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1 Serviço no Domicílio PSB Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas Módulo 1 As Políticas, Concepções e Conceitos que Orientam a Oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, para fins não comerciais, desde que citada a fonte e que licenciem as novas criações sob termos idênticos. Ficha catalográfica elaborada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa – Campus Viçosa Martins, Simone, 1969- M386s Serviço no domicílio PSB : serviço de proteção social 2022 básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas [recurso eletrônico] / Simone Martins, Cristina Caetano de Aguiar, Andréia Queiroz Ribeiro ; coordenação Marcelo José Braga ; Ministério da Cidadania – Viçosa, MG : UFV, IPPDS, 2022. 1 apostila eletrônica (138 p.) : il. color. Disponível em: https://novoead.cidadania.gov.br/index ISBN: 978-85-66148-36-7 1. Serviços de cuidados de saúde domiciliares. 2. Idosos – Cuidados de saúde domiciliares. 3. Pessoas com deficiência – Cuidados de saúde domiciliares. 4. Idosos – Política governamental. 5. Pessoas com deficiência – Política governamental. I. Aguiar, Cristina Caetano de, 1990-. II. Ribeiro, Andréia Queiroz, 1973-. IV. Braga, Marcelo José, 1969-. V. Brasil. Ministério da Cidadania. VI. Sistema Único de Assistência Social (Brasil). VII. Universidade Federal de Viçosa. Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável. VIII. Universidade Federal de Viçosa. Coordenadoria de Educação Aberta e à Distância. IX. Título. CDD 22. ed. 362.14 Bibliotecário responsável: Euzébio Luiz Pinto – CRB 6/3317 3 Conjunto de Ícones da Apostila Buscando facilitar a leitura e a compreensão dos conteúdos disponibilizados, apresentaremos um conjunto de ícones para auxiliar a organização do estudo. Esses ícones são pequenas figuras associadas a um tipo de texto que julgamos relevante, buscando, assim, chamar a sua atenção. Os ícones também são utilizados para indicar textos complementares. Cada ícone tem uma função específica, conforme descrito a seguir: TEXTO-DESTAQUE: São definições, conceitos ou afirmações importantes às quais você deve estar atento. SAIBA MAIS!: Conteúdos complementares, indicados por links, apresentando vídeos, sites ou artigos relacionados ao tema, visando um aprofundamento do nosso estudo. ATENÇÃO: Utilizado como um convite a refletir sobre os aspectos apontados no texto, relacionando-os com a prática profissional e cotidiana. ! 4 LISTA DE SIGLAS AD1 | Atenção Domiciliar tipo 1 AD2 | Atenção Domiciliar tipo 2 AD3 | Atenção Domiciliar tipo 3 ANG | Associação Nacional de Gerontologia BPC | Benefício de Prestação Continuada CADUNICO |Cadastro dos Programas Sociais CENTRO POP | Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua CF | Constituição Federal COBAP | Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas CONTAG | Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CRAS | Centro de Referência de Assistência Social CREAS | Centro de Referência Especializado de Assistência Social EMAD | Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar EMAP | Equipes Multiprofissionais de Apoio IBGE | Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LBI | Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência LOAS | Lei Orgânica de Assistência Social MC | Ministério da Cidadania MOSAP | Movimento de Servidores Aposentados e Pensionistas NOB-RH-SUAS | Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social NOB-SUAS | Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social OMS | Organização Mundial de Saúde ONU | Organização das Nações Unidas PAEFI | Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos PAIF |Proteção e Atendimento Integral à Família PDAS | Plano Decenal de Assistência Social PNAD | Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar PNADC | Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua PNAPSD | Política Nacional de Atenção às Pessoas em Situação de Dependência. PNAS | Política Nacional de Assistência Social PNI | Política Nacional do Idoso PNS | Pesquisa Nacional de Saúde PSB | Proteção Social Básica PSE | Proteção Social Especial RAS | Redes de Atenção à Saúde SAD | Serviço de Atenção Domiciliar SBGG | Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SNAS| Secretaria Nacional de Assistência Social SPSBD | Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio SUAS | Sistema Único de Assistência Social SUS | Sistema Único de Saúde 5 SUMÁRIO MENSAGEM AO CURSISTA 6 APRESENTAÇÃO 7 UNIDADE 1: CONCEPÇÕES E CONTEXTOS QUE ORIENTAM O SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA NO DOMICÍLIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E IDOSAS 9 2. Deficiência: conceito e contextos 13 3. Questões que permeiam a pessoa com deficiência e a pessoa idosa 16 3.1. Vulnerabilidade 16 3.2. O cuidado familiar 21 UNIDADE 2: AS POLÍTICAS E O DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E IDOSAS 23 1. A política pública de assistência social 24 2. Marcos nacionais para as políticas voltadas à pessoa com deficiência e idosa 28 2.1. Política nacional do idoso 28 2.2. Estatuto do idoso 30 2.3. Estatuto da pessoa com deficiência 32 3. Assistência no ambiente domiciliar: perspectiva da saúde e da assistência social 35 3.1. Atenção domiciliar no âmbito da Saúde 35 3.2. Atenção domiciliar no âmbito da assistência social 37 3.3. Atenção domiciliar no âmbito da saúde e da assistência social 38 4. Normativas relacionadas à fundamentação do serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas 39 REFERÊNCIAS CONSULTADAS 41 6 Mensagem ao cursista Olá, Cursista! Seja bem-vinda, seja bem-vindo ao curso Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com deficiência e idosas – Serviço no Domicílio PSB. Saiba que é um prazer tê-lo(a) conosco para tratar de questões tão relevantes na proteção às pessoas idosas e às pessoas com deficiência. O Serviço no Domicílio PSB é uma iniciativa do Departamento de Proteção Social Básica, da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) do Ministério da Cidadania (MC). O curso tem como objetivo habilitar profissionais do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) por meio de conteúdo técnico e metodológico, propiciando a implementação do serviço de forma qualificada. Especificamente, busca-se: • contribuir com os gestores da Política de Assistência Social e com os trabalhadores do SUAS nos processos de implantação, aprimoramento e/ou reordenamento do referido serviço; • subsidiar as instâncias de pactuação do SUAS, as Comissões Intergestores Tripartite e Bipartite, bem como as de deliberação, os Conselhos de Assistência Social, nos âmbitos nacional, estadual, municipal e distrital, nos processos de regulação. Com este curso, composto por três módulos, espera-se contribuir para facilitar o acesso às informações sobre os direitos e técnicas do serviço de proteção social básica no domicílio para as pessoas com deficiência e idosas. Todo o curso é fundamentado no documento Orientações Técnicas: Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, publicado no ano de 2017 pela Secretaria Nacional de AssistênciaSocial do Ministério de Desenvolvimento Social, atual Ministério da Cidadania. O referido documento foi elaborado acolhendo contribuições valiosas advindas da consulta pública disponibilizada pelo site do MDS, de 7 a 25 de novembro de 2016. Contempla, assim, um conjunto de informações, fruto do amadurecimento do SUAS, conquistado desde 2005 e de um processo de construção coletiva, tendo como linha mestra a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Desejamos sucesso na realização deste curso e que você utilize esses conteúdos para fazer a diferença em seu município. Bom curso! Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) Ministério da Cidadania (MC) 7 Apresentação O curso Serviço no Domicílio PSB é composto por 3 (três) módulos. Neste Módulo 1, vamos compreender as políticas, concepções e conceitos que orientam a oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. O Módulo 1 é composto por 2 (duas) Unidades, que auxiliarão na compreensão das concepções e do histórico de criação dos direitos para as pessoas idosas e para as pessoas com deficiência. Unidade 1 Concepções e contextos Unidade 2 As políticas públicas e os direitos Orientação para a oferta Serviço de Proteção Social Básica Figura 1. Unidades do Módulo 1 Na Unidade 1, dedicaremos à compreensão das concepções e contextos que orientam o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, tanto para pessoas com deficiência quanto para pessoas idosas. Assim, inicialmente, buscaremos conceituar “pessoa idosa” e “pessoa com deficiência” para, em seguida, avançarmos na definição do que vem a ser vulnerabilidades e o que esperar de um atendimento em domicílio. Também serão tratadas as transversalidades, sendo algo necessário para colocar em prática o serviço de proteção social básica para esse público. Já na Unidade 2, centraremos a atenção nos principais marcos nacional de defesa e proteção dos direitos das pessoas idosas e das pessoas com deficiência, dentre eles, o Estatuto do Idoso e o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Também será o momento de aprofundar um pouco sobre o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, seus