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Inibidores da parede celular Quanto mais a bactéria sofre agressão, mais ela se desenvolve pra sobreviver. Resistência bacteriana – a mudança genética pra bactéria é muito fácil, pois ela é um organismo mais simples. O principal motivo de resistência é o uso indevido e indiscriminado dos antibióticos No Brasil, qualquer medicamento que possui tarja deve ser vendido apenas com receita. O receituário dos antibióticos tem validade de 10 dias • Bactérias Na gram positiva, a parede celular é grossa. Na gram negativa, a parede celular é fina • Antibacterianos São substâncias químicas que podem ser bactericidas (mata a bactéria) ou bacteriostáticas (impede o metabolismo, a bactéria não morre, mas não se divide mais, então precisa da ajuda do sistema imune, por isso não é bom que medicamentos bacteriostáticos sejam usados em imunodeprimidos) Os alvos estão na bactéria, quanto mais específico para a bactéria, melhor. O objetivo é encontrar um alvo na bactéria que não seja parecido com alguma estrutura do organismo do ser humano Espectro de ação – são as bactérias que o atb consegue atingir (gram-negativas, gram-positivas, amplo, anaeróbias) - Mecanismo de ação Pode mexer na parede celular, membrana celular, DNA, RNA, síntese das purinas e do ácido fólico. Os atb que mexem na membrana celular são mais tóxicas, pois mexem na membrana celular do paciente também, já que são parecidas (por isso é nefrotóxico) As que mexem na membrana são última linha terapêutica para as gram negativas • Parede celular Os medicamentos são divididos em dois grupos que possuem o mesmo mecanismo de ação. Eles possuem ação bactericida. Eles agem na parede celular da bactéria São as penicilinas, cefalosporinas, carbapenens e os monobactâmicos – bactericidas, pois matam a bactéria através da inibição da parede celular Tem baixa citotoxicidade para o corpo humano É o anel beta lactâmico que consegue inibir a síntese da parede celular, se esse anel for destruído, o medicamento perde a ação bactericida Inibem a transpeptidase e inibem a formação das ligações cruzadas: a bactéria produz a enzima transpeptidase para deixar a parede celular mais consistente e estável, então as penicilinas se ligam ao sítio de ação das transpeptidases e impedem que essas enzimas formem as ligações cruzadas que estabilizam a PC da bactéria (os glicopeptídeos também fazem isso) – entretanto, algumas bactérias conseguiram adquirir resistência a esse mecanismo. Como a PC das gram negativas é mais espessa, esses medicamentos atuam mais contra as gram positivas Mecanismo de resistência – a bactéria começou a produzir uma enzima chamada betalactamase, que destrói os anéis beta lactâmicos e acaba com o efeito do atb; outra forma foi a redução da afinidade da PBP (que é a proteína de ligação à penicilina) pela penicilina; redução das purinas; bomba de efluxo (a bactéria joga o atb pra fora) As penicilinas são semelhantes à D-alanil-D- alanina, funcionando como falso substrato e inibindo a enzima I. Penicilinas Basicamente, são subdivididas em 3 grupos: benzilpenicilinas, aminopenicilinas e penicilinas resistentes à betalactamase As benzilpenicilinas são inativadas em ácido clorídrico, então tem baixíssima absorção por via oral, sobrando a via IM e EV para administração • Benzilpenicilinas São instáveis em pH ácido, pegam cocos gram positivos, tem baixa absorção via oral (são inativadas pelo HCl), usadas por vias EV, IM e VO, são sensíveis a beta lactamase (penicilinases). São usadas apenas em hospital Beta lactâmicos Kamile Ferreira -M42 Penicilina cristalina, penicilina G procaína, penicilina G benzatina (é a benzetacil; única de depósito, a injeção dura 21 dias, pois ela é aplicada no músculo e vai sendo liberada aos poucos), penicilina V (não é mais tão utilizada porque as bactérias desenvolveram resistência) - Uso clínico: pneumonia, meningites, endocardite estreptocócica, erisipela, sífilis, gonorreia, difteria, febre reumática As desvantagens são: não são muito utilizadas via oral, tem baixo espectro e não são resistentes às betalactamases • Aminopenicilinas Representadas pela ampicilina e amoxicilina, que diferem uma da outra na farmacocinética. A ampicilina interage com alimentos e possui uma posologia mais difícil (6 em 6 horas, sendo utilizada geralmente em horários próximos de alimentações, dificultando a ação desse medicamento), diferente da amoxicilina (8 em 8 horas), que não tem tanta interação alimentar, por isso a ampicilina é mais utilizada via parenteral e a amoxicilina por via oral. A amoxicilina também é melhor absorvida e tem uma posologia mais cômoda Espectro de ação maior – atuam nas gram positivas e negativas, cocos e bacilos (o que já é uma vantagem em relação às benzilpenicilinas, que só pegam cocos) Uso clínico: Infecções respiratórias, infecções do trato urinário, meningite, infecção por Salmonella Mas não são resistentes a betalactamase Possuem a vantagem da utilização via oral, terem um espectro maior, mas não são resistentes as betalactamases • Penicilinas resistentes