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Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; ZANIN, Marcos dos Reis. Doutrina Cooperativista. Marcos. dos Reis Zanin. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 105 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock AUTOR Prof. Me. Marcos dos Reis Zanin Licenciado em Geografia pela UEM - PR, pós graduado em Cooperativismo pela Unisinos - RS; MBA em Gestão de Cooperativas e Cooperativismo pela USP - SP. Mestre em Gestão de Cooperativas pela PUC - PR. Professor do ISAE PUC - PR no Programa de Capacitação de Conselheiros Cooperativos – PCC. Meu vínculo empregatício por mais de 20 anos no segmento cooperativo agropecuário e de crédito, desde o início dos anos 80, me trouxe muita experiência prática, fazendo com que possa expor em seus cursos/aulas e palestras uma mensagem de orientação e reflexão acerca dos desafios do Cooperativismo Contemporâneo; legislação cooperativista e seus benefícios para toda a comunidade. Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2338298031537259 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezado(a) aluno(a), Procurei desenvolver um material que vai além de informações relevantes sobre o cooperativismo e o que pude extrair de várias literaturas a respeito do tema. O cooperativismo, como poderá analisar ao final dos nossos encontros e estudos, por intermédio das cooperativas espalhadas em todos os continentes, é algo que merece todo o respeito pelo que ele propicia às pessoas e às comunidades onde está inserido. O texto o fará, além de ter melhores conhecimentos sobre o cooperativismo, refletir sobre a importância da força da união, do comprometimento com a vida, com o humanismo, empatia e respeito com a melhoria da qualidade de vida de todos nós. As pessoas que, infelizmente de uma forma ou outra, se aproveitaram destas organizações para benefícios próprios são insignificantes em número, se comparadas às que conduzem com responsabilidade e comprometimento com a comunidade associativa, empregados e a sociedade como um todo. Nosso trabalho está dividido em quatro unidades, em que procurei expor o que de mais relevante pude imaginar que pudesse, de alguma forma, contribuir com seus conhecimentos e consciência sobre o cooperativismo. Ficou dividido dessa maneira: ● Unidade I o Onde começou o cooperativismo; o Definição de Cooperativismo; o Identidade Cooperativa; o Princípios Universais do Cooperativismo; o Porque formar cooperativas. ● Unidade II o As características da empresa cooperativa; o Importância da Sucessão no processo cooperativo. ● Unidade III o Alicerces do Cooperativismo; o Ato Cooperativo; o Classificação das Cooperativas. ● Unidade IV o Criação da Lei Cooperativista Nacional; o Fatores que determinam o insucesso de uma cooperativa; o Fatores que determinam o sucesso de uma cooperativa. Há, obviamente, muito mais para ser mencionado, citado, exemplificado e estudado sobre o cooperativismo, sobre as cooperativas, seus desafios e projetos futuros, mas creio que esse é um bom começo para que possa lhe inspirar em futuros estudos desta, que, para mim, é, e sempre será, a melhor forma de organização econômica e social das pessoas. Temos que valorizar nossa individualidade, mas, acima de tudo, jamais sobrepô-la aos interesses coletivos. Essa é uma das atitudes que caracteriza o verdadeiro cooperativista. (Prof. Zanin) SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 7 Evolução Histórica do Cooperativismo UNIDADE II ................................................................................................... 38 Doutrina do Cooperativismo UNIDADE III .................................................................................................. 58 Ramos do Cooperativismo Nacional UNIDADE IV .................................................................................................. 77 Legislação do Cooperativismo Nacional 7 ● Onde começou o cooperativismo; ● Definição de Cooperativismo; ● Identidade Cooperativa; ● Princípios Universais do Cooperativismo; ● Porque formar cooperativas. UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo Prof. Me. Marcos dos Reis Zanin 8UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo INTRODUÇÃO O cooperativismo é um processo de organização social que as cooperativas se mobilizam e se consolidam em torno. Tem como finalidade difundir os ideais em que se baseia para que haja maior e melhor desenvolvimento econômico e social em todas as sociedades. É uma organização que congrega o maior número de participantes da terra. Estudar, conhecer, conscientizar-se e divulgar o cooperativismo, além de prazeroso, por verificarmos que ele consegue, como nenhuma outra organização, levar às pessoas uma melhor qualidade de vida, também consegue melhorar a região onde atua em todos os aspectos. No Brasil, principalmente no momento em que passamos, com a maior crise da história, o cooperativismo tem, com muita eficácia, continuado seu papel de inclusão social, melhor distribuição de renda, desenvolvimento econômico e social das pessoas com sustentabilidade. Vem gerando empregos e dando expectativas otimistas às pessoas de que poderemos, com a força da união, com responsabilidade e comprometimento, dar um futuro melhor, mais digno, humano, solidário e fraterno para nossos filhos, É muito prazeroso notar o quão importante é para a sociedade como um todo a instauração de uma cooperativa na comunidade. O exemplo está no IDH, nas melhores moradias, na movimentação econômica da localidade, na empregabilidade gerada e na felicidade das pessoas, entre outros valores. Não se nasce cooperativista da noite para o dia. É preciso um longo processo de educação, capacitação e conscientização e criar uma melhor consciência sobre os valores e vantagens do cooperativismo. O pensamento cooperativo moderno surgiu na Europa Ocidental, no início do século XIX, com o advento da Revolução Industrial, em dezembro de 1844. A partir da contribuição de inúmeros pensadores da época, foi se formando a doutrina que dá base ao cooperativismo em todo o mundo, até os nossos dias. A Revolução Industrial trouxe profundas modificações no pensamento econômico da época que, como consequência, provocou várias reformas sociais. A cultura cooperativista deve ser amplamente difundida em todos os ramos da sociedade, em todas as localidades pelo fato de ser a única organização social capaz 9UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo de atender de forma igualitária e equitativa as necessidades sociais e econômicas das pessoas. Diminuir a distância entre os mais ricos e os mais pobres, visto que diminuir as desigualdades sociais das pessoas é um dos papéis do cooperativismo. Mas esse valor é efetivamente realizado apenas se houver comprometimento de todas as partes envolvidas – dirigentes, colaboradores, quadro social e, porque não dizer, da comunidade em que o cooperativismo está envolvido. Espero que tenha uma boa leitura e, acima de tudo, quehaja entre nós, cada vez mais, uma melhor conscientização do Cooperativismo: “Uma Filosofia de vida para um mundo melhor, mais humano, fraterno, solidário, democrático, cooperativo e digno de se viver”. Por fim, que as nossas futuras gerações mantenham vivos os princípios universais do cooperativismo, que foram criados no século XVIII com o intuito maior de levar às pessoas uma melhor qualidade de vida. 10UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo 1 COOPERATIVISMO – ONDE TUDO COMEÇOU A gênese do movimento remonta cerca de 175 anos atrás, em Rochdale (Inglaterra), mais precisamente em uma comunidade denominada de Beco do Sapo, também conhecida como Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, do inglês, Rochdale Society of Equitable Pioneers. Depois de inúmeras reuniões, muitas delas (28 tecelões, sendo 27 homens e 1 mulher), frustradas, instituiu-se um novo sistema socioeconômico e um estatuto muito diferente das empresas mercantis. Com a economia mensal de cada membro, conseguiram um Capital de 28 libras que foi utilizado para adquirir bens de primeira necessidade, que serviram para abrir uma cooperativa do ramo de consumo (GOIÁS COOPERATIVO, 2018). Em plena revolução industrial, motivados por inúmeras necessidades sociais, os trabalhadores das tecelagens da Inglaterra se uniram sobre os pilares da cooperação, em prol do bem comum, para adquirir alimentos mais baratos, para suprir suas necessidades econômicas e de desenvolvimento social. Já na constituição da primeira cooperativa foram instituídos os princípios cooperativistas que rigorosamente deveriam ser observados e praticados pelos seus sócios. Diante das transformações socioeconômicas do mundo, esses princípios foram revistos e atualizados para atender as exigências e necessidades do mundo moderno. Dentre os sete Princípios Universais do Cooperativismo, cinco deles estão intimamente relacionados aqueles definidos pelos pioneiros de Rochdale. O cooperativismo é uma forma de organização muito mais antiga do que remontam os registros. Segundo Bialoskorski Neto (2006, p. 21), “há registros sobre a cooperação e a 11UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo associação solidária desde a Pré-História da civilização, em tribos indígenas ou em antigas civilizações como os Babilônicos”. Características como o peso e preço justos, relações sinceras e honestas, preocupação com os interesses do grupo e busca por melhores condições e qualidade de vida, foram fontes de satisfação para que os cooperados optassem por uma sociedade cooperativa que se opunha às empresas mercantis e indústrias que exploravam a mão de obra dos trabalhadores e seus consumidores ingleses. Um dos ideais do pequeno armazém dos Probos Pioneiros de Rochdale era que em nenhum momento o lucro poderia sobrepor o aspecto moral de bem-estar social e econômico de seus membros. Os cooperados se sentiam donos do empreendimento e tinham senso de pertencimento. A participação nas decisões era democrática, com participação efetiva dos cooperados nas discussões. Criou- se, então, um laço forte de confiança entre a cooperativa e o quadro social, fazendo com que mais pessoas aderissem à sociedade. Foram esses alguns dos diferenciais que fizeram com que a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale obtivesse êxito e apresentasse ao mundo o cooperativismo como sendo uma alternativa justa e humana de desenvolvimento econômico e social. 