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Curso Bacharelado em Psicologia 
Disciplina: Família - Perspectivas teóricas I
GRUPO 4
AMANDA DOS ANJOS UYEMURA SORIA RGM.:27565742
GABRIEL DE LIMA SILVA RGM.: 2818627
MARIANA LANZONI COCA RGM.: 27475183
SAMANTA CHOUCHANIAN RGM.: 28051491
Adoção
 Contexto Sócio-Histórico
São Paulo
 2022
AMANDA DOS ANJOS UYEMURA SORIA RGM.:27565742
GABRIEL DE LIMA SILVA RGM.: 2818627
MARIANA LANZONI COCA RGM.: 27475183
SAMANTA CHOUCHANIAN RGM.: 28051491
Adoção
 Contexto Sócio-Histórico
Trabalho para conceituação na cadeira de
Família e Perspectiva Teórica apresentado
ao Curso de Psicologia.
Orientadora: Prof. Maria Irene Ferreira Lima Neta
São Paulo
 2022
Resumo
O presente trabalho visa contribuir com as discussões acerca da adoção.  Discorrendo sobre a história e a atual realidade dela no país. Com o intuito de construir uma nova visão para as questões, problemáticas e dificultantes dentro de todo processo de adoção, tendo em vista sua melhoria.
Buscamos expor pontos importantes e relevantes, como a questão problemática da escolha de perfis pelos pretendentes, durante o processo de adoção. As questões emocionais entre os envolvidos nesse processo, que tornam também tão delicadas cada etapa dele. O processo de preparação de ambas as partes, pretendentes e crianças e adolescentes aptos. E como os fatores históricos foram importantes para construção de como a adoção no Brasil ocorre hoje.
Palavras-Chave: Adoção no Brasil, Preparação de crianças, preparação de adotantes, Adoção Tardia; Requisitos;
ÍNDICE
1. Introdução________________________________________________04
2. Início da história sobre a adoção______________________________05
3. Adoção no Brasil___________________________________________06
4. Abandono e desamparo_____________________________________09
5. A prática de preparação de crianças para a adoção no Brasil________10
6. Preparação dos adotantes___________________________________12
7. Estrutura do ambiente adequado______________________________14
8. Requisitos exigidos ________________________________________16
9. Adoção de crianças maiores no Brasil – Adoção tardia_____________19
10. Conclusão_______________________________________________21
11. Referências Bibliográficas___________________________________22
INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca apresentar a realidade da adoção que vivemos na nossa sociedade atual e enfatizar alguns pontos de problematização referente ao tema, como os requisitos exigidos pelos adotantes, a adoção tardia e o porquê de isso acontecer. Além de analisarmos sobre como os responsáveis agem diante essa situação com o intuito de mudar as percepções atuais que são predominantes no meio social e tentar construir uma mudança futura para quebrar esse ciclo para que mais crianças maiores e adolescentes possam ter um lar.
O presente trabalho busca apresentar a realidade da adoção em nosso país e os problemas enfrentados por quem busca a adoção como recurso para se ter um filho, e as dificuldades enfrentadas por aqueles que aguardam a adoção.
Identificamos muitas questões que cercam este tema. Que vão desde o processo inicial para os pretendentes, que geram dúvidas, receios, pois há uma imensidão de mitos e inverdades, que foram construídas sob um processo histórico- social que prejudica determinados grupos de crianças e adolescente aptos para adoção.
Existe uma enorme diferença, totalmente desproporcional entre o número de pessoas que buscam a adoção e o número de crianças e adolescentes aptos. Os motivos para isso são os mais diversos.
Com este trabalho expomos tais problemáticas visando uma conscientização de todas as partes envolvidas, buscando uma melhoria em todo este processo, fazendo com que mais crianças e adolescentes encontrem um lar.
INÍCIO DA HISTÓRIA SOBRE A ADOÇÃO
Não se sabe exatamente em qual ponto da linha histórica o instituto da Adoção foi concebido. Tem-se, porém, na antiguidade, os primeiros registros de normas reguladoras do assunto pelo Código de Hamurabi (1728 – 1686 a.c).
