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Trabalho Técnico GPDEN No. 05. Guia prático de modelagem de fluxo de detritos com utilização do modelo KANAKO-2D Maurício Andrades Paixão Rossano Dalla Lana Michel Masato Kobiyama Luiz Augusto Richit Mildred Monsalve Barragán Gean Paulo Michel www.ufrgs.br/gpden Porto Alegre, outubro de 2017 http://www.ufrgs.br/gpden 2 1. INTRODUÇÃO Fluxos de detritos são fenômenos naturais com alto poder destrutivo, governados pela gravidade e compostos pela mistura de água, ar e sedimentos (TAKAHASHI, 2007). Jakob e Hungr (2005) comentaram que os fluxos de detritos são um dos movimentos de massa mais perigosos devido à alta velocidade do fluxo e das grandes distâncias que eles podem percorrer. Os fluxos de detritos apresentam um alto potencial causador de desastres, de modo que a sociedade necessita implantar medidas preventivas adequadas a fim de reduzir o risco de desastre. Tais medidas podem ser estruturais ou não-estruturais, sendo as medidas estruturais as obras de engenharia e as não-estruturais o mapeamento de perigo e a simulação de cenários possíveis. Nishiguchi et al. (2011) comentaram que a simulação computacional vem sendo utilizada na tentativa de reproduzir o comportamento de fluxos de detritos e mapear áreas susceptíveis à ocorrência destes fenômenos. O modelo Kanako-2D, proposto por Nakatani et al. (2008), foi desenvolvido inicialmente para avaliar a influência de barragens na propagação de fluxos de detritos. Atualmente, no entanto, o modelo tem sido utilizado para mapeamento de áreas susceptíveis. O modelo utiliza simulação em 1-D na propagação do fluxo através do canal e simulação 2-D na planície aluvial, onde ocorre deposição. A propagação do fluxo no Kanako é simulada a partir do canal de transporte. O presente trabalho busca orientar os usuários nas etapas necessárias para executar corretamente o modelo Kanako-2D, servindo como guia para modelagem de fluxos de detritos a partir deste modelo. 2. FLUXOS DE DETRITOS Os fluxos de detritos são um dos tipos de movimentos de massa mais perigosos, já que podem percorrer grandes distâncias, com altas velocidades e elevado poder destrutivo. Geomorfologicamente, os fluxos de detritos são caracterizados sob três aspectos principais: zona de iniciação, zona de transporte e zona de deposição (Figura 1). A zona de iniciação é o local onde ocorre o aporte inicial de sedimentos ao fluxo. Já a zona de transporte é uma zona de transição, em que os sedimentos são incorporados ao fluxo e são transportados para jusante. A zona de deposição é o local em que os sedimentos se depositam. Embora esquematicamente seja possível distinguir as três zonas 3 principais de um fluxo de detritos, diferenciar as zonas de iniciação, transporte e deposição em campo é extremamente difícil e os métodos conhecidos até o presente momento (e.g. Takahashi, 2007) ainda não são unanimidade no meio científico. Figura 1 – esquema ilustrativo de fluxo de detritos (Fonte: Hussin, 2011) Segundo Takahashi (2007), a iniciação de um fluxo de detritos pode se dar a partir de três diferentes situações: i) Remobilização de sedimentos do leito de um canal que, ao serem mobilizados, aumentam a concentração de sólidos na água e a densidade do fluido, se transformando em fluxos de detritos; ii) Escorregamentos que, ao convergirem para o canal, tem seus sedimentos propagados iii) Ruptura de barragem Segundo o IRDR (2014), os detritos dos fluxos podem ser lenhosos, rochosos ou de lama. Conforme Kobiyama et al. (2015), a realidade brasileira aponta para detritos lenhosos, aqueles com grande contribuição da vegetação, a partir da ocorrência de escorregamentos. O presente guia está considerando modelagem de fluxos de detritos a partir de escorregamentos que, ao convergirem para o canal, transformam-se em fluxos de detritos. 3. KANAKO-2D O Kanako-2D utiliza um modelo integrado entre 1-D e 2-D. Na zona de transporte, ou seja, no canal, são utilizadas simulações numéricas unidimensionais visando reproduzir as variações causadas por fluxos de detritos no leito móvel dos canais. É nesta etapa que 4 são avaliados os diferentes tipos de barragens para controle de sedimentos. Na planície aluvial a simulação ocorre com equações bidimensionais, buscando delimitar o alcance e a mancha de inundação causada pelo fluxo de detritos O modelo Kanako foi proposto por Nakatani et al. (2008) para avaliar o efeito de diferentes tipos de barragens (grid, fechada ou fenda) na contenção de fluxos de detritos no canal, ou seja, na zona de transporte, tendo equações unidimensionais na sua primeira versão. Na sua versão bidimensional, o modelo Kanako-2D simula o fluxo a partir de sua entrada no canal com equações em 1-D e a propagação e deposição do fluxo na planície aluvial em 2-D. O Kanako-2D utiliza equações de continuidade, momento, deformação do leito, erosão/deposição