grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. 
Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas 
se a envolvermos em uma delicada embalagem e a oferecermos com ternura, 
certamente será aceita com alegria e gratidão. Portanto, há muitas maneiras de 
exprimir a mesma ideia, entretanto, haverá sempre uma melhor!
FONTE: TORQUATO, G. Tratado de comunicação organizacional e política. 2. ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2010.
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
129
2.3 COMUNICAÇÃO NA ENFERMAGEM
Para esclarecer sobre a comunicação na enfermagem, ela é um mecanismo 
essencial para a prestação do cuidado aos pacientes, pois se manifesta em todo 
o momento, em todas as ações realizadas com o paciente, seja para esclarecer, 
explicar, consentir, aprovar ou atender as suas necessidades vitais. Para a execução 
do trabalho do enfermeiro a comunicação é uma via em que o profissional opera, 
a fim de desenvolver e aprimorar o saber-fazer profissional.
A função do enfermeiro não se fixa apenas em executar técnicas ou 
procedimentos, mas de executar uma ação generalizada, ou seja, dentro de uma 
gama de atividades, ele precisa ampliar a habilidade de comunicação. Assim, 
utilizando a comunicação como ferramenta básica do enfermeiro, ela se torna 
uma maneira de atender as necessidades do paciente.
Com relação ao relacionamento entre enfermeiro e paciente, o processo 
de comunicação precisa ser eficaz para dispor de uma assistência com excelência 
e de maneira individualizada, para atender as suas necessidades. Dessa forma, 
o processo de comunicação com o paciente não deve se caracterizar por uma 
relação de submissão, mas de cuidados de saúde com atitudes de compaixão, 
percepção e sintonia entre ambos.
Para o profissional que trabalha na saúde, a comunicação é dita como uma 
ferramenta de trabalho, porque, por meio de uma conversa com o paciente, se 
constrói um alicerce de confiança e assim a compreensão ocorre mais facilmente, 
objetivando atender as necessidades que o paciente requer.
Stefanelli (2005) corrobora nesse sentido informando que no desempenho 
de suas funções, o enfermeiro precisa da comunicação para relacionar-se com as 
pessoas das várias equipes existentes nas instituições de saúde, bem como para 
estabelecer uma relação de cuidado com o paciente e sua família.
Para Bordenave (2005, p. 36), 
a comunicação serve para que as pessoas se relacionem entre si, 
transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia. Sem a 
comunicação, cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo. 
Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, ideias 
e sentimentos. Ao se relacionarem como seres interdependentes, 
influenciam-se mutuamente e, juntas, modificam a realidade onde 
estão inseridas.
O sucesso na comunicação não depende só da forma como a mensagem 
é transmitida, a compreensão dela é fator fundamental, devemos lembrar que 
vivemos em sociedade de cultura diversificada, e o que às vezes parece certo, 
para os sujeitos não é tão claro assim (BORDENAVE, 2005).
130
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
O profissional de saúde tem o dever de entender a mensagem que o 
paciente transmite, às vezes essa mensagem é clara, outras vezes, o profissional 
requer habilidade para compreender o real objetivo, necessitando decifrar a 
intenção da mensagem, para só então estabelecer um plano de assistência.
Somente com a comunicação efetiva é que o profissional poderá ajudar o 
paciente a conceituar seus problemas, visualizar sua participação na experiência 
e alternativas de solução dos mesmos, além de auxiliá-lo a encontrar novos 
padrões de comportamento (SILVA, 2008).
Há uma gama de profissionais na área da saúde, mas o enfermeiro é um 
dos que mais interage com o paciente, pois presta cuidados diretos e, por estar 
mais próximo, necessita estar atento à utilização adequada das interfaces da 
comunicação interpessoal.
3 DIREITOS DO PACIENTE
Atualmente há uma preocupação constante sobre os direitos que o paciente 
tem sobre seu corpo, sua saúde e sua vida, mas nem sempre foi assim, pois o 
médico era o profissional soberano e decidia, sem interferência do paciente, sobre 
qual decisão tomar. 
Apesar de a medicina avançar rapidamente utilizando o progresso em 
favor da humanidade e usando equipamentos de última geração para confirmar 
diagnósticos ou tratamentos, muitas vezes, o paciente se sente refém da ciência, 
pois não é atendido na sua integridade emocional, mas apenas fisicamente. 
Essa questão referente aos direitos do paciente chegou a entrar em colapso, 
pois familiares e os próprios pacientes estavam argumentando contrariamente 
à opinião dos médicos, até que o Código de Ética entrou em vigor em 1988, 
assegurando vários direitos aos pacientes, entre eles estão o acesso ao prontuário, 
linguagem clara e sem jargões, prescrição e receita realizadas no computador.
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
131
FIGURA17 - EXEMPLO DE DIREITOS DO PACIENTE
FONTE: Disponível em: <https://www.pinterest.com>. Acesso em: 2 jun. 2018.
Dessa forma, o paciente tem a liberdade de acessar seu prontuário, recusar 
tratamento médico e intervenções cirúrgicas; em contrapartida, o paciente não 
pode fazer o que bem entender, pois ele também tem algumas obrigações, como 
a de respeitar o médico, manter um diálogo e conduta compatíveis com a moral, 
além de seguir a conduta e orientações médicas. 
Havendo respeito mútuo entre médico e paciente, ocorrendo explicações 
claras, precisas e convincentes, envolvendo atenção, segurança e humanização, 
cria-se um vínculo positivo, o que minimizará algum contratempo que possa 
acontecer durante o tratamento.
Como este tópico aborda a comunicação, o ponto fundamental de toda a 
consulta médica em que o paciente é submetido tem como base a comunicação, 
pois caso não haja compreensão na linguagem médica para o seu tratamento, a 
problemática poderá ser instaurada e o médico inclusive correrá risco de ser mal 
interpretado, podendo ser alvo de ação judicial.
132
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
4 DIREITO À VIDA
Vamos estudar brevemente os direitos do paciente sobre a sua própria 
vida, sendo o elemento principal do ser humano, mas será que a autonomia da 
vontade é soberana para o paciente, em qualquer ocasião? Certamente há regras 
de conduta para a vida, então vamos entender como funcionam.
Qualquer pessoa daria todos os seus bens para recuperar a sua própria 
saúde, certo? Talvez, mas partindo do princípio de que o ser humano tem o 
intuito de viver de forma digna, confortável e feliz, necessita obrigatoriamente, 
para cumprir esses requisitos, de uma ótima saúde.
Mas, e se de repente você ou algum ente familiar é acometido por uma 
doença incurável, que acarreta dor, sofrimento, gastos financeiros, além do 
desgaste físico e emocional e, em função de todo esse esgotamento, muitas 
pessoas acabam desejando a morte e acabam buscando esse direito? 
Há uma outra questão que se refere também à preferência pela morte, no 
caso de Testemunhas de Jeová, que se recusam a aceitar transfusão de sangue. 
Podemos exemplificar um caso real, quando uma gestante deu à luz um bebê, 
mas teve complicações no parto e, se não recebesse bolsa de sangue, certamente 
entraria em choque anafilático e iria a óbito, mas, ainda consciente, informou que 
não aceitaria o tratamento com bolsa de sangue.
O que fazer nessa hora? A paciente tem o direito de morrer? O médico tem 
o direito de realizar a transfusão de sangue? Vamos analisar a situação.
FIGURA 18 - REPRESENTAÇÃO QUANTO À DECISÃO MÉDICA DE FAZER 
TRANSFUSÃO DE SANGUE OU NÃO
FONTE: Disponível em: <https://lifemeetstheology.com>. Acesso em: 2 
jun. 2018.
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
133
O profissional médico está envolvido em um conflito de valores, de um 
lado a questão religiosa e, de outro, o juramento que realizou de salvar vidas. 
Você sabe o que deve ser feito?
O comportamento prático-moral que se encontra no meio social faz com 
que o ser humano crie, a partir de determinados problemas, atitudes que o levem 
a um denominador comum e avalie as situações de uma maneira, a partir das 
experiências vividas dentro da sociedade em que está e das experiências e dos 
costumes de suas comunidades.
FIGURA 19 – CONTROVÉRSIAS NA TRANSFUSÃO DE SANGUE 
FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/
transfusao-de-sangue-riscos-e-beneficios>. Acesso em: 2 jun. 2018.
O médico poderá tomar uma conduta baseada nos valores, na moral, na 
ética e avaliar qual a decisão mais coerente, baseado nas experiências práticas já 
ocorridas, entretanto, em casos polêmicos, ele precisa se reportar à lei.
Nesse caso em específico, não há lei que obrigue o profissional a fazer 
a transfusão de sangue e também não há lei que impeça as pessoas que são 
Testemunhas de Jeová de optarem por não receber a transfusão. O que o Judiciário, 
através de jurisprudências, sugere, é que o médico ingresse com um pedido de 
liminar, informando ao juízo competente a situação e solicitando o direito legal 
de fazer a transfusão de sangue.
Mesmo que o paciente aceite os riscos que a ausência da transfusão 
sanguínea poderá causar, o que se busca no Judiciário é a preservação da vida, 
portanto, ela deve ser superior a qualquer expressão de vontade, assim, a maioria 
dos juízes tem autorizado o procedimento em questão.
O direito à vida é o principal direito que temos e dela vem assegurados 
todos os demais direitos, expressos na Constituição Federal do Brasil de 1988 
(BRASIL, 2018):
Art. 5º caput “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
134
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade”.