A adoção na Roma Antiga era praticada e realizada pelas classes superiores; muitas adoções foram realizadas pela classe senatorial. A sucessão e o legado familiar foram muito importantes; portanto, os romanos precisavam de maneiras de transmitir sua fortuna e nome quando não podiam produzir um herdeiro homem. 
 	Já na Idade Média, a adoção deixou de ser utilizada, a Igreja, que possuía uma grande influência na sociedade, era contrária a aplicação de tal instituto, pois, aqueles que não pudessem ter um filho biológico, acabariam por deixar seu patrimônio para a Igreja, o que não aconteceria se a Adoção fosse recepcionada pela comunidade cristã, motivo pelo qual não houve previsão do instituto no direito canônico.
Foi no Direito Francês, início da Idade Moderna que a adoção renasce, com código napoleônico, pois Napoleão Bonaparte não tinha filhos e necessitava de um sucessor. Ele pensava em adotar um de seus sobrinhos. Dessa forma, a natureza jurídica da adoção deixa de ter cunho religioso e passa para natureza privada e política.
Por fim, o instituto da adoção no direito português, acabou influenciando o instituto de adoção no Brasil. Havia diversas referências à adoção nas chamadas Ordenações Filipinas, Manuelinas e Afonsinas, mas nada efetivo — não havia sequer a transferência do pátrio poder ao adotante, salvo nos casos em que o adotado perdesse o pai natural e, mesmo assim, se fosse autorizado por um decreto real.
ADOÇÃO NO BRASIL
O instituto da adoção no Brasil, ainda que não tivesse esse nome, tem uma legislação referente por volta do ano 1693, a Lei ao Desamparo das crianças que foram abandonadas, cuja situação era precária e frequentemente encontrada nas ruas.  Algumas destas crianças eram abrigadas e cuidadas por famílias que lhe ofereciam um lar e muitas vezes elas tinham de prestar serviços a essas famílias.
Com a intenção de diminuir o número de crianças abandonadas nas ruas, foi criada a Roda dos Expostos, que era situada nas Santas Casas.
 
“De forma cilíndrica e com uma divisória no meio, esse dispositivo era fixado no muro ou na janela da instituição. No tabuleiro inferior da parte externa, o expositor colocava a criança que enjeitava, girava a Roda e puxava um cordão com uma sineta para avisar a vigilante que um bebê acabara de ser abandonado, retirando-se furtivamente do local, sem ser reconhecido. (MARCÍLIO, Maria Luiza. História social da criança abandonada. São Paulo: Hucitec, 1998.)”.
 FIGURA 1 – Roda dos Expostos
 Fonte: Página da Santa Casa de São Paulo¹.
A ideia principal parecia que era de acolher essas crianças, com a intenção que poderiam ser adotadas, como em alguns momentos realmente eram, mas na verdade, o real intuito era tornar essas crianças em pessoas disponíveis conforme a necessidade do Estado sobre mão de obra trabalhadora.
Entretanto, as rodas não se mostraram eficientes, pois a maioria das crianças acabavam morrendo. Por esse e outros motivos se deu a extinção das rodas, que fora proibido o seu funcionamento no ano de 1923. Apesar deste decreto, ainda funcionaram as rodas por muito tempo, como por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo que a extinguiu em 1950.
 	No Código Civil de 1916 foi abordado a adoção, tendo suas bases no Direito Romano e no Direito Francês. Do qual a criança não foi beneficiada em nada. Tinha limite de idade do adotante e tinha pouco valor social. Essas dificuldades impostas apenas fizeram que muitos casais registrassem filhos alheios como próprios, conhecido como “adoção à brasileira” que na época já era um delito.
Adoção à brasileira é o ato de registrar como sendo seu o filho de outra pessoa e de fato não caracteriza uma adoção, pois não segue as exigências da lei. Apesar de ter sido muito comum, a conduta é considerada crime contra o estado de filiação até hoje.
Com o passar dos anos algumas leis e artigos foram mudando, porém, só apenas com a ConstituiçãoFederal de 1988, houve uma relevante mudança na perspectiva em que a adoção começou a ser observada. Vemos uma evolução no que diz respeito à preocupação do Estado em garantir os direitos fundamentais para os menores, incluindo o princípio da proteção integral da Criança e do Adolescente, que deve ser garantida pela família, sociedade e Estado.
Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) surgiu trazendo grandes mudanças ao instituto da adoção. Tal lei trouxe um olhar diferenciado para os menores, que se evidenciou até na substituição do termo “menor” para os termos “Criança”, assim entendidas as pessoas com idade de até 12 anos incompletos e “adolescente’, as que, tendo mais de 12 anos, ainda não completaram 18 anos.  O ECA, veio para promover igualdade total entre os filhos biológicos e adotados, densificando a adoção plena. Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, o Poder Público passou a ter efetiva participação no processo da adoção e, sem dúvida, a principal inovação foi a redução da maioridade civil para 18 anos, que consequentemente, passou a ser tida como idade mínima para ser adotante.
 
Por fim, a lei intitulada Lei Nacional da Adoção, todas as adoções passaram a ser regidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.  Apesar dessa denominação, a Lei tem como escopo principal a convivência familiar, priorizando a manutenção da criança e do adolescente em sua família, natural ou extensa, e a adoção que é uma das formas da colocação do assistido em família substituta é tida como objetivo secundário, devendo ser obedecido o cadastro único de crianças e adolescentes em condições de serem adotadas e também de pessoas que se dispõem a adotá-las.
Todas as modificações legislativas pela qual o instituto da adoção passou foram de suma importância para que hoje possamos ter um ordenamento cada vez mais amplo e que ampare da melhor forma aqueles que foram por algum motivo retirados do convívio de sua família natural, colocando-os no mesmo patamar de filhos biológicos com todos os seus direitos sejam no âmbito jurídico, seja no âmbito afetivo, já que o vínculo que passa a existir após a adoção é realmente tão forte como se fosse consanguíneo.
Atualmente a adoção é realizada através do ECA em consonância com a Lei Nacional da Adoção.
ABANDONO E DESAMPARO
A ideia do abandono de um filho é algo impensável para a maioria, mas para alguns, parece ser a única solução. Uma atitude como esta cometida pela mãe biológica da criança sempre é julgada pela sociedade, porém, não se interessam em saber sobre o motivo que levou a mãe a tal atitude. São muitas causas que levam a uma mãe a abandonar seu filho, uma parte destas mães, abandona por medo da crítica de sua família que não aceita, outras, por serem abandonadas por seus parceiros em função da gravidez, outras, ainda, por não ter um lugar para morar, sem emprego, e por serem ameaçadas e obrigadas abandonarem o filho, por problemas mentais, por não ter amor a criança ou por simplesmente não querer ser mãe.
Apesar de sabermos que a ideia do abandono acarreta vários problemas a esta criança, temos também que lembrar que, o fato da mãe permanecer com a criança sem ter ciência dos motivos e das consequências de sua decisão pode ser igualmente ruim. Como a falta de assistência maternal, criação, educação, e moralidade, tudo isso também pode ser considerado abandono.
Muitas vezes a entrega desse filho não veio de uma escolha consciente. Muitas mulheres se encontram primeiro “abandonadas” por seus companheiros, pais e pela sociedade. Sem contar que a maioria das crianças que hoje estão para adoção vem de famílias que vivem na miséria. Nesses casos, essas mães, ainda por muito tempo, têm o peso dessa dor e do remorso durante toda sua vida, pois o que levaram ela a esta atitude foi algo de “força maior”.
A situação do menor abandonado que esteja institucionalizado ou não, é um problema fundamental do qual deve ser solucionado. A criança já vive a perda de sua família biológica, do afeto, da proteção e vive a dor do abandono. A adoção é forma de efetivar o direito a um lar, a um pai, a uma mãe,  irmãos,  tios, avós, de um modo geral, concretiza-se o acesso à família. E é obrigação da sociedade, da família e do Estado promover a efetivação do direito à convivência familiar, por decorrer da dignidade humana inerente às crianças e adolescentes, que são sujeitos de direito, e não meros objetos.