níveis de proteção e a oferta dos serviços em domicílio. Os conteúdos propostos para esse módulo são de grande importância para a formação dos Gestores de Assistência Social, Coordenadores de CRAS, Técnicos de Referência do CRAS, Coordenadores do SD, Cuidadores Sociais, Orientadores ou Educadores Sociais, que são o nosso público-alvo. 8 Este Módulo 1 do curso Serviço no Domicílio PSB tem duração total de 10 horas. Para o bom aproveitamento, além dos conteúdos disponibilizados nesta apostila, você terá acesso ao vídeo de apresentação, às aulas narradas e aos exercícios e jogos interativos. É interessante que você assista ao vídeo de apresentação antes de continuar a leitura desta apostila. Para tanto, basta acessá-lo no portal do curso. Recomendamos que você não se esqueça de ler o Guia de Estudos, também disponível na plataforma do curso. Ele foi preparado para lhe auxiliar a se organizar e aproveitar, da melhor maneira, o tempo dedicado a este Módulo 1. Acesse e receba as nossas sugestões para realizar as atividades deste módulo. Desejamos sucesso na realização do Módulo 1 e em todo o Curso de Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas – Serviço no Domicílio PSB. Bons estudos!!! Este Módulo 1 do curso Serviço no Domicílio PSB tem duração total de 10 horas. Para o bom aproveitamento, além dos conteúdos disponibilizados nesta apostila, você terá acesso ao vídeo de apresentação, às aulas narradas e aos exercícios e jogos interativos. É interessante que você assista ao vídeo de apresentação antes de continuar a leitura desta apostila. Para tanto, basta acessá-lo no portal do curso. Recomendamos que você não se esqueça de ler o Guia de Estudos, também disponível na plataforma do curso. Ele foi preparado para lhe auxiliar a se organizar e aproveitar, da melhor maneira, o tempo dedicado a este Módulo 1. Acesse e receba as nossas sugestões para realizar as atividades deste módulo. Desejamos sucesso na realização do Módulo 1 e em todo o Curso de Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas – Serviço no Domicílio PSB. Bons estudos!!! Unidade 1 Concepções e contextos que orientam o serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas 10 A Unidade 1 do primeiro módulo do curso Serviço no Domicílio PSB dedica-se às questões que permeiam a vida da pessoa com deficiência e da pessoa idosa, essencialmente no que se refere às situações de vulnerabilidade e ao cuidado familiar. Antes, porém, vamos compreender, separadamente, o conceito de pessoa idosa e também conceitos e contextos referentes à temática sobre deficiência. De tal modo, a nossa Unidade 1 será assim constituída: 1. Pessoa Idosa e o processo de envelhecimento; 2. Deficiência: Conceito e Contextos; 3. Questões que permeiam a pessoa idosa e a pessoa com deficiência: 3.1. Vulnerabilidade; 3.2. O cuidado familiar. Vamos lá!? 1. Pessoa idosa e o processo de envelhecimento Quando dizemos que o envelhecimento é um direito personalíssimo, significa que ele pertence ao indivíduo na sua singularidade, é intransferível e faz parte de um processo natural de transformações biológicas relacionadas aos ciclos de vida. Dessa forma, podemos deduzir que o processo de envelhecer não é um acontecimento homogêneo, estático, visto que cada pessoa vivencia esse ciclo de vida de forma diversa, considerando sua trajetória particular e as condições econômicas, de saúde, educação e, ainda, gênero, etnia, contexto familiar e territorial. Assim, é importante que os profissionais envolvidos com a oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio (SPSBD) conheçam as implicações do envelhecimento para compreender que não se trata de um processo marcado apenas por aspectos biológicos, especialmente no Brasil, em que o envelhecimento, além de heterogêneo, é desigual. Embora o envelhecimento seja um processo pessoal e único, não existe um indicador universal que define o que seja um indivíduo idoso. Ademais, a definição de pessoa idosa não se refere a um indivíduo isolado, mas relaciona-se também à sociedade e ao contexto em que vive. Por isso, e, também, por questões legais, é comum a utilização, por diversos países, do recorte de idade para definir uma pessoa idosa. Mas afinal, quem é considerada uma PESSOA IDOSA? A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como pessoas idosas aquelas com idade igual ou superior a 65 anos em países desenvolvidos e aquelas com 60 anos, ou mais, residentes em países em desenvolvimento. No Brasil, a Lei nº 8.842/1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, definem pessoa idosa como aquela com idade igual ou superior a 60 anos. A partir dessa idade, a lei prevê garantias, entre as quais pode-se ressaltar: 11 • o atendimento preferencial em órgãos públicos e privados; • a priorização do cuidado por sua própria família, em detrimento aos serviços de acolhimento em instituição de longa permanência; • o impedimento a qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão contra a pessoa idosa; • a punição de qualquer atentado aos seus direitos, seja por ação ou omissão (BRASIL, 2017). O crescente aumento da população idosa é uma realidade sem volta, exigindo a nossa atenção e o desenvolvimento de políticas de proteção. Observe as pirâmides etárias produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os anos 1980, 2010 e a projeção para 2060 (Figura 2). Fonte: IBGE (2019) 12 Veja que o aumento da proporção de pessoas idosas vem mudando o formato da pirâmide etária, fazendo com que a sua base fique cada vez mais estreita e seu topomais alargado. Essa mudança será ainda mais significativa no ano de 2060, quando aproximadamente um terço da população brasileira será de pessoas idosas, conforme mostrado nas imagens. É esperado que alterações nessas pirâmides possam ocorrer devido às consequências decorrentes da pandemia pelo novo coronavírus. Estudos indicam que houve uma redução média de 2 anos na expectativa de vida da população brasileira após a chegada da COVID-19 (CASTRO et al., 2021). Você saberia dizer quais fatores têm contribuído para essa transformação na pirâmide etária brasileira? Entre as explicações para esse crescimento, pode-se apontar a menor mortalidade em todas as idades, a diminuição de nascimentos e, paralelamente, o crescimento da expectativa de vida. Isso ocorre em função dos avanços em vários indicadores sociais do país como, por exemplo, os avanços tecnológicos nas políticas de saúde, da regularidade e ampliação das campanhas de vacinação e da redução da taxa de mortalidade por doenças infectocontagiosas. A longevidade é uma conquista da humanidade, mas, em função dela, também nos deparamos com inúmeros desafios, tais como: • aumento das demandas por políticas sociais e econômicas; • impactos na previdência social; • necessidade de ampliação de ações que garantam dignidade, cuidado, autonomia, participação e independência às pessoas idosas. Ademais, tem-se que considerar que o aumento da população idosa vem ocorrendo em um contexto de profundas mudanças das estruturas familiares, dentre elas, podemos destacar a diminuição da fecundidade, o que gera famílias menores, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a migração dos jovens em busca de trabalho ou estudo fora de seus lugares de origem, o aumento dos divórcios e dos recasamentos, além de outros tipos de arranjos familiares. Todas essas transformações podem influenciar na forma como as famílias se organizam para cuidar das pessoas idosas, principalmente daquelas que necessitam de cuidados frequentes de terceiros. Não obstante, ainda que necessitem de cuidados frequentes, elevado número de pessoas idosas são arrimo de muitas famílias brasileiras. 13 SAIBA MAIS! De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), em 2019, dos 72,6 milhões de domicílios brasileiros, 35% tinham pelo menos um idoso residindo, sendo que eles eram responsáveis por 70,6% da renda desses domicílios e 62,5% dessa renda vinha de aposentadorias ou pensões. Dessa forma, podemos dizer que se por um lado os idosos necessitam de ajuda, por outro, eles provêm ajuda (CAMARANO, 2020). A aposentadoria e os benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), têm contribuído para uma nova organização familiar, em que pessoas da família passam a residir com a pessoa idosa. Nessa nova organização, a pessoa idosa passa a exercer um papel importante como provedor. Agora que já conhecemos um pouco mais sobre as novas configurações familiares, sobre o acelerado processo de envelhecimento e já sabemos como são definidas as pessoas idosas em nosso País, seguiremos para compreender o conceito de pessoa com deficiência, além de informações contextuais. Vamos lá! 2. Deficiência: conceito e contextos O conceito de deficiência sofreu diversas alterações ao longo dos anos, passando desde concepções filosóficas, médicas, humanitárias, legais até chegar à de inclusão social. Dessa forma, podemos dizer que se trata de um conceito em evolução. Inicialmente, a deficiência era respaldada no chamado “modelo médico”. Nesse modelo, as incapacidades ou limitações decorrentes da deficiência eram um problema meramente individual, consequência de uma doença, de uma lesão ou de outro problema de saúde que necessitava de cuidados médicos, sendo passível de tratamento. Essa