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APOSTILA - DOUTRINA COOPERATIVISTA UNIFATECIE

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Prévia do material em texto

Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
ZANIN, Marcos dos Reis.
Doutrina Cooperativista. Marcos. dos Reis Zanin.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 105 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
AUTOR
Prof. Me. Marcos dos Reis Zanin
Licenciado em Geografia pela UEM - PR, pós graduado em Cooperativismo pela 
Unisinos - RS; MBA em Gestão de Cooperativas e Cooperativismo pela USP - SP. Mestre 
em Gestão de Cooperativas pela PUC - PR. Professor do ISAE PUC - PR no Programa de 
Capacitação de Conselheiros Cooperativos – PCC. 
Meu vínculo empregatício por mais de 20 anos no segmento cooperativo agropecuário 
e de crédito, desde o início dos anos 80, me trouxe muita experiência prática, fazendo 
com que possa expor em seus cursos/aulas e palestras uma mensagem de orientação e 
reflexão acerca dos desafios do Cooperativismo Contemporâneo; legislação cooperativista 
e seus benefícios para toda a comunidade. 
Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2338298031537259
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Prezado(a) aluno(a),
Procurei desenvolver um material que vai além de informações relevantes 
sobre o cooperativismo e o que pude extrair de várias literaturas a respeito do tema. O 
cooperativismo, como poderá analisar ao final dos nossos encontros e estudos, por 
intermédio das cooperativas espalhadas em todos os continentes, é algo que merece todo 
o respeito pelo que ele propicia às pessoas e às comunidades onde está inserido.
O texto o fará, além de ter melhores conhecimentos sobre o cooperativismo, 
refletir sobre a importância da força da união, do comprometimento com a vida, com o 
humanismo, empatia e respeito com a melhoria da qualidade de vida de todos nós. As 
pessoas que, infelizmente de uma forma ou outra, se aproveitaram destas organizações 
para benefícios próprios são insignificantes em número, se comparadas às que conduzem 
com responsabilidade e comprometimento com a comunidade associativa, empregados e 
a sociedade como um todo.
Nosso trabalho está dividido em quatro unidades, em que procurei expor o que 
de mais relevante pude imaginar que pudesse, de alguma forma, contribuir com seus 
conhecimentos e consciência sobre o cooperativismo. Ficou dividido dessa maneira: 
● Unidade I
o Onde começou o cooperativismo;
o Definição de Cooperativismo;
o Identidade Cooperativa;
o Princípios Universais do Cooperativismo;
o Porque formar cooperativas.
● Unidade II
o As características da empresa cooperativa;
o Importância da Sucessão no processo cooperativo.
● Unidade III
o Alicerces do Cooperativismo;
o Ato Cooperativo;
o Classificação das Cooperativas.
● Unidade IV
o Criação da Lei Cooperativista Nacional;
o Fatores que determinam o insucesso de uma cooperativa;
o Fatores que determinam o sucesso de uma cooperativa.
Há, obviamente, muito mais para ser mencionado, citado, exemplificado e estudado 
sobre o cooperativismo, sobre as cooperativas, seus desafios e projetos futuros, mas creio 
que esse é um bom começo para que possa lhe inspirar em futuros estudos desta, que, para 
mim, é, e sempre será, a melhor forma de organização econômica e social das pessoas.
Temos que valorizar nossa individualidade, mas,
acima de tudo, jamais sobrepô-la aos interesses coletivos. 
Essa é uma das atitudes que caracteriza o verdadeiro cooperativista.
(Prof. Zanin) 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Evolução Histórica do Cooperativismo
UNIDADE II ................................................................................................... 38
Doutrina do Cooperativismo
UNIDADE III .................................................................................................. 58
Ramos do Cooperativismo Nacional
UNIDADE IV .................................................................................................. 77
Legislação do Cooperativismo Nacional
7
● Onde começou o cooperativismo;
● Definição de Cooperativismo;
● Identidade Cooperativa;
● Princípios Universais do Cooperativismo;
● Porque formar cooperativas.
UNIDADE I
Evolução Histórica do Cooperativismo
Prof. Me. Marcos dos Reis Zanin
8UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
INTRODUÇÃO
O cooperativismo é um processo de organização social que as cooperativas se 
mobilizam e se consolidam em torno. Tem como finalidade difundir os ideais em que se 
baseia para que haja maior e melhor desenvolvimento econômico e social em todas as 
sociedades. É uma organização que congrega o maior número de participantes da terra. 
Estudar, conhecer, conscientizar-se e divulgar o cooperativismo, além de prazeroso, por 
verificarmos que ele consegue, como nenhuma outra organização, levar às pessoas uma 
melhor qualidade de vida, também consegue melhorar a região onde atua em todos os 
aspectos. 
No Brasil, principalmente no momento em que passamos, com a maior crise da 
história, o cooperativismo tem, com muita eficácia, continuado seu papel de inclusão social, 
melhor distribuição de renda, desenvolvimento econômico e social das pessoas com 
sustentabilidade. Vem gerando empregos e dando expectativas otimistas às pessoas de 
que poderemos, com a força da união, com responsabilidade e comprometimento, dar um 
futuro melhor, mais digno, humano, solidário e fraterno para nossos filhos,
É muito prazeroso notar o quão importante é para a sociedade como um todo a 
instauração de uma cooperativa na comunidade. O exemplo está no IDH, nas melhores 
moradias, na movimentação econômica da localidade, na empregabilidade gerada e na 
felicidade das pessoas, entre outros valores. 
Não se nasce cooperativista da noite para o dia. É preciso um longo processo de 
educação, capacitação e conscientização e criar uma melhor consciência sobre os valores 
e vantagens do cooperativismo. 
O pensamento cooperativo moderno surgiu na Europa Ocidental, no início do 
século XIX, com o advento da Revolução Industrial, em dezembro de 1844. A partir da 
contribuição de inúmeros pensadores da época, foi se formando a doutrina que dá base 
ao cooperativismo em todo o mundo, até os nossos dias. A Revolução Industrial trouxe 
profundas modificações no pensamento econômico da época que, como consequência, 
provocou várias reformas sociais.
A cultura cooperativista deve ser amplamente difundida em todos os ramos da 
sociedade, em todas as localidades pelo fato de ser a única organização social capaz 
9UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
de atender de forma igualitária e equitativa as necessidades sociais e econômicas das 
pessoas.
Diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres, visto que diminuir as 
desigualdades sociais das pessoas é um dos papéis do cooperativismo. Mas esse valor é 
efetivamente realizado apenas se houver comprometimento de todas as partes envolvidas 
– dirigentes, colaboradores, quadro social e, porque não dizer, da comunidade em que o 
cooperativismo está envolvido. 
Espero que tenha uma boa leitura e, acima de tudo, quehaja entre nós, cada vez 
mais, uma melhor conscientização do Cooperativismo: “Uma Filosofia de vida para um 
mundo melhor, mais humano, fraterno, solidário, democrático, cooperativo e digno de se 
viver”. Por fim, que as nossas futuras gerações mantenham vivos os princípios universais do 
cooperativismo, que foram criados no século XVIII com o intuito maior de levar às pessoas 
uma melhor qualidade de vida.
10UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
1 COOPERATIVISMO – ONDE TUDO COMEÇOU
A gênese do movimento remonta cerca de 175 anos atrás, em Rochdale (Inglaterra), 
mais precisamente em uma comunidade denominada de Beco do Sapo, também conhecida 
como Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, do inglês, Rochdale Society of Equitable 
Pioneers. Depois de inúmeras reuniões, muitas delas (28 tecelões, sendo 27 homens e 
1 mulher), frustradas, instituiu-se um novo sistema socioeconômico e um estatuto muito 
diferente das empresas mercantis. Com a economia mensal de cada membro, conseguiram 
um Capital de 28 libras que foi utilizado para adquirir bens de primeira necessidade, que 
serviram para abrir uma cooperativa do ramo de consumo (GOIÁS COOPERATIVO, 2018).
Em plena revolução industrial, motivados por inúmeras necessidades sociais, os 
trabalhadores das tecelagens da Inglaterra se uniram sobre os pilares da cooperação, em 
prol do bem comum, para adquirir alimentos mais baratos, para suprir suas necessidades 
econômicas e de desenvolvimento social. Já na constituição da primeira cooperativa foram 
instituídos os princípios cooperativistas que rigorosamente deveriam ser observados e 
praticados pelos seus sócios.
Diante das transformações socioeconômicas do mundo, esses princípios foram 
revistos e atualizados para atender as exigências e necessidades do mundo moderno. 
Dentre os sete Princípios Universais do Cooperativismo, cinco deles estão intimamente 
relacionados aqueles definidos pelos pioneiros de Rochdale.
O cooperativismo é uma forma de organização muito mais antiga do que remontam 
os registros. Segundo Bialoskorski Neto (2006, p. 21), “há registros sobre a cooperação e a 
11UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
associação solidária desde a Pré-História da civilização, em tribos indígenas ou em antigas 
civilizações como os Babilônicos”. 
Características como o peso e preço justos, relações sinceras e honestas, 
preocupação com os interesses do grupo e busca por melhores condições e qualidade 
de vida, foram fontes de satisfação para que os cooperados optassem por uma sociedade 
cooperativa que se opunha às empresas mercantis e indústrias que exploravam a mão de 
obra dos trabalhadores e seus consumidores ingleses. Um dos ideais do pequeno armazém 
dos Probos Pioneiros de Rochdale era que em nenhum momento o lucro poderia sobrepor 
o aspecto moral de bem-estar social e econômico de seus membros. Os cooperados se 
sentiam donos do empreendimento e tinham senso de pertencimento. A participação nas 
decisões era democrática, com participação efetiva dos cooperados nas discussões. Criou-
se, então, um laço forte de confiança entre a cooperativa e o quadro social, fazendo com 
que mais pessoas aderissem à sociedade. Foram esses alguns dos diferenciais que fizeram 
com que a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale obtivesse êxito e apresentasse ao 
mundo o cooperativismo como sendo uma alternativa justa e humana de desenvolvimento 
econômico e social.