PREPARAÇÃO DA CRIANÇA PARA ADOÇÃO
Devemos ressaltar que na maioria das vezes trata-se de crianças com histórico grave de negligência, abandono e violência. Muitas com traumas e frustrações devido ao histórico e a viverem por longos períodos de abrigamento (no caso de crianças a partir dos 2 anos de idade devido a preferência dos adotantes). Muitas delas em estados de depressão e com dificuldades de interação e de confiança devido ao histórico.
O primeiro passo é tentar um vínculo com a criança e conquistar a confiança dela. Algumas, têm dificuldades em vincular-se, não confiando e não aceitando um novo contato. Trabalhar e estudar um modelo de relação é uma das tarefas do psicólogo. Porém, muitas vezes é necessário um modelo que não existiu ainda para adaptar-se, ajustar-se às suas necessidades. O objetivo é de integrar junto a criança sua história, oferecer sentido ao seu sofrimento e despertar alguma esperança no futuro.
Segundo Webber, geralmente as crianças mais velhas estavam rodeadas de circunstâncias difíceis. Assim, é necessário abrir um estudo sobre o passado dessa criança para avaliar quais as suas necessidades e encontrar um lar adequado para recebê-la.  Não há um manual de como se deve trabalhar nesse caso, portanto, cada instituição/profissional deve agir de acordo com o seu próprio planejamento para adquirir tais resultados. Cada um utilizando sua técnica para atender as demandas. Através da avaliação é possível auxiliá-los a compreender o que está acontecendo e o que irá acontecer futuramente, analisar seus desejos, medos, traumas e expectativas.
A criança é instruída a entender esse momento de sua vida com o psicólogo e com a equipe da instituição em que vive. Quando a criança está em condição, segue a busca e avaliação a família. Ao encontrar o adotante, é iniciado a preparação de ambos. O acompanhamento é feito em parceria com a instituição de acolhimento que conhecem e convivem com as crianças que serão encaminhadas à adoção através de entrevistas/conversas com a criança.
Ao falarmos para a criança de sua possibilidade real de adoção, apresentamos a ela uma nova vida que vem ao encontro de suas fantasias. A criança terá acesso a fotos, nomes, presentes - antes de tomar contato real com estas pessoas.
Primeiro é realizada uma entrevista com os adotantes e nesse primeiro contato eles não conhecem a criança, eles veem o histórico e os dados da criança e apenas após a sinalização da confirmação de adotar que é mostrado fotos, e em sequência é realizado o preparamento com a criança. Caso a criança esteja em condição, passamos para a próxima etapa, marcar encontros para conhecer os adotantes. Em seguida, a ida da criança a casa dos adotantes, futuros pais. Esse processo não tem tempo determinado. Não há um período exato a ser seguido.
PREPARAÇÃO DOS ADOTANTES
Como vimos anteriormente, não é apenas as crianças que devem passar por um procedimento burocrático de preparação para serem adotadas, um outro preparo em paralelo também deve partir dos responsáveis que irão realizar a adoção. Colocando os dois cenários na balança, observamos que o preparo dos adultos possui o maior peso de responsabilidade para encarar a nova realidade, visto que, serão os mesmos que disponibilizarão um abrigo, alimentação, segurança e educação para a criança ou adolescente. Se aprofundando mais no tema, observamos que alguns tópicos recebem destaques por estarem presentes na maioria dos procedimentos de adoção. 
Podemos começar citando o fato de alguns responsáveis projetarem um modelo de criança que atenda todas as suas expectativas sendo elas física,emocional e intelectual. Antes mesmo de iniciar o processo de adoção, esse erro torna-se comum entre os responsáveis. Notamos que traços narcisistas estão sempre presentes nessas projeções, trazendo para a nossa realidade a redução do número da possibilidade de uma criança ser adotada por não possuir esses pré-requisitos estipulados pelos adultos, e aumentando cada vez mais a frustração dos pais por não encontrar crianças que atendam por completo essa projeção. Existem casos de pais que ao adotarem crianças que não atendem esses traços narcisistas, acabam desenvolvendo uma relação familiar destrutiva rodeada de críticas e comparações. O ideal a ser feito, é que os futuros pais entendam que uma criança real fará parte da família, e não um fruto do ideal dos mesmos. Compreender que a criança já virá com uma bagagem de histórias e origens, traços e personalidade facilitará esse processo de desmistificar essa ilusão da criança perfeita, e com isso, consequentemente aumentará as chances de uma criança ser adotada e diminuirá as frustrações que os responsáveis poderiam passar logo no início desse processo.