a betalactamase O anel beta lactâmico tá mais protegido, por isso são mais resistentes. Conseguem tratar estafilococos aureus produtores de betalactamase, embora alguns não respondam a esses medicamentos Oxacilina, dicloxacilina, meticilina, ticarcilina, piperacilina São exclusivas de uso hospitalar, pois não são usadas via oral, só via parenteral O mais potente contra pseudomonas é a piperacilina - Inibidores de betalactamase: não são atb, são substâncias utilizadas juntamente com os beta lactâmicos para proteger o anel beta lactâmico desses medicamentos. É um inibidor suicida, pois essas substâncias também possuem um anel beta lactâmico, que são mais fáceis de serem atingidos pela bactéria do que o do medicamento, então a bactéria usa suas enzimas betalactamases com esse inibidor e não destrói o anel do atb. Sulbactam (mais associado a ampicilina), tazobactam (mais associado a piperacilina), ácido clavulânico (mais associado a amoxicilina, já existem casos de resistência ao ácido clavulânico) - Penicilinas de amplo espectro Maior cobertura contra bacilos gram negativos, principalmente pseudomonas aeruginosa Usadas também para outras bactérias aeróbicas gram negativas que sejam resistentes às outras penicilinas e às cefalosporinas, como a Enterobacter, Proteus, Providencia, Acinetobacter e E. coli A monoterapia não é aconselhada, pois a bactéria adquire resistência rapidamente (associação com outro medicamento evita a resistência) Ticarcilina trata infecções por P. aeruginosa, se cepas resistentes, associar à aminoglicosídeo A piperacilina é a penicilina com maior atividade contra pseudomonas • Utilização clínica: pneumonias, meningites bacterianas, otites e sinusites (amoxicilina + clavulanato), faringite, infecções cutâneas, infecções do aparelho reprodutor (sífilis e gonorreia), endocardite bacteriana (profilaxia e tratamento), febre reumática • Efeitos adversos e interações: penicilinas geram hipersensibilidade, modificam a microbiota intestinal (porque mata a bactéria que faz a infecção e a da microbiota normal do organismo, podendo gerar diarreia), erupções cutâneas, pode ser usada em gestante. Geram muita alergia, mas é necessário saber se o paciente tem mesmo alergia ou apenas uma intolerância/desconforto Obs: as penicilinas tendem a atacar a microbiota intestinal, que são necessárias para ativar uma parte dos anticoncepcionais orais (com estrógeno) que chegam inativos no intestino, sendo assim diminuem a ação do anticoncepcional. Solução = utilizar um método de barreira durante o tratamento com atb, não deve parar de usar o anticoncepcional durante o tratamento (pode desregular o ciclo) e continuar a usar o novo método de barreira por mais 7 dias após o fim do tratamento com atb II. CefalosporinasEm termos estruturais, são muito semelhantes às penicilinas, mas são menos sensíveis a betalactamase, porque a estrutura das cefalosporinas protege mais o anel beta lactâmico. Isso não significa que são resistentes O mecanismo de ação é inibir a ligação da transpeptidase e enfraquecer a PC, inibem a ação da enzima transpeptidase, inibindo a formação das ligações cruzadas na parede celular São de amplo espectro. São semelhantes às penicilinas, mas com características de serem menos sensíveis às betalactamases e ativos contra gram positivos e negativos, além de serem mais estáveis São divididas em 5 gerações, que vão mudando de espectro conforme vai aumentando a geração. A 1ª geração só pega gram positivos (estreptococos, S. aureus), já a 4ª pega gram negativos também. 1ª e 2ª (pega também E. coli, Klebsiella, Proteus, H. influenza) gerações são por via oral, a 3ª (Enterobacteriaceae, Neisseria gonorrhoeae, Serratia) é intramuscular, 4ª geração é intravenoso (é o que a betalactamase mexe menos), 5ª geração é nova e não segue esse padro de aumento do espectro • 1ª geração: cefalexina, cefadroxila, cefazolina, cefalotina São muito ativos para cocos gram positivos; são hidrossolúveis, não atravessam a barreira hematoencefálica e placentária, então é seguro para grávidas; apropriados para tratamento por S. aureus sensíveis a oxacilina e estreptococos; infecções de pele, partes moles, faringite estreptocócica, pneumonia, infecções do trato urinário não complicadas; usados na profilaxia de várias cirurgias. Possui atividade limitada contra bacilos gram negativos; não atravessam a barreira hematoencefálica, então não servem para tratar meningite • 2ª geração – cefaclor, cefoxitina e cefuroxima Pega estafilo e estrepto, mas tem maior cobertura para gram negativos (pega os mais simples); não tem atividade contra pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter, Enterobacter, Providencia, B. fragilis; efetiva em meningites (mas não são todos que conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica, só a cefuroxima) Apresentam maior atividade contra H. influenzae, Moraxella catarrhalis, neisseria meningitidis, N. gonorrhoeae Útil no tratamento de infecções respiratórias comunitárias sem agente etiológico identificado, eficaz em infecções intra-abdominais, pélvicas e