1.1 Um Pouco da História Contada pela UNIMED/RS
Para melhor elucidar o surgimento do cooperativismo moderno, está transcrito 
a seguir um resumo extraído da publicação realizada pela UNIMED/RS – Federação do 
Estado do Rio Grande do Sul e WS Editor, em Porto Alegre, em setembro de 2000, fazendo 
parte da série Saber – Fazer Unimed RS.
Após inúmeras reuniões e análises das mais variadas alternativas para a 
subsistência, finalmente os tecelões conseguiram juntar a soma das 28 libras necessárias 
para abertura do seu armazém cooperativo. Numa triste tarde de inverno, a mais longa 
do ano, a 21 de dezembro de 1844, os probos pioneiros inauguraram as suas operações, 
oferecendo, inicialmente, quantidades pequenas de manteiga, açúcar, farinha de trigo e de 
aveia (mais tarde o fumo e o chá foram oferecidos). Corria a notícia entre os comerciantes 
de que alguém ia fazer-lhes concorrência. 
Olhares se dirigiam para “Toad Lane” (Travessa do Sapo – endereço da nova 
loja), à procura do inimigo, mas, como em alguns combates de que se tem ciência, os 
inimigos não apareciam. Alguns cooperados se reuniram clandestinamente para assistir 
à inauguração dos negócios e se encontravam no recinto triste e incômodo do armazém, 
12UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
como conspiradores, perguntando-se a si mesmos quem teria coragem de abrir as portas e 
iniciar a distribuição das mercadorias. Um preferia não ser encarregado; outro não desejava 
ser visto no armazém para não sofrer represálias dos comerciantes. Enfim, a situação era 
dramática. Por fim, um deles, mais audaz do que os outros, sem se preocupar com a 
opinião pública, abriu a porta do armazém e, em poucos segundos, colocou em reboliço 
“Toad Lane” inteira.
As dificuldades eram inúmeras, das mais diversas, porém sem nunca esmorecer. A 
população caçoando, comerciantes impondo resistências, mas os embrionários comerciantes 
compreenderam rapidamente que teriam que lutar contra obstáculos mais sérios do que 
as caçoadas da população. O exíguo capital social os obrigava a fazer aquisições em 
pequenas escalas, com prejuízos de preço e da qualidade dos produtos. Alguns sócios 
estavam endividados com os seus antigos fornecedores e não podiam, nem se atreviam 
a comprar no armazém social. Por outro lado, como acontece quando se iniciam novas 
instituições, vários sócios não tinham nem a prudência nem a virtude de compreender o seu 
interesse; não se apercebiam de que para serem bons cooperados era fundamental que 
se submetessem a fazer algum sacrifício, pelo menos por algum tempo. Esse é o preço do 
pioneirismo.
Naturalmente, a qualidade dos produtos oferecidos no armazém cooperativo era 
inferior aos vendidos por outros armazéns e o preço era frequentemente mais alto. Esses 
inconvenientes, momentâneos e insignificantes em relação aos fins que se pretendiam 
atingir, afastavam os compradores que unicamente se preocupavam com a utilidade direta e 
imediata. Não raro, a pobreza é o maior obstáculo oposto ao êxito das empresas, obstáculo 
maior que os próprios preconceitos sociais. Para aquele que não tem recursos, é fundamental 
que cada centavo se reverta utilmente, produzindo o máximo possível. Tornava-se difícil 
convencer aqueles indigentes de que, comprando no armazém cooperativo, teriam um 
retorno financeiro ao final do trimestre. Eles nem sequer acreditavam no final do trimestre e 
desconfiavam das promessas de benefícios, pois a perda de um centavo hoje está próxima, 
e o ganho de seis centavos daqui a três meses está distante. 
O que, na verdade, os tecelões estavam procurando era a alternativa de conquistar 
a preferência e a fidelidade dos seus sócios. Charles Howarth, um dos líderes do movimento, 
pensou que, para reverter a situação seria necessário, que houvesse um processo de 
educação antes da prestação de serviços da cooperativa. A boa qualidade, o peso justo, 
a medida exata e as relações sinceras e honestas, no comércio, são fontes de satisfação, 
porém pessoas criteriosas preferirão sempre a economia de alguns centavos em detrimento 
13UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
das vantagens mencionadas. Para que existam vendedores honrados, é fundamental que 
existam, em primeiro lugar, compradores honrados. 
As discussões eram muito frequentes e giravam em torno do bem estar dos homens, 
da redenção social e das condições que eram impostas aos trabalhadores. Após inúmeras 
experiências bem sucedidas, em 1849 a sociedade dos pioneiros resolveuorganizar a seção 
de educação. Foi designada uma junta diretora, encarregada de recolher doações de livros 
que os sócios quisessem fazer à sociedade. Pouco tempo depois, a fim de satisfazer os 
pedidos dos sócios, a sociedade aprovou a dotação de cinco libras esterlinas para fomento 
da biblioteca. Esta seria aberta para todos uma vez por semana, aos sábados, das 19 às 
21 horas. Para ter acesso à biblioteca pagava-se uma mensalidade. 
Como o número de livros disponíveis tornou-se insuficiente para atender a demanda, 
a assembléia votou uma segunda verba de cinco libras, que se repetiu três meses depois. 
Mas as necessidades eram cada vez maiores e a junta acabou por conceber o projeto de 
requerer um subsídio de quarenta libras esterlinas. A biblioteca, assim mesmo, continuou 
merecendo a maior atenção de parte dos sócios, pois era o que os diferenciava dos demais 
trabalhadores, a informação e o conhecimento. 
Em 1853, ao serem revistos os estatutos, o senhor John Brierley, um dos sócios mais 
antigos, propôs que se destinassem à educação 2% das sobras apuradas trimestralmente 
que, mais tarde, tornou-se 2,5%.
É importante ressaltarmos que foi essa decisão de destinar 2,5% das sobras líquidas 
à educação geral que elevou tanto a consideração pública sobre a Sociedade Cooperativa 
de Rochdale. Foi essa “regra de ouro” que lhe deu tanto valor, que lhe conquistou a simpatia 
de tantos amigos e lhe angariou fama universal. Foi esta regra que, tendo contribuído para 
o progresso intelectual e moral dos cooperados, preservou a sociedade do perigo de ver os 
seus estatutos reformados por pessoas ignorantes ou mal informadas.
Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) do 
estado de Goiás, os impactos causados pelas cooperativas em diversos países são de 
extrema relevância:
Na Alemanha, cerca de 18 milhões de pessoas são associadas às coopera-
tivas de crédito, o que equivale a 21% da população;
No Brasil, as cooperativas são responsáveis por 40% do PIB agrícola e 6% 
do total das exportações agrícolas;
No Canadá, de cada três habitantes, um é membro de uma cooperativa de 
crédito;
Na Espanha, as cooperativas de Mondragon fazem parte, em escala nacio-
nal, dos maiores fabricantes de refrigeradores e de equipamentos eletrodo-
mésticos;
14UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
Nos Estados Unidos, as cooperativas controlam cerca de 80% da produção 
de laticínios. Além disso, foram as cooperativas que levaram a energia elétri-
ca ao meio rural;
Na França, as cooperativas dos ramos agropecuário e de crédito se desta-
cam na economia;
Na Índia, cerca de 12,3 milhões de pessoas são membros de cooperativas 
de laticínios e responsáveis por aproximadamente 22% do leite produzido no 
País (GOIÁS COOPERATIVO, 2018)
Sabemos, obviamente, que a legislação em cada país é diferenciada para a 
constituição de uma cooperativa. As regras internas mudam de país para país, mas os 
princípios e valores do cooperativismo são universais. Talvez esteja aí o segredo desta 
importante representatividade do cooperativismo para a melhoria da qualidade de vida das 
pessoas.
15UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
2 DEFINIÇÃO DE COOPERATIVISMO
Mais do que conhecer o significado de sociedade cooperativa é ter consciência 
do significado desta instituição. Compreender seus valores, entender seus limites e sua 
responsabilidade, não apenas perante o quadro social e de empregados, é imprescindível 
para a sua existência de forma sustentável.
Segundo Pinho (1996), pode-se dizer que a cooperação é uma forma de integração 
social e pode ser entendida como ação conjugada em que pessoas se unem, de modo 
formal ou informal, para alcançar o mesmo objetivo. Cooperação é uma palavra que vem 
do latim, cooperari, com o significado de operar juntamente e associada à prestação de 
trabalho conjunto, mútuo e com objetivos comuns.
Apesar da pluralidade de definições de cooperativismo, nota-se uma convergência 
em relação às características como ajuda mútua, ao respeito à individualidade e ao 
benefício de todos pelo esforço conjunto. Schneider (1999) define cooperativismo como 
sendo uma filosofia de vida, doutrina, sistema, movimento; ou simplesmente uma atividade 
que, por meio das cooperativas, atua como instrumento organizador da humanidade, tendo 
como premissa a economia solidária e a participação democrática, considerando os direitos 
e deveres iguais para todos, sem que haja qualquer tipo de discriminação de qualquer 
natureza para todos os cooperados.
