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AULA 6: Luto e Transtornos do humor. Bibliografia: FREUD, S. (1915). Luto e melancolia. Edição Standard das Obras Completas. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1965. Organização Mundial da Saúde. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições Clínicas e Diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, p.108 - 129. LUTO E MELANCOLIA ... alguma luz sobre a natureza da melancolia, comparando-a com o afeto normal do luto. (FREUD, 1915). O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante. Em algumas pessoas, as mesmas influências produzem melancolia em vez de luto; por conseguinte, suspeitamos de que essas pessoas possuem uma disposição patológica. Embora o luto envolva graves afastamentos daquilo que constitui a atitude normal para com a vida, jamais nos ocorre considerá-lo como sendo uma condição patológica e submetê-lo a tratamento médico. É superado após um tempo, e julgamos inútil ou mesmo prejudicial qualquer interferência em relação a ele. Os traços mentais distintivos da melancolia são um desânimo profundamente penoso; a cessação de interesse pelo mundo externo; a perda da capacidade de amar; a inibição de toda e qualquer atividade; uma diminuição dos sentimentos de autoestima a ponto de encontrar a expressão em autorrecriminação e auto envelhecimento, culminando expectativas delirantes de punição. Com uma única exceção, os mesmos traços são encontrados no luto. A perturbação da autoestima está ausente no luto; afora isso, porém, as características são as mesmas. Freud compreende a disposição para o luto como dolorosa’. No luto a inibição e a perda de interesse são plenamente explicadas pelo trabalho de luto no qual o ego é absorvido...o objeto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto.... o fato é que, quando o trabalho do luto se conclui, o ego fica outra vez livre e desinibido. “Um forte egoísmo protege contra o adoecimento, mas, no final precisamos amar para não adoecer, e iremos adoecer se, em consequência de impedimentos, não pudermos amar”. (Freud 1914) ...a melancolia também pode constituir reação à perda de um objeto amado. Onde as causas excitantes se mostram diferentes, pode-se reconhecer que existe uma perda de natureza mais ideal. O objeto talvez não tenha realmente morrido, mas tenha sido perdido enquanto objeto de amor (como no caso, por exemplo, de uma noiva abandonada no altar). ...a melancolia está de alguma forma relacionada a uma perda objetal retirada da consciência, em contraposição ao luto, no qual nada existe de inconsciente a respeito da perda. Na melancolia, a perda desconhecida resultará num trabalho interno, e será, portanto, responsável pela inibição melancólica. O melancólico exibe ainda uma outra coisa que está ausente no luto — uma diminuição extraordinária de sua autoestima, um empobrecimento de seu ego em grande escala. No luto, é o mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio ego. O paciente representa seu ego para nós como sendo desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível. O paciente também nos parece justificado em fazer outras autoacusações. Quando, em sua exacerbada autocrítica, ele se descreve como: Mesquinho; Egoísta; Desonesto; Carente de independência; Fraco. ...ficamos imaginando, por que um homem precisa adoecer para ter acesso a uma verdade dessa espécie... No quadro clínico da melancolia, a insatisfação com o ego constitui, por motivos de ordem moral, a característica mais marcante. Frequentemente, a autoavaliação do paciente se preocupa muito menos com a enfermidade do corpo, a feiura ou a fraqueza, ou com a inferioridade social. Se se ouvir pacientemente as muitas e variadas autoacusações de um melancólico... “seria infrutífero, do ponto de vista científico e terapêutico contradizer o paciente que faz acusações ao seu ego" As mais violentas delas dificilmente se aplicam ao próprio paciente, mas que, com ligeiras modificações, se ajustam com a opinião de outras pessoas: A alguém que