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Trabalho- Responsabilidade Civil

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REDE DE ENSINO DOCTUM
CURSO DE DIREITO
Anne Cruz
Ana Júlia Brega
Débora Suely Pereira de Araújo Bez
Mateus da Silva Spagnol
Sheila Iara Bello
RESPONSABILIDADE CIVIL:
 A Responsabilidade Civil no Contrato de Transporte de Pessoas e Coisas
A Responsabilidade Civil do Construtor e do Incorporador
Trabalho acadêmico apresentado à Faculdade de Direito da Rede de Ensino Doctum – Campus Juiz de Fora como requisito parcial para aprovação na disciplina Direito Civil VII (Atividade Prática Supervisionada – APS da 2ª etapa de notas).
Professor Brener Belozi
JUIZ DE FORA - MG
NOVEMBRO DE 2022
1. Introdução
Consoante Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, o conceito jurídico de responsabilidade está atrelado ao surgimento de uma obrigação derivada, ou seja, em função da ocorrência de um fato há que se assumir suas consequências jurídicas. A responsabilidade no âmbito cível deriva da transgressão de uma norma pré-existente, seja lei ou contrato, com a consequente imposição ao causador do dano o dever de reparação.
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil há que se ter, necessariamente, preenchidos três elementos, quais sejam a conduta humana, o nexo de causalidade e o dano.
No que diz respeito à conduta humana, exige-se a voluntariedade da conduta, ou seja, a consciência daquilo que se está fazendo, podendo a conduta se dar por ação ou omissão. 
O nexo de causalidade relaciona a conduta humana com o dano, ou seja, só é possível responsabilizar alguém cujo comportamento der, de fato, causa ao prejuízo, valendo-se de três teorias – equivalência das condições, causalidade adequada e causalidade direta e imediata – em que pese o código civil em seu art. 403, ter adotado a teoria da causalidade direta e imediata em que os fatores antecedentes ao dano tem que, necessariamente, ter vínculo direto e imediato com o resultado.
 O dano ou prejuízo ocorre quando há lesão a um interesse jurídico tutelado, quando esse dano ainda subsiste, ou seja, não há responsabilidade civil por dano que já foi reparado e quando tem-se a certeza do dano, ou seja, a demonstração em juízo de que o prejuízo foi certo e não abstrato, muito embora haja situações em que a certeza do dano é mitigada.
2. A Responsabilidade Civil no Contrato de Transporte de Pessoas
Em sentido amplo o transporte de pessoas está ligado em conduzir, mediante contrato, de um lugar para o outro, em veículos automotores ou em instrumentos apropriados, como por exemplo: Avião, navio e etc. 
Em sua previsão legal, o contrato se encontra especificado entre os artigos 734 e 735 do Código Civil, que tratam diretamente sobre esses serviços. Se levantada a sua real responsabilidade, deixa descrito que o transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens. Se tratando dessa responsabilidade que é de suma importância, o transportador tem o dever de zelar pela segurança das pessoas transportadas. Chamada de cláusula de incolumidade, onde trás para o transportador o dever jurídico de transportar pessoas até o destino final, sem ocorrer qualquer violação, deixando especificado essa obrigatoriedade, do início do transporte até o final. 
No que se refere à responsabilidade real do transportador, podemos especificar que se trata de uma responsabilidade “objetiva”, pois, independentemente de culpa, com relação aos danos causados aos passageiros, especificamente dentro da atividade do transporte, fica sujeito à reparação do dano. Conforme se verifica no artigo 734 do Código Civil, basta ocorrer a conduta e o dano experimentado pela vítima para ensejar a reparação. 
 Contudo, ainda em conformidade com a parte final do caput do Art. 734 do Código Civil, a responsabilidade do transportador fica afastada nos motivos de força maior que abrangem os casos de fortuito interno e externo. 
O caso fortuito interno se caracteriza por toda situação causada pela imprevisibilidade, e, portanto, inevitável que se encontra relacionada aos riscos da atividade desenvolvida pelo transportador. 
 Os casos de fortuito externo, também se caracterizam por serem imprevisíveis e inevitáveis, porém não guardam ligação com a empresa, como é o caso dos fenômenos da natureza, entendidos como acontecimentos naturais, tais como terremotos, raios, inundações e etc.
3. A Responsabilidade Civil no Contrato de Transporte de Coisas
O transporte de coisas é aquele em que o expedidor ou remetente entrega ao transportador determinado objeto para que, mediante pagamento de frete, seja remetido a outra pessoa (consignatária ou destinatário), em local diverso daquele em que a coisa foi recebida. Várias doutrinas usam o mesmo conceito de contrato de transportes tanto para pessoas como para coisas, pois a finalidade é sempre o deslocamento. O que diferencia é o objeto do contrato.
