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IGREJAS E RELIGIOSIDADE NO BRASIL

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IGREJAS E RELIGIOSIDADE NO BRASIL 
Me. Rogério Santos Ferreira 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 
 
 
1 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Igrejas e Religiosidade no Brasil 
 
Objetivo 
 Favorecer o debate acerca da questão da religiosidade e a fé no contexto das igrejas, 
relacionando a igreja enquanto instituição social e sua importância no enfrentamento das 
questões sociais e econômicas. Debatendo e aprofundando os aspectos históricos das 
igrejas no Brasil. Refletindo sobre o fenômeno religioso e sua interface com as igrejas 
brasileiras. Conceituando religiosidade e fé. Estudando e problematizando as repercussões 
que a igreja opera na fé e na religiosidade da população brasileira. Problematizando a 
responsabilidade social das igrejas na difusão de ideais de partilha e de solidariedade e 
discutindo religião, igrejas e sua relação com a formação crítica da população relacionada 
com as expressões da questão social 
 
Introdução 
O debate no ambiente acadêmico é fundamental na medida em que favorece o 
processo de construção de conhecimento num viés crítico da realidade favorecendo um 
processo reflexivo. 
 
No contexto da relação entre fé e religiosidade é fundamental dialogar com os 
múltiplos aspectos que a religião aborda esta questão, bem como, debater e aprofundar as 
expressões religiosas 
 
Para tanto, compreender e rebater a formação histórica das igrejas e sua trajetória 
ao longo dos séculos é crucial para debater e aprofundar sua presença e influência na 
sociedade atual. 
 
A religiosidade no Brasil é algo inegável, pois é parte da cultura e da história deste 
país. A compreensão e o debate quanto as responsabilidades sociais, institucionais e 
relacionais que as organizações religiosas devem partilhar na sociedade, envolvem o 
processo de construção da humanidade numa perspectiva fraterna, solidária e ética. 
 
Sendo assim, na disciplina, o discente terá oportunidade de aprofundar, debater e 
compreender o processo de desenvolvimento da religiosidade brasileira e a influência das 
igrejas. 
 
 
2 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Dialogando com as múltiplas dimensões da fé e sua repercussão na vida cotidiana 
da população, estruturando o modo de viver em sociedade e a questão ética/moral religiosa 
 
Na disciplina, o discente terá oportunidade de aprofundar, debater e compreender a 
questão da religiosidade e as igrejas no Brasil. 
 
Para tanto dividimos nossa disciplina em nove temas que seguem: 
1. Religiosidade – conceito, estrutura e influências 
2. A religiosidade dos povos originários 
3. A religião eurocêntrica no Brasil – processo histórico, estruturação e 
estabelecimento da Igreja Católica 
4. Religiões de matriz africana - formação da identidade religiosa brasileira 
5. As principais religiões contemporâneas – diversidade das igrejas brasileiras e 
suas ramificações 
6. O poder, as igrejas e a massificação política – reflexões sobre a intensificação 
do fundamentalismo religioso 
 
Espero que todos aproveitem a disciplina numa perspectiva dialógica de construção de 
conhecimento na academia, espaço privilegiado de debate e do livre pensar. 
 
 
 
 
Prof. Me. Rogério Santos Ferreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. RELIGIOSIDADE – CONCEITO, ESTRUTURA E INFLUÊNCIAS 
“E como invocarei o meu Deus – meu Deus e meu Senhor -, se, ao invocá-lo, O 
invoco sem dúvida dentro de mim? E que lugar há em mim, para onde venha o meu 
Deus(...), Por conseguinte, não existiria, me Deus, de modo nenhum existiria, se 
não estivesse em mim (AGOSTINHO, 2015, p. 26) 
 
A religiosidade pode ser conceituada como uma relação intima com a divindade por 
meio da crença religiosa e das múltiplas formas de culto e de expressão da fé. Sendo um 
processo de conexão pessoal com Deus e sua mística, manifestada através da 
espiritualidade. (DREHER, 2016) 
 
Para ampliar o debate e relacionar com os desafios contemporâneos, faz-se 
necessário aprofundar a questão religiosidade e sua correlação com as religiões, na 
perspectiva de autores, filósofos e sociólogos que ao longo dos últimos séculos vem 
aprofundando e discutindo este fenômeno. 
 
 
 
 
Leitura do artigo científico - A religiosidade como elemento do 
desenvolvimento humano - Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Campo 
Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. 
Disponível em 
https://www.scielo.br/j/inter/a/5D44rZBWRJ5d8YCpX4GP83H/?format=pdf&
lang=pt 
 
 
De acordo com o filósofo alemão Friedrich Schleiermacher (1768-1834), a 
religiosidade é o sentimento que pode ser explicitado no contato com o Absoluto, uma 
consciência que estrutura a religião e sua mística na concepção de Deus perante o 
universo. Sendo uma experiência transcendente que conecta o ser ao divino e reforça sua 
imensidão perante a humanidade. 
 
Schleiermacher afirma que “todo finito consiste apenas na determinação de seus 
limites que precisam ser como que recortados a partir do Infinito” Schleiermacher 
(1970, p. 30 ) Desse modo, a religião tem o papel de oferecer ao ser humano um 
modo de sentir no Universo um todo e não partes de seu conhecimento, ou causas 
https://www.scielo.br/j/inter/a/5D44rZBWRJ5d8YCpX4GP83H/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/inter/a/5D44rZBWRJ5d8YCpX4GP83H/?format=pdf&lang=pt
 
 
4 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
e consequência sobre as quais atua sua vontade simplesmente( 
SCHLEIERMACHER, 1970, p.30 apud CORTAT, 2018 p. 62 ) 
 
Sendo um momento em que a intuição do infinito e o sentimento do universo estão 
alocados em conjunto, transcendendo a razão e a emoção, numa experiência que acessa 
a fé no seu contexto mais profundo com o sagrado e o divino. 
 
 
 
 
A religiosidade pode ser conceituada como uma relação intima com a 
divindade por meio da crença religiosa e das múltiplas formas de culto e de 
expressão da fé. Sendo um processo de conexão pessoal com Deus e sua 
mística, manifestada através da espiritualidade. (DREHER, 2016) 
 
 
 
A conexão entre a humanidade e sua divindade numa esfera intuitiva e infinita, 
alimenta a religiosidade e dá sentido ao que não possui explicação racional. (DREHER, 
2016) O relacionamento entre o homem e o sagrado é a busca de união e da pertença no 
que concerne ao significado existencial profundo. 
 
O teólogo suíço Karl Barth (1886-1968) vê a religiosidade como a crença no poder 
de Deus e na sua presença na vida humana. Para ele, é importante que a religiosidade seja 
vivida como um compromisso com Deus com a verdade e a justiça. A religiosidade deve 
ser expressa na concretude da vida em sociedade. 
Barth foi o destemido professor que enfrentou a realidade como ela está posta. Com 
sua coragem, colocou os homens da sua época à prova. Teólogo, pregador, 
profícuo escritor e professor de universidades, desceu do púlpito para as ruas, de 
onde trabalhou como Professor de Dogmática e Exegese do Novo Testamento em 
Münster e de 1930-1935 como Professor de Teologia Sistemática em Bonn. Em 
Bonn, emergiam as desigualdades e perseguições provocadas pelo terrível inimigo 
– o nazismo. (...) Barth lutou contra a desumanização, contra a tentativa de 
tolhimento da liberdade. Lutou contra a sectarização promovida pelo nazismo. A 
consciência de Barth é crítica (...) Barth sempre manifestou esse sentimento de 
desejo pela liberdade. Quando foi pastorear em Safenvil, no Cantão de Argóvia, os 
problemas sociais passam a frente dos problemas teológicos (SILVA;VIEIRA, 2021, 
p. 08-11) 
 
 
 
5 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Com isso, Barth estrutura sua fundamentação teológica da fé e da religiosidade num 
contextopolítico do surgimento e consolidação do nazismo na Alemanha e 
econômico/social de pobreza e desigualdade social. 
 
Ora, para o teólogo suíço, a mística da religiosidade enquanto vivência precisar estar 
estruturada como expressões do cristianismo na sua dimensão mais profunda relacionada 
com o amor, a partilha, a solidariedade e a igualdade. 
 
 
 
Sugerimos a leitura do artigo científico - Diversidade religiosa e direitos 
humanos: conhecer, respeitar e conviver - RIDH |Bauru, n. 4, p. 181-197, jun. 
2015 – 
Disponível 
https://www3.faac.unesp.br/ridh/index.php/ridh/article/view/268/129 
 
De acordo com o sociólogo Max Weber, ao desvelar o impacto que a religião tem de 
para alterar a ordem social, mediante a influência na economia, política, cultura entre outras 
dimensões da vida, consegue compreender a religiosidade numa perspectiva concreta do 
sistema econômico. Num dos seus livros mais proeminentes, "A Ética Protestante e o 
Espírito do Capitalismo", Weber reflete que a religião protestante foi crucial para o 
surgimento do modo de produção capitalista. Seu ensaio analisa a questão do 
protestantismo cristão e sua repercussão no desenvolvimento do modo de produção 
capitalista. 
o desenvolvimento da religiosidade fixada na figura de um redentor já pressupõe 
uma visão mais racional do mundo. O redentor é a ponte entre um plano 
supramundano e o plano terreno. Cristo era, ao mesmo tempo, Deus e homem. O 
anúncio de seu retorno funciona como garantia de futura boa sorte nesse mundo ou 
segurança de felicidade no outro. (...) Daí a importância dada por Weber às 
mudanças no cristianismo enquanto religião de salvação, trazidas a partir da 
Reforma Protestante, e seu impacto na formação de uma ética consoante ao espírito 
do capitalismo. (MARA, 2007, p. 02) 
 
Neste contexto a religiosidade oriunda das crenças e valores religiosos representa 
dimensão fundamental no universo da fé e do sagrado. Sendo um estado de espírito 
mediante a conexão com a entidade divina, buscando a aceitação através da mística da 
vivência transcendente e da racionalidade da escolha cristã, assumindo princípios e 
preceitos desta “entidade" divina e una. (FILHO, 2014) 
https://www3.faac.unesp.br/ridh/index.php/ridh/article/view/268/129
 
 
6 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A dualidade entre o Deus homem e o divino garante a segurança quanto a dar 
sentido ao mundo e a vida, bem como, conforto espiritual e segurança na vida além da 
“morte”. 
 
