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Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas APRESENTAÇÃO O transporte de partículas por meio de vesículas intracelulares é um importante mecanismo que as células têm para lidar com macromoléculas e, até mesmo organelas, fragmentos celulares e bactérias. Essas vesículas compõem compartimentos celulares fundamentais para os processos de digestão intracelular. Nesta Unidade de Aprendizagem você estudará como as partículas são degradadas pelas células, quais compartimentos estão envolvidos na digestão dessas macromoléculas e como eles atuam. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir como ocorre o processo de digestão intracelular.• Reconhecer as organelas e suas funções na digestão intracelular.• Reconhecer o transporte de partículas através da membrana plasmática.• DESAFIO Os lisossomos são compartimentos definidos por membranas e preenchidos por enzimas hidrolíticas que controlam a digestão intracelular de macromoléculas. Eles contêm cerca de 40 tipos de enzimas hidrolíticas, incluindo proteases, nucleases, glicosidases, lipases, fosfolipases, fosfatases e sulfatases. Todas são hidrolases ácidas. Para uma ótima atividade, elas precisam ser ativadas por clivagem proteolítica e requerem um ambiente ácido, o qual é fornecido pelos lisossomos que mantêm o pH em torno de 4,5 a 5 no seu interior. A) A deficiência ou falta de enzimas lisossômicas pode causar graves doenças. Que tipos de doenças podem ser causadas pela deficiência ou falta de enzimas lisossômicas? B) De que forma a deficiência ou a falta dessas enzimas afeta o funcionamento orgânico normal? C) Dê um exemplo de erro inato do metabolismo devido à enzima alfa-L-iduronidase. INFOGRÁFICO O processo de invaginação da membrana plasmática, que se destaca e forma uma vesícula endocítica, pode conduzir a substância, ou a partícula ingerida, para a degradação em lisossomos de três formas distintas. Confira no infográfico! CONTEÚDO DO LIVRO Leia o capítulo "Digestão Intracelular: Endossomas, Lisossomas e Peroxissomas", parte integrante da obra Biologia Celular. Boa leitura. BIOLOGIA CELULAR Sílvia Regina Costa Dias Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir como ocorre o processo de digestão intracelular. � Identificar as organelas e suas funções na digestão intracelular. � Reconhecer o transporte de partículas por meio da membrana plasmática. Introdução Neste capítulo, você vai perceber que a célula mantém um equilíbrio dinâmico entre os processos de endocitose, degradação e síntese de moléculas. Para isso, organelas e compartimentos celulares diversos participam de maneira cooperativa, numa associação de diversas vias celulares. A célula eucariótica tem o arsenal bioquímico necessário para permitir a degradação completa do material extracelular e/ou constituintes celu- lares endógenos. Esses processos digestivos dependem amplamente da disponibilidade de enzimas hidrolíticas capazes de degradar praticamente todas as proteínas, todos os lipídios e todos os carboidratos. Essas en- zimas localizam-se principalmente nos lisossomos, que são geralmente considerados as mais importantes organelas para digestão celular, que será apresentada e discutida a seguir. Será discutida, ainda, a autofagia, uma palavra de origem grega que significa comer a si mesmo (auto = eu, próprio, e fagia = comer), que garante a homeostase (equilíbrio e organização funcionais) celular, es- tando relacionada a diferentes contextos, inclusive durante privação de nutrientes e fator de crescimento, estresse do retículo endoplasmático (RE), desenvolvimento, infecção microbiana e doenças caracterizadas pelo acúmulo de agregados proteicos (GIORGIO, 2014). A digestão intracelular A célula captura nutrientes do meio extracelular, degrada-os e utiliza os pro- dutos da degradação na síntese de moléculas necessárias às suas atividades. Assim, para tratarmos da digestão celular, faz-se necessário apresentar e discutir aspectos estruturais e funcionais de várias organelas que compõem o sistema de endomembranas e que participam da síntese, destinação e de- gradação das macromoléculas celulares. Os locais primários da digestão intracelular são organelas conhecidas como lisossomos (Figuras 1 e 2), que têm três funções primordiais ao funcionamento da célula: quebrar compostos orgânicos, destruir organelas celulares “defeituo- sas” e realizar autofagia. São compartimentos membranares (vesículas) que contêm uma variedade de cerca de 40 tipos de enzimas hidrolíticas, capazes de digerir as macromoléculas biológicas. No entanto, os tipos de enzimas variam muito de acordo com o tipo celular e com a especialização funcional de cada célula (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). Os lisossomos são organelas com características morfológicas