A vida é resguardada pela Constituição Federal, é um bem que não pode 
ser violado, inclusive o legislador instituiu uma cláusula pétrea na Carta Magna, 
proibindo a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada.
5 LEGISLAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM: 
ÓRGÃOS DE CLASSE
A enfermagem possui alguns órgãos representativos que foram criados 
a fim de oferecer amparo legal para esses profissionais, já que o reconhecimento 
dessa profissão aconteceu após séculos de cuidados realizados com o ser humano, 
objetivando assim condições dignas de trabalho.
Os órgãos de classe são conselhos constituídos por profissionais de 
enfermagem, com diretorias eleitas democraticamente pelos seus representantes 
e que têm a principal função de registrar, fiscalizar e disciplinar a profissão de 
enfermagem.
Os conselhos auxiliam a categoria a executar o seu trabalho de maneira 
digna, segura, com garantia do respeito de outros profissionais e da sociedade. 
Além de estabelecer direitos, os conselhos também estabelecem obrigações por 
parte da enfermagem, que, se não cumpridas, os profissionais são penalizados e 
algumas vezes acabam incidindo no Código Penal por sua contravenção ou crime.
O Conselho de Enfermagem e os Conselhos Regionais foram criados pela 
Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, com publicação no Diário Oficial da União de 
13 de julho de 1973. A categoria reivindicou por melhores condições de trabalho 
durante muito tempo e sempre buscou amparo legal para isso, finalmente, após 
um processo moroso, ela conseguiu atingir seus objetivos (COFEN, 2018).
Foi através da contribuição do Dr. Jurandir Lodi, por meio de suas reflexões 
sobre saúde e enfermagem, argumentando que haveria necessidade de criar um 
órgão que estabelecesse disciplina e fiscalização do exercício profissional, que em 
1947, na capital paulista, durante o I Congresso Brasileiro de Enfermagem, foi 
recomendada a criação dos Conselhos de Enfermagem (COFEN, 2018).
Após a recomendação, foi encaminhado um projeto ao Ministro da 
Educação e Saúde requerendo um órgão que oferecesse normas e orientações, 
inclusive não só voltado aos aspectos do exercício, mas também com o ensino de 
enfermagem.
Após muitas mudanças no projeto, a lei foi promulgada e então criados 
os Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem, os quais foram vinculados ao 
Ministério do Trabalho. 
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
135
Como vimos, os conselhos eram vinculados ao Ministério do Trabalho, 
entretanto, a partir de 1998, com a Lei nº 9.649/98, os Conselhos Profissionais 
passaram a ser entidades de direito privado, assim, não prestavam contas 
ao Tribunal de Contas da União. Portanto, a partir de 1988, os Conselhos se 
desvincularam do poder público. Os Conselhos atualmente são registrados como 
entidades sem fins lucrativos e possuem imunidade tributária (PASTORE, 1999).
Muitas pessoas confundem os termos associação, sindicato e conselho, 
então, sem delongas na explicação, escolhemos um quadro comparativo que 
facilitará o entendimento com relação ao objetivo de cada termo.
FIGURA 20 - QUADRO COMPARATIVO ENTRE ASSOCIAÇÃO,SINDICATO 
E CONSELHO
FONTE: Disponível em: <https://fisioterapiaeumpoucomais.blogspot.
com/2016/06/associacao-conselho-ou-sindicato.html>. Acesso em: 2 
jun. 2018.
5.1 ABEN
A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) foi o primeiro marco a 
ser criado e ter representatividade na enfermagem, fundada em 1926 por duas 
enfermeiras que se formaram na Escola Anna Nery. Para Geovanini (2010, p. 36), 
“suas comissões tiveram papel relevante no desenvolvimento da Enfermagem 
brasileira, principalmente nos aspectos de legislação e educação”. 
Hoje a ABEN é uma representação de direito privado, de caráter cultural 
e assistencial, de filiação facultativa, sem fins lucrativos, e engloba Enfermeiros; 
Técnicas de Enfermagem; Auxiliares de Enfermagem; estudantes de cursos de 
Graduação em Enfermagem e de Educação Profissional de Nível Técnico em 
Enfermagem; Escolas, Cursos ou Faculdades de Enfermagem (ABEN, 2018).
É regida por estatuto nacional e estaduais, possui normativas próprias 
que regulam os atos administrativos da gestão. Suas decisões, fontes de recursos 
e patrimônio são definidos, fiscalizados e controlados por órgãos e instâncias de 
deliberação, administração, execução e de fiscalização (ABEN, 2018).
136
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
As principais finalidades da ABEN (2018) são:
• promover o desenvolvimento político, social e científico das categorias que a 
compõem;
• defender a consolidação da educação em Enfermagem e da pesquisa científica;
• promover a educação e a cultura em geral;
• defender políticas e programas que visem à melhoria da qualidade de vida da 
população;
• primar pelo acesso universal e equânime aos serviços social e de saúde.
Um ponto importante a ser destacado como uma das conquistas da 
ABEN foi a edição de uma revista da enfermagem em 1932, chamada de Anais 
de Enfermagem, que sofreu alteração do nome para Revista Brasileira de 
Enfermagem e que, para surpresa de todos, ainda circula, com novas edições nos 
dias de hoje (OGUISSO, 2007), porém, desde 2016, está sendo publicada apenas 
na versão eletrônica.
FIGURA 21 - EXEMPLAR DA REVISTA BRASILEIRA DE ENFERMAGEM
FONTE: Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/alerta_
eletronico/2011_04/periodicos.php>. Acesso em: 2 jun. 2018.
5.2 COFEN 
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) foi criado em 12 de julho 
de 1973, pela Lei nº 5.905, esse conselho tem a responsabilidade de normatizar 
e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de 
enfermagem, prezando pela qualidade dos serviços prestados e pelo cumprimento 
da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem (COFEN, 2018).
Possui jurisdição em todo o território nacional e sede no Distrito Federal, 
é composto por nove membros efetivos e nove suplentes, com diploma de curso 
de Enfermagem de nível superior, ao COFEN estão subordinados os Conselhos 
Regionais.
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
137
Conforme o site do COFEN, a tabela, representada pela figura a seguir, 
apresenta a quantidade de profissionais, separados por auxiliares, técnicos e 
enfermeiros, com data-base de 2018, que estão com a inscrição ativa no Brasil.
FIGURA 22 - NÚMERO DE PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM INSCRITOS DO CONSELHO FEDERAL 
DE ENFERMAGEM
Quantitativo de Profissionais por Regional
UF Data de Referência
Total 
Auxiliares Total Técnicos
Total 
Enfermeiros
Total 
Obstetrizes Total
AC 01/04/2018 649 4,756 2.125 0 7.530
AL 01/04/2018 5.372 12.003 6.051 0 23.426
AM 01/04/2018 3.387 28.620 9.252 0 41.259
AP 01/05/2018 915 9.271 1.920 0 12.106
BA 01/05/2018 14.218 73.209 33.693 0 121.120
CE 01/04/2018 14.457 36.281 19.320 0 70.058
DF 01/05/2018 3.224 31.505 12.203 0 46.932
ES 01/04/2018 4.074 25.248 8.275 0 37.597
GO 01/04/2018 5.119 34.728 14.403 89 54.339
MA 01/04/2018 4.124 33.870 12.453 0 50.447
MG 01/04/2018 22.353 106.347 46.189 1 174.890
MS 01/04/2018 3.418 12.534 6.353 1 22.306
MT 01/04/2018 2.664 15.848 8.276 0 26.788
PA 01/05/2018 8.196 45.215 11.513 0 64.924
PB 01/04/2018 4.036 21.496 11.973 0 37.505
PE 01/04/2018 13.059 59.001 21.937 0 93.997
PI 01/04/2018 5.843 18.092 9.073 2 33.010
PR 01/04/2018 23.271 46.745 24.115 0 94.131
RJ 01/04/2018 50.288 155.804 51.117 2 257.211
RN 01/04/2018 5.963 19.247 8.275 0 33.490
RO 01/04/2018 2.883 9.409 3.459 1 15.752
RR 01/04/2018 1.384 4.817 1.477 0 7.678
RS 01/04/2018 13.766 83.260 24.249 0 121.275
SC 01/04/2018 6.424 35.954 13.707 1 56.086
SE 01/04/2018 6.567 9.413 4.841 0 20.821
SP 01/04/2018 191.717 191.558 123.370 242 506.887
TO 01/04/2018 1.013 11.129 4.951 0 17.093
Total 01/04/2018 418.389 1.135.360 494.570 339 2.048.658
FONTE: Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros>. Acesso em: 2 jun. 2018.
Conforme COFEN (2018), as principais funções desse conselho são:
• normatizar e expedir instruções para uniformidade de procedimentos e bom 
funcionamento dos Conselhos Regionais; 
• apreciar em grau de recurso as decisões dos CORENs; 
138
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
• aprovar anualmente as contas e a proposta orçamentária da autarquia, 
remetendo-as aos órgãos competentes; 
• promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional. 
5.3 COREN
O Conselho Regional de Enfermagem constitui-se em uma autarquia 
federal fiscalizadora do exercício profissional de Enfermagem, que tem por 
finalidade a normatização, disciplina e fiscalização do exercício da Enfermagem 
em observância aos preceitos legais e princípios éticos profissionais.
