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SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL NO DOMICÍLIO PARA DEFICIENTES E IDOSOS APOSTILA_01

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Prévia do material em texto

1
Serviço no Domicílio PSB
Serviço de Proteção Social Básica 
no Domicílio para Pessoas com 
Deficiência e Idosas
Módulo 1
As Políticas, Concepções e 
Conceitos que Orientam a Oferta 
do Serviço de Proteção Social 
Básica no Domicílio para Pessoas 
com Deficiência e Idosas
 
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – 
Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 
Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, para 
fins não comerciais, desde que citada a fonte e que licenciem as novas criações sob termos 
idênticos.
 
 Ficha catalográfica elaborada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da Universidade Federal de
Viçosa – Campus Viçosa
 
 Martins, Simone, 1969- 
M386s Serviço no domicílio PSB : serviço de proteção social
2022 básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas 
 [recurso eletrônico] / Simone Martins, Cristina Caetano de 
 Aguiar, Andréia Queiroz Ribeiro ; coordenação Marcelo José 
 Braga ; Ministério da Cidadania – Viçosa, MG : UFV, IPPDS, 
 2022.
 1 apostila eletrônica (138 p.) : il. color.
 Disponível em: https://novoead.cidadania.gov.br/index
 ISBN: 978-85-66148-36-7
 1. Serviços de cuidados de saúde domiciliares.
 2. Idosos – Cuidados de saúde domiciliares. 3. Pessoas com
 deficiência – Cuidados de saúde domiciliares. 4. Idosos – 
 Política governamental. 5. Pessoas com deficiência – Política 
 governamental. I. Aguiar, Cristina Caetano de, 1990-. 
 II. Ribeiro, Andréia Queiroz, 1973-. IV. Braga, Marcelo
 José, 1969-. V. Brasil. Ministério da Cidadania. VI. Sistema 
 Único de Assistência Social (Brasil). VII. Universidade 
 Federal de Viçosa. Instituto de Políticas Públicas e 
 Desenvolvimento Sustentável. VIII. Universidade
 Federal de Viçosa. Coordenadoria de Educação Aberta
 e à Distância. IX. Título. 
 
 CDD 22. ed. 362.14
 
 
 Bibliotecário responsável: Euzébio Luiz Pinto – CRB 6/3317
 
3
Conjunto de Ícones da Apostila
Buscando facilitar a leitura e a compreensão dos conteúdos disponibilizados, 
apresentaremos um conjunto de ícones para auxiliar a organização do estudo. 
Esses ícones são pequenas figuras associadas a um tipo de texto que julgamos 
relevante, buscando, assim, chamar a sua atenção. Os ícones também são 
utilizados para indicar textos complementares. 
Cada ícone tem uma função específica, conforme descrito a seguir: 
TEXTO-DESTAQUE: 
São definições, conceitos ou afirmações importantes às quais você deve estar 
atento. 
SAIBA MAIS!:
Conteúdos complementares, indicados por links, apresentando vídeos, sites ou 
artigos relacionados ao tema, visando um aprofundamento do nosso estudo.
ATENÇÃO:
Utilizado como um convite a refletir sobre os aspectos apontados no texto, 
relacionando-os com a prática profissional e cotidiana. 
!
 
4
LISTA DE SIGLAS
AD1 | Atenção Domiciliar tipo 1 
AD2 | Atenção Domiciliar tipo 2
AD3 | Atenção Domiciliar tipo 3
ANG | Associação Nacional de Gerontologia 
BPC | Benefício de Prestação Continuada 
CADUNICO |Cadastro dos Programas Sociais 
CENTRO POP | Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua 
CF | Constituição Federal 
COBAP | Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas 
CONTAG | Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
CRAS | Centro de Referência de Assistência Social 
CREAS | Centro de Referência Especializado de Assistência Social 
EMAD | Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar
EMAP | Equipes Multiprofissionais de Apoio
IBGE | Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
LBI | Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
LOAS | Lei Orgânica de Assistência Social 
MC | Ministério da Cidadania
MOSAP | Movimento de Servidores Aposentados e Pensionistas
NOB-RH-SUAS | Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de 
Assistência Social
NOB-SUAS | Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
OMS | Organização Mundial de Saúde 
ONU | Organização das Nações Unidas
PAEFI | Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos 
PAIF |Proteção e Atendimento Integral à Família 
PDAS | Plano Decenal de Assistência Social
PNAD | Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar 
PNADC | Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua
PNAPSD | Política Nacional de Atenção às Pessoas em Situação de Dependência.
PNAS | Política Nacional de Assistência Social 
PNI | Política Nacional do Idoso
PNS | Pesquisa Nacional de Saúde
PSB | Proteção Social Básica 
PSE | Proteção Social Especial 
RAS | Redes de Atenção à Saúde
SAD | Serviço de Atenção Domiciliar 
SBGG | Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
SNAS| Secretaria Nacional de Assistência Social
SPSBD | Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio
SUAS | Sistema Único de Assistência Social 
SUS | Sistema Único de Saúde
 
5
SUMÁRIO
MENSAGEM AO CURSISTA 6
APRESENTAÇÃO 7
UNIDADE 1: CONCEPÇÕES E CONTEXTOS QUE ORIENTAM O SERVIÇO DE 
PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO DOMICÍLIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
E IDOSAS 9
2. Deficiência: conceito e contextos 13
3. Questões que permeiam a pessoa com deficiência e a pessoa idosa 16
3.1. Vulnerabilidade 16
3.2. O cuidado familiar 21
UNIDADE 2: AS POLÍTICAS E O DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
E IDOSAS 23
1. A política pública de assistência social 24
2. Marcos nacionais para as políticas voltadas à pessoa com deficiência 
e idosa 28
2.1. Política nacional do idoso 28
2.2. Estatuto do idoso 30
2.3. Estatuto da pessoa com deficiência 32
3. Assistência no ambiente domiciliar: perspectiva da saúde e da 
assistência social 35
3.1. Atenção domiciliar no âmbito da Saúde 35
3.2. Atenção domiciliar no âmbito da assistência social 37
3.3. Atenção domiciliar no âmbito da saúde e da assistência social 38
4. Normativas relacionadas à fundamentação do serviço de proteção social 
básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas 39
REFERÊNCIAS CONSULTADAS 41
6
Mensagem ao 
cursista
Olá, Cursista!
Seja bem-vinda, seja bem-vindo ao curso Serviço de Proteção Social Básica no 
Domicílio para Pessoas com deficiência e idosas – Serviço no Domicílio PSB.
Saiba que é um prazer tê-lo(a) conosco para tratar de questões tão relevantes 
na proteção às pessoas idosas e às pessoas com deficiência.
O Serviço no Domicílio PSB é uma iniciativa do Departamento de Proteção 
Social Básica, da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) do Ministério 
da Cidadania (MC). O curso tem como objetivo habilitar profissionais do 
SUAS (Sistema Único de Assistência Social) por meio de conteúdo técnico e 
metodológico, propiciando a implementação do serviço de forma qualificada. 
Especificamente, busca-se:
• contribuir com os gestores da Política de Assistência Social e com os 
trabalhadores do SUAS nos processos de implantação, aprimoramento 
e/ou reordenamento do referido serviço; 
• subsidiar as instâncias de pactuação do SUAS, as Comissões 
Intergestores Tripartite e Bipartite, bem como as de deliberação, 
os Conselhos de Assistência Social, nos âmbitos nacional, estadual, 
municipal e distrital, nos processos de regulação.
Com este curso, composto por três módulos, espera-se contribuir para facilitar 
o acesso às informações sobre os direitos e técnicas do serviço de proteção social 
básica no domicílio para as pessoas com deficiência e idosas. 
Todo o curso é fundamentado no documento Orientações Técnicas: Proteção 
Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, publicado 
no ano de 2017 pela Secretaria Nacional de AssistênciaSocial do Ministério de 
Desenvolvimento Social, atual Ministério da Cidadania. O referido documento 
foi elaborado acolhendo contribuições valiosas advindas da consulta pública 
disponibilizada pelo site do MDS, de 7 a 25 de novembro de 2016. Contempla, assim, 
um conjunto de informações, fruto do amadurecimento do SUAS, conquistado 
desde 2005 e de um processo de construção coletiva, tendo como linha mestra a 
Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais.
Desejamos sucesso na realização deste curso e que você utilize esses 
conteúdos para fazer a diferença em seu município. 
Bom curso!
Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) 
Ministério da Cidadania (MC)
7
Apresentação
O curso Serviço no Domicílio PSB é composto por 3 (três) módulos. Neste 
Módulo 1, vamos compreender as políticas, concepções e conceitos que orientam 
a oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com 
Deficiência e Idosas.
O Módulo 1 é composto por 2 (duas) Unidades, que auxiliarão na 
compreensão das concepções e do histórico de criação dos direitos para as 
pessoas idosas e para as pessoas com deficiência. 
Unidade 1
Concepções e 
contextos
Unidade 2
As políticas 
públicas e os 
direitos
Orientação para a 
oferta
Serviço de 
Proteção Social 
Básica
Figura 1. Unidades do Módulo 1
Na Unidade 1, dedicaremos à compreensão das concepções e contextos que 
orientam o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, tanto para pessoas 
com deficiência quanto para pessoas idosas. Assim, inicialmente, buscaremos 
conceituar “pessoa idosa” e “pessoa com deficiência” para, em seguida, 
avançarmos na definição do que vem a ser vulnerabilidades e o que esperar de um 
atendimento em domicílio. Também serão tratadas as transversalidades, sendo 
algo necessário para colocar em prática o serviço de proteção social básica para 
esse público. 
Já na Unidade 2, centraremos a atenção nos principais marcos nacional de 
defesa e proteção dos direitos das pessoas idosas e das pessoas com deficiência, 
dentre eles, o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Também 
será o momento de aprofundar um pouco sobre o Sistema Único de Assistência 
Social - SUAS, seus níveis de proteção e a oferta dos serviços em domicílio. 
Os conteúdos propostos para esse módulo são de grande importância para a 
formação dos Gestores de Assistência Social, Coordenadores de CRAS, Técnicos 
de Referência do CRAS, Coordenadores do SD, Cuidadores Sociais, Orientadores 
ou Educadores Sociais, que são o nosso público-alvo. 
 