Outro ponto a ser comentado, é o fato de lidar com essas bagagens históricas da criança que muitas vezes, vem carregada com traumas adquiridos em consequência da família anterior. Sabemos que na maioria dos casos, a criança só está ali por conta desse histórico de violência, abusos e processamento de atos ilícitos. É nesse tópico que muitos pais devem ter total cautela e elevar o nível de preparação para lidar com tal situação, visto que é um dos grandes motivos que levam os responsáveis a desistir desse processo. Se aprofundando mais no tema com o objetivo de buscar possíveis soluções ou práticas para desenvolver um preparo para os responsáveis, notamos que o melhor recurso está nas questões emocionais de quem adota. Analisar o histórico da criança, família e experiências, já é um grande passo para garantir um certo discernimento do que se espera das questões psicológicas da criança. Outro ponto, é entender que, em consequência dessas experiências, a criança pode vir com certos comportamentos inapropriados para a idade como mal comportamento, linguagem impropria e medo continuo com a nova família adotiva, visto que, qualquer tipo de comportamento negativo que os novos pais realizarem, vai fazer com que a criança assemelhe a sua família original. Por esse motivo, a cautela é de suma importância nessas situações. Saber desenvolver uma comunicação saudável com a criança adotada é uma grande chave para desenvolver um laço afetivo, apresentar atitudes de apoio e segurança, também elevará os níveis de confiabilidade da criança inserida na nova família. Vale lembrar que muitos casos mostram que, é normal logo de cara a criança apresentar tais comportamentos inapropriados, devemos levar em conta o fato da adaptação que ambos devem encarar mediante a essa situação.
Com isso, podemos destacar os principais pontos que os responsáveis enfrentam durante a preparação no processo de adoção, e com elas, as dicas para facilitar eventuais cenários que os responsáveis irão passar que, em resumo, se baseia no preparo psicológico, comunicativo e compreensivo. Não seguir com essas dicas, pode resultar em uma grave primeira impressão e relação da família adotiva. Vale ressaltar que esse tipo de preparo é muito mais importante partindo dos futuros pais.
ESTRUTURA DO AMBIENTE ADEQUADO
Outro fator que muitos responsáveis deixam de lado, mas que em contrapartida é de suma importância, são as condições ambientais, isto é, da residência, que os adultos podem oferecer para a criança que passará a viver nela. Fazendo parte até de um dos processos de adoção, a vistoria da casa onde a criança viverá passa a ser é um dos tópicos de decisão para a permissão da adoção. Não apenas isso, mas também a análise do cotidiano dos responsáveis é feita para compreender melhor onde os pais encaixam a atenção no filho adotivo dentro de suas rotinas. 
Podemos separar dois cenários para entender melhor os principais critérios abordados pelas agentes sociais, as questões residenciais de convívio e as questões socioeducativas. 
Questões residenciais de convívio:
segurança: o local de moradia da criança adotada, deve prestar total segurança para a preservação da integridade física. Possíveis desorganizações ou até mesmo o despreparo dos pais, pode desencadear acidentes. Sendo cautelosamente bem observado pela assistente, como mencionado acima, costuma ser um dos tópicos que impossibilita a adoção. Entre os acidentes, podemos citar aqueles que envolvem móveis, objetos cortantes e a própria estruturação da casa. 
relações familiares ou de terceiros: outro tópico comumente abordado se refere às questões relacionadas às relações familiares ou de terceiros, isto é, relações de indivíduos que não fazem parte do núcleo familiar. Temas de como os responsáveis lidam com esses dois cenários no campo afetivo e comunicativo são levantados.
condições básicas: por fim, esse tópico entra nas condições básicas que os pais tendem a possibilitar para os filhos adotivos como alimentação e saneamento básico.