O cooperativismo está fundamentado na união ou reunião de pessoas e não 
de capital. Por meio das cooperativas, utilizadas como instrumento dessa viabilidade, o 
16UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
interesse individual não pode se sobrepor ao coletivo; objetivando estas instituições, única e 
exclusivamente, a prestação de serviços de interesse desse grupo sem que haja a obtenção 
do lucro. É a única forma de organização mundial capaz de atender as necessidades 
econômicas e sociais de seus integrantes, com respeito ao valor equitativo que promove 
com sucesso o equilíbrio e justiça entre os participantes. De acordo com Marschall (2009, 
p. 289),
O fenômeno do cooperativismo vem se destacando como uma das formas 
mais usuais de associativismo. Desde a sua aplicação considerada mais 
impactante, especialmente para as relações sociais entre patrões e empre-
gados, em Rochdale, o cooperativismo tem arrebanhado adeptos e críticos, 
seguindo, em geral, duas análises distintas. A primeira, de caráter ideológico, 
prega os ideais da união e da solidariedade, no estilo “a união faz a força”. A 
segunda assume postura mais crítica, comparando as cooperativas a qual-
quer empresa capitalista que objetiva, em primeira instância, o lucro. 
De acordo com dados obtidos do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2018, 
publicado pela OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras no início do ano de 
2019, existem mais de 1,2 bilhão de sócios no planeta em 150 países. São mais de 3 
milhões de cooperativas que, juntas, empregam 280 milhões de pessoas. Trata-se da 
maior organização socioeconômica do planeta, pois, se formos considerar o número de 
associados, empregados e seus familiares, mais da metade do planeta vive em função do 
cooperativismo. Em Ferreira (1999) vamos encontrar os significados para as palavras que 
representam o cooperativismo de uma forma geral:
● Cooperar: agir ou trabalhar junto com outros, para um fim comum; colaborar; 
agir conjuntamente para produzir um efeito; contribuir.
● Cooperação: ato de cooperar; colaboração; prestação de auxílio para um fim 
comum; solidariedade.
● Cooperado: pessoa que faz parte de uma cooperativa; cooperador. Pode 
apresentar as variáveis de associado, sócio ou membro da sociedade.
● Cooperador: que ou aquele que coopera; colaborador.
● Cooperativa: associação de pessoas que exerce quaisquer atividades 
econômicas ou sociais em benefício comum.
● Cooperativismo: sistema econômico e social em que a cooperação é a base 
sobre a qual se constroem todas as atividades econômicas.
● Cooperativista: relativo às sociedades cooperativas ou ao cooperativismo; 
pessoa adepta do cooperativismo.
● Cooperativo: que coopera; Em que há cooperação.
17UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
As diferenças entre as pessoas, suas singularidades, seus interesses pessoais, 
objetivos, crenças etc. não podem sobrepor os interesses da coletividade sob pena de 
a instituição cooperativa não conseguir enfrentar os obstáculos para sua sobrevivência. 
Para Schneider (2005), o cooperativismo é uma filosofia de vida e é a única organização 
capaz, através das cooperativas, de atender as pessoas associadas em suas necessidades 
sociais e econômicas.
2.1 Identidade e Participação Cooperativista
A vez e a voz do cooperado, promovidas pelo direito de Gestão Democrática, 
propiciada pelo segundo Princípio Universal do Cooperativismo,pelo Art. 38 da Lei 5.764/71 
e pelos respectivos estatutos sociais das cooperativas, dão legitimidade ao produtor rural 
como proprietário e responsável pela instituição. Reitera que a sua permanência como sócio 
da cooperativa é essencial para a continuidade da instituição. Nesse contexto, observa-se a 
importância de o associado conhecer a legislação e a regulamentação estatutária. A partir 
do conhecimento de seus direitos e deveres, por exemplo, o associado se sente integrante 
no meio societário, sabendo que suas características individuais contribuirão para o todo. O 
oposto, ou seja, sem essa identificação com o meio societário, o faz, naturalmente, procurar 
outras formas que possam atender suas necessidades, sem que seja de forma coletiva ou 
por meio de uma cooperativa. 
O número de associados presentes em uma assembleia, as reuniões de núcleos 
da OQS, os eventos técnicos e institucionais e demais eventos, por meio da pesquisa 
documental, demonstram a importância da participação do associado e seus familiares 
nestes eventos, para a melhoria de suas capacidades técnicas produtivas, de grande 
relevância como contribuinte da identidade do produtor quanto a sua importância como 
produtor rural.
É necessário considerar que a aptidão de produtor rural por determinada atividade 
e suas condições socioeconômicas podem significar seu sentimento de pertencer (ou não) 
e se fazer presente em uma sociedade. A satisfação de realizar aquilo que é prazeroso faz 
com que as adversidades – naturais em qualquer profissão ou atividade – sejam melhor 
solucionadas e superadas. Isso, aliado à diversidade com que cada um lida ou encara a 
profissão, contribui para a construção da identidade. 
Além do caminho da identificação, a identidade pode surgir pelo contraste 
com o diferente, ou pela oposição ao adversário, o que implica uma relação. 
Ver a identidade de forma relacional significa reconhecer a importância do 
18UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
outro na composição de si mesmo, pois é só através desse outro, do diferen-
te, que a identidade pode ser percebida como singular (BAUER; MESQUITA, 
2007, p. 20).
A socialização primária ocorre pela emoção de se sentir pertencente a um grupo 
familiar. Com o passar do tempo, esses laços familiares, culturais, religiosos, sociais, entre 
outros, contribuem para criação da própria identidade. A colonização da região do oeste 
paranaense foi realizada por alemães católicos e seus descendentes – laços afetivos e 
religiosos que estão diretamente ligados à formação da identidade. Marschall (2009, p. 292) 
destaca o papel exercido pela doutrina religiosa no surgimento de cooperativas:
[...] A doutrina religiosa, empregada desde o início da fundação das colônias, 
assumiu papel significativo no surgimento da cooperativa em questão. A fa-
mília é tida como o espaço social pelo qual o pequeno proprietário mantém 
a sua identidade como agricultor, seu estilo de vida, seu modo de produção 
voltado a policultura, e é também nela que alimenta e fortalece seu projeto de 
vida de sobrevivência e de bem-estar.
A vida em coletividade demonstra às pessoas as diversas formas de encarar 
determinadas realidades ou com que situação ou ação são resolvidos alguns problemas 
ou como se realizam sonhos individuais ou coletivos. São as diferenças individuais que 
evidenciam a cada um os seus limites, necessidades de aperfeiçoamento ou de que forma 
suas características podem (ou não) contribuir com o coletivo. Caso contrário, o coletivismo, 
associativismo ou cooperativismo deixaria de existir, pois sem essas premissas, ou seja, 
essas diferenças e respeitando as características e identidade de cada indivíduo, não 
haveria convívio coletivo capaz de fazer com que essas diferenças fossem instrumento de 
crescimento individual. De fato, segundo Bauer e Mesquita (2007, p. 20):
Dividir, ou classificar, também significa, no mais das vezes, hierarquizar, e 
a hierarquia é determinada por aqueles que têm o poder de instituir deter-
minada representação. É por meio da representação que a identidade e a 
diferença passam a existir. 
Seria muito mais agravante a situação da desconstrução de identidade do produtor, 
caso não houvesse a participação da Cooperativa LAR no oeste paranaense. Isso porque 
essa oferece condições e oportunidades para o produtor rural se desenvolver socialmente e 
economicamente em uma pequena área de exploração agropecuária, que obrigatoriamente 
se faz necessária por intermédio da diversificação de atividades. Ainda assim, há uma 
evasão preocupante na região da área de ação da cooperativa. 
Por desinteresse, falta de incentivo dos pais, má gestão da propriedade, que resulta 
na improdutividade e alto custo de produção, falta de adaptabilidade às novas exigências 
mercadológicas e operacionais entre outros motivos, muitos jovens têm deixado a atividade 
19UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
rural para migrar para os grandes centros em buscas de empregos ou para desenvolverem 
outras profissões não ligadas à atividade rural exercida por seus pais. Cabe à cooperativa, 
em conjunto com as famílias, o papel de desenvolver planejamentos e ações a fim de que 
esse problema seja amenizado e para que a evasão não prejudique a continuidade da 
produção familiar e muito menos a da própria cooperativa.
Cabe mencionar que as cooperativas agropecuárias têm um papel impor-
tante no desenvolvimento rural, pois são instituições que podem participar e 
influir diretamente no cotidiano das atividades produtivas de seus integrantes, 
com vistas a gerar ganhos econômicos e melhorias na qualidade de vida 
(BOESSIO; DOULA, 2017, p. 439).
 Há uma grande preocupação do sistema cooperativista nacional quanto ao 
processo sucessório de seus associados, principalmente no que diz respeito a produção 
rural. A cada geração diminui-se a quantidade de sucessores que assumem a propriedade 
dos antecessores, sendo que os balanços sociais e econômicos das cooperativas apontam 
fortemente essa tendência. Isto está ligado, inclusive, à perda da identidade, segundo 
os produtores entrevistados. Mais que ter identidade no processo produtivo rural há a 
necessidade de valorização socioeconômica para devida continuidade – papel indispensável 
da cooperativa.
Também é possível fazer uma reflexão a partir do estudo de Pellin (2017), que 
estabelece uma ligação entre o indivíduo e as organizações por laços afetivos, imaginários 
e psicológicos, que ultrapassam a importância da relação com o próprio trabalho em si. Os 
propósitos que a organização estabelece podem ser ressignificados pelas pessoas que 
vão executá-los, em função das relações interpessoais e da interação das pessoas com a 
organização. Trata-se de uma associação que permite aos pertencentes se reconhecerem 
como seres sociais através dos relacionamentos e da interação com os outros.
