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Questão Social e Saúde Profa. Ma. Larissa Pinheiro O que veremos hoje? • A origem da "Questão Social" e os conceitos dos principais autores cobrados em prova (NETTO, IAMAMOTO, MOTA); • Diferenciação entre "Questão Social" e pauperismo; • A relação entre as fases produtivas do Capitalismo e a forma com que o Estado responde as refrações da "Questão Social" em cada período; • Há uma nova "Questão Social"? • "Questão Social" na contemporaneidade; • A relação "Questão Social" e Saúde, como isso se traduz nas provas da FGV; Origem da "Questão Social" • Segundo Netto (2011), o termo "Questão Social" passa a ser utilizado a partir da terceira década do século XIX para nomear o processo de pauperização massiva e absoluta que atingia a Europa desde as ultimas décadas do século XVIII com a primeira onda industrializante, como o efeito mais imediato da instauração do capitalismo; • "Pela primeira vez a pobreza crescia na razão direta em que aumentava a capacidade social de produzir riquezas" (NETTO, 2011) • Designar esse pauperismo pela expressão "Questão Social" relaciona-se diretamente aos seus desdobramentos sócio-políticos, ou seja, a QS não diz respeito apenas ao processo de pauperização da classe trabalhadora, mas também, aos processos de resistência e organização politica dessa classe; Principais conceitos • IAMAMOTO E CARVALHO: “ a questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operaria e do seu ingresso no cenário politico da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e da repressão”. • MOTA: “ a expressão questão social foi utilizada para designar o processo de politização da desigualdade social inerente à constituição da sociedade burguesa. Sua emergência vinculase-ia ao surgimento do capitalismo e a pauperização dos trabalhadores, e sua constituição enquanto questão política, foi remetida ao século XIX, como resultado das lutas operárias...” Principais conceitos • NETTO: O desenvolvimento capitalista produz, compulsoriamente, a "questão social" - diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da "questão social"; esta não é uma sequela adjetiva ou tansitória do regime do capital: sua existência e suas manifestações são indissociáveis da dinâmica especifíca do capital tornado potência social dominante. A "questão social" é constitutiva do desenvolvimento do capitalismo. Não se suprime a primeira conservando-se o segundo. Para sintetizar e para não esquecer: • Quando falamos em "questão social" sempre vamos falar sobre contradições, interesses antagônicos, afinal seu surgimento é próprio da sociedade capitalista; • A "questão social" é matéria prima e justificativa da profissão; • A "questão social" só passa a ser compreendida assim, a partir da entrada da classe trabalhadora na cena política, sendo assim, é também resistência e luta, não se reduz ao pauperismo; • Sempre que falamos em QS na perspectiva crítica, nos referimos a ela no sigular; (BANCA FGV) A diferença entre pauperismo e questão social caracteriza-se pelo fato de que: (A) as sociedades conhecidas possuem pobres e, portanto, o pauperismo não é eliminável. (B) a pobreza aparecia pela primeira vez na História, com o capitalism. (C) o restrito desenvolvimento das bases técnicas, antes do capitalismo, impedia a eliminação da miséria material. (D) o pauperismo é a manifestação mais aguda da questão social, mas não a resume. (E) a pobreza é o resultado da falta de disposição para o trabalho dos subalternos. (BANCA FGV) Um elemento fundamental a todo projeto é a sua fundamentação teórica. Dessa forma, quando o pressuposto teórico é alimentado por uma visão de mundo dialético-crítica, ele se baseia na compreensão das refrações da “questão social” como: (A) produto da vontade divina. (B) intrínseco ao modo de produção capitalista. (C) consequência de um comportamento individual. (D) resultantes das ações intencionais da classe dominante. (E) falta de capacitação ou sorte de indivíduos ou grupos que enfrentam dificuldades para sobreviver. (BANCA FGV) O surgimento das políticas sociais, generalizando-se no capitalismo monopolista, vincula-se medularmente, à requisição, por parte dos trabalhadores, de respostas do Estado e da burguesia: (A) à pobreza; (B) ao desemprego; (C) aos baixos salários; (D) à questão social; (E) ao comunismo (BANCA FGV) Uma das estratégias do Estado burguês para o enfrentamento da “questão social” reside na implantação das políticas sociais. No Brasil, esta estratégia começa a ser efetivada (A) como consequência da institucionalização do Serviço Social. (B) devido à pressão dos sindicatos patronais. (C) a partir da crise estrutural do capitalismo da década de 1970. (D) mediante o reconhecimento das necessidades da população pobre. (E) com a emergência