percepção foi mudando ao longo dos anos, estimulada, em grande parte, pela organização das pessoas que possuem alguma deficiência e pela crescente tendência de encará-la como uma questão de direitos humanos. No Brasil, diversas terminologias foram utilizadas para se referir à pessoa com deficiência, sendo elas: portador de necessidades especiais, deficiente, portador de deficiência, pessoa especial, pessoa com deficiência. Mas afinal, qual é a terminologia correta a ser utilizada? Com base na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, podemos definir pessoa com deficiência da seguinte maneira: 14 Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. As mudanças pelas quais a terminologia passou traduziu a ideia de que a pessoa não “porta” uma deficiência, mas sim “possui uma deficiência”, seja na estrutura do corpo, seja em relação a alguma função que limita a realização de alguma atividade e restringe sua participação social. Com essa mudança, o conceito de pessoa com deficiência passou a ser pautado no “modelo social”. Nessa perspectiva, a deficiência não é algo que se extingue no corpo dos indivíduos com impedimentos. Também não é uma lesão ou uma doença a ser curada, mas uma questão a ser discutida por toda a sociedade. Esse modelo constata que o ambiente tem relação direta na liberdade da pessoa com deficiência, que poderá ter sua situação agravada por conta das relações e barreiras que podem lhe prejudicar o desenvolvimento e o exercício de direitos (ENAP, 2017). O conceito proposto pela Lei Brasileira de Inclusão evidencia a interação entre pessoas com deficiência e as barreiras. Mas o que seriam essas barreiras? 15 Podemos definir barreiras como qualquer entrave, obstáculo, atitude e comportamento que limita a participação social da pessoa e obstrui o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros. Para a nossa melhor compreensão, basta olharmos ao nosso redor para perceber quantas barreiras as pessoas com deficiências precisam enfrentar todos os dias. Vamos refletir um pouco! Quem nunca presenciou um usuário de cadeira de rodas ter dificuldades para entrar em um prédio público por falta de rampa de acesso ou elevador acessível? Ou, ainda: Quem nunca presenciou uma pessoa com deficiência auditiva que não conseguiu participar de uma reunião da Câmara Municipal, de um Conselho Municipal ou outros espaços por não ter um intérprete de língua de sinais? Seguramente, você já evidenciou outras barreiras que limitam ou, até mesmo, impedem a liberdade das pessoas com deficiência. Em relação ao número de pessoas que possuem algum tipo de deficiência, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), em 2019, elas totalizavam 17,3 milhões de brasileiros com 2 anos ou mais de idade, o que representa 8,4% da população. Entre as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência, cerca de um quarto (8,5 milhões) eram pessoas idosas. É sabido que há uma relação entre deficiência e envelhecimento, já que há um risco maior de desenvolver algum tipo de deficiência entre as pessoas com mais idade, consequências de um período de vida marcado por lesões e doenças crônicas. Voltando aos dados da pesquisa, foi constado também que, das pessoas que possuíam algum tipo de deficiência: • 3,4%, (o que equivale a 6,9 milhões de pessoas) tinham deficiência visual; • 1,1% (o que equivale a 2,3 milhões de pessoas) tinham deficiência auditiva; • 3,8% (o que equivale a 7,8 milhões de pessoas) tinham deficiência física nos membros inferiores; • 1,2% (o que equivale a 2,5 milhões de pessoas) tinham deficiência mental. 16 Ao retratar a deficiência por estados, verificou-se que o maior percentual de pessoas comdeficiência estava no Nordeste (9,9%), região onde todos os estados tiveram percentuais acima da média nacional. Nas demais regiões do Brasil, os percentuais foram: Sudeste (8,1%), Sul (8,0%), Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,1%). No Brasil, embora não se tenha uma base de dados com informações sobre a prevalência das deficiências, tipos ou causas, notou-se o surgimento de um número significativo de casos de microcefalia em crianças nascidas nos anos de 2015 e 2016 e a associação dessas manifestações com a contaminação das mães pelo Zika Vírus. Conforme dados do Ministério da Saúde, entre 2015 e novembro de 2016, 1.146 municípios apresentavam casos de notificações e 700 municípios apresentavam casos confirmados. Mais uma vez, a região nordeste se destacou com maior número de municípios com casos confirmados, o que pode ter causado o maior percentual de pessoas com deficiência. Na sequência, tem-se a região Sudeste, Norte, Centro Oeste e Sul. Importante destacar o impacto da pandemia da Covid-19 nessa parcela da população. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, as pessoas com deficiência podem ter um maior risco de contrair o vírus, pois enfrentam falta de informações acessíveis sobre saúde, barreiras para implementar medidas básicas de higiene e instalações de saúde inacessíveis. Ainda, ao contraírem o vírus, muitas têm maior probabilidade de desenvolver condições graves de saúde, devido aos problemas preexistentes causados pela deficiência, o que pode resultar em morte. Percebemos até este ponto que o conceito de pessoa com deficiência está em evolução e conhecemos um pouco mais sobre o contexto brasileiro e sobre a relação entre pessoa com deficiência e pessoa idosa. A partir deste momento, vamos avançar um pouco mais no curso, compreendendo as questões relacionadas às vulnerabilidades e à importância do cuidado familiar. 3. Questões que permeiam a pessoa com deficiência e a pessoa idosa Tendo claro os conceitos e contextos relacionados à pessoa idosa e à pessoa com deficiência, passamos a tratar de temas essenciais quando se refere à proteção básica: vulnerabilidade e cuidados familiares. 3.1. Vulnerabilidade As pessoas com deficiência e pessoas idosas são grupos vulneráveis. Mas o que é ser vulnerável? O que deixa uma pessoa nessa condição? 17 Ao consultarmos o dicionário Aurélio, verificamos que vulnerável é algo ou alguém que pode ser ferido ou ofendido. Sob a ótica da legislação brasileira, vulnerável pode se referir às pessoas que têm maior fragilidade diante de outros grupos da sociedade. Tais fragilidades podem relacionar-se ao ciclo de vida (como crianças, adolescentes e pessoas idosas), a deficiências, a condições sociais, culturais, econômicas, educacionais e de saúde, que sejam diferentes de outras pessoas, podendo resultar em uma situação desigual ou gerar uma relação de dependência. O termo vulnerabilidade é multidimensional, ou seja, possui várias dimensões nas quais as condições comportamentais, socioculturais, econômicas e políticas interagem com os processos biológicos ao longo da vida. Assim, o processo de envelhecer está diretamente relacionado ao risco de vulnerabilidade, visto que o envelhecimento é marcado por mudanças que envolvem um conjunto de aspectos individuais e coletivos que exercem influência nas condições de vida e saúde do indivíduo (BARBOSA; OLIVEIRA; FERNANDES, 2019). Estudos indicam que o sentimento de vulnerabilidade associado ao envelhecimento advém do declínio na saúde física e/ou mental. Acontecimentos na vida da pessoa idosa como a deterioração da saúde, a redução dos sentidos, os déficits cognitivos, o declínio psicológico, se mostraram fortemente relacionados à vulnerabilidade dessa população. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, dentre as pessoas idosas mais propensas à situação de vulnerabilidade estão aquelas que possuem as seguintes características: • têm idade superior a 80 anos; • moram sozinhas; • são mulheres, especialmente as solteiras e viúvas; • moram em instituições de longa permanência ou outras; • estão isolados socialmente; • não têm filhos; • têm limitações graves ou incapacidades; • são casais em que um dos cônjuges é incapacitado ou está doente e/ ou tem recursos escassos. 