Cada Estado do Brasil possui um COREN, mas para essa constituição é 
necessário que haja pelo menos 50 enfermeiros na região, sendo que pode haver 
com cinco a 21 membros e outros tantos suplentes, todos de nacionalidade 
brasileira, na proporção de três quintos de enfermeiros e dois quintos de 
profissionais das demais categorias de pessoal de enfermagem reguladas em lei 
(COREN, 2018).
FIGURA 23 - SÍMBOLO DO COREN DE SANTA CATARINA
Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina
SC
FONTE: Disponível em: <http://www.corensc.gov.br/>. Acesso em: 3 
jun. 2018.
Conforme COREN (2018), as principais funções desse conselho são:
• deliberar sobre inscrição no Conselho, bem como o seu cancelamento; 
• disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais 
do COFEN; 
• executar as resoluções do COFEN; 
• expedir a carteira de identidade profissional, indispensável ao exercício da 
profissão e válida em todo o território nacional; 
• fiscalizar o exercício profissional e decidir os assuntos atinentes à ética 
profissional, impondo as penalidades cabíveis; 
• elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento 
interno, submetendo-os à aprovação do COFEN; 
• zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam; propor ao COFEN 
medidas visando à melhoria do exercício profissional; 
• eleger sua Diretoria e seus delegados eleitores ao Conselho Federal; 
• exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei nº 5.905/73 e 
pelo COFEN. 
TÓPICO 2 | CONDUTA PROFISSIONAL
139
Convidamos você, acadêmico, a assistir a um breve vídeo sobre a diferença 
entre COFEN e COREN, basta acessar: <https://www.youtube.com/watch?time_
continue=100&v=mDo74xlxj5w>.
140
Após o estudo deste tópico, o acadêmico será capaz de:
• A comunicação é um processo de interação humana, ou seja, ela dirige as ações 
do indivíduo e tem o objetivo de informar algo a alguém.
• Na vida profissional de um enfermeiro, a comunicação é utilizada como 
ferramenta de trabalho.
• A função do enfermeiro não se limita apenas em executar técnicas ou 
procedimentos, mas ele precisa desenvolver habilidade de comunicação.
• O paciente tem toda liberdade de acessar seu prontuário.
• O direito à vida é resguardado pela Constituição Federal.
• A enfermagem possui alguns órgãos representativos, os quais foram criados a 
fim de oferecer amparo legal para esses profissionais.
RESUMO DO TÓPICO 2
141
AUTOATIVIDADE
1 Explique o que você entende por comunicação.2 O objetivo da comunicação é garantir que o receptor receba a mensagem do 
emissor e que consiga interpretar de maneira correta a intenção do emissor. 
Com relação à palavra comunicação, ela deriva do latim comunicare e 
significa:
( ) Repartir.
( ) Extorquir.
( ) Desalinhar.
( ) Omitir.
3 Com relação aos órgãos de classe da enfermagem, podemos dizer que:
( ) Os representantes eleitos têm a função de registrar, fiscalizar e disciplinar 
o exercício da enfermagem no Brasil.
( ) Não há eleição para compor a diretoria, pois os representantes são 
escolhidos pelo presidente.
( ) Não existe COREN desde 2010, pois apenas o Conselho Federal de 
Enfermagem é que está responsável pelo exercício da profissão.
( ) Não existe penalidade para o exercício ilegal da profissão.
4 Cite uma finalidade da Associação Brasileira de Enfermagem.
142
143
TÓPICO 3
IMPLICAÇÕES LEGAIS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A equipe de enfermagem é composta por profissionais que mais 
permanecem com o paciente, através do cuidado diário, dialogando e trocando 
informações, assim, o profissional coloca seu conhecimento e cuidados à 
disposição do paciente, objetivando promover o restabelecimento da saúde.
Durante a comunicação é que ocorre muitas vezes a confidencialidade de 
informações, o que requer, dos profissionais envolvidos, seriedade e preservação 
do sigilo da informação, com respaldo nos princípios éticos e morais.
É importante lembrar que não se pode fazer acepção de pessoas, seja 
em função de sexo, cor, ideologia ou outras características, o que se deve levar 
em consideração é a obrigação de prestar serviço profissional a quem está 
necessitado, com intuito de manter uma conduta íntegra, eficaz para o efetivo 
restabelecimento do paciente.
Para que a equipe de enfermagem ofereça um atendimento embasado 
no conhecimento técnico-científico, é necessário empenho, estudo e dedicação, 
a começar pela correta evolução de enfermagem, informando o estado de saúde 
geral do paciente.
Anotações corretas por parte dos profissionais indicam um 
restabelecimento seguro e coerente para a recuperação da saúde de quem está 
convalidado, oferecendo embasamento das condições do paciente, para que o 
médico possa conduzir o tratamento da forma adequada.
Então vamos entender mais sobre este assunto!
2 SIGILO PROFISSIONAL OU RESPONSABILIDADE 
PROFISSIONAL
O sigilo profissional é uma obrigação que algumas profissões carregam, 
como psicólogos, enfermeiros, médicos, advogados, entre outras, é um dever 
que está relacionado com a ética e com a moral, pois a pessoa que requer sigilo 
deposita sua confiança e revela segredos que outras pessoas jamais saberão.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
144
A ética e o segredo profissional andam juntos, ou seja, um está ligado 
ao outro, são valores que devem ser seguidos por qualquer profissional. Mas há 
determinadas áreas em que o segredo profissional exige uma parceria maior, 
como na área jurídica e na área da saúde.
Para Canavezi (2009 p. 37), a “origem da palavra sigilo vem do latim 
sigillum e significa selo ou segredo”. Dessa forma, podemos reportar nosso 
pensamento na quebra das informações confiadas a um profissional de qualquer 
área de conhecimento, isso pode gerar um colapso para ambas as partes, pela falta 
de profissionalismo. As informações confiadas ao profissional pelo seu cliente 
devem ser resguardadas, sob a condição de não haver revelação do segredo, a não 
ser que a pessoa que está solicitando segredo permita que o profissional revele as 
informações, mediante expressa autorização.
O código de ética dos profissionais de enfermagem, no Capítulo II, que 
aborda sobre os deveres do Enfermeiro, expressa no artigo 52: “Manter sigilo sobre 
fato de que tenha conhecimento em razão da atividade profissional, exceto nos 
casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimento 
escrito da pessoa envolvida ou de seu representante legal” (COFEN, 2018).
O profissional que em razão do seu trabalho divulgar segredo para 
prejudicar alguém, terá cometido uma infração legal, sendo considerado crime, e está 
enquadrado no Código Penal no artigo 154, descrevendo como delito de violação de 
segredo profissional, que consiste no ato de divulgar, sem justificativa, segredo de 
que tenha tido ciência em razão de relação profissional, e cuja revelação possa causar 
prejuízo a alguém. Vejamos o que diz o artigo em questão (CIRINO, 2007): 
Art. 154 Revelar a alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência 
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação 
possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
FIGURA 24 - DIVULGAÇÃO DE SEGREDO É CRIME
FONTE: Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/
direito-facil-1/violacao-do-segredo-profissional-1>. Acesso em: 3 jun. 2018.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
145
O sigilo profissional independe de a pessoa querer, pois está implícito na 
profissão. Imagine que você é casado e conhece outra pessoa na sua intimidade 
e acabam tendo um relacionamento extraconjugal, então essa atitude deixou 
você abalado emocionalmente, e você resolve procurar um psicólogo, e este 
profissional quebra o sigilo da consulta e conta para um amigo que conhece seu 
cônjuge... o “estrago” está feito!
O sigilo profissional requer intrinsecamente que a informação fique 
resguardada, assim, o profissional deve estabelecer o fiel cumprimento de seu 
trabalho e juramento profissional, em não informar o assunto sigiloso.
FIGURA 25 - QUEBRA DO SIGILO É CRIME
FONTE: Disponível em: <http://leisenado.blogspot.com/2016/10/
quebrar-o-sigilo-profissional-e-crime.html>. Acesso em: 4 jun. 2018.
Vários mecanismos legais resguardam o segredo profissional, por 
exemplo: a Constituição Federal brasileira, o Código Penal, o Código Civil, o 
Código de Processo Penal, a Lei das Contravenções Penais, o Código de Processo 
Civil e as leis esparsas.
Oliveira (2012, p. 60) diz que o segredo profissional é conceituado como:
O conhecimento íntimo e pessoal no exercício da profissão faz parte 
do que se denomina de segredo natural ou segredo confiado e só se 
pode usar para melhor prestação de serviço e não para outros fins, a 
não ser em casos de grave e urgente perigo para o cliente, para si, para 
terceiros ou para o bem comum.
A relação entre paciente e o profissional deve estar alicerçada na 
confiança, além disso, todo profissional deve seguir e respeitar seu código de 
ética disciplinar, e algumas classes ainda possuem o código de deontologia, que 
são normas que estabelecem diretrizes para a atuação profissional.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
146
Deontologia é um conglomerado de normas e regras que orientam a conduta 
do homem na vida profissional e normalmente delineia a ética e a moral como formas 
de determinar a conduta que o profissional deve ter no exercício do seu labor.
Carlin (2007, p. 42) analisa axiologicamente a palavra deontologia e 
explica que:
Deontologia vem de dois vocábulos gregos e significa deontas, o que 
é obrigatório, aquilo que é preciso fazer (são os deveres de uma 
profissão), e logos é o conhecimento transmitido mediante provas, é ov 
discurso prático sobre uma matéria (logos: ciência ou estudo).