Questões socioeducativas 
escolaridade: entrando no campo da educação da criança adotada, alguns pontos importantes devem ser levados em conta como o fato dos responsáveis buscarem uma escola que possa oferecer um espaço de fácil familiarização com o ambiente e socialização com os colegas.
acompanhamento: o objetivo dos pais adotivos não é apenas encontrar um lugar para possibilitar a educação do filho, mas também acompanhar o desempenho dele. 
Dado então os principais pontos, o conselho que comumente é dado aos futuros pais, é deixar de imediato essas questões dentro do planejamento mais brevemente possível. 
REQUISITOS EXIGIDOS PELOS ADOTANTES
Como os candidatos escolhem quem quer adotar? Por que a fila tem mais candidatos do que crianças? Quais os requisitos exigidos? Por quê?
Hoje o Brasil tem cerca de 3.750 mil crianças e adolescentes aptos para adoção. Em contrapartida, há cerca de 33 mil pretendentes, segundo dados do CNJ (em março de 2022).
Uma questão problemática é o perfil. Esse é o maior motivo dessa disparidade entre os números de pretendentes e crianças aptas.
Quando um casal ou uma pessoa solteira se torna apto a adotar, é necessário definir o perfil da criança desejada. São definidas características como idade máxima, sexo, cor/raça, existência de irmãos e deficiências, físicas ou cognitivas.
Existe um perfil que é o mais procurado, meninas com até 3 anos, brancas, sem irmãos e sem deficiências.
De acordo com o Observatório do 3º Setor, 26,1% dos candidatos a adotantes desejam crianças brancas; 58% almejam crianças com até 4 anos de idade; 61,5% não aceitam adotar irmãos; e 57,7% só querem crianças sem nenhuma doença. Quando se trata de crianças um pouco mais velhas, apenas 4,52% das pessoas aceitam adotar maiores de 8 anos, 51% das adoções contemplam crianças de 0 a 3 anos. No caso de crianças de 4 a 7 anos, são 28% das adoções. Seguindo com as faixas etárias, 15% das adoções são de crianças de 8 a 11 anos; e apenas 6% de adolescentes (acima dos 12 anos).                                                                          
Estamos falando de um perfil procurado pelos pretendentes que compreende uma porcentagem muito pequena de crianças nos abrigos para adoção. Do total de crianças e adolescentes aptos, 49,7% são pardos, contra apenas 16,68% brancos, entre todas elas, 55,27% possuem irmãos e 25,68% têm algum problema de saúde. Além disso, 53,53% têm entre 10 e 17 anos de idade. Ou seja, é uma busca por um perfil quase inexistente, está fora da realidade dos abrigos.
Estas exigências por um perfil muito específico, gera uma lentidão nos processos de adoção, mesmo tendo um número muito maior de pretendentes do que crianças a serem adotadas.
Visando trabalhar estas questões, tem sido estimulado nos grupos de adoção a orientação e conversa, para se estimular a ampliação das características requisitadas pelosfuturos pais.
Além dos perfis idealizados pelos pretendentes e das questões burocráticas, a baixa na equipe técnica em alguns estados do país também tem sido apontada como uma das causas da lentidão dos processos de adoção. Em muitos estados, faltam assistentes sociais e psicólogos. Profissionais que desempenham um papel extremamente importante no processo de adoção, pois além de fazerem a análise dos candidatos, acompanham os pais adotivos no processo de adaptação dessa criança. E todos os processos de adoção dependem dos pareceres destes profissionais. Por este motivo, quando a demanda se torna maior do que o número de funcionários, os prazos acabam sendo comprometidos. Todas estas questões levam o processo de adoção a ser mais demorado. Na média um processo deveria levar cerca de 120 dias, mas com todas essas e outras questões envolvidas pode chegar a mais de 2 anos.
Para estar apto a realizar uma adoção primeiramente deve-se enquadrar dentro de algumas exigências:
No artigo 45, em seu inciso 1º, a Lei estabelece que somente as pessoas maiores de 18 anos, independentemente do estado civil, poderão dar entrada no processo de adoção. Ainda em relação à idade, é importante frisar que o adotante, ou seja, aquele que está pretendendo adotar, precisa ser no mínimo 16 anos mais velho que o adotando.