18 Complementando, um estudo canadense, realizado com pessoas idosas, evidenciou que a expectativa de vida entre as mulheres era afetada negativamente por questões sociais, como isolamento, adversidade econômica e o fato de residir sozinha, o que acarretava menores recursos e menos apoio social (ARMSTRONG et. al, 2015). O processo de envelhecimento e as mudanças que o acompanha têm um impacto maior em pessoas com deficiência, já que pode ocorrer de forma mais precoce. Segundo o Relatório do Ministério da Cidadania (apud Zigman et al., 1987), pessoas com deficiência intelectual envelhecem precocemente devido à maior ocorrência de doenças como diabetes, declínio de capacidade cognitiva, adaptativas e de socialização, apatia, perda de vocabulário e tendência à manifestação de Alzheimer nesse grupo. Esses sinais aparecem normalmente em pessoas com idades entre 30 a 40 anos, principalmente em pessoas com síndrome de Down. O envelhecimento também contribui para que o grau da deficiência seja aumentado. Por exemplo, pessoas que possuem mobilidade reduzida podem ter uma perda funcional crescente à medida que envelhecem. Evidências também mostram que pessoas com deficiência apresentam maior risco à vulnerabilidade por encontrarem maiores dificuldades de acesso a trabalho, educação e serviços especializados de reabilitação. Um levantamento feito pelo Ministério da Cidadania, em 2020, mostrou que as pessoas com deficiência, inscritas no Cadastro Único, possuem menores níveis de escolaridade. Dentre elas, 65% não tinham instrução ou possuíam apenas o ensino fundamental incompleto. O cenário apresentado vem desde a infância, já que, em geral, crianças com deficiência têm menos probabilidade de iniciar a escola, além de índices mais baixos de permanência e aprovação. Ademais, pessoas com deficiência também estão mais vulneráveis a sofrer abusos, já que em geral dependem de diferentes cuidadores e possuem maior dificuldade de comunicação. Além das vulnerabilidades já expostas, a vivência em situação de pobreza constitui um agravo significativo, em particular, quando relacionadas à velhice e à deficiência. No Brasil, em dezembro de 2020, havia 4.658.009 beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), dentre os quais 54,76% (2.550.665) eram pessoas com deficiência e 45,24% (2.107.344) eram pessoas idosas. Quanto ao repasse do benefício, o valor foi superior a R$ 58,5 bilhões, sendo que desse montante, R$ 32,3 bilhões foram destinados às pessoas com deficiência e R$ 26,2 bilhões a pessoas idosas. É válido destacar a importância do BPC na garantia da proteção social das pessoas com deficiência e idosas, bem como na composição dos rendimentos das famílias brasileiras. 19 Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2019, cerca de 24% dos domicílios brasileiros possuíam pelo menos uma pessoa idosa, e desses domicílios, 10,42% apresentavam vulnerabilidade de renda, ou seja, renda mensal familiar per capita de até meio salário mínimo. Dessa forma, é possível deduzir que, na ausência do BPC, haveria ainda mais famílias vivenciando uma situação mais severa de falta de renda. ATENÇÃO! O BPC é um dos benefícios de transferência de renda mais relevantes em termos orçamentários, sendo destinado a pessoas com deficiência e idosos com mais de 65 anos que tenham renda mensal inferior a um quarto do salário mínimo. Trata-se de um benefício não contributivo, ou seja, para ter acesso a ele não é preciso ter contribuído anteriormente. Para as pessoas com deficiência, inscritas no Cadastro Único, outra importante fonte de renda foi o Programa Bolsa Família (atual Auxílio Brasil), que atendeuem 2019, 13,5 milhões de famílias pobres (com renda per capita entre R$ 89,01 e R$ 178,00 mensais) ou extremamente pobres (com renda per capita de até R$ 89,00 mensais). Cerca de 21% das pessoas com deficiência inscritas no Cadastro Único estão em famílias que foram beneficiadas pelo Bolsa Família, ou seja, cerca de 900 mil pessoas, distribuídas em aproximadamente 850 mil famílias. Cabe ressaltar que o BPC pode beneficiar uma pessoa com deficiência, cuja família também tenha recebido o Bolsa Família, desde que os critérios de elegibilidade de cada programa sejam respeitados. Diante dos dados apresentados, podemos verificar que essas ações são essenciais para superar a vulnerabilidade decorrente da renda. Além das vulnerabilidades, pessoas com deficiência e pessoas idosas ainda precisam lidar diariamente com o preconceito e discriminação. Você já presenciou alguma cena de preconceito contra pessoas com deficiência ou pessoas idosas? “Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, eu só queria ser tratada com respeito.” (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2020). Essa fala é de uma deficiente visual que deixou o emprego de carteira assinada após ter sofrido assédio moral de sua chefe. Infelizmente, em nossa sociedade, ainda existem muitos empregadores que discriminam pessoas com deficiência por acreditarem que são pessoas desqualificadas ou improdutivas. O Relatório Mundial sobre a Deficiência (2011) mostrou que o tipo de deficiência determina o grau de preconceito, sendo as pessoas com problemas ! 20 mentais as que mais sofrem discriminação. Das pessoas com esquizofrenia, 29% enfrentaram discriminação na busca por um emprego ou para mantê-lo, e 42% sentiram que precisavam esconder sua condição quando procuravam por emprego, educação ou treinamento. SAIBA MAIS! Em 2021, a Lei de Cotas para pessoas com Deficiência completou 30 anos. Criada para assegurar a inclusão no mercado de trabalho, a Lei assegura que empresas com mais de 100 empregados devem destinar vagas para beneficiários reabilitados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e pessoas com deficiência. A Lei, na íntegra, pode ser acessada nesse link: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. As pessoas idosas também sofrem preconceito. Observe essa placa de sinalização. Como a pessoa idosa foi representada? EXCLUSIVO Normalmente, os idosos são vistos como pessoas frágeis, que possuem dificuldades de locomoção, são dependentes e sem utilidade social. Isso é preconceito! Você sabia que o preconceito contra a pessoa idosa tem até nome? É o IDADISMO, preconceito baseado na idade. O idadismo atinge graus variados de desrespeito e, eventualmente, maus tratos. Uma triste realidade foi o aumento no número de denúncias de violência e de maus tratos contra os idosos, que cresceu 59% no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Entre março e junho de 2020, foram 25.533 denúncias recebidas no Disque 100, que é o principal canal de denúncias do Governo Federal. Para superar o preconceito e garantir os direitos das pessoas com deficiência e pessoas idosas, a educação e a sensibilização são necessárias. Dentre os direitos, destaca-se o cuidado familiar, o próximo tema a ser tratado neste curso. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm. 21 3.2. O cuidado familiar FAMÍLIA É QUEM SABE AMAR RESPEITANDO O DIFERENTE, TEM APOIO, TEM AMOR EM TUDO AQUILO QUE SENTE. É QUEM VOCÊ QUER CUIDAR É QUEM QUER CUIDAR DA GENTE. FAMÍLIA É QUEM TEM O DOM DE ESTAR AO NOSSO LADO SEGURANDO A NOSSA MÃO NO CAMINHO A SER TRILHADO. FAMÍLIA É QUEM TEM O DOM DE CUIDAR E SER CUIDADO. Bráulio Bessa A Constituição Federal de 1988 estabelece no art. nº 226 que a família é a base da sociedade e que ela, juntamente com o Estado, é responsável por assegurar à pessoa com deficiência e à pessoa idosa a efetivação dos seus direitos sociais, dentre eles, o próprio convívio familiar. Ao pensar o cuidado no contexto familiar, é preciso levar em consideração a diversidade das famílias, bem como as diferentes condições sociais, ambientais e culturais. Acontecimentos como a entrada da mulher no mercado de trabalho, a diminuição na taxa de fecundidade, o aumento da taxa de divórcios e de recasamentos, a saída dos jovens de casa para estudar/trabalhar contribuíram para o surgimento de novos arranjos familiares. Fato é que tais arranjos nem sempre favorecem o convívio com a pessoa idosa e com deficiência, seja por dificuldades no cuidado que essas pessoas demandam, seja, ainda, em função dos conflitos entre os que convivem em um mesmo ambiente. Além disso, a tarefa de cuidar de alguém, quase sempre, vem acompanhada de outras atividades cotidianas. Em especial, para as famílias mais pobres, o que faz com que essa relação de cuidado, muitas das vezes, seja marcada por cansaço, inseguranças, desconfortos, estresse, sofrimento, peso e descontrole emocional. Outra situação que considerar deve ser considerada é que, no âmbito familiar, a atividade de cuidar das pessoas idosas ou com deficiência é exercida principalmente pelas mulheres, resultando em sobrecarga para elas, haja vista sua entrada no mercado de trabalho. Dessa forma, a rede de apoio familiar torna-se frágil para fornecer o cuidado que a pessoa idosa e com deficiência necessita, podendo expô-las a situações de vulnerabilidade. Em razão disso, o II Plano Decenal de Assistência Social (PDAS 2016-2026) propôs, entre suas metas, a criação de uma Política Nacional de Atenção às Pessoas 22 em Situação de Dependência - PNAPSD. Com essa meta, o Plano reconhece que as pessoas dependentes de cuidados de terceiros são particularmente mais vulneráveis. Como exemplos, verifica-se o isolamento social, rupturas de vínculos, afastamento, exclusão, abandono e agravos à sobrevivência, principalmente, nos momentos de maior fragilidade social relacionados ao ciclo de vida, como na velhice, e também nas situações de redução da mobilidade física ou de deficiência. Projeções feitas por Ana Amélia Camarano apontavam que, em 2020, haveria 4 milhões de pessoas idosas com necessidades de cuidados de terceiros. Em relação às pessoas com deficiência, de acordo com Relatório de Informações Sociais, desenvolvido pelo Ministério da Cidadania em 2020, a maioria dos cuidados (51%) destinados a pessoas com deficiência inscritas no Cadastro único era realizado por um membro da família. Cerca de 6% reportaram cuidadores provenientes de instituições da rede socioassistencial, 5%, cuidadores especializados, 1% recebiam cuidados de vizinhos ou outras formas de cuidado. Um fato que se destacou nesse relatório foi que 35% das pessoas com deficiência afirmaram não receber cuidado permanente de ninguém (nem profissionais externos, nem familiares ou vizinhos). Apesar de todas as modificações pelas quais a sociedade tem passado, assim como as configurações familiares, a família continua tendo um importante papel de proteção social, sendo considerada o porto seguro dos seus membros. Dessa