Oliveira (2012) também faz sua contribuição no que diz respeito à deontologia, 
informando que é necessário fazer uma reflexão no sentido de analisar a deontologia 
como uma ciência que determina a conduta das atividades profissionais, sob o ponto 
de vista da retidão moral ou honestidade, estabelecendo condutas positivas.
Um elemento também importante que está alinhado com o exercício da 
profissão é a honestidade do profissional com o paciente, durante toda a execução 
do relacionamento. A falta de honestidade traz prejuízos a todos os elementos 
envolvidos e traz repercussões de acordo com a extensão de seus atos.
Atualmente temos uma gama de legislações e normas que conduzem a 
vida dos profissionaisno exercício da sua profissão, é necessário estudar e se 
inteirar sobre essas condutas, seja código de ética, moral, código disciplinar, 
direitos, obrigações e sanções.
Uma mudança importante, que ocorreu em dezembro de 2017, foi a 
reformulação do código de ética da enfermagem, portanto, hoje fala-se no novo 
código de ética da enfermagem, em razão dessa reformulação.
UNI
Convidamos você, acadêmico, para acessar o site <http://www.cofen.gov.br/
resolucao-cofen-no-5642017_59145.html> e conferir o novo Código de Ética Médica. Se você 
já conhece o código de ética de 2007, verá que não teve muita alteração, foi mais a questão 
de organização, mudança da disposição dos parágrafos e acréscimo de algumas medidas.
As novas diretrizes foram adaptadas aos tempos atuais, com uma 
linguagem mais simples, oferecendo segurança ao exercício profissional. É 
interessante destacar que o COREN de alguns estados criou formulário on-line 
para que o profissional de enfermagem pudesse contribuir com a sua sugestão, 
portanto, podemos dizer que a construção do novo código de enfermagem foi 
realizada de maneira democrática.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
147
3 REGISTRO DE ENFERMAGEM
Você sabe o que é registro de enfermagem? São as anotações de toda 
conduta terapêutica, de reabilitação e da saúde do paciente, ou seja, são todos os 
registros a que o paciente foi submetido.
Até algumas décadas, todo o registro era realizado manualmente, nos 
tempos modernos, os registros também sofreram evolução e a maioria dos 
estabelecimentos possui softwares que facilitam o registro digital.
Então vamos estudar sobre o registro de enfermagem?
3.1 CONCEITO E FINALIDADE
Muitos autores oferecem definições para o registro de enfermagem, no fundo, 
todos os conceitos oferecem a mesma ideia. Possari (2005, p. 132) informa que 
[...] todos os registros das informações do cliente/paciente, das 
observações feitas sobre o seu estado de saúde, das prescrições de 
enfermagem e de sua implementação, da evolução de enfermagem e 
de outros cuidados, entre elas a execução das prescrições médicas.
O registro de enfermagem é importante, porque traz para o prontuário a 
comunicação dos fatos que acontecem com o paciente, com o objetivo de manter 
uma história coerente e confiável, referente aos acontecimentos durante o período 
em que o paciente permanece sob os cuidados da enfermagem.
Ainda para o mesmo autor, a comunicação entre a equipe profissional é 
significativa, para que os profissionais operem de maneira satisfatória, garantindo 
assistência com eficiência e segurança, com vistas ao atendimento das demandas 
do processo saúde-doença do paciente.
Essa comunicação da enfermagem escrita ou digital disponibilizada à 
equipe de saúde, referente aos cuidados prestados ao paciente, chama-se registro 
de enfermagem. Essa medida acontece, porque a enfermagem tem o dever legal 
de fazer as anotações, após cada procedimento, para isso a linguagem deve ser 
clara, precisa, direta; se for escrito à mão, a letra deve ser legível e não pode conter 
rasuras.
Canavezi (2009) diz que a finalidade de registrar as informações do 
paciente no prontuário objetiva a socialização da informação, para que todos os 
profissionais de saúde acessem as mesmas informações. Dessa forma, o prontuário 
deve conter todas as informações pertinentes ao estado de saúde do indivíduo e 
toda a equipe tem a obrigação de evoluir com fidelidade essas informações.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
148
FIGURA 26 - FINALIDADE DO PRONTUÁRIO DO PACIENTE
FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/joselenebeatriz/relatrio-
de-enfermagem-enfermeira-joselene-beatriz>. Acesso em: 4 jun. 2018.
Além de oferecer a mesma informação à equipe de profissionais que 
trabalham com o paciente, os registros de enfermagem também possuem 
finalidades diversas, como pesquisa, fins de auditoria, provas para uma eventual 
ação jurídica, planejamento da assistência, dentre outros.
Para os médicos, a evolução de enfermagem, também conhecida por este 
nome, é importante para que a equipe médica alinhe condutas, de acordo com a 
evolução ou regressão do paciente, para tomadas de decisão e resolução quanto 
aos problemas de saúde do paciente.
A enfermagem é a categoria que mais permanece com o paciente durante 
sua jornada, pois é ela que presta cuidados de maneira integral, assim, o registro 
das condições gerais do paciente é importante para toda a equipe de saúde.
Canavezi (2009) acredita que os registros de enfermagem, evoluídos da 
maneira correta, constituem uma forma de comunicação eficiente e asseguram a 
diferença na assistência, tanto para o paciente quanto para a equipe profissional, 
oferecendo segurança para a instituição.
Em caso de ineficiência e falta de qualificação por parte do profissional 
de enfermagem, para fazer os registros, as falhas repercutirão negativamente na 
assistência direta ao paciente. Podemos exemplificar uma conduta inadequada 
na evolução de enfermagem, como abreviaturas, letra ilegível e terminologias 
incorretas, isso irá interferir na conduta dos demais profissionais, como o médico, 
no momento de indicar algum procedimento ou terapia ao paciente, pois o erro 
inicial irá gerar outro erro final. Da mesma maneira, o médico não pode fazer 
abreviações na prescrição do paciente para a enfermagem executar, pois também 
pode gerar erros durante a conduta de enfermagem.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
149
FIGURA 27 - OS CUIDADOS COM ABREVIATURAS NA PRESCRIÇÃO MÉDICA
FONTE: Disponível em: <https://experienciasdeumtecnicodeenfermagem.com>. Acesso 
em: 4 jun. 2018.
É importante destacar que na época de Florence Nightingale, conforme 
Leopardi (2002), ela valorizava a observação, a experiência e o registro de dados, 
fundamentais para o desenvolvimento de um bom trabalho, com repercussão 
positiva na resolubilidade da assistência e prognóstico do paciente. 
3.2 ASPECTOS LEGAIS
Há algumas normas que direcionam a conduta de um enfermeiro, uma 
delas é o Código de Ética da Enfermagem, publicado no Diário Oficial em 
2018, em alguns dos seus artigos fala expressamente sobre o dever que tem o 
profissional de enfermagem de fazer os registros corretamente, conforme Brasil 
(2017), então vejamos:
Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as informações 
inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar de forma clara, 
objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras.
Além dos vários deveres e obrigações expressos no Código de Ética 
da Enfermagem, também constam as proibições, veremos sobre o assunto em 
questão:
Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverídicas 
sobre a assistência de Enfermagem prestada a pessoa, família ou 
coletividade.
 
Diante de uma obrigação e proibição de condutas que o profissional de 
enfermagem necessita seguir, caso não haja submissão à lei, o profissional sofrerá 
penalidade, de acordo com a sua infração.
Conforme o Conselho Regional de Enfermagem (2009), “Os Registros de 
Enfermagem, além de garantir a comunicação efetiva entre a equipe de saúde, 
fornecem respaldo legal e, consequentemente, segurança, pois constituem o 
único documento que relata todas as ações da enfermagem junto ao paciente”. 
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
150
Dessa forma, fica evidente que o profissional de enfermagem deverá seguir 
a legislação pertinente à sua área, a fim de evitar danos ao tratamento, terapia 
ou reabilitação do paciente, caso contrário, poderá responder criminalmente ou 
administrativamente.
Se ocorrer erro nos registros, todo o esforço para manter um padrão de 
qualidade perde o seu valor legal, pois descaracterizará um atendimento autêntico 
e correto, visto que esses registros constituem evidência sólida do padrão de 
atendimento prestado ao cliente.
Até 2016, o enfermeiro que fazia a evolução de enfermagem tinha a 
obrigação de assinar e colocar o número do seu registro no COREN, para isso, 
somente o profissional que executou a atividade com o pacienteé que poderia 
assinar, pois se outro colega assinasse o registro, caracterizaria crime de falsidade 
ideológica.
Entretanto, a partir de 2017, qualquer procedimento executado pelo 
enfermeiro deve estar acompanhado da sua assinatura e do carimbo. O COFEN 
(2018) explica que o uso é obrigatório em recibos relativos ao recebimento de 
honorários, vencimento e salários decorrentes da profissão, requerimentos, 
petições e em qualquer documento assinado pelo enfermeiro, em cumprimento 
ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
 Falando nisso, você, enfermeiro, já providenciou o seu carimbo?
