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LEUCEMIAS CRÔNICAS LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA ➔ Introdução: ◆ Síndromemieloproliferativa crônica 15-20% de todas as leucemias ◆ Os clones neoplásicos seguem o curso normal de maturação até as células finais (granulócitos, hemácias, plaquetas), logo, não há bloqueio de maturação ◆ Pico de incidência = vida adulta, 55 anos ➔ Patogênese: ◆ Translocação do cromossomo 9 com o 22 levando a formação do gene BCR-ABL - cromossomo Filadélfia ◆ O gene BCR-ABL chega na medula óssea e determina que o CD34 produza a linhagemmieloide de forma intensa ➔ Manifestações clínicas: ◆ Fase crônica = paciente assintomático que em 3 a 5 anos pode evoluir para outras fases caso sem tratamento ● Hiperplasia medular e capacidade aumentada de maturação das células mieloides ● As manifestações no sangue periférico são facilmente controladas pela terapia medicamentosa convencional ● Melhor momento para diagnóstico ● Principal achado físico = esplenomegalia ● Anemia normo normo + hiper leucocitose + trombocitose ● Exames: ○ Leucocitose com desvio à esquerda ○ Granulocitose com predomínio de um ou não (todos os elementos da linhagem granulocítica estão presentes no sangue periférica) ○ FA de leucócitos diminuída ○ Cromossomo Filadélfia ○ Mielograma com hiperplasia mielóide ○ LDH elevada ○ Hiperuricemia (devido a destruição celular) - gota? ○ Transcobalamina e B12 séricos elevados ● Biópsia óssea: não é feita normalmente - esclarece outras síndromes mieloproliferativas ◆ Fase acelerada = momento da transformação da LMC em uma leucemia aguda. Leva emmédia 2 meses ● Resistente à terapia medicamentosa ● Quadro clínico: ○ Febre ○ Emagrecimento ○ Pouca resposta aos citorredutores ○ Mal estar geral ○ Anemia ○ Trombocitopenia ○ Leucocitose commaior número de células imaturas ○ Mielograma com percentual de blastos elevados + 10% ○ Blastos no sangue periférico ◆ Fase blástica = LMC que se transformou em LMA. Fase grave em que o sangue periférico tem muitos blastos com a ocorrência do hiato leucêmico (muitos mieloblastos, sem a presença dos intermediários e com segmentados e bastões) ● A LMC em FB, também resistente à terapia convencional, é agressiva, com quadro clínico da leucemia aguda e permitindo ao doente uma sobrevida muito curta ● Tríade clínica de 4 critérios: ○ Anemia ○ Infecção ○ Sangramento ○ Dor óssea ➔ Quadro clínico: ◆ 20-50% assintomáticos ◆ Sintomáticos ● Fadiga ● Sangramento ● Perda de peso e sudorese ● Plenitude abdominal ● Esplenomegalia ➔ Diagnóstico: ◆ Inicialmente suspeitado diante de leucocitose acentuada (> 25.000 a 50.000/mm³) num paciente com esplenomegalia ◆ Definitivo: ● Cariótipo = mostra mutação do Filadélfia, porém demora 40 dias ● PCR qualitativo = informa a mutação do cromossomo Filadélfia 9/22 ◆ Diferencial = reação leucemoide, síndromes mieloproliferativas (P. vera, mielofibrose idiopática, trombocitemia essencial) e LMMC (leucemia mielomonocítica crônica) ◆ Hematoscopia = mostra todas as células da série neutrofílica desde mieloblastos até neutrófilos maduros com blastos em < 2% na fase crônica da doença ◆ Medula óssea = hiperplasia granulocítica com padrão de maturação preservada, aumento da fibrose reticulínica e da vascularização, blastos aumentados dependendo da fase ➔ Complicações: ◆ Crise de gota = altas concentrações de bases purínicas e pirimidínicas