do capitalismo monopolista. Como o Estado respondeu as refrações da QS em cada fase do desenvolvimento capitalista? Capitalismo mercantil (XVI-XVIII) e concorrencial (XVIII-XIX): ambos sob os princípios liberais clássicos, tratavam as refrações da "Questão Social" a partir de principios assistencialistas e repressivos, ou seja, a QS era caso de polícia, não de políticas sociais; • Aqui não falamos de políticas sociais ainda, mas das suas protoformas; • "Questão Social" vista como problema moral, desajustamento individual, ou mesmo de forma criminalizada, a "vagabundagem" e a "Vadiagem" eram punidas e o trabalho era forçado como forma de ajustar o individuo as normas sociais; Como o Estado respondeu as refrações da QS em cada fase do desenvolvimento capitalista? Capitalismo Monopolista/Maduro/estágio imperialista: o capitalismo monopolista vigora até os dias atuais e pode ser dividido em três fases, a clássica, os anos de ouro e a neoliberal/contemporânea de crise estrutural; • Foi no capitalismo monopolista que o Estado passou a responder as refrações da QS a partir de políticas sociais; • É a partir disso, que se abrem as condições e demandas hitóricas e materiais para o surgimento do Serviço Social; (Lembrando, a QS é justificativa e matéria prima do Seso) Capitalismo Monopolista – Fase clássica: • Se inicia a partir de 1890 e vai até 1940; • É marcado pelo início dos grandes monopólios e com isso, a organização de um mercado mundializado; • Ainda vigora um Estado Liberal; • As primeiras iniciativas para dar conta das refrações da QS são baseadas no seguro social ou modelo Bismarkiano. Capitalismo Monopolista – Anos dourados do capital: • Se inicia a partir 1940 como resposta a grande crise de 1929 e principalmente como forma de reconstruir os paises centrais pós segunda guerra mundial; • Período marcado por uma fase de longa expansão do sistema capitalista; • Estabelecimento e ampliação das políticas sociais, vigorou o chamado Estado de bem estar social; • Modelo de produção Keynesiano-fordista que garantia pelo emprego, produção e consumo em massa; • Questão Social vista como caso de política, vigorou a compreensão de seguridade social ampla e como direito; Capitalismo Monopolista – Contemporâneo/Neoliberal • Se inicia a partir de 1970, com a crise do petróleo. Aqui falamos de crise estrutural do capital, ou seja, chegamos em um momento onde o capitalismo não é mais capaz de recuperar os níveis das taxas de lucros da forma esperada, além disso, suas contradições se tornam ainda mais intensas e agudas; • Reestruturação produtiva fundada no toyotismo, fim do pleno emprego, descentralização da produção; Especulação e financeirização do capital; • Interferencia dos organismos multilaterais nos países periféricos, como o Brasil; • Estado Neoliberal: minimo para o social e máximo para o capital; • Desregulamentação do trabalho, diminuição do poderde organização da classe trabalhadora; • Assistencialização da seguridade social e volta do processo de criminalização da QS; Contemporâneo/Neoliberal - ATUALIDADE DO DEBATE • Ultraneoliberalismo; • Conservadorismo; • Debate em torno do Fundo Público; "As últimas décadas da história brasileira foram marcadas por uma tensa convivência entre os instrumentos legais oriundos da redemocratização brasileira e das lutas sociais que ali foram travadas - a exemplo da Constituição Federal de 1988 e seus capítulos sobre os direitos sociais e a Seguridade Social - e a orientação macroeconômica neoliberal e que hoje ganha contornos dramáticos com o ultraneoliberalismo, numa espécie de ajuste fiscal permanente (...) Uma lógica orientada para a preservação de parcelas ainda maiores do butim - a mais-valia socialmente produzida - para a finança, sustentada sobremaneira pelo fundo público que é também e cada vez mais formado com recursos de reprodução da classe trabalhadora, o trabalho necessário, operando desse modo uma transferência “de baixo para cima”. Esta lógica orientadora do ajuste radicalizou-se no chamado Novo Regime Fiscal, o que configura o ultraneoliberalismo." (BEHRING; SOUZA, 2020) Para sintetizar e para não esquecer • Cada fase de desenvolvimento do sistema capitalista produz novas refrações da Questão Social; • Os organismos multilaterais (Banco Mundial, FMI, Fundação Ford) terão influência na disseminação de compreensão da Questão Social de forma conservadora e neoliberal; • Palavras e termos como "Coesão social", "empreendedorismo", "solidadiedade", "sociedade civil" fazem parte da receita neoliberal, junto dos organismos multilaterais, para dar respostas a QS; • As respostas a QS no neoliberalismo serão fragmentadas, pontuais, refilantropizadas, centradas na assistencialização das políticas de seguridade social e também no processo de criminalização e