e tensões de cisalhamento no leito baseadas no modelo de fluido dilatante proposto por Takahashi e Nakagawa (1991). Fluidos dilatantes são considerados fluidos não-newtonianos, ou seja, a relação entre a variação da tensão de cisalhamento e a deformação causada no fluido não é linear. Na teoria do fluido dilatante, o mecanismo responsável por manter o fluxo são as forças repulsivas causadas pelas colisões das partículas, o que justificaria um bloco sendo carregado em um fluxo de detritos, e não sedimentando como normalmente ocorreria devido ao bloco ser mais pesado que a água. A equação da continuidade para o volume total pode ser descrita como: i y vh x uh t h (1) A equação da continuidade para determinar o fluxo de detritos na k-ésima posição da partícula é: C*i y hvC x huC t hC k kkk (2) As equações de momento nos eixos x e y são, respectivamente: h g y v v x v u t v x wx sin (3) h g y v v x v u t v y wy sin (4) As alterações na elevação da superfície do leito são descritas por: 0 i t z (5) Onde h é a altura do fluxo; u é a velocidade na direção x; v é a velocidade na direção y; Ck 5 é a concentração de sedimentos na k-ésima posição da partícula; z é a altitude do leito; t é o tempo; i é a velocidade de erosão ou deposição; ik é a velocidade de erosão ou deposição na k-ésima posição; g é a aceleração da gravidade; ρ é a massa específica intersticial do fluido; θwx e θwy são os gradientes de fluxo superficial nas direções x e y; C* é a concentração de sedimentos por volume na camada do leito móvel; e τx e τy são as tensões de cisalhamento no leito nas direções x e y. A visão geral do Kanako-2D pode ser observada na Figura 2: Figura 2 – visão geral do modelo Kanako-2D. A descrição mais detalhada, considerando o equacionamento das barragens na propagação do fluxo pode ser encontrada em Nakatani et al. (2008). Devido ao Kanako-2D utilizar um modelo que integra as partes unidimensional e bidimensional, sua modelagem de fluxos de detritos é separada em zona de transporte (informações sobre o canal de propagação, 1-D) e em zona de deposição (informações sobre a planície aluvial, 2-D). Portanto, são necessárias informações sobre o canal e sobre a planície aluvial. O Kanako-2D não simula a zona de iniciação. 6 4. PROCEDIMENTOS Os procedimentos descritos neste guia se basearão em três etapas: pré- processamento, processamento e pós-processamento. O pré-processamento consiste no preparo dos arquivos para simulação, enquanto o processamento consiste na simulação em si e o pós-processamento é referente ao tratamento dos resultados. Para uma modelagem com alto grau de assertividade,é necessária a disposição de um modelo digital de terreno (MDT) com boa resolução. Recomendam-se pixels com resolução de 5x5 m ou menor. Quanto menor for o tamanho do pixel, melhores serão os resultados. Recomenda-se que sejam realizados trabalhos em campo para delimitação das cicatrizes dos escorregamentos, da zona de transporte e da zona de deposição. Os levantamentos em campo possibilitarão a calibração do modelo Kanako-2D para a região de interesse. Caso não haja a possibilidade de realizar levantamentos em campo, sugere- se a utilização de imagens de satélite com boa resolução para estimar as três zonas. NOTA: O modelo Kanako-2D permite a modificação dos parâmetros de entrada das simulações a partir de sua interface gráfica, porém, está interface apresenta um erro para matrizes maiores que 100 x 100 pixels. Neste guia, para inserção dos parâmetros de entrada utilizaremos como método a modificação dos arquivos complementares que o modelo utiliza. NOTA: O modelo Kanako-2D segue o padrão de pontuação americano. Recomenda-se fortemente que antes de começar a trabalhar com os arquivos para manipulação no modelo modificar o padrão de pontuação de seu computador, transformando a virgula em símbolo de agrupamento de dígitos e o ponto final em símbolo decimal (Win 8.1.: Painel de controle > Relógio, Idioma e Região > Alterar formatos de data, hora ou número > Configurações adicionais). a. Pré-processamento Considerando-se que as cicatrizes dos escorregamentos que geraram os fluxos de detritos, a zona de transporte e a zona de deposição já estão delimitadas, é preciso fazer um recorte no MDT, em software de geoprocessamento, que englobe a zona de deposição. Esse recorte deve ser uma matriz retangular (Aij, com i linhas e j colunas), onde as linhas da matriz devem ser perfeitamente horizontais, bem como as colunas devem ser verticais, 7 e deve ser exportado em formato de texto (.ASCII) a fim de se obter um arquivo com as informações do terreno na zona a qual o fluxo de detritos irá se depositar. O Kanako-2D realiza cálculos em matrizes de até 499 x 499 pixels, mas em matrizes maiores que 100 x 100 pixels, o modelo apresenta um erro gráfico, onde ele não irá apresentar a evolução do evento (graficamente) mas irá realizar as simulações e irá gerar os arquivos resultantes. Figura 3 – Recorte do MDT englobando a zona de deposição O arquivo exportado (Figura 4) conterá informação do número de colunas (“ncols”), número de linhas (“nrows”), as coordenadas do canto inferior esquerdo do recorte (“xllcorner” e “yllcorner”), tamanho de célula (“cellsize”) e pixels com erros (“NODATA_value”). Esse arquivo contém informações que também serão úteis após a simulação com Kanako-2D, devendo, portanto, ser salvo separadamente dos demais arquivos. 