o paciente ama, amou ou que deveria amar. As autorrecriminações são recriminações feitas a um objeto amado, que foram deslocadas desse objeto para o ego do próprio paciente. A autotortura na melancolia, sem dúvida, significa, uma satisfação das tendências do sadismo e do ódio relacionadas a um objeto, que retornaram ao próprio eu... Os pacientes ainda conseguem, pelo caminho indireto da autopunição, vingar-se do objeto original e torturar o ente amado através de sua doença... O sadismo que soluciona o enigma da tendência ao suicídio, que torna a melancolia tão interessante — e tão perigosa. Na melancolia, a insônia atesta a rigidez da condição, a impossibilidade de se efetuar o retraimento geral das catexias necessário ao sono. A característica mais notável da melancolia, e aquela que mais precisa de explicação, é sua tendência a se transformar em mania — estado este que é o oposto dela em seus sintomas. Como sabemos, isso não acontece a toda melancolia. A impressão que vários investigadores psicanalíticos já puseram em palavras é que o conteúdo da mania em nada difere do da melancolia, que ambas as desordens lutam com o mesmo ‘complexo’, mas que provavelmente, na melancolia, o ego sucumbe ao complexo, ao passo que, na mania, domina-o ou o põe de lado. Na mania, o ego deve ter superado a perda do objeto...o indivíduo maníaco demonstra claramente sua liberação do objeto que causou seu sofrimento, procurando, como um homem vorazmente faminto, novas catexias objetais. TRANSTORNOS DO HUMOR F30 Episódio maníaco A euforia ou alegria patológica e a elação (ou expansão do Eu) constituem a base da síndrome maníaca (Belmaker, 2004). Além disso, é fundamental e está quase sempre presente a aceleração de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo), manifestando-se como agitação psicomotora, exaltação, loquacidade ou logorréia e pensamento acelerado (Cassidy et al., 1998). A atitude geral do paciente é alegre, brincalhona ou irritada, arrogante. Além das alterações propriamente do humor (euforia, elação) e do ritmo psíquico (aceleração), na esfera ideativa verifica-se um pensamento em geral superficial e impreciso; o paciente fala mais do que pensa (Binswanger [1961], 1973). De modo geral, podem-se observar os seguintes sinais e sintomas nas síndromes maníacas (Monedero, 1975): Aumento da autoestima: O paciente sente-se superior, melhor, mais potente, etc. Elação. Sentimento de expansão e engrandecimento do Eu. Insônia: Mais precisamente, a diminuição da necessidade de sono. Loquacidade: Produção verbal rápida, fluente e persistente. Logorréia: produção verbal muito rápida, fluente, com perda das concatenações lógicas. Pressão para falar: tendência irresistível de falar sem parar. Distraibilidade: atenção voluntária diminuída, e espontânea, aumentada. Agitação psicomotora: pode ser muito intensa até quadro de furor maníaco. Irritabilidade: pode ocorrer em graus variados, desde leve irritabilidade, passando pela beligerância, até a franca agressividade. Arrogância: em alguns pacientes maníacos, é um sintoma destacável. Heteroagressividade: geralmente desorganizada e sem objetivos precisos. Desinibição social e sexual: leva o indivíduo a comportamentos inadequados em seu meio sociocultural; comportamentos que o paciente não realizaria fora da fase maníaca. Tendência exagerada a comprar objetos ou a dar seus pertences indiscriminadamente. Idéias de grandeza, de poder, de importância social. Podem chegar a configurar verdadeiros: delírios de grandeza ou de poder e alucinações (geralmente auditivas, com conteúdo de grandeza) Três graus de gravidade são especificados aqui, compartilhando as características comuns subjacentes de humor elevado e um aumento na quantidade e na velocidade da atividadefísica e mental. Todas as subdivisões desta categoria devem ser usadas somente para um episódio único de mania. Quando há episódios afetivos prévios ou subsequentes (depressivos, maníacos ou hipo-maníacos), o transtorno deve ser codificado sob transtorno afetivo bipolar (F31. -). F30.0 HIPOMANIA Uma forma atenuada de episódio maníaco, que muitas vezes passa despercebida, não recebendo atenção médica. