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CIÊNCIAS AGRÁ RIAS Revista PIBIC Ano 2018 - Ciências Agrárias Ciências Agrárias INFECÇÃO POR Tritrichomonas foetus EM GATOS DOMÉSTICOS JOVENS COM DIARREIA Mariana Alves de Figueiredo (graduanda bolsista); Bethânia Ferreira Bastos (doutoranda); Prof. Dra Beatriz Brener Departamento de Microbiologia e Parasitologia/ Instituto Biomédico/ Laboratório de Diagnóstico Coproparasitológico INTRODUÇÃO: O protozoário Tritrichomonas foetus tem sido descrito como agente da tricomoníase felina, caracterizada por uma diarreia crônica e intermitente de intestino grosso, que muitas vezes é irresponsiva às drogas administradas na rotina clínica. O parasito já foi descrito em diversos países no mundo. No Brasil, relatos escassos já foram feitos sobre sua ocorrência. Deste modo, pretendeu-se determinar a ocorrência da infecção por T. foetus em gatos jovens, de até 3 anos de idade, com ou sem diarreia, no Estado do Rio de Janeiro. Objetivou-se também identificar os enteroparasitos circulantes nessa população de gatos. Além disso, buscou-se analisar a correlação entre a infecção por T. foetus e a infecção por outros endoparasitos intestinais. Por ser uma parasitose recente, foi desenvolvido um informativo sobre o parasito, para alertar à classe veterinária sobre a existência e importância do agente em questão. O protocolo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal Fluminense, sob o número 619. Até o presente momento, foram coletadas 220 amostras de fezes frescas, diarreicas ou não, de gatos oriundos de gatis, abrigos e clínicas veterinárias de diferentes regiões do Rio de Janeiro. Cada amostra foi, sempre que possível, subdividida em duas alíquotas. A alíquota fresca foi submetida ao exame direto e cultura fecal para pesquisa de T. foetus. A outra alíquota, mantida em solução de formol acético, foi examinada para pesquisa de cestoides, nematoides e protozoários intestinais, utilizando a técnica de flutuação em solução de sulfato de zinco com densidade de 1, 180 g/ml e a técnica de sedimentação espontânea. Os resultados serão submetidos à análise exploratória e posteriormente ao teste do qui-quadrado e Fisher Exato, com nível de significância de 95%, RESULTADOS E DISCUSSÃO: Inicialmente foi realizado o treinamento da equipe e preparo do meio de cultura específico, o meio de Diamond Modificado. As coletas das amostras fecais dos animais foram realizadas por meio de defecação espontânea ou por sondagem retal, no período de maio de 2016 a junho de 2017. Dos 220 animais incluídos no estudo, 51,8% (114/220) eram fêmeas, 48,2% (106/220) eram machos, sendo 63,3% (140/220) castrados. A maior parte dos gatos (93,2%; 205/220) não possuíam raça definida, 3,6% (8/220) eram siameses, 2,3% (5/220) eram da raça Maine Coon e 0,9% (2/220) eram persas. Além disso, 144/220 (65,5%) eram castrados e 76/220 (34,5%) eram inteiros. Quanto à idade, a maioria tinha de 7 meses a 3 anos de idade (60,9%; 134/220) e 39,1% (86/220) até 6 meses. Quanto ao consumo de água, 57,2% (126/220) consumiam água não filtrada. Além disso, 64,5% (142/220) viviam confinados, 27,3% (60/220) tinham estilo de vida livre e 8,2% (18/220) viviam semi-confinados, tendo acesso esporádico às ruas. Cerca de metade (47,7%; 105/220) dos gatos no estudo eram testados para detecção do Vírus da Leucemia Felina (FeLV) e anticorpos contra o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV). Destes, 50 animais (47,6%; 50/105) eram soronegativos, 54 (51,4%; 54/105) eram infectados por FeLV e apenas 1 (0,9%; 1/105) por FIV. Do total de amostras, 101/220 (45,9%) animais estavam parasitados. Cerca de 20,4% (45/220) foram positivos para Cystoisospora sp.; 18,6% (41/220) para Ancylostoma sp.; 7,7% (17/220) para Toxocara sp.; 6,8% (15/220) para Giardia sp.; e 2,7% (6/220) para Dipylidium caninum. Em 4/220 (1,8%) das amostras, foram encontrados trofozoitos semelhantes aos de tricomonadídeos no exame direto das fezes. Os trofozoítos possuíam movimento progressivo e irregular. Também nestes animais, foram observadas estas mesmas estruturas no meio de cultura. Na reação em cadeia pela polimerase (PCR), foram utilizados primeiramente primers de Tritrichomonas foetus, porém não houve amplificação do DNA parasitário. Em seguida, foram utilizados primers de outro flagelado, Pentatrichomonas hominis, obtendo-se amplificação em duas amostras. Além disso, foi realizado o sequenciamento nucleotídico da amostra, na Fundação Oswaldo Cruz, o que confirmou a identidade do parasito como P. hominis. CONCLUSÕES: Com os dados obtidos, observamos que há uma grande porcentagem de gatos domésticos parasitados por alguma espécie de parasito intestinal, sendo a maioria sem raça definida, castrados, com menos de 1 ano de idade. Também foi observado que a maioria dos animais não recebiam água filtrada, viviam confinados e não eram testados para FIV e FeLV. Também ressaltamos que não foram encontradas amostras positivas para o parasito Tritrichomonas foetus até o presente momento e que necessitamos continuar nossas buscas. Porém, a presença do tricomonadídeo P. hominis é um dado importante na epidemiologia de doenças intestinais em gatos domésticos. O interesse crescente entre os profissionais da medicina felina se explica pela severidade e duração prolongada da diarreia, especialmente em filhotes com menos de um ano de idade, e pela dificuldade no diagnóstico e tratamento da enfermidade. Por isso, é importante alertar os médicos veterinários para essa doença emergente e auxiliá-los sobre os métodos de diagnóstico e tratamento. Agradecimentos: A equipe do projeto agradece à Universidade Federal Fluminense e às agências de fomento FAPERJ e CAPES pelo apoio. Ciências Agrárias Caracterização das infecções do trato urinário inferior de caninos e felinos atendidos no Hospital Universitário de Medicina Veterinária Professor Firmino Mársico Filho/UFF Bruno Fiore de Castro Figueiredo1, Lúcia Prelwitz1, Juliana de Oliveira2, Walter Lilenbaum3, Maria Cristina Nobre e Castro2 1 Aluno de Graduação, Faculdade de Veterinária /MCV/UFF 2; Docente Faculdade de Veterinária/MCV/UFF;3 Docente Instituto Biomédico/MIP/UFF INTRODUÇÃO As infecções do trato urinário (ITUs) são comuns em cães e gatos, especialmente quando há comprometimento dos mecanismos de defesa do hospedeiro (OLIN et al, 2015). A maioria das ITUs são causadas por bactérias, mas também podem ocorrer infecções por fungos e vírus (SMEE et al, 2013a). O presente estudo foi retrospectivo e avaliou os resultados de cultura bacteriológica e antibiograma de urina processados pelo Laboratório de Bacteriologia Veterinária da Universidade Federal Fluminense (LaBV-UFF) entre 2013 e 2016. Foram consideradas uroculturas positivas os exames com contagem microbiana ≥ 103 UFC/mL. Todas amostras eram oriundas de cães ou gatos atendidos no HUVET-UFF. A partir desses resultados e do número de identificação (ID) do paciente, buscou-se as fichas propedêuticas no HUVET. Foram selecionadas somente as fichas daqueles animais nas quais havia também o resultado da urinálise (EAS). O objetivo deste trabalho foi identificar as principais características das infecções bacterianas do trato urinário inferior em cães e gatos atendidos no HUVET. Identificar as bactérias mais comumente envolvidas e a sensibilidade aos antimicrobianos, além de correlacionar aos principais sinais clínicos nesses pacientes. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A partir do total de 351 resultados de cultura e antibiograma de amostras de urina de pacientes cães e gatos do HUVET-UFF, processados no LaBV-UFF entre 2013 a 2016 foram selecionadas 146 fichas propedêuticas. Dessas, 100/146 (68,5%) eram de cães e 46/146 (31,5%) de gatos. Dentre os cães, 61,6% eram fêmeas (61/99) e 38,4% eram machos (38/99) e uma ficha não continha essa informação. Dos felinos, 60% eram fêmeas (27/45), 40% (18/45) eram machos, e uma ficha não tinha essa informação. 63 urinas foram coletadas por cistocentese, 16 por cateterismo uretral. Das 146 amostras, 49 (33,6%) apresentaram urocultura positiva. Desses, 38/49 (77,6%) eram de cães e 11/49 (22,4%) eram de gatos. Dos cães, 57,9% eram fêmeas (22/38) e 42,1% eram machos (16/38). Dos gatos, 72,7% eram fêmeas (8/11) e 27,3% eram machos (3/11). A metade dos animais era castrada (20/40). Esses resultados contrapõem-se aos relatados em estudo recente de ITUs em cães e gatos, que obteve número de fêmeas e machos semelhantes em cães e nos gatos a ocorrência de ITU foi maior nos machos (Carvalho et al 2014). Porém, os resultados corroboram os citados por SMEE et al (2013a) que afirmam maior incidência em fêmeas caninas. A média de idade dos cães foi de 8,8 anos e dos gatos foi de 7,8 anos. Nos cães o microrganismo mais isolado foi Klebsiella pneumoniae, representando 39,5% (15/38) dos casos. O crescimento de Staphylococcus spp ocorreu em 36,8% (14/38) das amostras, sendo oito culturas de S. epidermidis, cinco de S. pseudintemedius e uma de S. aureus. O crescimento de culturas de Escherichia coli ocorreu em apenas 13,2% (5/38), e Proteus vulgaris em 10,5% (4/38). Já nas amostras de urina dos gatos, Staphylococcus spp ocorreu em 72,2% (8/11), sendo sete culturas positivas para S. epidemidis e uma para S. pseudintemedius. Escherichia coli ocorreu em apenas 18,2% (2/11) e Klebsiella pneumoniae em 9,1% (1/11) dos casos. Esses resultados contradizem os citados por SMEE et al (2013b), que afirmam Escherichia coli como principal causadora de ITU em cães e gatos. Carvalho et al. (2014) identificaram Escherichia coli em 55% das infecções, seguida por Staphylococcus spp (20%), Proteus mirabilis (16%), Streptococcus spp (4%), Enterococcus spp (3%). Para as 49 uroculturas positivas, foram testados 64 antibióticos. Em 19/27 (70,4%) das estirpes Gram-negativas e em 17/22 (77,3%) das estirpes Gram-positivas houve resistência a amoxicilina. Em 17/25 (68%) das bactérias Gram-negativas houve resistência ao cefadroxil e de 5/21 (23,8%) das Gram-positivas. Nas bactérias gram-negativas houve 68% de resistência ao cefaclor e cefadroxil e 5/22 (22,7%) nas Gram-positivas. 9/25 (36%) das Gram-negativas e 5/22 (22,7%) nas Gram- positivas foram resistentes a ceftazidima. Em 7/25 (28%) das vezes em que o ciprofloxacino foi testado nas Gram-negativas e em 8/20 (40%) nas Gram-positivas, houve resistência. Em 10/24 (41,7%) das cepas Gram-negativas e em 8/20 (40%) das Gram-positivas houve resistência ao enrofloxacino. Os microrganismos foram resistentes em 6/25 (24%) das cepas Gram-negativas e em 8/18 (44,4%) das Gram- positivas para levofloxacina. Em 10/26 (38,5%) das bactérias Gram-negativas e em 5/22 (22,7%) das Gram-positivas foi observado resistência a amoxicilina + ácido clavulânico. E 15/26 (57,7%) das cepas Gram-negativas e 12/22 (54,5%) das Gram-positivas foram resistentes ao sulfametoxazol + trimetoprima. Foi possível avaliar fichas propedêuticas de 101 animais submetidos à urocultura. Desses 69 apresentaram sintomatologia de ITU. Dos sintomáticos, 25/69 (36,2%) foram positivos na urocultura (6 gatos e 19 cães) e 44/69 (63,8%) foram negativos (30 cães e 14 gatos). Dentre os não sintomáticos, 7/32 (21,9%) foram positivos na urocultura, todos cães. E em 25/32(78,1%) (17 cães e oito gatos) foram negativos. Ou seja, apenas 36,2% dos animais sintomáticos de fato estavam com ITU, e que 21,9% dos animais apresentavam bacteriúria assintomática. É importante ressaltar que a bacteriúria assintomática não tem indicação de tratamento (WEESE et al, 2011). As manifestações clínicas mais frequentes foram relacionadas ao ato da micção. 37/69 (53,6%) dos animais apresentaram um ou mais dos seguintes sintomas: disúria, polaciúria, estrangúria, perúria e incontinência urinária. A hematúria foi observada em 27/69 (39,1%) dos pacientes. Na sedimentoscopia da urinálise, dos 26 cães positivos, a metade apresentava bacteriúria, 48% piúria, 38,5% contagem elevada de células descamativas e 30,8% com hematúria ao exame de urina. Já dos cinco gatos positivos, 80 % apresentaram piúria e proteinúria, 60% bacteriúria e 20 % hematúria. Nenhum gato teve contagem elevada de células descamativas. CONCLUSÕES A Urinálise (EAS) não dever ser utilizado como único meio de diagnóstico de ITU. Bacteriúria e piúria foram as alterações mais relacionadas às ITUs. As bactérias mais comuns nas ITUs diagnosticadas no HUVET-UFF foram a Klebsiella pneumoniae e Staphylococcus spp. em cães e Staphylococcus spp. em gatos. Foi observado alto índice de resistência das bactérias aos antibicrobianos utilizados. Os sinais clínicos mais relevantes de suspeita de ITU em cães e gatos são aqueles relacionados à disúria. Agradecimentos: LaBV e HUVET UFF Referências: CARVALHO, V. M.; et al. Infecções do trato urinário (ITU) de cães e gatos: etiologia e resistência aos antimicrobianos. Pesquisa Veterinária Brasileira, jan. 2014.34(1): 62-70. OLIN, S J.; BARTGES, J. W. Urinary Tract Infections. Vet Clin Small Anim., 2015; 45: 721- 746. SMEE, N; LOYD, K; GRAUER, G. UTIs in Small Animal Patients: Etiology and Pathogenesis. Am. Animal Hospital Association, 2013a; 49:1-7. DOI 10.5326/JAAHA-MS-5943. SMEE, N; LOYD, K; GRAUER, G. UTIs in Small Animal Patients: Diagnosis, Treatment, and Complications. Am Animal Hospital Association, 2013b; 49: 83-94. DOI 10.5326/JAAHA-MS- 5944. Ciências Agrárias (5.00.00.00 – 4) Ovos de codorna cozidos, armazenados a vácuo Natália Lima Garcia Salgado 1; Nathália Ramos de Melo1,2; Bernardo de Sá Costa2,3; Jéssica Raquel Sales Carvalho de Souza2 1Departamento de Tecnologia de Alimentos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ/ Laboratório de Análise de Alimentos e Bebidas (LAAB) –; 2Departamento de Engenharia de Agronegócios – Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda – UFF/Laboratório Agroindustrial de Embalagem e Tecnologia (LAETec) – 3Departamento de Engenharia de Agronegócios – Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda – UFF/ Laboratório de Engenharia e Tecnologia Agroindustrial (LETA). INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, o consumo e a produção de ovos de codorna no Brasil aumentou significativamente. Dentre as causas para a expansão do mercado, destaca-se a adoção de tecnologias no processamento dos ovos de codorna, que