No inciso 2º fica determinado que para adoção conjunta, torna-se indispensável que os adotantes sejam casados no civil ou que mantenham uma união estável comprovada. Também é exigida a comprovação da estabilidade da família.
O inciso 4º refere-se aos requisitos para adoção em relação aos casais separados. A lei prevê que tanto os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar desde que o processo de convivência prévio com o adotante tenha sido iniciado durante o período em que ainda estavam juntos. Nesse caso, fica preservado o direito à adoção quando existe interesse mútuo dos ex-companheiros que já conviveram com a criança e construíram laços afetivos entre eles. O ex-casal também precisa estar acordado em relação à guarda e ao regime de visitas ao filho.
Vale ressaltar que outras questões que se referem à segurança física e emocional das crianças também fazem deste processo mais demorado. Pois os juízes e todos os envolvidos precisam ser o mais cuidadosos possível, pois as rupturas afetivas a que essas crianças estão expostas deixam marcas que elas carregam para a vida adulta. Como por exemplo, casos de "devolução'' durante o período de convivência (com guarda provisória).
ADOÇÃO TARDIA
A cultura da adoção busca atender à necessidade da criança de ter uma família, porém a busca fica mais difícil quando a criança não corresponde ao padrão exigido pela sociedade.
O termo “adoção tardia” refere-se a criança que já possui um desenvolvimento parcial em relação a sua autonomia e interação com o mundo, em geral são maiores de 3 anos de idade.
Não há uma idade mínima formal para caracterizar a adoção tardia. Como são chamadas as adoções de crianças que já conseguem se comunicar, sabem andar, não usam mais fraldas, ou seja, não são mais consideradas bebês.
As crianças consideradas "idosas" para adoção, segundo Vargas (1998, p. 35)
(..)ou foram abandonadas tardiamente pelas mães, que por circunstâncias pessoais ou socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando delas ou foram retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las em seu pátrio poder, ou, ainda, foram ‘esquecidas’ pelo Estado desde muito pequenas em ‘orfanatos’ que, na realidade, abrigam uma minoria de órfãos [...].
Acerca deste assunto também estão as questões relacionadas ao que as famílias pretendentes exigem ao entrar no processo de adoção. Além da maior problemática que é a escolha dos perfis, também existem os mitos, falsas impressões, medos e distorções do real sentido e significado desta prática, o que faz com que possíveis famílias recuem desta decisão. Por exemplo, há o medo dos pretendentes de não saberem lidar com crianças maiores, suas questões emocionais e o medo pela falta de conhecimento de seus antecedentes históricos e sociais. 
Por parte das crianças, há a ansiedade pela separação das pessoas já conhecidas nos abrigos, e o medo da dificuldade de criação de novo vínculo com a nova família. E o mais predominante, o medo da rejeição no período da guarda provisória.
Todas essas questões tornam mais lento o processo de adoção e fazem com que muitas crianças sejam esquecidas nos abrigos do país.
Devemos pensar enquanto sociedade nessas crianças que às vezes passam anos à espera de uma família. Família que muitas vezes não chega e a não mais criança precisa deixar o abrigo, pois atingiu a maioridade.
Aos profissionais que estão envolvidos em todos os processos, faz-se necessário também o exercício ético de cuidado para não reproduzir os mitos e medos existentes e sim trabalhar em função de suas desconstruções. 
Um dos fatores para isso acontecer é o fato da adoção ser uma solução procurada por casais inférteis, os adotantes optam pela adoção de bebês pois acreditam que eles têm mais facilidade para se adaptar à família. As crianças mais velhas são mais “difíceis de moldar” e normalmente são adotadas por estrangeiros, mas a maioria acaba ficando na instituição.
Para Weber, também não quer dizer que a adoção de bebês é um sucesso e 100% garantida, mas é mais fácil devido aos requisitos. Outro motivo seria a questão dos traumas vividos pela criança, as crianças maiores têm mais lembranças do passado enraizadas, vem com uma bagagem maior, traumas, medos, frustrações, desejos, sonhos e inseguranças que podem acabar desencadeando problemas sociais futuros.
