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Título: A Crítica como Clínica. Autor: Claudia Abbês Baêta Neves e Sílvia C. Josephson.. Referência: NEVES, C. E. A. B., JOSEPHSON, Sílvia Carvalho. A Crítica como Clínica In: Texturas da Psicologia- Subjetividade e Política no Contemporâneo.1º ed.São Paulo : Casa do Psicólogo, 2002, p. 99-108. Ano: 2002. A CRÍTICA COMO CLÍNICA Cláudia Abbês Baêta Neves Silvia C. Josephson A questão da Clínica é um tema que sempre suscitou análises as mais diversas, demonstrando, com isso, sua importância para o campo “Psi”. Contemporaneamente, o campo clínico, tanto em seu aspecto técnico quanto no epistemológico, tem sido chamado a resolver problemas estranhos aos que ele, historicamente, se intrumentalizou para lidar. Tal é o caso do surgimento de uma série de “novas doenças” que vêm exigindo revisões, reformulações, ou mesmo adequações do aparato clínico conhecido, difundido e ensinado nos espaços de formação acadêmica. Entretanto, em que pese certa efervescência de discussões, análises e debates, o que se observa é que, em sua grande maioria, estas se dão em torno de um eixo que em nada tem se modificado ao longo do tempo. Nos cursos de formação de psicólogos, ainda é majoritária a difusão de posturas clínicas que reproduzem, acriticamente, as clássicas dicotomias interior/exterior, consciente/inconsciente, sujeito/objeto, clínica/política, e tantas outras, porém procurando ajustá-las aos “novos tempos”e às “novas doenças”, criando “novas técnicas”. Ou, ainda, requalificando procedimentos clínicos considerados durante muito tempo como insatisfatórios, como é o caso das terapias de base comportamental que agora ressurgem nos jornais e revistas de grande circulação como respostas às novas fobias, ao aumento dos casos de depressão e às novas síndromes e compulsões. Mesmo no âmbito da Reforma Psiquiátrica em curso no Brasil, constata-se a separaçào entre o que é do campo da clínica e o que é do campo da política1, quando os profissionais entrevistados nos apontam uma diferença teórico-técnica entre os grupos terapêuticos e as oficinas de trabalho. Aqueles são clínicos, pois tratam de questões psicológicas, e estas, políticas, pois lidam com a promoção da reinserção social dos usuários por meio do trabalho. Estas considerações, aqui tocadas de forma sucinta, nos aparecem como um desafio para repensar e ressituar, na contemporaneidade algumas práticas “Psi” nos campos da critica e da clínica. Entretanto apesar da importância com que este tema se reveste, outras questões emergem. Como discorrer sobre clínica não estando enquadrado nos parâmetros classicamente instituídos do que seja o psicólogo e a atividade clínica? E, mais ainda, que crítica? Uma crítica que funcionasse “como" ou que fundasse uma clínica outra? Ao longo desse processo de decidir acerca da competência ou incompetência para discutir um assunto de tal complexidade, reflexões de outra ordem também perpassaram esse território de questionamentos. Estas reflexões apontaram para nossa fixação em lugares instituídos de saber/ poder e de especialismos. Percebemos estar em um território onde predominavam as linhas duras da estratificação que produzem práticas e indivíduos por oposição binária, ou seja, que os conecta a identidades definidas por especialismos técnico-científicos, característicos da sociedade capitalista, e a oposições do tipo teoria x prática, sujeito x objeto. A problematização desta fixação tornou possível entendê-la não como individual e ou pessoal, mas, ao contrário, como efeitos de agenciamentos coletivos de enunciação, que podem produzir paralisia e cristalização em lugares/ práticas reificados e sobrecodificados. A partir daí, outros sentidos puderam ser produzidos para aquelas questões, agenciando- nos com outras linhas, estas mais flexíveis, forçando e instigando nosso pensamento em outras direções para a abordagem do tema "Crítica e Clínica". 