auxiliam na qualidade da produção e atende aos consumidores que buscam por praticidade. Apesar das vantagens, alimentos que passam por um processamento mínimo são altamente suscetíveis a contaminação microbiana, que pode ocorrer facilmente durante a produção. Em condições favoráveis de crescimento, os microorganismos podem alterar as características físicas e químicas dos alimentos, acelerar sua degradação e produzir toxinas nocivas a saúde. (Pelczar Jr. et al.,1997). Durante o armazenamento a aparência do produto pode alterar, o que desfavorece sua escolha pelo consumidor sendo o visual um dos parâmetros sensoriais mais importantes para a aceitação do produto, a exemplo da coloração (SILVA et al. 2000) Neste contexto, pesquisadores buscam desenvolver novas técnicas que atendam as exigências especiais de armazenamento, objetivando manter os produtos propícios ao consumo e com uma boa extensão da validade comercial. Portanto, este estudo tem por objetivo avaliar um sistema de armazenamento à vácuo para ovos de codorna cozidos, descascados e refrigerados, visando manter condições ideais de consumo por um longo período. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Durante o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados os ovos de codorna da espécie Coturnix coturnix japonica, obtidos do Setor de Avicultura do Instituto de Zootecnia da UFRRJ.Os ovos foram coletados no dia da postura e armazenados sob refrigeração a 4°C. Após 48 horas da coleta, os ovos foram levados a cozimento, para posteriormente, serem facilmente manipulados e descascados. Seguida as etapas de processamento, os ovos foram embalados à vácuo (Embaladora a vácuo Selovac 200 B) em polietileno de baixa densidade (19 x 15 cm / 15 µm) e foram armazenados sob temperatura de refrigeração (4°±1C) por 30 dias.(Figura 1). Figura 1. Ovos de codorna cozidos e descascados embalados a vácuo. As análises realizadas compreenderam avaliações microbiológicas e coloração (espectrofotômetro de cor - Minolta CM-5-ID). Quanto as análises microbiológicas, verificou-se as contagens de Coliformes termotolerantes/g, Estafilococos coagulase positiva/g, Salmonella sp 25g, Escherichia coli e Clostrídios sulfito- redutores no tempo inicial (dia zero) e após 30 dias de estocagem. Também foi realizada a contagem de anaeróbios mesófilos totais a cada sete dias de armazenamento (0, 7, 14, 21 e 28 dias). Os resultados obtidos indicaram ausência de Coliformes termotolerantes, E. coli e Salmonella, certificando que os ovos de codorna estão em boas condições higiênico-sanitárias e próprios para consumo. As contagens de Estafilococos coagulase positiva foram < 1,0x10²UFC/g, resultados abaixo do limite estabelecido pela Resolução RDC n°12 da ANVISA (ANVISA, 2001) que preconiza valor máximo de 5x10² UFC/g. O ambiente anaeróbio gerado pela embalagem a vácuo apresenta para alguns produtos um potencial de insegurança, sendo recomendando seguir alguns critérios para evitar o desenvolvimento de toxinas por microorganismos patogênicos (FELLOWS, 2006). Devido a isto vê se a importância das contagens de Clostrídios sulfito-redutores, que apesar da não obrigatoriedade pela legislação para este tipo de produto, foi realizada e apresentou resultado satisfatório. Os valores encontrados não variaram durante o experimento sendo referenciados em < 1,0x10 UFC/g. Da mesma forma, verificaram-se baixas contagens ou ausência de anaeróbios mesófilos, indicando que não houve contaminação do produto antes do armazenamento, e a ausência de O2 não permitiu o desenvolvimento destes microorganismos. Estando o produto apto microbiologicamente para o consumo apresentando valores dentro dos delimitados pela legislação, procedeu-se a análise quanto a sua coloração. Os ovos mantiveram sua coloração, não apresentando diferença significativa (p≥0,05) do produto entre o momento do preparo (tempo zero) e ao final do período de 30 dias de armazenamento, mostrando que a embalagem a vácuo preservou um dos critérios mais importantes para aceitação ou rejeição de um produto pelo consumidor (SILVA et al. 2000). CONCLUSÕES: Ovos de codorna cozidos e descascados podem ser embalados a vácuo, e armazenados sob refrigeração (4 o C) por 30 dias, tendo estabilidade microbiológica e mantendo sua coloração. Esta forma de armazenamento oferece praticidade aos consumidores além de um produto isento de conservantes. Esta pode ser uma nova opção de armazenamento para comercialização dos ovos de codorna cozidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº12. 2001. Brasil. FELLOWS, P. J. Tecnologia do processamento de alimentos: Princípios e prática. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. PELCZAR JR, M.J; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia: conceitos e aplicações. 2.ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1997. v.2. cap.30, p.372-397: Microbiologia dos Alimentos. SILVA, J.H.V.; ALBINO, L.F.T.; GODÓI, M.J.S. Efeito do extrato de urucum na pigmentação da gema dos ovos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, p.1435-1439, 2000. AGRADECIMENTOS: CAPES, CNPq, FAPERJ, UFF, UFRRJ. Grande área do conhecimento: Ciências Agrárias Investigação da Resistência Antimicrobiana de Campylobacter spp. e Eschericia coli isolados de Frangos de Criação Caipira e Convencional Thomas Salles 1 , Regina Júlia Nascimento 1 , Rodrigo Ornellas 2 , Hugo Peralva 2 , Gisllany Alves 2 , Arthur Figueira 2 ,Virginia Leo Pereira 2 , Elmiro R. Nascimento 2 , Dayse L. C. Abreu 2 e Maria Helena C. Aquino 1 . 1 Departamento/Unidade/Laboratório:MSV/Faculdade de Veterinária/Laboratório de Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos; 2 Laboratório de Sanidade Avícola INTRODUÇÃO: A utilização de antimicrobianos, de maneira excessiva e imprópria na produção animal intensiva, tem desencadeado um aumento do número de microrganismos resistentes e resíduos de antimicrobianos podem ser disseminados para o solo, alimentos e mananciais aquáticos. Os animais podem ser portadores de bactérias resistentes representando um fator de risco para saúde pública, pois existe a possibilidade de que os genes que codificam a resistência aos antimicrobianos, possam ser transferidos de uma bactéria a outra através dos plasmídeos, transposon e os integrons. A investigação de resistência antimicrobiana em bactérias de origem animal pode ser utilizada como um monitoramento do uso de antimicrobianos na produção animal. E. coli e Campylobacter colonizam o trato intestinal de frangos, e podem ser transmitidos aos humanos através da contaminação dos produtos nas linhas de processamento tecnológico (FERJANIA et al., 2015; LERMA et al., 2013). Campylobacter, é considerado um importante patógeno humano de origem alimentar, e no Brasil, existem poucos registros sobre resistência de Campylobacter spp., e E. coli isolados de frangos de corte de criação caipira frente aos antimicrobianos. Objetivou-se com este trabalho investigar cepas de Campylobacter spp. e E. coli isoladas de frangos de corte provenientes de criações convencionais (n=96) e caipiras(n=98) do Estado do Rio de Janeiro, quanto à suscetibilidade à