devido a intensa produção e destruição celular na LMC. Com isso o paciente tem hiperuricemia e hiperuricosúria ● Além da gota pode ter falência renal ● Alopurinol = usado para evitar crises de gota ● Hidratação = para diluir ácido úrico e evitar crise renal ◆ Síndrome de Lise tumoral ◆ Acidentes vasculares isquêmicos = sangue muito viscoso pelo grande número de células - facilita acidentes vasculares ◆ Insuficiência renal ➔ Tratamento: ◆ Hydreia ● Usado somente para reduzir o número de células, mas não trata a causa base que é a mutação do cromossomo filadélfia ◆ Interferon ● Uso diário por 6 meses ● Pode reverter 30% das mutações do cromossomo filadélfia, mas essa é uma droga commuitos efeitos adversos ◆ Imatinibe (Glivec) ● A mutação 9/22 do cromossomo filadélfia é mantida por uma tirosina quinase específica que atua sustentando a mutação ● Inibe especificamente a tirosina quinase "mutante" codificada pelo gene BCR-ABL ● A taxa de reversão da doença com o uso do Imatinib, por estágio clínico, é a seguinte: ○ Fase crônica: 94%; ○ Fase acelerada: 60%; ○ Fase blástica: 35% ● O principal objetivo da terapia com imatinibe é a obtenção de uma resposta citogenética completa. Isto é: ○ Desaparecimento das células carreadoras do cromossomo Filadélfia no estudo citogenético do aspirado de medula óssea ○ Após 12-18 meses de tratamento ● Efeitos adversos são leves a moderados, incluindo anasarca, náuseas, diarreia, hemorragias, cãibras e rash cutâneo ● Em casos de falha terapêutica com imatinibe, opta-se pelas segundas opções: - Dasatinibe (Sprycel) ou o nilotinibe (Tasigna) ◆ Dasatinibe (Sprycel) ou o nilotinibe (Tasigna) ● São mais potentes que o imatinibe ● São capazes de "salvar" até 90% dos pacientes em falência terapêutica ● Em caso de falha terapêutica -> Transplante Alogênico de Células Hematopoiéticas: baixas possibilidades de cura LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA ➔ Introdução: ◆ Representa 30% das leucemias, acometendo mais a população idosa do sexo masculino ● Idade média ao diagnóstico = 72 anos ◆ Colocada ao lado dos linfomas, no grupo das neoplasias ou síndromes linfoproliferativas ◆ É considerada uma neoplasia hematológica de curso indolente ● Acúmulo progressivo de linfócitos neoplásicos (maioria das células paradas no G0/G1 do ciclo celular) ● Imunofenótipo característico ➔ Patogênese: ◆ O clone neoplásico é um linfócito B maduro que tem sua fase de diferenciação bloqueada, isto impede a sua transformação em plasmócito, a célula produtora de anticorpos ◆ Este linfócito possui bastante IgM no citoplasma, mas muito pouco na membrana ◆ Os principais marcadores imuno-histoquímicos são o CD5 (é um marcador normalmente encontrado em linfócitos T) e o CD23, junto da negatividade do FMC7 ◆ Diferente das outras leucemias, a LLC é uma doença "cumulativa", e não "proliferativa" ● Os linfócitos B neoplásicos CD5+ são células de turnover lento, com uma meia-vida bem superior à do linfócito B normal, provavelmente pelo fato de apresentarem um bloqueio de maturação ● Os linfócitos B neoplásica CD5+ permanecem por muito tempo no estágio GO de maturação ◆ A evolução da doença é o acúmulo desses linfócitos clonais na medula óssea, passando em seguida para o sangue periférico e atingindo os linfonodos, baço e fígado ◆ O paciente vai se tornando debilitado e extremamente propenso a morrer de infecções bacterianas, pois