8 Figura 4 – arquivo texto com cabeçalho e informações topográficas da zona de deposição O arquivo com as informações do terreno servirá como base de dados para os arquivos auxiliares do modelo. O software Kanako é constituído de 1 executável (.exe) e 4 arquivos de texto (.dat): defaultwk: é o arquivo em que são inseridos todos os parâmetros de simulação do modelo. Neste arquivo também serão inseridas informações sobre as seções transversais da zona de transporte (1-D) e o hidrograma de sedimentos de entrada do fluxo. wadako2-id: matriz Aij com i número de linhas e j número de colunas, preenchida com 1 ou 0. O número 1 significa que deve haver cálculo naquele pixel enquanto 0 significa que não deve ser realizado cálculo naquele pixel. Na prática, se faz uma matriz apenas com número 1. Dessa forma, todos os pixels são considerados e, caso o cálculo demonstre que um determinado pixel não deva ser utilizado, a resposta será numérica para essa situação. wadako2-z: matriz Aij com i número de linhas e j número de colunas proveniente do recorte do MDT, excluída as informações do cabeçalho (número de linhas, colunas, coordenadas etc...). Esse arquivo traz informações da superfície do terreno. 9 wadako2-zs: matriz Aij com i número de linhas e j número de colunas. Esse arquivo se refere ao leito fixo, ou seja, a camada rochosa abaixo da superfície. Conhecendo-se a profundidade do solo (ou estimando-a, valor comumente utilizado de 2 m de profundidade), é possível subtrai-la da matriz “wadako2-z”. Recomenda-se realizar a operação entre matrizes com Excel, MatLAB ou software de geoprocessamento. Nota: todas as matrizes devem ter as mesmas dimensões (considerando uma matriz Aij, todas devem possuir i linhas e j colunas), lembrando que o Kanako-2D realiza simulações em matrizes de até 499 linhas x 499 colunas. Recomenda-se que as matrizes sejam verificadas no software NotePad++, editor de texto com recursos de linguagem de programação. O sistema separador decimal utilizado no Kanako-2D é o ponto. Os arquivos, e também os computadores em que serão simulados os fluxos de detritos, devem estar no sistema americano de numeração. O arquivo “defaultwk” contempla os parâmetros numéricos de simulação e parâmetros referentes às características do fluxo de detritos e do terreno. Quanto aos parâmetros numéricos e aos referentes às características do terreno, tem-se os principais: time interval of calculation (sec): devem ser utilizados valores baixos (0.01-0.1s), caso contrário aumenta a chance da solução divergir e causar erros numéricos catastróficos, em que a solução pode não existir ou não ser fisicamente possível. simulation continuance time (sec): esta é a quantidade de segundos que o modelo irá calcular. É recomendável que se tenha uma ideia da duração do evento real para não subestimar ou superestimar o tempo de simulação. Recomenda-se utilização de, pelo menos, 1200 s. time interval of output result data (sec): intervalo de tempo em que serão mostrados os resultados no arquivo final. Caso o interesse seja em acompanhar as velocidades do fluxo, recomenda-se utilização de intervalos de tempo curtos. Caso seja acompanhar a erosão/sedimentação ao final do processo e em alguns instantes intermediários, aumenta-se o tempo de output. Normalmente intervalos de tempo de 30s são suficientes para avaliações gerais. Parameter using in 2D área: inflow direction [muki](deg): Considerando o eixo x como a direção esperada do fluxo, este parâmetro indica a inclinação com que o fluxo entra na área 2D. Varia entre 90° e -90°. inflow center axis in 2D area[jc]: Posição do pixel central, na primeira linha da matriz, no qual se dará a propagação do fluxo. interval of 2D-x / 2D-y calculation points (m): esse parâmetro expressa as dimensões, em metros, de cada pixel. number of calculation points in 2D-x direction: este parâmetro representa o 10 número de linhas do recorte feito no MDT que engloba a possível zona de deposição. number of calculation points in 2D-y direction: representa o número de colunas do recorte feito no MDT que engloba a possível zona de deposição. River channel data: number of calculation points in 1D: representa o número de seções transversais estimadas ou medidas em campo referentes ao canal (zona de transporte) em que o fluxo se propaga como 1D. interval of calculation points in 1D (m): distância