ginecológicas e infecções em diabéticos Profilaxia de cirurgias colorretais e úlcera de decúbito infectada • 3ª geração – cefotaxima, ceftriaxona, ceftazidima Não são administradas por via oral São mais potentes contra bacilos gram negativos facultativos; tem atividade antimicrobiana superior contra S. pneumoniae, S pyogenes e outros estreptococos; penetram no líquor em concentrações satisfatórias (serve para tratar meningite por H. influenzae, S. pneumoniae, N. meningitidis e P. aeruginosa); também trata gonorreia em caso de cepas resistentes a penicilinas (1° penicilina, 2 ° ceftriaxona e 3° quinolona) • 4ª geração – cefepime Conserva as ações das gerações anteriores; pode usar como monoterapia. Também não são usadas por via oral É uma cefalosporina de espectro expandido; ação boa para pseudomonas São utilizados quando não se sabe qual a bactéria está causando a infecção e não conseguiu resolver com os outros medicamentos Tratamento empírico dos pacientes neutropênicos febris (quando não se sabe qual é a bactéria) Indicadas em pneumonias hospitalares, infecções do trato urinário, graves e meningites por bacilos gram negativos A bactéria que a penicilina mata, essas cefalosporinas matam também. A bactéria que as penicilinas não matam, essas cefalosporinas também não matam Não pega gram positivos resistentes; são pouco indutores da produção da resistência • 5ª geração – ceftaroline Pneumonia da comunidade e infecções de pele e partes moles; infecções graves, como endocardite, bacteremia e pneumonias por MRSA (resistentes a meticilina) São mais novos; pegam gram positivos; tratamento de infecções por estafilococos resistentes a MRSA (meticilina) • Efeitos adversos: hipersensibilidade (anafilaxia, febre, erupções cutâneas); reação cruzada (alérgicos a penicilinas não podem fazer uso de cefalosporina, pois suas estruturas são muito parecidas) só acontece se a hipersensibilidade for do tipo 1 (muitas vezes não tem como saber qual foi, então acaba não usando); mal estar epigástrico após uso VO; dor local após aplicação IM; redução da ação do anticoncepcionais orais III. Carbapenens São resistentes a betalactamases; São usados quando os outros medicamentos não funcionam; pacientes graves, em UTI, com sepse Possuem amplo espectro, pegam gram positivos e negativos aeróbios e anaeróbios; não inicia o tratamento, usa naqueles pacientes que estavam em tratamento com outro medicamento e não teve resolução Muitas vezes usados junto a antifúngicos, pois pode haver uma infecção fúngica junto Imipenem – não é utilizado sozinho, tem que ser associado a cilastatina, pois diminui a resistência, já que a cilastatina inativa a enzima que inativa o imipenem (imipenem é metabolizado no rim, onde tem uma enzima que o inativa, a cilastatina inativa essa enzima) Meropenem e ertapenem – podem ser usados como monoterapia • Efeitos adversos: TGI e neurotoxicidade em altas concentrações plasmáticas • Uso clínico: infecções causadas por micro- organismos resistentes a outros fármacos disponíveis (infecções graves), infecções mistas por aeróbios e anaeróbios; ativos contra cepas de pneumococos altamente resistentes à penicilina Escolha para Enterobacter, pois é resistente a betalactamase produzida por esta cepa IV. Monobactâmicos Aztreonam Só é utilizado quando sabe qual bactéria está causando a doença, então tem que fazer a cultura, pois só pega bastonetes aeróbios gram negativos (Neisseria, Haemophilus e Pseudomonas) É utilizado intravenoso, meia vida curta, é muito hidrossolúvel (fazer via EV para manter o efeito por mais tempo) Efeitos adversos: TGI, não tem risco de reação cruzada, se for alérgico a penicilina, pode usar pó monobactâmico Vancomicina, teicoplanina, bacitracina A vancomicina é a mais utilizada Ativa contra Gram positivo: estafilococos Inibe a síntese da PC bacteriana ao se ligar na extremidade D-Ala-D-Alanina do peptideoglicano em crescimento, impedindo o alongamento e as ligações cruzadas É muito boa pra gram positivos, consegue pegar estafilicocos resistente (consegue tratar infecções estafilocos que as penicilinas resistentes não conseguiram resolver) A indicação é para gram positivos Espectro de ação: gram positivas, estafilococos resistentes a meticilina e nafcilina, produtores de betalactamases, gonococos e anaeróbios (clostridium) É muito nefrotóxico, tem que checar ureia e creatina todo dia ou a cada 2 dias Uso clínico: sepse (tem que usar mais de um atb), endocardite por estafilococos resistentes a MRSA, infecções estafilococicas resistentes aos beta Glicopeptídeos lactâmicos, enterocolite (C. difficile), alérgicos a penicilina ou por enterococos ou pneumococos resistentes a penicilinas; quando utilizado junto a gentamicina (aminoglicosídeo, que também inibe a síntese proteica) tem boa atividade contra enterococos, devido ao sinergismo de ação entre estes antimicrobianos Reação do pescoço vermelho – ocorre quando a aplicação é rápida Teicoplanina – indicada quando não pode usar a vancomicina devido alguma contraindicação do paciente
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