os linfócitos neoplásicos não desenvolvem competência imunológica ➔ Manifestação clínica: ◆ Linfocitose expressiva no hemograma: ● Na LLC, por definição, a linfocitose é > 5.000/mm³ ◆ Adenomegalia cervical: ● Os linfonodos aumentados inicialmente são inferiores a 2 cm, móveis e de consistência elástica, sugerindo benignidade ● Posteriormente, evoluem para um aumento de tamanho e confluência, podendo se apresentar como grandes massas cervicais ● A adenomegalia pode se generalizar, acometendo inclusive linfonodos viscerais ◆ Pode ter esplenomegalia e hepatomegalia + hipogamaglobulinemia ➔ Classificação / Estadiamento das LLC pelo RAI: ◆ Estágio 0 - somente a linfocitose (sobrevida > 10 anos) ◆ Estágio I - sintomas do estágio 0 + linfadenopatia (sobrevida = 8 anos) ◆ Estágio II - sintomas do estágio I + hepatomegalia e/ou esplenomegalia (sobrevida = 6 anos) ◆ Estágio III - sintomas do estágio II + anemia não hemolítica, com Hg < 11 g/dl (sobrevida = 2 anos) ◆ Estágio IV - sintomas do estágio III + plaquetopenia < 100.000/mm³ (sobrevida = 2 anos) ➔ Diagnóstico: ◆ O diagnóstico é confirmado por um dos seguintes critérios: ● Linfocitose persistente > 10.000/mm³ + aspirado de medula óssea com > 30% de linfócitos (normal: até 10%) ou ● Linfocitose persistente > 5.000/mm³ + aspiradode medula óssea com > 30% de linfócitos + imunofenotipagem revelando marcadores de linfócito B maduro em conjunto com o marcador CD5 ◆ Resumindo: imunofenotipagem com CD5 e CD23 positivos ● Linfocitose clonal persistente > 5.000/mm³ ○ Linfócitos pequenos, cromatina agrupada, nucléolos ausentes, citoplasma escasso, aparência homogênea. manchas de Gumprecht (restos celulares)... ● Ig de superfície de baixa intensidade (maioria IgM - IgM / IgD) ○ Positivos = CD23, CD19, CD20 (fraco), CD5 ➔ Tratamento: ◆ Somente os estágio III e IV de RAI necessitam de tratamento. Contudo, alguns médicos já começam tratamento no estágio II de RAI (inclusive o professor Carmelo) ◆ Indicações: ◆ Outra indicação de tratamento é quando o paciente está com 250/300 mil leucócitos. Antes disso, o risco de hiperviscosidade é bemmenor ◆ Possíveis associações: ● Venclexta + Ibrunibe ● Venetoclax + Rituximav ● Anti-CD20 + Venclexta ● Fludarabina + Rituximab ● Fludarabina + Rituximabe + Ciclofosfamida ● Bendamustina + Rituximabe ◆ Rituximab ● É a droga contra linfócito B (Anti-CD20) ◆ Ibrutinibe (Imbruvica) ● Esse fármaco inibe a tirosina quinase de Bruton, que tem o papel de sinalizar na superfície do blasto a sua duplicação ● Quando inibida essa proteína, a célula não consegue se dividir ● Esse fármaco é ótimo na síndrome linfoproliferativa B crônica ● Efeitos adversos: principalmente cardiológicos, como arritmias. ◆ Venclexta ● Nas doenças linfoproliferativas ocorre produção de uma proteína (BCL-2) que inibe a apoptose da célula neoplásica ● O venoclaste atua inibindo essa proteína anti-apoptótica (BCL-2) ➔ Linfocitose Monoclonal: ◆ < 5.000 linfócitos clonais/mm³ ◆ Ausência de linfadenomegalia ou hepatoesplenomegalia ◆ Ausência de manifestações autoimunes ◆ Ausência de outras manifestações linfoproliferativas ◆ Pico monoclonal pode estar presente ◆ Baixo risco de evolução para LLC ◆ Baixa incidência de alterações citogenéticas NEOPLASIAS MIELOPROLIFERATIVAS INTRODUÇÃO ➔ Pontos importantes: ◆ Doenças clonais da célula tronco hematopoiética ◆ Hipersensibilidade de progenitores hematopoiéticos