horizontal entre cada seção transversal conhecida. River shape: condições topográficas das seções conhecidas. O número de seções deve ser igual ao “number os calculation points”. hydrograph: representa o hidrograma de sedimentos a ser propagado no canal. Existem diversos métodos para estimar o formato do hidrograma, sendo o mais utilizado o hidrograma triangular de Whipple com o tempo de ascensão como 1/3 do tempo total do evento e vazão de pico estimada pelo método de Rickemann (1999). NOTA: Neste guia desconsideramos a simulação com a presença de barragens aolongo do canal, logo o parâmetro Existance of dam[0:No;1:Yes] deve ser configurado com 0. Já em relação aos parâmetros referentes às características do fluxo, Paixão (2017) realizou revisão bibliográfica e montou uma faixa de variação de cada um dos parâmetros (Tabela 1) considerados na simulação com Kanako-2D. Tabela 1 – faixa de variação dos parâmetros referentes às características do fluxo de detritos (Fonte: Paixão, 2017). Além disso, Paixão (2017) realizou análise de sensibilidade do modelo Kanako- 2D, indicando que os parâmetros “massa específica do leito”, “ângulo de atrito interno”, “concentração de sedimentos” e “massa específica da fase fluida” são os parâmetros que geraram maior sensibilidade do modelo. Os parâmetros “coeficiente de taxa de erosão”, “diâmetro dos sedimentos” e “massa específica do leito” apresentaram alta dispersão dos resultados em torno de um valor médio dos resultados, talvez devido a sua grande 11 variabilidade na faixa de valores simulados. Os parâmetros que geraram maior sensibilidade do modelo são aqueles que devem ser variados a priori a fim de calibrar e validar o modelo Kanako-2D para a região de interesse. b. Processamento Após os arquivos de inicialização estarem prontos, é hora de executar o Kanako- 2D. Ao abrir o executável, ele automaticamente lê as informações dos arquivos “defaultwk”, “wadako2-id”, “wadako2-z” e “wadako2-zs”. É possível verificar as condições geométricas da parte 1-D e verificar, de antemão, se há alguma incongruência na calha. No visor lateral direito é possível, ainda, inserir manualmente alguns parâmetros e modificar as geometrias. Não estão contempladas essas atividades neste guia, uma vez que já foram realizadas as operações anteriores que trazem as informações necessárias do terreno. Figura 5 – Visão geral do Kanako-2D. Ao clicar em “Start” a simulação começa a rodar. É possível acompanhar o andamento do hidrograma pela parte “Supplied hydrograph” e, ao inserir pontos de controle no arquivo “Defaultwk”, acompanhar a evolução do fluxo nesses pontos (Figura 6). É possível, também, acompanhar a propagação no fluxo na zona 2D através da interface 12 gráfica que abre em janela auxiliar (Figura 7). No entanto, essa interface gráfica só fica disponível para grids de até 100x100 pixels. Para grids maiores (o Kanako-2D realiza simulações para até 499x499 pixels), aparecerá um erro nesta interface, porém os resultados são computados normalmente. Figura 6 – Visualização da simulação e dos pontos de controle inseridos na parte 1-D. Figura 7 – Visualização da simulação na parte 2-D. Ao finalizar a simulação, toda a parte gráfica de acompanhamento dos resultados desaparecerá da tela. No entanto, basta clicar em “save results” e salvar o arquivo gerado. 13 c. Pós-processamento O arquivo gerado (.DAT) apresentará resultados da parte 1-D e da parte 2-D no mesmo arquivo. Na parte 1-D os resultados são apresentados em sequência pelo número do ponto (seção transversal), em cada intervalo de tempo. Na parte 2-D são apresentados, para cada intervalo de tempo, matrizes sequentes para cada parâmetro. Em ambos os resultados são dispostos na seguinte ordem: profundidade do fluxo, concentração, velocidade, altura da superfície do leito, espessura de sedimentação (Figura 8). Figura 8 – arquivo de resultados do Kanako-2D A partir da Figura 8 pode-se observar que, para o exemplo dado, foram demonstrados apenas os resultados no início e no final do período de simulação. No entanto, isso pode ser programado no arquivo defaultwk. Normalmente os dados mais utilizados se referem à espessura de sedimentação (“sedimentation thickness”). As matrizes de resultados apresentam o mesmo número de linhas e colunas que os arquivos wadako-id, wadako-zs, wadako-z e o recorte do MDT feito em software de geoprocessamento na etapa de processamento. Para retornar com a matriz resultante do parâmetro desejado em um software de geoprocessamento deve-se substituir no arquivo de texto (.ASCII) da matriz do recorte MDT a matriz do resultado desejado, mantendo as mesmas informações do cabeçalho (número de linhas, colunas e coordenadas). Com isso, importa-se essa matriz para um software de geoprocessamento e podem-se visualizar os resultados da simulação. Foi desenvolvida uma rotina de programação para extração dos dados