CONCLUSÃO
Após pesquisa sobre adoção, vimos como este processo precisa ser melhorado e reformulado, para que ocorra de forma mais ágil. Precisamos ajudar a conscientizar os adotantes nesse processo. Numa tentativa de lhes trazer um outro olhar a respeito da busca de perfis. Entendemos que este papel conscientizador cabe aos profissionais, sejam eles psicólogos, assistentes sociais, juízes e os demais envolvidos. Há uma grande disparidade entre a fila de adoção e a quantidade de crianças e adolescentes aptos para o mesmo. E só com uma mudança generalizada, pode-se mudar este quadro, e dar um lar aos que buscam um, e preencher os corações daqueles que buscam dar o amor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KOZESINSKI, Carla A. B. Gonçalves. A história da adoção no Brasil. Ninguém cresce sozinho, 2016. Disponível em: <https://ninguemcrescesozinho.com.br/2016/12/12/a-historia-da-adocao-no-brasil/> Acesso em: 21/04/2022.
JORGE, Dilce Rizzo. Histórico e Aspectos legais da adoção no Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem. Scielo Brasil, 28, Abr-Jun 1975. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/reben/a/BgBrdzpHrV5X4NvD7yBVZwP/?lang=pt> Acesso em: 21/04/2022.
MAUX, Ana Andréa Barbosa; DUTRA, Elza. A adoção no Brasil: algumas reflexões. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, ago. 2010. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812010000200005#:~:text=A%20hist%C3%B3ria%20da%20ado%C3%A7%C3%A3o%20tem,chamados%20%22filhos%20de%20cria%C3%A7%C3%A3o%22 >. Acesso em: 21/04/ 2022.
FONSECA, Claudia. Mães “abandonantes”: fragmentos de uma história. Scielo Brasil, 2012. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ref/a/6bPRT6twHwKnVVrxDRZ6Gtd/?lang=pt&format=html >. Acesso em: 21/04/ 2022.
GHIDORSI, Gustavo. Adoção: aspectos históricos no mundo e sua evolução no Brasil. JusBrasil, 2019. Disponível em: <https://gustavoamprsi.jusbrasil.com.br/artigos/628050229/adocao-aspectos-historicos-no-mundo-e-sua-evolucao-no-brasil >. Acesso em: 21/04/ 2022.
ARIZA, Marília Bueno de Araujo. Roda dos Expostos (1825 - 1961). Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Disponível em: <https://www.santacasasp.org.br/portal/museu-curiosidades/>. Acesso em: 21/04/ 2022.
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MOREIRA,Silvana do Monte. Qual a cara da adoção no Brasil? OABRJ 2021. Disponível em: https://oabrj.org.br/noticias/qual-cara-adocao-brasil
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<https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/quase-70-das-criancas-aptas-para-adocao-tem-mais-de-oito-anos/ Acesso em; 21/04/2022
MARQUES, Júlia, CUNHA, Mariana e SUEIRO, Vinicius. Simulação mostra quais crianças são adotadas (e quais não são) no Brasil. O Estadão 2019. Disponível em: <https://arte.estadao.com.br/brasil/adocao/criancas/ Acesso em: 21/04/2022.
LUCENA, Lucas. Após queda causada pela pandemia, adoção de crianças e adolescentes dá sinais de aumento no Estado de São Paulo. 2021. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/noticia/?14/10/2021/apos-queda-causada-pela-pandemia--adocao-de-criancas-e-adolescentes-da-sinais-de-aumento-no-estado-de-sao-paulo- Acesso em:21/04/2022.
O que é adoção tardia: mitos e verdades. Geração amanhã. 2018. Disponível em: <https://geracaoamanha.org.br/o-que-e-adocao-tardia/ Acesso em:21/04/2022.
CAMARGO, Mário Lazaro. A adoção tardia no Brasil: desafios e perspectivas para o cuidado com crianças e adolescentes 2005. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200013&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso em; 21/04/2022.
A importância do preparo para a adoção. Geração amanhã. 2020. Disponível em: <https://geracaoamanha.org.br/a-importancia-do-preparo-para-a-adocao/ Acesso em 21/04/2022

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