1 A pesquisa as práticas grupais, a instituição da saúde mental e os estabelecimentos de cuidado, realizada em co-autoria com a professora Regina D. B. de Barros, Departamento de Psicologia/UFF – 1997/2000. Nesse sentido, pensar a crítica como instância de julgamento, definidora dos bons e maus usos dos saberes, da verdade ou falsidade de suas proposições, da correção de seus objetos, seus desvios e limites, significaria voltar para o lugar do qual já tínhamos saído. Lugar onde o campo do saber é esquadrinhado em disciplinas autônomas, com fronteiras definidas e relações de vizinhança reguladas. Também onde se delineiam as práticas que podem (ou devem) derivar desses saberes, ou que são suas aplicações. Nesse caso, a prática, ou as práticas clínicas, deveriam ser um desdobramento, praticamente inevitável, de teorias muito bem construídas, e a crítica, como já referido, a que julgaria criteriosamente a justeza, a relevância e o rigor de tal articulação e, em decorrência, estabeleceria se certa prática é ou não clínica e se é ou não uma boa clínica. Por outro lado, no território em que agora nos encontramos é outra configuração que se apresenta. As próprias disciplinas são problematizadas em sua autonomia, hierarquia e limites. Em trabalho anterior2, marcamos esse campo como sendo o da transdisciplinaridade, no qual a noção mesma de disciplina é desnaturalizada, pelo movimento de trazer para o campo de análise, sua história, as alianças que formou e os efeitos que tem produzido. A partir desta mudança de perspectiva, o que sobressai é o "[...] caráter transitório e parcial (da disciplina), os recortes que imprime nas práticas e como produz seus próprios objetos" (Benevides de Barros et al, 1996, p.178). O rastreamento das forças histórico-políticas que construíram, em um determinado momento, saberes e práticas, seus conceitos - ferramentas, os efeitos de sua intervenção no real, mostra que agora nos encontramos em um campo político, de relação de forças e de desenvolvimentos estratégicos. Campo eminentemente crítico, pois questiona os saberes/ práticas em sua constituição, não os referindo mais a um sujeito transcendental mas, apontando seus pontos de emergência, as lutas que lhes deram origem e, nesses combates, mostrar também aquilo que subjugaram em seu caminho histórico. Campo da Genealogia. 2 BENEVIDES, R.; NEVES, C.A.B.; JOSEPHSON, S; PASSOS,E. Teorias e Práticas Psicológicas em Instituições Públicas: uma abordagem transdisciplinar na clínica. In Cadernos de Subjetividade. São Paulo: Núcleo de Estudos e Pesquisa de Subjetividade do Programa de Pós-Graduação da PUC/SP, n.4, 1996, p. 176-186. A Genealogia, vai se utilizar da história para desmistificar a origem divina, asséptica, racional e/ ou transcendental de saberes, discursos, objetos e práticas, para expor os enfrentamentos de forças dos quais eles são somente seus efeitos. Para Nietzsche, falado por intermédio de Foucault (1979, p.35): "A história, genealogicamnte dirigida, não tem por fim reencontrar as raízes de nossa identidade, mas ao contrário se obstinar em dissipá-la; ela não pretende demarcar o território único de onde nós viemos, essa primeira pátria à qual os metafísicos prometem que nós retornaremos; ela pretende fazer aparecer todas as descontinuidades que nos atravessam”. Na perspectiva genealógica não há essências fixas, nem leis subjacentes, nem finalidades metafísicas. A pesquisa genealógica evita a busca das profundidades, o retorno a uma origem imaculada, fora do tempo. Ela procura a superfície dos acontecimentos, os mínimos detalhes, as menores mudanças e os contornos sutis, que são considerados por Nietzsche como o sintoma do apoderamento, de uma coisa, por uma força. Nada há , então, para desvelar, para descobrir. A genealogia é a arte da interpretação e esta não é nunca o desvelamentode um significado oculto, de uma essência. Fala das forças que se apoderam de um fenômeno e, portanto, refere-se a relações de exterioridade e não de profundidade/ exterioridade. São práticas mundanas, concretas que querem impor seu ponto de vista. Ela não aclara uma matéria que se ofereceria passivamente para ser interpretada. "Ela precisa apoderar-se, e violentamente, de uma interpretação que já está ali e que ela deve trucidar, revolver e romper a golpes de martelo" (Foucault, 1987.p.23). A interpretação como arte se opõe à teoria do conhecimento. Não há nada a ser descoberto, mas a ser imposto, fixado, determinando, ao mesmo tempo, o valor hierárquico dos sentidos, totalizando os fragmentos sem, no entanto atenuar ou suprimir sua pluralidade ontológica. Esta arte de interpretar e avaliar é, ao mesmo tempo, uma estratégia de rompimento com tais fixações, ou seja, com as máscaras que se impõem as coisas. Daí advém o criticismo radical da genealogia, pois, se tudo é efeito de práticas e relações que se dão neste mundo, o que ela afirma é a