8
Este Módulo 1 do curso Serviço no Domicílio PSB tem duração total de 
10 horas. Para o bom aproveitamento, além dos conteúdos disponibilizados 
nesta apostila, você terá acesso ao vídeo de apresentação, às aulas narradas 
e aos exercícios e jogos interativos. É interessante que você assista ao vídeo 
de apresentação antes de continuar a leitura desta apostila. Para tanto, basta 
acessá-lo no portal do curso.
Recomendamos que você não se esqueça de ler o Guia de Estudos, também 
disponível na plataforma do curso. Ele foi preparado para lhe auxiliar a se 
organizar e aproveitar, da melhor maneira, o tempo dedicado a este Módulo 1. 
Acesse e receba as nossas sugestões para realizar as atividades deste módulo. 
Desejamos sucesso na realização do Módulo 1 e em todo o Curso de Serviço 
de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas – 
Serviço no Domicílio PSB.
Bons estudos!!!
 
Este Módulo 1 do curso Serviço no Domicílio PSB tem duração total de 
10 horas. Para o bom aproveitamento, além dos conteúdos disponibilizados 
nesta apostila, você terá acesso ao vídeo de apresentação, às aulas narradas 
e aos exercícios e jogos interativos. É interessante que você assista ao vídeo 
de apresentação antes de continuar a leitura desta apostila. Para tanto, basta 
acessá-lo no portal do curso.
Recomendamos que você não se esqueça de ler o Guia de Estudos, também 
disponível na plataforma do curso. Ele foi preparado para lhe auxiliar a se 
organizar e aproveitar, da melhor maneira, o tempo dedicado a este Módulo 1. 
Acesse e receba as nossas sugestões para realizar as atividades deste módulo. 
Desejamos sucesso na realização do Módulo 1 e em todo o Curso de Serviço 
de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas – 
Serviço no Domicílio PSB.
Bons estudos!!!
Unidade 1
Concepções e contextos 
que orientam o serviço de 
proteção social básica no 
domicílio para pessoas com 
deficiência e idosas
 
10
A Unidade 1 do primeiro módulo do curso Serviço no Domicílio PSB dedica-se 
às questões que permeiam a vida da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, 
essencialmente no que se refere às situações de vulnerabilidade e ao cuidado 
familiar. 
Antes, porém, vamos compreender, separadamente, o conceito de pessoa 
idosa e também conceitos e contextos referentes à temática sobre deficiência. 
De tal modo, a nossa Unidade 1 será assim constituída:
1. Pessoa Idosa e o processo de envelhecimento;
2. Deficiência: Conceito e Contextos;
3. Questões que permeiam a pessoa idosa e a pessoa com deficiência:
3.1. Vulnerabilidade;
3.2. O cuidado familiar.
Vamos lá!?
1. Pessoa idosa e o processo de envelhecimento
Quando dizemos que o envelhecimento é um direito personalíssimo, significa 
que ele pertence ao indivíduo na sua singularidade, é intransferível e faz parte 
de um processo natural de transformações biológicas relacionadas aos ciclos de 
vida. 
Dessa forma, podemos deduzir que o processo de envelhecer não é um 
acontecimento homogêneo, estático, visto que cada pessoa vivencia esse ciclo 
de vida de forma diversa, considerando sua trajetória particular e as condições 
econômicas, de saúde, educação e, ainda, gênero, etnia, contexto familiar e 
territorial. 
Assim, é importante que os profissionais envolvidos com a oferta do Serviço 
de Proteção Social Básica no Domicílio (SPSBD) conheçam as implicações 
do envelhecimento para compreender que não se trata de um processo 
marcado apenas por aspectos biológicos, especialmente no Brasil, em que o 
envelhecimento, além de heterogêneo, é desigual.
Embora o envelhecimento seja um processo pessoal e único, não existe um 
indicador universal que define o que seja um indivíduo idoso. Ademais, a definição 
de pessoa idosa não se refere a um indivíduo isolado, mas relaciona-se também 
à sociedade e ao contexto em que vive. Por isso, e, também, por questões legais, 
é comum a utilização, por diversos países, do recorte de idade para definir uma 
pessoa idosa. 
Mas afinal, quem é considerada uma PESSOA IDOSA?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como pessoas idosas 
aquelas com idade igual ou superior a 65 anos em países desenvolvidos e aquelas 
com 60 anos, ou mais, residentes em países em desenvolvimento. 
No Brasil, a Lei nº 8.842/1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e 
o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, definem pessoa idosa como aquela com 
idade igual ou superior a 60 anos. A partir dessa idade, a lei prevê garantias, entre 
as quais pode-se ressaltar: 
 
11
• o atendimento preferencial em órgãos públicos e privados;
• a priorização do cuidado por sua própria família, em detrimento aos 
serviços de acolhimento em instituição de longa permanência;
• o impedimento a qualquer tipo de negligência, discriminação, 
violência, crueldade ou opressão contra a pessoa idosa;
• a punição de qualquer atentado aos seus direitos, seja por ação ou 
omissão (BRASIL, 2017).
O crescente aumento da população idosa é uma realidade sem volta, exigindo 
a nossa atenção e o desenvolvimento de políticas de proteção. Observe as 
pirâmides etárias produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) para os anos 1980, 2010 e a projeção para 2060 (Figura 2). 
Fonte: IBGE (2019)
 
12
Veja que o aumento da proporção de pessoas idosas vem mudando o formato 
da pirâmide etária, fazendo com que a sua base fique cada vez mais estreita e seu 
topomais alargado. Essa mudança será ainda mais significativa no ano de 2060, 
quando aproximadamente um terço da população brasileira será de pessoas 
idosas, conforme mostrado nas imagens. 
É esperado que alterações nessas pirâmides possam ocorrer devido às 
consequências decorrentes da pandemia pelo novo coronavírus. Estudos indicam 
que houve uma redução média de 2 anos na expectativa de vida da população 
brasileira após a chegada da COVID-19 (CASTRO et al., 2021).
Você saberia dizer quais fatores têm contribuído para essa transformação na 
pirâmide etária brasileira?
 Entre as explicações para esse crescimento, pode-se apontar a menor 
mortalidade em todas as idades, a diminuição de nascimentos e, paralelamente, 
o crescimento da expectativa de vida. Isso ocorre em função dos avanços em 
vários indicadores sociais do país como, por exemplo, os avanços tecnológicos 
nas políticas de saúde, da regularidade e ampliação das campanhas de vacinação 
e da redução da taxa de mortalidade por doenças infectocontagiosas. 
A longevidade é uma conquista da humanidade, mas, em função dela, também 
nos deparamos com inúmeros desafios, tais como:
• aumento das demandas por políticas sociais e econômicas;
• impactos na previdência social;
• necessidade de ampliação de ações que garantam dignidade, cuidado, 
autonomia, participação e independência às pessoas idosas.
Ademais, tem-se que considerar que o aumento da população idosa vem 
ocorrendo em um contexto de profundas mudanças das estruturas familiares, 
dentre elas, podemos destacar a diminuição da fecundidade, o que gera famílias 
menores, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a migração dos jovens 
em busca de trabalho ou estudo fora de seus lugares de origem, o aumento dos 
divórcios e dos recasamentos, além de outros tipos de arranjos familiares. 
Todas essas transformações podem influenciar na forma como as famílias 
se organizam para cuidar das pessoas idosas, principalmente daquelas que 
necessitam de cuidados frequentes de terceiros. Não obstante, ainda que 
necessitem de cuidados frequentes, elevado número de pessoas idosas são arrimo 
de muitas famílias brasileiras. 
 