a fatores de crescimento fisiológicos ◆ Ativação da via de sinalização da tirosino-quinases ◆ Mieloproliferação acompanhada de um estado inflamatório secundário caracterizado por alterações no estroma da medula óssea e expressão anormal de citocinas ◆ Caráter crônico com possibilidade de evolução para falência medular e LMA ➔ Classificação - OMS 2008: ◆ LMC, BCR-ABL + ◆ Policitemia Vera ◆ Mielofibrose primária ◆ Outras: leucemia neutrofílica crônica, leucemia eosinofílica crônica, mastocitose e leucemia crônica atípica / NMP não classificável ➔ Estruturas importantes: ◆ Cromossomo Filadélfia (Ph) = translocação do gene ABL do cromossomo 9 para o cromossoma 22 ao lado do gene BCR -. gene híbrido BCR-ABL ● Gene ABL normal codifica um receptor negativo de tirosino quinase que regula o crescimento celular ● A justaposição do ABL ao lado de sequências do BCR resulta em aumento da atividade da tirosino quinase, o que leva a uma proliferação independente de fator de crescimento e ainda aumenta a transcrição do MYC e BCL 2, o que protege a célula da apoptose ◆ JAK = proteínas com atividade tirosino quinase localizadas no domínio intracelular de receptores de citocinas e fatores de crescimento - ativa a STAT que se desprende do receptor e entra no núcleo para iniciar a transcrição dos genes alvo ● JAK2V617F - mutação que leva a perda do controle inibitório, gerando hiperativação da quinase com consequente hiperproliferação celular ○ Exclusiva das células hematopoiéticas ○ Associada a elevados níveis de Hb, WBC e idade ➔ Manifestações clínicas: ◆ Início insidioso ◆ Comportamento crônico ◆ Leucocitose, eritrocitose e trombocitose ◆ Hepatoesplenomegalia - sequestro pelo excesso de sangue, hematopoiese extramedular ou infiltração leucêmica ◆ Proliferação medular de uma ou mais linhagens (granulocítica, eritróide e/ou megacariocítica) ◆ Fibrose medular por ativação megacariocítica ou clonal ◆ Sangramentos, doença de VonWillebrand adquirida, trombose ➔ Estratificação das doenças mieloproliferativas: ➔ BCR-ABL negativo: ◆ Mielofibrose, policitemia vera, trombocitemia essencial, mastocitose, leucemia neutrofílica crônica e leucemia eosinofílica crônica ◆ Tratamento: ● Geral ○ Modificação de fatores de risco cardiovasculares: HAS, DM, tabagismo, dislipidemia e obesidade devem ser controlados ○ Individualizar o tratamento - risco da doença x riscos do tratamento ○ AAS - redução de eventos trombóticos na TE e PV ● Específico ○ Hidroxiuréia -> antimetabólito que previne a síntese de DNA por meio da inibição da ribonucleoside reductase, atua nos estágios iniciais da mielopoiese (reduz proliferação das 3 séries), EC = febre, toxicidade hematológica, lesões de pele, náuseas e epigastralgia ○ Anagrelide -> inibe a diferenciação e proliferação megacariocítica, não afeta a leucometria, mas anemia é comum e progressiva, usar apenas em casos com trombocitose associada ○ IFN-alfa -> suprime a proliferação de progenitores hematopoiéticos com efeito inibitório direto na célula progenitora do fibroblasto e antagoniza a ação de fatores de crescimento derivados de plaquetas - potencial leucemogênico nulo ○ Busulfan -> VO, mielossupressor de longa duração, usar em períodos intermitentes, remissão prolongada, toxicidade hematológica mais intensa, potencial leucemogênico importante (não usar em jovens) ○ Ruxolitinibe (inibidor da JAK) -> medicações orais, boa