indissociabilidade entre pensamento e vida. Coloca -se, assim, criticamente em relação às filosofias que operam esta cisão, entre pensamento e vida, e julgam a vida atrelando-a `a valores transcendentais e transcendentes, ao invés de afirmá-la. Desta forma, vemos então que a genealogia é uma importante estratégia política de combate as capturas e totalizações produzidas por saberes que afirmam esta dicotomia.. “Um pensamento que iria até o fim do que a vida pode, um pensamento que conduziria a vida até o fim do que ela pode. Em lugar de um conhecimento que se opõe a vida, um pensamento que afirme a vida, A vida seria força ativa do pensamento , e o pensamento seria o poder afirmativo da vida. Ambos iriam no mesmo sentido, encadeando-se e quebrando os limites, seguindo-se passo a passo um ao outro, no esforço de uma criaçào inaudita” (Deleuze, 1976, p.83). Caráter de crítica e luta da genealogia que traz em seu bojo a possibilidade de criação. Criação de sentidos, invenção de novas interpretações, sempre locais e fragmentárias, enfim invenção de mundos. Se afirmamos a crítica como invenção/criação e não como reação, negação e/ou julgamento, como conectá -la com a clínica ? Conexão que se torna possível a partir da problematização da instituição-clínica que hegemonicamente vem se afirmando no campo psi que, apesar das diferentes matrizes teóricas que a sustenta, se materializa numa concepção da subjetividade ligada à noção de identidade individual, enquadrada em valores psicológicos entificados num "eu". Esta forma hegemônica também recorta as práticas clínicas a partir de um enfoque intimista que tem como um de seus efeitos a produção da dicotomização entre desejo e política. Esta subjetividade universal, matéria de individualidade, se construiria a margem do processo histórico e remeteria o indivíduo a uma busca "dentro de si". As respostas para as questões que a realidade impõe estariam no "seu interior", na sua intimidade. Instaura -se, assim, uma intimização das formas de viver, onde o indivíduo é ponto de chegada e ponto de partida reafirmando, assim, as clássicas dicotomias entre individual x social, externo x interno, desejo x política ... As configurações que esta clínica produz põem em funcionamento linhas de segmentação duras que afirmam práticas políticas de individualização, intimização, evitação da diferença e dos encontros produzidos pelos afetos e desejo na produção de real social. Tais práticas são atravessadas por um entendimento do desejo como atribuído a alguma coisa ou como partindo de um determinado sujeito. Como tal, temos o desejo articulado a uma transcendência que o recalca encarcerando -o em carências, culpabilidades, lei, falta ou seja, colocar na idéia de desejo, a idéia de falta é supor que, para além do ato de desejar, há alguma outra coisa: uma transcendência. Temos aí uma concepção de desejo familiarizado e colocado em relação de exterioridade com a produção social, separando -o do que ele pode. E o que o desejo pode ? Deleuze e Guattari(1980) trabalham a noção de desejo como produção, inscrevendo-o num regime de imanência entre a produção social e a produção desejante. Pois, quando colocamos o desejo numa referência imanente, a primeira coisa a abolir é a idéia de desejar alguma coisa. Fazer uma teoria imanentista do desejo significa não mais separá -lo de suas manifestações. Há agenciamento, há relação desejante. Neste sentido, não há como pensá -lo separado das conexões reais do mundo exterior. Tal formulação supõe a derrocada da ficção de um "eu" regido pelo princípio da identidade que opera por um processo de laminação que faz passar os múltiplos modos de existir, os processos de singularização, por um só e mesmo quadro de referência identificável. Produz também a derrocada da ficção de um desejo neutralizado e separado de suas manifestações. Pensamos, então, uma clínica que não separa o desejo do campo social, ou seja, da criação da vida em suas múltiplas manifestações. Neste sentido ela não é uma nova ou melhor técnica mas, ao contrário disto, " é uma clínica liberta de categorias universais modeladoras e não submissa as tiranias da intimidade"( Benevides de Barros et al, 1996. p.183) Esta proposta nos coloca de imediato num campo de invenção e experimentação permanentes, bem como nos instiga a nos conectarmos com outros campos do saber, tais como: a filosofia, a história, a literatura ... Pois, como nos