e dimensões variáveis. Ocupam cerca de 5% do volume celular e estão presentes em todos os tipos celulares, exceto hemácias. A membrana lisossomal contêm fosfolipídios, glicolipídios e colesterol (Figura 2). Além destes, tem proteínas glicosiladas e algumas delas atuam como transportadoras de glicídios, aminoácidos, po- lipeptídios e outras moléculas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas2 Figura 1. Eletromicrografia de um eosinófilo – os grânulos eosinofílicos (ovalados) são lisossomos (L). Observe suas dimensões quando comparados às mitocôndrias (M) que estão próximas. O núcleo (N) está indicado. Fonte: Adaptada de UFRGS ([201-?]). Figura 2. Estrutura de um lisossomo. Fonte: Adaptada de Timonina/Shutterstock.com. Camada lipídica Membrana Enzimas hidrolíticasGlicoproteínas de transporte de membrana 3Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Dentre as proteínas presentes na membrana lisossômica, encontra-se um complexo multienzimático que apresenta atividade adenosinatrifosfatase (ATPase), atuando como uma bomba de íons de hidrogênio – a quebra do tri- fosfato de adenosina (ATP) libera íon H+ – que direciona os íons do citoplasma para o lúmen do lisossomo. Assim, os lisossomos mantêm um ambiente ácido interno (ALBERTS, 2017). A alta acidez interna é necessária para que as enzimas contidas nos li- sossomos exibam sua atividade ideal (por isso essas enzimas são também denominadas hidrolases ácidas). Portanto, se a integridade de uma membrana lisossômica estiver comprometida e o conteúdo enzimático vazar para a célula, pouco dano será causado em razão do pH neutro do citoplasma. Se numerosos lisossomos se romperem simultaneamente, no entanto, a ação cumulativa de suas enzimas pode resultar em autodigestão e morte da célula. Assim como os lisossomos, os peroxissomos também são bolsas membra- nosas que contêm enzimas digestivas que degradam gorduras e aminoácidos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Dentre elas, destaca-se a enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio (H2O2), popularmente conhecido como água oxigenada, em água e gás oxigênio. A água oxigenada se forma nor- malmente durante a degradação de gorduras e de aminoácidos e, em grande quantidade, pode causar lesões à célula (CORPAS; BARROSO; RÍO, 2001). A via endocítica da digestão intracelular A via endocítica é responsável pela interiorização e degradação de material extracelular, assim como pela reciclagem de proteínas e lipídios de compo- nentes celulares. A endocitose é um processo pelo qual as células capturam fluidos, macromoléculas e até mesmo outras células do meio extracelular. A internalização se faz por invaginações ou evaginações da membrana plasmá- tica, com consequente formação de vesículas citoplasmáticas (membranosas), denominadas vesículas de endocitose. Esse trânsito/transporte de moléculas por meio da membrana plasmática será tratado adiante. As diferentes maneirasde interiorização de substâncias fazem com que elas sigam diferentes rotas intracelulares até alcançarem o compartimento celular no qual ocorre a sua degradação – os lisossomos, que recebem e digerem estas substâncias extracelulares endocitadas. Mas, antes disso, estas vesículas se fundem com o compartimento endossômico (ou endossomo) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas4 O compartimento endossômico é constituído por um conjunto de túbulos e vesículas de diferentes tamanhos, que podem ser encontrados desde a periferia do citoplasma até as proximidades do complexo de Golgi e/ou núcleo. As membranas do endossomo têm, assim como os lisossomos, bombas de prótons que o acidificam (Figura 3) (LARUSSO, 2011; COOPER; HAUSMAN, 2016). Figura 3. O lisossomo — conceito. Fonte: Adaptado de Larusso (2011). As vesículas de endocitose se fundem com os endossomos primários (ou precoces), cujo interior é mais ácido que o citosol, o que promove, na maioria das vezes, a separação daquilo que foi fagocitado dos receptores e outras pro- teínas de membrana que compunham a vesícula. Isso permite a “reciclagem” dessas moléculas para outros compartimentos celulares (ALBERTS, 2017). A partir dos endossomos primários surgem, portanto, vesículas denomina- das endossomos de reciclagem (que dão novo destino às moléculas endocitadas) e as moléculas endocitadas compõem as vesículas endossômicas carreadoras, que são carreadas por componentes do citoesqueleto, até os endossomos tardios. São nestes últimos que as vesículas contendo as enzimas hidrolíticas se fundem, deixando o lúmen dos endossomos tardios ainda mais ácidos. Assim, as moléculas endocitadas dão digeridas e os produtos finais (p. ex., aminoácidos, monossacarídeos, ácidos graxos) são transportados (proteínas transportadoras presentes na membrana do endossomo) para o citoplasma, onde são utilizadas para a síntese de novas moléculas (LARUSSO, 2011; JUN- QUEIRA; CARNEIRO, 2012; COOPER; HAUSMAN, 2016; ALBERTS, 2017). 5Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Entretanto, o que são os lisossomos? Qual é a diferença entre endossomo tardio e lisossomo? Vamos entender a seguir. Quando as enzimas hidrolíticas são sintetizadas, sofrem as modificações pós-traducionais e são liberadas pela face trans do aparato de Golgi (detalhes adiante). Elas saem ligadas a receptores de manose-6-fosfato em vesículas membranares recobertas por proteínas sinalizadoras, que promoverão a fusão da vesícula com o endossomo tardio. Assim, ao se fundirem com o endossomo tardio, cujo lúmen tem pH ácido, as enzimas hidrolíticas se dissociam dos seus receptores (manose-6-fosfato), que são liberados por meio de outras vesículas de volta para a face trans do aparato de Golgi, para serem utilizadas novamente num outro processo de síntese (reciclagem) (LARUSSO, 2011; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; COOPER; HAUSMAN, 2016; ALBERTS, 2017). Dessa forma, o endossomo tardio passa a conter apenas o material en- docitado e as enzimas hidrolíticas, num ambiente com pH em torno de 5 (LARUSSO, 2011) e, agora, passa a ser denominado lisossomo, vesícula em que ocorre a digestão intracelular (Figura 4). Figura 4. Microscopia eletrônica de transmissão de fígado de rato mostrando o lisossomo (cabeça de seta) na região do ducto biliar (BC) do hepatócito, (M) mitocôndria e (ER) RE. Aumento: 27.000X. Fonte: Larusso (2011). Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas6 Veja o esquema da Figura 5. Figura 5. Esquema do sistema de endomembranas na digestão celular. Autofagia As células, para sobreviverem adequadamente, precisam manter a homeostase (equilíbrio e organização funcionais), e um dos recursos usados para tanto é fazer autofagia (MIZUSHIMA, 2007), um processo que envolve a remoção de organelas ligadas à membrana ou outros componentes citoplasmáticos por meio da ação de lisossomos (processo de digestão estritamente intracelular). Nesse caso, os componentes a serem degradados (organelas citoplasmáti- cas) são englobados por uma membrana com dupla bicamada lipídica que se alonga e expande circundando a área, ocorrendo o fechamento, que resulta em um compartimento delimitado, o vacúolo autofágico (ou autofagossomo) (GIORGIO, 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013) (Figura 6). Este, após a fusão com o lisossomo, passa a ser denominado autolisossomo (LEVINE; MIZUSHIMA; VIRGIN, 2011), no qual o material interno e a membrana serão completamente degradados pelas enzimas hidrolases lisossomais. 7Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Figura 6. Aspectos do processo autofágico: (a) estruturas celulares a serem digeridas; (b) formação da bicamada lipídica; (c) englobamento; (d) vacúolo autofágico; (e) aproximação do lisossomo do vacúolo; (f) fusão das membranas do lisossomo e do vacúolo; (g) liberação das enzimas hidrolíticas do lisossomo; (h) autolisossomo e (i) digestão. Fonte: Adaptada de Kateryna Kon/Shutterstock.com. Essa via digestiva talvez seja mais bem ilustrada na situação em que um lisossomo se funde a uma mitocôndria fraturada. As enzimas presentes no lisossomo desmontam os componentes mitocondriais em monômeros e os produtos de decomposição da autofagia são liberados no citosol. As células de todos os seres vivos fazem autofagia em diversas circunstancias promo- vendo a reciclagem de proteínas, lipídios (Figura 7) e outras macromoléculas gerando nucleotídeos, aminoácidos e ácidos graxos para a síntese de ATP (DUSZENKO et al., 2011). E não só isso: ela controla o acúmulo de grandes agregados proteicos e de organelas defeituosas ou em situações de estresse, como escassez de alimento, pouco oxigênio, temperaturas muito elevadas ou infecções (LEVINE; KROEMER, 2008). Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas8 Você deve estar se perguntando: por que os lisossomos não se autodigerem? Isso não acontece porque a maior parte das proteínas encontradas na membrana do lisossomo tem um número anormalmente grande de grupos de carboidratos (açúcares) ligados a elas. Esses grupos de açúcares protegem as proteínas da membrana, impedindo que elas sejam degradadas pelas enzimas digestivas no interior do lisossomo. Figura 7. Microscopia eletrônica de transmissão da região do ducto biliar do fígado de rato. Observe que os vacúolos autofá- gicos (cabeça de seta) próximos ao ducto (BC) contém arranjos concêntricos de estruturas membranares, às vezes em grupos (clusters). Aumento: 9.638X. Fonte: Larusso (2011). 9Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Os lisossomos também são importantes por seu papel na morte progra- mada de certas células. Como discutido anteriormente, se as enzimas de um único lisossomo são liberadas na célula, há pouca alteração no citosol, mas uma descarga enzimática maciça por muitos lisossomos pode ser fatal para a célula. Por meio da liberação coordenada de enzimas lisossômicas, várias alterações importantes no desenvolvimento ocorrem em vários organismos multicelulares (SHINTAMI; KLIONSKY, 2004; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). Um exemplo disso é o fato de que à medida que um girino amadurece e se transforma em sapo, ele perde a cauda em razão da destruição lisossômica das células contidas no apêndice. Assista ao vídeo disponível no link a seguir e entenda o papel desta organela na digestão de moléculas/sustâncias endocitadas, assim como na autofagia. https://qrgo.page.link/7qG6b A autofagia celular também é induzida em situações fisiológicas como o remodelamento estrutural durante as fases de desenvolvimento do organismo (LEVINE; KROEMER, 2008; DÍAZ-HERNANDEZ et al., 2014) (Figura 8) e em processos patológicos, incluindo doenças infecciosas (SHINTAMI; KLIONSKY, 2004; GIORGIO, 2014). Da mesma forma, o processo autofágico está relacionado ao aparecimento de algumas doenças neurodegenerativas, especialmente aquelas em que ocorre o acúmulo de agregadosproteicos tóxicos, uma das características de doenças como Alzheimer, Huntington e Parkin- son (OSELLAME; DUCHEN, 2013). Nesses casos, defeitos na maquinaria autofágica de células neuronais de pacientes com essas doenças resultam no acúmulo de proteínas neurotóxicas, isto é, há neurônios que não se “limpam” adequadamente por meio da autofagia (SHINTANI; KLIONSKY, 2004). Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas10 Figura 8. Regiões da morte celular durante o desenvolvimento de galinhas. (a) Região posterior do membro traseiro mostrando a zona apoptótica anterior (seta). (b) Região anterior do broto do membro exibindo a zona apoptótica posterior (seta). (c/d) A morte celular é observada na zona apoptótica interdigital (setas). A coloração das células apoptóticas foi feita pelo corante vermelho-neutro (A-D). Fonte: Adaptada de Díaz-Hernández et al. (2014). (a) (b) (c) (d) Assista ao vídeo disponível no link a seguir e entenda melhor todo o processo de digestão celular. https://qrgo.page.link/HJwjM Organelas envolvidas na digestão intracelular A célula eucariótica tem o citoplasma compartimentalizado e, destes, destaca-se o sistema de endomembranas e seus subcompartimentos (cisternas, sáculos e túbulos), que se intercomunicam de forma direta ou mediada por vesícu- las de transporte. Dá-se o nome de sistema endomembranar ao grupo de membranas e organelas das células eucarióticas que trabalham em conjunto para modificar, empacotar e transportar lipídios e proteínas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Ele inclui uma variedade de organelas, tais como o envoltório nuclear, os lisossomos, o RE e o complexo de Golgi (Figura 9). O funcionamento dessas organelas, constituídas por moléculas complexas e que estão em constante renovação, exige grande demanda energética por parte da célula (ALBERTS, 2017). 11Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Figura 9. Após a transcrição de um gene, os novos polipeptídios (proteínas) atravessam o sistema de endomembranas das células — retículo endoplasmático rugoso (RER), complexo de Golgi e vesícula — até serem liberados para o meio externo por meio da membrana plasmática. Fonte: Adaptada de Soleil Nordic/Shutterstock.com. Polipeptídeo Ribossomo RNAm RER Citoplasma Proteína secretada Ribossomo Vesícula Célula Proteína secretada Membrana plasmática ER Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas12 Retículo endoplasmático A Figura 10 é uma representação diagramática das organelas da digestão presentes em uma célula eucariótica típica, juntamente com as vias secretoras. Todas as células têm RE, que é constituído por uma rede de membranas que delimitam cavidades, denominadas cisternas, lúmen ou luz. O RE se estende a partir da carioteca ao longo do citoplasma, formando uma rede tridimensional de cavidades que se intercomunicam. Existem dois tipos de RE: o rugoso (RER) e o liso (REL). O RER tem ribossomos (polirribossomos) aderidos à sua membrana pela face citoplasmática da cisterna, enquanto o REL não tem os ribossomos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). Figura 10. Organização do RE — RER e REL. Observe a representação dos ribossomos aderidos à face citoplasmática da membrana do RER. Fonte: Adaptada de Tefi/Shutterstock.com. Núcleo Carioteca Nucléolo Poro nuclear Retículo endoplasmático rugoso Ribossomos Retículo endoplasmático liso Cromatina 13Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas A maioria das membranas e das proteínas secretoras envolvidas na digestão celular é sintetizada na superfície do RER (ou é translocada