do arquivo resultado da simulação. Esta rotina está 14 descrita no final do guia e disponível no site do GPDEN (www.ufrgs.br/gpden). Esta rotina permite separar automaticamente todos os resultados da simulação com Kanako- 2D para cada intervalo de tempo calculado, o que irá permitir um processamento mais rápido dos resultados da simulação para todos os parâmetros calculados. A Figura 9 abaixo demonstra um exemplo de aplicação do modelo na região de São Vendelino/RS, na Serra Gaúcha. Figura 9 – Simulação de cenário com utilização de Kanako-2D. A partir da calibração do modelo e da simulação de diferentes cenários é possível realizar mapeamento de perigo de áreas susceptíveis a fluxo de detritos. Recomenda-se que a calibração seja feita com base em um evento conhecido em uma determinada bacia hidrográfica. Em caso de uma bacia hidrográfica fortemente afetada por fluxos de detritos, a validação pode ser feita a partir da assertividade do modelo em descrever fluxos de detritos que já ocorreram, mas que não foram utilizados para calibração. 5. ROTINA DE PROGRAMAÇÃO Foi desenvolvida uma rotina de programação para facilitar a extração organizada dos dados contidos no arquivo de resultado da simulação com o Kanako-2D. Está rotina apenas é utilizável enquanto a simulação não apresentar barragens. Para a execução da 15 rotina utiliza-se um software de computação numérica. A rotina é composta por 3 arquivos: CopyDataValues, Create_ASC_files e CreateTXT, os quais devem estar em uma mesma pasta para funcionamento correto do processo. Estes arquivos estão disponíveis em forma de texto, ao final desta apostila, e também no site do GPDEN (www.ufrgs.br/gpden > Publicações > Outras Publicações), na forma de arquivos .m, que podem ser executados em software de computação numérica ou pode ser modificados com um software editor de texto. Para execução da rotina, inicialmente se configura no arquivo Create_ASC_files os dados da simulação: Beginning data: filename: endereço do arquivo de resultado (.dat). folder: endereço onde se deseja salvar os arquivos de resultado já com o cabeçalho e em arquivo .ASCII. Informações do cabeçalho (devem ser as mesmas do MDT): Ncols: número de colunas; Nrows: Número de linhas; Xllcorner: Coordenada X do canto inferior esquerdo; yllcorner : Coordenada Y do canto inferior esquerdo; cellsize: tamanho da célula; Informações do 1D: nSections: números de seções utilizadas no 1D; Infromações do 2D: nrows: número de linhas; ncols: número de colunas; Informações da simulação: time: tempo total de simulação, deve ser utilizado o mesmo valor que o utilizado em simulation continuance time, no defaultwk; increment: incremento de tempo no qual a simulação gerará resultado, deve ser o mesmo valor que o utilizado em time interval of output result data, no defaultwk. Depois de configurado o arquivo Create_ASC_files é necessário realizar a substituição das virgulas por espaços simples em todo o arquivo de resultado do Kanako- 2D (pode ser feito no Notepad ++, usando a função Replace). Por fim, basta executar a http://www.ufrgs.br/gpden 16 rotina com algum software de computação numérica. Os outros dois arquivos (CopyDataValues e CreateTXT) são arquivos auxiliares que não precisam ser modificados. NOTA: Para a correta execução da rotina a partir dos arquivos textos presentesnesse guia, deve-se copiar os textos presentes em cada caixa para um software que possibilite a edição de códigos (recomenda-se o software Notepad ++), salvando o arquivo com o nome exatamente igual ao título presente na tabela (i.e CopyDataValues, Create_ASC_files e CreateTXT, respectivamente) e com a extensão “.m” . Caso isso não seja feito, os arquivos não serão corretamente processados. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A simulação computacional é uma ferramenta importante na modelagem de fluxos de detritos, podendo contribuir fortemente para o mapeamento de áreas susceptíveis, fornecendo subsídio a uma medida não-estrutural na prevenção de desastres. O modelo Kanako-2D tem apresentado boa assertividade na modelagem de fluxos de detritos e, por se tratar de um software livre, sua utilização deve ser mais incentivada no Brasil. Desastres como os ocorridos em Santa Catarina, em 2008, e no Rio de Janeiro, em 2011, poderiam ter sido evitados caso a população tivesse acesso a um mapeamento de perigo, por exemplo. Portanto, o presente Guia pode auxiliar usuários, gestores e tomadores de decisão sobre proteção e defesa civil a incrementar o mapeamento de áreas susceptíveis a fluxos de detritos no Brasil. Dessa forma, o mapeamento pode ser mais ágil, ajudando a evitar a ocorrência de novos desastres a partir de medidas não-estruturais. A teoria de fluxo de detritos é bastante complexa com base na hidráulica, hidrologia, mecânica do solo, geomorfologia e reologia. Isso deve ser por causa dos fenômenos bem complexos e do fato onde os mesmos são difíceis de ser mensurados. Às vezes, não é fácil encontrar um exemplo real de tal ocorrência e justamente por isso, o estudo por meio do uso de modelagem computacional pode ser muito útil no gerenciamento de desastres associados a fluxo de detritos. Como o modelo Kanako-2D é gratuito e livremente obtido na internet, pode ser recomendado para tal estudo aqui no Brasil. 