antimicrobianos pelo método de difusão em disco e fazer um estudo comparativo de acordo com a origem. Foi utilizado o teste estatístico Binominal de Duas Proporções (Bioestat 5.3) para investigar se houve diferença na resistência observada de acordo com a origem das cepas . RESULTADOS E DISCUSSÃO: O resultado comparativo do perfil de sensibilidade está apresentado nas tabelas 1 e 2. Com relação às cepas de E. coli, não foi observada relação entre o tipo de criação e foi observada alta resistência para tetraciclina, enrofloxacina e clotrimoxazol, o que pode ser devido ao uso frequente dessas classes na avicultura para tratamento de doenças respiratórias e diarréicas. Brito et al. (2011) também verificaram resistência aos antimicrobianos da classes das tetraciclinas e sulfonamidas ao analisar cepas de E. coli isoladas de frangos de corte de criações do Paraná. Foi observada resistência para mais de três classes de antibióticos, nas cepas de criação convencional, o que é preocupante devido à utilização das mesmas classes antimicrobianas tanto em saúde humana e animal. Em relação à totalidade das cepas de Campylobacter resistentes à ciprofloxacina, provenientes de galinhas caipiras e convencional, esses resultados representam uma preocupação para a saúde pública. Uma possível explicação seria o uso frequente desses antimicrobianos na criação intensiva convencional e a contaminação das aves caipiras com amostras ambientais de Campylobacter spp. Resistentes, como aquelas veiculadas pela água ou outras aves, além do possível uso terapêutico esporádico. Em Campylobacter spp. tratamento com fluoroquinolona, rapidamente seleciona altos níveis de resistência. Esta é uma situação preocupante, uma vez que Campylobacter resistente à fluoroquinolona pode se tornar dominante, mesmo na ausência de pressão de seleção (Luo et al., 2005), como no caso das criações caipiras e apenas proibir o uso do mesmo na produção de aves seria ineficiente. Pedersen et al., (2003) relataram a ocorrência de cepas de Campylobacter resistentes às quinolonas pertencentes a clones específicos e que foram capazes de persistir nas granjas durante a rotação de vários lotes. A formação de biofilmes nos sistemas de suprimento de água nas instalações também tem sido sugerido como um mecanismo de permanência das cepas no ambiente de produção das aves (Reuter et al., 2010).Isso aumenta o potencial das carcaças de frango na veiculação de cepas de Campylobacter resistentes para seres humanos no Brasil, e exige uma atenção mais cuidadosa sobre uso de antibióticos na produção animal. Fluoroquinolonas não são permitidas para uso como promotor de crescimento no Brasil. No entanto, são rotineiramente utilizadas na produção de aves para fins preventivos e terapêuticos e pode representar uma fonte potencial de contaminação para o meio ambiente, aumentando a resistência bacteriana às fluoroquinolonas. Tabela 1-Percentual de resistência de cepas de Campylobacter spp. de acordo com a origem AMC 32,4 11,1 AMP 44,1 27,8 CTF 67,6 66,7 CIP 97,1 100,0 ENO 82,4 88,9 ERI 26,5 25,0 GEN 5,9 11,1 TET 38,2 19,4 Não Significante Não Significante Não Significante Não Significante Relação tipo de Criação/Resistência Não Significante Não Significante Não Significante Não Significante Antibiótico % Resistencia Convencional % Resistência Caipira Tabela 2-Percentual de resistência de cepas de Eschericia coli de acordo com a origem NAL 87,1 62,9 CIP 37,1 9,7 TET 79,0 67,7 GEN 33,9 3,2 CAZ 16,1 0,0 CLO 24,2 4,8 ENO 61,3 33,9 CRO 14,5 1,6 AMC 11,3 1,6 CTX 19,4 0,0 CTF 16,1 0,0 SUT 58,1 35,4 Significante Não Significante Significante Significante Não Significante Não Significante Significante Significante Significante Não Significante Significante Significante Antibiótico % Resistencia Convencional % Resistência Caipira Relação tipo de Criação/Resistência CONCLUSÕES: Este estudo revela que a resistência de Campylobacter spp. frente aos antibióticos testados não foi influenciada pelo tipo de criação, enquanto em E.coli foi observada diferença significativa na resistência dependendo da origem das cepas. Ressalta-se a necessidade de atenção ao aumento da resistência em cepas provenientes de criações animais e a importância desses achados para saúde pública. Agradecimentos: Á PROPPI pela bolsa de Iniciação Científica. CIÊNCIAS AGRÁRIAS AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA E DA EXPRESSÃO DE HER-2 NOS TUMORES MAMÁRIOS CANINOS: DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO Isabel Turl da Silva Ribeiro de Almeida; Larissa Bustamante Nunes; Franciele Basso Fernandes Silva; Taís Medeiros Siqueira Carvalho; Ana Maria Reis Ferreira; Juliana da Silva Leite. Setor de Anatomia Patológica Veterinária - MCV, Faculdade de Veterinária/UFF INTRODUÇÃO: Entre 41 e 53% dos tumores mamários caninos é maligno, (MISDORP et al., 1999; RUTTEMAN et al., 2001), sendo uma das principais causas de morte na cadela. Atualmente o estudo da expressão de marcadores prognósticos e preditivos do câncer de mama pela imunohistoquímica, tem se revelado importante ferramenta na rotina diagnóstica. Através de estudos sobre o desenvolvimento tumoral em canídeos e humanos foram observadas similaridades no comportamento biológico, aspectos histológicos, alvos moleculares e genética tumoral (KUMARAGURUPAN et al., 2006; PAOLONI et al., 2008; UVA et al., 2009), também constaram relação entre a sobre-expressão da proteína HER2, número de mitoses e maior grau histológico nas células tumorais (AHERN et al., 1996; de LAS MULAS, 2003). O objetivo foi avaliar a expressão de HER-2 nos tumores mamários caninos relacionando com o diagnóstico histopatológico e, desta forma, analisar o valor diagnóstico e prognóstico de HER-2, o que possui impacto direto no tratamento. Palavras chave: tumor de mama, cão, imunohistoquímica. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Após avaliação histopatológica de 10 amostras neoplásicas malignas e de 10 benignas coradas por HE, foi possível determinar os tipos histológicos. A classificação histológica dos tumores malignos (gráfico 1) e dos tumores benignos (gráfico 2) foi seguida pela técnica de imuno-histoquímica usando o anticorpo anti-HER-2 o qual gerou resultados dispostos nas tabelas 1 e 2. Gráfico 1: Avaliação Histológica – percentual de cada tipo tumoral encontrado na avaliação das 10 amostras de tumor mamário maligno canino. Niterói, 2017. Tabela 1: Classificação histológica, expressão de HER-2 e interpretação segundo Herceptest e ASCO/CAP de tumores malignos. Niterói, 2017. Histopatológico Score Herceptest ASCO/CAP Carcinoma em tumor misto 3+ Positivo Positivo Carcinoma em tumor misto 2+ Positivo Inconclusivo Carcinoma em tumor misto 3+ Positivo Positivo Carcinoma em tumor misto 1+ Negativo Negativo Carcinoma em tumor misto 2+ Positivo Inconclusivo Carcinoma em tumor misto 0 Negativo Negativo Carcinoma complexo 2+ Positivo Inconclusivo Carcinoma de células fusiformes 1+ Negativo Negativo Carcinossarcoma 3+ Positivo Positivo Carcinoma anaplásico 2+ Positivo Inconclusivo No Herceptest, 70% dos tumores malignos foram positivos, ao passo que no ASCO/CAP, 30% foram