para a organela após ser produzida nos ribossomos localizados no citoplasma). Os ribossomos aderidos ao RER são responsáveis pela síntese de proteínas que são destinadas a permanecer no próprio retículo (Figura 11) e continuarem no sistema de membranas composto pelas outras organelas relacionadas ao processamento de proteínas, formando lisossomos, compor a membrana plasmática ou serem secretadas pelas células (LARUSSO, 2011; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; COOPER; HAUSMAN, 2016; ALBERTS, 2017). Figura 11. Imagem tridimensional de um polissomo ativo na tradução de proteínas, asso- ciado à membrana do RER. Observe como a proteína formada é lançada para o interior da organela, simultaneamente à tradução. Fonte: Biologia... ([201-?]). Há ainda outras diferenças entre o RER e o REL: o RER é constituído por cisternas achatadas dispostas paralelamente, mais ou menos largas (de acordo com o estado funcional da célula); está relacionado à produção/secreção de proteínas, sendo abundante em células secretoras de anticorpos, por exemplo (Figuras 11 e 12a) (COOPER; HAUSMANN, 2016). Já o REL mostra-se como vesículas ou túbulos contorcidos, com ou sem continuidade com o RER; relacionado à síntese de lipídios; é abundante em células secretoras de esteroides, por exemplo (Figuras 11 e 12b). O REL tem outras funções além da síntese de lipídios: ele participa da desintoxicação celular, da metabolização do glicogênio e capta, armazena e libera íons Ca2+ (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017) Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas14 Figura 12. Microscopia eletrônica de transmissão mostrando (a) célula secretora de anticor- pos (rico em RER) e (b) célula secretora de hormônio (rico em REL). Observe a organização/ aspecto das cisternas e a abundância de RER ou REL (indicados pelas setas) e dos ribossomos aderidos à membrana do RER. Fonte: (a) Cell Image Library (2011a); (b) Cell Image Library (2011b). (a) (b) Complexo de Golgi As enzimas hidrolíticas lisossômicas envolvidas na digestão intracelular são fabricadas no RER, de onde são transferidas em uma vesícula de transporte para a face cis do complexo de Golgi. Dentro do complexo de Golgi, as enzi- mas passam por processamento adicional e são transformadas de um estado inativo para um ativo. Estruturalmente, o complexo de Golgi é constituído por sacos membranosos, achatados e empilhados, denominados cisternas de Golgi (Figura 13a-c). Uma unidade do Golgi é chamada de dictiossomo e compreende de 3 a 8 cisternas empilhadas que, apesar de próximas, não apresentam continuidade física entre si (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Na maioria das células, o complexo de Golgi posiciona-se estrategicamente entre o RE e a membrana plasmática (Figura 13b). Essa disposição espacial do Golgi no citoplasma reflete sua relação funcional direta com o RER e a membrana. 15Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Embora sua localização e seu número variem nos diferentes tipos de células, os dictiossomos apresentam características morfológicas constantes. De um modo geral, a pilha de cisternas que forma um dictiossomo adota uma forma curva, que lembra uma pilha de pratos, com a face convexa, denominada face cis, voltada para o RER e a face côncava, trans, voltada para a mem- brana (Figura 13a) (ALBERTS, 2017). As cisternas do complexo de Golgi se organizam em: � uma rede cis, formada pelo acúmulo de vesículas transportadoras pro- venientes do RER; � uma cisterna cis, formada pela fusão gradual das vesículas que com- punham a rede cis; � uma ou mais cisternas médias, fisicamente independentes dos demais componentes do dictiossomo; � uma cisterna trans, na qual se acumulam os produtos de secreção ma- duros e prontos para serem distribuídos; � uma rede trans, formada pelas vesículas que brotam da cisterna trans e que são encaminhadas para a membrana ou outro compartimento celular. Em cada um desses compartimentos estão distribuídas diferentes enzimas que agem sequencialmente sobre as moléculas em trânsito, adicionando ou removendo de sua estrutura original diferentes grupamentos químicos como sulfato e fosfato, assim como resíduos de açúcar. Uma vez processadas, essas moléculas tornam-se biologicamente ativas e são, enfim, liberadas na face trans para seu destino funcional (membrana plasmática,endossomos ou lisossomos) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). Assista à animação sobre o tráfego de proteínas do RE até o complexo de Golgi no link a seguir. https://qrgo.page.link/RaXko Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas16 Figura 13. (a) Representação do complexo de Golgi — observe a face cis (voltada para o RER), de entrada de substâncias no complexo de Golgi, e trans (voltada para a membrana plasmática), de