13
SAIBA MAIS!
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua 
(PNADC), em 2019, dos 72,6 milhões de domicílios brasileiros, 35% tinham 
pelo menos um idoso residindo, sendo que eles eram responsáveis por 70,6% 
da renda desses domicílios e 62,5% dessa renda vinha de aposentadorias ou 
pensões. Dessa forma, podemos dizer que se por um lado os idosos necessitam 
de ajuda, por outro, eles provêm ajuda (CAMARANO, 2020).
A aposentadoria e os benefícios sociais, como o Benefício de Prestação 
Continuada (BPC), têm contribuído para uma nova organização familiar, em que 
pessoas da família passam a residir com a pessoa idosa. Nessa nova organização, 
a pessoa idosa passa a exercer um papel importante como provedor.
Agora que já conhecemos um pouco mais sobre as novas configurações 
familiares, sobre o acelerado processo de envelhecimento e já sabemos como 
são definidas as pessoas idosas em nosso País, seguiremos para compreender o 
conceito de pessoa com deficiência, além de informações contextuais. Vamos lá!
2. Deficiência: conceito e contextos
O conceito de deficiência sofreu diversas alterações ao longo dos anos, 
passando desde concepções filosóficas, médicas, humanitárias, legais até chegar 
à de inclusão social. Dessa forma, podemos dizer que se trata de um conceito em 
evolução.
Inicialmente, a deficiência era respaldada no chamado “modelo médico”. 
Nesse modelo, as incapacidades ou limitações decorrentes da deficiência eram um 
problema meramente individual, consequência de uma doença, de uma lesão ou 
de outro problema de saúde que necessitava de cuidados médicos, sendo passível 
de tratamento. Essa percepção foi mudando ao longo dos anos, estimulada, em 
grande parte, pela organização das pessoas que possuem alguma deficiência e 
pela crescente tendência de encará-la como uma questão de direitos humanos.
No Brasil, diversas terminologias foram utilizadas para se referir à pessoa com 
deficiência, sendo elas: portador de necessidades especiais, deficiente, portador 
de deficiência, pessoa especial, pessoa com deficiência. 
Mas afinal, qual é a terminologia correta a ser utilizada?
Com base na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 
13.146/2015), também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, 
podemos definir pessoa com deficiência da seguinte maneira: 
 
14
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de 
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma 
ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade 
em igualdade de condições com as demais pessoas.
As mudanças pelas quais a terminologia passou traduziu a ideia de que a 
pessoa não “porta” uma deficiência, mas sim “possui uma deficiência”, seja na 
estrutura do corpo, seja em relação a alguma função que limita a realização de 
alguma atividade e restringe sua participação social. 
Com essa mudança, o conceito de pessoa com deficiência passou a ser pautado 
no “modelo social”. Nessa perspectiva, a deficiência não é algo que se extingue 
no corpo dos indivíduos com impedimentos. Também não é uma lesão ou uma 
doença a ser curada, mas uma questão a ser discutida por toda a sociedade. 
Esse modelo constata que o ambiente tem relação direta na liberdade da 
pessoa com deficiência, que poderá ter sua situação agravada por conta das 
relações e barreiras que podem lhe prejudicar o desenvolvimento e o exercício 
de direitos (ENAP, 2017).
O conceito proposto pela Lei Brasileira de Inclusão evidencia a interação 
entre pessoas com deficiência e as barreiras.
Mas o que seriam essas barreiras?
 
15
Podemos definir barreiras como qualquer entrave, obstáculo, atitude e 
comportamento que limita a participação social da pessoa e obstrui o gozo, a 
fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento 
e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à 
circulação com segurança, entre outros.
Para a nossa melhor compreensão, basta olharmos ao nosso redor para 
perceber quantas barreiras as pessoas com deficiências precisam enfrentar todos 
os dias. Vamos refletir um pouco! 
Quem nunca presenciou um usuário de cadeira de rodas ter dificuldades para 
entrar em um prédio público por falta de rampa de acesso ou elevador acessível? 
Ou, ainda:
Quem nunca presenciou uma pessoa com deficiência auditiva que não 
conseguiu participar de uma reunião da Câmara Municipal, de um Conselho 
Municipal ou outros espaços por não ter um intérprete de língua de sinais? 
Seguramente, você já evidenciou outras barreiras que limitam ou, até mesmo, 
impedem a liberdade das pessoas com deficiência.
Em relação ao número de pessoas que possuem algum tipo de deficiência, 
segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2019, elas totalizavam 17,3 
milhões de brasileiros com 2 anos ou mais de idade, o que representa 8,4% da 
população. Entre as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência, cerca 
de um quarto (8,5 milhões) eram pessoas idosas.
É sabido que há uma relação entre deficiência e envelhecimento, já que há 
um risco maior de desenvolver algum tipo de deficiência entre as pessoas com 
mais idade, consequências de um período de vida marcado por lesões e doenças 
crônicas.
Voltando aos dados da pesquisa, foi constado também que, das pessoas que 
possuíam algum tipo de deficiência:
• 3,4%, (o que equivale a 6,9 milhões de pessoas) tinham deficiência visual; 
• 1,1% (o que equivale a 2,3 milhões de pessoas) tinham deficiência 
auditiva;
• 3,8% (o que equivale a 7,8 milhões de pessoas) tinham deficiência física 
nos membros inferiores;
• 1,2% (o que equivale a 2,5 milhões de pessoas) tinham deficiência 
mental. 
 
16
Ao retratar a deficiência por estados, verificou-se que o maior percentual de 
pessoas comdeficiência estava no Nordeste (9,9%), região onde todos os estados 
tiveram percentuais acima da média nacional. Nas demais regiões do Brasil, os 
percentuais foram: Sudeste (8,1%), Sul (8,0%), Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,1%).
No Brasil, embora não se tenha uma base de dados com informações sobre 
a prevalência das deficiências, tipos ou causas, notou-se o surgimento de um 
número significativo de casos de microcefalia em crianças nascidas nos anos de 
2015 e 2016 e a associação dessas manifestações com a contaminação das mães 
pelo Zika Vírus. Conforme dados do Ministério da Saúde, entre 2015 e novembro 
de 2016, 1.146 municípios apresentavam casos de notificações e 700 municípios 
apresentavam casos confirmados. Mais uma vez, a região nordeste se destacou 
com maior número de municípios com casos confirmados, o que pode ter causado 
o maior percentual de pessoas com deficiência. Na sequência, tem-se a região 
Sudeste, Norte, Centro Oeste e Sul.
Importante destacar o impacto da pandemia da Covid-19 nessa parcela da 
população. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, as pessoas 
com deficiência podem ter um maior risco de contrair o vírus, pois enfrentam 
falta de informações acessíveis sobre saúde, barreiras para implementar medidas 
básicas de higiene e instalações de saúde inacessíveis. Ainda, ao contraírem o 
vírus, muitas têm maior probabilidade de desenvolver condições graves de 
saúde, devido aos problemas preexistentes causados pela deficiência, o que pode 
resultar em morte. 
Percebemos até este ponto que o conceito de pessoa com deficiência está 
em evolução e conhecemos um pouco mais sobre o contexto brasileiro e sobre a 
relação entre pessoa com deficiência e pessoa idosa. 
A partir deste momento, vamos avançar um pouco mais no curso, 
compreendendo as questões relacionadas às vulnerabilidades e à importância 
do cuidado familiar. 
3. Questões que permeiam a pessoa com deficiência e a pessoa idosa
Tendo claro os conceitos e contextos relacionados à pessoa idosa e à pessoa 
com deficiência, passamos a tratar de temas essenciais quando se refere à 
proteção básica: vulnerabilidade e cuidados familiares. 
3.1. Vulnerabilidade
As pessoas com deficiência e pessoas idosas são grupos vulneráveis. Mas o 
que é ser vulnerável? O que deixa uma pessoa nessa condição?
 
17
Ao consultarmos o dicionário Aurélio, verificamos que vulnerável é algo ou 
alguém que pode ser ferido ou ofendido. Sob a ótica da legislação brasileira, 
vulnerável pode se referir às pessoas que têm maior fragilidade diante de 
outros grupos da sociedade. Tais fragilidades podem relacionar-se ao ciclo de 
vida (como crianças, adolescentes e pessoas idosas), a deficiências, a condições 
sociais, culturais, econômicas, educacionais e de saúde, que sejam diferentes de 
outras pessoas, podendo resultar em uma situação desigual ou gerar uma relação 
de dependência.
O termo vulnerabilidade é multidimensional, ou seja, possui várias dimensões 
nas quais as condições comportamentais, socioculturais, econômicas e 
políticas interagem com os processos biológicos ao longo da vida.
Assim, o processo de envelhecer está diretamente relacionado ao risco 
de vulnerabilidade, visto que o envelhecimento é marcado por mudanças que 
envolvem um conjunto de aspectos individuais e coletivos que exercem influência 
nas condições de vida e saúde do indivíduo (BARBOSA; OLIVEIRA; FERNANDES, 
2019).
Estudos indicam que o sentimento de vulnerabilidade associado ao 
envelhecimento advém do declínio na saúde física e/ou mental. Acontecimentos 
na vida da pessoa idosa como a deterioração da saúde, a redução dos sentidos, os 
déficits cognitivos, o declínio psicológico, se mostraram fortemente relacionados 
à vulnerabilidade dessa população.
 De acordo com a Organização Mundial da Saúde, dentre as pessoas idosas 
mais propensas à situação de vulnerabilidade estão aquelas que possuem as 
seguintes características:
• têm idade superior a 80 anos;
• moram sozinhas;
• são mulheres, especialmente as solteiras e viúvas;
• moram em instituições de longa permanência ou outras;
• estão isolados socialmente;
• não têm filhos;
• têm limitações graves ou incapacidades;
• são casais em que um dos cônjuges é incapacitado ou está doente e/
ou tem recursos escassos. 
 