forma, observa-se a necessidade de maior atuação do Estado na proteção à família que convive com pessoas com deficiência e com pessoas idosas, além de ações e programas que fortaleçam os vínculos familiares, promovendo o fortalecimento das relações afetivas. É nesse contexto que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) prevê a oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, pois o ato de cuidar é constituído de várias ações, atividades e saberes, que exigem condições de oferta. No próximo módulo, trataremos com mais profundidade sobre esse serviço. Sabe-se, contudo, que muitos familiares não têm condição de oferecer cuidados devido à idade, o estado de saúde, à falta de conhecimento, à convivência com a pobreza ou até mesmo pela inexistência de cuidadores familiares. Exigir que familiares que não possuem condições ofereçam cuidados caracteriza-se como violação dedireitos dos cuidadores familiares. Assim, proteger o direito ao cuidado e aos cuidadores impõe ao Estado a oferta de serviços e benefícios, complementares aos oferecidos pela família. Essa é uma forma de ampliar a rede de cuidados e evitar violação de direitos. Unidade 2 As políticas e o direito das pessoas com deficiência e idosas 24 As políticas são as formas que o governo tem para disponibilizar bens e serviços para a população, assim como para colocar em prática os direitos sociais. A oferta de serviços de proteção domiciliar para as pessoas com deficiência e idosas é um exemplo de direitos conquistados e tem como principais marcos normativos a Constituição Federal, a Política Nacional de Assistência Social e outras que colaboram para dar proteção a grupos considerados vulneráveis, como pessoas com deficiência e idosas. Assim, nesta unidade, iniciaremos pela compreensão da Política Nacional de Assistência Social. Em seguida, também serão tratados os seguintes temas: • Políticas voltadas à pessoa idosa e pessoa com deficiência, com destaque para: • Política Nacional do Idoso; • Estatuto do Idoso; • Estatuto da Pessoa com Deficiência. • Oferta de assistência no ambiente do domicílio, na perspectiva da Saúde e da Assistência Social; • Normativas relacionadas à fundamentação do Serviço de Proteção Social no Domicílio. Todas essas informações são fundamentais para a criação ou o fortalecimento de uma rede de proteção capaz de dar o amparo devido à população idosa e à pessoa com deficiência. Vamos à leitura! 1. A política pública de assistência social Durante muito tempo, a prática da assistência social no Brasil foi reconhecida como ações de filantropia ligadas à caridade cristã, não possuindo o caráter de direito social. Foi somente na Constituição Federal de 1988 (CF/88) que ela tomou uma nova concepção ao ser incluída no âmbito da Seguridade Social, juntamente com a Saúde e Previdência Social. A partir desse marco legal, a assistência social foi regulamentada como política pública de seguridade social, por meio da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), Lei nº 8.742 de 1993. Com essa lei, tem-se a execução efetiva do texto constitucional sobre a assistência social e foi instituído um modelo descentralizado e participativo de gestão, envolvendo as três esferas de governo: municipal, estadual e federal, que passam a atuar de forma articulada. A LOAS define a assistência social como um direito do cidadão e dever do Estado, sendo política de seguridade social não contributiva, responsável por prover os mínimos sociais, sendo realizada em um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade a fim de garantir o atendimento às necessidades básicas. 25 ATENÇÃO! Afirmar que a Assistência Social é uma política não contributiva significa que ela assegura que qualquer cidadão brasileiro tenha direito aos benefícios, serviços, programas e projetos socioassistenciais, sem a necessidade de qualquer contribuição. A fim de materializar as diretrizes da LOAS, em outubro de 2004, foi aprovada a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), por meio da Resolução nº 145/2004, tendo como objetivo disponibilizar serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e/ou especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem. Além disso, a PNAS objetiva contribuir com a inclusão e a equidade, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural, assegurando que as ações da assistência social sejam centralizadas na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2004). A Política Nacional de Assistência Social define o seu público usuário como sendo os cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão pela pobreza e/ou no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social. Ao olharmos para o público usuário da PNAS, podemos destacar três vertentes da proteção social: as pessoas, seu contexto e o seu núcleo de apoio primário, que é a família. Assim, podemos dizer que a PNAS trouxe uma visão social pautada na dimensão ética de incluir “os invisíveis”, as diferenças e os diferentes na proteção social, reconhecendo os riscos e as vulnerabilidades sociais a que as pessoas e famílias estão sujeitas, bem como os recursos com que contam para enfrentar tais situações (BRASIL, 2017). A partir dessa dimensão inclusiva, a PNAS define a especificidade da proteção social da Assistência Social e a direção da sua oferta no campo das políticas sociais, garantindo por meio dos seus serviços, benefícios, programas e projetos as seguintes seguranças: de sobrevivência, de acolhida e convívio ou vivência familiar, como podemos ver no Quadro 1. ! 26 Quadro 1: Especificidades das Seguranças na Assistência Social Segurança de Sobrevivência Segurança de Acolhida Segurança de convívio ou vivência familiar Consiste em ofertar renda e autonomia, operada por meio da concessão de auxílios financeiros, da concessão de benefícios continuados, de ações de desenvolvimento de capacidades e habilidades para o exercício do protagonismo e para a conquista de maior grau de independência pessoal e qualidade nos laços sociais. É provida por meio de condições de recepção e escuta profissional qualificada, informação, referência e a oferta de uma rede de serviços e locais de permanência/ acolhimento de indivíduos e famílias sob curta, média e longa permanência. Se dá por meio da oferta continuada de serviços voltados à construção, à restauração e ao fortalecimento de vínculos geracionais, intergeracionais, familiares, de vizinhança e de interesses comuns e societários. A PNAS define, ainda, com base na LOAS, dois tipos de proteção social: a básica e a especial. A proteção social básica oferta programas, serviços e benefícios a indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade social, a fim de prevenir situações de riscos. A proteção social especial, por outro lado, é destinada a famílias e indivíduos que estão em situação de risco ou já tiveram seus direitos violados, como em casos de violência doméstica, abandono, maus-tratos, violência sexual, entre outros. A proteção especial é dividida em média complexidade – que trabalha o indivíduo e a família em risco de ruptura de vínculos– e alta complexidade – voltada às pessoas que já tiveram ruptura de vínculos familiares de forma temporária ou definitiva. Veja, no Quadro 2, os serviços ofertados em cada tipo de proteção, bem como a unidade de referência. 27 Quadro 2: Serviços ofertados no âmbito do SUAS Tipo Serviços Unidades de Referência Pr ot eç ão S oc ia l B ás ic a PAIF-Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e equipes volantes Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos CRAS, equipes volantes e organizações da sociedade civilServiço de Proteção Básica no Domicílio para pessoas com Deficiência e Idosos Pr ot eç ão S oc ia l E sp ec ia l M éd ia C om p le xi da de PAEFI - Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias Centro-Dia, CREAS, organizações da sociedade civil ou domicílio ServiçoEspecializado em Abordagem Social CREAS, Centro Poo e organizações da sociedade civil Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua Centros Pop Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) CREAS A lt a co m p le xi da de Serviço de Acolhimento Institucional Casa-Lar, Abrigo Institucional, Residência Inclusiva, Casa de Passagem em República República em Família Acolhedora Residência da família Serviço de proteção em situações de calamidade pública e emergências Órgão gestor da assistência Social Elaboração: DM/SAGI/MC. Fonte: Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (com adaptações). A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (SUAS), condição essencial da LOAS para dar efetividade à assistência social como política pública. O SUAS foi criado em 2005 por meio de resolução do Conselho Nacional da Assistência Social. Inspirado no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS), com atendimento e organização dos serviços em bases regionais (abrangências municipal, estadual ou regional), o SUAS tem como objetivo garantir o direito à assistência social e à proteção das famílias e indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade social. 28 Daremos continuidade, aprofundando os nossos conhecimentos em relação a outras políticas que, associadas com a Política Nacional de Assistência Social, garantem a amplitude de direitos para as pessoas com deficiência e idosas. 