FIGURA 28 - MODELO PADRÃO DE UM CARIMBO DA ENFERMAGEM
FONTE: Disponível em: <http://mt.corens.portalcofen.gov.br/wp-content/
uploads/2018/02/mt-carimbo.jpg>. Acesso em: 4 jun. 2018.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
151
As anotações de enfermagem, no prontuário do paciente, são utilizadas 
também para faturamento e cobrança, auditoria interna ou externa, levantamento 
de informações estatísticas. Cabe destacar que para efetuar o pagamento de 
materiais hospitalares, medicamentos e quaisquer outros tipos de procedimento, 
são utilizados os registros de enfermagem.
Conforme Motta (2003), no Brasil os registros de enfermagem têm sido 
utilizados como base para pagamentos na assistência à saúde prestada ao cliente, 
isso acontece pela análise dos prontuários, primando por uma cobrança justa e 
pagamento correto.
O prontuário é um documento legal e serve como elemento na avaliação 
da prestação da assistência ao paciente, bem como levantando informações 
essenciais aos processos judiciais e operadoras de planos de saúde.
FIGURA 29 - CONCEITO DE AUDITORIA
FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/walqueroliveira9/auditoria-
de-enfermagem>. Acesso em: 4 jun. 2018.
A auditoria é um recurso muito utilizado em instituições ligada à saúde, 
com o objetivo de identificar fraquezas, ou seja, deficiências nos registros 
de enfermagem, dessa forma, com o levantamento deficitário, ocorre uma 
reestruturação de atitudes e comportamentos, a fim de melhorar a assistência 
prestada aos pacientes.
.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
152
4 IDENTIFICANDO ERROS NA RELAÇÃO PROFISSIONAL
O assunto de qualidade da assistência em saúde e da segurança do 
paciente sempre esteve em evidência, no sentido de assumir um significado 
relevante, porém, mesmo com muitas legislações, normas, auditoria, os erros de 
enfermagem ainda tomam posição significante.
Erro de enfermagem pode ser conceituado como um acontecimento 
que resulta em prejuízo físico ou emocional para o paciente, algumas revistas 
de enfermagem já publicaram, inclusive, que muitos erros nem chegam ao 
conhecimento do paciente, ou seja, são mascarados, porém sempre haverá 
consequências negativas que repercutem à saúde de quem está enfermo.
Um ponto que merece destaque é referente às normas éticas e legais que 
regem a profissão de enfermagem, pois não se pode pensar em exercer a vida 
profissional sem ter conhecimento sobre a legislação. A falta de conhecimento 
referente às normas e a falta de qualificação na prestação de assistência geram 
erros cruciais no desempenho da função, e ninguém pode se escusar de cumprir 
a lei, alegando que não a conhece.
Ramos et al. (2013) afirmam que o ensino da ética na formação de 
profissionais de enfermagem representa um campo fundamental na construção 
do papel dos futuros enfermeiros. 
Na prática, tanto as questões éticas, quanto a legislação de enfermagem, 
não são vistas com bons olhos pelos acadêmicos de Enfermagem, pois eles 
preferem disciplinas práticas de estágio e visitas técnicas, a ter que estudar o 
código de ética e lei do exercício profissional. É importante lembrar que todas as 
disciplinas que compõem o curso são essenciais para o bom desempenho na vida 
profissional.
Erros acontecem em qualquer profissão, entretanto, na assistência ao 
paciente os erros precisam ser superados, pois o que está em questão é a vida 
humana. Quando falamos em administração de medicamentos, parece que este 
ganha repercussão internacional, pois os erros são assustadores. Para evitar erros 
corriqueiros neste manejo, foi criada uma estratégia chamada de Nove certos, a 
fim de evitar ocorrências de eventos indesejados ao paciente.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
153
FIGURA 30 - NOVE CERTEZAS PARA REALIZAR UM PROCEDIMENTO
FONTE: Disponível em: <http://www.socimage.net/tag/AdministracaoDeMed
icamentos>. Acesso em: 4 jun. 2018.
A enfermagem consegue evitar erros no desenvolvimento dos 
procedimentos, principalmente na aplicação de medicamentos, basta atuar 
com concentração e ter certeza do que está sendo feito. Além disso, os erros de 
medicação são passíveis de prevenção, por meio da medida dos “Nove certos”.
Outra questão que costuma gerar erros no cotidiano da enfermagem 
é a sobrecarga de atividades, para o profissional de enfermagem, esse fator 
externo é uma constante no desempenho do seu trabalho. Muitas vezes, a 
enfermagem se responsabiliza por mais de um setor hospitalar e isso ocorre por 
mal dimensionamento ou por falta de colegas. Além disso, a complexidade do 
trabalho também é um fator de sobrecarga, sem falar da relação que se estabelece 
entre a enfermagem x paciente, enfermagem x familiares, enfermagem x médico.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
154
FIGURA 31 - REPRESENTAÇÃO DE UMA ENFERMEIRA SOBRECARREGADA 
NA UNIDADE HOSPITALAR
FONTE: Disponível em: <http://www.sindsaudepr.org.br/noticias/2/
noticias/4807/enfermagem-pede-socorro!>. Acesso em: 4 jun. 2018.
Como citamos, o mal dimensionamento também é motivo para ocasionar 
erros na prestação de serviço, além de gerar desgaste mental para o profissional, 
também gera desgaste físico, surgindo queixas as mais variadas possíveis, como 
dores no corpo, estresse e até doenças.
Podemos citar muitos canais que ocasionam erros da atuação da 
enfermagem, mas é interessante saber que o COREN São Paulo, em 2011, divulgou 
13 tipos de erros mais comuns na enfermagem, são eles: erro de medicação, erro 
de prescrição, erro de dispensação, erro de omissão, erro de horário, erro de 
administração não autorizada de medicamento, erro de dose, erro de apresentação, 
erro de preparo, erro de administração, erro com medicamentos deteriorados, 
erro de monitoração e erro em razão da não aderência do paciente e da família.
Vários autores divulgam, cada um com seu entendimento e análise, os 
motivos por que ocorrem os erros nos procedimentos da equipe de enfermagem, 
entre as causas estão: excesso de trabalho, escala mal dimensionada, tarefas em 
demasia, excesso de horas de trabalho, excesso de pacientes, falta de registro, 
falta de evolução, falta de preparo dos profissionais, mal formação acadêmica, 
falta de experiência, troca de prontuários, falhas de comunicação, letra ilegível na 
prescrição médica, ausência de conhecimento para realizar cálculos e dosagens 
dos medicamentos.
Reason (2009) lançou a teoria do queijo suíço para explicar a ocorrência 
de falhas do sistema, como os incidentes que ocorrem na prestação da assistência 
ao paciente. Esse modelo demonstra que na ocasião de um erro, o resultado gera 
uma sequência de erros no processo, representados por orifícios das fatias de 
queijo e que raramente um erro em uma única ponta é suficiente para causar 
dano. Esses furos estão em constante movimento, abrindo, fechando e mudando 
de localização, portanto, quando estes furos são alinhados, oportunizam o perigo, 
a ocorrência de erro.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
155
O autor ainda sugere a necessidade de diminuir os orifícios do queijo 
suíço, para criar diversas camadas sobrepostas (barreiras), objetivando impedir o 
realinhamento dos buracos, evitando assim que o erro ocorra.
FIGURA 32 - MODELO DO QUEIJO SUÍÇO ADAPTADO À MEDICAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://coenfmg.com.br/noticias_detalhes.php?id_not=15>. 
Acesso em: 4 jun. 2018.
Assim, a Teoria do Queijo Suíço traz várias reflexões e uma delas está 
dentro da perspectivadas falhas humanas, contribuindo para os acidentes 
causados pela equipe de enfermagem, porém, não há uma solução exata para 
os problemas, mas uma coisa fica bem evidente: que planejamento pode ser 
realizado, a fim de minimizar os impactos ao paciente.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
156
LEITURA COMPLEMENTAR
Caro acadêmico, trouxemos para você uma entrevista com a enfermeira Ivana 
Siqueira, que trabalha no Hospital Sírio Libanês, e o Dr. Dráuzio Varella.
Profissão enfermagem 
22 de maio de 2018
A maioria das enfermeiras do passado era treinada na prática da profissão. 
Aprendiam com as mais velhas a cuidar dos doentes e a portar-se de acordo com 
as normas e exigências que as circunstâncias e a ocasião exigiam. Eram mulheres 
abnegadas, experientes, mas com pouco preparo teórico que fundamentasse seu 
trabalho profissional.
No mundo moderno, enfermagem é uma carreira que exige formação 
universitária. Enfermeiros e enfermeiras estudam muito, fazem cursos de mestrado 
e doutorado, assumem postos nas universidades e exercem funções absolutamente 
fundamentais nos hospitais. Não existe hospital que possa fazer medicina de ponta 
se não contar com um corpo de enfermagem homogêneo e bem preparado.
Drauzio – Enfermagem ainda é uma profissão predominantemente 
feminina?
Ivana Siqueira – Até alguns anos atrás, eu diria poucos anos, praticamente 
só havia mulheres enfermeiras. Atualmente, acredito que muitos homens estejam 
optando por essa profissão, motivados pelo fato de existir maior oferta de trabalho 
nos hospitais, não só no que se refere à assistência aos pacientes, mas também na 
área administrativa e de ambientação (serviço de recepção, lavanderia, auditoria 
etc.) e nas universidades.
É importante destacar, porém, que a vocação para ser enfermeiro ou 
enfermeira está diretamente ligada ao cuidar dos doentes. Acima de tudo, é isso 
que faz as pessoas optarem por essa profissão.
Drauzio – Considerando sua experiência profissional de quase 20 anos, 
que diferença você vê entre a enfermagem de hoje e a que existia quando você 
se formou?