18
Complementando, um estudo canadense, realizado com pessoas idosas, 
evidenciou que a expectativa de vida entre as mulheres era afetada negativamente 
por questões sociais, como isolamento, adversidade econômica e o fato de residir 
sozinha, o que acarretava menores recursos e menos apoio social (ARMSTRONG 
et. al, 2015).
O processo de envelhecimento e as mudanças que o acompanha têm um 
impacto maior em pessoas com deficiência, já que pode ocorrer de forma mais 
precoce. Segundo o Relatório do Ministério da Cidadania (apud Zigman et al., 
1987), pessoas com deficiência intelectual envelhecem precocemente devido à 
maior ocorrência de doenças como diabetes, declínio de capacidade cognitiva, 
adaptativas e de socialização, apatia, perda de vocabulário e tendência à 
manifestação de Alzheimer nesse grupo. Esses sinais aparecem normalmente em 
pessoas com idades entre 30 a 40 anos, principalmente em pessoas com síndrome 
de Down. 
O envelhecimento também contribui para que o grau da deficiência seja 
aumentado. Por exemplo, pessoas que possuem mobilidade reduzida podem ter 
uma perda funcional crescente à medida que envelhecem.
Evidências também mostram que pessoas com deficiência apresentam maior 
risco à vulnerabilidade por encontrarem maiores dificuldades de acesso a 
trabalho, educação e serviços especializados de reabilitação. Um levantamento 
feito pelo Ministério da Cidadania, em 2020, mostrou que as pessoas com 
deficiência, inscritas no Cadastro Único, possuem menores níveis de escolaridade. 
Dentre elas, 65% não tinham instrução ou possuíam apenas o ensino fundamental 
incompleto. 
O cenário apresentado vem desde a infância, já que, em geral, crianças com 
deficiência têm menos probabilidade de iniciar a escola, além de índices mais 
baixos de permanência e aprovação. Ademais, pessoas com deficiência também 
estão mais vulneráveis a sofrer abusos, já que em geral dependem de diferentes 
cuidadores e possuem maior dificuldade de comunicação.
Além das vulnerabilidades já expostas, a vivência em situação de pobreza 
constitui um agravo significativo, em particular, quando relacionadas à velhice 
e à deficiência. 
No Brasil, em dezembro de 2020, havia 4.658.009 beneficiários do BPC 
(Benefício de Prestação Continuada), dentre os quais 54,76% (2.550.665) eram 
pessoas com deficiência e 45,24% (2.107.344) eram pessoas idosas. Quanto ao 
repasse do benefício, o valor foi superior a R$ 58,5 bilhões, sendo que desse 
montante, R$ 32,3 bilhões foram destinados às pessoas com deficiência e R$ 26,2 
bilhões a pessoas idosas. É válido destacar a importância do BPC na garantia da 
proteção social das pessoas com deficiência e idosas, bem como na composição 
dos rendimentos das famílias brasileiras. 
 
19
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 
(PNADC) de 2019, cerca de 24% dos domicílios brasileiros possuíam pelo menos 
uma pessoa idosa, e desses domicílios, 10,42% apresentavam vulnerabilidade de 
renda, ou seja, renda mensal familiar per capita de até meio salário mínimo. Dessa 
forma, é possível deduzir que, na ausência do BPC, haveria ainda mais famílias 
vivenciando uma situação mais severa de falta de renda. 
ATENÇÃO!
O BPC é um dos benefícios de transferência de renda mais relevantes em 
termos orçamentários, sendo destinado a pessoas com deficiência e idosos 
com mais de 65 anos que tenham renda mensal inferior a um quarto do salário 
mínimo. Trata-se de um benefício não contributivo, ou seja, para ter acesso a 
ele não é preciso ter contribuído anteriormente.
Para as pessoas com deficiência, inscritas no Cadastro Único, outra importante 
fonte de renda foi o Programa Bolsa Família (atual Auxílio Brasil), que atendeuem 2019, 13,5 milhões de famílias pobres (com renda per capita entre R$ 89,01 
e R$ 178,00 mensais) ou extremamente pobres (com renda per capita de até R$ 
89,00 mensais). 
Cerca de 21% das pessoas com deficiência inscritas no Cadastro Único estão 
em famílias que foram beneficiadas pelo Bolsa Família, ou seja, cerca de 900 mil 
pessoas, distribuídas em aproximadamente 850 mil famílias. 
Cabe ressaltar que o BPC pode beneficiar uma pessoa com deficiência, 
cuja família também tenha recebido o Bolsa Família, desde que os critérios 
de elegibilidade de cada programa sejam respeitados. Diante dos dados 
apresentados, podemos verificar que essas ações são essenciais para superar a 
vulnerabilidade decorrente da renda.
Além das vulnerabilidades, pessoas com deficiência e pessoas idosas ainda 
precisam lidar diariamente com o preconceito e discriminação. Você já presenciou 
alguma cena de preconceito contra pessoas com deficiência ou pessoas idosas?
“Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, eu só queria ser tratada com 
respeito.” (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2020).
Essa fala é de uma deficiente visual que deixou o emprego de carteira assinada 
após ter sofrido assédio moral de sua chefe. Infelizmente, em nossa sociedade, 
ainda existem muitos empregadores que discriminam pessoas com deficiência 
por acreditarem que são pessoas desqualificadas ou improdutivas. 
O Relatório Mundial sobre a Deficiência (2011) mostrou que o tipo de 
deficiência determina o grau de preconceito, sendo as pessoas com problemas 
!
 
20
mentais as que mais sofrem discriminação. Das pessoas com esquizofrenia, 
29% enfrentaram discriminação na busca por um emprego ou para mantê-lo, e 
42% sentiram que precisavam esconder sua condição quando procuravam por 
emprego, educação ou treinamento.
SAIBA MAIS!
Em 2021, a Lei de Cotas para pessoas com Deficiência completou 30 anos. 
Criada para assegurar a inclusão no mercado de trabalho, a Lei assegura 
que empresas com mais de 100 empregados devem destinar vagas para 
beneficiários reabilitados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e 
pessoas com deficiência. A Lei, na íntegra, pode ser acessada nesse link: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. 
As pessoas idosas também sofrem preconceito. Observe essa placa de 
sinalização. Como a pessoa idosa foi representada? 
EXCLUSIVO
Normalmente, os idosos são vistos como pessoas frágeis, que possuem 
dificuldades de locomoção, são dependentes e sem utilidade social. Isso é 
preconceito! Você sabia que o preconceito contra a pessoa idosa tem até nome? 
É o IDADISMO, preconceito baseado na idade.
O idadismo atinge graus variados de desrespeito e, eventualmente, maus 
tratos. Uma triste realidade foi o aumento no número de denúncias de violência 
e de maus tratos contra os idosos, que cresceu 59% no Brasil durante a pandemia 
do novo coronavírus. Entre março e junho de 2020, foram 25.533 denúncias 
recebidas no Disque 100, que é o principal canal de denúncias do Governo 
Federal.
Para superar o preconceito e garantir os direitos das pessoas com deficiência e 
pessoas idosas, a educação e a sensibilização são necessárias. Dentre os direitos, 
destaca-se o cuidado familiar, o próximo tema a ser tratado neste curso.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. 
 
21
3.2. O cuidado familiar
FAMÍLIA É QUEM SABE AMAR RESPEITANDO O DIFERENTE, TEM APOIO, 
TEM AMOR EM TUDO AQUILO QUE SENTE. 
É QUEM VOCÊ QUER CUIDAR É QUEM QUER CUIDAR DA GENTE. 
FAMÍLIA É QUEM TEM O DOM DE ESTAR AO NOSSO LADO SEGURANDO A 
NOSSA MÃO NO CAMINHO A SER TRILHADO. 
FAMÍLIA É QUEM TEM O DOM DE CUIDAR E SER CUIDADO.
Bráulio Bessa
A Constituição Federal de 1988 estabelece no art. nº 226 que a família é a base 
da sociedade e que ela, juntamente com o Estado, é responsável por assegurar 
à pessoa com deficiência e à pessoa idosa a efetivação dos seus direitos sociais, 
dentre eles, o próprio convívio familiar.
Ao pensar o cuidado no contexto familiar, é preciso levar em consideração a 
diversidade das famílias, bem como as diferentes condições sociais, ambientais 
e culturais.
Acontecimentos como a entrada da mulher no mercado de trabalho, a 
diminuição na taxa de fecundidade, o aumento da taxa de divórcios e de 
recasamentos, a saída dos jovens de casa para estudar/trabalhar contribuíram 
para o surgimento de novos arranjos familiares. Fato é que tais arranjos nem 
sempre favorecem o convívio com a pessoa idosa e com deficiência, seja por 
dificuldades no cuidado que essas pessoas demandam, seja, ainda, em função 
dos conflitos entre os que convivem em um mesmo ambiente. 
Além disso, a tarefa de cuidar de alguém, quase sempre, vem acompanhada de 
outras atividades cotidianas. Em especial, para as famílias mais pobres, o que faz 
com que essa relação de cuidado, muitas das vezes, seja marcada por cansaço, 
inseguranças, desconfortos, estresse, sofrimento, peso e descontrole emocional. 
Outra situação que considerar deve ser considerada é que, no âmbito 
familiar, a atividade de cuidar das pessoas idosas ou com deficiência é exercida 
principalmente pelas mulheres, resultando em sobrecarga para elas, haja vista 
sua entrada no mercado de trabalho. 
Dessa forma, a rede de apoio familiar torna-se frágil para fornecer o cuidado 
que a pessoa idosa e com deficiência necessita, podendo expô-las a situações de 
vulnerabilidade.
Em razão disso, o II Plano Decenal de Assistência Social (PDAS 2016-2026) 
propôs, entre suas metas, a criação de uma Política Nacional de Atenção às Pessoas 
 
22
em Situação de Dependência - PNAPSD. Com essa meta, o Plano reconhece que 
as pessoas dependentes de cuidados de terceiros são particularmente mais 
vulneráveis. Como exemplos, verifica-se o isolamento social, rupturas de vínculos, 
afastamento, exclusão, abandono e agravos à sobrevivência, principalmente, nos 
momentos de maior fragilidade social relacionados ao ciclo de vida, como na 
velhice, e também nas situações de redução da mobilidade física ou de deficiência. 
Projeções feitas por Ana Amélia Camarano apontavam que, em 2020, haveria 4 
milhões de pessoas idosas com necessidades de cuidados de terceiros. Em relação 
às pessoas com deficiência, de acordo com Relatório de Informações Sociais, 
desenvolvido pelo Ministério da Cidadania em 2020, a maioria dos cuidados (51%) 
destinados a pessoas com deficiência inscritas no Cadastro único era realizado 
por um membro da família. Cerca de 6% reportaram cuidadores provenientes 
de instituições da rede socioassistencial, 5%, cuidadores especializados, 1% 
recebiam cuidados de vizinhos ou outras formas de cuidado. Um fato que se 
destacou nesse relatório foi que 35% das pessoas com deficiência afirmaram 
não receber cuidado permanente de ninguém (nem profissionais externos, nem 
familiares ou vizinhos).
 