Para Émile Durkheim segundo Gabatz&Zeferino a religião deve ser compreendida 
como, 
A concepção entabulada por Émile Durkheim acerca da religião é sublinhada por 
uma ideia bastante simples. Ela seria um produto social criado por indivíduos que 
agem e pensam de forma coletiva, interagindo e estabelecendo condições para que 
a vida em conjunto continue a existir. É por isso que a religião é capaz de retratar a 
vida pressupondo a compreensão do fenômeno religioso a partir de suas múltiplas 
manifestações em suas inumeráveis formas de vivência coletiva. 
(GABATZ&ZEFERINO, 2017, p. 340) 
 
A religiosidade enquanto manifestação da relação intima com o divino, nas reflexões 
de Durkheim perpassa pela interação coletiva religiosa. Fortalecendo a vinculação entre os 
afins, relacionada com o credo e sua conexão com Deus. Atribuindo sentido quando em 
comunidade num processo dialético quanto ao seu contato individual e coletivo. Construído 
enquanto produção humana relacional. 
 
 
 
Ler o artigo científico - RELIGIÃO, TOLERÂNCIA E ESTADO NA FILOSOFIA POLÍTICA 
DE SPINOZA - Problemata: R. Intern. Fil. v. 8. n. 2(2017), p. 237-253ISSN 2236-
8612 – 
Link: 
https://periodicos.ufpb.br/index.php/problemata/article/view/31969/18396 
 
 
 
Para Baruch Espinosa, filosofo holandês, sua concepção de Deus é contrária a 
crença de uma espécie de entidade, oculta e transcendente, que atua conforme os seus 
desígnios e sua vontade suprema. Estrutura suas reflexões na negação da ideia de um 
Deus autocrático, que dirige e decide quanto a tudo e a todos, e que se refugia em algum 
ponto distante do universo celestial. 
 
Para o filósofo a crença em Deus está alicerçado no princípio de que Deus e 
Natureza são a mesma coisa. Pois, 
 
https://periodicos.ufpb.br/index.php/problemata/article/view/31969/18396
 
 
7 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Spinoza, em sua explanação, entende Deus como sendo a base de sustentação e 
a condição subjacente da realidade como um todo. Um Deus imbuído da mais clara 
evidência e certeza racional, que se auto constitui como sendo a causa de si e de 
todas as coisas; que se move em função de uma necessidade que lhe é intrínseca 
e gerada de sua própria essência, a rigor: por meio de processos mecânico-causais 
e de leis invariáveis, responsáveis pelo total funcionamento e ordenamento do 
mundo. (https://www.revistabula.com/6172-o-conceito-de-deus-em-baruch-spinoza/ ) 
 
Ora, para Espinosa conhecer verdadeiramente é desvendar a causa primária. A 
causa de tudo é Deus. A reflexão leva o filósofo a conclusão lógica de que Deus e a 
Natureza são idênticos. 
 
“Tenho uma concepção de Deus e da natureza totalmente diferente da que 
costumam ter os cristãos mais recentes, pois afirmo que Deus é a causa imanente, 
e não externa, de todas as coisas. Eu digo: Tudo está em Deus; tudo vive e se 
movimenta em Deus”. E acrescenta, dizendo: “Por ajuda de Deus, entendo a fixa e 
imutável ordem da natureza, ou a cadeia de eventos naturais. (…) A partir da infinita 
natureza de Deus, todas as coisas (…) decorrem dessa mesma necessidade, e da 
mesma maneira, que decorre da natureza de um triângulo, de eternidade a 
eternidade, que seus três ângulos são iguais a dois ângulos retos”. Baruch Spinoza 
(https://www.revistabula.com/6172-o-conceito-de-deus-em-baruch-spinoza/ ) 
 
Sendo que na totalidade mais abrangente, a ação na natureza é imbuída de 
inteligência, e, portanto, racional e geométrica, não transcendente. A religiosidade 
instrumento da religião no contato com o altíssimo, para Baruch Spinoza, requer do “crente” 
ou “fiel” a compreensão da existência de Deus a partir da racionalidade, da relação entre 
causa e feito, do contato profundo tendo em vista a relação causal com a natureza, suas 
repercussões e sua lógica na vida. 
 
Por fim, múltiplos pensadores abordaram a religiosidade e sua interface com a 
religião, debatendo e questionando pressupostos dogmáticos imutáveis. Avançando ao 
longo dos séculos na crítica ao poder central das igrejas autoatribuídas ao “mandato divino”. 
 
Sendo assim, importante delimitar que a religiosidade enquanto experiência de 
intimidade profunda com a fonte de toda a existência, desperta no individuo ou no grupo, 
um estado de espírito, subsidiadas por crenças, símbolos e rituais, que contribuem na 
conexão com algo ou alguém maior do que si para encontrar sentido ou razão na 
complexidade e no caos da vida em sociedade. 
 
 
 
https://www.revistabula.com/6172-o-conceito-de-deus-em-baruch-spinoza/
https://www.revistabula.com/6172-o-conceito-de-deus-em-baruch-spinoza/
 
 
8 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
2. A RELIGIOSIDADE DOS POVOS ORIGINÁRIOS 
 
a concentração da população indígena nas aldeias controladas pelos missionários, 
uma vez que favoreceu a proliferação de doenças e epidemias. Catequese e 
civilização eram os princípios centrais de todo o projeto de colonização, justificando 
o aldeamento, a localização próxima das aldeias, o uso da mão de obra nativa e a 
obrigatória administração jesuítica. A ação era resultado imediato da atuação da 
Companhia de Jesus, a qual, criada por iniciativa de Inácio de Loyola em 1534 — 
pouco antes de Paulo III, em sua bula papal, reconhecer os índios como homens 
verdadeiros, à imagem de Deus e, portanto, merecedoresde catequização —, 
representava o modelo de ordem religiosa nascida no contexto da Reforma católica. 
Enquanto na Europa os jesuítas procuravam reforçar o ensino do catolicismo, no 
contexto dos “achamentos” passaram a correr mundo, expandindo a “verdadeira fé” 
por meio da catequese. Por isso ganharam o título de “soldados de Cristo”, e se 
comportariam tal qual um exército de batina, sempre combatendo os demônios e 
prontos a defender as almas. 
 (SCHAWARCZ & STARLING, 2015, p. 56) 
 
No período do descobrimento e colonização o território que viria a ser chamado de 
Brasil era ocupado por povos originários (indígenas). O restrito conhecimento daqueles 
povos devido fundamentalmente a ausência da escrita, foi coletado por estudiosos que 
vieram com os portugueses mediante a história oral. Como exemplo podemos mencionar o 
alemão Hans Staden que conviveu com estes povos por volta de 1540/50. 
 
Suas obras detalharam o modo de viver, a cultura, religiosidade, história e 
arqueologia. Importante ressaltar que segundo estudos o povoamento da América do Sul 
foi datado por volta de 18 a 20.000 a.C. 
 
 
 
Como fonte de pesquisa sugerimos o artigo - História, etnia e nação: o índio e a 
formação nacional sob a ótica de Caio Prado Júnior. 
• Link: http://www.scielo.org.ar/img/revistas/memoam/n16-1/html/n16-
1a04.htm 
 
 
 
 
http://www.scielo.org.ar/img/revistas/memoam/n16-1/html/n16-1a04.htm
http://www.scielo.org.ar/img/revistas/memoam/n16-1/html/n16-1a04.htm
 
 
9 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
Em 1500, Pedro Álvares Cabral e suas naus chegam ao Brasil, a população foi 
estimada em torno de (05) cinco milhões. No universo dos povos originários foram 
identificados dois povos importantes: Os tupis e os guaranis e para os “descobridores” 
portugueses o encontro com uma “nova humanidade” foi reveladora. 
 
Schwarcz & Starling (2015) dimensionam este encontro, 
E o que se “achou” foi uma suposta “nova” humanidade. Afinal, logo depois do feito 
dos portugueses começaram a correr várias teorias curiosas sobre a origem dos 
índios: Para celso, em 1520, acreditava que eles não descendiam de Adão e que 
eram como os gigantes, as ninfas, os gnomos e os pigmeus. Cardano, em 1547, 
apostava que os indígenas surgiam como uma geração espontânea, a partir da 
decomposição de matéria morta, como as minhocas e os cogumelos. (2015, p.36) 
 
 
O mito do “encontro pacífico” entre os índios e os portugueses foi cunhado mediante 
a Carta de Pero Vaz. Quando na verdade a relação foi de violência, destruição da cultura e 
da religiosidade e desagregação social. 
 
Pero Vaz assim relatou o que viu: 
todos pardos, todos nus, sem nenhuma cousa que cobrisse suas vergonhas […] E 
Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas 
não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, pôr o mar quebrar 
na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que 
levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe deu um sombreiro de penas 
de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de 
papagaio. “Carta ao rei d. Manuel, dando notícias do descobrimento da terra de Vera 
Cruz, hoje Brasil, pela armada de Pedro Álvares Cabral”, manuscrito de Pero Vaz 
de Caminha, 1º de maio de 1500, formato 29,6 x 21,2 cm, 14 f. Arquivo Nacional 
Torre do Tombo, Lisboa” apud (SCHAWARCZ & STARLING, 2015, p. 37) 
 
Neste processo de relação entre os portugueses e os povos originários é 
fundamental compreender a tônica que foi de violência e genocídio. No relato de Caminha 
quanto a primeira celebração da sexta-feira da Paixão de Cristo, foi descrito como um 
momento de aceitação pacífica do cristianismo. 
 