tolerância a curto prazo, poucos efeitos colaterais, efeito anti-inflamatório rápido, reverte a mielofibrose (não reduz clone JAK2V617F) ○ Transplante alogênico de medula óssea -> elevada mortalidade, indicado somente em jovens com doença progressiva (fase fibrótica / leucêmica), condicionamento não-mieloablativo ◆ Prognóstico TROMBOCITEMIA ESSENCIAL ➔ Quando suspeitar? ◆ Trombocitose persistente inexplicada (plaquetas > 450.000) ◆ Diagnóstico de exclusão ● Diferenciais = outras BCR-ABL negativas, hemorragia ou deficiência de ferro, infecção ou inflamação, hipoesplenismo, anemia hemolítica, crioglobulinemia, fragmentação eritrocitária… ➔ Epidemiologia: ◆ Idade de apresentação = 50-60 anos ◆ Mesma incidência em homens e mulheres ◆ Raramente ocorre em crianças ➔ Critérios diagnósticos: (todos devem estar presentes!) ◆ Trombocitose mantida > 450.000 x 10^6/L ◆ BMO = proliferação principalmente ma linhagem megacariocítica com aumento no número de megacariócitos maduros e gigantes, dispersos na amostra. Sem aumento significativo do setor eritróide ou granulocítico ◆ Não preencher critérios para outras neoplasias mielóides ◆ Presença de JAK2V617F ou outro marcador clonal ● Na ausência desse marcador, descartar trombocitose reativa ➔ Manifestações clínicas: ◆ Maioria assintomático ◆ Trombocitose - Trombose em 10-15% (arterial ou venosa) - além do número elevado de plaquetas, elas estão patologicamente ativadas ◆ Leucocitose - aumenta o risco trombótico ◆ Sintomas microvasculares em 20% ● Eritromelalgia ● Cefaleia ● Distúrbios visuais transitórios ◆ Esplenomegalia ➔ Exames complementares: ◆ Histopatológico = megacariócitos gigantes e hiperlobulados, fibrose reticulínica grau 3 ou 4 em 15-20% dos casos – risco aumentado para transformação mielofibrótica, trombose ou hemorragia porém não muda a SG -, hiperplasia mielóide e megacariocítica com agrupamento de megacariócitos atípicos ◆ Citogenética = trissomia 8, trissomia 9, deleção 20q e 13q, presente em apenas 5% dos casos ao diagnóstico, não tem significado prognóstico ◆ Biologia molecular = não substitui a BMO, mutações no MPL em 4% dos casos ● JAK2V617F - 50% dos casos, confere risco aumentado de trombose venosa e arterial ➔ Tratamento: ◆ Objetivos = desaparecimento dos sintomas e normalização da contagem plaquetária, redução de eventos trombóticos e normalizar contagem leucocitária pelo risco de trombose envolvido ◆ AAS ● Para todos sem contra-indicação, reconsiderar apenas no baixo risco verdadeiro● Não fazer se plaquetas > 1.000.000 pelo risco de sangramento ◆ Citorredução ● Indicado para todos de alto risco ou com complicação hemorrágica prévia grave ● Hidroxiuréia - 1ª linha ● Anagrelide - 2ª linha ● IFN - evitar em idosos pelos efeitos colaterais ● Busulfan - efeito mais leucemogênico ➔ Complicações tardias: ◆ TRANSFORMAÇÃO FIBRÓTICA ● Incidência aumenta com a duração da doença ● 3-10% na 1ª década após o diagnóstico, 6-30% na 2ª década ● Afastar Mielofibrose Primária ● Mais frequente em pacientes com reticulina grau 3 ou 4 no diagnóstico ◆ TRANSFORMAÇÃO LEUCÊMICA ● Incidência aumenta com a progressão da doença ● 1-2.5% na 1ª década após o diagnóstico, 5-8% na 2ª década ● Estudos incluíram pacientes que usaram agentes alquilantes como tratamento ● Principal causa de morte entre pacientes com idade < 60 anos ● Fator de risco: elevada contagem deWBC no diagnóstico ● Em pacientes