Apesar de todas as modificações pelas quais a sociedade tem passado, assim 
como as configurações familiares, a família continua tendo um importante 
papel de proteção social, sendo considerada o porto seguro dos seus membros.
Dessa forma, observa-se a necessidade de maior atuação do Estado na 
proteção à família que convive com pessoas com deficiência e com pessoas idosas, 
além de ações e programas que fortaleçam os vínculos familiares, promovendo o 
fortalecimento das relações afetivas.
É nesse contexto que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) prevê a 
oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, pois o ato de cuidar é 
constituído de várias ações, atividades e saberes, que exigem condições de oferta. 
No próximo módulo, trataremos com mais profundidade sobre esse serviço.
Sabe-se, contudo, que muitos familiares não têm condição de oferecer cuidados 
devido à idade, o estado de saúde, à falta de conhecimento, à convivência com 
a pobreza ou até mesmo pela inexistência de cuidadores familiares. Exigir que 
familiares que não possuem condições ofereçam cuidados caracteriza-se como 
violação dedireitos dos cuidadores familiares.
Assim, proteger o direito ao cuidado e aos cuidadores impõe ao Estado a 
oferta de serviços e benefícios, complementares aos oferecidos pela família. Essa 
é uma forma de ampliar a rede de cuidados e evitar violação de direitos.
 
Unidade 2
As políticas e o direito das 
pessoas com deficiência e 
idosas
 
24
As políticas são as formas que o governo tem para disponibilizar bens e 
serviços para a população, assim como para colocar em prática os direitos sociais. 
A oferta de serviços de proteção domiciliar para as pessoas com deficiência e 
idosas é um exemplo de direitos conquistados e tem como principais marcos 
normativos a Constituição Federal, a Política Nacional de Assistência Social e 
outras que colaboram para dar proteção a grupos considerados vulneráveis, 
como pessoas com deficiência e idosas. 
Assim, nesta unidade, iniciaremos pela compreensão da Política Nacional de 
Assistência Social. Em seguida, também serão tratados os seguintes temas:
• Políticas voltadas à pessoa idosa e pessoa com deficiência, com 
destaque para:
• Política Nacional do Idoso;
• Estatuto do Idoso;
• Estatuto da Pessoa com Deficiência.
• Oferta de assistência no ambiente do domicílio, na perspectiva da 
Saúde e da Assistência Social;
• Normativas relacionadas à fundamentação do Serviço de Proteção 
Social no Domicílio.
Todas essas informações são fundamentais para a criação ou o fortalecimento 
de uma rede de proteção capaz de dar o amparo devido à população idosa e à 
pessoa com deficiência. 
Vamos à leitura!
1. A política pública de assistência social
Durante muito tempo, a prática da assistência social no Brasil foi reconhecida 
como ações de filantropia ligadas à caridade cristã, não possuindo o caráter de 
direito social. Foi somente na Constituição Federal de 1988 (CF/88) que ela tomou 
uma nova concepção ao ser incluída no âmbito da Seguridade Social, juntamente 
com a Saúde e Previdência Social. 
A partir desse marco legal, a assistência social foi regulamentada como 
política pública de seguridade social, por meio da Lei Orgânica de Assistência 
Social (LOAS), Lei nº 8.742 de 1993. Com essa lei, tem-se a execução efetiva 
do texto constitucional sobre a assistência social e foi instituído um modelo 
descentralizado e participativo de gestão, envolvendo as três esferas de governo: 
municipal, estadual e federal, que passam a atuar de forma articulada. 
A LOAS define a assistência social como um direito do cidadão e dever do 
Estado, sendo política de seguridade social não contributiva, responsável por 
prover os mínimos sociais, sendo realizada em um conjunto integrado de ações de 
iniciativa pública e da sociedade a fim de garantir o atendimento às necessidades 
básicas.
 
25
ATENÇÃO!
Afirmar que a Assistência Social é uma política não contributiva significa que 
ela assegura que qualquer cidadão brasileiro tenha direito aos benefícios, 
serviços, programas e projetos socioassistenciais, sem a necessidade de 
qualquer contribuição.
A fim de materializar as diretrizes da LOAS, em outubro de 2004, foi aprovada a 
Política Nacional de Assistência Social (PNAS), por meio da Resolução nº 145/2004, 
tendo como objetivo disponibilizar serviços, programas, projetos e benefícios de 
proteção social básica e/ou especial para famílias, indivíduos e grupos que deles 
necessitarem. 
Além disso, a PNAS objetiva contribuir com a inclusão e a equidade, ampliando 
o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas 
urbana e rural, assegurando que as ações da assistência social sejam centralizadas 
na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2004). 
A Política Nacional de Assistência Social define o seu público usuário como 
sendo os cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e 
riscos, tais como:
famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos 
de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; 
identidades estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual; 
desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela 
pobreza e/ou no acesso às demais políticas públicas; uso de 
substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda 
do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não 
inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias 
e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem 
representar risco pessoal e social. 
Ao olharmos para o público usuário da PNAS, podemos destacar três vertentes 
da proteção social: as pessoas, seu contexto e o seu núcleo de apoio primário, 
que é a família. 
Assim, podemos dizer que a PNAS trouxe uma visão social pautada na 
dimensão ética de incluir “os invisíveis”, as diferenças e os diferentes na proteção 
social, reconhecendo os riscos e as vulnerabilidades sociais a que as pessoas e 
famílias estão sujeitas, bem como os recursos com que contam para enfrentar 
tais situações (BRASIL, 2017).
A partir dessa dimensão inclusiva, a PNAS define a especificidade da proteção 
social da Assistência Social e a direção da sua oferta no campo das políticas 
sociais, garantindo por meio dos seus serviços, benefícios, programas e projetos 
as seguintes seguranças: de sobrevivência, de acolhida e convívio ou vivência 
familiar, como podemos ver no Quadro 1.
!
 
26
Quadro 1: Especificidades das Seguranças na Assistência Social
Segurança de Sobrevivência Segurança de Acolhida Segurança de convívio ou vivência familiar
Consiste em ofertar renda 
e autonomia, operada por 
meio da concessão de auxílios 
financeiros, da concessão de 
benefícios continuados, de 
ações de desenvolvimento de 
capacidades e habilidades para 
o exercício do protagonismo e 
para a conquista de maior grau 
de independência pessoal e 
qualidade nos laços sociais.
 É provida por meio de 
condições de recepção 
e escuta profissional 
qualificada, informação, 
referência e a oferta de 
uma rede de serviços e 
locais de permanência/
acolhimento de indivíduos 
e famílias sob curta, média 
e longa permanência.
Se dá por meio da 
oferta continuada de 
serviços voltados à 
construção, à restauração 
e ao fortalecimento de 
vínculos geracionais, 
intergeracionais, 
familiares, de vizinhança 
e de interesses comuns e 
societários.
A PNAS define, ainda, com base na LOAS, dois tipos de proteção social: a básica 
e a especial. A proteção social básica oferta programas, serviços e benefícios a 
indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social, a fim de prevenir 
situações de riscos. A proteção social especial, por outro lado, é destinada a 
famílias e indivíduos que estão em situação de risco ou já tiveram seus direitos 
violados, como em casos de violência doméstica, abandono, maus-tratos, violência 
sexual, entre outros. 
A proteção especial é dividida em média complexidade – que trabalha 
o indivíduo e a família em risco de ruptura de vínculos– e alta complexidade 
– voltada às pessoas que já tiveram ruptura de vínculos familiares de forma 
temporária ou definitiva.
Veja, no Quadro 2, os serviços ofertados em cada tipo de proteção, bem como 
a unidade de referência.
 
27
Quadro 2: Serviços ofertados no âmbito do SUAS
Tipo Serviços Unidades de Referência
Pr
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ão
 S
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B
ás
ic
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PAIF-Serviço de Proteção e Atendimento Integral 
à Família
Centro de Referência de 
Assistência Social (CRAS) e 
equipes volantes
Serviço de Convivência e Fortalecimento de 
Vínculos CRAS, equipes volantes e 
organizações da sociedade civilServiço de Proteção Básica no Domicílio para 
pessoas com Deficiência e Idosos
Pr
ot
eç
ão
 S
oc
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sp
ec
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éd
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C
om
p
le
xi
da
de
PAEFI - Serviço de Proteção e Atendimento 
Especializado a Famílias e Indivíduos
Centro de Referência 
Especializado de Assistência 
Social (CREAS)
Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas 
com Deficiência, Idosas e suas Famílias
Centro-Dia, CREAS, organizações 
da sociedade civil ou domicílio
ServiçoEspecializado em Abordagem Social CREAS, Centro Poo e organizações da sociedade civil
Serviço Especializado para Pessoas em Situação 
de Rua Centros Pop
Serviço de Proteção Social a Adolescentes 
em Cumprimento de Medida Socioeducativa 
de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de 
Serviços à Comunidade (PSC)
CREAS
A
lt
a 
co
m
p
le
xi
da
de
Serviço de 
Acolhimento
Institucional
Casa-Lar, Abrigo Institucional, 
Residência Inclusiva, Casa de 
Passagem
em República República
em Família Acolhedora Residência da família
Serviço de proteção em situações de calamidade 
pública e emergências Órgão gestor da assistência Social
Elaboração: DM/SAGI/MC.
Fonte: Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (com adaptações).
A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma 
de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de 
Assistência Social (SUAS), condição essencial da LOAS para dar efetividade à 
assistência social como política pública.
O SUAS foi criado em 2005 por meio de resolução do Conselho Nacional da 
Assistência Social. Inspirado no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS), com 
atendimento e organização dos serviços em bases regionais (abrangências 
municipal, estadual ou regional), o SUAS tem como objetivo garantir o direito à 
assistência social e à proteção das famílias e indivíduos em situação de risco e 
vulnerabilidade social.
 