2.2 O Cooperativismo no Brasil
O ideal cooperativismo puro já tinha mais de meio século de aplicação prática 
quando chegou ao Brasil. Três tentativas de adotá-lo não foram bem sucedidas. Quem 
efetivamente o trouxe e lhe deu formas reais foi o padre suíço Theodor Amstadt, que lançou 
numa reunião, à Sociedade de Agricultores Rio-Grandense da Linha Imperial, a ideia de 
organização de uma caixa de linhas de crédito rural nos moldes das caixas de Raiffeisen, 
idealizadas por Friedrich Raiffensen, prefeito de uma pequena localidade na Alemanha 
(PINHO, 1982).
20UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
De sua iniciativa e de seu trabalho pastoral nasceu a primeira e verdadeira instituição 
de cunho cooperativista no Brasil, com o nome de Cooperativa de Crédito Rural Nova 
Petrópolis Ltda. COOPERURAL, em Nova Petrópolis (RS), com data de fundação em 28 
de fevereiro de 1902, o que fez do Rio Grande do Sul o berço do cooperativismo brasileiro. 
O Quadro 1 ilustra os principais números do cooperativismo nacional, divulgado em 2019 
pela Organizaçãodas Cooperativas do Brasil (OCB).
Quadro 1 – Demonstração do número de cooperativas, cooperados e empregados no Brasil
Ramo do Cooperativismo 
Nacional
Número de 
Cooperativas
Número de 
Cooperados
Número de 
Empregados
AGROPECUÁRIO 1.613 1.021.019 209.778
CONSUMO 205 1.991.152 14.272
CRÉDITO 909 9.840.977 67.267
EDUCACIONAL 265 60.760 3.412
ESPECIAL 10 377 8
HABITACIONAL 282 103.745 742
INFRAESTRUTURA 135 1.031.260 5.824
MINERAL 95 59.270 177
PRODUÇÃO 230 5.564 1.132
SAÚDE 786 206.185 107.794
TRABALHO 925 198.466 5.105
TRANSPORTE 1.351 98.190 9.792
TURISMO E LAZER 22 1.867 15
TOTAL GERAL 6.828 14.618.832 425.318
Fonte: OCB (2019).
Segundo dados levantados junto a OCB no Anuário do Cooperativismo Brasileiro, 
nos últimos quatro anos o Brasil conseguiu gerar por volta de 5% de novos empregos. 
Enfatiza-se a importância do papel das cooperativas brasileiras como contribuintes para 
o desenvolvimento nacional, que sozinhas geraram no mesmo período mais de 18% de 
novos postos de trabalho, totalizando mais de 425 mil empregos. Um dado interessante 
da pesquisa realizada pela OCB é no tocante a empregabilidade feminina, que representa 
48% deste total. O Quadro 1 retrata essa relevância, dadas essas importantes informações 
quanto ao número de pessoas que as cooperativas atendem diretamente. 
21UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
Juntas, as cooperativas brasileiras, distribuíram, aos seus associados como 
resultados (sobras) positivos nas assembleias, mais de 7.5 bilhões de reais; e conta com 
o expressivo número de R$40.2 bilhões em capital social (somatório de todas as contas 
capitais dos associados).
Os resultados são a base para o Sistema OCB traçar estratégias eficazes 
para tornar o cooperativismo ainda mais forte e desenvolvido, sendo reco-
nhecido, consequentemente, pela sociedade por sua competividade, integri-
dade e capacidade de gerar felicidade para as pessoas (OCB, 2019, p. 25).
Se formos comparar com outros países, tais como o Canadá, Alemanha, Nova 
Zelândia, entre outros, mais de 30% da população faz parte de alguma cooperativa, seja 
como associado ou trabalhador. No Brasil este número fica por volta dos 7%. Muito ainda 
há de se fazer para que, além do aumento deste índice, mais pessoas possam usufruir dos 
produtos e serviços das cooperativas.
22UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
3 IDENTIDADE COOPERATIVA
Desde a criação da primeira cooperativa, a identidade cooperativa vem 
amadurecendo. Um grande marco nesse contexto ocorreu em 1995, no 31º Congresso 
da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Manchester (Inglaterra). Em vista dos 
desníveis sociais, empregabilidade e perspectiva de vida da população mundial, definiu-se 
a identidade cooperativa que vigora na atualidade, juntamente com os novos princípios e 
valores do cooperativismo. Está contextualizada e formalizada em todo o mundo, composta 
por três elementos: Princípios, Valores e Fundamentos. Esses três elementos, além de 
comporem a identidade cooperativa, instrumentalizam seus estatutos sociais. Devem 
constantemente ser observados em todas as ações da instituição cooperativa sob pena 
de dissolução da sociedade, havendo, em muitos casos, prejuízos para os seus membros 
associados.
Como enunciado, a identidade cooperativa tal que vigora na atualidade foi resultado 
de exaustivas discussões acerca do tema na ACI, sem que haja conhecimento de publicações 
específicas do tema. O Congresso realizado pela ACI sugere que a identidade cooperativa 
está fundamentada na identidade organizacional e senso grupal, que é a característica 
principal do cooperativismo.
De acordo com a Lei 5.764/71 (BRASIL, 1971), cooperativa é uma associação de, 
no mínimo, 20 pessoas com interesses comuns, economicamente organizada de forma 
democrática, isto é, contando com a participação livre de todos e respeitando os direitos e 
23UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos. 
Entretanto, a partir de 2003, por força do Novo Código Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002), o 
número mínimo para constituição é aquele que seja suficiente para a boa administração e 
fiscalização da instituição (BRASIL, 2002). Contudo são necessárias 20 pessoas físicas, no 
mínimo, para que haja o registro nas Organizações das Cooperativas Estaduais.
3.1 Valores do Cooperativismo
Cooperativa é uma organização de pessoas que se baseia em valores de ajuda 
mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Seus objetivos 
econômicos e sociais são comuns e necessários a todos. Os aspectos legais e doutrinários 
são distintivos de outras sociedades. Seus associados acreditam nos valores éticos da 
honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação com seu semelhante.
Os conceitos que dão identidade e sustentação ao cooperativismo:
● Cooperar: unir-se a outras pessoas para conjuntamente enfrentar situações 
adversas, no sentido de transformá-las em oportunidade e bem-estar econômico 
e social.
● Cooperação: método de ação pelo qual indivíduos ou familiares com interesses 
comuns constituem um empreendimento. Os direitos são todos iguais e o 
resultado alcançado é repartido somente entre os integrantes, na proporção da 
participação de cada um.
● Sócios: indivíduo, profissional, produtor de qualquer categoria ou atividade 
econômica que se associa a uma cooperativa para exercer atividade econômica 
ou adquirir bens de consumo e/ou duráveis.
O cooperativismo surgiu entre trabalhadores ingleses que buscaram na cooperação 
solidária a solução para os problemas econômicos causados pela concentração do 
capital, resultando em dificuldades de sobrevivência. Apoiados em teorias de pensadores, 
idealizadores e filósofos estabeleceram/criaram os princípios norteadores, baseados nos 
valores de:
● Autoajuda: é baseada na crença de que todas as pessoas podem e devem 
esforçar-se para controlar seu próprio destino. Cooperativas acreditam, porém, 
que um completo desenvolvimento individual se dá a partir da associação com 
outros indivíduos. Através da ação conjunta e responsabilidade mútua, podemos 
24UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
alcançar mais, aumentando nosso poder de influência coletiva no mercado e 
frente aos governos.
● Autorresponsabilidade: significa que os sócios assumem a responsabilidade 
por sua cooperativa. Os sócios têm a responsabilidade de promover a sua 
cooperativa na comunidade. Além de assegurar a independência de sua 
cooperativa de outras organizações públicas ou privadas.
● Igualdade: a unidade básica da cooperativa é o sócio, o ser humano. Essa é uma 
das características que distinguem a cooperativa de outras organizações de 
capital. Os sócios têm direitos de participação, de informação, de comunicação 
e de estarem envolvidos na tomada de decisões. A cooperativa deve assegurar 
a igualdade entre os seus associados. É um desafio difícil, porém deve ser 
contínuo para todas as cooperativas.
● Equidade: ela se refere à maneira como os sócios são tratados, como são 
recompensados por sua participação econômica junto à cooperativa, através 
de dividendos, alocação de reservas de capital ou redução de taxas e tarifas. 
Aborda as relações operacionais mantidas entre os sócios e sua cooperativa. 
Alcançar a equidade em uma cooperativa é um desafio contínuo.
● Solidariedade: esse valor tem uma longa e consagrada história no movimento 
cooperativista mundial. Ele assegura que uma cooperativa é mais do que uma 
associação de pessoas, também é uma coletividade, trazendo benefícios para 
toda uma comunidade. É um ambiente onde se preservam as individualidades das 
pessoas, mas se combatem os individualismos. Busca atender as necessidades 
individuais dos seus membros, desde que esses sejam coincidentes ou que 
não se oponham aos interesses gerais da comunidade de associados. Por 
fim,é necessário enfatizar que a solidariedade é a causa e a consequência da 
autoajuda e da ajuda mútua.
● Honestidade, Transparência e Responsabilidade social: muitas das primeiras 
cooperativas do século XIX, mais obviamente os pioneiros de Rochdale, tinham 
um compromisso especial com a honestidade. Na verdade, seus esforços eram 
distintos no mercado parcialmente, porque elas insistiam em medidas honestas, 
alta qualidade e preços justos.
25UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
4 PRINCÍPIOS UNIVERSAIS DO COOPERATIVISMO
Os princípios cooperativos são as linhas que orientam as cooperativas para que 
estas possam aplicar seus valores para o bem de uma sociedade cooperativa.
Sob os pilares da cooperação que tem como destaque a união do social (união 
de pessoas – autogestão) e do que trata o econômico (empresa de propriedade coletiva e 
democraticamente gerida em que todos têm participação equitativa nos resultados), é o que 
assegura a longevidade de uma instituição cooperativa.
Desde a constituição da primeira cooperativa, como já enunciado, os princípios 
universais sofreram alterações e, para atender as exigências da sociedade moderna, no 
ano de 1995, em Manchester, na Inglaterra, por ocasião do Congresso Internacional de 
Cooperativas, foram instituídos os novos princípios universais do cooperativismo, listados 
no Quadro 2:
26UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
Quadro 2 – Princípios universais
1º Princípio
Adesão voluntária 
e livre
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pes-
soas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades 
como cooperados, sem discriminações sociais, raciais, políticas, reli-
giosas ou de gênero.
2º Princípio
Gestão 
democrática pelos 
sócios
As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus 
cooperados, que participam ativamente na formulação das suas políti-
cas e na tomada de decisões. Os conselheiros e diretores – eleitos nas 
assembleias gerais como representantes dos demais cooperados – 
são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os 
cooperados têm igual direito de voto (cada cooperado, um voto); nas 
cooperativas de grau superior pode ser instituída a proporcionalidade 
de votos, desde que se mantenha a forma democrática da organização.
3º Princípio
Participação 
econômica dos 
cooperados
Os cooperados contribuem equitativamente e controlam democratica-
mente o capital de suas cooperativas. Os cooperados destinam os 
excedentes a finalidades como o desenvolvimento da cooperativa, 
eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo 
menos, será indivisível; benefício aos cooperados na proporção das 
suas transações com a cooperativa; apoio a outras atividades desde 
que aprovadas pela assembleia geral dos cooperados.
4º Princípio
Autonomia e 
independência
As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, con-
troladas pelos cooperados. Em caso de firmarem acordos com outras 
organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital 
externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle de-
mocrático pelos cooperados e mantenham a autonomia da sociedade. 
A Constituição Brasileira promulgada em 1988, em seu Art. 5º, Inc. 
XVIII reforça esse princípio básico do cooperativismo ao disciplinar: 
“a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas inde-
pendem de autorização, vedada a interferência estatal em seu funcio-
namento”.
5º Princípio
Educação, 
formação e 
informação 
As cooperativas promovem a educação e a formação de seus coope-
rados, dos representantes eleitos, dos gerentes e de seus funcioná-
rios, de forma que estes possam contribuir eficazmente para o desen-
volvimento da cooperativa. Divulgam os princípios de cooperativismo 
e informam a natureza e os benefícios da cooperação para o público 
em geral, particularmente para os jovens e os líderes de opinião.
6º Princípio Intercooperação
Para as cooperativas prestarem melhores serviços a seus cooperados 
e agregarem força ao movimento cooperativo, devem trabalhar em 
conjunto com as estruturas locais, regionais, nacionais e internacio-
nais.
7º Princípio
Interesse pela 
comunidade
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das 
suas comunidades através de políticas aprovadas pelos cooperados. 
Este sétimo princípio foi especialmente instituído pelo Congresso da 
Aliança Cooperativa Internacional em setembro de 1995.
Fonte: OCEPAR (2018).
27UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
 Estes princípios enunciados no Quadro 2 é que contribuem e norteiam a 
constituição de uma cooperativa, seja ela o ramo destinado, bem como os seus respectivos 
estatutos sociais. Independentemente do número de pessoas necessários para a constituição 
de uma cooperativa seguindo a Legislação de cada país, esses princípios é que contribuem 
para que o cooperativismo, efetivamente, possa desenvolver seu papel de levar às pessoas 
maior qualidade de vida.
Os valores das cooperativas são baseados na ajuda mútua, responsabilidade, 
democracia, igualdade, equidade, solidariedade e na tradição dos fundadores da primeira 
cooperativa: os valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social 
e preservação do ambiente para o desenvolvimento de forma sustentável. Foi isso que 
alicerçou os Princípios Universais do Cooperativismo, que desde a primeira cooperativa, 
em Rochdale, se fazem praticamente inalterados até os tempos atuais.
4.1 A Importância dos Princípios Cooperativistas e seus Principais Desafios
Os Princípios Universais do Cooperativismo embasam os estatutos sociais 
das cooperativas para que, assim, elas não sejam desvirtuadas ou possam ser criadas 
normatizações que vão de encontro aos seus objetivos principais. Cada um desses 
princípios tem seu valor, seu objetivo e sua participação no poder de mantenedor dos 
ideais cooperativistas e já merecem atenção quanto suas aplicabilidades no dia a dia da 
cooperativa, que adiante relatamos.
4.1.1 Primeiro princípio: adesão livre e voluntária
Quase que a totalidade das cooperativas, considerando inclusive todos os ramos 
do cooperativismo, não tem nenhum Planejamento Estratégico quanto à Educação 
Cooperativista para proponentes ou recém cooperados admitidos. Há, na maioria das 
vezes, a necessidade da cooperativa de incrementar o número de associados e, com isso, 
aumentar o faturamento. Nas décadas de 70 e 80, principalmente os produtores rurais eram 
admitidos “na fila da descarga de grãos”. Não se percebia, e até os tempos atuais isso 
ocorre, que o “aumento no faturamento” está na elaboração de um planejamento estratégico 
que possa incrementar a movimentação econômica dos cooperados existentes e não que 
seja necessário a admissão de novos.
A inconsciência cooperativista não é culpa apenas dos cooperados que não 
buscam informações sobre sua cooperativa, seus direitos e deveres, responsabilidades 
28UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
etc. É também da cooperativa que, erroneamente, tem uma visão meramente econômica 
no seu planejamento estratégico. A não observância de maneira sistêmica dos valores 
cooperativistas e da cooperativa faz com que os projetos elaborados, que precisam de apoio 
do quadro associativo, caiam em descrédito pelo distanciamento e falta de transparência.
A Legislação protege a todos aqueles que querem ingressar em uma cooperativa. 
Não tendo qualquer impedimento legal, aceitando e compreendendo suas obrigações, 
podem ingressar livremente em uma cooperativa. Na prática, porém, o ingresso 
normalmente acontece sem que os novos cooperados tenham conhecimento do estatuto 
social ou Legislação. A inobservância legislativa e estatutária por parte do cooperado e a 
não preocupação da cooperativa em motivar essa situação é um dos graves problemas 
enfrentados pelas cooperativas quando há a necessidade, por exemplo, da participação 
efetiva do sócio nos planejamentos,projetos ou movimentação econômica.
Ao longo do tempo e da sua participação no dia a dia da cooperativa, o sócio percebe 
que por trás daquela “empresa” há uma cooperativa, que vai além das suas necessidades 
econômicas. O Planejamento por parte da cooperativa capaz de equilibrar sua prestação 
de serviço ao sócio de forma equilibrada nas questões sociais e econômicas e que fará com 
que tenha um crescimento sustentável e constante. 
4.1.2 Segundo princípio: controle democrático pelos sócios
Há sempre uma discussão da efetiva/real participação democrática do sócio no 
poder decisório de uma cooperativa por ocasião da Assembleia Geral, de um Planejamento 
Estratégico ou, ainda, como contribuinte em um Projeto Cooperativo. Mas vejamos o 
seguinte: a Lei Cooperativista determina que poderá haver somente uma Assembleia, 
convocada com antecedência de 10 dias, com edital devidamente publicado em veículos 
de circulação regional e afixado em local de fácil acesso e circulação do sócio. Todos os 
assuntos a serem apreciados e discutidos por eles deverão constar no edital e somente 
estes itens poderão ser votados. 
Analisemos o seguinte aspecto: caso haja necessidade de esclarecimentos, o 
sócio poderá ter acesso a qualquer informação que achar conveniente, principalmente a 
respeito dos itens que serão votados na assembleia (há, no mínimo, dez dias para isso); a 
Votação de um Planejamento Estratégico, por exemplo, pode e deve ter a participação do 
sócio antes da votação, haja vista que os assuntos são, na totalidade, de seu interesse; 
a preparação pelo “sim” ou pelo “não” no dia da assembleia está ao seu alcance e isso 
assegurado por Lei. 
29UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
4.1.3 Terceiro princípio: participação econômica dos membros
Uma cooperativa é uma sociedade de pessoas e não de capital, sendo seu objetivo 
a prestação de serviços aos sócios sem o objetivo de lucro. Havendo uma prestação de 
serviço em que se obtenha um resultado no balanço, esse deverá ter a participação do sócio 
na proporcionalidade de sua operação. Por um lado, os fundos obrigatórios estipulados em 
estatuto cobrirão eventuais perdas da cooperativa; caso não sejam suficientes, cada sócio 
deverá ter participação de acordo com sua movimentação econômica no exercício. Por 
outro lado, sempre que o balanço apresentar sobras de exercício, depois de destinados os 
percentuais estatutários aos fundos legais, o restante é distribuído na proporcionalidade de 
operações de cada sócio. Mais uma vez fica claro neste item, a importância da participação 
efetiva do sócio no que está sendo planejado segundo o interesse e responsabilidade do 
quadro social.