Por fim, na sexta-feira, primeiro dia de maio, procurou-se rio acima o melhor lugar 
para arvorar uma cruz: que ela fosse vista de todos os lados. Feita a cruz e a divisa 
 
 
10 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
da monarquia, o padre Frei Henrique rezou a missa que foi seguida, ainda segundo 
Caminha, por “cinquenta ou sessenta deles assentados todos de joelho”, junto com 
os demais membros da esquadra. Na hora do Evangelho, quando todos se 
ergueram com as mãos levantadas, o escrivão anotou bem o mesmo gesto dos 
nativos. Chegaram até a comungar, espantou-se: “Um deles, homem de cinquenta 
ou 55 anos, ficou ali com aqueles que ficaram […] E andando assim entre eles, 
falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou o dedo para o céu, 
como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos! “Carta ao rei 
d. Manuel, dando notícias do descobrimento da terra de Vera Cruz, hoje Brasil, pela 
armada de Pedro Álvares Cabral”, manuscrito de Pero Vaz de Caminha, 1º de maio 
de 1500, formato 29,6 x 21,2 cm, 14 f. Arquivo Nacional Torre do Tombo, Lisboa” 
apud (SCHAWARCZ & STARLING, 2015, p. 38) 
 
 
Sendo assim, compreender o mito da “conquista” pacífica e de levar a “civilização e 
a religião de Deus aos selvagens” é fundamental para delimitar a religiosidade dos povos 
originários e o processo de aculturação religiosa realizada pelos jesuítas no Brasil. 
 
 
 
 
Sugerimos a leitura do artigo - Colonização, imigração e a questão racial 
no Brasil - GIRALDA SEYFERTH é professora do Departamento de 
Antropologia, Museu Nacional – UFRJ. 
Link: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/33192/35930 
 
 
 
 
Pois, 
 
o relato de Caminha inaugurava, também, outro mito recorrente da natureza 
pacífica, de uma conquista sem violência, uma comunhão que unificou a todos, num 
mesmo coração e religião. Estranho processo que definiria o Brasil como um país 
da ausência de conflito, como se os trópicos — por algum milagre ou dádiva — 
tivessem o poder de aliviar tensões e inibir guerras. Na Europa as lutas dividiam e 
sangravam nações; já no Novo Mundo, se guerras existiam, elas eram, segundo os 
relatos europeus, só internas. O encontro havia de ser sem igual e entre iguais, por 
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/33192/35930
 
 
11 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mais que o tempo mostrasse o oposto: genocídio de um lado, conquista de outro 
(SCHAWARCZ & STARLING, 2015, p. 38) 
 
Com isso, aprofundar a religiosidade dos povos indígenas quando da chegada dos 
portugueses ao Brasil, requer necessariamente relacionar com a violência cultural e 
religiosa imposta pelos “colonizadores”. 
 
A colonização levou à exploração do trabalho indígena e foi responsável por muita 
dizimação. É ainda na conta da colonização que se deve pôr o recrudescimento das 
guerras indígenas, que, se já existiam internamente, eram agora provocadas 
também pelos colonos, os quais faziam aliados na mesma velocidade com que 
criavam inimigos. Havia nesse contexto índios aldeados e aliados dos portugueses, 
e índios inimigos espalhados pelos “sertões”. A diferença entre “índios amigos” e 
“gentios bravos” gerava por sua vez uma divisão clara na legislação indigenista. Aos 
índios aliados era garantida a liberdade em suas aldeias, e deles dependia o 
sustento e a segurança das fronteiras. Para esses “índios amigos e das aldeias” o 
processo de contato se dava sempre de forma semelhante: em primeiro lugar eram 
“descidos” — transportados de suas aldeias no interior para perto das povoações 
portuguesas —, para depois serem catequizados, civilizados, e assim 
transformados em “vassalos úteis” (SCHAWARCZ & STARLING, 2015, p. 55) 
 
 
Pois, quando da intensificação do processo de extrativismo das riquezas naturais a 
relação entre os portugueses e os índios foi mais pacífica e colaborativa, posteriormente, 
com o aumento de imigrantes portugueses e a substituição do extrativismo pela agricultura 
como principal atividade econômica o tensionamento eos conflitos aumentaram. 
 
 
 
Leia o artigo - A Voz de Deus em Outros Povos1A Religiosidade Indígena na 
América Latina como Desafio ao Cristianismo 
Link: 
http://198.211.97.179/periodicos_novo/index.php/ET/article/view/1865/154
9 
 
Ora, a posse da terra pelos portugueses mediante invasões e a utilização do índio 
como mão-de-obra escrava desencadeou conflitos que culminaram com o genocídio da 
http://198.211.97.179/periodicos_novo/index.php/ET/article/view/1865/1549
http://198.211.97.179/periodicos_novo/index.php/ET/article/view/1865/1549
 
 
12 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
população originária. Pois, a ampliação da posse da terra promoveu a expulsão dos índios 
de seu território. 
Neste contexto, é fundamental aprofundar a lógica e a posição da religião nas 
aldeias. O papel de intermediário com o mágico e o sagrado era executado pelo pajé ou 
xamã, pois, eram responsáveis por se comunicar com os seres espirituais e por realizar 
cerimônias e rituais para curar doenças, proteger as colheitas e garantir a harmonia entre 
os seres humanos e os seres espirituais. Sendo um líder supremo sobre aldeias e distritos 
hierarquicamente subordinados. 
 
A religião dos povos indígenas brasileiros era baseada na crença na existência de 
seres espirituais que habitavam o mundo natural ao seu redor, como animais, plantas, rios 
e montanhas. Esses seres eram vistos como sagrados e eram reverenciados em 
cerimônias e rituais. A religiosidade perpassava todos os setores da vida da tribo. Rituais 
religiosos que eram oferecidos no plantio e na caça, nos conflitos e guerras, casamentos e 
lutos. 
 
Os povos indígenas também acreditavam na existência de um ser supremo, que era 
responsável pela criação do mundo e que governava sobre todos os outros seres 
espirituais. Esse ser supremo era conhecido por diferentes nomes nas diferentes culturas, 
como Tupã, entre os Guarani, e Anhangá, entre os Tupinambá. 
 
Além da divindade suprema, muitos grupos indígenas acreditavam em espíritos, 
tanto benevolentes quanto malévolos, que podiam influenciar a vida dos seres humanos. 
Muitas vezes, esses espíritos eram associados a elementos da natureza, como rios, 
montanhas e animais. 
 
Os rituais religiosos dos povos indígenas também variavam bastante. Alguns grupos 
praticavam a dança e o canto como uma forma de entrar em contato com os espíritos ou 
de agradecer pela colheita ou pela caça bem-sucedida. Outros realizavam cerimônias de 
sacrifício de animais ou ofereciam presentes aos espíritos para obter sua proteção e 
bênção. 
 
 
 
 
 
 
13 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
 
 
Vistos pelos representantes da Igreja cristã como práticas de mera idolatria e 
sacrifício humano, seus rituais eram entendidos como falsas religiões, 
praticadas por essas gentes adoradoras do diabo e que nada tinham a ver com 
a mensagem de salvação e sacrifício do filho de Deus, que teria redimido a 
humanidade. Por isso mesmo, tais cultos deveriam ser considerados 
retrocessos inaceitáveis; perigos potenciais e traiçoeiros para a população 
recém-conquistada (SCHAWARCZ & STARLING, 2015, p. 47) 
 
 
Um traço característico da religiosidade dos povos originários no Brasil era e 
antropofagia. Que estava relacionado com o canibalismo e a vida após a morte, o ritual 
antropofágico tinha por objetivo reverenciar os espíritos dos antepassados mortos nos 
conflitos entre as tribos. Quando as batalhas terminavam os prisioneiros eram mortos, a 
antropofagia tinha caráter espetacular, com a participação da aldeia em festa com danças 
e encenações. 
 
Neste contexto os colonizadores reativaram, 
 
Conceito antigo, mas reativado naquele contexto pela Coroa aliada à cristandade, 
a “guerra justa” seria aplicada aos povos que, sem o conhecimento da fé, nem ao 
menos poderiam ser tratados como infiéis. Eram várias as causas que legitimavam 
 
 
a “guerra justa”: a recusa à conversão, hostilidades contra vassalos e aliados 
portugueses, a quebra de pactos e a antropofagia. Considerada uma “ofensa à lei 
natural”, a antropofagia era passível de guerra, entendida como um direito e um 
dever para salvar almas que seriam sacrificadas ou comidas. (SCHAWARCZ & 
STARLING, 2015, p. 55) 
 
 
Com a chegada dos colonizadores europeus, a religião dos povos originários 
brasileiros sofreu com a perseguição e violência pelo catolicismo enquanto religião 
hegemônica na Europa. 
 
A proibição dos rituais e cultos indígenas deveu-se ao fato de serem consideradas 
demoníacas pelos missionários e jesuítas cristãos. 
 
Vistos pelos representantes da Igreja cristã como práticas de mera idolatria e 
sacrifício humano, seus rituais eram entendidos como falsas religiões, praticadas 
por essas gentes adoradoras do diabo e que nada tinham a ver com a mensagem 
de salvação e sacrifício do filho de Deus, que teria redimido a humanidade. Por isso 
 
 
14 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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mesmo, tais cultos deveriam ser considerados retrocessos inaceitáveis; perigos 
potenciais e traiçoeiros para a população recém-conquistada (SCHAWARCZ & 
STARLING, 2015, p. 47) 
 
 
No censo demográfico de 2010 o contingente populacional indígena era de 900.000 
em todo território nacional, evidenciando o massacre e o genocídio que esta etnia sofreu 
ao longo dos últimos cinco séculos com o advento da “colonização”. 
 