28
Daremos continuidade, aprofundando os nossos conhecimentos em relação 
a outras políticas que, associadas com a Política Nacional de Assistência Social, 
garantem a amplitude de direitos para as pessoas com deficiência e idosas. 
2. Marcos nacionais para as políticas voltadas à pessoa com 
deficiência e idosa 
São várias as políticas que colaboram para aumentar a proteção às pessoas 
com deficiência e idosas no Brasil, assim como os seus direitos. Vamos abordar 3 
(três) delas, em especial: 
• Política Nacional do Idoso;
• Estatuto do Idoso;
• Estatuto da Pessoa com Deficiência.
2.1. Política nacional do idoso
O grande avanço em políticas de proteção social à população idosa brasileira 
ocorreu com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que introduziu o 
conceito de seguridade social, fazendo com que a proteção social deixasse de 
estar vinculada apenas ao contexto social-trabalhista e assistencialista e passasse 
a adquirir uma conotação de direito de cidadania. 
É válido ressaltar que a Constituição Federal de 1988 foi a primeira a contar 
com o título da Ordem Social, trazendo em seu capítulo VII questões referentes à 
família, à criança, ao adolescente, ao jovem e ao idoso.
Dando continuidade às diretrizes propostas pela CF/88 e fortemente 
influenciada pelos debates internacionais sobre a questão do envelhecimento, 
a Política Nacional do Idoso (PNI), aprovada no ano de 1994 pela Lei nº 8.842 e 
regulamentada pelo Decreto nº 9.921/2019, é considerada o primeiro instrumento 
legal de âmbito nacional, sendo fruto das reivindicações da sociedade após 
inúmeras discussões, nas quais participaram pessoas idosas ativas, aposentados, 
professores universitários, profissionais da área de gerontologia e geriatria e 
várias entidades representativas desse segmento, que elaboraram um documento 
que serviu de base para o texto da lei. 
A PNI está organizada em quatro capítulos, sendo eles: 
I. Da finalidade (arts. 1º e 2º), que define quem é o idoso a partir do critério 
cronológico; 
II. Dos princípios e das diretrizes (arts. 3º e 4º), que traz alguns postulados 
norteadores da ação social; 
III. Da organização e gestão (arts. 5º a 9º), que atribui ao Ministério da 
Previdência e Assistência Social a coordenação da PNI; e 
 
29
IV. Das ações governamentais (arts. 10º a 22º), que trata da implementação da 
PNI nas áreas de promoção e assistência social, saúde, educação, trabalho 
e previdência social, habitação e urbanismo, justiça, cultura, esporte e 
lazer.
A finalidade da lei é assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições 
para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, 
com base nos seguintes princípios norteadores (BRASIL, 1994):
I a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos 
os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida;
II o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo 
ser objeto de conhecimento e informação para todos;
III o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
IV o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a 
serem efetivadas por meio dessa política;
V as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as 
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas 
pelos poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação desta lei.
Ao analisarmos os princípios nortea-
dores da PNI, podemos verificar que eles 
estão em conformidade com o texto cons-
titucional, reafirmando que o processo de 
envelhecimento é de responsabilidade de 
toda a sociedade, sendo que a família, jun-
tamente com o Estado, deve assegurar ao 
idoso todos os direitos sociais. A Lei ainda 
leva em consideração o caráter heterogê-
neo do envelhecimento e valoriza o prota-
gonismo da pessoa idosa na efetivação da 
política.
A PNI também determina os setores e 
as diretrizes para as ações governamentais 
nas quatro esferas da Federação (União, 
Distrito Federal, estados e municípios) nas 
seguintes áreas: promoção e assistência 
social; saúde; educação; trabalho e previ-
dência social; habitação e urbanismo; justi-
ça; cultura, esporte e lazer. 
 
30
No que diz respeito à área de promoção e assistência social, a lei dispõe que 
são competências dos órgãos e entidades públicas:
a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das 
necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da 
sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais;
b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao 
idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-
lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;
c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;
d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, 
pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso;
e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso.
2.2. Estatuto do idoso
O Estatuto do Idoso veio ampliar os direitos que já estavam previstos na PNI 
e também na Constituição Federal. Segundo Alcântara (2016), ele foi constituído 
em decorrência da crítica em relação à falta de efetividade e a não realização de 
inúmeras medidas de proteção e ações previstas na PNI. Ademais, sua aprovação 
representou um passo importante no arcabouço jurídico brasileiro, visto que, 
até então, a legislação relativa aos idosos era fragmentada em ordenamentos 
jurídicos setoriais ou em instrumentos de gestão política (CAMARANO; PASINATO, 
2004).
Esse importante marco jurídico foi resultado do trabalho de várias entidades 
voltadas para a defesa dos direitos dos idosos no Brasil, dentre essas, podemos 
citar a Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP); o 
Movimento de Servidores Aposentados e Pensionistas (MOSAP); representantes 
da Associação Nacional de Gerontologia (ANG); da Sociedade Brasileira de 
Geriatria e Gerontologia (SBGG); da Confederação Nacional dos Trabalhadores 
na Agricultura (CONTAG); e representantes religiosos, como a Pastoral da Pessoa 
Idosa. Diante dessa mobilização social, criou-se o projeto de lei que deu origem 
ao Estatuto do Idoso, sendo aprovado em outubro de 2003 pela Lei nº 10.741, 
entrando em vigor a partir de 1º de janeiro de 2004. 
Em se tratando da garantia de direitos, o Estatuto apresenta o princípio da 
proteção integral às pessoas idosas, na qual inclui a preservação da saúdefísica 
e mental e o aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, para que a 
pessoa idosa possa ter respeitada a sua liberdade e dignidade. Ele ainda reforça 
o dever da família, do Poder Público e de toda a sociedade em assegurar ao idoso 
a efetivação dos seus direitos (BRASIL, 2003).
 
31
O Estatuto do Idoso se divide em 7 (sete) títulos, totalizando 118 artigos. 
Resumidamente, destacamos a seguir, no Quadro 3, alguns aspectos relevantes 
dessa política.
Quadro 3: Aspectos relevantes no Estatuto do Idoso
Aspectos relevantes Texto da Lei
Direitos fundamentais Neste título, o Estatuto versa sobre: o direito à vida, à liberdade, 
ao respeito e à dignidade, aos alimentos; o direito à saúde, 
à educação, cultura, esporte e lazer, a profissionalização, a 
previdência social, a assistência social, a habitação, e por fim, o 
transporte.
Medidas de proteção Aplicáveis quando há falta ou omissão por parte da família, 
Estado e Sociedade ou, ainda, em razão de sua condição 
pessoal. Dentre as medidas propostas estão: encaminhamento 
à família ou curador, orientação, apoio e acompanhamento 
temporários, requisição para tratamento de sua saúde, em regime 
ambulatorial, hospitalar ou domiciliar, inclusão em programas 
de orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas 
lícitas ou ilícitas, podendo ser o próprio idoso ou a pessoa de sua 
convivência que lhe cause perturbação e abrigo em entidade 
permanente ou temporária.
Política de atendimento O atendimento ao idoso se dará por meio do conjunto articulado 
de ações governamentais e não-governamentais da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios. Dentre as linhas 
de ação da política de atendimento estão: as políticas sociais 
previstas na PNI, as políticas e programas de assistência social, os 
serviços de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, 
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão, serviço 
de identificação e localização de parentes ou responsáveis por 
idosos abandonados, proteção jurídico-social e mobilização 
da opinião pública no sentido da participação dos diversos 
segmentos da sociedade no atendimento ao idoso.
Acesso à justiça Possibilidade de o Poder Público criar varas especializadas 
e exclusivas à pessoa idosa, além de assegurar a prioridade 
na tramitação dos processos e procedimentos e na execução 
dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou 
interveniente a pessoa idosa, em qualquer instância. Dentre os 
processos de idosos, será dada prioridade aos dos maiores de 
oitenta anos.
Crimes Tipifica um conjunto de crimes contra a pessoa idosa, bem como 
sanções administrativas para o não cumprimento dos direitos 
legais previstos. No caso da violação desses direitos, caberá ao 
Ministério Público (MP) agir para a garantia deles.
Fonte: Brasil (2003).
Segundo Alcântara (2016), embora o Estatuto seja alvo de críticas por sua 
ineficácia normativa, ele criou o sistema de garantias de direitos da pessoa idosa, 
que, apesar de vários percalços, tem buscado efetivar os direitos sociais dos 
idosos brasileiros, configurando uma rede de proteção a essas pessoas.
 