Quanto ao objeto, interessante destacar ser ele indivisível, pois o objetivo do contrato de transporte de coisas será sempre o resultado de levar a coisa ao seu destino final.
São os elementos dos contratos os responsáveis para a validação da formação do contrato, que na falta, podem tornar nulo ou anular o contrato. 
No contrato de transporte de coisas, a prestação consiste em entregar uma coisa, tendo esta os seguintes pressupostos: ser possível, legal, lícito, suscetível de apreciação econômica, certo ou determinável.
São eles:
•	Capacidade das partes: natural e legal. Pode ainda ocorrer a legitimação, que é forma especial de capacidade, que decorre da relação pessoal com o objeto contratual (ex: sócio administrador que assina em nome da empresa);
•	Consentimento: Tem-se como pressuposto a existência de duas distintas declarações de vontades, emitidas cada um de per si, e isentas de defeitos. Deve este ser livre e consciente, sob pena de sobrevir os Defeitos do negócio jurídico;
•	Objeto: No contrato de transporte de coisas, a prestação consiste em entregar uma coisa, tendo esta os seguintes pressupostos: ser possível (física ou materialmente), legal (não pode ser objeto proibido pelo direito), lícito (não pode contrariar a lei e os bons costumes), suscetível de apreciação econômica, certo ou determinável;
•	Forma: livre ou especial quando há forma prescrita em lei. 
Obs: Prefere-se a forma escrita para a prova do contrato;
•	Sujeitos
No contrato de transporte de coisas, o destinatário não faz parte do contrato, possui sim alguns direitos e obrigações, exceção se dá quando o destinatário for o próprio expedidor.
Obs :Quem tem a obrigação de entregar a coisa é o transportador ou condutor.
Responsabilidade das Partes
No caso de perdas (furto, roubo, extravio ) e avarias (deterioração da coisa, seja ela parcial ou total) na coisa, quem responde é o transportador, desde que o risco não seja atribuído ao remetente.
Se a mercadoria sofrer avaria, deve o destinatário documentar-se antes mesmo de retirar a mercadoria, pois senão, poderá ele perder o seu direito de reclamar com o transportador. No caso de silêncio, presume-se que recebeu a coisa intacta.
Obs: O transportador isenta-se da responsabilidade em caso fortuito ou força maior.
O contrato de transporte de coisas, em regra geral, são classificados em:
•	Bilateral ou sinalagmático: pois ambas as partes assumem obrigações.
•	Oneroso: pois ambos efetuam disposição do seu patrimônio. Exceção existe, podendo ser considerado gratuito quando, por exemplo, em seu veículo você está transportando um pacote a ser entregue ao seu amigo a pedido dele, onde não espera-se o pagamento do preço.
•	 Comutativo: pois tanto as vantagens como os sacrifícios de ambas as partes do contrato são equivalente, sendo estas conhecidas já deste o início.
•	Consensual: pois se concluem pelo mero consentimento, deve-se aqui ressaltar que a execução do contrato, e não sua conclusão, se dá pela entrega da coisa. A fase da entrega da coisa ao transportador é uma fase subsequente, que segundo VENOSA (2002, p. 474), “A entrega da coisa ao transportador comprova-se ordinariamente pelo conhecimento de transporte, não sendo, porém, documento essencial paraque o contrato se perfaça.” Há doutrinadores que pensam de forma contrária, por ser a entrega da coisa necessária para a ultimação.
•	Não solene: pois a forma adotada é livre. Os documentos que forem emitidos são usados para legitimar ou mesmo para provar a existência da avença.
•	De duração: pois a execução do contrato permanece durante a existência do contrato.
•	Impessoal: pois o que interessa é o resultado, independente de quem irá executá-lo.
•	Por prazo determinado: pois se tem aqui o prazo certo de duração.
•	Nominado: pois está regulamentado e tem nome.
•	Típico: pois está previsto na legislação.
4. A Responsabilidade Civil do Construtor
Ao contratar a construção de uma obra, o que o contratante deseja, é que a obra atenda às suas exigências de qualidade e perfeição. Cabe ao construtor, portanto, atender a tais exigências, empregando materiais de qualidade e boas técnicas de construção, além de fiscalizar a execução da obra, no sentido de evitar eventuais erros cometidos ao longo do processo de construção, uma vez que, trata-se de uma obrigação de resultado, que além de garantir que a obra seja entregue da forma como foi contratada, também ofereça a segurança que dela se espera.