17 7. REFERÊNCIAS IRDR — Integrated Research on Disaster Risk. Peril Classification and Hazard Glossary. Beijing: Integrated Research on Disaster Risk, 2014. 24p. (IRDR DATA Publication No. 1). JAKOB, M; HUNGR,O. (eds.) Debris-flow hazards and related phenomena. Berlin: Springer-Verlag, 2005. 739p KOBIYAMA, M.; MICHEL, G.P.; ENGSTER, E.C.; PAIXAO, M. A. Historical analyses of debris flow disaster occurrences and of their scientific investigation in Brazil. Labor &Engenho, v.9, p.76-89, 2015. MICHEL, G.P. ; KOBIYAMA, M. Mapeamento de áreas susceptíveis a fluxos de detritos por meio de modelagem computacional. In: LADWIG, N.I.; SCHWALM, H. (Org.) Planejamento e gestão territorial: Hidrografia e sustentabilidade. Florianópolis: Insular, 2016. p.71-89. NISHIGUCHI, Y.; UCHIDA, T.; ISHIZUKA, T.; SATOFUKA, Y.; NAKATANI, K. Numerical simulation for run out process of large-scale debris flow focused on fine sediments behaviors – application for debris flow triggered by a deep catastrophic landslide. Journal of Japan Society of Erosion Control, v. 64, n. 3, p. 11 – 20, 2011. NAKATANI, K.; WADA, T.; SATOFUKA, Y.; MIZUYAMA, T. Development of “Kanako 2D (Ver.2.00),” a user-friendly one- and two-dimensional debris flow simulator equipped with a graphical user interface. International Journal of Erosion Control Engineering, v.1, p.62-72, 2008. PAIXAO, M. A. Análise de sensibilidade do modelo de fluxos de detritos – KANAKO-2D. 2017. 98 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Porto Alegre, BR/RS. TAKAHASHI, T.; NAKAGAWA, H. Prediction of Stony Debris Flow Induced by Severe Rainfall. Journal of the Japan Society of Erosion Control Engineering, v.44, n.3, p.12- 19, 1991. TAKAHASHI, T. Progress in debris flow modeling. In: SASSA, K.; FUKUOKA, H.; WANG, F.; WABG, G. (eds.) Progress in landslide science. Heidelberg: Springer-Verlag, 2007. p.60-77. 18 8. Apêndice 1. A seguir estão os arquivos, na forma de texto, que compõem a rotina de programação para a extração dos dados contidos no arquivo de resultado da simulação com o Kanako-2D. Tabela 1. Arquivo: CreateTXT function [ ] =CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner, cellsize, NODATA_value,FileName,A) [n,m]=size(A); fileID = fopen(FileName,'w'); % 'w' means 'write' % PRINT THE HEADER TO '.ASC' FILE fprintf(fileID,'%s\n',Ncols); fprintf(fileID,'%s\n',Nrows); fprintf(fileID,'%s\n',xllcorner); fprintf(fileID,'%s\n',yllcorner); fprintf(fileID,'%s\n',cellsize); fprintf(fileID,'%s\n',NODATA_value); % COPY THE VALUES OF SOME MATRIX for i = 1:n for j=1:m fprintf(fileID,'%.4f ',A(i,j)); end fprintf(fileID,'\n'); end fclose(fileID); end 19 Tabela 2 Arquivo: Create_ASC_files % This function read a general txt file to formulate txt file of % information producted in KANAKO-2D clear all %--------------------------------------------------------------------- ------ % Beginnig data %--------------------------------------------------------------------- ------ %--------------------------------------------------------------------- ------ filename='C:\kanako\extractor\sao_vendelino.dat'; % may contain the address if lies in different folder folder = 'C:\ kanako\extractor\asc_files'; % have to contain the address were you want save the 'asc' files %Create the header on .asc output file Ncols = 'ncols 157'; Nrows = 'nrows 482'; xllcorner = 'xllcorner 465942.45983414'; yllcorner = 'yllcorner 6752600.075'; cellsize = 'cellsize 2.5'; NODATA_value = 'NODATA_value -9999'; %--------------------------------------------------------------------- ------ % 1D vectors nSections=5; % complete with Section Number of 1D Simulation %--------------------------------------------------------------------- ------ % 2D Matrix % Dimensions of each matrix ( flow depth, concentration, velocity x and % y-directions, surface altitude, sedeimentation thickness) nrows=482; ncols=157; % Number of simulated steps Time=1800; % Increment of simulated steps Increment=60; %% Initialize variables. NumberSteps=Time/Increment+1; nLayers=NumberSteps; u=(nSections+1)*nLayers+1;% 'nSections+1' is the number of lines of results 1D for one section + headline for each step and ....