32
2.3. Estatuto da pessoa com deficiência
No Brasil, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a 
consolidação do Estado Democrático de Direito, foi reconhecida a necessidade 
de garantir a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
No entanto, o grande avanço jurídico veio somente no ano de 2015, com a 
publicação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), Lei nº 
13.146, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
O texto da LBI tem como base a Convenção da Organização das Nações 
Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o primeiro tratado 
internacional de direitos humanos a ser incorporado pelo ordenamento jurídico 
brasileiro como emenda constitucional. O texto também foi baseado na carência 
de serviços públicos qualificados para atenderem as demandas dessa população. 
ATENÇÃO!
O texto da Lei Brasileira de Inclusão foi pensado para não repetir normas 
já previstas em outras leis. Dessa forma, podemos dizer que a LBI não é um 
compilado de leis, mas sim um documento que altera algumas normas já 
existentes para harmonizá-las à Convenção Internacional. Ou seja, leis que 
não atendiam ao novo padrão da pessoa com deficiência ou que simplesmente 
a excluíam de seu escopo. 
Dentre as Leis que a LBI alterou estão: o Código Eleitoral, o Código de Defesa 
do Consumidor, o Estatuto das Cidades, o Código Civil e a Consolidação das Leis 
do Trabalho.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência se divide em 2 (dois) livros, contendo 
4(quatro) títulos em cada um deles, totalizando 127 artigos destinados a 
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das 
liberdades fundamentais pelas pessoas com deficiência, visando a sua inclusão 
social e cidadania (BRASIL, 2015).
Sua principal inovação está na mudança do conceito de deficiência (como 
vimos na unidade 1), que agora não é mais entendida como uma condição estática 
e biológica do indivíduo, mas sim como o resultado da interação das barreiras 
impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e 
sensorial do indivíduo.Com essa nova definição, a deficiência deixa de ser um 
atributo da pessoa e passa a ser o resultado da falta de acessibilidade que a 
sociedade e o Estado dão às características de cada um. Ou seja, a LBI veio para 
mostrar que a deficiência está no meio, não nas pessoas (GABRILLI, 2015). 
A Lei ou Estatuto da Pessoa com Deficiência versa sobre o direito à igualdade 
e não discriminação, bem como ao direito à vida, à habitação e à reabilitação, 
à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, à assistência social, à previdência 
social, à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer, ao transporte e à mobilidade.
!
 
33
Outro ponto importante tratado pelo Estatuto refere-se à acessibilidade. Para 
a finalidade dessa Lei, acessibilidade é a “possibilidade e condição de alcance para 
utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos 
urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus 
sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao 
público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como 
na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida” (BRASIL, 2015). 
ATENÇÃO:
A acessibilidade é um fator importante, já que ela garante à pessoa com 
deficiência viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania 
e de participação social. 
Para possibilitar a acessibilidade, a criação ou adaptação dos espaços, deve-
se levar em consideração o uso de tecnologia assistiva para amenizar ou superar 
barreiras e para aumentar, manter ou melhorar a capacidade funcional. Dessa 
forma, possibilitar a acessibilidade garante a participação e a inclusão social da 
pessoa com deficiência.
Tecnologia assistiva ou de apoio pode ser definida como quaisquer produtos, 
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e 
serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade 
e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, 
visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
O Estatuto também versa sobre o direito à justiça, ficando a cargo do poder 
público assegurar o acesso da pessoa com deficiência à justiça, em igualdade 
de oportunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos, 
adaptações e recursos de tecnologia assistiva. 
Para assegurar o acesso da pessoa com deficiência à justiça, o Estatuto prevê 
a necessidade de capacitação dos membros que atuam no Poder Judiciário, no 
Ministério Público, na Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e no 
sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.
Por fim, o Estatuto aborda e tipifica os crimes e asinfrações administrativas 
contra aqueles que praticarem, induzirem ou incitarem discriminação contra 
pessoas com deficiência. Dentre os crimes, está o ato de fazer uso, sem autorização, 
de qualquer meio eletrônico ou documento da pessoa com deficiência a fim 
de receber benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou a realização de 
operações financeiras para obter vantagem indevida. 
!
 
34
ATENÇÃO!
O uso, sem autorização, de bens e recursos financeiros dos dependentes 
(idosos ou pessoas com deficiência) ou a apropriação de recursos, como 
cartões bancários e cheques, configura crime de violência patrimonial.
 Apesar dos avanços que a legislação trouxe, ela é só mais um capítulo na 
história de luta das pessoas com deficiência. Ainda existe um longo caminho para 
efetivação da Lei, já que, não raramente, nos deparamos com situações em que 
há o descumprimento do Estatuto, inclusive no sistema público. 
Como exemplo de descumprimento do Estatuto, podemos destacar: 
A Lei Brasileira de Inclusão prevê que instituições culturais (como museus, 
casas de espetáculo e cinemas) estejam acessíveis a todos os públicos. Entretanto, 
somente 51% dos museus nacionais são considerados acessíveis. No caso das 
bibliotecas públicas, a acessibilidade é ainda menor, apenas 8,4%. A meta do 
Ministério da Cultura era que, em 2020, a totalidade desses espaços fossem 
acessíveis. Será que essa meta foi atingida?
A acessibilidade digital também está muito aquém do desejado. Embora 
prevista na LBI, estudos indicam que nem mesmo em âmbito público ela ocorre. 
Apesar de alguns avanços nessa área, como a elaboração, pelo Governo Federal, 
da Cartilha e-MAG, que determina padrões mínimos de acessibilidade digital, a 
efetivação dessa acessibilidade está 
longe de ser atingida. Um estudo 
sobre a acessibilidade em sites do 
poder executivo observou que pouco 
tem sido implementado. Dos portais 
pesquisados (São Paulo, Rio de Janeiro, 
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, 
Paraná, Bahia, Distrito Federal e Santa 
Catarina), nenhum contemplou de 
maneira plena os padrões mínimos da 
Cartilha e-MAG.
Nota-se que não basta apenas dispor 
de dispositivos como o Estatuto, faz-se 
necessário que todos se comprometam 
com a melhoria da qualidade de vida 
das pessoas com deficiência, com 
a implementação das condições 
necessárias a elas asseguradas, 
para que possam se afirmar como 
verdadeiros sujeitos de direito.
!
 
35
3. Assistência no ambiente domiciliar: perspectiva da saúde e da 
assistência social
A atenção domiciliar está presente na formulação das políticas públicas tanto 
na área da Saúde quanto na área de Assistência Social. Dessa forma, podemos 
dizer que os Serviços de Assistência Domiciliar se situam na intercessão entre o 
sistema de Saúde e o sistema de Assistência Social. 
É importante que você, cursista, saiba diferenciar o papel de cada sistema no 
apoio as pessoas com deficiência e idosas, pois tanto a Política Nacional do Idoso 
quanto a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência preveem, entre 
suas diretrizes, o atendimento domiciliar.
Assim, vamos tratar o tema “atenção domiciliar” em cada sistema 
separadamente e, em seguida, compreenderemos a sua aplicação entre as duas 
áreas: Saúde e Assistência Social. 
3.1. Atenção domiciliar no âmbito da Saúde
No âmbito da saúde, o serviço de assistência domiciliar é previsto pela 
Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016, que estabelece a concepção, os conceitos, 
a definição e o desenho das equipes e da gestão da Atenção Domiciliar. Com base 
nessa Portaria, cabe ressaltar algumas definições, como: Atenção Domiciliar; 
Serviço de Atenção Domiciliar; Atenção Domiciliar tipo 1; Atenção Domiciliar tipo 
2; Atenção Domiciliar tipo 3; Cuidador. Passamos a compreender cada uma delas.
Atenção Domiciliar: modalidade de atenção à saúde integrada às Redes de 
Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e 
tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em 
domicílio, garantindo continuidade de cuidados. 
A atenção domiciliar pode ser realizada por diversos serviços, especialmente 
Equipes de Atenção Básica, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Serviços de 
Atenção Domiciliar.
Serviço de Atenção Domiciliar (SAD): serviço complementar aos cuidados 
realizados na atenção básica e em serviços de urgência, substitutivo ou 
complementar à internação hospitalar, responsável pelo gerenciamento e 
operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) 
e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP). Dentre os objetivos do SAD estão: 
• a redução da demanda por atendimento hospitalar; 
• a redução do período de permanência de usuários internados; 
• a humanização da atenção à saúde, com a ampliação da autonomia 
dos usuários; e 
• a desinstitucionalização e a otimização dos recursos financeiros e 
estruturais da rede de atenção à saúde.
 