Para finalizar, elementos religiosos destes povos ainda sobreviveram ao contexto 
histórico violento e violador imposto pelos portugueses e os missionários cristãos, 
contribuindo para a formação da religiosidade brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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3. A RELIGIÃO EUROCÊNTRICA NO BRASIL – PROCESSO 
HISTÓRICO, ESTRUTURAÇÃO E ESTABELECIMENTO DA IGREJA 
CATÓLICA 
 
“A costa atlântica, ao longo dos milênios, foi percorrida e ocupada por inumeráveis 
povos indígenas. Disputando os melhores nichos ecológicos, eles se alojavam, 
desalojavam e realojavam, incessantemente. Nos últimos séculos, porém, índios de 
fala tupi, bons guerreiros, se instalaram, dominadores, na imensidade da área, 
tanto à beira-mar, ao longo de toda a costa atlântica e pelo Amazonas acima, como 
subindo pelos rios principais, como o Paraguai, o Guaporé, o Tapajós, até suas 
nascentes. Configuraram, desse modo, a ilha Brasil (...) com seus costumes e 
crenças religiosas” 
(RIBEIRO, 1995, p. 30) 
 
 
A influência da Igreja Católica na Europa do século quinze era determinante, tanto 
no que concerne as questões sociais quanto relacionada com o poder político e bélico, 
participando ativamente na decisão da descoberta e colonização no novo mundo. 
 
A colonização do Brasil pelos portugueses em 1500 trouxe consigo a disseminação 
da religião católica no país. A Igreja Católica foi a religião oficial do Estado português 
durante séculos e, por isso, teve um papel central na colonização, na formação da cultura, 
na organização social e econômica. Atuando não apenas como instituição religiosa, mas 
também como um importante braço do poder colonial. 
 
 
 
Ler o artigo - ASPECTOS SÓCIO HISTÓRICOSDA IGREJA CATÓLICA NA 
AMAZÔNIA - Projeto História, São Paulo, v. 68, pp.319-351,Mai.-Ago., 2020 
Link: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/46593/pdf 
 
 
Sérgio Buarque de Holanda, que em sua obra "Visão do Paraíso: Os Motivos 
Edênicos no Descobrimento e Colonização do Brasil" destaca que a Igreja Católica era vista 
como uma importante aliada na colonização do Brasil, uma vez que a conversão dos 
https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/46593/pdf
 
 
16 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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indígenas ao cristianismo era vistacomo um passo fundamental para a "civilização" desses 
povos e aos interesses da igreja. (HOLANDA,1994) 
 
Os colonizadores foram acompanhados pelos missionários da Igreja Católica, sendo 
responsáveis por converter os povos originários ao cristianismo, uma vez que a Igreja 
Católica era a religião oficial de Portugal na época. Para isso, os missionários fundaram 
diversas missões pelo Brasil, onde ensinavam aos índios a doutrina cristã, a língua 
portuguesa e os costumes europeus. 
 
 
 
A empresa escravista, fundada na apropriação de seres humanos através da 
violência mais crua e da coerção permanente, exercida através dos castigos 
mais atrozes, atua como uma mó desumanizadora e deculturadora de eficácia 
incomparável. Submetido a essa compressão, qualquer povo é desapropriado 
de si, deixando de ser ele próprio, primeiro, para ser ninguém ao ver‐se 
reduzido a uma condição de bem semovente, como um animal de carga; 
depois, para ser outro, quando transfigurado etnicamente na linha consentida 
pelo senhor, que é a mais compatível com a preservação dos seus interesses. 
O espantoso é que os índios como os pretos, postos nesse engenho 
deculturativo, consigam permanecer humanos. Só o conseguem, porém, 
mediante um esforço inaudito de auto reconstrução no fluxo do seu processo 
de desfazimento. Não têm outra saída, entretanto, uma vez que da condição 
de escravo só se sai pela porta da morte ou da fuga. Portas estreitas, pelas 
quais, entretanto, muitos índios e muitos negros saíram; seja pela fuga 
voluntarista do suicídio, que era muito frequente, ou da fuga, mais frequente 
ainda, que era tão temerária porque quase sempre resultava morta (RIBEIRO, 
1995, p. 32) 
 
 
Nas primeiras décadas da colonização, os missionários enviados pela Igreja Católica 
enfrentaram dificuldades para se estabelecer, devido à falta de infraestrutura e à resistência 
dos povos indígenas. No entanto, a chegada de mais padres e o apoio da Coroa Portuguesa 
contribuíram para a consolidação da presença da Igreja Católica no Brasil. 
 
A Igreja Católica desempenhou um papel importante na organização da sociedade 
colonial, contribuindo para a criação de instituições como as irmandades religiosas, que 
reuniam os fiéis para a prática de obras de caridade e devoção. Desempenhando um papel 
fundamental no processo de aculturação dos povos indígenas através de missões e da 
 
 
17 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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fundação de dioceses. Construindo igrejas, capelas, escolas e hospitais. A religião católica 
tornou-se predominante no Brasil com reflexos até os dias atuais. (SCHAWARCZ & 
STARLING, 2015) 
 
No entanto, a colonização do Brasil não foi pacífica. Os povos originários foram 
frequentemente escravizados e subjugados pelos colonizadores, o que gerou conflitos e 
rebeliões em várias regiões do país. 
 
se esses índios ferozes são postos a ser vir nas lavras e lavouras, não entra aqui 
nenhuma injustiça clamorosa, “pois he para os sustentarmos a eles e aos seus 
filhos, como a nós e aos nossos” , o que, bem longe de significar cativeiro, constitui 
para aqueles infelizes inestimável serviço, pois aprendem a arrotear a terra, a 
plantar, a colher, enfim a trabalhar para o sustento próprio, coisa que, antes de 
amestrados pelos brancos, não sabiam fazer. É esse, segundo seu critério, o único 
meio racional de se fazer com que cheguem os índios a receber da luz de Deus e 
dos mistérios da sagrada religião católica, o que baste para sua salvação eterna, 
pois, observa, “em vão trabalha quem os quer fazer anjos antes de os fazer homens” 
(HOLANDA, 1995, p.127) 
 
A realidade do processo de cristianização do Brasil envolveu a imposição violenta da 
fé, bem como a supressão das culturas e tradições nativas. Isso levou a uma série de 
abusos e violências cometidos contra os povos indígenas. Os missionários jesuítas muitas 
vezes impuseram a conversão religiosa por meio da força, incluindo castigos físicos, 
confinamento e privação de alimentos. Além disso, eles frequentemente desvalorizavam as 
crenças e costumes dos povos indígenas, considerando-os inferiores e bárbaros. 
(HOLANDA,1995) 
 
 
 
Sugerimos a leitura do artigo - Colonialidade do poder e a violência contra os 
povos indígenas - Revista PerCursos. Florianópolis, v. 16, n. 32, p. 103 –
120,set./dez. 2015 
 
Link: 
https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/198472461
6322015103/pdf_33 
 
 
 
https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724616322015103/pdf_33
https://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724616322015103/pdf_33
 
 
18 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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O antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, em seu livro "O povo brasileiro: A formação 
e o sentido do Brasil", também descreveu a violência cometida pelos missionários jesuítas. 
Ele afirma que, além dos castigos físicos, os missionários frequentemente separavam as 
crianças indígenas de suas famílias e comunidades, forçando-as a viver em internatos 
missionários onde eram proibidas de praticar suas próprias culturas e tradições. 
(RIBEIRO,1995) 
 
A empresa escravista, fundada na apropriação de seres humanos através da 
violência mais crua e da coerção permanente, exercida através dos castigos mais 
atrozes, atua como uma mó desumanizadora e deculturadora de eficácia 
incomparável. Submetido a essa compressão, qualquer povo é desapropriado de 
si, deixando de ser ele próprio, primeiro, para ser ninguém ao ver‐se reduzido a uma 
condição de bem semovente, como um animal de carga; depois, para ser outro, 
quando transfigurado etnicamente na linha consentida pelo senhor, que é a mais 
compatível com a preservação dos seus interesses. O espantoso é que os índios 
como os pretos, postos nesse engenho deculturativo, consigam permanecer 
humanos. Só o conseguem, porém, mediante um esforço inaudito de auto 
reconstrução no fluxo do seu processo de desfazimento. Não têm outra saída, 
entretanto, uma vez que da condição de escravo só se sai pela porta da morte ou 
da fuga. Portas estreitas, pelas quais, entretanto, muitos índios e muitos negros 
saíram; seja pela fuga voluntarista do suicídio, que era muito frequente, ou da fuga, 
mais frequente ainda, que era tão temerária porque quase sempre resultava morta 
(RIBEIRO, 1995, p. 32) 
 
Darcy Ribeiro, em sua obra, denuncia ainda que a violência física e psicológica 
imposta pelos missionários eram cruéis e desumanas, punindo-os com castigos físicos e 
submetendo-os a um processo de aculturação violento e opressivo. 
 
Outra questão fundamental para compreender o impacto da religião católica 
realizado pelos missionários, foi a destruição de lugares sagrados e objetos rituais dos 
povos indígenas. Isso resultou em uma perda significativa de patrimônio cultural e espiritual 
para esses povos. (GONÇALVES, 2001) 
 
Por fim, os abusos e violências cometidos pelos missionários cristãos e jesuítas 
durante a colonização do Brasil foram significativos e deixaram um legado duradouro de 
trauma e perda cultural para os povos indígenas. É importante reconhecer e confrontar essa 
história, a fim de que possamos compreender melhor o legado deixado por esses 
 
 
19 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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personagens controversos na história do nosso país, para avançar em direção à justiça e 
reconciliação com os povos originários do Brasil. 
 
 
 
Assista o vídeo - Panorama | O Brasil antes de 1500 – TV Cultura 
Link https://www.youtube.com/watch?v=tYhcx8FPPyk&t=18s 
 
 
Na estruturação do catolicismo como religião predominante colonial, seus interesses 
eram múltiplos e incluíam desde a conversão dos povos indígenas ao cristianismo até a 
manutenção do poder político e econômico. 
 
A colonização eestabelecimento da Igreja Católica no Brasil foi fundamental para a 
formação da cultura e da sociedade brasileira. Desempenhando um papel central na 
organização da sociedade colonial e na formação da identidade brasileira, tendo 
influenciado diversos aspectos da cultura brasileira ao longo dos séculos. 
 