Ivana Siqueira – Atualmente, a profissão é muito mais complexa e, por 
conseguinte, mais complexas são as áreas educacionais que têm por objetivo 
preparar esses profissionais que atuam na linha de frente dos hospitais.
Ser enfermeiro é uma escolha vocacional, que não mais se restringe a cuidar 
dos pacientes, embora esse seja um mérito primordial e louvável. Na verdade, o 
conceito de humanização, individualização e hospitalidade no atendimento não 
basta para o exercício da profissão. É preciso agregar muito conhecimento, um 
requisito que vem marcando o diferencial nos hospitais.
TÓPICO 3 | IMPLICAÇÕES LEGAIS
157
Agora, os órgãos de saúde, a vigilância sanitária, o Ministério da Saúde estão 
muito mais competentes e ligados ao controle do funcionamento hospitalar. Como 
os enfermeiros trabalham em diversos setores dos hospitais, também participam do 
estabelecimento de linhas permanentes de controle para que exista uma estrutura 
administrativa e assistencial de qualidade. Portanto, cabe aos enfermeiros desde o 
cuidar assistencial até o manejo dos grupos de enfermagem que constituem quase 
45% da mão de obra nos hospitais.
Drauzio – Quando você cita esse número, está considerando enfermeiros, 
auxiliares e atendentes?
Ivana Siqueira – Estou considerando enfermeiros, auxiliares e técnicos 
de enfermagem. Para todas essas funções existem cursos preparatórios. Para os 
técnicos em enfermagem, o curso dura de um ano e meio a dois anos; para os 
auxiliares, um ano e para os enfermeiros é exigido curso universitário com quatro 
anos de duração.
Como já disse, esses profissionais elencam quase 40% da mão de obra 
dos hospitais. É um grupo numeroso que precisa ser administrado em termos de 
recursos humanos e estar motivado para seguir os padrões de atendimento ditados 
não só pela profissão, mas pela linha adotada pelo hospital. Quem comanda essa 
equipe são as enfermeiras nos vários níveis de hierarquia. Por exemplo, o serviço 
de higiene e limpeza é comandado por enfermeiras, e falar em higiene e limpeza 
num hospital é falar em tecnologia, em microbiologia, em conceitos novos de 
bioquímica.
Se pensarmos, então, que já atravessamos tempos de economia conturbada e 
difícil no Brasil, dá para entender a preocupação com os custos dentro dos hospitais. 
Uma vez que para auditar uma conta, um prontuário, é preciso entender o que 
neles está escrito, é preciso conhecer todos os procedimentos, muitos enfermeiros 
são requisitados para participar dos serviços de auditoria e estabelecem uma ponte 
com as seguradoras e convênios médicos e até com os órgãos públicos.
Drauzio – Sempre digo que o padrão de atendimento médico nos hospitais 
é dado pela enfermagem muito mais do que pelos médicos. Nós passamos com 
o doente em média 15 minutos por dia e os enfermeiros, a noite e o dia todo. 
Você acha que a profissão também evoluiu no sentido de cuidar do paciente, o 
que na minha opinião é a essência da profissão enfermagem?
Ivana Siqueira – Acho que evoluímos muito em várias áreas sem perder 
a vocação de cuidar das pessoas. Sempre digo para as enfermeiras que trabalham 
comigo, que somos as zeladoras de nossas unidades. Os médicos cuidam bem do 
paciente, mas vão embora e ele fica sob os cuidados do grupo de enfermagem. Nossa 
participação é grande no que se refere ao conhecimento de suas individualidades 
e das de seus familiares.
Seguir a orientação dos médicos e saber quais são as prescrições em termos 
de horários para adaptá-los ao ambiente hospitalar, tratamento, remédios, doses, 
hidratação, jejum, exames é responsabilidade dos enfermeiros. Na verdade, os 
hospitais contam com farmacêuticos, mas eles não convivem com os pacientes e 
somos nós que fazemos a intermediação com eles e com outros profissionais.
UNIDADE 3 | ENFERMAGEM NO CONTEXTO SOCIAL
158
Hoje é dia de suspender tal remédio? Podemos adiantar o horário do banho? 
O paciente tem se locomovido pouco, não seria bom chamar o fisioterapeuta? A 
alimentação não está adequada para esse paciente, é bom entrar em contato com a 
nutricionista – são situações do cotidiano hospitalar resolvidas pela enfermagem. 
Atualmente, as equipes de trabalho são numerosas e multiprofissionais e cabe às 
enfermeiras alavancar os outros profissionais para participarem de forma atuante 
no tratamento dos pacientes.
Drauzio – O conhecimento específico é cada vez mais necessário para o 
bom desempenho profissional da enfermagem. Em grande número de prescrições 
feitas pelos médicos, está escrito “se necessário”, e quem vai julgar a real 
necessidade do medicamento é a enfermeira que precisa estar preparada para 
tomar essa decisão.
Ivana Siqueira – As enfermeiras têm que saber examinar os pacientes, saber 
auscultar, percutir o abdômen, avaliar a dor que estão sentindo. Hoje, existem 
réguas que tentam quantificar o nível da dor para obter números referenciais e 
comparativos; existem escalas que dão ideia do estado mental do paciente, de 
sua capacidade de locomoção e de como desenvolve as atividades diárias. Esses 
artefatos ajudam e o profissional de enfermagem deve utilizá-los, mas eles não 
substituem o conhecimento que precisam dominar.
Drauzio – Seguramente, a lavagem das mãos ainda é o procedimento 
isolado mais importante.
Ivana Siqueira – Lavar as mãos com água e sabão nos hospitais, consultórios 
ou em casa ainda é o recurso mais simples e eficiente para prevenir infecções, sejam 
hospitalares ou domésticas.
FUTURO DA PROFISSÃO
Drauzio – Como você vê o futuro da enfermagem?
Ivana Siqueira – A enfermagem não é uma profissão com perspectivas 
apenas para o futuro. Já neste momento, é uma profissão para a qual existe campo 
de trabalho para homens e mulheres, pois deixou de ser uma atividade meramente 
feminina e os homens estão sendo bem recebidos no mercado de trabalho.
Os hospitais estão sempre contratando enfermeiros, mas a área da educação, 
que está crescendo muito também,passou a absorver parte desses profissionais. 
Na verdade, a participação dos enfermeiros tem sido importante para a construção 
da qualidade da saúde em nosso país.
Para mim, enfermagem é uma profissão bonita, que traz muito prazer para 
as pessoas com vocação para cuidar de outras. Quando agregada de conhecimento, 
é uma das profissões que mais oferecem retorno diário, porque é possível 
acompanhar de perto a evolução dos pacientes.
 FONTE: Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/profissao-enfermagem/ 
> Acesso em: 3 jun. 2018.
159
Neste tópico vimos que:
• O sigilo profissional é uma obrigação que algumas profissões carregam.
• O profissional que, em razão do seu trabalho, divulgar segredo para prejudicar 
alguém, terá cometido uma infração legal.
• Um elemento também importante que está alinhado com o exercício da 
profissão é a honestidade do profissional com o paciente.
• O registro de enfermagem representa a comunicação dos fatos que acontecem 
com o paciente.
• O mal dimensionamento também é motivo para ocasionar erros na prestação 
de serviço.
• Para os médicos, a evolução de enfermagem, também conhecida por este nome, 
é importante para que a equipe médica alinhe condutas.
• Os registros de enfermagem, além de garantir a comunicação efetiva entre a 
equipe de saúde, fornecem respaldo legal.
• As anotações de enfermagem no prontuário do paciente são utilizadas também 
para faturamento e cobrança, auditoria interna ou externa, levantamento de 
informações estatísticas.
• Erro de enfermagem pode ser conceituado como um acontecimento que resulta 
em prejuízo físico ou emocional para o paciente.
• Erros acontecem em qualquer profissão, entretanto, na assistência ao paciente 
os erros precisam ser superados, pois o que está em questão é a vida humana.
• A Teoria do Queijo Suíço traz várias reflexões e uma delas está dentro da 
perspectiva das falhas humanas
RESUMO DO TÓPICO 3
160
AUTOATIVIDADE
1 O sigilo profissional pode ser considerado como um direito do paciente e 
uma obrigação do médico em não divulgar informações colhidas ou obtidas 
em decorrência de seu trabalho. Com relação ao sigilo, ela deriva do latim 
sigillum e significa:
( ) Segredo.
( ) Cochicho.
( ) Divulgação.
( ) Omissão.
2 Explique o que você entende por segredo profissional.
3 A partir de 2017 o COFEN determinou que o profissional de enfermagem 
utilize um carimbo com sua identificação, além da sua assinatura. Diante 
disso, assinale V para alternativa correta e F para alternativa falsa, que 
indique a obrigação do carimbo:
( ) Recibos referentes aos honorários do profissional.
( ) Petições que não são feitas pelo enfermeiro.
( ) Evolução de enfermagem.
( ) Prescrição de enfermagem.
Agora assinale a alternativa correta:
( ) V – F – V – V.
( ) F – F – V – V.
( ) V – V – V – F.
( ) F – V – V – V.
4 James Reason foi quem criou a Teoria do Queijo Suíço, que se tornou uma das 
teorias mais conhecidas na área da saúde e que ajuda muitos profissionais 
a desenvolver suas atividades de maneira eficaz e eficiente. Diante dessa 
alternativa, assinale a alternativa correta que indique o objetivo dessa teoria:
( ) Explicar a ocorrência de falhas do sistema, como os incidentes que ocorrem 
na prestação da assistência ao paciente.