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos, não se ressente com as dificuldades e os limites da vida. Pode ter diminuição do sono, não se sente cansado após muitas atividades e deseja sempre fazer mais. O característico da hipomania é que o indivíduo e seu meio não são seriamente prejudicados; a hipomania não produz disfunção social importante, e não há sintomas claramente psicóticos. Muitas vezes, a pessoa acometida não busca serviços médicos. F30.1 MANIA SEM SINTOMAS PSICÓTICOS Mania franca ou grave é a forma mais intensa da mania, com taquipsiquismo acentuadíssimo, agitação psicomotora importante, heteroagressividade, fuga de idéias e marcante ideia de grandeza. Pacientes idosos ou com lesões cerebrais prévias, em fase de mania grave, podem se apresentar confusos, desorientados, com aparente redução do nível de consciência. Tal apresentação pode dificultar o diagnóstico diferencial entre síndrome maníaca e delirium. O primeiro ataque ocorre mais comumente entre as idades de 15 e 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, desde o final da infância até a sétima ou oitava década. F30.2 MANIA COM SINTOMAS PSICÓTICOS É um episódio maníaco grave com sintomas psicóticos, tais como delírio de grandeza ou poder, delírios místicos, às vezes acompanhados de alucinação auditiva ou visual. Nesses casos, o paciente geralmente apresenta um comportamento bastante alterado, com agitação psicomotora e desinibição social e/ou sexual importante. A atividade física e excitação graves e continuadas podem resultar em agressão ou violência e a negligência com alimentação, ingestão de líquidos e higiene pessoal podem resultar em perigosos estados de desidratação e autonegligência. F31 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR Os transtornos bipolares caracterizam-se por seu caráter fásico, episódico, semelhante ao de outros transtornos mentais e neurológicos (Post; Silberstein, 1994). Os episódios de mania e depressão ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo e, com frequência, há períodos de remissão, em que o humor do paciente se encontra eutímico e as alterações psicopatológicas mais intensas regridem. Este transtorno é caracterizado por episódios repetidos (isto é, pelo menos dois) nos quais o humor e os níveis de atividade do paciente estão significativamente perturbados; Esta alteração consiste em algumas ocasiões de uma elevação do humor e aumento de energia e atividade (mania ou hipomania) e em outras de um rebaixamento do humor e diminuição de energia e atividade (depressão). F31.0TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISODIO ATUAL HIPOMANÍACO. F31.1 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISODIO ATUAL MANICO SEM SINTOMAS PSICÓTICOS. F31.2 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISODIO ATUAL MANÍACO COM SINTOMAS PSICÓTICOS. F31.3 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISÓDIO ATUAL DEPRESSIVO LEVE OU MODERADO. F31.4 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISODIO ATUAL DEPRESSIVO GRAVE SEM SINTOMAS PSICÓTICOS. F31.5 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISÓDIO ATUAL DEPRESSIVO GRAVE COM SINTOMAS PSICÓTICOS. F31.6 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, EPISODIO ATUAL MISTO. O paciente teve pelo menos um episódio afetivo maníaco, hipomaníaco ou misto no passado e atualmente exibe uma mistura ou uma alternância rápida de sintomas maníacos, hipomaníacos e depressivos. F31.7 TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR, ATUALMENTE EM REMISSÃO. O paciente pode, entretanto, estar recebendo tratamento para reduzir o risco de episódios futuros. F32 EPISÓDIO DEPRESSIVO. No episódio depressivo, evidentes sintomas depressivos (humor deprimido, anedonia, fatigabilidade, diminuição da concentração e da autoestima, idéias de culpa e de inutilidade, distúrbios do sono e do apetite) devem estar presentes por pelo menos duas semanas, e não mais que por dois anos de forma ininterrupta. Os episódios duram geralmente entre 3 e 12 meses (com mediana de seis meses). Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas têm como elementos mais salientes o humor triste e o desânimo (Del Pino, 2003). Entretanto, elas caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à autovaloração, à vontade e à psicomotricidade. Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação ou estupor) e fenômenos biológicos (neuronais ou neuro-endócrinos) associados. As síndromes depressivas são atualmente reconhecidas como um problema prioritário de saúde pública. Segundo levantamento da OMS, a depressão maior unipolar é considerada a primeira causa de incapacidade entre todos os problemas de saúde. Sintomas afetivos: Tristeza, sentimento de melancolia; choro fácil e/ou frequente; apatia (indiferença afetiva; “Tanto faz como tanto fez.”); sentimento de falta de sentimento (“É terrível: não consigo sentir mais nada!”); Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico; Irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes etc. Angústia ou ansiedade; Desespero; Desesperança. Alterações da esfera instintiva e neurovegetativa: Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida); Fadiga, cansaço fácil e constante (sente o corpo pesado); Desânimo; diminuição da vontade (hipobulia; “Não tenho pique para mais nada.”); Insônia ou hipersonia; perda ou aumento do apetite; Constipação, palidez, pele fria com diminuição do turgor; Diminuição da libido (do desejo sexual); diminuição da resposta sexual (disfunção erétil, orgasmo retardado ou anorgasmia) Alterações ideativas: Ideação negativa, pessimismo em relação a tudo; Idéias de arrependimento e de culpa; Ruminações com mágoas antigas; Visão de mundo marcada pelo tédio (“A vida é vazia, sem sentido; nada vale a pena.”); Idéias de morte, desejo de desaparecer, dormir para sempre; Ideação, planos ou atos suicidas Alterações cognitivas: Déficit de atenção e concentração; Déficit secundário de memória; Dificuldade de tomar decisões; Pseudodemência depressiva. Alterações da autovaloração: Sentimento de autoestima diminuída; Sentimento de insuficiência, de incapacidade; Sentimento de vergonha e autodepreciação. Alterações da volição e da psicomotricidade: Tendência a permanecer na cama por todo o dia (com o quarto escuro, recusando visitas, etc.); Aumento na latência entre as perguntas e as respostas; Lentificação psicomotora até o estupor; Estupor hipertônico ou hipotônico; Diminuição da fala, redução da voz, fala muito lenta; Mutismo (negativismo verbal); Negativismo (recusa à alimentação, à interação pessoal, etc.) Sintomas psicóticos: Ideias delirantes de conteúdo negativo: Delírio de ruína ou miséria; Delírio de culpa; Delírio hipocondríaco e/ou de negação dos órgãos; Delírio de inexistência (de si e/ ou do mundo) Alucinações, geralmente auditivas, com conteúdos depressivos – Ilusões auditivas ou visuais. F32.0 EPISÓDIO DEPRESSIVO LEVE. Humor deprimido, perda de interesse e prazer e fadigabiilidade aumentada são usualmente tidos como os sintomas mais típicos de depressão; nenhum dos sintomas deve estar presente em um grau intenso. Um indivíduo com um episódio depressivo leve está usualmente angustiado pelos sintomas e tem alguma dificuldade em continuar com o trabalho do dia a dia e atividades sociais, mas provavelmente não irá parar suas funções completamente. F32.1 EPISÓDIO DEPRESSIVO MODERADO. Vários sintomas provavelmente estão presentes em um grau marcante; a duração mínima do episódio completo é de cerca de duas semanas, um indivíduo com episódio depressivo,moderadamente grave, usualmente terá dificuldade considerável em continuar com atividades sociais, laborativas ou domésticas. F32.2 EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE SEM SINTOMAS PSICÓTICOS No episódio depressivo grave, o paciente usualmente apresenta angústia ou agitação considerável, a menos que retardo seja um aspecto marcante; Perda de autoestima ou sentimentos de inutilidade