saída de substâncias do complexo de Golgi. (b) Célula do estômago produtora de muco — observe a estrutura celular e a disposição do sistema de endomembranas e vesículas de secreção. (c) Complexo de Golgi em microscopia eletrônica de transmissão. Fonte: (a) Adaptada de LDarin/Shutterstock.com; (b) Adaptada de Designua/Shutterstock.com; (c) Cell Image Library (2012). Face CIS Vesículas de transporte derivadas do RER Cisterna de Golgi Face TRANS Vesículas secretoras Vesículas em formação Lúmen(a) (b) Microvilosidade Vesículas secretoras de mucina Complexo de Golgi RER Núcleo MitocôndriaGaH 17Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Peroxissomos Os peroxissomos são organelas envolvidas por apenas uma membrana e não contêm DNA nem ribossomos. Todas as suas proteínas devem ser importadas do citosol. Entre as enzimas encontradas nos peroxissomos destacam-se a catalase, a urato oxidase, a D-aminoácido oxidase e as enzimas responsáveis pela betaoxidação dos ácidos graxos (CORPAS; BARROSO; RÍO, 2001; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Nas células animais, os peroxissomos participam da biossíntese de precursores de glicerolipídios, do colesterol e do dolicol. Suas funções variam de organismo para organismo e variam em resposta às mudanças ambientais e às condições fisiológicas (GABALDÓN, 2010). Porém, sempre realizam reações oxidativas que produzem espécies reativas de oxigênio (ROS, do inglês reactive oxygen species), dentre elas a água oxigenada (CORPAS; BARROSO; RÍO, 2001; BARBOSA et al., 2014). As ROS são formadas como subproduto do metabolismo aeróbico e participam de uma sofisticada rede de vias de sinalização em plantas, em resposta a situações de estresse. Essas espécies químicas têm influência na expressão de vários genes envolvidos no metabolismo e em vias de transdução de sinais, agindo, portanto, como “moléculas sinalizadoras” ou “mensageiros secundários”. Por outro lado, as ROS, quando acumula- das, podem reagir com moléculas biológicas e causar danos irreversíveis que podem levar à morte celular (BARBOSA et al., 2014). A síntese e a secreção de substâncias de uma célula estão demonstradas no vídeo que pode ser acessado no link a seguir. https://qrgo.page.link/3sDbx Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas18 Transporte por meio da membrana e digestão celular Proteínas, lipídios e polissacarídios são transportados do complexo de Golgi para seus destinos finais por meio da via secretora. Essa via envolve desde o empacotamento das macromoléculas até o seu brotamento da face trans do complexo de Golgi e destinação de seu conteúdo nos locais apropriados. Na ausência de sinais específicos, as proteínas são transportadas para a mem- brana plasmática em via de fluxo contínuo (ou constitutiva). Essa via ocorre em todas as células, numa secreção contínua, não regulada, de macromoléculas, exocitando-as à medida que são elaboradas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). Exemplos de macromoléculas secretadas continuamente são as proteínas séricas, pelos hepatócitos, e o colágeno, pelos fibroblastos (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). No entanto, há ainda a via regulada, na qual a secreção das macromolé- culas só ocorre mediante algum tipo de sinalização extracelular, a exemplo dos neurotransmissores e dos hormônios, secretados pelos neurônios e pelas células endócrinas, respectivamente. Na via secretora regulada, a seleção das proteínas é definida na rede trans do complexo de Golgi, por meio de sequência de sinal presente nas macromoléculas, formando vesículas de secreção espe- cializada, que permanecem no citoplasma celular até que o sinal de liberação seja recebido pela célula (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). Assim, sob estímulo, ocorre, com auxílio dos microtúbulos, a extrusão dos grânulos de secreção para o meio extracelular, por exocitose (Figura 14). Entretanto, é importante ressaltar que o processo de eliminação dos resíduos da digestão intracelular pelos lisossomos nos autolisossomos, também são eliminados da célula para o meio extracelular por exocitose. No entanto, o trânsito de substâncias pelo sistema de endomembranas não se dá em uma única direção. Por meio de vesículas que brotam da membrana plasmática, a célula consegue importar grandes partículas ou mesmo grandes quantidades de pequenas partículas de uma única vez e conduzi-las para se- rem digeridas em compartimentos adequados. Esse transporte de solutos em quantidade é denominado endocitose (Figura 14) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). De acordo com o tamanho e as propriedades físicas do material que será incorporado, esse mecanismo pode ser do tipo pinocitose ou fagocitose, sendo ou não mediado por receptores (Figura 15a). 19Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas Figura 14. Diagrama mostrando como a célula transporta moléculas — endocitose (englo- bamento de partículas) e exocitose (liberação de partículas no meio extracelular). Fonte: Adaptada de VectorMine/Shutterstock.com. Endocitose Exocitose A via endocítica (Figura 15a) é responsável pela interiorização e degradação de material extracelular, assim como pela reciclagem de proteínas e lipídios da membrana celular. A endocitose consiste na captação de grandes moléculas, substâncias particuladas e, em casos especiais, até outras células do meio extracelular para o intracelular. Esse transporte ocorre por meio de vesícu- las formadas pela própria membrana plasmática, podendo ser de três tipos: fagocitose, pinocitose ou mediada por receptor (Figura 15a) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012; ALBERTS, 2017). No citoplasma, essas vesículas se fundem ao compartimento endossômico, descrito na primeira parte deste capítulo. A fagocitose (Figura 15b) é uma forma especial de endocitose pela qual grandes partículas, tais como microrganismos e células mortas, são ingeridas após adesão à membrana plasmática da célula, formando grandes vesículas endocíticas no citoplasma, chamadas fagossomos. Nos protozoários, a fago- citose é uma forma de alimentação, entretanto, para a maioria dos animais, é principalmente executada por células (ALBERTS, 2017). Já a pinocitose é caracterizada pela entrada contínua de líquidos junto com pequenas moléculas e proteínas dissolvidas nele. Esse processo se dá pelo acúmulo dessas substâncias sobre a face externa da membrana plasmá- tica, formando pequenas depressões que se transformam em fossetas e que finalmente se desprendem da membrana na forma de pequenas e numerosas vesículas pinocíticas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012). Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas20 Figura 15. (a) Representação dos processos de endocitose celular: fagocitose, pinocitose e endocitose mediada por receptores. (b) Detalhe do processo de formação do fagossomo – observe a reorganização do citoesqueleto na formação dos pseudópodes. Fonte: (a) Adaptada de Nasky/Shutterstock.com; (b) UFPR (2013). Endocitose Fagocitose Pinocitose Endocitose mediada por receptor Citoplasma Citoplasma Vesícula Citoplasma vesícula marcada Proteína marcada Partícula sólida Pseudopódio (a) (b) Acesse os vídeos publicados no YouTube que mostram imagens de células cultivadas in vitro no processo de facogitose. https://qrgo.page.link/vrTGB https://qrgo.page.link/AeKM4 https://qrgo.page.link/HxTFZ 21Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas O link a seguir traz muitas informações sobre a célula eucariota animal, com várias animações sobreas estruturas e os eventos celulares. https://qrgo.page.link/VoF6y Observe o esquema a seguir (Figura 16), que ilustra uma célula do sistema imune na eliminação de um microrganismo patógeno. Figura 16. Célula do sistema imune na eliminação de um microrganismo patógeno. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas22 Durante a atividade celular, a célula do sistema imune reconhece o patógeno por meio de um receptor presente na sua membrana plasmática. A ligação receptor- -microrganismo ativa a polimerização do citoesqueleto formando proeminências na membrana — os pseudópodes, que envolverão o microrganismo (1), formando a vesícula endocítica ou fagossomo (2). No citoplasma das células, existem várias vesículas que contém enzimas hidrolíticas que promoverão a destruição do microrganismo. Essas vesículas são os lisossomos (ou lisossomo primário). Na dinâmica de organelas citoplasmáticas (sempre mediada por componentes do citoesqueleto) para eliminação do patógeno, o lisossomo funde- -se ao fagossomo (3), despejando ali as enzimas que promoverão a destruição do microrganismo (4). A vesícula formada a partir da fusão do fagossomo com o lisossomo é denominada fagolisossomo (representada pelos números 3 e 4 do esquema da Figura 16). No fagolisossomo (ou lisossomo secundário) ocorrerá a digestão do microrganismo, no processo que é denominado “digestão intracelular”. Após a digestão, tem-se uma vesícula com corpos residuais (microrganismo digerido) — ou lisossomo terciário (4 e 5). Esses resíduos são lançados para o meio extracelular por meio da membrana plasmática, num processo de exocitose (5). ALBERTS, B. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. BARBOSA, M. R. et al. Geração e desintoxicação enzimática de espécies reativas de oxigênio em plantas. Ciência Rural, v. 44, n. 3, p. 453−460, 2014. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/cr/v44n3/a7914cr2013-0032.pdf. Acesso em: 27 out. 2019. BIOLOGIA celular: rotas celulares: a rota secretora. [S. l., 201-?]