( ) Punir os enfermeiros com a perda da carteirinha do conselho.
( ) Expor os erros e advertir o profissional de enfermagem, com desconto de 
um dia de trabalho.
( ) Aplicar multa a quem desrespeita as normas da instituição.
161
REFERÊNCIAS
ABEN. Associação Brasileira de Enfermagem, 2018. Disponível em: <http://www.
abennacional.org.br/site/a-aben/>. Acesso em: 2. jun. 2018.
ALBUQUERQUE, A.; OLIVEIRA, M. Manual de direitos humanos para 
enfermagem. Brasília: UniCEUB; COFEN, 2016.
ALMEIDA, C. H. Investigação científica em seres humanos: a experiência de 
voluntários nos ensaios clínicos de uma nova vacina. 2009. 136f. Dissertação 
(Mestrado em Saúde e Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade 
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 3. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1992.
BANKOWSKI, Z.; LEVINE, R. J. A decade of the CIOMS programe health 
policy, ethics and human values – na international dialogue. In: BANKOWSKI 
Z.; BRYANT JH. Poberty, vulnearability and the value of human life- global 
agenda for Bioethics. Genova, p. 13-25, 1994. 
BOFF, L. R. Ética e moral: a busca de fundamentos. Petrópolis/RJ, Vozes, 2003. 
BORDENAVE, J. E. D. O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 2005. 
BRASIL. Código Penal, 1940. Novo Código Penal. Decreto-lei n. 2848, de 7-12-
1940, atualizado pela Lei n. 7209, de 1 1 -7-1 984. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1985. 
BRASIL. Lei n. 2.604, de 17 de setembro de 1955. Regula o exercício da 
enfermagem profissional. In: Ministério da Saúde, Fundação Serviços de Saúde 
Pública, Enfermagem, Legislação e assuntos correlatos.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196/96, de 10 de outubro 
de 1996. Estabelece as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas 
envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 1996.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 2 jun. 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de 
outubro de 1988. Série Legislação Brasileira, organizada por Juarez de Oliveira. 
2. ed. São Paulo: Saraiva, 1989. 
162
BRASIL. Decreto 50.387, de 28-03-61. Regulamenta o exercício da enfermagem e 
suas funções auxiliares no território nacional. Enfermagem, Legislação e assuntos 
correlatos. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação Serviços de Saúde 
Pública, 1974e.
BRASIL. Decreto n. 15.799, de 10-11-22. Aprova o regulamento do Hospital Geral de 
Assistência do Departamento Nacional de Saúde Pública. Enfermagem, Legislação 
e assuntos correlatos. 3. ed. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação Serviços 
de Saúde Pública, 1974b.
BRASIL. Decreto n. 16.300, de 31 -1 2-23. Aprova o regulamento do Departamento 
Nacional de Saúde Pública. Enfermagem, Legislação e assuntos correlatos. 3. ed. 
Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação Serviços de Saúde Pública, 1974c.
BRASIL. Decreto n. 791, de 27-09-1890. Cria no Hospício Nacional de Alienados 
uma escola profissional de enfermeiros e enfermeiras. Enfermagem, Legislação e 
assuntos correlatos. 3 . ed. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação Serviços 
de Saúde Pública, 1 974a. 
BRASIL. Decreto n. 94.406, de 08.06.87. Regulamenta a Lei n. 7498/86, que dispõe 
sobre o exercício da enfermagem e dá outras providências. In: Conselho Regional de 
Enfermagem, COREN-S P, Documentos básicos de Enfermagem. São Paulo, 2001.
BRASIL. Lei 7.498, de 25-07-86. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da 
Enfermagem e dá outras providências. In: Conselho Regional de Enfermagem, 
COREN-SP. Documentos básicos de Enfermagem. São Paulo, 2001.
BRASIL. Lei das Contravenções Penais. Decreto n. 3688, de 03-10 -1 941. São 
Paulo: Saraiva, 1985. Art. 47.
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do 
consumidor e dá outras providências. In: CÓDIGO do Consumidor. Rio de Janeiro: 
Esplanada, 1998. 
BRASIL. Lei n. 3.780, de 12 de julho de 1960. Dispõe sobre a Classificação de Cargos 
do Serviço Civil do Poder Executivo, estabelece os vencimentos correspondentes 
e dá outras providências. Enfermagem, Legislação e assuntos correlatos. 3. ed. 
Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação Serviços de Saúde Pública, 1974d.
BRASIL. Lei n. 5.905, de 12 de julho de 1 973. Dispõe sobre a criação dos Conselhos 
Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da 
União, Brasília, 18 de julho de 1973.
BRASIL. Lei n. 775, de 6 de agosto de 1949. Dispõe sobre o ensino de enfermagem 
no País e dá outras providências. Enfermagem, Legislaçãoe assuntos correlatos. 3 . 
ed. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Fundação Serviços de Saúde Pública, 1974c. 
163
BRASIL. Lei n° 8.967, de 28 de dezembro de 1994. Altera a redação do art. 23 da 
Lei n. 7.498, de 25-06-1986. Assegura ao atendente admitido antes da vigência desta 
Lei, o exercício das atividades elementares de enfermagem, observado o disposto 
no art. 15. Diário Oficial da União, Brasília, 29 de dez. 1994.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados 
paliativos oncológicos: controle de sintomas. Rio de Janeiro: INCA; 2001.
BRASIL. Resolução n. 0564, de 2017. Novo Código de Ética da Enfermagem. 
Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.
html>. Acesso em: 5 jun. 2018.
BRASIL. TJDFT. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. 
Violação de segredo profissional, 2012. Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/
institucional/imprensa/direito-facil-1/violacao-do-segredo-profissional-1>. Acesso 
em: 4 jun. 2018.
CAMARGO, Juliana F. de. Reprodução humana: ética e direito. Campinas: 
Edicamp, 2003.
CANAVEZI, C. M. et al. Anotações de enfermagem. Manual COREN. São Paulo, 2009.
CARLIN, V. I. Deontologia jurídica, ética e justiça. 5. ed. Florianópolis: Obra 
Jurídica, 2007.
CHAVES, L. E. et al. Gerenciamento da comunicação em projetos. Rio de Janeiro: 
FGV, 2007.
CIB. Medicina e Indústrias já utilizam (com vantagens) a tecnologia do DNA. 
Revista Biotecnologia II. 2017. Disponível em: <http://www.cib.org.br/pdf/ 
encarte2site.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2018.
CIRINO DOS SANTOS, Juarez. Direito penal: parte geral. Curitiba: Lumen Juris, 2007.
CÓDIGO DE NUREMBERG. Trials of war criminal before the Nuremberg 
Military Tribunals. Control Council Law 1949, n. 10, v. 2. Disponível em: 
<https://www.ufrgs.br/bioetica/nuremcod.htm>. Acesso em: 13 jun. 2018.
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem, 2018. Disponível em: Disponível em: 
<www.cofen.gov.br>. Acesso em: 7 jun. 2018.
COSTA, S. I. F.; GARRAFA, V.; OSELKA, G. Apresentando a bioética. In: ___. 
Iniciação à bioética. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 1998. p. 15-36.
DALLARI, Dalmo. Bioética e direitos humanos, 2004. Rede Brasileira de 
Educação em Direitos Humanos. On-line. Disponível em: <http://www.dhnet.org.
br/direitos/militantes/dalmodallari/dallari_bio.html>. Acesso em: 13 jun. 2018.
164
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. 6. ed. rev., aum. e atual. São 
Paulo: Saraiva, 2009.
DORNELLES S. Sindicalismo e enfermagem no Brasil. In: GEOVANINI T.; 
DORNELLES S.; MOREIRA, A.; MACHADO, W. C. A. História da enfermagem: 
versões e interpretações. Rio de Janeiro (RJ): Revinter; 1995. p. 111- 6.
EDITORIAL. O Estado de São Paulo, edição de 01/03/2006, Caderno A, p. 3.
ESER, A. Genetica, gen-ética, derecho genético – reflexiones politico-juridicas 
sobre la actuacion en la herencia humana. La Ley, ano VII, n. 1.937, 1986.
ESPINOSA, J. Questões de bioética. São Paulo: Quadrante, 1998. 
FIGUEIREDO, N. M. A. Fundamentos, conceitos, situações e exercícios. São 
Caetano do Sul: Difusão Enfermagem, 2005.
FIORILLO, C. A. P.; ABELHA, Rodrigues M. Direito ambiental e patrimônio 
genético. Belo Horizonte: Del Rey, 1996.
FIORILLO, C. A. P.; DIAFÉRIA, A. Biodiversidade e patrimônio genético no 
direito ambiental brasileiro. São Paulo: Max Limonad, 1999.
GALLEGUILLOS, T. G. B.; OLIVEIRA, M. A. C. A instituição e o desenvolvimento 
da enfermagem no Brasil frente às políticas de saúde. Revista Brasileira de 
Enfermagem. Brasília, v. 54, n. 3, p. 467, 2001.
GARRAFA, Volnei. Inclusão social no contexto político da Bioética. Revista 
Brasileira de Bioética, v. 1, n. 2, p. 122-132, 2005.
GERMANO, R. M. Organização da enfermagem brasileira. Enfermagem em Foco. 