punitivismo. (BANCA FGV) A prática profissional do assistente social experimenta o impacto das transformações sociais, notadamente aquelas ocorridas a partir da ofensiva neoliberal e da acumulação flexível. Essa conjuntura, segundo Yazbek (2014), interpela o Serviço Social em três dimensões: (A) trabalho profissional; formação profissional; ética profissional; (B) novas manifestações da questão social; redefinição do sistema de proteção social; mediações ideológicas; (C) ampliação da cidadania; universalização das políticas sociais; defesa do Projeto Ético-Político; (D) teórico-metodológica; técnico-operativa; político-organizativa; (E) mundo do trabalho; empregabilidade; inclusão social Texto 1 - Na análise de Netto (2010, p.22), “(...) é largo o leque de fenômenos contemporâneos que indicam o exaurimento das possibilidades civilizatórias da ordem tardia do capital (...)”. Considerando a assertiva do texto 1, dentre os fenômenos que podem indicar o exaurimento das possibilidades civilizatórias da ordem capitalista, dois remetem à forma do enfrentamento da questão social. São eles: (A) a emersão de novas identidades e grupos sociais; (B) a empregabilidade e a governança; (C) a expansão dos direitos sociais e o desemprego estrutural; (D) a desorganização dos trabalhadores e a alienação; (E) a repressão e o novo assistencialismo. (BANCA FGV) Considerando a assertiva do texto 1, as políticas sociais para os “excluídos” enfrentam apenas a penúria mais extrema. O minimalismo dessas políticas, “frente a uma questão social maximizada” (Netto, 2010, p.24), materializa-se em políticas de rendas mínimas, que se cronificam como basicamente assistencialistas, pois: (A) apresentam condicionalidades financeiras; (B) não se conjugam com transformações estruturais; (C) possuem uma distribuição democrática inexequível; (D) são ações do Estado neodesenvolvimentista; (E) terminam por acomodar os pobres na sua situação. (BANCA FGV) O enfrentamento da questão social pelo Estado sob a égide do ideário neoliberal pode ser caracterizado como: I – máximo para o capital e mínimo para o social; II – políticas sociais pontuais e focalizadas; III – expansão dos direitos trabalhistas e sociais. Está correto o que se afirma em: (A) somente II; (B) somente III; (C) somente I e II; (D) somente II e III; (E) I, II e III. Existe uma "nova questão social" Ou "questões sociais"? Para Pastorini (2010) autores como Rosanvallon e Castel compreendem que "as mudanças ocorridas no mundo capitalista contemporâneo marcam uma ruptura com o período capitalista industrial e com a questão social que emergiu na primeira metade do século XIX, com o surgimento do pauperismo, na Europa Ocidental. Assim, no processo inacabado de busca da novidade, entram em cena os ‘novos sujeitos’, ‘novos usuários’ que teriam ‘novas necessidades’. Essas novidades seriam produto das transformações da sociedade capitalista vividas, mundialmente, a partir de meados dos anos 1970, que trazem consigo a necessidade de redefinir os modos de regulação econômicos e sociais" (PASTORINI, 2010, p.25). Existe uma "nova questão social" Ou "questões sociais"? O eixo central da “nova questão social” para Castel é o desemprego e a precarização do trabalho e a promoção de sujeitos desfiliados, sobretudo jovens, os quais passam a ser inúteis para o mundo. Em suas palavras, “o núcleo da questão social hoje seria a existência de ‘inúteis para o mundo’, de supranumerários e, em torno deles, de uma nebulosa de situações marcadas pela instabilidade e pela incerteza do amanhã que atestam o crescimento de uma vulnerabilidade de massa” (CASTEL, 1998, p.593). • "Nova questão social" a partir de três núcleos: desestabilização dos estáveis, a instalação da precariedade, precarização do emprego e o aumento do desemprego; Existe uma "nova questão social" Ou "questões sociais"? Já Pierre Rosanvallon tem um pensamento mais próximo da perspectiva sócioliberal e coloca a ênfase no conceito de “exclusão social”, indicando também três dimensões causais: a crise financeira, decorrente do aumento das despesas sociais e a queda na arrecadação fiscal dos governos; a crise ideológica, resultante da burocratização estatal que teria ocasionado a perda de legitimidade das políticas públicas de intervenção na “questão social”, e; a crise filosófica, considerada pelo autor como a mais grave de todas, que consistiria na “degradação dos princípios de organização da solidariedade e o fracasso da concepção tradicional dos direitos sociais [...]” (ROSANVALLON, 1998) Existe uma "nova questão social" Ou "questões sociais"? Para Braz (2011, p. 16) não existe uma "nova questão social" pois não foi rompida a contradição central que funda a "questão social" ainda com as mudanças ocorridas a partir de 1970, ao contrário, essa contradição