jovens, considerar tratamento com drogas não-leucemogênicas POLICITEMIA VERA ➔ Definições: ◆ Doença mieloproliferativa clonal, crônica e progressiva com início insidioso e sobrevida prolongada ◆ Policitemia = “muitas células no sangue” -> aumento da massa de células vermelhas ◆ Relativa x absoluta ◆ Primária x secundária ➔ Critérios diagnósticos: ◆ Presença dos 2 critérios maiores + 1 menor ou do primeiro critério associado a dois menores ● Maiores ○ Hemoglobina > 18.5 em homens ou 16.5 em mulheres OU outra evidência de aumento da massa eritrocitária ○ Presença da JAK2V617F ● Menores ○ BMO evidenciando hipercelularidade com hiperplasia das 3 linhagens ○ EPO sérica baixa ○ Formação de colônia eritróide endógena in vitro ➔ Epidemiologia: ◆ DMPmais comum – 2,5 casos/100 mil pessoas / ano ◆ Ligada a exposição à radiação, petróleo, inseticidas, solventes orgânicos ◆ Predisposição genética ◆ Homem > Mulher 2:1 ◆ Idade média 60 anos, extremamente raro se < 30 anos ◆ Em crianças, a manifestação inicial geralmente é a sínd. Budd-Chiari ➔ Manifestações clínicas: ◆ Sintomas ● Maioria assintomático ● Esplenomegalia ● Cefaléia, pletora, sudorese, astenia – 30 – 40% ● Prurido – ocorre em até 40% dos casos, geralmente agravado pelo banho ● Sintomas cardiovasculares ◆ Trombose ● Ocorre por hiperativação plaquetária decorrente do aumento da síntese de tromboxano A2. ● 12-39% dos casos no DG, 40-60% nos primeiros 10 anos de doença ● Maioria arterial (75%) com AIT ou AVC ● Síndrome de Budd-Chiari (trombose veia hepática) – até 10% dos casos, podendo preceder a alteração hematológica ● JAK2V617F positivo em até 60% dos casos de Budd-Chiari e 40% dos casos de trombose de veia porta ◆ Sangramento – 2-20% dos casos, maioria de baixa gravidade porém podendo acometer TGI com complicações fatais ◆ Hipertensão pulmonar ➔ Fases: ➔ Exames complementares: ◆ Eritrocitose ◆ Leucocitose neutrofílica, basofilia em 2/3 dos pacientes com doença avançada ◆ Trombocitose em 50% dos casos, em 10% > 1.000.000 ◆ pO2 discretamente aumentado ◆ Pesquisa da mutação JAK2V617F ◆ Dosagem de EPO sérica – baixa e permanece baixa mesmo após flebotomia ◆ JAK positivo + EPO baixa = PV muito provável ◆ Biópsia de medula óssea = hipercelular com aumento do número de precursores eritróides e megacariócitos, sem fibrose importante ◆ Citogenética / biologia molecular = 10-25% tem alteração no cariótipo, deleção 20q, trissomia 8 e 9 e 13q, JAK2V17F presente em 90% dos casos ➔ Tratamento: ◆ Sem tratamento = sobrevida de 18 meses - trombose ◆ Objetivos = reduzir o volume sanguíneo o mais rápido possível com flebotomia e manter Ht < 42% para mulheres e < 45% para homens ◆ Evitar doses excessivas de agentes quimioterápicos ◆ Tratar hiperuricemia com alopurinol ◆ Não realizar procedimentos cirúrgicos até que Ht e plaquetas permaneçam normalizados por 2 semanas consecutivas ◆ Flebotomia = baixo risco (jovens sem trombose prévia), alvo HT < 45%, melhora cefaleia, não afeta leucócitos e plaquetas, não repor ferro ◆ Aspirina = reduz a mortalidade em 46%, risco de sangramento muito pequeno, recomendado em todos os pacientes sem história de sangramento ou intolerância gástrica ◆ Baixo risco ● Pacientes < 60 anos, plaquetas < 1500 mil, sem história prévia de trombose ● Flebotomia + AAS em baixa dose (100 mg/dia) ● Não fazer AAS se história prévia de hemorragia ● Associar anti-histamínicos, se prurido ● Em caso