positivos. O carcinoma em tumor misto foi o tipo mais frequente, sendo que 66,6% e 33,33% deles foram classificados com positivos no Herceptest e ASCO/CAP, respectivamente. Os casos de carcinoma complexo e carcinoma anaplásico mostraram-se positivos na interpretação do Herceptest e inconclusivos no ASCO/CAP. O carcinoma de células fusiformes foi negativo em ambos os testes, ao passo que o carcinossarcoma foi positivo em ambos os testes. Gráfico 2: Avaliação Histológica – percentual de cada tipo tumoral encontrado na avaliação das 10 amostras de tumor mamário benigno canino. Niterói,2017. Tabela 2: Classificação histológica e imunomarcação com o anticorpo anti-HER-2 e interpretação segundo o Herceptest e ASCO/CAP de tumores benignos. Niterói, 2017. Histopatológico Score Herceptest ASCO/CAP Tumor misto benigno 2+ Positivo Inconclusivo Tumor misto benigno 1+ Negativo Negativo Tumor misto benigno 2+ Positivo Inconclusivo Tumor misto benigno 2+ Positivo Inconclusivo Adenoma simples 2+ Positivo Inconclusivo Adenoma simples 3+ Positivo Positivo Adenoma simples 3+ Positivo Positivo Adenoma complexo 3+ Positivo Positivo Adenoma complexo 1+ Negativo Negativo Adenoma complexo 1+ Negativo Negativo No Herceptest, 70% dos tumores benignos foram positivos, ao passo que no ASCO/CAP, 30% foram positivos. No Herceptest, 75% dos tumores mistos benignos foram positivos e 25% foram negativos. Já no ASCO/CAP, nenhum foi positivo, foram inconclusivos ou negativos. Os casos de adenoma simples foram positivos em ambos os testes. Dois casos com o diagnóstico de adenoma complexo foram negativos e um caso apresentou imunoexpressão marcada, sendo positivo em ambos os testes. Tanto os tumores benignos quanto malignos apresentaram a mesma frequência de resultados positivos. Pressupõe-se que alguns tipos tumorais benignos já apresentam a superexpressão de HER- 2. Isso pode estar associado a uma possível progressão tumoral futura, uma vez que a ruptura da membrana basal pode estar iminente nesses casos. CONCLUSÕES: Os tipos tumorais mais frequentes são o carcinoma em tumor misto e o tumor misto benigno. Os tumores benignos e malignos apresentaram a mesma frequência de resultados positivos (30%). Um maior número de animais deve ser avaliado para determinação do valor de HER-2. BIBLIOGRAFIA: AHERN, T.E.; BIRD, R.C.; BIRD, A.E.; WOLFE, L.G. Expression of theoncogene c-erbB-2 in canine mammary cancers and tumor-derived cell lines. Am J Vet Res; 57(5):693-6, 1996. DE LAS MULAS, M. J.; MILLÁN, Y.; DIOS, R.A. Prospective Analysis of Immunohistochemically Determined Estrogen Receptor and Progesterone Receptor Expression and Host and Tumor Factors as Predictors of Disease-free Period in Mammary Tumors of the Dog. Vet Pathol. 2005; 42:200-212. KUMARAGURUPARAN, R.; PRATHIBA, D.; NAGINI, S. Of humans and canines: Immunohistochemical analysis of PCNA, Bcl-2, p53, cytokeratin and ER in mammary tumours. Res Vet Sci. 2006;81(2):218-24. MISDORP, W.; ELSE, R. W.; HELLMÉN, E.; LIPSCOMB, T. P. Histological classification of mammary tumors of the dog and the cat. Washington: Armed Forces Institute of Pathology, American Registry of Pathology and the World Health Organization Collaborating Center for Worldwide reference on Comparative Oncology, 1999. p.1-59. PAOLONI, M.C.; KHANNA, C. Translation of new cancer treatments from pet dogs to humans. Nat Rev Cancer. 2008; 8(2):147-56. Review. RUTTEMAN, G. R.; WITHROW, S. J.; MACEWEN, E. G. Tumors of the mammary gland. In: Small animal clinical oncology. 3 ed. Philadephia: Saunders, 2001, p. 455-467. UVA, P.; AURISICCHIO, L.; WATTERS, J.; et al. Comparative expression pathway analysis of human and canine mammary tumors. BMC Genomics. 2009;27;10:135. Medicina Veterinária/ Reprodução Animal Estudo de Protocolos Hormonais na Superestimulação Ovariana para Obtenção de Oócitos por Laparoscopic Ovum Pick-Up (LOPU) em Ovinos Santa Inês Isabel Oliveira Cosentino, Felipe Zandonadi Brandão Faculdade de Veterinária/ Departamento de Patologia e Clínica Veterinária/Setor de Reprodução Animal/ UniPECO - Fazenda Escola da UFF– Cachoeira de Macacu, RJ INTRODUÇÃO: A obtenção de oócitos competentes é um dos fatores que influenciam o sucesso da produção in vitro de embriões em ovinos. O presente estudo avaliou o efeito de distintos protocolos hormonais para a superestimulação ovariana sobre a população folicular de ovelhas doadoras de oócitos, além de seu efeito na quantidade e qualidade de complexos cumulus-oócitos (CCOs). Doze ovelhas pluríparas, sob um delineamento cross-over, foram organizadas em quatro grupos experimentais e submetidas a quatro repetições cada. Estas tiveram a emergência da onda folicular sincronizada conforme proposto (Balaro et al. 2016. Domest Anim Endocrinol, 54:10-14). A superestimulação iniciou após 80 horas, e este foi considerado como dia zero (D0). Foram utilizados: T1: 80 mg de FSH (Folltropin-V®, Bioniche Animal Health, Ontario, Canadá) e 300 UI de eCG e T2: 120 mg de FSH e 300 UI de eCG, ambos em dose única; T3: 80 mg de FSH e T4: 120 mg de FSH, ambos em doses decrescentes (50/30/20%), a cada 12 h. Colocou-se nova esponja vaginal com progestágeno na primeira dose do FSH e removeu-se na LOPU. Utilizou-se o ultrassom (Sonoscape S6®, Shenzhen, China) acoplado a um transdutor linear de 7,5 MHz (via transretal) a fim de se avaliar a população folicular. Os Complexos Cumulus-Oócitos (CCOs) foram classificados morfologicamente em grau I/II (boa qualidade), III (regular: desnudos, mas ooplasma homogêneo) e IV (ruim: ooplasma heterogêneo, degenerados). Os CCOs grau IV foram descartados e os viáveis (GI, II e III) submetidos à coloração com azul cresil brilhante (BCB) e classificados em BCB+ (competentes) e BCB- (não competentes). Os dados foram avaliados pela ANOVA e teste Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÕES: No D2 (36 horas após o início da estimulação), não houve efeito (P>0,05) da dose de FSH utilizada ou do regime de administração do FSH, bem como não foi observada interação destes fatores sobre a quantidade de folículos em cada categoria (tabela 1). Todos os tratamentos apresentaram maior número de folículos na categoria de 3-5 mm de diâmetro. No T2, T3 e T4, o número de folículos < 3 mm foi maior do que os > 5 mm, enquanto que em T1, as categorias não diferiram (P>0,05) entre si, sendo assim, a diferença de categorias ocorreu dentro dos tratamentos e não entre tratamentos. Todos os tratamentos foram efetivos e promoveram maior quantidade de folículos na categoria desejada (3-5 mm), pois esta apresenta alta correlação com oócitos competentes. Tabela 1. Efeito dos diferentes protocolos na população folicular no dia da LOPU (36 horas após o início da estimulação) Tratamento <3 mm 3-5 mm >5 mm T1 3,5 ± 1,0a 5,7 ± 0,7b 1,3 ± 0,4b T2 3,4 ± 0,7a 7,9 ± 0,7b 0,9 ± 0,4c T3 3,8 ± 1,0a 8,1 ± 0,6b 0,5 ± 0,3c T4 3,3 ± 0,6a 7,8 ± 1,0b 0,8 ± 0,3c T1: 80mg FSH + 300UI eCG (única) T2: 120mg FSH + 300UI eCG (única) T3: 80mg FSH (múltipla decrescente) T4: 120mg FSH (múltipla decrescente). Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05). Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem (P<0,05). A taxa de recuperação dos oócitos foi similar (P>0,05) entre os tratamentos (tabela 2). Quanto à qualidade morfológica, o percentual de oócitos de boa qualidade (GI/GII) não diferiu (P>0,05) entre tratamentos (tabela 2). Para o número de oócitos GII, houve efeito (P<0,05) da forma de administração, onde aplicações múltiplas resultaram em maior número de oócitos GII do que o tratamento em dose única. Não houve diferença (P>0,05) na taxa de CCOs BCB+ nos diferentes tratamentos (tabela 3). A concentração folicular de estrogênio também não diferiu entre os tratamentos (P>0,05) (tabela 4). Tabela 2. Efeito dos diferentes protocolos hormonais sobre a taxa de recuperação e qualidade dos oócitos obtidos por laparoscopia Tratamento Taxa de recuperação Boa qualidade (GI/GII) T1 65% (70/107) 56% (39/70) T2 59% (65/110) 66% (43/65) T3 68% (82/120) 74% (61/82) T4 70% (91/130) 70% (64/91) T1: 80mg FSH + 300UI eCG (única) T2: 120mg FSH + 300UI eCG (única) T3: 80mg FSH (múltipla decrescente) T4: 120mg FSH (múltipla decrescente). Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05). Tabela 3. Efeito dos diferentes protocolos hormonais sobre a média de oócitos obtidos, média de oócitos viáveis e percentual de BCB+ Tratamento Oócitos / ovelha Oócitos viáveis (GI/GII e GIII) BCB+ T1 5,8 ± 0,2 5,4 ± 0,3 72% T2 5,4 ± 0,3 5,3 ± 0,2 88% T3 6,8 ± 0,3 5,6 ± 0,3 80% T4 7,6 ± 0,5 7,3 ± 0,5 76% T1: 80mg FSH + 300UI eCG (única) T2: 120mg FSH + 300UI eCG (única) T3: 80mg FSH (múltipla decrescente) T4: 120mg FSH (múltipla decrescente). Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05). Tabela 4. Concentração folicular de estrogênio por tratamento Tratamento Concentração folicular de estrogênio (ng/dL) T1 11.510,5 ± 1.211,3 T2 5.234,5 ± 229,4 T3 5.216,9 ± 436,6 T4 7.543,7 ± 663,3 T1: 80mg FSH + 300UI eCG (única) T2: 120mg FSH + 300UI eCG (única) T3: 80mg FSH (múltipla decrescente) T4: 120mg FSH (múltipla decrescente). Não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05). CONCLUSÕES: Não houve diferença entre os tratamentos, sendo assim, recomenda-se utilizar o T1 (80mg FSH dose única com 300UI eCG), devido à praticidade de administração única ou o T3 (80mg FSH em doses múltiplas decrescentes), protocolo que possibilita reduzir os custos e efeitos colaterais do eCG. Agradecimentos: Agradecemos o apoio financeiro oferecido pela CAPES/CNPq, pela FAPERJ e pela UFF para a realização do projeto e fomento de bolsas. . Ciências Agrárias Estudo da parasitofauna intestinal e respiratória de gatos domésticos e felinos selvagens da Fundação Rio Zoo Marilia Senra Barreto de Araújo Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública /Laboratório de Doenças Parasitárias INTRODUÇÃO: As parasitoses mais comuns em gatos estão relacionadas ao trato gastrointestinal, como a ancilostomose, a toxocariose, as coccidioses, a dipilidiose entre outras, porém outros órgãos também podem ser afetados por parasitos, causando morbidade nos seus hospedeiros como nematóides do gênero Aelurostrongylus que afetam o sistema respiratório de felinos dométicos e Trogostrongylus em felinos selvagens. A infecção por parasitos intestinais são, em sua maioria, mais freqüentes em animais jovens e idosos, submetidos à condições higiênico-sanitárias inadequadas. Aquelas causadas por nematóides respiratórios, são freqüentes em qualquer idade e podem facilmente serem confundidas com outras doenças respiratórias, já que, em muitos casos, não apresentam sinais evidentes e as alterações radiográficas não são distintas de outras doenças respiratórias. Para todas as parasitoses, o prognóstico depende do diagnóstico precoce e este é fundamental para a implementação do tratamento adequado. Deste modo, utilizando as técnicas de centrifugo- flutuação e Baermann, pretende-se determinar a prevalência de parasitos intestinais e de nematóides respiratórios em gatos errantes ou abrigados em diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro. RESULTADOS E DISCUSSÕES: 1. Zona norte Foram coletadas 35 amostras nesta área de estudo. Utilizando a técnica de centrifugo- flutuação, foi encontrada uma prevalência de 54% (n= 19), enquanto que não foi encontrado nenhum indivíduo positivo ao utilizarmos a técnica de Baermann-Moraes. Os parasitos encontrados nos animais desta região foram: parasitos dos gêneros Cystoisospora sp. (20%) e Ancylostoma sp. (37,1%), Toxocara catii (22,9%) e Toxoplasma gondii (5,7%). Não foi encontrado nenhum parasito respiratório nos gatos desta região. 2. Zona Sul Foram coletadas 108 amostras nesta área de estudo. A prevalência encontrada utilizando a técnica de centrífugo-flutuação foi de 58,3% (n= 63), enquanto que pela técnica de Baermann- Moraes nenhum animal positivo foi encontrado. Os parasitos encontrados nos animais desta região foram: parasitos dos gêneros Ancylostoma sp. (26,9%), Cystoisospora sp. (17,6%) e Uncinara sp. (0,9%), Toxoplasma gondii (6,5%) e Toxocara catii (24%). 3. Zona Oeste Foram coletadas 65 amostras nesta área de estudo. Utilizando a técnica de centrífugo- flutuação, foi encontrada uma prevalência de 20% de indivíduos parasitados (n= 13). Já com a técnica de Baermann-Moraes, a prevalência encontrada foi de 6,2% (n= 4). A prevalência de animais parasitados reunindo os resultados das duas técnicas foi de 24,6% (n=16). Os parasitos encontrados nos animais desta região foram: parasitos dos gêneros Ancylostoma sp. (7,7%), Cystoisospora sp. (6%), Lymxacarus sp. (3%) e Strongyloides sp. (4,6%), Toxocara catii (3%) e Dipilidium caninum (3%). Não foi encontrado nenhum parasito respiratório nos gatos desta região. 4. Centro Foram coletadas 35 amostras nesta área de estudo. A prevalência encontrada utilizando a técnica de centrífugo-flutuação foi de 60% (n= 21) dos animais parasitados. Utilizando a técnica de Baermann-Moraes nenhum animal positivo foi encontrado. Os parasitos encontrados nos animais desta região foram: parasitos dos gêneros Ancylostoma sp. (45,7%), Cystoisospora sp. (22,9%) e Lymxacarus sp (2,9%) e Toxocara catii (8,6%). Não foi encontrado nenhum parasito respiratório nos gatos desta região. CONCLUSÕES: Tendo em vista a importância das parasitoses para a saúde dos felinos domésticos e para a saúde pública, é muito importante a realização de estudos como este para identificar os parasitos que mais acometem estes animais. No presente estudo foi atingido o objetivo de se determinar a prevalência de parasitoses intestinas nas regiões norte, sul, oeste e centro da cidade do Rio de Janeiro; enquanto que não foi possível determinar a prevalência de parasitos respiratórios pois nenhum foi encontrado. Sugere-se que sejam feitos mais estudos sobre estes parasitos, com número amostral maior, para identificar a prevalência destes nos gatos domésticos, visto que muitas vezes são subdiagnosticados Agradecimentos: Agradeço ao CNPq pela oportunidade que me foi dada para realização de pesquisas e inserção no meio científico, através do financiamento da bolsa. Isso me permitiu obter grande conhecimento que me será útil para a vida acadêmida e profissional. Agradeço também ao meu orientador, professor Dr. Luciano