1.1 Um Pouco da História Contada pela UNIMED/RS Para melhor elucidar o surgimento do cooperativismo moderno, está transcrito a seguir um resumo extraído da publicação realizada pela UNIMED/RS – Federação do Estado do Rio Grande do Sul e WS Editor, em Porto Alegre, em setembro de 2000, fazendo parte da série Saber – Fazer Unimed RS. Após inúmeras reuniões e análises das mais variadas alternativas para a subsistência, finalmente os tecelões conseguiram juntar a soma das 28 libras necessárias para abertura do seu armazém cooperativo. Numa triste tarde de inverno, a mais longa do ano, a 21 de dezembro de 1844, os probos pioneiros inauguraram as suas operações, oferecendo, inicialmente, quantidades pequenas de manteiga, açúcar, farinha de trigo e de aveia (mais tarde o fumo e o chá foram oferecidos). Corria a notícia entre os comerciantes de que alguém ia fazer-lhes concorrência. Olhares se dirigiam para “Toad Lane” (Travessa do Sapo – endereço da nova loja), à procura do inimigo, mas, como em alguns combates de que se tem ciência, os inimigos não apareciam. Alguns cooperados se reuniram clandestinamente para assistir à inauguração dos negócios e se encontravam no recinto triste e incômodo do armazém, 12UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo como conspiradores, perguntando-se a si mesmos quem teria coragem de abrir as portas e iniciar a distribuição das mercadorias. Um preferia não ser encarregado; outro não desejava ser visto no armazém para não sofrer represálias dos comerciantes. Enfim, a situação era dramática. Por fim, um deles, mais audaz do que os outros, sem se preocupar com a opinião pública, abriu a porta do armazém e, em poucos segundos, colocou em reboliço “Toad Lane” inteira. As dificuldades eram inúmeras, das mais diversas, porém sem nunca esmorecer. A população caçoando, comerciantes impondo resistências, mas os embrionários comerciantes compreenderam rapidamente que teriam que lutar contra obstáculos mais sérios do que as caçoadas da população. O exíguo capital social os obrigava a fazer aquisições em pequenas escalas, com prejuízos de preço e da qualidade dos produtos. Alguns sócios estavam endividados com os seus antigos fornecedores e não podiam, nem se atreviam a comprar no armazém social. Por outro lado, como acontece quando se iniciam novas instituições, vários sócios não tinham nem a prudência nem a virtude de compreender o seu interesse; não se apercebiam de que para serem bons cooperados era fundamental que se submetessem a fazer algum sacrifício, pelo menos por algum tempo. Esse é o preço do pioneirismo. Naturalmente, a qualidade dos produtos oferecidos no armazém cooperativo era inferior aos vendidos por outros armazéns e o preço era frequentemente mais alto. Esses inconvenientes, momentâneos e insignificantes em relação aos fins que se pretendiam atingir, afastavam os compradores que unicamente se preocupavam com a utilidade direta e imediata. Não raro, a pobreza é o maior obstáculo oposto ao êxito das empresas, obstáculo maior que os próprios preconceitos sociais. Para aquele que não tem recursos, é fundamental que cada centavo se reverta utilmente, produzindo o máximo possível. Tornava-se difícil convencer aqueles indigentes de que, comprando no armazém cooperativo, teriam um retorno financeiro ao final do trimestre. Eles nem sequer acreditavam no final do trimestre e desconfiavam das promessas de benefícios, pois a perda de um centavo hoje está próxima, e o ganho de seis centavos daqui a três meses está distante. O que, na verdade, os tecelões estavam procurando era a alternativa de conquistar a preferência e a fidelidade dos seus sócios. Charles Howarth, um dos líderes do movimento, pensou que, para reverter a situação seria necessário, que houvesse um processo de educação antes da prestação de serviços da cooperativa. A boa qualidade, o peso justo, a medida exata e as relações sinceras e honestas, no comércio, são fontes de satisfação, porém pessoas criteriosas preferirão sempre a economia de alguns centavos em detrimento 13UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo das vantagens mencionadas. Para que existam vendedores honrados, é fundamental que existam, em primeiro lugar, compradores honrados. As discussões eram muito frequentes e giravam em torno do bem estar dos homens, da redenção social e das condições que eram impostas aos trabalhadores. Após inúmeras experiências bem sucedidas, em 1849 a sociedade dos pioneiros resolveuorganizar a seção de educação. Foi designada uma junta diretora, encarregada de recolher doações de livros que os sócios quisessem fazer à sociedade. Pouco tempo depois, a fim de satisfazer os pedidos dos sócios, a sociedade aprovou a dotação de cinco libras esterlinas para fomento da biblioteca. Esta seria aberta para todos uma vez por semana, aos sábados, das 19 às 21 horas. Para ter acesso à biblioteca pagava-se uma mensalidade. Como o número de livros disponíveis tornou-se insuficiente para atender a demanda, a assembléia votou uma segunda verba de cinco libras, que se repetiu três meses depois. Mas as necessidades eram cada vez maiores e a junta acabou por conceber o projeto de requerer um subsídio de quarenta libras esterlinas. A biblioteca, assim mesmo, continuou merecendo a maior atenção de parte dos sócios, pois era o que os diferenciava dos demais trabalhadores, a informação e o conhecimento. Em 1853, ao serem revistos os estatutos, o senhor John Brierley, um dos sócios mais antigos, propôs que se destinassem à educação 2% das sobras apuradas trimestralmente que, mais tarde, tornou-se 2,5%. É importante ressaltarmos que foi essa decisão de destinar 2,5% das sobras líquidas à educação geral que elevou tanto a consideração pública sobre a Sociedade Cooperativa de Rochdale. Foi essa “regra de ouro” que lhe deu tanto valor, que lhe conquistou a simpatia de tantos amigos e lhe angariou fama universal. Foi esta regra que, tendo contribuído para o progresso intelectual e moral dos cooperados, preservou a sociedade do perigo de ver os seus estatutos reformados por pessoas ignorantes ou mal informadas. Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP) do estado de Goiás, os impactos causados pelas cooperativas em diversos países são de extrema relevância: Na Alemanha, cerca de 18 milhões de pessoas são associadas às coopera- tivas de crédito, o que equivale a 21% da população; No Brasil, as cooperativas são responsáveis por 40% do PIB agrícola e 6% do total das exportações agrícolas; No Canadá, de cada três habitantes, um é membro de uma cooperativa de crédito; Na Espanha, as cooperativas de Mondragon fazem parte, em escala nacio- nal, dos maiores fabricantes de refrigeradores e de equipamentos eletrodo- mésticos; 14UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo Nos Estados Unidos, as cooperativas controlam cerca de 80% da produção de laticínios. Além disso, foram as cooperativas que levaram a energia elétri- ca ao meio rural; Na França, as cooperativas dos ramos agropecuário e de crédito se desta- cam na economia; Na Índia, cerca de 12,3 milhões de pessoas são membros de cooperativas de laticínios e responsáveis por aproximadamente 22% do leite produzido no País (GOIÁS COOPERATIVO, 2018) Sabemos, obviamente, que a legislação em cada país é diferenciada para a constituição de uma cooperativa. As regras internas mudam de país para país, mas os princípios e valores do cooperativismo são universais. Talvez esteja aí o segredo desta importante representatividade do cooperativismo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. 15UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo 2 DEFINIÇÃO DE COOPERATIVISMO Mais do que conhecer o significado de sociedade cooperativa é ter consciência do significado desta instituição. Compreender seus valores, entender seus limites e sua responsabilidade, não apenas perante o quadro social e de empregados, é imprescindível para a sua existência de forma sustentável. Segundo Pinho (1996), pode-se dizer que a cooperação é uma forma de integração social e pode ser entendida como ação conjugada em que pessoas se unem, de modo formal ou informal, para alcançar o mesmo objetivo. Cooperação é uma palavra que vem do latim, cooperari, com o significado de operar juntamente e associada à prestação de trabalho conjunto, mútuo e com objetivos comuns. Apesar da pluralidade de definições de cooperativismo, nota-se uma convergência em relação às características como ajuda mútua, ao respeito à individualidade e ao benefício de todos pelo esforço conjunto. Schneider (1999) define cooperativismo como sendo uma filosofia de vida, doutrina, sistema, movimento; ou simplesmente uma atividade que, por meio das cooperativas, atua como instrumento organizador da humanidade, tendo como premissa a economia solidária e a participação democrática, considerando os direitos e deveres iguais para todos, sem que haja qualquer tipo de discriminação de qualquer natureza para todos os cooperados. O cooperativismo está fundamentado na união ou reunião de pessoas e não de capital. Por meio das cooperativas, utilizadas como instrumento dessa viabilidade, o 16UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo interesse individual não pode se sobrepor ao coletivo; objetivando estas instituições, única e exclusivamente, a prestação de serviços de interesse desse grupo sem que haja a obtenção do lucro. É a única forma de organização mundial capaz de atender as necessidades econômicas e sociais de seus integrantes, com respeito ao valor equitativo que promove com sucesso o equilíbrio e justiça entre os participantes. De acordo com Marschall (2009, p. 289), O fenômeno do cooperativismo vem se destacando como uma das formas mais usuais de associativismo. Desde a sua aplicação considerada mais impactante, especialmente para as relações sociais entre patrões e empre- gados, em Rochdale, o cooperativismo tem arrebanhado adeptos e críticos, seguindo, em geral, duas análises distintas. A primeira, de caráter ideológico, prega os ideais da união e da solidariedade, no estilo “a união faz a força”. A segunda assume postura mais crítica, comparando as cooperativas a qual- quer empresa capitalista que objetiva, em primeira instância, o lucro. De acordo com dados obtidos do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2018, publicado pela OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras no início do ano de 2019, existem mais de 1,2 bilhão de sócios no planeta em 150 países. São mais de 3 milhões de cooperativas que, juntas, empregam 280 milhões de pessoas. Trata-se da maior organização socioeconômica do planeta, pois, se formos considerar o número de associados, empregados e seus familiares, mais da metade do planeta vive em função do cooperativismo. Em Ferreira (1999) vamos encontrar os significados para as palavras que representam o cooperativismo de uma forma geral: ● Cooperar: agir ou trabalhar junto com outros, para um fim comum; colaborar; agir conjuntamente para produzir um efeito; contribuir. ● Cooperação: ato de cooperar; colaboração; prestação de auxílio para um fim comum; solidariedade. ● Cooperado: pessoa que faz parte de uma cooperativa; cooperador. Pode apresentar as variáveis de associado, sócio ou membro da sociedade. ● Cooperador: que ou aquele que coopera; colaborador. ● Cooperativa: associação de pessoas que exerce quaisquer atividades econômicas ou sociais em benefício comum. ● Cooperativismo: sistema econômico e social em que a cooperação é a base sobre a qual se constroem todas as atividades econômicas. ● Cooperativista: relativo às sociedades cooperativas ou ao cooperativismo; pessoa adepta do cooperativismo. ● Cooperativo: que coopera; Em que há cooperação. 17UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo As diferenças entre as pessoas, suas singularidades, seus interesses pessoais, objetivos, crenças etc. não podem sobrepor os interesses da coletividade sob pena de a instituição cooperativa não conseguir enfrentar os obstáculos para sua sobrevivência. Para Schneider (2005), o cooperativismo é uma filosofia de vida e é a única organização capaz, através das cooperativas, de atender as pessoas associadas em suas necessidades sociais e econômicas. 2.1 Identidade e Participação Cooperativista A vez e a voz do cooperado, promovidas pelo direito de Gestão Democrática, propiciada pelo segundo Princípio Universal do Cooperativismo,pelo Art. 38 da Lei 5.764/71 e pelos respectivos estatutos sociais das cooperativas, dão legitimidade ao produtor rural como proprietário e responsável pela instituição. Reitera que a sua permanência como sócio da cooperativa é essencial para a continuidade da instituição. Nesse contexto, observa-se a importância de o associado conhecer a legislação e a regulamentação estatutária. A partir do conhecimento de seus direitos e deveres, por exemplo, o associado se sente integrante no meio societário, sabendo que suas características individuais contribuirão para o todo. O oposto, ou seja, sem essa identificação com o meio societário, o faz, naturalmente, procurar outras formas que possam atender suas necessidades, sem que seja de forma coletiva ou por meio de uma cooperativa. O número de associados presentes em uma assembleia, as reuniões de núcleos da OQS, os eventos técnicos e institucionais e demais eventos, por meio da pesquisa documental, demonstram a importância da participação do associado e seus familiares nestes eventos, para a melhoria de suas capacidades técnicas produtivas, de grande relevância como contribuinte da identidade do produtor quanto a sua importância como produtor rural. É necessário considerar que a aptidão de produtor rural por determinada atividade e suas condições socioeconômicas podem significar seu sentimento de pertencer (ou não) e se fazer presente em uma sociedade. A satisfação de realizar aquilo que é prazeroso faz com que as adversidades – naturais em qualquer profissão ou atividade – sejam melhor solucionadas e superadas. Isso, aliado à diversidade com que cada um lida ou encara a profissão, contribui para a construção da identidade. Além do caminho da identificação, a identidade pode surgir pelo contraste com o diferente, ou pela oposição ao adversário, o que implica uma relação. Ver a identidade de forma relacional significa reconhecer a importância do 18UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo outro na composição de si mesmo, pois é só através desse outro, do diferen- te, que a identidade pode ser percebida como singular (BAUER; MESQUITA, 2007, p. 20). A socialização primária ocorre pela emoção de se sentir pertencente a um grupo familiar. Com o passar do tempo, esses laços familiares, culturais, religiosos, sociais, entre outros, contribuem para criação da própria identidade. A colonização da região do oeste paranaense foi realizada por alemães católicos e seus descendentes – laços afetivos e religiosos que estão diretamente ligados à formação da identidade. Marschall (2009, p. 292) destaca o papel exercido pela doutrina religiosa no surgimento de cooperativas: [...] A doutrina religiosa, empregada desde o início da fundação das colônias, assumiu papel significativo no surgimento da cooperativa em questão. A fa- mília é tida como o espaço social pelo qual o pequeno proprietário mantém a sua identidade como agricultor, seu estilo de vida, seu modo de produção voltado a policultura, e é também nela que alimenta e fortalece seu projeto de vida de sobrevivência e de bem-estar. A vida em coletividade demonstra às pessoas as diversas formas de encarar determinadas realidades ou com que situação ou ação são resolvidos alguns problemas ou como se realizam sonhos individuais ou coletivos. São as diferenças individuais que evidenciam a cada um os seus limites, necessidades de aperfeiçoamento ou de que forma suas características podem (ou não) contribuir com o coletivo. Caso contrário, o coletivismo, associativismo ou cooperativismo deixaria de existir, pois sem essas premissas, ou seja, essas diferenças e respeitando as características e identidade de cada indivíduo, não haveria convívio coletivo capaz de fazer com que essas diferenças fossem instrumento de crescimento individual. De fato, segundo Bauer e Mesquita (2007, p. 20): Dividir, ou classificar, também significa, no mais das vezes, hierarquizar, e a hierarquia é determinada por aqueles que têm o poder de instituir deter- minada representação. É por meio da representação que a identidade e a diferença passam a existir. Seria muito mais agravante a situação da desconstrução de identidade do produtor, caso não houvesse a participação da Cooperativa LAR no oeste paranaense. Isso porque essa oferece condições e oportunidades para o produtor rural se desenvolver socialmente e economicamente em uma pequena área de exploração agropecuária, que obrigatoriamente se faz necessária por intermédio da diversificação de atividades. Ainda assim, há uma evasão preocupante na região da área de ação da cooperativa. Por desinteresse, falta de incentivo dos pais, má gestão da propriedade, que resulta na improdutividade e alto custo de produção, falta de adaptabilidade às novas exigências mercadológicas e operacionais entre outros motivos, muitos jovens têm deixado a atividade 19UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo rural para migrar para os grandes centros em buscas de empregos ou para desenvolverem outras profissões não ligadas à atividade rural exercida por seus pais. Cabe à cooperativa, em conjunto com as famílias, o papel de desenvolver planejamentos e ações a fim de que esse problema seja amenizado e para que a evasão não prejudique a continuidade da produção familiar e muito menos a da própria cooperativa. Cabe mencionar que as cooperativas agropecuárias têm um papel impor- tante no desenvolvimento rural, pois são instituições que podem participar e influir diretamente no cotidiano das atividades produtivas de seus integrantes, com vistas a gerar ganhos econômicos e melhorias na qualidade de vida (BOESSIO; DOULA, 2017, p. 439). Há uma grande preocupação do sistema cooperativista nacional quanto ao processo sucessório de seus associados, principalmente no que diz respeito a produção rural. A cada geração diminui-se a quantidade de sucessores que assumem a propriedade dos antecessores, sendo que os balanços sociais e econômicos das cooperativas apontam fortemente essa tendência. Isto está ligado, inclusive, à perda da identidade, segundo os produtores entrevistados. Mais que ter identidade no processo produtivo rural há a necessidade de valorização socioeconômica para devida continuidade – papel indispensável da cooperativa. Também é possível fazer uma reflexão a partir do estudo de Pellin (2017), que estabelece uma ligação entre o indivíduo e as organizações por laços afetivos, imaginários e psicológicos, que ultrapassam a importância da relação com o próprio trabalho em si. Os propósitos que a organização estabelece podem ser ressignificados pelas pessoas que vão executá-los, em função das relações interpessoais e da interação das pessoas com a organização. Trata-se de uma associação que permite aos pertencentes se reconhecerem como seres sociais através dos relacionamentos e da interação com os outros. 