Mais uma vez fica evidente o esclarecimento e a importância da transparência da 
cooperativa para com o sócio. Em uma eventual perda e necessidade de capitalização 
da cooperativa com dinheiro provindo do sócio, este por sua vez, só o fará se tiver 
conhecimento de suas obrigações e consciência da importância da participação efetiva. 
De forma praticamente genérica há pouca informação por parte das cooperativas ao sócio 
quando o assunto é perda e não sobras.
4.1.4 Quarto princípio: autonomia e independência
Até o ano de 1988 todas as cooperativas eram fiscalizadas e podiam, inclusive, ter 
a intervenção do INCRA. Após a promulgação da nova Constituição Federal neste ano, o 
controle e responsabilidade passou a ser dos seus sócios. 
Além dos membros dos Conselhos de Administração, Fiscal e o caso de algumas 
cooperativas integrantes dos Comitês Educativos, dentro do processo de Organização do 
Quadro Social não se tem ajuda por parte dos demais sócios ao controle, administração, 
fiscalização ou observância da cooperativa. Não é direito do sócio, mas sim obrigação 
participar das assembleias, denúncias falhas, julgar dirigentes, enfim, dar sua contribuição 
para o efetivo cumprimento deste princípio de autonomia e independência cooperativa. 
Na prática, o que presenciamos é a delegação por parte dos sócios aos conselheiros 
de tudo o que está fora do seu interesse econômico. Vejo, neste âmbito, preocupação com 
o crescimento sustentável da cooperativa frente ao mercado, cada vez mais exigente e 
disputado, principalmente no agronegócio. Ter “autonomia e independência” requerer uma 
30UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
efetiva participação de todos. Não há projetos, planejamentos estratégicos, autorizações, 
nomeações de conselhos, destinos de resultados etc., sem que se tenha segurança e 
confiabilidade por parte de todos os membros da sociedade cooperativa.
4.1.5 Quinto princípio: educação, formação e informação
Não há dúvidas de que a eficácia dos demais princípios universais dependam da 
educação, da formação, transparência e informação. Não há como se ter um processo 
evolutivo consistente tanto do quadro social como o da cooperativa sem a devida 
preocupação com este princípio. Projetos Educacionais Cooperativista; Formação de 
Lideranças; Palestras Técnicas; Pré-assembleias; Reuniões de Núcleos Cooperativos entre 
outros são algumas ações que as cooperativas têm desenvolvido no estado para procurar 
levar maiores e melhores conhecimentos aos sócios e seus familiares. A quantidade e 
qualidade de participação, porém, é o que preocupa quanto à eficácia destes projetos. 
Algumas regiões paranaenses que foram colonizadas por descendentes europeus e que 
as cooperativas de atuação não têm um número muito grande de sócios, realizam estes 
eventos com um número expressivo de participantes, inclusive com vários membros da 
família. 
A visão da cooperativa é, sem dúvida, que o sócio passe a confiar e movimentar 
melhor as suas necessidades com a cooperativa, aumentando, assim, seu faturamento. A 
visão do sócio é que sua participação nestes eventos lhe traga maior conhecimento acerca 
de como pode se utilizar de forma mais otimizada as estruturas oferecidas pela cooperativa 
e qual seu custo/benefício para ele. Esse tipo de participação sim traz vantagens a ambas 
as partes. Na prática, é extremamente comum o sócio ter a participação nos eventos 
institucionais e técnicos apenas se houver um “atrativo” para a sua participação, por exemplo 
brindes, sorteios e jantares. Uma triste realidade cultural.
 
4.1.6 Sexto princípio: intercooperação
Várias regiões paranaenses têm estruturas conjuntas de logística, prestação de 
serviços, programas educacionais, de industrialização de produtos agrícola e pecuários, 
entre outros. Em seus Planejamentos Estratégicos de Governança aprovados em 
assembleia (muitos deles) preveem a necessidade de melhor atender as necessidades do 
quadro associativo com a parceria com outras cooperativas. 
31UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
4.1.7 Sétimo princípio: preocupação com a comunidade
Naturalmente, apenas pela existência de uma cooperativa, que tem como valores: 
empregabilidade; distribuição de renda de forma equitativa; inclusão social e desenvolvimento 
humano; parâmetro de mercado; segurança em produtos e serviços e recolhimento de 
impostos, já beneficia, e muito, a comunidade e o meio onde atua.
É imensurável para o quadro social saber que suas ações para com sua cooperativa 
têm resultados para ele e para a comunidade diretamente. Uma cooperativa não se resume 
ao número de associados que ela possui e sim ao montante familiar deles, dos empregados, 
fornecedores, empregos indiretos que ela gere. Naturalmente, isso ocorre apenas pelo 
fato da sua existência, mas em observância ao sétimo princípio universal, diagnosticar 
e planejar ações que possam ser contribuintes para o desenvolvimento regional é uma 
obrigação que a faz estar sempre atenta às especificidades de cada região, respeitando as 
questões culturais, sociais, religiosas e econômicas. Este princípio, na prática, ocorre na 
sua totalidade de objetivos propostos, como dissemos, pelo simples fato de sua existência, 
afinal estão ali, na comunidade,as pessoas que trabalham na cooperativa, que são sócios, 
muitos de seus fornecedores e clientes.
4.2 Porque e como Formar Cooperativas
As cooperativas são idealizadas, nascem e crescem pela necessidade de uma 
determinada situação que as pessoas individualmente não conseguem satisfazer. As 
forças individuais organizadas democraticamente, com objetivos comuns, caracterizam 
a cooperativa. Muitas comunidades brasileiras encontram nos trabalhos prestados pelas 
associações as situações suficientes para atenderem seus objetivos principais. A partir do 
momento em que a Legislação brasileira não permite determinadas ações, o caminho pode 
ser a constituição de uma cooperativa. 
Está claro na Lei 5.764/71 que para formar uma cooperativa são necessárias, 
no mínimo, 20 pessoas físicas que tenham os mesmos objetivos e não tenham nenhum 
impedimento Legal. Esse número, porém, com a criação do Novo Código Civil, não 
estabelece o número mínimo para constituição e sim um número mínimo necessário para 
administração e fiscalização da instituição cooperativa. As Organizações Estaduais das 
Cooperativas, com respaldo do Sistema OCB, entendem que ao considerar o mínimo de 6 
associados para comporem o Conselho Fiscal, com renovação anual de 2/3, e a formação 
de um Conselho Administrativo com pelo menos 3 associados, com renovação de 1/3 a 
32UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
cada mandato, mais o número mínimo de presentes em uma Assembleia de 10 associados 
com direito à voto, orientam que a formação de novas cooperativas seja com, no mínimo, 
20 pessoas físicas. 
Segundo informações obtidas no site do Sindicato e Organização das Cooperativas 
do Estado do Paraná (OCEPAR, 2018), as pessoas interessadas em constituir uma 
cooperativa devem procurar a instituição e seguir alguns passos.
4.3 Os Passos a Serem Seguidos Segundo a Legislação Vigente
a) Reunir o grupo interessado em constituir a cooperativa e fazer uma pesquisa para 
descobrir se eles estão dispostos a trabalhar em grupo, de forma societária e se 
estão dispostos a levar em consideração os aspectos estatutários, associativos, 
mercadológicos e sociais.
b) Nomear o coordenador dos trabalhos e escolher a comissão que irá providenciar 
todas as condições necessárias para a constituição.
c) Elaborar um estudo que leve em consideração a viabilidade econômico-financeira 
da Cooperativa, no qual constará o planejamento da futura cooperativa.
d) O estudo de viabilidade deverá contar, entre outros pontos:
● Objetivos da cooperativa;
● Número de cooperados e capital social;
● Informações sobre o mercado;
● Previsão financeira anual;
● Prestação de serviços aos cooperados;
● Inversões da cooperativa: ativo fixo e capital de giro;
● Fontes de Capital;
● Recursos humanos (empregados e custo anual);
● Custos fixos, variáveis e totais para o 1º funcionamento;
● Fluxo de caixa;
● Ponto de nivelamento;
● Benefícios gerais com a implantação da nova cooperativa.
33UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
e) Elaboração de uma proposta de estatuto para que todos os interessados possam 
ler e discutir. Nele, atendendo os dispositivos da Lei 5.764/71 – artigo 21, deverá 
constar:
● Denominação social – com a expressão “cooperativa”;
● Endereço completo da sede e foro;
● Prazo de duração;
● Área de ação da sociedade cooperativa;
● Normativas para fixação do exercício social;
● Sobre a data do levantamento do balanço social;
● Direitos e Deveres do associado;
● Natureza e responsabilidade dos associados;
● Admissão, demissão, eliminação e exclusão do associado;
● Capital social mínimo exigido;
● Número mínimo de quotas parte e forma de capitalização do associado, bem 
como as condições gerais para a retirada quando de sua demissão, eliminação 
ou exclusão;
● Normas para representação em assembleias;
● Fundos obrigatórios e mais fundos que podem ser estabelecidos em assembleia;
● Forma de devolução de sobras de exercício ou distribuição dos prejuízos;
● Modo de administração ou fiscalização. Estabelecimento do prazo de mandato 
dos conselheiros administrativos bem como a forma de substituição ou eleição 
dos demais órgãos da cooperativa;
● Formalidades quanto à convocação das Assembleias Gerais;
● Formas de dissolução, fusão, incorporação e desmembramento da sociedade 
cooperativa;
● Formas de oneração dos bens da cooperativa;
● Modo de reforma do estatuto social.
f) Realizar reuniões a fim de que haja uma apresentação e discussão de todos os 
itens da proposta estatutária e da viabilidade econômica.
g) Fazer pesquisa se não há outra empresa com o nome sugerido.
34UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
h) Fazer pesquisa junto à Receita Federal e Estadual para saber se os futuros 
associados não têm algum impedimento legal que possa trazer problemas 
futuros.
i) Convocação de todas as pessoas interessadas para a Assembleia de Constituição 
da Cooperativa – mínimo de 20 pessoas físicas, exceto cooperativas de trabalho, 
conforme Lei 12.690/12.
j) Providenciar os livros necessários para a Assembleia de constituição.
k) Arquivar os documentos constitutivos da cooperativa na Junta Comercial e dar 
entrada no CNPJ na Delegacia da Receita Federal
l) Registrar a cooperativa no órgão estadual representante do cooperativismo, 
Secretaria Estadual da Fazenda, Prefeitura Municipal, INSS e em todos os 
demais órgãos necessários.
Cabe ressaltar a importância dos interessados averiguarem na localidade, ou 
próximo dela, se há alguma outra forma para que seus objetivos possam ser alcançados. 
Por intermédio de Associações, Sindicatos, ONGs ou até mesmo outra cooperativa que já 
esteja na região e que possa admitir essas pessoas com os mesmos objetivos.
35UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É fascinante observar que desde que se nota a existência da humanidade 
a cooperação e o cooperativismo, de alguma forma, sempre existiram. A busca de 
objetivos comuns por intermédio da força da cooperação fez com que nossos ancestrais 
sobrevivessem a todos os obstáculos de qualquer ordem. A união de forças com respeito 
às individualidades e a participação democrática fizeram com que os pioneiros de Rochdale 
instituíssem a primeira cooperativa que se tem notícia.
No Brasil, o cooperativismo chegou juntamente com as bagagens dos primeiros 
europeus, especialmente no Rio Grande do Sul, onde foi criada a primeira cooperativa pelo 
Pe. Theodor Amstad, na comunidade da Linha Imperial, em Nova Petrópolis. De lá para 
cá essa ideia da criação das cooperativas tomou corpo, cresceu e se instalou em todos os 
estados brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento nacional.
O cooperativismo é uma filosofia de vida, como relata o Professor Pe. José Odelso 
Schneider, um dos principais estudiosos do cooperativismo nacional. A identidade, tão 
necessária e, de certa forma, vital às nossas vidas foi e é criada, muitas vezes, com o 
convívio em comunidade e nas cooperativas dos mais diversos ramos, norteados pelos 
princípios e valores universais que garantem às cooperativas não serem desvirtuadas de 
seus objetivos principais.
As cooperativas sempre surgiram e vão surgir em conformidade com as necessidades 
econômicas e sociais de uma determinada população, seja ela rural, com as necessidades 
dos produtores de garantia de produtos e serviços, como de comercialização e também 
dos públicos urbanos, com a instituição de uma cooperativa de trabalho, que tem o papel 
primordial de inclusão social e de trabalho de pessoas que, sozinhas, não conseguem este 
intuído. As cooperativas procuram a cada dia levar às pessoas uma melhor qualidade de 
vida.
36UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
SAIBA MAIS
Mais de 70 dos países do mundo têm algum tipo de cooperativa, mostrando que a força 
da união, organização social por intermédio das cooperativas, fizeram, fazem e conti-
nuarão fazendo seu papel na busca pela diminuição dadistância entre ricos e pobres.
O maior desafio das cooperativas na atualidade, sem dúvidas, é a quebra do paradigma 
do imediatismo, do oportunismo e do individualismo que levam as pessoas à alcança-
rem seus objetivos em detrimento de outra pessoa. As cooperativas e os cooperativistas 
visam a Formação e Educação Cooperativista para que, assim, mais e mais pessoas 
possam se conscientizar da importância de uma cooperativa para o desenvolvimento 
nacional.
Fonte: o autor.
REFLITA
“Não se nasce cooperativista tal como o poeta o músico ou o ator, a cultura do coopera-
tivismo é um longo processo de educação, formação e conscientização a ser desempe-
nhado pelas cooperativas.”
Fonte: José Odelso Schneider. Professor da Unisinos. São Leopoldo-RS.
37UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo
LEITURA COMPLEMENTAR
● No site das OCB estaduais podemos encontrar informações relevantes sobre o 
cooperativismo de cada estado.
o Faturamento; histórico do cooperativismo estadual; número de cooperati-
vas; empregabilidade etc.
Artigo:
A Organização de Base nas Cooperativas: o exemplo da Cooperyucumã
Acadêmicos: Fábio André Eickhoff e Décio Cotrim
Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/arquivos_pdf/teses/E_Book2.pdf 
Gestão de cooperativas: produção acadêmica da Ascar/ organizado por Décio Souza Cotrim. - Porto Alegre, 
RS: Emater/RS-Ascar, 2013. 694 p. – (Coleção Desenvolvimento Rural, v. 2).
MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME/VÍDEO
Título: The Rochdale Pionners (disponível no YouTube).
Ano de lançamento: 2012.
Sinopse: Conta a história emocionante, em 57’, da criação 
da primeira cooperativa em Rochdale – Inglaterra. As cenas 
do filme procuram retratar as dificuldades que esses pioneiros 
enfrentaram para fundar a Cooperativa. As discussões; as reuniões 
intermináveis; a forma de estabelecimento do planejamento 
estratégico para aquisição dos primeiros produtos; a criação dos 
princípios... Enfim, uma viagem no tempo que vai contribuir, e 
muito, com o entendimento sobre o cooperativismo.
38
● As características da empresa cooperativa;
● Importância da Sucessão no processo cooperativo.
● Fatores que determinam o sucesso de uma cooperativa.
UNIDADE II
Doutrina do Cooperativismo
Prof. Me. Marcos dos Reis Zanin
39UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
INTRODUÇÃO
Como é sabido, na atualidade, pouco mais de 6% da população brasileira faz 
parte de algum tipo de cooperativa. Há muito ainda a ser percorrido para que a população 
brasileira se beneficie cada vez mais deste movimento socioeconômico capaz de levar às 
pessoas uma melhor qualidade de vida. 
Pouco se sabe sobre cooperativismo nas escolas ou nas comunidades e não é 
por falta de Legislação que possa amparar as cooperativas. Inclusive no que diz respeito à 
Educação Cooperativista,
No Brasil, a década de 1930 é importante, pois nesse período começam a 
surgir as primeiras legislações acerca do cooperativismo. Para exemplificar, 
observasse que, em 19 de dezembro de 1932, foi publicado o Decreto nº 
22.239, baseado no princípio da doutrina cooperativista, que possibilita a for-
mação de cooperativas comerciais e de natureza civil. Em 1959, por meio do 
Decreto-lei nº 59, instituiu-se a Política Nacional do Cooperativismo, tendo 
sido regulamentada em 1967, com a edição do Decreto-lei nº 60.597, que 
cria o Conselho Nacional de Cooperativismo e define o ato cooperativo (SAN-
TOS, 2019, p. 19)
Percebe-se que o que existe na atualidade, com maior gravidade em algumas 
regiões, é a falta de “cultura” associativista. Nossos filhos aprendem desde cedo que o 
material escolar é “seu” material escolar, não havendo, por parte da grande maioria das 
escolas do ensino fundamental, qualquer tipo de ações em que possa ser trabalhada a 
força da cooperação, o coletivismo, a ajuda mútua e o cooperativismo. 
Nas cooperativas, porém, há trabalhos voltados aos filhos dos cooperados, com o 
objetivo de criar uma melhor conscientização sobre a importância das cooperativas para 
a vida das pessoas. Segundo Boesche (2005), é nas cooperativas e com os filhos dos 
associados que se inicia, desde cedo, o trabalho educacional cooperativista, criando nos 
jovens a consciência da cooperação. Nesses grupos de estudo e de trabalho é que surgem 
as novas lideranças cooperativistas. 
A admissão pura e simples de pessoas nas cooperativas, sem que haja por elas 
qualquer trabalho de Educação Cooperativista, pode ser um risco para as cooperativas 
pelo fato de que novos associados podem ser configurados como meros clientes. Para 
Bialoskorski (1998), o associado tem que entender que é dono e usuário da cooperativa. É 
40UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
sua propriedade, portanto tem que conhecer de perto suas atividades, seus direitos como 
associado e suas obrigações.
Nesta empresa o associado é simultaneamente “cliente” e “proprietário”, o 
que induz a alguns problemas específicos de separação entre a propriedade 
e o controle, e a alguns problemas de custos associados à necessidade de 
monitoramento das relações contratuais. Estas características, entre outras, 
fazem desta empresa um tipo particular de organização que merece uma 
abordagem específica, principalmente quando se trata dos agronegócios 
(BIALOSKORSKI, 1998, p. 61).
As cooperativas, como empresa, necessitam que seus sócios estejam mais próximos 
e conscientes de seus produtos e serviços, o quanto isso custa e seus benefícios por 
participarem mais ativamente da cooperativa. Os projetos futuros têm que estar ao alcance 
dos associados e deve haver, por parte da cooperativa, uma comunicação eficaz sobre seu 
planejamento estratégico. Essas ações de planejamento, comunicação, transparência na 
gestão e gestão participativa devem ir ao encontro das necessidades do quadro associativo 
para que eles compreendam e participem ativamente de seus negócios.
41UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
1 AS CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA COOPERATIVA
Trabalhar como empresa, mas sem deixar de ser cooperativa. Talvez essa seja a 
estratégia do crescimento substancial que as cooperativas, especialmente as do Paraná, 
têm adotado nos últimos anos. A racionalidade nas ações das cooperativas, sejam elas 
na hora de receber um produto do cooperado, sejam elas na hora de comercializar algum 
produto, necessita de estar inserida na tomada de decisão no mercado, cada vez mais 
competitivo. 
Ações que procuram garantir um bom preço ao cooperado quando da entrega de 
sua produção e não o preço que normalmente quer receber; na venda de um produto 
um preço justo e não no preço que o cooperado quer pagar: essas atitudes fazem toda 
diferença na hora de fechar o balanço no final do ano. Essa necessidade de sobrevivência da 
cooperativa reflete na sobrevivência também do seu quadro associativo. Uma cooperativa 
tem que trabalhar como empresa, mas nunca deixar de ser uma cooperativa.
O fortalecimento das organizações cooperativas depende diretamente do 
modelo de gestão praticado por elas, que deve refletir os princípios e valo-
res cooperativistas. As cooperativas distinguem-se das empresas mercantis, 
tanto em suas relações econômicas e sociais, quanto em seu embasamento 
doutrinário. Apresentam especificidades em suas práticas de gestão relacio-
nadas às suas peculiaridades organizacionais e institucionais, caracterizando 
uma forma complexa de organização (FREITAS et al., 2010, p. 49).
Muitas dessas ações são incompreensíveis para o associado, mesmo os que 
participam de perto do dia a dia da cooperativa. Obviamente que em maior escala aqueles 
42UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
distantes da cooperativa. Aos bem “informados”, essas ações, que podem facilmente 
incorrer em resultados positivos para a cooperativa, determinam a distribuição desses 
resultados em forma de sobras apuradas ao final do exercício – distribuição equitativa. 
Assim sendo, os que mais participam economicamente da cooperativa recebem maior 
quantia e os que menos participam,menor valor recebem. Isso é denominado de distribuição 
equitativa dos resultados. Sabe-se que esses valores (sobras de final de exercício) estão 
legalmente direcionados aos cooperados, da forma com que estabelece o estatuto social 
da cooperativa, que muitos chamam, erroneamente, de “lucro”.
O poder democrático assemblear define o destino destas sobras apuradas no final 
do exercício. “A cooperativa pode ser uma empresa eficiente, mas, sem democracia e 
autonomia, não é autêntica cooperativa” (SCHNEIDER, 1999, p. 21).
Muitos gestores de cooperativas brasileiras tendem a direcionar a instituição visando 
apenas as questões econômicas que envolvem seus negócios com o quadro associativo. 
Outros, porém, esquecem-se da rentabilidade necessária à sobrevivência da cooperativa 
e a administram como se fosse uma instituição filantrópica. Nessas duas situações, a 
cooperativa está fadada ao insucesso. Buscar o ponto de equilíbrio entre as necessidades 
econômicas e sociais do quadro associativo e administrar a cooperativa desta forma, é o 
grande desafio dos gestores cooperativistas. 
1.1 Participação Cooperativista do Associado – um dos Alicerces das Cooperativas
A participação do associado e seus familiares no dia a dia da cooperativa, além 
de possibilitar uma aproximação que desencadeia maior confiabilidade entre ambos, faz 
com que as ações da cooperativa voltadas as necessidades do associado sejam mais 
eficazes por diagnosticar e compreender o que, de fato, deve ter de planejamentos que 
possam atender essas necessidades. O associado, por sua vez, com este envolvimento, 
participação e comprometimento, passa a conhecer, de fato, suas obrigações e seus direitos 
que vai levar a solidez, sustentabilidade e crescimento da cooperativa e suas condições de 
produção.
A identificação do associado com o sistema cooperativo seja ele de qual segmento 
pertença, só é possível com o envolvimento nas ações, eventos e na tomada de decisão 
da cooperativa. Identificar-se faz com que as suas ações no cooperativismo seja de forma 
tal que atenda não somente suas necessidades mas que, também, contribua para o bem 
coletivo. Este auto-conhecimento é tão necessário quanto a sua participação na cooperativa. 
De fato, segundo Silva e Nogueira (2001, p. 40):
43UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
A psicologia social tem entendido identidade como um fenômeno social, re-
sultante dos significados provenientes das interações mantidas pelo indiví-
duo em sua vida em coletividade. Ela passa a ser um atributo sócio-cognitivo: 
não é nem inata nem exclusiva ao indivíduo. Os grupos e as organizações 
também teriam identidade. E de fato, por meio do processo de identificação, 
a identidade do indivíduo estaria relacionada estreitamente com a identidade 
dos grupos e organizações em que ele se insere. Além disso, a identidade 
também poderia ser entendida como tendo uma natureza reflexiva, do modo 
como a pessoa se vê a si mesma, seria o seu autoconceito. 
Havendo esta participação e melhor aproximação entre a cooperativa e o quadro 
social, vários são os ganhos, como por exemplo, o processo sucessório e não é somente do 
quadro social, tão necessário a continuidade de suas atividades, mas também o da própria 
cooperativa. Como vimos uma cooperativa é formada por, no mínimo 20 pessoas físicas 
(obrigação para registro nas organizações estaduais), e são essas pessoas que compõe 
os conselhos administrativos e fiscal. Assim sendo, não havendo o processo sucessório no 
quadro associativo, a cooperativa fica fadada ao desaparecimento.
1.2 Direitos e Deveres dos Associados Segundo a Lei Cooperativista Brasileira
A procura de pessoas, por alguma cooperativa no Brasil, é normalmente uma 
visão econômica, caracterizada por não encontrar no mercado as mesmas condições 
que a cooperativa estabelece aos novos associados. Esta visão, puramente econômica, 
é um risco muito grande das cooperativas. Muitas das cooperativas que foram dissolvidas 
não encontraram no quadro associativo (por falta de educação cooperativista) apoio para 
a continuidade – afastaram-se da cooperativa por ela não estar mais atendendo essas 
necessidades econômicas do associado. O nivelamento social com o econômico é a 
grande chave para o sucesso de qualquer instituição cooperativa, mas isso tem que estar 
ao alcance, conhecimento do quadro associativo. 
Os associados têm suas obrigações na cooperativa e são esses deveres que os 
fazem ter direitos. 
1.2.1 Direitos do associado
● Utilizar e fazer valer dos serviços prestados pela cooperativa.
o As cooperativas são constituídas para prestarem serviços aos seus as-
sociados, assim sendo, eles usufruem desses serviços desde a sua 
admissão.
44UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
● Tomar parte nas assembleias gerais, discutindo e votando aos assuntos que 
nelas forem tratados.
o Apenas os associados podem participar das assembleias. Os associa-
dos sem direito a voto (Gestores, Conselheiros, associados com vín-
culo empregatício, por exemplo) não podem deliberar sobre todos os 
assuntos tratados em assembleia.
● Propor ao Conselho de Administração e às Assembleias Gerais as medidas que 
julgar convenientes aos interesses do quadro social.
o Caso algum assunto de um determinado grupo de associados ou asso-
ciado não sobrepor o interesse coletivo, a proposta deve ser aprovada 
em assembleia e devidamente incluída no estatuto social.
● Efetuar, com a cooperativa, as operações que forem programadas.
o É seu direito movimentar com a cooperativa na utilização de produtos e 
serviços bem como na entrega da sua produção, produtos e serviços.
● Obter, durante os trinta dias que antecedem a realização da assembleia geral, 
informações a respeito da situação financeira da cooperativa, bem como sobre 
os Balanços e os Demonstrativos.
o O associado pode e deve ir preparado para a Assembleia Geral da 
Cooperativa. Para tanto pode analisar livros e documentos antes da 
realização da assembleia.
● Votar e ser votado para cargos no Conselho de Administração e no Conselho 
Fiscal.
o Deve obedecer ao que está exposto no estatuto social bem como as 
regras para galgar algum cargo eletivo da cooperativa.
o Associados que têm vínculo empregatício perdem o direito de votar e 
ser votado.
45UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
o Associados que não cumprem com suas obrigações perdem o direito 
de votarem e serem votados.
● No caso de desligamento da cooperativa, retirar o capital, conforme estabelece 
o estatuto. A demissão vem única e exclusivamente por parte do cooperado e 
não deve ser negado pela cooperativa.
o Nos casos de demissão, eliminação e exclusão o associado tem direito 
à restituição da conta capital que ele tem na cooperativa que foi inte-
gralizado, apenas.
1.2.2 Deveres do Associado
● Integralizar as quotas-partes de capital estabelecidas no Estatuto Social.
o O capital subscrito é aquele que o associado se compromete com a 
cooperativa em integralizar nas formas previamente estabelecidas en-
tre as partes. Capital integralizado é o montante em dinheiro que cada 
associado tem na instituição.
● Operar com a cooperativa.
o O associado tem a obrigatoriedade de movimentar com a cooperativa, 
sendo passível de eliminação caso não movimente por um determina-
do período com a cooperativa.
● Observar o estatuto da cooperativa.
o É seu direito, na sua admissão receber uma cópia do estatuto social, 
porém, deve conhecer o que está estabelecido. Havendo necessidade 
de esclarecimentos sobre determinado artigo, deve procurar a coope-
rativa para esclarecimentos.
46UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo
● Cumprir fielmente com os compromissos em relação à cooperativa.
o O não cumprimento de seus compromissos com a cooperativa é in-
fração que pode levar o associado à eliminação da cooperativa (cabe 
recurso).
● Respeitar as decisões da Assembleia Geral e do Conselho Diretor.
o Aceitar a decisão da maioria, mesmo que não

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