É importante que a realidade violenta, cruel e desumana perpetrada pelos 
portugueses e pelos missionários e padres católicos sejam estudadas e debatidas, a fim de 
que possamos compreender melhor o papel da Igreja Católica na história do nosso país, 
bem como, reparar o erro histórico contra a população indígena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=tYhcx8FPPyk&t=18s
 
 
20 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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4. RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA – FORMAÇÃO DA 
INDENTIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA 
 
No começo dos tempos estava tudo em formação. Lentamente os modos de vida 
na Terra foram sendo organizados, mas havia muito a ser feito. Toda vez que 
Orunmilá vinha do Orum para ver as coisas do Aiê, era interrogado pelos orixás, 
humanos e animais. Ainda não fora determinado qual o lugar para cada criatura e 
Orunmilá ocupou-se dessa tarefa. Exu propôs que todos os problemas fossem 
resolvidos ordenadamente. Ele sugeriu a Orunmilá que a todo orixá, humano e 
criatura da floresta fosse apresentada uma questão simples, para a qual eles 
deveriam dar resposta direta. A natureza da resposta individual de cada um 
determinaria seu destino e seu modo de viver. Orunmilá aceitou a sugestão de Exu. 
E assim, de acordo com as respostas que as criaturas davam, elas recebiam um 
modo de vida de Orunmilá, uma missão. Enquanto isso acontecia, Exu, travesso 
que era, pensava em como poderia confundir Orunmilá. Orunmilá perguntou a um 
homem: “Escolhes viver dentro ou fora?” “Dentro”, o homem respondeu. E Orunmilá 
decretou que doravante todos os humanos viveriam em casas. De repente, 
Orunmilá se dirigiu a Exu: “E tu, Exu? Dentro ou fora?”. Exu levou um susto ao ser 
chamado repentinamente, ocupado que estava em pensar sobre como passar a 
perna em Orunmilá. E rápido respondeu: “Ora! Fora, é claro”. Mas logo se corrigiu: 
“Não, pelo contrário, dentro”. Orunmilá entendeu que Exu estava querendo criar 
confusão. Falou, pois, que agiria conforme a primeira resposta de Exu. Disse: 
“Doravante vais viver fora e não dentro de casa”. E assim tem sido desde então. 
Exu vive a céu aberto, na passagem, ou na trilha, ou nos campos. Diferentemente 
das imagens dos outros orixás, que são mantidas dentro das casas e dos templos, 
toda vez que os humanos fazem uma imagem de Exu ela é mantida fora (PRANDI, 
2000, p. 22) 
 
 
No processo de colonização brasileiro povos do continente africano foram 
escravizados e enviados para trabalhar nas plantações de açúcar e outras atividades 
econômicas. Esses escravos vinham de várias regiões da África com cultura, tradições e 
religiões diversas. Estima-se que entre os séculos XVI e XIX, cerca de 4 milhões de 
africanos foram trazidos à força para o país. A maioria deles vindos das regiões que hoje 
vinham da costa leste africana (oceano Índico), particularmente Moçambique, bem como, 
Angola e Congo. 
 
 
 
 
21 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O envio de escravos ao Brasil remonta a necessidade de exploração das terras 
recém-descobertas. A mão de obra escrava foi utilizada para a exploração do pau-brasil e 
posteriormente da cana-de-açúcar e outros produtos agrícolas. 
 
A “herança rural” e o passado colonial, marcado pela mão-de-obra negra 
escravizada e a grande propriedade monocultora, surgem numa análise sobre os 
desafios e a violência enfrentados pelos e contra os negros de origem africana, 
trazidos à força ao longo da história brasileira em capítulos como “Toma lá dá cá: o 
sistema escravocrata e a naturalização da violência. (ALVES, 2017, p. 425) 
 
Ao chegarem ao Brasil, esses escravos foram forçados a abandonar suas tradições 
religiosas e adotar o cristianismo, que era a religião oficial imposta pelos colonizadores. No 
entanto, muitos escravos conseguiram manter suas crenças e práticas religiosas, 
misturando elementos da religião africana com o cristianismo. 
 
 
Sugerimos a leitura da interessante reportagem: Comunidade Tradicional de 
Terreiro – Batuque do RS e o Racismo Religioso 
Link: https://www.sindjus.com.br/comunidade-tradicional-de-terreiro-batuque-
do-rs-e-o-racismo-religioso/12607/ 
 
 
 
A religiosidade dos africanos escravizados no Brasil colonial era caracterizada por 
uma mistura de crenças, rituais e práticas religiosas africanas e cristãs. Essa mistura 
resultou no surgimento de várias religiões sincréticas, como o Candomblé, a Umbanda e a 
Quimbanda. Representando importante parte da cultura e da história afro-brasileira numa 
perspectiva de resiliência e resistência diante da opressão e da violência. (RIBEIRO,1995) 
 
Os negros adaptavam seus rituais religiosos e cultuavam seus orixás e entidades de 
forma velada, escondidos dos olhares dos senhores de engenho e autoridades da época. 
Eles se reuniam em segredo nas senzalas e criavam suas próprias irmandades e confrarias 
para manter suas crenças vivas. 
Desde sua formação em solo brasileiro, as religiões de origem negra têm sido 
tributárias do catolicismo. Embora o negro, escravo ou liberto, tenha sido capaz de 
manter no Brasil dos séculos XVIII e XIX, e até hoje, muito de suas tradições 
religiosas, é fato que sua religião se enfrentou desde logo com uma séria 
contradição: a própria estrutura social e familiar às quais a religião dava sentido aqui 
https://www.sindjus.com.br/comunidade-tradicional-de-terreiro-batuque-do-rs-e-o-racismo-religioso/12607/
https://www.sindjus.com.br/comunidade-tradicional-de-terreiro-batuque-do-rs-e-o-racismo-religioso/12607/
 
 
22 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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nunca se reproduziram. As religiões dos bantos, iorubás e fons são religiões de culto 
aos ancestrais, que se fundam nas famílias e suas linhagens. (PRANDI, 1995, p.67) 
 
Com o passar dos anos, essas práticas religiosas foram se misturando com 
elementos do catolicismo, dando origem a religiões afro-brasileiras, como o Candomblé, a 
Umbanda e o Batuque. A partir do final do século XIX, essas religiões passaram a ser mais 
abertamente praticadas, mas ainda enfrentaram perseguição e discriminação. 
 
 
 
A religiosidade dos africanos escravizados no Brasil colonial era caracterizada 
por uma mistura de crenças, rituais e práticas religiosas africanas e cristãs. Essa 
mistura resultou no surgimento de várias religiões sincréticas, como o 
Candomblé, a Umbanda e a Quimbanda. Representando importante parte da 
cultura e da história afro-brasileira numa perspectiva de resiliência e 
resistência diante da opressão e da violência. (RIBEIRO,1995) 
 
 
 
 
Entre as religiões de matriz africana o Candomblé foi amplamente difundida, oriunda 
da África Ocidental, especificamente na região da atual Nigéria. Essa religião envolve a 
adoração de divindades chamadas orixás, que são considerados ancestrais divinizados. Os 
escravos encontraram semelhanças entre os orixás e os santos católicos e, assim, 
conseguiram manter suas crenças africanas enquanto praticavam o cristianismo. 
Relacionado com o Candomblé, 
 
O candomblé não é um único culto religioso, mas antes uma série de cultos 
estreitamente aparentados, à semelhança de outras religiões que possuem diversas 
denominações, com algumas diferenças nos preceitos teológicos e no ritual. Os 
vários templos e vertentes do candomblé são normalmente agrupados em “nações”, 
sendo a mais conhecida e disseminada nos meios de comunicação a chamada 
nação gueto. Juntamente com outras nações como efã, ijexá, nagô e mina-nagô, 
ela pertence ao tronco conhecidocomo iorubá, com origens africanas localizadas 
em partes da Nigéria e do Benim. Existem ainda candomblés de nações angola e 
jeje, entre outras menos conhecidas. O nome candomblé está historicamente 
associado aos cultos da Bahia, mas religiões semelhantes recebem outras 
denominações regionais, como xangô em Pernambuco, tambor de mina no 
Maranhão e batuque no Rio Grande do Sul. O termo candomblé, contudo, tem se 
 
 
23 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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disseminado para outras regiões do Brasil e para outros países à medida que a 
religião ganha mais adeptos. Até por conta dessas variações, algumas pessoas 
preferem simplesmente denominar esse conjunto de cultos com o nome de religião 
dos orixás, deixando de lado as diferenças entre eles. ( 
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/manifestacoes-culturais/candomble ) 
 
Os praticantes do Candomblé acreditam em orixás, que são deuses africanos, e 
realizam cerimônias para honrar esses deuses. 
 
Conta a mitologia iorubana que o universo foi criado por Olodumare, mas, terminada 
a criação, ele se afastou e deixou que os orixás dessem forma ao mundo e o 
governassem. Por conta disso, embora os devotos do candomblé reconheçam a 
existência de um Deus supremo da criação, não é a ele que prestam homenagem 
em seus cultos de grande complexidade, sutileza teológica e beleza, mas 
justamente a essas outras divindades mais próximas, participantes ativos do dia a 
dia das atividades mundanas. (http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-
biografico/manifestacoes-culturais/candomble) 
 
 
Quanto ao batuque é originário do Rio Grande do Sul estruturado pelos escravos 
daquela região no século XIX. 
 
O batuque, também conhecido como nação, é uma religião afro-brasileira que tem 
sua origem no Rio Grande do Sul em meados do século XIX. A matriz cultural jêje-
nagô (iorubá) foi que exerceu maior influência na formação da religião dos negros 
no Estado. Contudo, a maioria das pessoas escravizadas trazidas à região era de 
origem banto. A religião foi organizada em subgrupos denominados nações. Cada 
nação se difere da outra a partir de aspectos relacionados a suas ritualísticas, 
entretanto, todas elas cultuam doze orixás, a saber: Bará, Ogum, Iansã ou Oiá, 
Xangô, Obá, Odé, Otim, Ossanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. A história 
batuqueira vive, ainda hoje, um dilema que é a imprecisão de dados sobre suas 
origens. Não há registros sobre as primeiras casas de culto, nem datas, nem locais. 
Provavelmente, os primeiros templos foram fundados na primeira metade do século 
XIX em Rio Grande ou Pelotas, locais de grande concentração de trabalhadores 
escravizados. (CANDATEN,2019, p.01) 
 
Sendo uma expressão da religiosidade de matriz africana que no Brasil é conhecida 
como candomblé e no Rio Grande do Sul como Batuque. 
 