“A responsabilidade civil, no ordenamento jurídico brasileiro, impõe àquele que causou um dano a outrem, o dever de repará-lo, segundo aduz o Art. 927 do Código Civil, aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
O ato ilícito cometido é definido pelo Art.186, como: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Portanto, a responsabilidade civil exsurge do cometimento de um ato ilícito, trazendo dano a alguém, e isto, gera a obrigação de que o direito violado seja reparado.Para Maria Helena Diniz, a responsabilidade civil é “a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal”.
A culpa em sentido amplo, como violação de um dever jurídico, imputável a alguém, em decorrência de fato intencional ou de omissão de diligência ou cautela, compreende: o dolo, que é a violação intencional do dever jurídico, e a culpa em sentido estrito, caracterizada pela imperícia, imprudência ou negligência, sem qualquer deliberação de violar um dever.
Se comprometer, por ex., a construir casas para funcionários, e contrata, para tanto, um engenheiro (não empresário), esse contrato será regido pelo Código Civil. O construtor responde pelo prazo de garantia de cinco anos e o dono da obra tem o pro empreiteiro deverá responder pela solidez e estabilidade da obra. Se uma empresa prazo decadencial de cento e oitenta dias para reclamar do problema surgido no prazo de garantia. Se o defeito aparecer quatro anos depois da entrega, o dono da obra terá cento e oitenta dias para reclamar da imperfeição por falta de solidez, inclusive do material, e segurança da obra, visto que o vício verificou-se no prazo de garantia de cinco anos, contado da entrega da obra. O art. 618 só é aplicável a vício decorrente da solidez e segurança do trabalho em edificação de vulto. Mas se se tratar de vício aparente, aplicar-se-ão os arts. 615 e 616; logo, o dono da obra deverá rejeitá-la desde o recebimento; se for oculto, não afetando a segurança ou solidez da obra, a norma cabível é a do art. 445, hipótese em que o prazo decadencial para pleitear redibição ou abatimento no preço é de um ano. Escoado aquele prazo, extinguir-se-á tal obrigação, mas o proprietário poderá demandá-lo pelos prejuízos que lhe foram causados em razão do material e do solo pela falta de solidez da obra verificada no quinquênio, mas decairá desse direito se não propuser ação (p. ex., a de rescisão contratual) contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito (CC, art. 618, parágrafo único).
Todavia, será preciso esclarecer que não terá responsabilidade pela solidez e segurança da obra se a região vier a sofrer modificações por fenômenos sísmicos. Verificado o vício depois do prazo de cinco anos da entrega da obra, mas dentro do prazo prescricional de dez anos, o dono da obra poderá mover ação para obter a perfeição da obra, por defeito de construção e não por falta de solidez e segurança do trabalho em razão do material e do solo. Logo, mesmo depois do prazo de garantia, o dono da obra pode demandar o empreiteiro pelos prejuízos advindos da imperfeição da obra (CC, art. 205). E ao cabo de dez anos perderá o direito de propor ação para reposição da obra em perfeito estado D585c Diniz, Maria Helena.
5. A Responsabilidade Civil do Incorporador
A definição legal de incorporação consta do art. 28, parágrafo único, da Lei de Incorporações (Lei nº 4.591/64) e considera a Incorporação Imobiliária como a atividade exercida com intuito de promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações, compostas de unidades autônomas. 
Com base na mesma lei acima mencionada, em seu artigo 29, é possível extrair o conceito de incorporador como sendo a pessoa natural ou jurídica, comerciante ou não, que, embora não efetuando a construção, compromete-se ou efetiva a venda de frações ideais de terreno, objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas, em edificações a serem construídas ou em construção, sob o regime condominial. Portanto, verifica-se que o incorporador pode ser o próprio construtor, mas não necessariamente.
Pelo mesmo dispositivo, também considera-se incorporador aquele que aceita propostas para a efetivação de tais transações, coordenando e levando a termo a incorporação e responsabilizando-se pela entrega das obras concluídas, conforme restou pactuado. Tal obrigação prevista em lei tem enorme impactos práticos para o âmbito da responsabilidade civil contratual.
Nessa relação jurídica analisada temos num polo o incorporador, e no outro polo o adquirente da unidade que, na grande maioria das vezes, enquadra-se como consumidor, ou seja, como destinatário final, fático e econômico, do imóvel que está sendo adquirido. Por isso, em regra, aplica-se a responsabilidade objetiva prevista no Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990). 
Se a incorporação imobiliária for no regime de empreitada, é pacífica a jurisprudência quanto à aplicação do Código de Defesa do Consumidor, se o adquirente for destinatário final fático e econômico do imóvel, ou seja, se não obtiver lucro dessa transação.