V 1. P14-17, 2010. 
GIOVANINI, T. História da enfermagem: versões e interpretações. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Revinter, 2010.
GOLDIM, José Roberto. Bioética: origens e complexidade. Rev. HCPA, Porto 
Alegre, n. 26, v. 2, p. 86-92, 2006.
GUILHEM, D.; DINIZ, D. O que é ética em pesquisa. Brasiliense, São Paulo, 
2014.
HELDMAN, K. Gerência de projetos. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
HERKENHOFF, João Baptista. Gênese dos direitos humanos. 1. ed. São Paulo: 
Editora Acadêmica, 1994.
165
HOSSNE W. S. Introdução. In: Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional 
de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Manual operacional 
para comitês de ética em pesquisa. Ministério da Saúde, Conselho Nacional 
de Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa; 4. ed. rev. atual. Brasília: 
Editora do Ministério da Saúde, 2006. 
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio 
de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2012.
KIPPER, D. J. Breve história da ética em pesquisa. Revista da AMRIGS, v. 54, p. 
224-228, 2010.
KORTE, G. Iniciação à ética. São Paulo: Juarez Oliveira, 1999.
KOTTOW, M. História da ética em pesquisa com seres humanos. RECHS – R. 
Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v. 2, 2008.
LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da Pesquisa na Saúde. Florianópolis: 
UFSC/Pós-graduação em Enfermagem, 2002.
LIGON, B. L. Albert Ludwig Sigesmund Neisser: discoverer of the cause of 
gonorrhea. In: Seminars in Pediatric Infectious Diseases. WB Saunders, p. 336-
341, 2005. 
LOPES, J. A. Bioethics – a brief history: from the Nuremberg code (1947) to the 
Belmont report (1979). Revista Médica de Minas Gerais. V. 24(2): 262-273, 2014. 
MALAGUTTI, W. Bioética e enfermagem: controvérsias, desafios e conquistas. 
Rio de Janeiro, RJ: Rubio, 2007.
MALISKA, I. C. A. et al. A enfermagem francesa: assistência e educação - 
considerações acerca de sua história e perspectivas atuais. Texto & Contexto 
Enfermagem: Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 325, abr/jun 2010. 
MANTOVANI, F. Problemas penales de la manipulacion genética. Doctrina 
penal, Buenos Aires, Depalma, v. 11, 1986. 
MEDEIROS, J. B.; HERNANDES, S. Manual da secretária. 9. ed. São Paulo: 
Atlas, 2004.
MONTEIRO W. B. Curso de direito civil, 31. ed. São Paulo, Saraiva, 1993. 
MORAES, A. D. Direito Constitucional. Alexandre de Moraes. 13. ed. São 
Paulo: Atlas, 2003. 
MORO, G. M. B.; MATTOS, K. M.; SARTOLI, F. Aspectos éticos em pesquisas 
envolvendo seres humanos. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos 
Aires), v. 15, p. 1-5, 2011.
166
MOTA, A. L. C. Auditoria de enfermagem nos hospitais e operadoras de planos 
de saúde. São Paulo: Iátria, 2003. 
NUNES, L; AMARAL, M.; GONÇALVES, R. Código deontológico do 
enfermeiro: dos comentários á analise de casos, 2005. Disponível em: <https://
www.researchgate.net/publication/303686210_Codigo_deontologico_do_
enfermeiro_dos_comentarios_a_analise_de_casos>. Acesso em: 13 jun. 2018. 
NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Thompson & 
Thompson: genética médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Saunders, 2008.
O’NEILL, B.; FALLON, M. ABC of palliative care: principles of palliative care 
and pain control. Br Med J. 315:801, 1997. 
OGUISSO, T. História da legislação do exercício da enfermagem no Brasil. 
Revista Brasileira de Enfermagem. v. 53, n. A, p. 197-207, abr./jun. 2001. 
OGUISSO, T. Legislação de enfermagem e saúde: histórico e atualidades. São 
Paulo: Manole, 2015.
OGUISSO, T. Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2. ed. Barueri, São Paulo: 
Manole, 2007.
OGUISSO, T.; SCHMIDT, M. J. O exercício da enfermagem – uma abordagem 
ético-Iegal. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 
OLIVEIRA, A. R. Ética profissional. Santa Maria: UFSM, 2012.
ONU. O que são direitos humanos? Nações Unidas. 2017. Disponível em: 
<https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/>. Acesso em: 13 jun. 2018.
PADILHA, M. I. C. S; MANCIA, J. R. Florence Nightingale e as irmãs de caridade: 
revisitando a história. Revista Brasileira de Enfermagem: São Paulo, v. 58, n. 6, 
p. 723, nov./dez. 2005. 
PASTORE, José. Os conselhos profissionais. O Estado de S. Paulo, 17 ago. 1999. 
Disponível em: <http://www.josepastore.com.br/artigos/rt/rt_086.htm>. Acesso 
em: 2 jun.2018.
PENTEADO, J. R. W. A técnica da comunicação humana. 14. ed. São Paulo: 
Cengage, 2012.
PESSINI L, BERTACHINI L, organizadores. Humanização e cuidados 
paliativos. 3. ed. São Paulo: Loyola; 2006.
PESSINI, L. As origens da bioética: do credo bioético de Potter ao imperativo 
bioético de Fritz Jahr. Revista bioética. V. 21 (1): 9-19, 2013. 
167
PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C. P. Problemas atuais de bioética. 11. ed. 
São Paulo, SP: Centro Universitário São Camilo, Edições Loyola, 2014.
PESSINI, L.; BERTACHINI, L. (Org.). Humanização e cuidados paliativos. 3. 
ed. São Paulo: Loyola, 2006.
PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação empresarial: conceitos e técnicas para 
administradores. 7. ed. São Paulo: Alínea, 2010.
POSSARI, J. F. Prontuário do paciente e os registros de enfermagem. 1. ed. São 
Paulo: Iátria, 2005.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2006.
POTTER, V. R. Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 
1971.
PREST, A. C.; PAZÓ, C. G. A responsabilidade civil dos profissionais de enfermagem 
frente aos erros na terapêutica medicamentosa. Revista da Faculdade de Direito 
– UFPR, Curitiba, vol. 59, n. 2, p. 91-117, 2014. 
PUCCI, F. C. Aspectos éticos e jurídicos da pesquisa em seres humanos. 2009. 
83f. Monografia (Graduação em Direito) – Curso de Graduação em Direito, 
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
RAMOS, F. R. S. et al. A ética que se constrói no processo de formação de 
enfermeiros: concepções, espaços e estratégias. Rev. Latino-Am. Enfermagem 
[on-line], v. 21, p. 113, 2013.
REASON, J. El error humano. 1. ed. Espanha: Modus Laborandi, 2009. 378 p. 
RICOEUR, P. Lo juste. Paris: Sueil, 1995. 
SA, A. L. Ética profissional. 38. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SARDENBERG, T. et al. Análise dos aspectos éticos da pesquisa em seres 
humanos contidos nas instruções aos autores de 139 revistas científicas 
brasileiras. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 45, n. 4, p. 
295-302, out./dez., 1999. 
SASS, Hans-Martin. Ensaios em Bioética e Ética 1927-1947. Pós-escrito. Revista 
Bioethikos, Centro Universitário São Camilo, v. 5, n. 3, p. 242-275, 2011.
SAVATER, F. O Meu Dicionário Filosófico. Lisboa: Publicações D. Quixote, 
2000.
168
SCHULER, M. Comunicação estratégica. São Paulo: Atlas, 2004.
SEGRE, M. Definição de bioética e sua relação com a ética, deontologia e 
diceologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999. 
SEGRE, M.; COHEN, C. Bioética. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo, 
1999. 
SGRECCIA, Elio. Manual de Bioética II. São Paulo: Loyola, 2009.
SILVA, A.; PINTO, L. H. S. Código de ética (deontologia) dos profissionais de 
enfermagem: interpretação e comentários. São Paulo, SP: Atheneu, 2008.
SILVA, M. J. P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais 
em saúde. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
SILVA, R. F. V.; et al. A comunicação entre enfermeiro e paciente no setor de 
emergência. Rev. Emergência Clínica, 2008.
SPAGNOL, C. A. Da gerência clássica à gerência contemporânea: compreendendo 
novos conceitos para subsidiar a prática administrativa da enfermagem. Revista 
Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 22, n. 1, jan. 2002. p. 114. Disponível 
em: <www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/
viewFile/4405/2342>. Acesso em: 31 maio 2018. 
STEFANELLI, M. C. A comunicação em diferentes contextos da enfermagem. 
São Paulo: Manoel, 2005.
UNESCO, Elaboration of the Declaration on Universal Norms on Bioethics: 
fourth outline of a text. Paris, 12-14 de dezembro de 2004.
VASCONCELO SOBRINHO, J. A arte de morrer. Rio de Janeiro, Vozes, 1984. 
VIEIRA, R. W.; GOLDIM, J. R. Bioética e cuidados paliativos: tomada de 
decisões e qualidade de vida. Acta Paul Enferm. V. 25(3):334-9, 2012. 
WALDOW, V. R. Cuidado humano: o resgate necessário. 3. ed. Porto Alegre: Sagra 
Luzzato, 2001. 
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Who definition of palliative care. 
2006. Available from: <http://www.who.int/cancer/palliative/defini>. Access in: 
28 Jun. 2018.

Mais conteúdos dessa disciplina