 
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/manifestacoes-culturais/candomble
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/manifestacoes-culturais/candomble
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/manifestacoes-culturais/candomble
 
 
24 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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Sugerimos como leitura a reportagem - Religiões de matriz africana: quais são 
e porque sofrem preconceito Por Maria Luísa Pereira Oliveira – Politize! 
Link: https://www.politize.com.br/religioes-de-matriz-africana/ 
 
 
No processo de construção da religiosidade de matriz africana ao longo do século 
XX foi estruturado a umbanda enquanto expressão da mistura de elementos sincréticos das 
religiões africanas, indígenas, orientais e europeias (catolicismo e o kardecismo). 
 
Reunindo elementos do candomblé e do kardecismo foi fundado por volta do 
primeiro quarto Na Umbanda os praticantes da Umbanda acreditam em espíritos 
que podem ajudar ou prejudicar as pessoas e realizam cerimônias para se 
comunicar com esses espíritos. Com a umbanda, acrescentaram-se à vertente 
africana as contribuições do kardecismo francês, especialmente a ideia de 
comunicação com os espíritos dos mortos através do transe, com a finalidade de se 
praticar a caridade entre os dois mundos, pois os mortos devem ajudar os vivos 
sofredores, assim como os vivos devem ajudar os mortos a encontrarem, sempre 
pela prática da caridade, o caminho da paz eterna, segundo a doutrina de Kardec. 
A umbanda perdeu parte de suas raízes africanas e se espraiou por todas as regiões 
do país, sem limites de classe, raça, cor. (PRANDI, 1995, p.69) 
do século XX, 
No Estado do Rio de Janeiro, cerca de 1920, foi fundado o primeiro centro de 
umbanda, que teria nascido como dissidência de um kardecismo que rejeitava a 
presença de guias negros e caboclos, considerados pelos espíritas mais ortodoxos 
como espíritos inferiores. De Niterói, esse centro foi se instalar numa área central 
do Rio em 1938. Logo seguiu-se a formação de muitos outros centros desse 
espiritismo de umbanda, os quais, em 1941, com o patrocínio da União Espírita 
Brasileira, promoveram no Rio o Primeiro Congresso de Umbanda, congresso ao 
qual compareceram umbandistas de São Paulo. (PRANDI, 1995, p.68) 
 
 
Atualmente, as religiões afro-brasileiras são reconhecidas e valorizadas como parte 
importante da cultura e história do país, mas sofrem preconceito, violência e intolerância 
religiosa. 
 
A influência das religiões de matriz africana na religiosidade brasileira é notável e 
pode ser vista em diversos aspectos da cultura e da sociedade. Possuem características 
https://www.politize.com.br/religioes-de-matriz-africana/
 
 
25 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
próprias, mas compartilham elementos como a crença em divindades e entidades 
espirituais, a prática de rituais e oferendas, e a valorização da natureza e dos 
antepassados. 
 
 
Lei que cria o Dia Nacional das Tradições das Raízes Africanas 
Link: https://www.camara.leg.br/noticias/933101-lei-que-cria-o-dia-nacional-
das-tradicoes-das-raizes-africanas-e-sancionada/ 
 
Expressa em diversas manifestações culturais brasileiras, como a música, a 
culinária, as festas e as artes. As músicas e danças africanas, por exemplo, influenciaram 
o samba, o maracatu, o axé e outros ritmos brasileiros, enquanto a culinária afro-brasileira 
contribuiu para a formação da gastronomia brasileira, com pratos como o acarajé, o vatapá 
e o feijão tropeiro. 
 
Como exemplo, a música interpretada por Maria Bethânia que dialoga com o 
processo de escravidão e do sofrimento do povo africano e suas expressões religiosas. 
 
Canção - Yáyá Massemba 
 
Que noite mais funda calunga 
No porão de um navio negreiro 
Que viagem mais longa candonga 
Ouvindo o batuque das ondas 
Compasso de um coração de pássaro 
No fundo do cativeiro 
É o semba do mundo calunga 
Batendo samba em meu peito 
Kawo Kabiecile Kawo 
Okê arô okê 
Quem me pariu foi o ventre de um navio 
Quem me ouviu foi o vento no vazio 
Do ventre escuro de um porão 
Vou baixar no seu terreiro 
Epa raio, machado, trovão 
Epa justiça de guerreiro 
Ê semba ê 
Samba á 
O Batuque das ondas 
Nas noites mais longas 
Me ensinou a cantar 
Ê semba ê 
https://www.camara.leg.br/noticias/933101-lei-que-cria-o-dia-nacional-das-tradicoes-das-raizes-africanas-e-sancionada/
https://www.camara.leg.br/noticias/933101-lei-que-cria-o-dia-nacional-das-tradicoes-das-raizes-africanas-e-sancionada/
 
 
26 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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Samba á 
Dor é o lugar mais fundo 
É o umbigo do mundo 
É o fundo do mar 
Ê semba ê 
Samba á 
No balanço das ondas 
Okê aro 
Me ensinou a bater seu tambor 
Ê semba ê 
Samba á 
No escuro porão eu vi o clarão 
Do giro do mundo 
Que noite mais funda calunga 
No porão de um navio negreiro 
Que viagem mais longa candonga 
Ouvindo o batuquedas ondas 
Compasso de um coração de pássaro 
No fundo do cativeiro 
É o semba do mundo calunga 
Batendo samba em meu peito 
Kawo Kabiecile Kawo 
Okê arô okê 
Quem me pariu foi o ventre de um navio 
Quem me ouviu foi o vento no vazio 
Do ventre escuro de um porão 
Vou baixar no seu terreiro 
Epa raio, machado, trovão 
Epa justiça de guerreiro 
Ê semba ê 
Samba á 
É o céu que cobriu nas noites de frio minha solidão 
Ê semba ê 
Samba á 
É oceano sem fim, sem amor, sem irmão 
É kaô quero ser seu tambor 
Ê semba ê 
Samba á 
Eu faço a lua brilhar o esplendor e clarão 
Luar de Luanda em meu coração 
Umbigo da cor 
Abrigo da dor 
Primeira umbigada Massemba Yáyá 
Yáyá Massemba é o samba que dá 
Vou aprender a ler 
Pra ensinar meus camaradas 
Vou aprender a ler 
Pra ensinar meus camaradas 
'Prender a ler 
Pra ensinar meus camaradas 
Vou aprender a ler 
Pra ensinar meus camaradas 
 
 
27 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Vou aprender a ler 
Pra ensinar meus camaradas 
'Prender a ler 
Pra ensinar meus camaradas 
Vou aprender a ler 
 
Compositores: Joao Roberto Caribe Mendes / Capinan 
 
Por fim, a influência das religiões de matriz africana, oriunda da resistência e da luta 
dos escravos, é significativa sendo uma prova da resiliência e da importância da identidade 
cultural. 
 
 
 
28 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. AS PRINCIPAIS RELIGIÕES CONTEMPORÂNEAS – DIVERSIDADE 
DAS IGREJAS E SUAS RAMIFICAÇÕES 
 
“Nós, brasileiros, marcamos certos espaços como referências especiais da nossa 
sociedade. A casa, onde moramos, comemos e dormimos – vivemos, enfim... 
A rua, onde trabalhamos e ganhamos a luta pela vida. A cada um desses 
espaços, onde convivemos com parentes, amigos e colegas de trabalho, 
devemos somar um outro, não menos referencial e crítico. Quero referir-me ao 
espaço do outro mundo, essa área demarcada por igrejas, capelas, ermidas, 
terreiros, centros espíritas, sinagogas, templos, cemitérios e tudo aquilo que 
faz parte e sinaliza as fronteiras entre o mundo em que vivemos e esse “outro 
mundo” onde, um dia, também iremos habitar. Esse mundo habitado por 
mortos, fantasmas, almas, santos, anjos, orixás, deuses, Deus, a Virgem Maria 
e Jesus Cristo, para onde todos vão e de onde ninguém retorna, ou pelo 
menos retorna com facilidade.”. DaMatta (1986, p. 72) 
 
 
O Brasil é um país diverso em termos religiosos, com várias ramificações religiosas 
atuando em todo o território. Dialogar com esta diversidade é compreender a sociedade 
brasileira na sua totalidade, bem como, os desafios e os aspectos religiosos que influem a 
população nas relações sociais, econômicas e políticas. 
 
 
 
“Nós, brasileiros, marcamos certos espaços como referências especiais da 
nossa sociedade. A casa, onde moramos, comemos e dormimos – vivemos, 
enfim... A rua, onde trabalhamos e ganhamos a luta pela vida. A cada um 
desses espaços, onde convivemos com parentes, amigos e colegas de 
trabalho, devemos somar um outro, não menos referencial e crítico. Quero 
referir-me ao espaço do outro mundo, essa área demarcada por igrejas, 
capelas, ermidas, terreiros, centros espíritas, sinagogas, templos, 
cemitérios e tudo aquilo que faz parte e sinaliza as fronteiras entre o mundo 
em que vivemos e esse “outro mundo” onde, um dia, também iremos 
habitar. Esse mundo habitado por mortos, fantasmas, almas, santos, anjos, 
orixás, deuses, Deus, a Virgem Maria e Jesus Cristo, para onde todos vão e 
de onde ninguém retorna, ou pelo menos retorna com facilidade.”. 
DaMatta (1986, p. 72) 
 
 
 
 
29 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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Para tanto, será debatido e detalhado as principais igrejas e religiões e suas 
ramificações presentes na atualidade: 
 
Catolicismo: 
A Igreja Católica é uma das maiores e mais influentes instituições religiosas do 
planeta, com mais de um bilhão de membros. A sua influência se estende por várias áreas 
da sociedade, incluindo a política, a cultura e a educação. A Igreja Católica é fundamentada 
na vinda do filho de Deus ao mundo – Jesus Cristo. A teologia e a filosofia do catolicismo 
influenciaram profundamente a cultura ocidental. 
 