apresenta fraturas mais agudas e intensas: "se considerarmos a introdução de significativas modificações e inovações na estrutura social da sociedade burguesa, e no perfil de suas duas classes fundamentais, é possível asseverar que os problemas centrais abertos no século 19 permanecem os mesmos: a burguesia e o proletariado como classes fundamentais, as lutas de classes que delas surgem, a ‘questão social’, o Estado capitalista. Permanecem os mesmos problemas centrais, porém, emergiram e continuam emergindo outros que exigem atualização constante da reflexão teórico-crítica, de modo a procurar compreender as novas manifestações que incidem sob a base dos mesmos fenômenos macrossocietários e multisseculares." Para sintetizar e para não esquecer: • NÃO EXISTE uma "nova questão social", mas sim, novas refrações da "questão social", que surgem de acordo com o desenvolvimento da sociedade capitalista, suas crises e as condições de mobilização da classe trabalhadora. • A contradição capital x trabalho não foi superada, apenas superando-a será possível superar a "questão social" • Fique atenta quando aparecer os termos "desfiliados", "excluídos", "desnecessários", "fissura","exclusão social", pois são termos vinculados a tradição que defende a existência de uma "nova questão social" (BANCA FGV) Segundo autores conceituados, não há uma “nova” questão social, porque: (A) seu fundamento – a contradição capital/trabalho – não foi eliminado. (B) as novas expressões da questão social, não resultaram na exclusão social. (C) até agora só foram realizadas reformas sociais no trato dos problemas. (D) o que se observa, de fato, é a expressiva mudança no mundo do trabalho. (E) o desemprego estrutural ainda não atingiu níveis alarmantes. (BANCA FGV) A posição crítica em relação à insistência de alguns autores em afirmar a existência de uma nova questão social se justifica, porque eles: (A) tomam a questão social como objeto exclusivo de uma categoria profissional específica e a tratam de forma muito genérica. (B) afirmam a pobreza e a desigualdade como passíveis de erradicação a partir da vontade dos homens e das comunidades. (C) concebem a sociedade salarial como a melhor forma de organização para responder às necessidades sociais. (D) compreendem os problemas sociais como oriundos das contradições engendradas pela díade capital/ trabalho coletivo. (E) ignoram as características que acompanham a sociedade capitalista desde o seu surgimento, não explicando o porquê dessa permanência; (BANCA INSTITUTO AOCP) Sobre a chamada "nova questão social" e suas implicações na contemporâneidade, assinale a alternativa INCORRETA: (A) O projeto neoliberal, que confecciona essa nova modalidade de resposta à "questão social", quer acabar com a condição de direito das políticas sociais e assistenciais. (B) Não há uma nova questão social o que se verifica é o surgimentoo e alteração, na contemporaneidade, de suas refrações e expressões. Assim, o que há são novas manifestações da velha "questão social" (C) No contexto atual, a resposta social à "nova questão social" tende a ser externalizada da ordem social e transferida para o âmbito imediato e individual (D) O novo trato à "questão social", contido no projeto neoliberal, promove o processo de precarização das políticas sociais, articulando a refilantropização e remercantilização da questão social (E) A nova questão social expressa a contradição capital-trabalho, as lutas de classe e a desigual participação na distribuição da riqueza social As particularidades da Questão Social no Brasil • País com desenvolvimento dependente e periférico; • Revoluções passivas ou pelo alto; • Longo passado escravista, com permanentes impactos do racismo estrutural na manifestações da Questão Social; • Pacto patrimonialista-patriarcal; (BANCA FUNDEP) "A ampliação exponencial das desigualdades de classe, dessas de disparidades de gênero, etnia, geração e desigual distribuição territorial radicaliza a questão social em suas multíplas expressões coletivas inscritas na vida dos sujeitos, densa de tensões entre o consentimento e rebeldia (IAMAMOTO, 2009, p.343. IN: CFESS, 2013, p. 26) Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir: I – As desigualdades de classe contribuem para multiplas expressões coletivas, que trazem, por sua vez, caracteristicas muito destintas entre o convívio social; PORQUE II – A distribuição territorial é um fator importante para a radicalização das expressões sociais; (A) As afirmativas I e II são verdadeiras e a II é uma justificativa da I. (B) As afirmativas I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. (C) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa. (D) A afirmativa I é falsa, e a II é verdadeira.
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