2.2 O Cooperativismo no Brasil O ideal cooperativismo puro já tinha mais de meio século de aplicação prática quando chegou ao Brasil. Três tentativas de adotá-lo não foram bem sucedidas. Quem efetivamente o trouxe e lhe deu formas reais foi o padre suíço Theodor Amstadt, que lançou numa reunião, à Sociedade de Agricultores Rio-Grandense da Linha Imperial, a ideia de organização de uma caixa de linhas de crédito rural nos moldes das caixas de Raiffeisen, idealizadas por Friedrich Raiffensen, prefeito de uma pequena localidade na Alemanha (PINHO, 1982). 20UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo De sua iniciativa e de seu trabalho pastoral nasceu a primeira e verdadeira instituição de cunho cooperativista no Brasil, com o nome de Cooperativa de Crédito Rural Nova Petrópolis Ltda. COOPERURAL, em Nova Petrópolis (RS), com data de fundação em 28 de fevereiro de 1902, o que fez do Rio Grande do Sul o berço do cooperativismo brasileiro. O Quadro 1 ilustra os principais números do cooperativismo nacional, divulgado em 2019 pela Organizaçãodas Cooperativas do Brasil (OCB). Quadro 1 – Demonstração do número de cooperativas, cooperados e empregados no Brasil Ramo do Cooperativismo Nacional Número de Cooperativas Número de Cooperados Número de Empregados AGROPECUÁRIO 1.613 1.021.019 209.778 CONSUMO 205 1.991.152 14.272 CRÉDITO 909 9.840.977 67.267 EDUCACIONAL 265 60.760 3.412 ESPECIAL 10 377 8 HABITACIONAL 282 103.745 742 INFRAESTRUTURA 135 1.031.260 5.824 MINERAL 95 59.270 177 PRODUÇÃO 230 5.564 1.132 SAÚDE 786 206.185 107.794 TRABALHO 925 198.466 5.105 TRANSPORTE 1.351 98.190 9.792 TURISMO E LAZER 22 1.867 15 TOTAL GERAL 6.828 14.618.832 425.318 Fonte: OCB (2019). Segundo dados levantados junto a OCB no Anuário do Cooperativismo Brasileiro, nos últimos quatro anos o Brasil conseguiu gerar por volta de 5% de novos empregos. Enfatiza-se a importância do papel das cooperativas brasileiras como contribuintes para o desenvolvimento nacional, que sozinhas geraram no mesmo período mais de 18% de novos postos de trabalho, totalizando mais de 425 mil empregos. Um dado interessante da pesquisa realizada pela OCB é no tocante a empregabilidade feminina, que representa 48% deste total. O Quadro 1 retrata essa relevância, dadas essas importantes informações quanto ao número de pessoas que as cooperativas atendem diretamente. 21UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo Juntas, as cooperativas brasileiras, distribuíram, aos seus associados como resultados (sobras) positivos nas assembleias, mais de 7.5 bilhões de reais; e conta com o expressivo número de R$40.2 bilhões em capital social (somatório de todas as contas capitais dos associados). Os resultados são a base para o Sistema OCB traçar estratégias eficazes para tornar o cooperativismo ainda mais forte e desenvolvido, sendo reco- nhecido, consequentemente, pela sociedade por sua competividade, integri- dade e capacidade de gerar felicidade para as pessoas (OCB, 2019, p. 25). Se formos comparar com outros países, tais como o Canadá, Alemanha, Nova Zelândia, entre outros, mais de 30% da população faz parte de alguma cooperativa, seja como associado ou trabalhador. No Brasil este número fica por volta dos 7%. Muito ainda há de se fazer para que, além do aumento deste índice, mais pessoas possam usufruir dos produtos e serviços das cooperativas. 22UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo 3 IDENTIDADE COOPERATIVA Desde a criação da primeira cooperativa, a identidade cooperativa vem amadurecendo. Um grande marco nesse contexto ocorreu em 1995, no 31º Congresso da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Manchester (Inglaterra). Em vista dos desníveis sociais, empregabilidade e perspectiva de vida da população mundial, definiu-se a identidade cooperativa que vigora na atualidade, juntamente com os novos princípios e valores do cooperativismo. Está contextualizada e formalizada em todo o mundo, composta por três elementos: Princípios, Valores e Fundamentos. Esses três elementos, além de comporem a identidade cooperativa, instrumentalizam seus estatutos sociais. Devem constantemente ser observados em todas as ações da instituição cooperativa sob pena de dissolução da sociedade, havendo, em muitos casos, prejuízos para os seus membros associados. Como enunciado, a identidade cooperativa tal que vigora na atualidade foi resultado de exaustivas discussões acerca do tema na ACI, sem que haja conhecimento de publicações específicas do tema. O Congresso realizado pela ACI sugere que a identidade cooperativa está fundamentada na identidade organizacional e senso grupal, que é a característica principal do cooperativismo. De acordo com a Lei 5.764/71 (BRASIL, 1971), cooperativa é uma associação de, no mínimo, 20 pessoas com interesses comuns, economicamente organizada de forma democrática, isto é, contando com a participação livre de todos e respeitando os direitos e 23UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos. Entretanto, a partir de 2003, por força do Novo Código Civil Brasileiro (Lei 10.406/2002), o número mínimo para constituição é aquele que seja suficiente para a boa administração e fiscalização da instituição (BRASIL, 2002). Contudo são necessárias 20 pessoas físicas, no mínimo, para que haja o registro nas Organizações das Cooperativas Estaduais. 3.1 Valores do Cooperativismo Cooperativa é uma organização de pessoas que se baseia em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Seus objetivos econômicos e sociais são comuns e necessários a todos. Os aspectos legais e doutrinários são distintivos de outras sociedades. Seus associados acreditam nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preocupação com seu semelhante. Os conceitos que dão identidade e sustentação ao cooperativismo: ● Cooperar: unir-se a outras pessoas para conjuntamente enfrentar situações adversas, no sentido de transformá-las em oportunidade e bem-estar econômico e social. ● Cooperação: método de ação pelo qual indivíduos ou familiares com interesses comuns constituem um empreendimento. Os direitos são todos iguais e o resultado alcançado é repartido somente entre os integrantes, na proporção da participação de cada um. ● Sócios: indivíduo, profissional, produtor de qualquer categoria ou atividade econômica que se associa a uma cooperativa para exercer atividade econômica ou adquirir bens de consumo e/ou duráveis. O cooperativismo surgiu entre trabalhadores ingleses que buscaram na cooperação solidária a solução para os problemas econômicos causados pela concentração do capital, resultando em dificuldades de sobrevivência. Apoiados em teorias de pensadores, idealizadores e filósofos estabeleceram/criaram os princípios norteadores, baseados nos valores de: ● Autoajuda: é baseada na crença de que todas as pessoas podem e devem esforçar-se para controlar seu próprio destino. Cooperativas acreditam, porém, que um completo desenvolvimento individual se dá a partir da associação com outros indivíduos. Através da ação conjunta e responsabilidade mútua, podemos 24UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo alcançar mais, aumentando nosso poder de influência coletiva no mercado e frente aos governos. ● Autorresponsabilidade: significa que os sócios assumem a responsabilidade por sua cooperativa. Os sócios têm a responsabilidade de promover a sua cooperativa na comunidade. Além de assegurar a independência de sua cooperativa de outras organizações públicas ou privadas. ● Igualdade: a unidade básica da cooperativa é o sócio, o ser humano. Essa é uma das características que distinguem a cooperativa de outras organizações de capital. Os sócios têm direitos de participação, de informação, de comunicação e de estarem envolvidos na tomada de decisões. A cooperativa deve assegurar a igualdade entre os seus associados. É um desafio difícil, porém deve ser contínuo para todas as cooperativas. ● Equidade: ela se refere à maneira como os sócios são tratados, como são recompensados por sua participação econômica junto à cooperativa, através de dividendos, alocação de reservas de capital ou redução de taxas e tarifas. Aborda as relações operacionais mantidas entre os sócios e sua cooperativa. Alcançar a equidade em uma cooperativa é um desafio contínuo. ● Solidariedade: esse valor tem uma longa e consagrada história no movimento cooperativista mundial. Ele assegura que uma cooperativa é mais do que uma associação de pessoas, também é uma coletividade, trazendo benefícios para toda uma comunidade. É um ambiente onde se preservam as individualidades das pessoas, mas se combatem os individualismos. Busca atender as necessidades individuais dos seus membros, desde que esses sejam coincidentes ou que não se oponham aos interesses gerais da comunidade de associados. Por fim,é necessário enfatizar que a solidariedade é a causa e a consequência da autoajuda e da ajuda mútua. ● Honestidade, Transparência e Responsabilidade social: muitas das primeiras cooperativas do século XIX, mais obviamente os pioneiros de Rochdale, tinham um compromisso especial com a honestidade. Na verdade, seus esforços eram distintos no mercado parcialmente, porque elas insistiam em medidas honestas, alta qualidade e preços justos. 25UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo 4 PRINCÍPIOS UNIVERSAIS DO COOPERATIVISMO Os princípios cooperativos são as linhas que orientam as cooperativas para que estas possam aplicar seus valores para o bem de uma sociedade cooperativa. Sob os pilares da cooperação que tem como destaque a união do social (união de pessoas – autogestão) e do que trata o econômico (empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida em que todos têm participação equitativa nos resultados), é o que assegura a longevidade de uma instituição cooperativa. Desde a constituição da primeira cooperativa, como já enunciado, os princípios universais sofreram alterações e, para atender as exigências da sociedade moderna, no ano de 1995, em Manchester, na Inglaterra, por ocasião do Congresso Internacional de Cooperativas, foram instituídos os novos princípios universais do cooperativismo, listados no Quadro 2: 26UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo Quadro 2 – Princípios universais 1º Princípio Adesão voluntária e livre As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pes- soas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como cooperados, sem discriminações sociais, raciais, políticas, reli- giosas ou de gênero. 2º Princípio Gestão democrática pelos sócios As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus cooperados, que participam ativamente na formulação das suas políti- cas e na tomada de decisões. Os conselheiros e diretores – eleitos nas assembleias gerais como representantes dos demais cooperados – são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os cooperados têm igual direito de voto (cada cooperado, um voto); nas cooperativas de grau superior pode ser instituída a proporcionalidade de votos, desde que se mantenha a forma democrática da organização. 3º Princípio Participação econômica dos cooperados Os cooperados contribuem equitativamente e controlam democratica- mente o capital de suas cooperativas. Os cooperados destinam os excedentes a finalidades como o desenvolvimento da cooperativa, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível; benefício aos cooperados na proporção das suas transações com a cooperativa; apoio a outras atividades desde que aprovadas pela assembleia geral dos cooperados. 4º Princípio Autonomia e independência As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, con- troladas pelos cooperados. Em caso de firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle de- mocrático pelos cooperados e mantenham a autonomia da sociedade. A Constituição Brasileira promulgada em 1988, em seu Art. 5º, Inc. XVIII reforça esse princípio básico do cooperativismo ao disciplinar: “a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas inde- pendem de autorização, vedada a interferência estatal em seu funcio- namento”. 5º Princípio Educação, formação e informação As cooperativas promovem a educação e a formação de seus coope- rados, dos representantes eleitos, dos gerentes e de seus funcioná- rios, de forma que estes possam contribuir eficazmente para o desen- volvimento da cooperativa. Divulgam os princípios de cooperativismo e informam a natureza e os benefícios da cooperação para o público em geral, particularmente para os jovens e os líderes de opinião. 6º Princípio Intercooperação Para as cooperativas prestarem melhores serviços a seus cooperados e agregarem força ao movimento cooperativo, devem trabalhar em conjunto com as estruturas locais, regionais, nacionais e internacio- nais. 7º Princípio Interesse pela comunidade As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos cooperados. Este sétimo princípio foi especialmente instituído pelo Congresso da Aliança Cooperativa Internacional em setembro de 1995. Fonte: OCEPAR (2018). 27UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo Estes princípios enunciados no Quadro 2 é que contribuem e norteiam a constituição de uma cooperativa, seja ela o ramo destinado, bem como os seus respectivos estatutos sociais. Independentemente do número de pessoas necessários para a constituição de uma cooperativa seguindo a Legislação de cada país, esses princípios é que contribuem para que o cooperativismo, efetivamente, possa desenvolver seu papel de levar às pessoas maior qualidade de vida. Os valores das cooperativas são baseados na ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade, equidade, solidariedade e na tradição dos fundadores da primeira cooperativa: os valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e preservação do ambiente para o desenvolvimento de forma sustentável. Foi isso que alicerçou os Princípios Universais do Cooperativismo, que desde a primeira cooperativa, em Rochdale, se fazem praticamente inalterados até os tempos atuais. 4.1 A Importância dos Princípios Cooperativistas e seus Principais Desafios Os Princípios Universais do Cooperativismo embasam os estatutos sociais das cooperativas para que, assim, elas não sejam desvirtuadas ou possam ser criadas normatizações que vão de encontro aos seus objetivos principais. Cada um desses princípios tem seu valor, seu objetivo e sua participação no poder de mantenedor dos ideais cooperativistas e já merecem atenção quanto suas aplicabilidades no dia a dia da cooperativa, que adiante relatamos. 4.1.1 Primeiro princípio: adesão livre e voluntária Quase que a totalidade das cooperativas, considerando inclusive todos os ramos do cooperativismo, não tem nenhum Planejamento Estratégico quanto à Educação Cooperativista para proponentes ou recém cooperados admitidos. Há, na maioria das vezes, a necessidade da cooperativa de incrementar o número de associados e, com isso, aumentar o faturamento. Nas décadas de 70 e 80, principalmente os produtores rurais eram admitidos “na fila da descarga de grãos”. Não se percebia, e até os tempos atuais isso ocorre, que o “aumento no faturamento” está na elaboração de um planejamento estratégico que possa incrementar a movimentação econômica dos cooperados existentes e não que seja necessário a admissão de novos. A inconsciência cooperativista não é culpa apenas dos cooperados que não buscam informações sobre sua cooperativa, seus direitos e deveres, responsabilidades 28UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo etc. É também da cooperativa que, erroneamente, tem uma visão meramente econômica no seu planejamento estratégico. A não observância de maneira sistêmica dos valores cooperativistas e da cooperativa faz com que os projetos elaborados, que precisam de apoio do quadro associativo, caiam em descrédito pelo distanciamento e falta de transparência. A Legislação protege a todos aqueles que querem ingressar em uma cooperativa. Não tendo qualquer impedimento legal, aceitando e compreendendo suas obrigações, podem ingressar livremente em uma cooperativa. Na prática, porém, o ingresso normalmente acontece sem que os novos cooperados tenham conhecimento do estatuto social ou Legislação. A inobservância legislativa e estatutária por parte do cooperado e a não preocupação da cooperativa em motivar essa situação é um dos graves problemas enfrentados pelas cooperativas quando há a necessidade, por exemplo, da participação efetiva do sócio nos planejamentos,projetos ou movimentação econômica. Ao longo do tempo e da sua participação no dia a dia da cooperativa, o sócio percebe que por trás daquela “empresa” há uma cooperativa, que vai além das suas necessidades econômicas. O Planejamento por parte da cooperativa capaz de equilibrar sua prestação de serviço ao sócio de forma equilibrada nas questões sociais e econômicas e que fará com que tenha um crescimento sustentável e constante. 4.1.2 Segundo princípio: controle democrático pelos sócios Há sempre uma discussão da efetiva/real participação democrática do sócio no poder decisório de uma cooperativa por ocasião da Assembleia Geral, de um Planejamento Estratégico ou, ainda, como contribuinte em um Projeto Cooperativo. Mas vejamos o seguinte: a Lei Cooperativista determina que poderá haver somente uma Assembleia, convocada com antecedência de 10 dias, com edital devidamente publicado em veículos de circulação regional e afixado em local de fácil acesso e circulação do sócio. Todos os assuntos a serem apreciados e discutidos por eles deverão constar no edital e somente estes itens poderão ser votados. Analisemos o seguinte aspecto: caso haja necessidade de esclarecimentos, o sócio poderá ter acesso a qualquer informação que achar conveniente, principalmente a respeito dos itens que serão votados na assembleia (há, no mínimo, dez dias para isso); a Votação de um Planejamento Estratégico, por exemplo, pode e deve ter a participação do sócio antes da votação, haja vista que os assuntos são, na totalidade, de seu interesse; a preparação pelo “sim” ou pelo “não” no dia da assembleia está ao seu alcance e isso assegurado por Lei. 29UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo 4.1.3 Terceiro princípio: participação econômica dos membros Uma cooperativa é uma sociedade de pessoas e não de capital, sendo seu objetivo a prestação de serviços aos sócios sem o objetivo de lucro. Havendo uma prestação de serviço em que se obtenha um resultado no balanço, esse deverá ter a participação do sócio na proporcionalidade de sua operação. Por um lado, os fundos obrigatórios estipulados em estatuto cobrirão eventuais perdas da cooperativa; caso não sejam suficientes, cada sócio deverá ter participação de acordo com sua movimentação econômica no exercício. Por outro lado, sempre que o balanço apresentar sobras de exercício, depois de destinados os percentuais estatutários aos fundos legais, o restante é distribuído na proporcionalidade de operações de cada sócio. Mais uma vez fica claro neste item, a importância da participação efetiva do sócio no que está sendo planejado segundo o interesse e responsabilidade do quadro social. Mais uma vez fica evidente o esclarecimento e a importância da transparência da cooperativa para com o sócio. Em uma eventual perda e necessidade de capitalização da cooperativa com dinheiro provindo do sócio, este por sua vez, só o fará se tiver conhecimento de suas obrigações e consciência da importância da participação efetiva. De forma praticamente genérica há pouca informação por parte das cooperativas ao sócio quando o assunto é perda e não sobras. 