de sintomas sistêmicos, prurido refratário ou esplenomegalia dolorosa - iniciar tratamento mielossupressor ◆ Alto risco ● Pacientes > 60 anos ou história prévia de trombose ou plaquetas > 1.500.000 ● Flebotomia + AAS 100mg/dia + HU (dose inicial de 30mg/kg/dia) ● Avaliar redução da dose após controle ● Se falha ou intolerância à HU – IFN ou busulfan (4-6 mg/dia por 6-8 semanas) – suspender quando o hemograma normalizar ou plaquetas < 300 mil ● Em caso de recaída após a suspensão, reiniciar na mesma dose ● Pacientes com a mutação, hemograma normal e trombose grave deve ser indicação de citorredução por HU - causa da trombose é a hiperproliferação ➔ Prognóstico: ◆ Principal causa de morte é a trombose, seguido da transformação leucêmica ◆ O risco para eventos trombóticos aumenta com a idade e o passado de eventos vasculares ◆ 40% óbito por complicações cardiovasculares (IAM, AVC isquêmico) MIELOFIBROSE PRIMÁRIA ➔ Introdução: ◆ DMPc menos frequente ◆ Incidência estimada 1.5/100.000 habitantes ◆ A idade média de apresentação é de 67 anos ◆ Existe uma forma familiar rara encontrada em crianças ◆ Descartar causas de MF secundária ➔ Critérios diagnósticos: ➔ Manifestações clínicas: ◆ Normalmente assintomáticos ◆ Sintomas gerais: fadiga, febre, inapetência, hiporexia ◆ Sintomas relacionados à pancitopenia: cansaço, sangramentos/trombose, infecções de repetição ◆ Hepatoesplenomegalia (hematopoiese extramedular), 20% dos casos apresentam somente esplenomegalia ➔ Exames complementares: ◆ Laboratório = hemograma e hematoscopia (apresentação clássica): anemia, leucoeritroblastose no sangue periférico, presença de dacriócitos (hemácias em lágrima), leucocitose e trombocitose ◆ Medula óssea = aspirado frequentemente seco, “dry tap” ● BMO: fibrose reticulínica. megacariócitos agrupados, atípicos ◆ Cariótipo / biologia molecular = Citogenética: Cariótipo alterado em 30% dos casos. Alterações mais frequentes: 13q-, 20q- e 8+ ● Mutação da JAK2 V617F e/ou MPL 515W em até 70% dos casos ➔ Critérios prognósticos: ◆ Idade > 65 anos ◆ Trombocitopenia < 100.000 x 10^6/L ◆ Hemoglobina < 10g/dl ◆ Leucócitos > 25.000 x 106/L ◆ Necessidade transfusional ◆ Sintomas constitucionais: perda de peso superior a 10% em 1 ano, febre ou sudorese noturna persistindo por mais de 1 mês. ◆ Blastos circulantes > 1% ◆ Cariótipo desfavorável: Cariótipo complexo ou 1 ou mais anormalidades incluindo +8, -7/7q, i(17q), inv(3), - 5/5q, -12p ou rearranjo 11q23 ➔ Tratamento: ◆ Indicação de tratamento: risco intermediário-2 , risco alto ou que apresentem sintomas decorrentes da esplenomegalia ou das alterações hematológicas ◆ TMO: tratamento curativo x morbidade – considerar em jovens de alto risco ◆ Hidroxiuréia: redução do baço em até 35% com duração de resposta de 1 ano. Resposta melhor em JAK2V617F positivo ◆ Esplenectomia: > 50% independente de transfusão, resposta média de 1 ano ● Indicações: infarto esplênico recorrente, dependência transfusional extrema, trombocitopenia refratária e hipertensão porta ● Mortalidade relacionada ao tratamento: até 30% até o terceiro mês de pós-operatório ● Risco elevado de trombose pós-operatória ● 20% desenvolve hepatomegalia ◆ Radioterapia esplênica em dose baixa (100-500 cGy): que causa uma redução transitória (até 6 meses) do tamanho do órgão. Pancitopenia prolongada em 25%, mortalidade 13%. Usar em pacientes sem opções terapêuticas. Gera 