. Disponível em: https:// midia.atp.usp.br/impressos/redefor/EnsinoBiologia/BioCel_2011_2012/BioCel_v2_04. pdf. Acesso em: 27 out. 2019. CELL IMAGE LIBRARY. Don W. Fawcett. Cavia porcellus, plasma cell. 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Digestão intracelular: endossomas, lisossomas e peroxissomas24 DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir traz um resumo dos principais tópicos da unidade e servirá, principalmente, para você entender como ocorre a digestão intracelular com a participação das organelas endossomas, lisossomas e peroxissomas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Analise a figura abaixo e indique o nome dos compartimentos indicados pelos números 1, 2, 3, 4 e 5, respectivamente. A) Endossomo tardio, endossomo inicial, lisossomo, fagossomo e autofagossomo. B) Endossomo tardio, endossomo inicial, fagossomo, lisossomo, autofagossomo. C) Endossomo inicial, endossomo tardio, lisossomo, fagossomo e autofagossomo. D) Endossomo inicial, endossomo tardio, fagossomo, autofagossomo e lisossomo. E) Lisossomo, endossomo inicial, endossomo tardio, fagossomo, autofagossomo. 2) Quando microrganismos como bactérias conseguem invadir o nosso organismo, células de defesa, como os macrófagos, englobam esses patógenos e os destroem. No processo de destruição desses microrganismos, ocorrem sucessivamente: A) Fagocitose – extensão de pseudópodo – formação dos fagossomos – lisossomo. B) Fagocitose – formação do vacúolo autofágico – formação do fagossomo – degradação bacteriana – defecação celular. C) Exocitose – extensão de pseudópodo – formação do vacúolo autofágico – ataque lisossômico – egestão. D) Pinocitose – ataque lisossômico – formação do vacúolo digestivo – exocitose. E) Pinocitose – formação dos fagossomos – formação do vacúolo digestivo – degradação bacteriana nos lisossomos. 3) Dois principais tipos de endocitose são distinguíveis, com base no tamanho das vesículas endocíticas formadas. Denomina-se _________ a incorporação de fluidos e de solutos por meio de pequenas vesículas. A) Fagocitose B) Osmose C) Endocitose D) Pinocitose E) Exocitose A figura a seguir representa uma célula em processo de endocitose. Identifique a parte incógnita da imagem. 4) A) Bactéria B) Lisossomo inicial C) Pseudópo D) Flagelo E) Endossomo tardio 5) Enzimas são um tipo específico de proteínas. As enzimas contidas nos lisossomos são sintetizadas pela célula a partir de qual estrutura? A) Complexo de Golgi B) Retículo endoplasmático liso C) Retículo endoplasmático rugoso D) Mitocôndria E) Centríolo NA PRÁTICA A autofagia é um processo celular fisiológico para a remoção e reciclagem de organelas inteiras, alteradas ou que não são mais necessárias. Esse processo assegura a manutenção da homeostase celular em condições adversas, como privação de nutrientes, presença de patógenos e toxinas. Algumas substâncias utilizadas na prática clínica oncogênica podem levar ao processo de morte autofágica. Diversas propriedades e proteínas específicastêm sido utilizadas para quantificação do processo autofágico. Uma propriedade que se aproveita do mecanismo autofágico é o fato dos autofagossomos maduros serem organelas ácidas. Assim, pode-se utilizar o corante fluorogênico acidotrópico laranja de acridina (do inglês acridine orange) para marcar especificamente esses ambientes celulares: o laranja de acridina cora o citoplasma e os núcleos celulares com fluorescência verde (2) e, quando em um ambiente ácido, sofre modificações físico-químicas e passa a emitir fluorescência vermelha (3). Dessa forma, o protocolo com laranja de acridina baseia-se na marcação de células com o corante e detecta a porcentagem de células marcadas positivamente, ou seja, células positivas para marcação vermelha (3). Após a realização de um protocolo com laranja de acridina, as células podem ser avaliadas por citometria de fluxo ou por microscopia de fluorescência (1). Vamos olhar através de imagens, captadas por microscopia de fluorescência (1), como ficam as células negativas e positivas para o laranja de acridina. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Microrganismos - Fagocitose A fagocitose está diretamente ligada ao processo imunológico nos seres humanos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Lisossomo, endossomo inicial (receptossomo), endossomo tardio (corpo multivesicular), vesículas endossômicas (fagossomos, pinossomos, vacúolos autofágicos) Site do ensino superior, sobre Biologia Celular, ensina sobre microscopias de endossomos e lisossomos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Da Célula ao Sistema - Peroxissomos Leia neste espaço de interdisciplinaridade entre a Embriologia, a Biologia Celular e a Biologia Molecular, sobre as organelas peroxissomos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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