2. Marcos nacionais para as políticas voltadas à pessoa com deficiência e idosa São várias as políticas que colaboram para aumentar a proteção às pessoas com deficiência e idosas no Brasil, assim como os seus direitos. Vamos abordar 3 (três) delas, em especial: • Política Nacional do Idoso; • Estatuto do Idoso; • Estatuto da Pessoa com Deficiência. 2.1. Política nacional do idoso O grande avanço em políticas de proteção social à população idosa brasileira ocorreu com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que introduziu o conceito de seguridade social, fazendo com que a proteção social deixasse de estar vinculada apenas ao contexto social-trabalhista e assistencialista e passasse a adquirir uma conotação de direito de cidadania. É válido ressaltar que a Constituição Federal de 1988 foi a primeira a contar com o título da Ordem Social, trazendo em seu capítulo VII questões referentes à família, à criança, ao adolescente, ao jovem e ao idoso. Dando continuidade às diretrizes propostas pela CF/88 e fortemente influenciada pelos debates internacionais sobre a questão do envelhecimento, a Política Nacional do Idoso (PNI), aprovada no ano de 1994 pela Lei nº 8.842 e regulamentada pelo Decreto nº 9.921/2019, é considerada o primeiro instrumento legal de âmbito nacional, sendo fruto das reivindicações da sociedade após inúmeras discussões, nas quais participaram pessoas idosas ativas, aposentados, professores universitários, profissionais da área de gerontologia e geriatria e várias entidades representativas desse segmento, que elaboraram um documento que serviu de base para o texto da lei. A PNI está organizada em quatro capítulos, sendo eles: I. Da finalidade (arts. 1º e 2º), que define quem é o idoso a partir do critério cronológico; II. Dos princípios e das diretrizes (arts. 3º e 4º), que traz alguns postulados norteadores da ação social; III. Da organização e gestão (arts. 5º a 9º), que atribui ao Ministério da Previdência e Assistência Social a coordenação da PNI; e 29 IV. Das ações governamentais (arts. 10º a 22º), que trata da implementação da PNI nas áreas de promoção e assistência social, saúde, educação, trabalho e previdência social, habitação e urbanismo, justiça, cultura, esporte e lazer. A finalidade da lei é assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, com base nos seguintes princípios norteadores (BRASIL, 1994): I a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; II o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; III o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; IV o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas por meio dessa política; V as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral na aplicação desta lei. Ao analisarmos os princípios nortea- dores da PNI, podemos verificar que eles estão em conformidade com o texto cons- titucional, reafirmando que o processo de envelhecimento é de responsabilidade de toda a sociedade, sendo que a família, jun- tamente com o Estado, deve assegurar ao idoso todos os direitos sociais. A Lei ainda leva em consideração o caráter heterogê- neo do envelhecimento e valoriza o prota- gonismo da pessoa idosa na efetivação da política. A PNI também determina os setores e as diretrizes para as ações governamentais nas quatro esferas da Federação (União, Distrito Federal, estados e municípios) nas seguintes áreas: promoção e assistência social; saúde; educação; trabalho e previ- dência social; habitação e urbanismo; justi- ça; cultura, esporte e lazer. 30 No que diz respeito à área de promoção e assistência social, a lei dispõe que são competências dos órgãos e entidades públicas: a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais; b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas- lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; c) promover simpósios, seminários e encontros específicos; d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso; e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso. 2.2. Estatuto do idoso O Estatuto do Idoso veio ampliar os direitos que já estavam previstos na PNI e também na Constituição Federal. Segundo Alcântara (2016), ele foi constituído em decorrência da crítica em relação à falta de efetividade e a não realização de inúmeras medidas de proteção e ações previstas na PNI. Ademais, sua aprovação representou um passo importante no arcabouço jurídico brasileiro, visto que, até então, a legislação relativa aos idosos era fragmentada em ordenamentos jurídicos setoriais ou em instrumentos de gestão política (CAMARANO; PASINATO, 2004). Esse importante marco jurídico foi resultado do trabalho de várias entidades voltadas para a defesa dos direitos dos idosos no Brasil, dentre essas, podemos citar a Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (COBAP); o Movimento de Servidores Aposentados e Pensionistas (MOSAP); representantes da Associação Nacional de Gerontologia (ANG); da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG); da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG); e representantes religiosos, como a Pastoral da Pessoa Idosa. Diante dessa mobilização social, criou-se o projeto de lei que deu origem ao Estatuto do Idoso, sendo aprovado em outubro de 2003 pela Lei nº 10.741, entrando em vigor a partir de 1º de janeiro de 2004. Em se tratando da garantia de direitos, o Estatuto apresenta o princípio da proteção integral às pessoas idosas, na qual inclui a preservação da saúdefísica e mental e o aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, para que a pessoa idosa possa ter respeitada a sua liberdade e dignidade. Ele ainda reforça o dever da família, do Poder Público e de toda a sociedade em assegurar ao idoso a efetivação dos seus direitos (BRASIL, 2003). 31 O Estatuto do Idoso se divide em 7 (sete) títulos, totalizando 118 artigos. Resumidamente, destacamos a seguir, no Quadro 3, alguns aspectos relevantes dessa política. Quadro 3: Aspectos relevantes no Estatuto do Idoso Aspectos relevantes Texto da Lei Direitos fundamentais Neste título, o Estatuto versa sobre: o direito à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, aos alimentos; o direito à saúde, à educação, cultura, esporte e lazer, a profissionalização, a previdência social, a assistência social, a habitação, e por fim, o transporte. Medidas de proteção Aplicáveis quando há falta ou omissão por parte da família, Estado e Sociedade ou, ainda, em razão de sua condição pessoal. Dentre as medidas propostas estão: encaminhamento à família ou curador, orientação, apoio e acompanhamento temporários, requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar, inclusão em programas de orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, podendo ser o próprio idoso ou a pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação e abrigo em entidade permanente ou temporária. Política de atendimento O atendimento ao idoso se dará por meio do conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Dentre as linhas de ação da política de atendimento estão: as políticas sociais previstas na PNI, as políticas e programas de assistência social, os serviços de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão, serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados, proteção jurídico-social e mobilização da opinião pública no sentido da participação dos diversos segmentos da sociedade no atendimento ao idoso. Acesso à justiça Possibilidade de o Poder Público criar varas especializadas e exclusivas à pessoa idosa, além de assegurar a prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente a pessoa idosa, em qualquer instância. Dentre os processos de idosos, será dada prioridade aos dos maiores de oitenta anos. Crimes Tipifica um conjunto de crimes contra a pessoa idosa, bem como sanções administrativas para o não cumprimento dos direitos legais previstos. No caso da violação desses direitos, caberá ao Ministério Público (MP) agir para a garantia deles. Fonte: Brasil (2003). Segundo Alcântara (2016), embora o Estatuto seja alvo de críticas por sua ineficácia normativa, ele criou o sistema de garantias de direitos da pessoa idosa, que, apesar de vários percalços, tem buscado efetivar os direitos sociais dos idosos brasileiros, configurando uma rede de proteção a essas pessoas. 