90% de alívio dos sintomas ◆ Ruxolitinibe (inibidor da JAK2): melhora sintomática e na esplenomegalia ◆ Imunomoduladores: Lenalidomida em pacientes com del(5q) melhora a anemia e a esplenomegalia, aumenta risco de trombose LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA ATÍPICA ➔ Pontosimportantes: ◆ Neoplasia mielodisplásica/mieloproliferativa caracterizada por sinais de displasia e proliferação mielóide ao mesmo tempo ◆ Idosos, com anemia e/ou trombocitopenia, sem aumento de blastos. ◆ Não há monocitose ◆ CG: trissomia do 8 e o isocromossomo 17q podem estar presentes ◆ Prognóstico ruim, podendo haver transformação para LMA ➔ Critérios diagnósticos: ◆ WBC > 13 mil neutrofílica com disgranulopoiese ◆ Cromossoma Ph negativo, BCR-ABL negativo ◆ Sem rearranjo PDGFRA ou PDGFRB ◆ Mais de 10% de WBC são precursores neutrofílicos (promielócitos, mielócitos ou metamielócitos) ◆ Sem basofilia absoluta, geralmente < 2% das WBCs ◆ Semmonocitose absoluta, geralmente < 10% das WBCs ◆ BMO hipercelular com proliferação e displasia granulocítica, com ou sem displasia nas outras séries. ◆ < 20% blastos em SP ou MO LEUCEMIA NEUTROFÍLICA CRÔNICA ➔ Pontos importantes: ◆ Proliferação de granulócitos maduros no sangue e na medula levando à infiltração de órgãos (hepatoesplenomegalia). ◆ Presença de granulação tóxica e hipersegmentação dos neutrófilos e FAL elevada ◆ Sobrevida é geralmente curta ◆ Alguns pacientes respondem ao interferon ➔ Critérios diagnósticos: ◆ WBC > 25mil: neutrófilos > 80%, granulócitos imaturos (promielocitos, mielocitos, metamielócitos) < 10% e mieloblastos < 1% ◆ BMO hipercelular: granulócitos neutrofílicos aumentados em número e percentual, mieloblastos < 5%, maturação normal, megacariócitos normais ◆ Hepatoesplenomegalia ◆ Sem causa evidente para neutrofilia (descartar infecção, inflamação, neoplasias) ◆ Cromossoma Ph negativo, BCR-ABL negativo ◆ Sem rearranjo de PDGFRA, PDGFRB ou FGFR1 ◆ Sem evidência de PV, TE ou MF ◆ Sem displasia, monócitos < 1 mil LEUCEMIA EOSINOFÍLICA CRÔNICA ➔ Pontos importantes: ◆ Superprodução de eosinófilos na medula óssea e no sangue periférico com infiltração de órgãos resultando em dano tecidual. ◆ Pequena tendência à progressão para LMA ◆ Citogenética: normal ou anormalidades clonais como Del(4q12), rearranjo do 5q22, 12p16 ou 8p11 ➔ Critérios diagnósticos: ◆ Eosinofilia > 1500 ◆ Descartar MDS, PV, TE, MF. Cromossoma Ph e BCR-ABL negativo ◆ Não ter rearranjo em PDGFRB, PDGFRA ou FGFR1 ◆ Blastos em SP e MO < 20%, sem alterações citogenéticas sugestivas de LMA ◆ Blastos SP > 2% ou MO > 5% ou ter alguma alteração citogenética / biologia molecular não descrita antes MASTOCITOSE SISTÊMICA ➔ Pontos importantes: ◆ Proliferação de mastócitos morfológica e imuno fenotipicamente anormais de forma multifocal ◆ Subtipos: indolente, agressiva, associada a outra doença clonal hematológica ou leucemia ➔ Critérios diagnósticos: ◆ Maior + 1 menor ou 3 menores ● MAIOR ○ Infiltrado multifocal e denso de mastócitos na MO ou órgão extra-cutâneo ● MENOR ○ Bx: mais de 25% dos mastócitos têm morfologia atípica ou imatura ○ Pesquisa da mutação no códon 816 do KIT positiva em SP, MO ou outro órgão extracutâneo ○ Expressão de CD2 e/ou CD25 pelos mastócitos, junto commarcadores normais ○ Triptase sérica persistentemente elevada (não válido se tiver outra DMPc)
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