+1; its to head line 1D simulation %% Post processing for unimportable data. 20 %--------------- Pre-Allocating imported array to matrix ------------- -------------------------------------------------- FlowDepth = zeros(nrows,ncols,NumberSteps); % Pre-allocation of Matrix of Flow Depth Concentration = zeros(nrows,ncols,NumberSteps); % Pre-allocation of Matrix of Concentration xVelocity = zeros(nrows,ncols,NumberSteps); % Pre-allocation of Matrix of Velocities at x-deirection yVelocity = zeros(nrows,ncols,NumberSteps); % Pre-allocation of Matrix Velocities at y-deirection BedSurfAltitude = zeros(nrows,ncols,NumberSteps); % Pre-allocation of Matrix Bed Surface Altitude Sedeimentation = zeros(nrows,ncols,NumberSteps); % Pre-allocation of Matrix Sedeimentation Thickness %--------------------------------------------------------------------- -------------------------------------------- %------- Legend to 'k' -------- % <1> - FlowDepth % <2> - Concentration % <3> - xVelocity % <4> - yVelocity % <5> - BedSurfAltitude % <6> - Sedeimentation for k=1:6 % complete each matrix of Flow depth, Concentration, x and y-Velocity, etc.... %----------------------------------------------------------------------------------------- %XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX %---------------- Complete for FLOW DEPTH matrix --------------------- ----------------- if k==1 % <1> - FlowDepth; Copy all matrices of FlowDepth for var=1:nLayers startRow = u+1+(((var-1)*nrows)+var)*k+1; dataArray = CopyDataValues(filename,startRow, nrows); for i=1:nrows for j=1:ncols x = dataArray{:, j}; % x receive the value os variable of each columns of matrix FlowDepth(:,j,var) = x; end end clearvars dataArray end end %--------------------------------------------------------------------- -------------------- %XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 21 %---------------- Complete for CONCENTRATION matrix ------------------ -------------------- if k==2 % <2> - Concentration; Copy all matrices of Concentration for var=1:nLayers b= u+2+(k-1)*(nrows*NumberSteps)+(k-1)*NumberSteps+((var- 1)*nrows)+var; startRow =b; dataArray = CopyDataValues(filename,startRow, nrows); for i=1:nrows for j=1:ncols x = dataArray{:, j}; % x receive the value os variable of each columns of matrix Concentration(:,j,var) = x; end end clearvars dataArray end end %--------------------------------------------------------------------- -------------------- %XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX %--------------Complete for x-VELOCITY matrix ------------------------ -------------------- if k==3 for var=1:nLayers startRow = u+2+(k-1)*(nrows*NumberSteps)+(k- 1)*NumberSteps+((var-1)*nrows)+var; dataArray = CopyDataValues(filename,startRow, nrows); for i=1:nrows for j=1:ncols x = dataArray{:, j}; % x receive the value os variable of each columns of matrix xVelocity(:,j,var) = x; end end clearvars dataArray end end %--------------------------------------------------------------------- -------------------- %XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX %--------------Complete for Y-VELOCITY matrix ------------------------ -------------------- 22 if k==4 for var=1:nLayers startRow = u+2+(k-1)*(nrows*NumberSteps)+(k- 1)*NumberSteps+((var-1)*nrows)+var; dataArray = CopyDataValues(filename,startRow, nrows); for i=1:nrows for j=1:ncols x = dataArray{:, j}; % x receive the value os variable of each column of matrix yVelocity(:,j,var) = x; end end clearvars dataArray end end % end of if-statament %--------------------------------------------------------------------- -------------------- %XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX %--------------Complete for BEDSURFALTITUDE matrix ------------------ -------------------- if k==5 for var=1:nLayers startRow = u+2+(k-1)*(nrows*NumberSteps)+(k- 1)*NumberSteps+((var-1)*nrows)+var; dataArray = CopyDataValues(filename,startRow, nrows); for i=1:nrows for j=1:ncols x = dataArray{:, j}; % x receive the value os variable of each columns of matrix BedSurfAltitude(:,j,var) = x; end end clearvars dataArray end end %--------------------------------------------------------------------- -------------------- %XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX %--------------Complete for SEDEIMENTATION matrix -------------------- ------------------------ 23 if k==6 for var=1:nLayers startRow = u+2+(k-1)*(nrows*NumberSteps)+(k- 1)*NumberSteps+((var-1)*nrows)+var; dataArray = CopyDataValues(filename,startRow, nrows); for i=1:nrows for j=1:ncols x = dataArray{:, j}; % x receive the value os variable of each columns of matrix Sedeimentation(:,j,var) = x; end end clearvars dataArray end end end % end of Layer allocating of each Variable Matrix %% Create '.ASC' Files % more info on: <http://www.mathworks.com/help/matlab/matlab_prog/string- evaluation.html> % about folder creation: <https://www.mathworks.com/matlabcentral/answers/76627-while-using-save- command-i-wanna-choose-directory-which-files-can-be-saved-into-it> if exist(folder, 'dir') == 0 % Make folder if it does not exist. mkdir(folder); end for k=1:6 if k==1 for i=1:nLayers n = (i-1)*Increment; % preffix of time step map FileName = sprintf('FlowDepth%d.asc',n); % add type preffix to file name fullFileName = fullfile(folder, FileName); A=FlowDepth(:,:,i); % receive the matrix of values; CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner, cellsize, NODATA_value,fullFileName,A); end end if k==2 for i=1:nLayers n = (i-1)*Increment; % preffix of time step map FileName = sprintf('Concentration%d.asc',n); % add type preffix to file name fullFileName = fullfile(folder, FileName); A=Concentration(:,:,i); % receive the matrix of values; CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner, cellsize, NODATA_value,fullFileName,A); end end 24 if k==3 for i=1:nLayers n = (i-1)*Increment; % preffix of time step map FileName = sprintf('xVelocity%d.asc',n); % add type preffix to file name fullFileName = fullfile(folder, FileName); A=xVelocity(:,:,i); % receive the matrix of values; CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner, cellsize, NODATA_value,fullFileName,A); end end if k==4 for i=1:nLayers n = (i-1)*Increment; % preffix of time step map FileName = sprintf('yVelocity%d.asc',n); % add type preffix to file name fullFileName = fullfile(folder, FileName); A=yVelocity(:,:,i); % receive the matrix of values; CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner, cellsize, NODATA_value,fullFileName,A); end end if k==5 for i=1:nLayers n = (i-1)*Increment; % preffix of time step map FileName = sprintf('BedSurfAltitude%d.asc',n); % add type preffix to file name fullFileName = fullfile(folder, FileName); A=BedSurfAltitude(:,:,i); % receive the matrix of values; CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner, cellsize, NODATA_value,fullFileName,A); end end if k==6 for i=1:nLayers n = (i-1)*Increment; % preffix of time step map FileName = sprintf('Sedeimentation%d.asc',n); % add type preffix to file name fullFileName = fullfile(folder, FileName); A=Sedeimentation(:,:,i); % receive the matrix of values; CreateTXT(Ncols,Nrows, xllcorner, yllcorner,cellsize, NODATA_value,fullFileName,A); end end end 25 Tabela 3 Arquivo: CopyDataValues function [dataArray] = CopyDataValues(filename,startRow, nrows) %Copy direct from txt file the corresponding matrix formatspec = '%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10. 8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10 .8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%1 0.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f% 10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f %10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8 f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10. 8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10 .8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%1 0.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f% 10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f %10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8 f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10. 8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10 .8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%1 0.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f% 10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f %10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8 f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10. 8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10 .8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%1 0.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f% 10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f %10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8 f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10. 8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10 .8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%1 0.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f% 10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f %10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8 f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10. 8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10 .8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%1 0.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f% 10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f %10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8f%10.8 f%10.8f%f%[^\n\r]'; endRow = nrows+startRow-1; % Open the text file. fileID = fopen(filename,'r'); % Read columns of data according to format string. % This call if based on the structure of the file used to generate this % code. If an error occurs for a different file, try regenerating the code % from the Import Tool. textscan(fileID, '%[^\n\r]', startRow-1, 'ReturnOnError', false); dataArray = textscan(fileID, formatspec, endRow-startRow+1, 'Delimiter', '', 'Whitespace', '', 'EmptyValue' ,NaN,'ReturnOnError', false); % Close the text file. fclose(fileID); end
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