32 2.3. Estatuto da pessoa com deficiência No Brasil, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a consolidação do Estado Democrático de Direito, foi reconhecida a necessidade de garantir a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. No entanto, o grande avanço jurídico veio somente no ano de 2015, com a publicação da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), Lei nº 13.146, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. O texto da LBI tem como base a Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o primeiro tratado internacional de direitos humanos a ser incorporado pelo ordenamento jurídico brasileiro como emenda constitucional. O texto também foi baseado na carência de serviços públicos qualificados para atenderem as demandas dessa população. ATENÇÃO! O texto da Lei Brasileira de Inclusão foi pensado para não repetir normas já previstas em outras leis. Dessa forma, podemos dizer que a LBI não é um compilado de leis, mas sim um documento que altera algumas normas já existentes para harmonizá-las à Convenção Internacional. Ou seja, leis que não atendiam ao novo padrão da pessoa com deficiência ou que simplesmente a excluíam de seu escopo. Dentre as Leis que a LBI alterou estão: o Código Eleitoral, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto das Cidades, o Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho. O Estatuto da Pessoa com Deficiência se divide em 2 (dois) livros, contendo 4(quatro) títulos em cada um deles, totalizando 127 artigos destinados a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais pelas pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania (BRASIL, 2015). Sua principal inovação está na mudança do conceito de deficiência (como vimos na unidade 1), que agora não é mais entendida como uma condição estática e biológica do indivíduo, mas sim como o resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo.Com essa nova definição, a deficiência deixa de ser um atributo da pessoa e passa a ser o resultado da falta de acessibilidade que a sociedade e o Estado dão às características de cada um. Ou seja, a LBI veio para mostrar que a deficiência está no meio, não nas pessoas (GABRILLI, 2015). A Lei ou Estatuto da Pessoa com Deficiência versa sobre o direito à igualdade e não discriminação, bem como ao direito à vida, à habitação e à reabilitação, à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, à assistência social, à previdência social, à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer, ao transporte e à mobilidade. ! 33 Outro ponto importante tratado pelo Estatuto refere-se à acessibilidade. Para a finalidade dessa Lei, acessibilidade é a “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida” (BRASIL, 2015). ATENÇÃO: A acessibilidade é um fator importante, já que ela garante à pessoa com deficiência viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social. Para possibilitar a acessibilidade, a criação ou adaptação dos espaços, deve- se levar em consideração o uso de tecnologia assistiva para amenizar ou superar barreiras e para aumentar, manter ou melhorar a capacidade funcional. Dessa forma, possibilitar a acessibilidade garante a participação e a inclusão social da pessoa com deficiência. Tecnologia assistiva ou de apoio pode ser definida como quaisquer produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando a sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. O Estatuto também versa sobre o direito à justiça, ficando a cargo do poder público assegurar o acesso da pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos, adaptações e recursos de tecnologia assistiva. Para assegurar o acesso da pessoa com deficiência à justiça, o Estatuto prevê a necessidade de capacitação dos membros que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e no sistema penitenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência. Por fim, o Estatuto aborda e tipifica os crimes e asinfrações administrativas contra aqueles que praticarem, induzirem ou incitarem discriminação contra pessoas com deficiência. Dentre os crimes, está o ato de fazer uso, sem autorização, de qualquer meio eletrônico ou documento da pessoa com deficiência a fim de receber benefícios, proventos, pensões ou remuneração ou a realização de operações financeiras para obter vantagem indevida. ! 34 ATENÇÃO! O uso, sem autorização, de bens e recursos financeiros dos dependentes (idosos ou pessoas com deficiência) ou a apropriação de recursos, como cartões bancários e cheques, configura crime de violência patrimonial. Apesar dos avanços que a legislação trouxe, ela é só mais um capítulo na história de luta das pessoas com deficiência. Ainda existe um longo caminho para efetivação da Lei, já que, não raramente, nos deparamos com situações em que há o descumprimento do Estatuto, inclusive no sistema público. Como exemplo de descumprimento do Estatuto, podemos destacar: A Lei Brasileira de Inclusão prevê que instituições culturais (como museus, casas de espetáculo e cinemas) estejam acessíveis a todos os públicos. Entretanto, somente 51% dos museus nacionais são considerados acessíveis. No caso das bibliotecas públicas, a acessibilidade é ainda menor, apenas 8,4%. A meta do Ministério da Cultura era que, em 2020, a totalidade desses espaços fossem acessíveis. Será que essa meta foi atingida? A acessibilidade digital também está muito aquém do desejado. Embora prevista na LBI, estudos indicam que nem mesmo em âmbito público ela ocorre. Apesar de alguns avanços nessa área, como a elaboração, pelo Governo Federal, da Cartilha e-MAG, que determina padrões mínimos de acessibilidade digital, a efetivação dessa acessibilidade está longe de ser atingida. Um estudo sobre a acessibilidade em sites do poder executivo observou que pouco tem sido implementado. Dos portais pesquisados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Distrito Federal e Santa Catarina), nenhum contemplou de maneira plena os padrões mínimos da Cartilha e-MAG. Nota-se que não basta apenas dispor de dispositivos como o Estatuto, faz-se necessário que todos se comprometam com a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, com a implementação das condições necessárias a elas asseguradas, para que possam se afirmar como verdadeiros sujeitos de direito. ! 35 3. Assistência no ambiente domiciliar: perspectiva da saúde e da assistência social A atenção domiciliar está presente na formulação das políticas públicas tanto na área da Saúde quanto na área de Assistência Social. Dessa forma, podemos dizer que os Serviços de Assistência Domiciliar se situam na intercessão entre o sistema de Saúde e o sistema de Assistência Social. É importante que você, cursista, saiba diferenciar o papel de cada sistema no apoio as pessoas com deficiência e idosas, pois tanto a Política Nacional do Idoso quanto a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência preveem, entre suas diretrizes, o atendimento domiciliar. Assim, vamos tratar o tema “atenção domiciliar” em cada sistema separadamente e, em seguida, compreenderemos a sua aplicação entre as duas áreas: Saúde e Assistência Social. 3.1. Atenção domiciliar no âmbito da Saúde No âmbito da saúde, o serviço de assistência domiciliar é previsto pela Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016, que estabelece a concepção, os conceitos, a definição e o desenho das equipes e da gestão da Atenção Domiciliar. Com base nessa Portaria, cabe ressaltar algumas definições, como: Atenção Domiciliar; Serviço de Atenção Domiciliar; Atenção Domiciliar tipo 1; Atenção Domiciliar tipo 2; Atenção Domiciliar tipo 3; Cuidador. Passamos a compreender cada uma delas. Atenção Domiciliar: modalidade de atenção à saúde integrada às Redes de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em domicílio, garantindo continuidade de cuidados. A atenção domiciliar pode ser realizada por diversos serviços, especialmente Equipes de Atenção Básica, Núcleos de Apoio à Saúde da Família e Serviços de Atenção Domiciliar. Serviço de Atenção Domiciliar (SAD): serviço complementar aos cuidados realizados na atenção básica e em serviços de urgência, substitutivo ou complementar à internação hospitalar, responsável pelo gerenciamento e operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP). Dentre os objetivos do SAD estão: • a redução da demanda por atendimento hospitalar; • a redução do período de permanência de usuários internados; • a humanização da atenção à saúde, com a ampliação da autonomia dos usuários; e • a desinstitucionalização e a otimização dos recursos financeiros e estruturais da rede de atenção à saúde. 36 A Atenção Domiciliar é indicada para “pessoas que, estando em estabilidade clínica, necessitam de atenção à saúde em situação de restrição ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva ou em grau de vulnerabilidade na qual a atenção domiciliar é considerada a oferta mais oportuna para tratamento, paliação, reabilitação e prevenção de agravos, tendo em vista a ampliação de autonomia do usuário, família e cuidador”. Conforme dispõe a Portaria nº 825/2016, a Atenção Domiciliar, por meio do SUS, é organizada em três modalidades, considerando a complexidade e as caraterísticas do quadro de saúde do usuário, bem como a frequência de atendimento necessário no domicílio, sendo elas: Atenção Domiciliar tipo 1 (AD1): destina-se aos usuários que possuem pro- blemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade ou impossibi- lidade física de locomoção até uma unidade de saúde, necessitando, assim, de cuidados de menor complexidade. Essa modalidade é de responsabilidade das equipes de atenção básica, por meio de visitas regulares em domicílio. Atenção Domiciliar tipo 2 (AD2): destina-se aos usuários que possuem proble- mas de saúde e dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até a unida- de de saúde, necessitando de maior frequência de cuidados, recursos de saúde e acompanhamento multiprofissional mais intensivo, incluindo a demanda por procedimentos mais complexos. Essa modalidade é de responsabilidade do Ser- viço de Atenção Domiciliar. Atenção Domiciliar tipo 3 (AD3): destina-se aos usuários que possuem indi- cação para a atendimento domiciliar, necessitando de cuidado multiprofissio- nal mais frequente, uso de equipamento(s) ou agregação de procedimento(s) de maior complexidade (por exemplo, ventilação mecânica, paracentese de repeti- ção, nutrição parenteral e transfusão sanguínea), usualmente demandando pe- ríodos maiores de acompanhamento domiciliar. Essa modalidade também é de responsabilidade do Serviço de Atenção Domiciliar. ATENÇÃO A Atenção Domiciliar, prevista na área da saúde, não é política voltada exclusivamente à pessoa com deficiência e à pessoa idosa. É uma política abrangente, mas que beneficia em grande medida esses segmentos quando apresentam doenças ou agravos que limitam o acesso e que requerem cuidados intensivos em saúde. Cuidador: pessoa, com ou sem vínculo familiar com o usuário, apta para auxiliá-lo em suas necessidades e atividades da vida cotidiana e que, dependendo da condição funcional e clínica do usuário, deverá estar presente no atendimento domiciliar. ! 