Os fundamentos teológicos da Igreja Católica se baseiam em vários pilares, incluindo 
a crença em um Deus único e trino, a doutrina da salvação pela graça divina, a crença na 
vida após a morte e no julgamento final. A Igreja Católica também enfatiza a importância 
dos sacramentos, especialmente a Eucaristia, que é vista como o centro da vida cristã. 
 
Além disso, a Igreja Católica também tem uma forte tradição filosófica que influenciou 
o pensamento ocidental. Pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino foram 
importantes no contexto da reflexão filosófica e teológica no tocante a complexidade das 
questões humanas e sua ligação com o sagrado e espiritual. A filosofia católica tem 
enfatizado a importância da razão, da liberdade e da dignidade humana, bem como a 
necessidade de uma ética baseada na justiça e no amor ao próximo. 
 
Um avanço importante ao longo do século XX foi o estabelecimento da doutrina 
social da igreja, balizada no ensinamento de que a justiça e a solidariedade são valores 
cristãos fundamentais que devem orientar a ação humana. A Igreja Católica tem se 
envolvido ativamente em questões como a luta contra a pobreza e a defesa dos direitos 
humanos no contexto político e social. 
 
A análise do papel político da Igreja e da CNBB aponta, em primeiro lugar, para a 
complexidade da Igreja como instituição dotada de poder tradicional e, ao mesmo 
tempo, carismático, no sentido weberiano desses tipos ideais. Embora se constitua 
em fator de poder, a Igreja, diferentemente do passado, não busca exercê-lo de 
forma direta. (AZEVEDO, 2004, p. 118) 
 
 
 
 
 
30 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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Um aspecto relevante da organização da Igreja Católica está relacionado com sua 
estrutura hierárquica. Sendo o Sumo Sacerdote – Papa o representante de Deus na terra 
herdeiro do trono de Pedro-apóstolo, considerado o líder espiritual máximo da Igreja, 
passando pelo colégio de cardeais, os bispos e sacerdotes diocesanos. 
 
 
 
 
Leitura do artigo - Para compreender a questão do “CATOLICISMO NO BRASIL 
CONTEMPORÂNEO” PROF. FLÁVIO MUNHOZ SOFIATI (UFG) 
 Link: https://www.nerep.ufscar.br/pt_br/2021/05/31/catolicismo-no-brasil-
contemporaneo/ 
 
 
No contexto do catolicismo foram fundadas ordens religiosas com sua própria 
organização, sempre submetidas ao poder papal, dedicam-se a missões na vida cotidiana: 
trabalhos de caridade, educação, meio ambiente, e imigrantes. 
 
Protestantismo: 
O protestantismo tem ganhado força no Brasil nas últimas décadas, com uma 
crescente diversidade de denominações e ramificações, incluindo igrejas pentecostais, 
batistas, presbiterianas, adventistas, entre outras. 
 
O protestantismo é um dos três principais ramos do cristianismo ao lado do 
catolicismo romano e das igrejas orientais ou ortodoxas. Essa categorização, muito 
ampla e abrangente, é a adotada por J. L. Dunstan (1980, p. 7) (...) protestantes 
seriam aquelas igrejas que se originaram da Reforma ou que, embora surgidas 
posteriormente, guardam os princípios gerais do movimento. Essas igrejas 
compõem a grande família da Reforma: luteranas, presbiterianas, metodistas, 
congregacionais e batistas. Estas últimas, as batistas, também resistem ao conceito 
de protestantes por razões de ordem histórica, embora mantenham os princípios da 
Reforma (MENDONÇA, 2005, p.50) 
 
 
Para a compreensão do contexto diverso do universo protestante será apresentado 
as principais correntes com suas especificidades: 
 
https://www.nerep.ufscar.br/pt_br/2021/05/31/catolicismo-no-brasil-contemporaneo/
https://www.nerep.ufscar.br/pt_br/2021/05/31/catolicismo-no-brasil-contemporaneo/31 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
• Igrejas Pentecostais: As igrejas pentecostais são conhecidas por seu foco na 
experiência direta com Deus e na prática do batismo no Espírito Santo. 
Algumas das igrejas pentecostais mais conhecidas no Brasil incluem a 
Assembleia de Deus, a Congregação Cristã no Brasil e a Igreja Universal do 
Reino de Deus. 
• Igrejas Batistas: As igrejas batistas são uma das denominações protestantes 
mais antigas no Brasil. As igrejas batistas valorizam a autonomia local, a 
liberdade religiosa e a participação ativa dos membros na vida da igreja. 
Algumas das igrejas batistas mais conhecidas no Brasil incluem a Convenção 
Batista Brasileira e a Convenção Batista Nacional. 
• Igrejas Presbiterianas: As igrejas presbiterianas são baseadas na tradição 
reformada e enfatizam a autoridade das Escrituras, a soberania de Deus e a 
salvação pela graça. Algumas das igrejas presbiterianas mais conhecidas no 
Brasil incluem a Igreja Presbiteriana do Brasil e a Igreja Presbiteriana 
Independente do Brasil. 
• Igrejas Adventistas: As igrejas adventistas são conhecidas por sua crença na 
iminência da Segunda Vinda de Cristo e na observância do sábado como dia 
sagrado. Algumas das igrejas adventistas mais conhecidas no Brasil incluem 
a Igreja Adventista do Sétimo Dia e a Igreja Adventista da Reforma. 
• Igrejas Anglicanas: As igrejas anglicanas são baseadas na tradição anglicana 
da Igreja da Inglaterra e valorizam a liturgia, a autoridade dos bispos e a 
tradição cristã. Algumas das igrejas anglicanas mais conhecidas no Brasil 
incluem a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e a Igreja Anglicana Reformada 
do Brasil. 
 
Essas são apenas algumas das muitas ramificações do protestantismo presentes no 
Brasil. Cada denominação tem suas próprias práticas e crenças, e todas contribuem para 
a diversidade religiosa e cultural do país. 
 
Espiritismo: 
O Espiritismo é uma doutrina filosófica, religiosa e científica que surgiu na França no 
século XIX, criada pelo pedagogo e escritor Allan Kardec. A doutrina se baseia na crença 
da existência de espíritos e na possibilidade de comunicação entre os vivos e os mortos. 
 
 
32 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Allan Kardec acreditava que os espíritos são seres inteligentes e imortais, que evoluem 
através de sucessivas encarnações, buscando a evolução moral e espiritual. 
 
Durante toda sua vida, Kardec defendeu a ideia ter sido tão somente o “codificador” 
da doutrina espírita, que, segundo ele, deveria ser entendida ao mesmo tempo 
como científica, filosófica e religiosa. Embora partindo de pressupostos indiscutíveis 
tais como a existência de espíritos e a imortalidade da alma, a pluralidade das vidas 
e a existência de Deus, Kardec sempre negou o caráter formal de religião 
que o Espiritismo pudesse ter à época. Para ele, tratava-se antes de uma doutrina 
filosófica de efeitos morais, doutrina decorrente de todo um conjunto de estudos e 
experimentações realizadas através das várias manifestações dos “espíritos”. 
(ARRIBAS, 2013, p.04) 
 
Segundo a doutrina espírita, a vida não termina com a morte do corpo físico, mas 
continua em outras dimensões ou no plano espiritual. Os espíritos podem se comunicar 
com os vivos através de médiuns, que são pessoas que têm a capacidade de receber 
mensagens dos espíritos. Através dessas comunicações, os espíritos podem dar 
orientações, conselhos e mensagens de esperança e consolo. 
 
O Espiritismo também tem uma visão científica, pois acredita na existência de leis 
naturais que estabelece a ordem e a evolução no universo. Aplica-se tanto aos aspectos 
físicos quanto aos aspectos morais da vida e a sua compreensão pode ajudar as pessoas 
a superar as dificuldades e a alcançar a evolução espiritual e a reforma intima. 
 
No Brasil, o Espiritismo teve um grande impacto a partir do final do século XIX, 
quando vários espíritas europeus vieram para o país para divulgar a doutrina. 
 
Sendo relevante por múltiplas razões: Primeiro, a doutrina espírita tem sido vista 
como uma forma de consolo para aqueles que perderam entes queridos, pois oferece a 
possibilidade de comunicação com os mortos e a esperança da vida após a morte. 
Segundo, tem uma visão moral que enfatiza a importância da caridade, da fraternidade e 
do amor ao próximo, o que tem sido visto como uma forma de promover a paz social e a 
justiça e Terceiro, contribui para aliviar o sofrimento das pessoas, pois a doutrina acredita 
que muitas doenças são causadas por desequilíbrios espirituais e que a cura pode ser 
alcançada através da prática do bem e da elevação moral. 
 
 
 
 
 
 
33 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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Sugerimos a leitura da reportagem Evangélicos ou Protestantes? 
 
Link: https://religiaoepoder.org.br/artigo/evangelicos-ou-protestantes/ 
 
 
 
 
Um dos maiores expoentes da doutrina espírita no século XX foi Chico Xavier, 
“psicografou 451 livros. Os direitos autorais das obras publicadas foram cedidos a editoras 
espíritas e entidades ligadas à caridade. Os livros foram traduzidos para vários idiomas. A 
cidade de Uberaba, transformou-se num polo de atração de inúmeros visitantes, muitos 
tinham perdido pessoas queridas e buscavam consolo e ele psicografou milhares de cartas 
para essas famílias.” (EBC) 
 
Religiões de Matriz Africana: 
A religião de matriz africana é um termo que se refere a um conjunto de religiões 
afro-brasileiras que têm suas raízes nas tradições religiosas africanas, trazidas pelos 
escravos para o Brasil durante a época colonial. 
 