36
A Atenção Domiciliar é indicada para “pessoas que, estando em estabilidade 
clínica, necessitam de atenção à saúde em situação de restrição ao leito ou ao 
lar de maneira temporária ou definitiva ou em grau de vulnerabilidade na qual 
a atenção domiciliar é considerada a oferta mais oportuna para tratamento, 
paliação, reabilitação e prevenção de agravos, tendo em vista a ampliação de 
autonomia do usuário, família e cuidador”.
Conforme dispõe a Portaria nº 825/2016, a Atenção Domiciliar, por meio 
do SUS, é organizada em três modalidades, considerando a complexidade 
e as caraterísticas do quadro de saúde do usuário, bem como a frequência de 
atendimento necessário no domicílio, sendo elas:
Atenção Domiciliar tipo 1 (AD1): destina-se aos usuários que possuem pro-
blemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade ou impossibi-
lidade física de locomoção até uma unidade de saúde, necessitando, assim, 
de cuidados de menor complexidade. Essa modalidade é de responsabilidade 
das equipes de atenção básica, por meio de visitas regulares em domicílio.
Atenção Domiciliar tipo 2 (AD2): destina-se aos usuários que possuem proble-
mas de saúde e dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até a unida-
de de saúde, necessitando de maior frequência de cuidados, recursos de saúde 
e acompanhamento multiprofissional mais intensivo, incluindo a demanda por 
procedimentos mais complexos. Essa modalidade é de responsabilidade do Ser-
viço de Atenção Domiciliar.
Atenção Domiciliar tipo 3 (AD3): destina-se aos usuários que possuem indi-
cação para a atendimento domiciliar, necessitando de cuidado multiprofissio-
nal mais frequente, uso de equipamento(s) ou agregação de procedimento(s) de 
maior complexidade (por exemplo, ventilação mecânica, paracentese de repeti-
ção, nutrição parenteral e transfusão sanguínea), usualmente demandando pe-
ríodos maiores de acompanhamento domiciliar. Essa modalidade também é de 
responsabilidade do Serviço de Atenção Domiciliar.
ATENÇÃO
A Atenção Domiciliar, prevista na área da saúde, não é política voltada 
exclusivamente à pessoa com deficiência e à pessoa idosa. É uma política 
abrangente, mas que beneficia em grande medida esses segmentos quando 
apresentam doenças ou agravos que limitam o acesso e que requerem 
cuidados intensivos em saúde.
Cuidador: pessoa, com ou sem vínculo familiar com o usuário, apta para 
auxiliá-lo em suas necessidades e atividades da vida cotidiana e que, dependendo 
da condição funcional e clínica do usuário, deverá estar presente no atendimento 
domiciliar.
!
 
37
ATENÇÃO!
O ato de cuidar não caracteriza o cuidador de pessoas idosas ou de pessoas 
com deficiência como um profissional de saúde, por isso, não cabe a esse 
executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais 
da saúde.
3.2. Atenção domiciliar no âmbito da assistência social
No âmbito da Assistência Social, o Atendimento Domiciliar foi previsto pela 
Portaria nº 2.854/2000, posteriormente alterada pela Portaria nº 2.874/2000, ao 
instituir novas modalidades deatendimento à pessoa com deficiência e à pessoa 
idosa.
A partir de 2005, com a implementação do SUAS e a aprovação da Tipificação 
Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), a oferta de proteção social 
no ambiente do domicílio foi incluída no escopo dos serviços tipificados, para 
pessoas com deficiência e para pessoas idosas, no âmbito da Proteção Social 
Básica (PSB) e da Proteção Social Especial (PSE).
A oferta de proteção no domicílio pela PSB tem como referência de acesso o 
Centro de Referência em Assistência Social - CRAS, e direciona-se à prevenção 
de agravos de vulnerabilidades sociais associadas ao fenômeno da deficiência 
e do envelhecimento. Destina-se a usuários que, temporariamente ou por longo 
tempo, apresentem limitações, restrições ou impedimento de acesso à rede 
socioassistencial no território e/ou em situações nas quais o suporte às dinâmicas 
familiares no ambiente do domicílio possa fortalecer os vínculos sociais, 
melhorar a qualidade do cuidado familiar, ampliar o acesso a direitos e estimular 
a autonomia e a participação social dos usuários e de seus cuidadores. 
 As ofertas no domicílio pela Proteção Social Especial de Média Complexidade 
têm como referência de acesso o Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social – CREAS - ou o órgão gestor da assistência social, direcionando-
se à promoção da autonomia, à inclusão social e à melhoria da qualidade de 
vida dos usuários, pessoa com deficiência e pessoa idosa com algum grau de 
dependência e suas famílias, com histórico de vivências de situação de risco, 
violência e violação de direitos. Destina-se a usuários com limitação, restrição ou 
impedimento de acesso à rede socioassistencial do SUAS e a serviços essenciais 
no território. 
Ainda, visa dirimir a precarização dos vínculos protetivos e dar o suporte 
especializado e regular para que as dinâmicas familiares no domicílio possam 
ampliar e qualificar a rede de proteção e cuidados, fortalecer a capacidade 
protetiva das famílias, favorecer a superação das situações de risco e violações 
de direitos e prevenir a institucionalização desnecessária e inadequada.
3.3. Atenção domiciliar no âmbito da saúde e da assistência social
!
 
38
Com base no que foi exposto nos itens 3.1 e 3.2, a partir da perspectiva da 
Saúde e da Assistência Social, respectivamente, podemos concluir que:
• A Atenção Domiciliar da Saúde destina-se a usuários que, estando 
em estabilidade clínica, necessitam de atenção à saúde em situação 
de restrição ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva. 
Destina-se, ainda, a usuários em grau de vulnerabilidade, sendo 
a atenção domiciliar considerada a oferta mais oportuna para 
tratamento, paliação, reabilitação e prevenção de agravos, tendo em 
vista a ampliação de autonomia do usuário, da família e do cuidador.
• A Proteção e o Cuidado no Domicílio pela Assistência Social destina-se 
a usuários do SUAS em situação de vulnerabilidade ou risco pessoal e 
social, por violação de direitos, associados ao fenômeno da deficiência 
ou do envelhecimento, que apresente dificuldades, restrições ou 
impedimentos temporários ou por longo tempo, de adesão e/ou acesso 
às unidades da rede socioassistencial. Ou, ainda, para os casos em que 
o atendimento no domicílio, frente às singularidades das situações 
vivenciadas, apresente-se como o mais adequado e oportuno para 
proteger a autonomia, fortalecer vínculos sociais e a participação das 
pessoas com deficiência e idosas. 
A oferta do serviço no domicílio pode garantir a equiparação das oportunidades 
de acesso, a continuidade do atendimento já iniciado nas unidades da rede 
socioassistencial, a inclusão na rede, a partir da adesão do atendimento no 
ambiente do domicílio ou a complementariedade de ações da rede de PSB e PSE 
no território.
 
39
4. Normativas relacionadas à fundamentação do serviço de proteção 
social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas
Para finalizar a Unidade 2, apresentamos a relação das principais normativas 
relacionadas ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas 
com deficiência e idosas.
• Constituição da República Federativa do Brasil (1988).
• Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (1993).
• Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004).
• Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – 
NOB-SUAS (2005).
• Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único 
de Assistência Social – NOB-RH-SUAS (2006).
• Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 
1990, e suas alterações).
• Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994).
• Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria Nº 2.528, de 16 
de outubro de 2006).
• Política Nacional para a Inclusão da Pessoa com Deficiência, 1999.
• Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003).
• Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde 
– CIF.
• Organização Mundial de Saúde, 2004.
• Plano Nacional de Promoção e Defesa do Direito de Crianças e 
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, 2006.
• Legislações referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC): 
Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007; Decreto nº 6.564, de 12 
de setembro de 2008, e Portaria MDS nº 44, de 25 de fevereiro de 2009.
• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu 
Protocolo Facultativo, 2008.
• Protocolo de gestão integrada de serviços, benefícios e transferência 
de renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, 
2009.
• Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução nº 109, 
de 11 de novembro de 2009.
• Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – 
NOB-SUAS (2012).
 
40
RESUMINDO:
No módulo 1, foi possível compreender as concepções e contextos que orientam 
o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, bem como os principais marcos 
nacionais de defesa e proteção dos direitos das pessoas idosas e das pessoas com 
deficiência.
Para isso, na Unidade 1, foram apresentados conceitos fundamentais que irão 
nortear todo nosso curso. Aprendemos quem é considerada uma pessoa idosa e 
como é heterogêneo o processo de envelhecimento. Também foi apresentado o 
conceito de deficiência e as mudanças pela qual ele passou ao longo dos anos. 
Por fim, tratamos de temas que permeiam esses dois grupos: a vulnerabilidade, 
que se dá principalmente pela relação de dependência, e a importância do núcleo 
familiar no cuidado e proteção da pessoa idosa e da pessoa com deficiência.
Na unidade 2, foram apresentados os principais marcos legais de defesa e 
proteção dos idosos e das pessoas com deficiência. Assim, foi possível conhecer 
as diretrizes e objetivos da Política Nacional de Assistência Social, da Política 
Nacional do Idoso, do Estatuto do Idoso e do Estatuto da Pessoa com Deficiência. 
Também aprendemos como se dá a assistência no ambiente domiciliar a partir 
da perspectiva da área da saúde e da assistência social. Para finalizar a Unidade 
2, foram apresentadas as principais normativas relacionadas ao Serviço de 
Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com deficiência e idosas.
41
 
REFERÊNCIAS 
CONSULTADAS
ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira. DA POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO AO ESTATUTO 
DO IDOSO: A DIFÍCIL CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE GARANTIAS DE DIREITOS DA 
PESSOA IDOSA. In: ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira et al. Política Nacional do Idoso:: 
velhas e novas questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. cap. 14, p. 359-377. ISBN 978-85-
7811-290-5. Disponível em:https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/
livros/161006_livro_politica_nacional_idosos.PDF. Acesso em: 24 nov. 2021.
ARMSTRONG, J. J.; ANDREW, M. K.; MITNITSKI, A.; LAUNER, L. J.; WHITE, L.R. Social 
vulnerability and survival across levels of frailty in the Honolulu-Asia Aging Study. Age 
Ageing [Internet]. 2015 ;44:709-12. 
BARBOSA, K. T. F.; OLIVEIRA, F. M. R. L.; FERNANDES, M.

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