Na modalidade de incorporação sob o regime de construção por administração também denominada como incorporação a preço de custo, conforme o art. 58 da Lei de Incorporações, os proprietários ou adquirentes têm responsabilidade pelo pagamento do custo integral da obra, que forma um condomínio com tal finalidade. Prevalece na jurisprudência superior brasileira que, nesses casos, não há uma relação de consumo entre as partes, já que nesse regime há mútua colaboração dos adquirentes, que atuam em regime de condomínio, contratando o construtor apenas para realizar a obra, recebendo esse último ordens e instruções do condomínio constituído pelos adquirentes. Contudo, a questão não é pacífica, encontrando-se julgados que entendem pela aplicação do CDC em tais casos.
TARTUCE se filia à possibilidade de se aplicar o Código de Defesa do Consumidor naquilo que a Lei de Incorporações for omissa e ressalta a idéia do consumidor por equiparação prevista nos arts. 17 e 29 do CDC que se amolda perfeitamente aos adquirentes nas modalidades de incorporação acima mencionadas.
De acordo com os artigos 12 a 25 da Lei n. 8.078/1990, a responsabilidade civil do incorporador ou construtor será sempre objetiva, seja qual for o regime da incorporação. Além disso, a responsabilidade civil é solidária.
Percebe-se a ampla aplicação do Código de Defesa do Consumidor para aincorporação imobiliária, o que atrai a subsunção da responsabilidade objetiva do incorporador ou construtor pelos vícios de construção, muito comuns em nossa realidade jurídica.
 Constatados vícios nas unidades autônomas após a sua entrega, há que se reconhecer a responsabilidade solidária do incorporador e do construtor. De acordo com o art. 31 da Lei n. 4.591/1964, o incorporador, por ser o “impulsionador do empreendimento imobiliário em condomínio, atrai para si a responsabilidade pelos danos que possam resultar da inexecução ou da má execução do contrato de incorporação, incluindo-se aí os danos advindos de construção defeituosa. Mesmo quando o incorporador não é o executor direto da construção do empreendimento imobiliário, mas contrata construtor, fica, juntamente com este, responsável pela solidez e segurança da edificação (CC/2002, art. 618).
Outra questão muito debatida no âmbito da responsabilidade civil das incorporadoras e construtoras diz respeito ao atraso da entrega das unidades imobiliárias. Muitas vezes, as construtoras e incorporadoras alegam que tal mora se deu em decorrência de caso fortuito (evento imprevisível), ou força maior (evento previsível, mas inevitável), supostamente enquadrando-se em tais eventos fatores climáticos, greves dos empregados, falta de entrega de materiais por fornecedores, dificuldades na obtenção de mão de obra e entraves burocráticos do Poder Público.
Essa argumentação raramente é aceita pela jurisprudência pátria, pois os fatos descritos ingressam no risco da atividade do incorporador ou construtor (risco do empreendimento), não se configurando como caso fortuito ou força maior, nos termos do que dispõe o art. 393 do Código Civil.
De tudo que foi exposto, verifica-se que a Lei de Incorporações, juntamente com o Código de Defesa do Consumidor demonstram a valorização dos princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato e vieram reforçar uma a outra em benefício do adquirente. Essa proteção foi completada pelo Novo Código Civil especialmente no que se refere aos vícios redibitórios e do prazo de garantia de cinco anos disposto em seu art. 618.
6. Considerações Finais
No que diz respeito à função da reparação civil, Clayton Reis afirma ter tríplice sentido, quais sejam o de reparar, punir e educar. Nesse sentido, no primeiro há finalidade de retornar as coisas ao status quo ante de forma a compensar o dano à vítima, o segundo tem por finalidade punir o ofensor e a última tem por finalidade a desmotivação social da conduta lesiva de cunho socioeducativo, demonstrando publicamente que condutas lesivas não serão toleradas.
Referências Bibliográficas:
TARTUCE, Flávio. Responsabilidade Civil. Disponível em: Minha Biblioteca, (3rd edição). Grupo GEN, 2021.
BRASIL, Lei Nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4591.htm. Acesso em: 12 de nov. de 2022.
BRASIL, Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078compilado.htm. Acesso em: 12 de nov. de 2022.
BRASIL, Lei Nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 12 de nov. de 2022.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 19.ed.-São Paulo: Saraiva, 2005. V. 5 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: responsabilidade civil– 36. ed. – São Paulo : Saraiva Jur, 2022. (v.7)
GONÇALVES, Carlos. Responsabilidade Civil - 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

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