37 ATENÇÃO! O ato de cuidar não caracteriza o cuidador de pessoas idosas ou de pessoas com deficiência como um profissional de saúde, por isso, não cabe a esse executar procedimentos técnicos que sejam de competência dos profissionais da saúde. 3.2. Atenção domiciliar no âmbito da assistência social No âmbito da Assistência Social, o Atendimento Domiciliar foi previsto pela Portaria nº 2.854/2000, posteriormente alterada pela Portaria nº 2.874/2000, ao instituir novas modalidades deatendimento à pessoa com deficiência e à pessoa idosa. A partir de 2005, com a implementação do SUAS e a aprovação da Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), a oferta de proteção social no ambiente do domicílio foi incluída no escopo dos serviços tipificados, para pessoas com deficiência e para pessoas idosas, no âmbito da Proteção Social Básica (PSB) e da Proteção Social Especial (PSE). A oferta de proteção no domicílio pela PSB tem como referência de acesso o Centro de Referência em Assistência Social - CRAS, e direciona-se à prevenção de agravos de vulnerabilidades sociais associadas ao fenômeno da deficiência e do envelhecimento. Destina-se a usuários que, temporariamente ou por longo tempo, apresentem limitações, restrições ou impedimento de acesso à rede socioassistencial no território e/ou em situações nas quais o suporte às dinâmicas familiares no ambiente do domicílio possa fortalecer os vínculos sociais, melhorar a qualidade do cuidado familiar, ampliar o acesso a direitos e estimular a autonomia e a participação social dos usuários e de seus cuidadores. As ofertas no domicílio pela Proteção Social Especial de Média Complexidade têm como referência de acesso o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS - ou o órgão gestor da assistência social, direcionando- se à promoção da autonomia, à inclusão social e à melhoria da qualidade de vida dos usuários, pessoa com deficiência e pessoa idosa com algum grau de dependência e suas famílias, com histórico de vivências de situação de risco, violência e violação de direitos. Destina-se a usuários com limitação, restrição ou impedimento de acesso à rede socioassistencial do SUAS e a serviços essenciais no território. Ainda, visa dirimir a precarização dos vínculos protetivos e dar o suporte especializado e regular para que as dinâmicas familiares no domicílio possam ampliar e qualificar a rede de proteção e cuidados, fortalecer a capacidade protetiva das famílias, favorecer a superação das situações de risco e violações de direitos e prevenir a institucionalização desnecessária e inadequada. 3.3. Atenção domiciliar no âmbito da saúde e da assistência social ! 38 Com base no que foi exposto nos itens 3.1 e 3.2, a partir da perspectiva da Saúde e da Assistência Social, respectivamente, podemos concluir que: • A Atenção Domiciliar da Saúde destina-se a usuários que, estando em estabilidade clínica, necessitam de atenção à saúde em situação de restrição ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva. Destina-se, ainda, a usuários em grau de vulnerabilidade, sendo a atenção domiciliar considerada a oferta mais oportuna para tratamento, paliação, reabilitação e prevenção de agravos, tendo em vista a ampliação de autonomia do usuário, da família e do cuidador. • A Proteção e o Cuidado no Domicílio pela Assistência Social destina-se a usuários do SUAS em situação de vulnerabilidade ou risco pessoal e social, por violação de direitos, associados ao fenômeno da deficiência ou do envelhecimento, que apresente dificuldades, restrições ou impedimentos temporários ou por longo tempo, de adesão e/ou acesso às unidades da rede socioassistencial. Ou, ainda, para os casos em que o atendimento no domicílio, frente às singularidades das situações vivenciadas, apresente-se como o mais adequado e oportuno para proteger a autonomia, fortalecer vínculos sociais e a participação das pessoas com deficiência e idosas. A oferta do serviço no domicílio pode garantir a equiparação das oportunidades de acesso, a continuidade do atendimento já iniciado nas unidades da rede socioassistencial, a inclusão na rede, a partir da adesão do atendimento no ambiente do domicílio ou a complementariedade de ações da rede de PSB e PSE no território. 39 4. Normativas relacionadas à fundamentação do serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas Para finalizar a Unidade 2, apresentamos a relação das principais normativas relacionadas ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com deficiência e idosas. • Constituição da República Federativa do Brasil (1988). • Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (1993). • Política Nacional de Assistência Social – PNAS (2004). • Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB-SUAS (2005). • Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-RH-SUAS (2006). • Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e suas alterações). • Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994). • Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria Nº 2.528, de 16 de outubro de 2006). • Política Nacional para a Inclusão da Pessoa com Deficiência, 1999. • Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003). • Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF. • Organização Mundial de Saúde, 2004. • Plano Nacional de Promoção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, 2006. • Legislações referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC): Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007; Decreto nº 6.564, de 12 de setembro de 2008, e Portaria MDS nº 44, de 25 de fevereiro de 2009. • Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, 2008. • Protocolo de gestão integrada de serviços, benefícios e transferência de renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, 2009. • Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009. • Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social – NOB-SUAS (2012). 40 RESUMINDO: No módulo 1, foi possível compreender as concepções e contextos que orientam o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio, bem como os principais marcos nacionais de defesa e proteção dos direitos das pessoas idosas e das pessoas com deficiência. Para isso, na Unidade 1, foram apresentados conceitos fundamentais que irão nortear todo nosso curso. Aprendemos quem é considerada uma pessoa idosa e como é heterogêneo o processo de envelhecimento. Também foi apresentado o conceito de deficiência e as mudanças pela qual ele passou ao longo dos anos. Por fim, tratamos de temas que permeiam esses dois grupos: a vulnerabilidade, que se dá principalmente pela relação de dependência, e a importância do núcleo familiar no cuidado e proteção da pessoa idosa e da pessoa com deficiência. Na unidade 2, foram apresentados os principais marcos legais de defesa e proteção dos idosos e das pessoas com deficiência. Assim, foi possível conhecer as diretrizes e objetivos da Política Nacional de Assistência Social, da Política Nacional do Idoso, do Estatuto do Idoso e do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Também aprendemos como se dá a assistência no ambiente domiciliar a partir da perspectiva da área da saúde e da assistência social. Para finalizar a Unidade 2, foram apresentadas as principais normativas relacionadas ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com deficiência e idosas. 41 REFERÊNCIAS CONSULTADAS ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira. DA POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO AO ESTATUTO DO IDOSO: A DIFÍCIL CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA DE GARANTIAS DE DIREITOS DA PESSOA IDOSA. In: ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira et al. Política Nacional do Idoso:: velhas e novas questões. Rio de Janeiro: Ipea, 2016. cap. 14, p. 359-377. ISBN 978-85- 7811-290-5. Disponível em:https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/ livros/161006_livro_politica_nacional_idosos.PDF. Acesso em: 24 nov. 2021. ARMSTRONG, J. J.; ANDREW, M. K.; MITNITSKI, A.; LAUNER, L. J.; WHITE, L.R. Social vulnerability and survival across levels of frailty in the Honolulu-Asia Aging Study. Age Ageing [Internet]. 2015 ;44:709-12. BARBOSA, K. T. F.; OLIVEIRA, F. M. R. L.; FERNANDES, M.
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