A presença do negro na formação social do Brasil foi decisiva para dotar a cultura 
brasileira dum patrimônio mágico-religioso, desdobrado em inúmeras instituições e 
dimensões materiais e simbólicas, sagradas e profanas, de enorme importância 
para a identidade do país e sua civilização. No que diz respeito à religião 
especificamente, os cultos trazidos pelos africanos deram origem a uma variedade 
de manifestações que aqui encontraram conformação específica, através de uma 
multiplicidade sincrética resultante do contato das religiões dos negros com o 
catolicismo do branco, mediado ou propiciado pelas relações sociais assimétricas 
existentes entre eles, e com as religiões indígenas e bem mais tarde, mas não 
menos significativamente, com o espiritismo kardecista. (PRANDI, 1995, p. 67) 
 
Diante disto, fica evidenciado a relevância das religiões de matriz africana no Brasil. 
 
As religiões de matriz africana incluem várias subdivisões, como: 
 
• Candomblé: O Candomblé é uma religião afro-brasileira que é mais comum 
na região nordeste do Brasil. É uma religião que cultua orixás, entidades 
divinas que representam os elementos da natureza e as forças da vida. 
https://religiaoepoder.org.br/artigo/evangelicos-ou-protestantes/
 
 
34 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Existem várias ramificações do Candomblé, cada uma com suas próprias 
tradições, ritos e orixás. 
• Umbanda: A Umbanda é uma religião afro-brasileira que se originou no Rio 
de Janeiro no início do século XX. É uma religião sincretista que combina 
elementos do Candomblé com o Espiritismo Kardecista e o Catolicismo. Os 
praticantes da Umbanda cultuam orixás, guias espirituais e entidades que são 
consideradas intermediárias entre o mundo dos vivos e o mundo espiritual. 
• Batuque: O Batuque é uma religião afro-brasileira que se originou no Rio 
Grande do Sul. É uma religião que cultua os ancestrais e os elementos da 
natureza, e tem suas raízes nas tradições religiosas africanas trazidas pelos 
escravos bantos para o Brasil. O Batuque tem ritos e práticas específicas que 
variam de acordo com a comunidade em que é praticado. 
• Xangô: O Xangôcultua os orixás do panteão iorubá. É uma designação mais 
comum na região de Pernambuco e Alagoas. O Xangô tem ritos e tradições 
específicas, e é uma das religiões de matriz africana mais antigas e 
respeitadas no Brasil. 
• Tambor de Mina: O Tambor de Mina é uma religião afro-brasileira que se 
originou no Maranhão. É uma religião que cultua orixás e entidades divinas, e 
tem ritos e práticas específicas que foram influenciados pelas tradições 
religiosas africanas e indígenas da região. 
 
 
 
PARECER - Assunto: intolerância e discriminação contra religiões de matriz 
africana – interpretação enquanto expressão do racismo – DPE-SP 
Link: 
https://www2.defensoria.sp.def.br/dpesp/Repositorio/39/Documentos/Pare
cer%20Rel.%20Matr.%20Afr.%20v.3-convertido.pdf 
 
 
 
Essas são apenas algumas das muitas ramificações da religião de matriz africana 
no Brasil. Cada religião tem suas próprias práticas, ritos e tradições que foram moldados 
pelas experiências e contextos locais. 
 
https://www2.defensoria.sp.def.br/dpesp/Repositorio/39/Documentos/Parecer%20Rel.%20Matr.%20Afr.%20v.3-convertido.pdf
https://www2.defensoria.sp.def.br/dpesp/Repositorio/39/Documentos/Parecer%20Rel.%20Matr.%20Afr.%20v.3-convertido.pdf
 
 
35 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Judaísmo: 
O judaísmo é uma religião minoritária no Brasil, com cerca de 0,2% da população. A 
maioria dos judeus brasileiros vive em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a comunidade é 
conhecida por sua forte presença cultural e intelectual. 
 
A luminosa interpretação de Simmel sobre o significado do estrangeiro – aquele que 
busca e se fixa numa nova terra – aplica-se particularmente aos percalços dos 
judeus, imigrantes ou não. Perseguições, expulsões, retornos marcam a história 
judaica seja na Inglaterra, na França, na Europa Central ou no Brasil (...) os 
imigrantes desembarcavam sem encontrar nenhum apoio nos portos. Alguns 
ficavam em Santos, outros vinham para São Paulo de trem. Da Estação da Luz, 
caminhavam pelas ruas próximas na esperança de encontrar alguém que falasse o 
ídiche ou pelo menos o alemão, que se assemelha. Eventualmente traziam o 
endereço de alguém do mesmo schtetl, a pequena cidade de origem . Assim que 
encontravam onde dormir, já no dia seguinte procuravam imediatamente trabalho 
para poder aprender a língua e pagar a comida, nesta ordem de importância. (BLAY, 
2009, p.237) 
 
Importante ressaltar que é uma das três principais religiões monoteístas do mundo. 
Sendo a religião monoteísta mais antiga. Cultuam um único deus chamado Javé ou Jeová. 
Para o judaísmo, a onipresença, onipotência e onisciência são atributos divinos que 
permeiam todo o universo. Ao longo de sua história Deus se comunica com seu povo 
mediante a intermediação dos profetas. Jesus Cristo para o judaísmo é mais um profeta, 
não cabendo o papel central na religião como ocorre com o cristianismo. 
 
Essas são apenas algumas das muitas ramificações religiosas presentes no Brasil 
atualmente. Cada religião tem suas próprias práticas e crenças, e todas são importantes 
para a diversidade cultural e religiosa do país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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6. O PODER, AS IGREJAS E A MASSIFICAÇÃO POLÍTICA – 
REFLEXÕES SOBRE A INTENSIFICAÇÃO DO FUNDAMENTALISMO 
RELIGIOSO 
 
“compreender a força e a capilaridade do fundamentalismo, não o subestimando, 
assim como compreender o papel da religião para o povo latino-americano, 
subjetiva e objetivamente, e construir possíveis diálogos a partir da formação e 
educação popular que contemplem também a leitura da Bíblia – contextualizada e 
ecumênica - na construção de contra narrativas. 
Ouvir a população imersa nas contradições entre discursos e 
práticas fundamentalistas. Rever o discurso do Estado Laico como oposição aos 
fundamentalistas - é necessário que tenhamos argumentos científicos e 
secularizados contra a negação de direitos. (...) ocupar as mídias digitais e 
desenvolver linguagens possíveis, populares e criativas, visibilizando as tantas 
possíveis formas de viver a fé cristã” 
 (TOSTES&CORAZZA, 2021, p. 235) 
 
A questão das relações de poder da igreja, independente da denominação religiosa, 
precisa ser debatida e aprofundada numa perspectiva da influência política e econômica, 
bem como, do fenômeno do fundamentalismo religioso enquanto processo de alienação e 
massificação. 
 
 
 
Leia o artigo : Igreja: carisma e poder: 40 anos 
Link: https://leonardoboff.org/2021/10/29/igreja-carisma-e-poder-40-anos/ 
 
 
 
As religiões, ao longo da história, têm desempenhado um papel significativo nas 
relações de poder da sociedade. Como exemplo, na Idade Média a Igreja Católica Romana 
era uma das instituições mais poderosas da Europa. 
 
 
 
https://leonardoboff.org/2021/10/29/igreja-carisma-e-poder-40-anos/
 
 
37 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 
Ela desempenhava um papel importante no governo e na educação, além de exercer 
grande influência sobre a cultura e a moralidade. Os papas eram considerados líderes 
espirituais e políticos, com poder sobre reis e imperadores. (BOFF,1994) 
 
Com o passar do tempo, o poder da igreja começou a diminuir em algumas áreas, 
mas ela ainda exerce grande influência em muitos países. Por exemplo, em alguns países, 
a igreja é a maior proprietária de terras, além de desempenhar um papel importante na 
educação e na saúde. 
 
 
 
Leitura do livro - Outra teologia é possível, outra igreja também - Vozes 
Link: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/114679 
 
 
 
A relação do sagrado e do divino enquanto credo religioso por parte das múltiplas 
agremiações, pode estar atrelada as relações de poder e de influência de seus líderes e 
expoentes. 
 
Ora, compreender o processo de massificação contribui para desvendar o 
fundamentalismo religioso que certas igrejas, templos, salões e grupos, importante deixar 
claro que não podemos generalizar, disseminam e intensificam na sociedade. 
 
 
 
Leitura do livro - Religião e a democracia brasileira e epub 
 
 
Link: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/208461 
 
 
 
 
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/114679
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/208461
 
 
38 Igrejas E Religiosidade No Brasil 
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O fundamentalismo religioso é um fenômeno que vem se tornando cada vez mais 
presente no Brasil, principalmente nos últimos anos. O crescimento do fundamentalismo 
promove uma interpretação literal e dogmática das escrituras sagradas, rejeitando qualquer 
outra forma de pensamento e comportamento que não esteja de acordo com seus dogmas. 
 
O fundamentalismo é uma ideologia que se apresenta como pura, autêntica e 
verdadeira, que nega a complexidade e a pluralidade da sociedade, e que busca impor seus 
valores e crenças aos outros, muitas vezes por meio da violência ou da exclusão. 
(MARTINS, 2022) 
 
A utilização da religião como instrumento de controle político e social é um fenômeno 
que remonta aos primórdios da civilização. Ainda existem muitas religiões que usam a 
religiosidade como meio de dominação e de manutenção do poder. 
 
A massificação e a alienação são dois conceitos que se relacionam diretamente com 
o poder das igrejas. A massificação se refere à uniformização dos pensamentos e 
comportamentos das pessoas, e a alienação é a perda da capacidade crítica e de reflexão 
sobre a realidade. Ambos os conceitos são frequentemente utilizados para manter o 
controle sobre seus seguidores, por vezes à revelia dos centros de poder das religiões 
enquanto estância máxima decisória.

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