ou culpa, provavelmente, são proeminentes e o suicídio é um perigo marcante nos casos particularmente graves; presume-se, aqui, que a síndrome somática estará quase sempre presente em um episódio depressivo grave. F32.3 EPISÓDIO DEPRESSIVO GRAVE COM SINTOMAS PSICÓTICOS Um episódio depressivo grave, com presença marcante de sintomas psicóticos. F33 TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE. O transtorno é caracterizado por episódios repetidos de depressão, como especificada em episódio depressivo [leve (F32.0), moderado (F32.1) ou grave (F32. e F32.3)] sem qualquer história de episódios independentes de elevação do humor e hiperatividade que preencham os critérios para mania (F30.1 e F30.2). F33.0 TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE, EPISODIO ATUAL LEVE. F33.1 TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE EPISODIO ATUAL MODERADO F33.2 TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE, EPISÓDIO ATUAL GRAVE SEM SINTOMAS PSICÓTICOS F33.3 TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE, EPISÓDIO ATUAL GRAVE COM SINTOMAS PSICÓTICOS. F33.4 TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE, ATUALMENTE EM REMISSÃO. F34 TRANSTORNOS PERSISTENTES DO HUMOR. Esses são transtornos de humor persistentes e usualmente flutuantes; uma vez que eles duram por anos e às vezes pela maior parte da vida adulta do indivíduo, eles envolvem considerável angústia e incapacidade subjetivas. Em algumas circunstâncias, entretanto, episódios recorrentes ou únicos de transtorno maníaco ou de transtorno depressivo leve ou grave podem se tomar sobrepostos a um transtorno afetivo persistente. F34.0 CICLOTIMIA Diversos pacientes apresentam, ao longo de suas vidas, muitos e frequentes períodos de poucos e leves sintomas depressivos seguidos, em periodicidade variável, de certa elação e discreta elevação do humor (hipomania). Isso ocorre sem que o indivíduo apresente episódio completo de depressão ou de mania. Os períodos depressivos se assemelham à distimia e, nas fases hipomaníacas, o paciente tem a sensação agradável de autoconfiança, aumento da sociabilidade, da atividade laborativa e da criatividade, etc. O paciente permanece, aos olhos da maioria das pessoas, nos marcos da “normalidade”, não sendo conduzido, no mais das vezes, a um tratamento médico. As oscilações do humor são usualmente percebidas pelo indivíduo como não relacionadas a eventos de vida. O diagnóstico é difícil de ser estabelecido sem um período prolongado de observação ou sem um relato bom sobre o comportamento passado do indivíduo. O aspecto essencial é uma instabilidade persistente de humor, envolvendo numerosos períodos de depressão e elação (elevação) leves, nenhum dos quais suficientemente grave ou prolongado para preencher os critérios para transtorno afetivo bipolar (F31. —) ou transtorno depressivo recorrente (F33. —). F31.1 DISTIMIA. Trata-se de uma depressão crônica, geralmente de intensidade leve, muito duradoura. Começa no início da vida adulta e persiste por vários anos. Os sintomas depressivos mais comuns são diminuição da auto-estima, fatigabilidade aumentada, dificuldade em tomar decisões ou se concentrar, mau humor crônico, irritabilidade e sentimento de desesperança. Os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por, pelo menos, dois anos. Uma depressão crônica de humor, a qual não preenche atualmente os critérios para transtorno depressivo recorrente, gravidade leve ou moderada (F33.0 ou F33.1); Os pacientes, usualmente, têm períodos de dias ou semanas quando descrevem a si mesmos como estando bem, mas na maior parte do tempo (com frequência por meses) sentem-se cansados e deprimidos; Tudo é um esforço e nada é desfrutável. Eles se preocupam e se queixam, dormem mal e sentem-se inadequados, mas são usualmente capazes de lidar com as exigências básicas do dia a dia. F39 TRANSTORNO DO HUMOR NÃO ESPECIFICADO Para ser usado somente como um último recurso, quando nenhum outro termo pode ser usado.
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