convida Ewald (1991, p.90) '' Você quer fazer Psicologia ? ... aprenda a história, percorra as grandes formações da história universal ..., espolie a biblioteca do arqueólogo, do etnólogo, do economista, empanturre -se de literatura e de arte, estão aí as disciplinas do desejo, as disciplinas que relatam no seu conjunto e na diversidade as produções do desejo." Tais considerações nos remetem ao caráter transdisciplinar desta clínica em seu caráter de dissolução dos territórios hierárquicos de saber-poder, bem como à problematização, por um lado, dos territórios "psi", por um lado, como os únicos detentores do saber sobre a clínica e as questões da subjetividade e, por outro, da circunscrição da prática clínica agenciada com a reprodução do modelo bi-pessoal tradicionalmente exercido nos consultórios e/ou transportados para algumas instituições públicas. Tomamos a clínica numa de suas direções filológicas, a que provém de Klinos e de Klinamem, que quer dizer inclinação, deriva ou desvio de um ponto de direção estabelecido. Neste sentido, a clínica é crítica não em seus limites epistemológicos mas em sua dimensão de deriva, processualidade, criação, intervenção. Enquanto intervençao não buscará desvelar a verdade escondida ou latente mas, ao contrário disto, se imanentizará nos âmbitos macro e micropolíticos. Âmbitos estes indissociáveis já que indivíduos e grupos são atravessados pelas diferentes linhas que os compõem. Macro e micropolítica são dois modos de recortar a realidade, são dimensões indissociáveis que, apesar de terem seus modos próprios de funcionamento, se infiltram uma na outra. Elas correspondem ao que Rolnik (1989, p.59) chama de "duas formas de individuação, duas espécies de multiplicidades, [...] duas políticas." Temos, aqui, um convite a uma mudança de lógica, à criação de outros dispositivos que nos afastem da lógica da dicotomização engendrada no "social" entre macro (maior e social) x micro (menor e individual), dentre outras. Pois, como nos apontam Deleuze e Parnet (1980, p.151), indivíduos e grupos são constituídos de linhas de natureza diversa.Linhas de segmentaridade dura (família, profissão, trabalho, classe social...), linhas de segmentaridade flexível (fluxos, devir...) e linhas de fuga (abstratas, das quais as outras se derivam). Estas linhas são imanentes, ou seja, seu processo é de co-produção e acoplamento, nelas é a relação que define os termos, não há algo de fora que as organize, não há transcendência ou " a -prioris". Podemos dizer que a macropolítica(ou o molar), seria o plano da segmentariedade dura, dos processos constituídos (homem/mulher, luta de classes, adulto/criança), o plano dos territórios, do visível. Nele encontramos a predominância das linhas duras. Linhas que estão subordinadas a um ponto de referência que lhes dá sentido, ou seja, implicam dispositivos de poder diversos que fixam os códigos aos territórios do segmento correspondente. Um exemplo disto temos são os aparelhos de Estado como acionadores das máquinas de sobrecodificação3 da sociedade capitalista. A segmentação operada, por este plano, corta os fluxos endurecendo-os em oposições binárias. Há a predominância de uma máquina abstrata de sobrecodificação que "corta os agenciamentos em grandes conjuntos, identidades, individualidades, sujeitos e objetos." (Benevides Barros,1994, p.268) O plano micropolítico ou molecular, por outro lado, refere -se ao plano do desejo, ao plano do invisível, onde não se têm unidades, mas intensidades, "lista de afetos não subjetivados, determinados pelos agenciamentos que o corpo faz, e, portanto, inseparáveis de suas relações com o mundo”.(Rolnik,S.1989, p.61) Neste, encontramos a predominância de uma máquina abstrata de mutação ou de guerra, com a predominância das linhas flexíveis e de fuga que buscam escapar dos códigos totalizadores das linhas duras e nos conectam com o devir, com o desconhecido. As linhas de fuga funcionam ligadas a máquina de guerra, conjugando -se com os movimentos de desterritorialização, buscando escapar das reterritorializações, ou seja, da captura do desejo pelo Estado totalizador. Caberia, então, afirmarmos que estas três linhas existem em ambos os planos, havendo em cada um a predominância de um dos tipos. No plano macro, como já vimos, temos a predominância das linhas duras que formam o que Deleuze e 3 Deleuze em uma de suas conferências sobre o Anti édipo (16/11/71), analisa o modo de funcionamento do capitalismo e afirma que a reanimação do capitalismo se dá de forma paradoxal, porque ele se constitui se constitui historicamente sobre o drama das outras sociedades: a existência e a realidade de fluxos decodificados que ele toma para si. Esta é a sua positividade: se constituir sobre o negativo das outras sociedades, tornando possível que hoje o percebamos como universal de toda sociedade. O capitalismo funciona sobre uma conjunção de fluxos, mas com a condição de introduzi-los, ao mesmo tempo, numa máquina axiomática, não mais de código, que opera por sobrecodificação ( reprodução, oposição, ressonância) e/ou como mutação ( linhas de fuga, emissão de novos quanta). funciona primordialmente ( mas não exclusivamente) no plano molecular, neste sentido, hoje, podemos entender que seu alvo principal não seriam as classes e suas representações mas o que Deleuze e Guattari chamam de massa e suas linhas de diferenciação com relação ao segmento molar. Guattari chamam de um sistema arborescente. Este sistema caracteriza -se por desdobramentos e derivações a partir de uma referência primeira, funcionam por reprodução. No plano micro as linhas formariam um sistema de rizomas onde tudo é local e a conexão se faz de qualquer ponto, sendo sempre heterogênea. " O terreno do rizoma é o da multiplicidade. Não há pontos-posições ou pontos dos quais se ramificariam caminhos secundários. Só há linhas. Não há princípios, há sempre um "meio" em que cresce e transborda. " ( Benevides Barros, 1994, p.269) O sistema rizoma nos mergulha na processualidade, no devir4, afirmando -se pela qualidade de suas conexões e encontros, bem como pela sua potencia de fluir. Vemos, assim, que não se trata de estabelecer hierarquias entre as linhas e máquinas, nem mesmo de tomá -las em oposição, considerando que cada agenciamento é composto de múltiplas direções e linhas que se atravessam produzindo infinitos arranjos. "O que haveria de comparar em cada caso são os movimentos de desterritorialização e os processos de reterritorialização que aparecem em um agenciamento”.(Deleuze, G. Parnet,C. 1980,p. 161) Dessa forma, quando tomamos a clínica como eminentemente política, ou seja, como problematização de valores, sentidos fixos, universais e como possibilidade de conexão com as práticas de "invenção de si", é que podemos afirmar o que produzimos no campo da formação “Psi”, bem como no campo da intervenção em instituições-estabelecimentos, como clínica. Ou seja, a crítica como clínica. Referências Bibliográficas: BAREMBLITT,G. Aclínica como ela é: dez pontos para uma apresentação. In: Saúde e Loucura 5 – a Clínica como ela é. São Paulo: Hucitec, 1997. BENEVIDES DE BARROS, R.D.Grupo: A Afirmação de um Simulacro. São Paulo, 1994.Tese (Doutorado em Psicologia Clínica) - Pontifícia Universidade Católica de são Paulo, são Paulo, 1994. _______________________; et al. Teorias e Práticas Psicológicas em Instituições Públicas: uma abordagem transdisciplinar na clínica. In Cadernos de Subjetividade. São Paulo: Núcleo de Estudos e Pesquisa de Subjetividade do Programa de Pós-Graduação da PUC/SP, n.4, 1996, p. 176-186. 4 O devir é aqui entendido como aquilo que cobra da estrutura sua imobilidade. A linha do devir não tem começo nem fim, neste sentido, não se define pelos pontos que liga nem pelos que a compõem, mas passa entre os pontos, cresce pelo meio. Os devires são o que Deleuze & Parnet(1980,p.8) chamam de “geografia, orientações, direções, entradas e saídas.” e DELEUZE, G. Conferências sobre o Anti- Édipo e Mil platôs. 2000. Disponível em: HTTP://WWW.IMAGINET.FR/DELEUZE . acesso em 2001. ____________. Nietzsche e a Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1976. ____________ & GUATTTARI, F. Millle platêaux. Capitalisme ei Schizophrenie. Paris; Les Éditions de Minuit, 1980. _____________& PARNET, C. Dialogues. Paris: Flammarion, 1977. 177p. EWALD, F. A Esquizoanálise. In: ESCOBAR, C. H.(org). Dossier Deleuze. Rio de Janeiro: Holón Editorial, 1991. FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal,1979. ______________. Nietzsche, Freud e Marx- theatrum Philosoficum. São Paulo: princípio, 1987. LANCETTI, A. Prevenção, preservação e progresso em saúde mental. In: Saúde e Loucura.nº1. SP: Hucitec,1989. ROLNIK, S. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 1989. 304p.
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