4.1.4 Quarto princípio: autonomia e independência Até o ano de 1988 todas as cooperativas eram fiscalizadas e podiam, inclusive, ter a intervenção do INCRA. Após a promulgação da nova Constituição Federal neste ano, o controle e responsabilidade passou a ser dos seus sócios. Além dos membros dos Conselhos de Administração, Fiscal e o caso de algumas cooperativas integrantes dos Comitês Educativos, dentro do processo de Organização do Quadro Social não se tem ajuda por parte dos demais sócios ao controle, administração, fiscalização ou observância da cooperativa. Não é direito do sócio, mas sim obrigação participar das assembleias, denúncias falhas, julgar dirigentes, enfim, dar sua contribuição para o efetivo cumprimento deste princípio de autonomia e independência cooperativa. Na prática, o que presenciamos é a delegação por parte dos sócios aos conselheiros de tudo o que está fora do seu interesse econômico. Vejo, neste âmbito, preocupação com o crescimento sustentável da cooperativa frente ao mercado, cada vez mais exigente e disputado, principalmente no agronegócio. Ter “autonomia e independência” requerer uma 30UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo efetiva participação de todos. Não há projetos, planejamentos estratégicos, autorizações, nomeações de conselhos, destinos de resultados etc., sem que se tenha segurança e confiabilidade por parte de todos os membros da sociedade cooperativa. 4.1.5 Quinto princípio: educação, formação e informação Não há dúvidas de que a eficácia dos demais princípios universais dependam da educação, da formação, transparência e informação. Não há como se ter um processo evolutivo consistente tanto do quadro social como o da cooperativa sem a devida preocupação com este princípio. Projetos Educacionais Cooperativista; Formação de Lideranças; Palestras Técnicas; Pré-assembleias; Reuniões de Núcleos Cooperativos entre outros são algumas ações que as cooperativas têm desenvolvido no estado para procurar levar maiores e melhores conhecimentos aos sócios e seus familiares. A quantidade e qualidade de participação, porém, é o que preocupa quanto à eficácia destes projetos. Algumas regiões paranaenses que foram colonizadas por descendentes europeus e que as cooperativas de atuação não têm um número muito grande de sócios, realizam estes eventos com um número expressivo de participantes, inclusive com vários membros da família. A visão da cooperativa é, sem dúvida, que o sócio passe a confiar e movimentar melhor as suas necessidades com a cooperativa, aumentando, assim, seu faturamento. A visão do sócio é que sua participação nestes eventos lhe traga maior conhecimento acerca de como pode se utilizar de forma mais otimizada as estruturas oferecidas pela cooperativa e qual seu custo/benefício para ele. Esse tipo de participação sim traz vantagens a ambas as partes. Na prática, é extremamente comum o sócio ter a participação nos eventos institucionais e técnicos apenas se houver um “atrativo” para a sua participação, por exemplo brindes, sorteios e jantares. Uma triste realidade cultural. 4.1.6 Sexto princípio: intercooperação Várias regiões paranaenses têm estruturas conjuntas de logística, prestação de serviços, programas educacionais, de industrialização de produtos agrícola e pecuários, entre outros. Em seus Planejamentos Estratégicos de Governança aprovados em assembleia (muitos deles) preveem a necessidade de melhor atender as necessidades do quadro associativo com a parceria com outras cooperativas. 31UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo 4.1.7 Sétimo princípio: preocupação com a comunidade Naturalmente, apenas pela existência de uma cooperativa, que tem como valores: empregabilidade; distribuição de renda de forma equitativa; inclusão social e desenvolvimento humano; parâmetro de mercado; segurança em produtos e serviços e recolhimento de impostos, já beneficia, e muito, a comunidade e o meio onde atua. É imensurável para o quadro social saber que suas ações para com sua cooperativa têm resultados para ele e para a comunidade diretamente. Uma cooperativa não se resume ao número de associados que ela possui e sim ao montante familiar deles, dos empregados, fornecedores, empregos indiretos que ela gere. Naturalmente, isso ocorre apenas pelo fato da sua existência, mas em observância ao sétimo princípio universal, diagnosticar e planejar ações que possam ser contribuintes para o desenvolvimento regional é uma obrigação que a faz estar sempre atenta às especificidades de cada região, respeitando as questões culturais, sociais, religiosas e econômicas. Este princípio, na prática, ocorre na sua totalidade de objetivos propostos, como dissemos, pelo simples fato de sua existência, afinal estão ali, na comunidade,as pessoas que trabalham na cooperativa, que são sócios, muitos de seus fornecedores e clientes. 4.2 Porque e como Formar Cooperativas As cooperativas são idealizadas, nascem e crescem pela necessidade de uma determinada situação que as pessoas individualmente não conseguem satisfazer. As forças individuais organizadas democraticamente, com objetivos comuns, caracterizam a cooperativa. Muitas comunidades brasileiras encontram nos trabalhos prestados pelas associações as situações suficientes para atenderem seus objetivos principais. A partir do momento em que a Legislação brasileira não permite determinadas ações, o caminho pode ser a constituição de uma cooperativa. Está claro na Lei 5.764/71 que para formar uma cooperativa são necessárias, no mínimo, 20 pessoas físicas que tenham os mesmos objetivos e não tenham nenhum impedimento Legal. Esse número, porém, com a criação do Novo Código Civil, não estabelece o número mínimo para constituição e sim um número mínimo necessário para administração e fiscalização da instituição cooperativa. As Organizações Estaduais das Cooperativas, com respaldo do Sistema OCB, entendem que ao considerar o mínimo de 6 associados para comporem o Conselho Fiscal, com renovação anual de 2/3, e a formação de um Conselho Administrativo com pelo menos 3 associados, com renovação de 1/3 a 32UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo cada mandato, mais o número mínimo de presentes em uma Assembleia de 10 associados com direito à voto, orientam que a formação de novas cooperativas seja com, no mínimo, 20 pessoas físicas. Segundo informações obtidas no site do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR, 2018), as pessoas interessadas em constituir uma cooperativa devem procurar a instituição e seguir alguns passos. 4.3 Os Passos a Serem Seguidos Segundo a Legislação Vigente a) Reunir o grupo interessado em constituir a cooperativa e fazer uma pesquisa para descobrir se eles estão dispostos a trabalhar em grupo, de forma societária e se estão dispostos a levar em consideração os aspectos estatutários, associativos, mercadológicos e sociais. b) Nomear o coordenador dos trabalhos e escolher a comissão que irá providenciar todas as condições necessárias para a constituição. c) Elaborar um estudo que leve em consideração a viabilidade econômico-financeira da Cooperativa, no qual constará o planejamento da futura cooperativa. d) O estudo de viabilidade deverá contar, entre outros pontos: ● Objetivos da cooperativa; ● Número de cooperados e capital social; ● Informações sobre o mercado; ● Previsão financeira anual; ● Prestação de serviços aos cooperados; ● Inversões da cooperativa: ativo fixo e capital de giro; ● Fontes de Capital; ● Recursos humanos (empregados e custo anual); ● Custos fixos, variáveis e totais para o 1º funcionamento; ● Fluxo de caixa; ● Ponto de nivelamento; ● Benefícios gerais com a implantação da nova cooperativa. 33UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo e) Elaboração de uma proposta de estatuto para que todos os interessados possam ler e discutir. Nele, atendendo os dispositivos da Lei 5.764/71 – artigo 21, deverá constar: ● Denominação social – com a expressão “cooperativa”; ● Endereço completo da sede e foro; ● Prazo de duração; ● Área de ação da sociedade cooperativa; ● Normativas para fixação do exercício social; ● Sobre a data do levantamento do balanço social; ● Direitos e Deveres do associado; ● Natureza e responsabilidade dos associados; ● Admissão, demissão, eliminação e exclusão do associado; ● Capital social mínimo exigido; ● Número mínimo de quotas parte e forma de capitalização do associado, bem como as condições gerais para a retirada quando de sua demissão, eliminação ou exclusão; ● Normas para representação em assembleias; ● Fundos obrigatórios e mais fundos que podem ser estabelecidos em assembleia; ● Forma de devolução de sobras de exercício ou distribuição dos prejuízos; ● Modo de administração ou fiscalização. Estabelecimento do prazo de mandato dos conselheiros administrativos bem como a forma de substituição ou eleição dos demais órgãos da cooperativa; ● Formalidades quanto à convocação das Assembleias Gerais; ● Formas de dissolução, fusão, incorporação e desmembramento da sociedade cooperativa; ● Formas de oneração dos bens da cooperativa; ● Modo de reforma do estatuto social. f) Realizar reuniões a fim de que haja uma apresentação e discussão de todos os itens da proposta estatutária e da viabilidade econômica. g) Fazer pesquisa se não há outra empresa com o nome sugerido. 34UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo h) Fazer pesquisa junto à Receita Federal e Estadual para saber se os futuros associados não têm algum impedimento legal que possa trazer problemas futuros. i) Convocação de todas as pessoas interessadas para a Assembleia de Constituição da Cooperativa – mínimo de 20 pessoas físicas, exceto cooperativas de trabalho, conforme Lei 12.690/12. j) Providenciar os livros necessários para a Assembleia de constituição. k) Arquivar os documentos constitutivos da cooperativa na Junta Comercial e dar entrada no CNPJ na Delegacia da Receita Federal l) Registrar a cooperativa no órgão estadual representante do cooperativismo, Secretaria Estadual da Fazenda, Prefeitura Municipal, INSS e em todos os demais órgãos necessários. Cabe ressaltar a importância dos interessados averiguarem na localidade, ou próximo dela, se há alguma outra forma para que seus objetivos possam ser alcançados. Por intermédio de Associações, Sindicatos, ONGs ou até mesmo outra cooperativa que já esteja na região e que possa admitir essas pessoas com os mesmos objetivos. 35UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo CONSIDERAÇÕES FINAIS É fascinante observar que desde que se nota a existência da humanidade a cooperação e o cooperativismo, de alguma forma, sempre existiram. A busca de objetivos comuns por intermédio da força da cooperação fez com que nossos ancestrais sobrevivessem a todos os obstáculos de qualquer ordem. A união de forças com respeito às individualidades e a participação democrática fizeram com que os pioneiros de Rochdale instituíssem a primeira cooperativa que se tem notícia. No Brasil, o cooperativismo chegou juntamente com as bagagens dos primeiros europeus, especialmente no Rio Grande do Sul, onde foi criada a primeira cooperativa pelo Pe. Theodor Amstad, na comunidade da Linha Imperial, em Nova Petrópolis. De lá para cá essa ideia da criação das cooperativas tomou corpo, cresceu e se instalou em todos os estados brasileiros, contribuindo para o desenvolvimento nacional. O cooperativismo é uma filosofia de vida, como relata o Professor Pe. José Odelso Schneider, um dos principais estudiosos do cooperativismo nacional. A identidade, tão necessária e, de certa forma, vital às nossas vidas foi e é criada, muitas vezes, com o convívio em comunidade e nas cooperativas dos mais diversos ramos, norteados pelos princípios e valores universais que garantem às cooperativas não serem desvirtuadas de seus objetivos principais. As cooperativas sempre surgiram e vão surgir em conformidade com as necessidades econômicas e sociais de uma determinada população, seja ela rural, com as necessidades dos produtores de garantia de produtos e serviços, como de comercialização e também dos públicos urbanos, com a instituição de uma cooperativa de trabalho, que tem o papel primordial de inclusão social e de trabalho de pessoas que, sozinhas, não conseguem este intuído. As cooperativas procuram a cada dia levar às pessoas uma melhor qualidade de vida. 36UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo SAIBA MAIS Mais de 70 dos países do mundo têm algum tipo de cooperativa, mostrando que a força da união, organização social por intermédio das cooperativas, fizeram, fazem e conti- nuarão fazendo seu papel na busca pela diminuição dadistância entre ricos e pobres. O maior desafio das cooperativas na atualidade, sem dúvidas, é a quebra do paradigma do imediatismo, do oportunismo e do individualismo que levam as pessoas à alcança- rem seus objetivos em detrimento de outra pessoa. As cooperativas e os cooperativistas visam a Formação e Educação Cooperativista para que, assim, mais e mais pessoas possam se conscientizar da importância de uma cooperativa para o desenvolvimento nacional. Fonte: o autor. REFLITA “Não se nasce cooperativista tal como o poeta o músico ou o ator, a cultura do coopera- tivismo é um longo processo de educação, formação e conscientização a ser desempe- nhado pelas cooperativas.” Fonte: José Odelso Schneider. Professor da Unisinos. São Leopoldo-RS. 37UNIDADE I Evolução Histórica do Cooperativismo LEITURA COMPLEMENTAR ● No site das OCB estaduais podemos encontrar informações relevantes sobre o cooperativismo de cada estado. o Faturamento; histórico do cooperativismo estadual; número de cooperati- vas; empregabilidade etc. Artigo: A Organização de Base nas Cooperativas: o exemplo da Cooperyucumã Acadêmicos: Fábio André Eickhoff e Décio Cotrim Disponível em: http://www.emater.tche.br/site/arquivos_pdf/teses/E_Book2.pdf Gestão de cooperativas: produção acadêmica da Ascar/ organizado por Décio Souza Cotrim. - Porto Alegre, RS: Emater/RS-Ascar, 2013. 694 p. – (Coleção Desenvolvimento Rural, v. 2). MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: The Rochdale Pionners (disponível no YouTube). Ano de lançamento: 2012. Sinopse: Conta a história emocionante, em 57’, da criação da primeira cooperativa em Rochdale – Inglaterra. As cenas do filme procuram retratar as dificuldades que esses pioneiros enfrentaram para fundar a Cooperativa. As discussões; as reuniões intermináveis; a forma de estabelecimento do planejamento estratégico para aquisição dos primeiros produtos; a criação dos princípios... Enfim, uma viagem no tempo que vai contribuir, e muito, com o entendimento sobre o cooperativismo. 38 ● As características da empresa cooperativa; ● Importância da Sucessão no processo cooperativo. ● Fatores que determinam o sucesso de uma cooperativa. UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo Prof. Me. Marcos dos Reis Zanin 39UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo INTRODUÇÃO Como é sabido, na atualidade, pouco mais de 6% da população brasileira faz parte de algum tipo de cooperativa. Há muito ainda a ser percorrido para que a população brasileira se beneficie cada vez mais deste movimento socioeconômico capaz de levar às pessoas uma melhor qualidade de vida. Pouco se sabe sobre cooperativismo nas escolas ou nas comunidades e não é por falta de Legislação que possa amparar as cooperativas. Inclusive no que diz respeito à Educação Cooperativista, No Brasil, a década de 1930 é importante, pois nesse período começam a surgir as primeiras legislações acerca do cooperativismo. Para exemplificar, observasse que, em 19 de dezembro de 1932, foi publicado o Decreto nº 22.239, baseado no princípio da doutrina cooperativista, que possibilita a for- mação de cooperativas comerciais e de natureza civil. Em 1959, por meio do Decreto-lei nº 59, instituiu-se a Política Nacional do Cooperativismo, tendo sido regulamentada em 1967, com a edição do Decreto-lei nº 60.597, que cria o Conselho Nacional de Cooperativismo e define o ato cooperativo (SAN- TOS, 2019, p. 19) Percebe-se que o que existe na atualidade, com maior gravidade em algumas regiões, é a falta de “cultura” associativista. Nossos filhos aprendem desde cedo que o material escolar é “seu” material escolar, não havendo, por parte da grande maioria das escolas do ensino fundamental, qualquer tipo de ações em que possa ser trabalhada a força da cooperação, o coletivismo, a ajuda mútua e o cooperativismo. Nas cooperativas, porém, há trabalhos voltados aos filhos dos cooperados, com o objetivo de criar uma melhor conscientização sobre a importância das cooperativas para a vida das pessoas. Segundo Boesche (2005), é nas cooperativas e com os filhos dos associados que se inicia, desde cedo, o trabalho educacional cooperativista, criando nos jovens a consciência da cooperação. Nesses grupos de estudo e de trabalho é que surgem as novas lideranças cooperativistas. A admissão pura e simples de pessoas nas cooperativas, sem que haja por elas qualquer trabalho de Educação Cooperativista, pode ser um risco para as cooperativas pelo fato de que novos associados podem ser configurados como meros clientes. Para Bialoskorski (1998), o associado tem que entender que é dono e usuário da cooperativa. É 40UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo sua propriedade, portanto tem que conhecer de perto suas atividades, seus direitos como associado e suas obrigações. Nesta empresa o associado é simultaneamente “cliente” e “proprietário”, o que induz a alguns problemas específicos de separação entre a propriedade e o controle, e a alguns problemas de custos associados à necessidade de monitoramento das relações contratuais. Estas características, entre outras, fazem desta empresa um tipo particular de organização que merece uma abordagem específica, principalmente quando se trata dos agronegócios (BIALOSKORSKI, 1998, p. 61). As cooperativas, como empresa, necessitam que seus sócios estejam mais próximos e conscientes de seus produtos e serviços, o quanto isso custa e seus benefícios por participarem mais ativamente da cooperativa. Os projetos futuros têm que estar ao alcance dos associados e deve haver, por parte da cooperativa, uma comunicação eficaz sobre seu planejamento estratégico. Essas ações de planejamento, comunicação, transparência na gestão e gestão participativa devem ir ao encontro das necessidades do quadro associativo para que eles compreendam e participem ativamente de seus negócios. 41UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo 1 AS CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA COOPERATIVA Trabalhar como empresa, mas sem deixar de ser cooperativa. Talvez essa seja a estratégia do crescimento substancial que as cooperativas, especialmente as do Paraná, têm adotado nos últimos anos. A racionalidade nas ações das cooperativas, sejam elas na hora de receber um produto do cooperado, sejam elas na hora de comercializar algum produto, necessita de estar inserida na tomada de decisão no mercado, cada vez mais competitivo. Ações que procuram garantir um bom preço ao cooperado quando da entrega de sua produção e não o preço que normalmente quer receber; na venda de um produto um preço justo e não no preço que o cooperado quer pagar: essas atitudes fazem toda diferença na hora de fechar o balanço no final do ano. Essa necessidade de sobrevivência da cooperativa reflete na sobrevivência também do seu quadro associativo. Uma cooperativa tem que trabalhar como empresa, mas nunca deixar de ser uma cooperativa. O fortalecimento das organizações cooperativas depende diretamente do modelo de gestão praticado por elas, que deve refletir os princípios e valo- res cooperativistas. As cooperativas distinguem-se das empresas mercantis, tanto em suas relações econômicas e sociais, quanto em seu embasamento doutrinário. Apresentam especificidades em suas práticas de gestão relacio- nadas às suas peculiaridades organizacionais e institucionais, caracterizando uma forma complexa de organização (FREITAS et al., 2010, p. 49). Muitas dessas ações são incompreensíveis para o associado, mesmo os que participam de perto do dia a dia da cooperativa. Obviamente que em maior escala aqueles 42UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo distantes da cooperativa. Aos bem “informados”, essas ações, que podem facilmente incorrer em resultados positivos para a cooperativa, determinam a distribuição desses resultados em forma de sobras apuradas ao final do exercício – distribuição equitativa. Assim sendo, os que mais participam economicamente da cooperativa recebem maior quantia e os que menos participam,menor valor recebem. Isso é denominado de distribuição equitativa dos resultados. Sabe-se que esses valores (sobras de final de exercício) estão legalmente direcionados aos cooperados, da forma com que estabelece o estatuto social da cooperativa, que muitos chamam, erroneamente, de “lucro”. O poder democrático assemblear define o destino destas sobras apuradas no final do exercício. “A cooperativa pode ser uma empresa eficiente, mas, sem democracia e autonomia, não é autêntica cooperativa” (SCHNEIDER, 1999, p. 21). Muitos gestores de cooperativas brasileiras tendem a direcionar a instituição visando apenas as questões econômicas que envolvem seus negócios com o quadro associativo. Outros, porém, esquecem-se da rentabilidade necessária à sobrevivência da cooperativa e a administram como se fosse uma instituição filantrópica. Nessas duas situações, a cooperativa está fadada ao insucesso. Buscar o ponto de equilíbrio entre as necessidades econômicas e sociais do quadro associativo e administrar a cooperativa desta forma, é o grande desafio dos gestores cooperativistas. 1.1 Participação Cooperativista do Associado – um dos Alicerces das Cooperativas A participação do associado e seus familiares no dia a dia da cooperativa, além de possibilitar uma aproximação que desencadeia maior confiabilidade entre ambos, faz com que as ações da cooperativa voltadas as necessidades do associado sejam mais eficazes por diagnosticar e compreender o que, de fato, deve ter de planejamentos que possam atender essas necessidades. O associado, por sua vez, com este envolvimento, participação e comprometimento, passa a conhecer, de fato, suas obrigações e seus direitos que vai levar a solidez, sustentabilidade e crescimento da cooperativa e suas condições de produção. A identificação do associado com o sistema cooperativo seja ele de qual segmento pertença, só é possível com o envolvimento nas ações, eventos e na tomada de decisão da cooperativa. Identificar-se faz com que as suas ações no cooperativismo seja de forma tal que atenda não somente suas necessidades mas que, também, contribua para o bem coletivo. Este auto-conhecimento é tão necessário quanto a sua participação na cooperativa. De fato, segundo Silva e Nogueira (2001, p. 40): 43UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo A psicologia social tem entendido identidade como um fenômeno social, re- sultante dos significados provenientes das interações mantidas pelo indiví- duo em sua vida em coletividade. Ela passa a ser um atributo sócio-cognitivo: não é nem inata nem exclusiva ao indivíduo. Os grupos e as organizações também teriam identidade. E de fato, por meio do processo de identificação, a identidade do indivíduo estaria relacionada estreitamente com a identidade dos grupos e organizações em que ele se insere. Além disso, a identidade também poderia ser entendida como tendo uma natureza reflexiva, do modo como a pessoa se vê a si mesma, seria o seu autoconceito. Havendo esta participação e melhor aproximação entre a cooperativa e o quadro social, vários são os ganhos, como por exemplo, o processo sucessório e não é somente do quadro social, tão necessário a continuidade de suas atividades, mas também o da própria cooperativa. Como vimos uma cooperativa é formada por, no mínimo 20 pessoas físicas (obrigação para registro nas organizações estaduais), e são essas pessoas que compõe os conselhos administrativos e fiscal. Assim sendo, não havendo o processo sucessório no quadro associativo, a cooperativa fica fadada ao desaparecimento. 1.2 Direitos e Deveres dos Associados Segundo a Lei Cooperativista Brasileira A procura de pessoas, por alguma cooperativa no Brasil, é normalmente uma visão econômica, caracterizada por não encontrar no mercado as mesmas condições que a cooperativa estabelece aos novos associados. Esta visão, puramente econômica, é um risco muito grande das cooperativas. Muitas das cooperativas que foram dissolvidas não encontraram no quadro associativo (por falta de educação cooperativista) apoio para a continuidade – afastaram-se da cooperativa por ela não estar mais atendendo essas necessidades econômicas do associado. O nivelamento social com o econômico é a grande chave para o sucesso de qualquer instituição cooperativa, mas isso tem que estar ao alcance, conhecimento do quadro associativo. Os associados têm suas obrigações na cooperativa e são esses deveres que os fazem ter direitos. 1.2.1 Direitos do associado ● Utilizar e fazer valer dos serviços prestados pela cooperativa. o As cooperativas são constituídas para prestarem serviços aos seus as- sociados, assim sendo, eles usufruem desses serviços desde a sua admissão. 44UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo ● Tomar parte nas assembleias gerais, discutindo e votando aos assuntos que nelas forem tratados. o Apenas os associados podem participar das assembleias. Os associa- dos sem direito a voto (Gestores, Conselheiros, associados com vín- culo empregatício, por exemplo) não podem deliberar sobre todos os assuntos tratados em assembleia. ● Propor ao Conselho de Administração e às Assembleias Gerais as medidas que julgar convenientes aos interesses do quadro social. o Caso algum assunto de um determinado grupo de associados ou asso- ciado não sobrepor o interesse coletivo, a proposta deve ser aprovada em assembleia e devidamente incluída no estatuto social. ● Efetuar, com a cooperativa, as operações que forem programadas. o É seu direito movimentar com a cooperativa na utilização de produtos e serviços bem como na entrega da sua produção, produtos e serviços. ● Obter, durante os trinta dias que antecedem a realização da assembleia geral, informações a respeito da situação financeira da cooperativa, bem como sobre os Balanços e os Demonstrativos. o O associado pode e deve ir preparado para a Assembleia Geral da Cooperativa. Para tanto pode analisar livros e documentos antes da realização da assembleia. ● Votar e ser votado para cargos no Conselho de Administração e no Conselho Fiscal. o Deve obedecer ao que está exposto no estatuto social bem como as regras para galgar algum cargo eletivo da cooperativa. o Associados que têm vínculo empregatício perdem o direito de votar e ser votado. 45UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo o Associados que não cumprem com suas obrigações perdem o direito de votarem e serem votados. ● No caso de desligamento da cooperativa, retirar o capital, conforme estabelece o estatuto. A demissão vem única e exclusivamente por parte do cooperado e não deve ser negado pela cooperativa. o Nos casos de demissão, eliminação e exclusão o associado tem direito à restituição da conta capital que ele tem na cooperativa que foi inte- gralizado, apenas. 1.2.2 Deveres do Associado ● Integralizar as quotas-partes de capital estabelecidas no Estatuto Social. o O capital subscrito é aquele que o associado se compromete com a cooperativa em integralizar nas formas previamente estabelecidas en- tre as partes. Capital integralizado é o montante em dinheiro que cada associado tem na instituição. ● Operar com a cooperativa. o O associado tem a obrigatoriedade de movimentar com a cooperativa, sendo passível de eliminação caso não movimente por um determina- do período com a cooperativa. ● Observar o estatuto da cooperativa. o É seu direito, na sua admissão receber uma cópia do estatuto social, porém, deve conhecer o que está estabelecido. Havendo necessidade de esclarecimentos sobre determinado artigo, deve procurar a coope- rativa para esclarecimentos. 46UNIDADE II Doutrina do Cooperativismo ● Cumprir fielmente com os compromissos em relação à cooperativa. o O não cumprimento de seus compromissos com a cooperativa é in- fração que pode levar o associado à eliminação da cooperativa (cabe recurso). ● Respeitar as decisões da Assembleia Geral e do Conselho Diretor. o Aceitar a decisão da maioria, mesmo que não
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