Antunes Barros, por toda paciência e ensinamento passado e por ser uma grande inspiração profissinal para mim. Agradeço ainda, a todos que me ajudaram nesses doze meses de trabalho, sobretudo Jimi Martins, Lucas Xavier, Nilceia Ramos e Shihane Mohamad. Obrigada a todos os membros do Laboratório de Doenças Parasitárias da Faculdade de Veterinária da UFF, ao Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública (MSV) e a Universidade Federal Fluminense por todas as oportunidades e ajuda oferecida não somente durante este projeto, mas durante toda minha vida acadêmica. Figure 1: Logo PIBIC Ciências Agrárias IDENTIFICAÇÃO DE Leptospira sp. EM ÚTERO DE VACAS NATURALMENTE INFECTADAS Lucas Figueiredo, Bruno Cabral Pires, Walter Lilenbaum Departamento de Microbiologia e Parasitologia/Laboratório de Bacteriologia Veterinária INTRODUÇÃO: A leptospirose é uma antropozoonose infectocontagiosa de distribuição mundial. Apresenta grande impacto social, econômico e sanitário, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal. Em bovinos, a frequência de morbidade para a doença clínica pode variar de 10% a 30%. A elevada frequência de abortamentos, podendo atingir até 30%, e a queda na produção de leite, são as principais causas de prejuízos ocasionados pela leptospirose (ELLIS, 2015). É causada por bactérias do gênero Leptospira, do qual se conhecem atualmente 21 espécies patogênicas e não patogênicas com mais de 200 sorovares já identificados, cada um adaptado a seu hospedeiro de manutenção, mas podendo também acometer outras espécies (ZHANG et al, 2015). A prática veterinária baseia-se na vacinação sistemática do rebanho, tratamento de animais doentes, controle dos roedores na propriedade e eliminação do excesso de água no ambiente (MARTINS; LILENBAUM, 2017). Embora existam vários relatos de infecção renal em bovinos, poucos estudos se referem á colonização uterina (LOUREIRO et al., 2017). Dada a importância dos aspectos reprodutivos da doença, tal estudo se faz primordial. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi determinar o estado de carreador uterino de Leptospira sp. em bovinos destinados ao abate no estado do Rio de Janeiro. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Foram coletadas amostras de fragmento uterino de 42 vacas randomicamente selecionadas, não prenhes, provenientes de distintos rebanhos de diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro, e destinadas ao abate em matadouros frigorífico sob inspeção estadual e federal. Foram seccionados fragmentos de aproximadamente 1 cm³ de cada corno uterino dos animais estudados. Foi possível identificar DNA de Leptospira sp. em 19/42 amostras de útero coletadas (45,23%), utilizando o gene LipL32 como alvo genético. CONCLUSÕES: Foi possível identificar animais portadores uterinos de leptospiras patogênicas em bovinos abatidos. Os resultados sugerem que a presença de leptospiras infecciosas no útero pode estar associada à fisiopatogenia da falha reprodutiva. Agradecimentos: Gostaria de agradecer à equipe do Laboratório de Bacteriologia Veterinária (LaBV) pelo apoio na realização deste projeto. Gostaria também de agradecer a Universidade Federal Fluminense pelo respeito com o programa PIBIC e também ao CNPQ que possibilitaram a realização do presente trabalho. Figura 1 – Reação em Cadeia de polimerase em gel de agarose de DNA de fragmento uterino de vacas abatidas no estado do Rio de Janeiro. Bandas na mesma altura do alvo genético do controle Positivo (CP) (gene LipL32) foram consideradas positivas (*). KB = Peso molecular 1Kb DNA Ladder (Invitrogen, Life Technologies, São Paulo, Brasil); CN = Controle negativo da reação. KB 01* 02 03 04 05 06* 07 08 09* 10 11 12* 13* 14 15* 16 17* CN CP Ciências Agrárias Caracterização molecular dos parvovírus a partir de amostras fecais de felinos domésticos no estado do Rio de Janeiro Leticia Maria Machado (bolsista PIBIC), Cinthya Fonseca Domingues (Mestrado), Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia (Orientador) Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Instituto Biomédico, UFF. Laboratório de Gastrenterites Virais e Parvovírus INTRODUÇÃO: Os parvovírus que infectam cães e gatos (gênero Protoparvovírus, família Parvoviridae) se caracterizam por serem pequenos vírus (diâmetro de 21±3 nm) contendo genoma DNA de fita simples de aproximadamente 5124 nucleotídeos e capsídeo de simetria icosaédrica constituído de duas proteínas estruturais: VP1(82 kDa) e VP2 (67 kDa). Apesar de serem constituídos de genoma DNA, os parvovírus apresentam taxas de mutação de genes semelhantes às observadas em vírus com genoma RNA, e tal fato é responsável pelo aparecimento de novas variantes. O Parvovírus Canino (CPV) é um exemplo de sucesso na transposição da barreira de hospedeiro, já que a hipótese mais aceita para explicar a origem do CPV é a que este vírus é uma variante do vírus da panleucopenia felina (FPV). O CPV-2 e FPV apresentam uma homologia de genoma de aproximadamente 98% e diferem em cerca de 8-10 aminoácidos (AA). As mudanças de AA nas posições 80, 93, 103, 297, 300, 305, 323, 426, 555, 564 e 568 de VP2 são importantes para definição do espectro de hospedeiro e habilidade do CPV-2 de replicar em cães. Desde que surgiu em 1978 como um novo patógeno de cães, novas variantes de CPV (CPV-2a/CPV-2b/CPV-2c) surgiram e substituíram o tipo original (CPV-2) em circulação. Enquanto o CPV-2 não era capaz de infectar gatos, os tipos novos do CPV ganharam a habilidade de replicar em gatos e têm sido isolados de felinos domésticos e selvagens. Vários estudos têm investigado as variantes de CPV que circulam na população felina e canina. Os relatos do isolamento dos tipos novos de CPV em amostras de gatos domésticos apresentando sinais clínicos de panleucopenia em vários países, explicitaram a necessidade de investigar se o CPV poderia também estar associado a estes casos no Rio de Janeiro. Este projeto teve como objetivos realizar a detecção e caracterização molecular das variantes de parvovírus associadas a casos de diarreia em gatos no estado do Rio de Janeiro. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Um total de 75 amostras fecais de gatos com até um ano de idade, coletadas no período de 2008 a 2017 foram analisadas. Inicialmente, o genoma viral foi extraído a partir das suspensões fecais 10% com o uso do kit PureLink RNA/DNA kit (Invitrogen®), conforme instruções do fabricante. Foi realizada a reação em cadeia pela polimerase (PCR) para detecção do genoma dos parvovírus com os iniciadores 555For/555Rev (4003-4585), o qual amplificam um fragmento de 583 pb do gene que codifica a proteína de capsídeo VP2 na região que contém os AA 426, 555, 564 e 568. As amostras positivas foram submetidas a nova PCR com o par de iniciadores HFor/HRev (3556-4183), que amplifica um fragmento de 610 pb do gene da VP2 na região que contém os AA 297, 300, 305 e 323. Os produtos das reações de amplificação foram purificados utilizando o High Pure PCR purification Kit (Roche) para se realizar a reação de sequenciamento. A reação de sequenciamento foi realizada utilizando o Big Dye Terminator® v 3.1 Cycle Sequencing Kit (Applied Biosystems®, CA, USA) no Sequenciador automático “ABI Prism 3130 Genetic Analyzer” (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) do Laboratório Multiusuários de Microbiologia e Parasitologia (LMMP) do MIP/CMB/UFF. As sequências nucleotídicas (e as aminoacídicas deduzidas a partir das mesmas) foram alinhadas utilizando o método CLUSTAL W, contido no programa Bio Edit ® (Hall, 1999) e comparadas com outros isolados obtidos no GenBank, através dos seus números de acesso ou mediante a utilização da ferramenta BLAST (Basic Local Aligment Search Tool), disponível no GenBank. Um total de 30/75 amostras fecais de gatos foram amplificadas com o par de iniciadores 555F/555R e 24/75 com os iniciadores HFor/HRev. Observaram-se mudanças de nucleotídeos em 28 posições ao longo do fragmento de 985pb amplificado, resultando em nove mudanças não sinônimas. Isto pode ser explicado pelo fato de que 13/28 alterações de nucleotídeos ocorreram no 3 o códon. Três alterações no 1º códon geraram mudanças sinônimas. A análise do fragmento de 985pb permitiu caracterizar cinco sequências como FPV. Outras 19 sequências apresentaram alterações não sinônimas em resíduos importantes para a determinação do espectro de hospedeiro dos parvovírus (297, 300, 305, 323, 564 e 568), sendo que 8/19 também apresentaram no resíduo 426 o aminoácido ácido aspártico (Asp), característico de CPV-2b. Seis amostras que circularam principalmente nos anos de 2014 a 2016 apresentaram uma alteração no resíduo 324 (TyrLeu) ainda não descrita anteriormente. CONCLUSÕES: Neste estudo procurou-se investigar a variabilidade genética dos isolados de parvovírus a partir de amostras fecais de gatos domésticos. A análise parcial do gene que codifica a proteína viral VP2 permitiu caracterizar cinco amostras como FPV. Outras 19 amostras apresentam alterações não sinônimas em aminoácidos importantes na definição do espectro de hospedeiros e na capacidade de replicação destes vírus. Ainda, oito sequências apresentaram no resíduo 426 o AA característico de CPV-2b. A detecção de sequências em gatos com mutações características de sequências caninas sugerem que mesmo sendo considerado um grupo mais homogêneo que os CPVs, o FPV também vem sofrendo variações e estão sujeitos a eventos evolutivos. No entanto, os nossos resultados ainda não permitem caracterizar estes 19 isolados como CPV pois ainda falta sequenciar a região de VP2 que contém outros aminoácidos informativos na definição do espectro de hospedeiros: 80. 93, 103. Tais achados reforçam a necessidade de investigar as variantes de parvovírus que circulam nesta população. Agradecimentos: CNPq, Proppi-UFF Grande área do conhecimento: Ciências Agrárias Título do Projeto: Leitelho Fermentado Tradicional com Adição de Lactobacillus Casei e Whey Protein Autores: MELKI, A. B., DUARTE, M.C.H.K., CORTEZ, M. A.S. Faculdade de Veterinária, Departamento de Tecnologia dos Alimentos, Laboratório de Tecnologia e Inspeção de Leite e Derivados INTRODUÇÃO: O interesse cada vez maior dos consumidores por alimentos saudáveis e seguros vem intensificando a realização de pesquisas com a utilização de microrganismos probióticos. Estes são microrganismos que quando adicionados ao alimento trazem benefícios com destaque para a inibição de patógenos, redução de toxinas, ativação do sistema imunológico e aumento da motilidade intestinal (JOINT FAO/WHO, 2002). Diversos alimentos são utilizados como veículos para os probióticos, porém devido à especificidade das bactérias lácteas, o leite e derivados são os mais indicados. Um dos probióticos mais utilizados é o Lactobacillus casei, por apresentar propriedades relacionadas à saúde já comprovadas cientificamente e sendo de fácil incorporação aos derivados do leite (BURITI; SAAD, 2007). O leitelho é um resíduo da fabricação da manteiga, normalmente descartado, devendo ser previamente tratado para ser desprezado na natureza, caso contrário atua como poluidor. Por apresentar composição semelhante a do leite semi-desnatado é um produto que pode ser utilizado pela indústria como ingrediente para a elaboração de diversos derivados lácteos (ANTUNES et al., 2007; GONZALEZ et al, 2009; FARIÑA et al., 2010; TEIXEIRA et al., 2013; ASSUMPÇÃO et al., 2013; JULIANO et al., 2014; WALUS et al., 2015). Com o presente estudo objetivou-se verificar a ação do Lactobacillus casei na fermentação de leitelho adicionado de proteína do soro e a influência da presença do Streptococcus thermophilus nas características do produto. RESULTADOS E DISCUSSÕES: O teor de gordura do leitelho utilizado como matéria prima foi de 0,5%, o que indicou um processo adequado de bateção do creme, com boa eficiência na quebra do glóbulo de gordura, com a liberação do conteúdo gorduroso do interior do glóbulo e posterior agregação da gordura. A acidez detectada foi de 0,13g de ácido lático por 100 mL, o que sugeriu que não ocorreu contaminação da matéria prima por bactérias acidificantes. A acidez poderia ocasionar perda de qualidade sensorial e redução da eficiência da agregação da gordura durante o processo de bateção do creme, gerando um leitelho com elevado teor de gordura (CORTEZ; CORTEZ, 2010). Durante a fermentação, o leitelho fermentado apenas com S. thermophilus (T1) apresentou uma maior redução do valor de pH e maior aumento da acidez titulável, indicando um bom metabolismo láctico do S. thermophilus, com produção de maior quantidade de ácido. Neste tratamento, os valores médios de pH abaixaram de 6,27 até 4,87; enquanto que a acidez titulável foi de 0,25 até 0,62 g de ácido lático por 100g de produto. Quando o S. thermophilus estava acompanhado do L. casei (T2), o nível de acidificação, tanto medido pelo pH quanto pela acidez titulável, foi próximo ao observado no tratamento apenas com S. thermophilus, com o pH variando de de 6,28 a 5,01 e a acidez titulável de 0,24 a 0,60 g de ácido lático por 100g de produto. Em ambos os tratamentos nos quais foi adicionado, o S. thermophilus foi um dos principais responsáveis pela acidificação, indicando a importante deste na elaboração de lácteos fermentados. O tratamento apenas com L. casei (T3) apresentou baixa acidificação durante a fabricação, indicando o metabolismo lento deste microrganismo. Neste tratamento a variação do pH foi de 6,32 a 6,12 e da acidez titulável de 0,24 a 0,30 g de ácido lático por 100g de produto. Após 15 dias de armazenamento refrigerado, os valores de pH para tos três tratamentos foram 4,77 (T1), 4,69 (T2) e 4,75 (T3). Já os valores de acidez titulável foram 0,59, 0,61 e 0,60 g/100g, respectivamente para T1, T2 e T3. Estas variações encontradas não possuem importância tecnológica, porém indicaram que durante o período de resfriamento a 8º C as culturas lácteas não foram totalmente inibidas, continuando seu metabolismo, com a liberação de componentes ácidos como o ácido lático, grande responsável pelo aumento da acidez. Este fato foi observado principalmente em relação ao tratamento somente com L. casei. Wendling e Weschenfelder relataram o desenvolvimento de diversas bactérias láticas utilizadas pelas indústrias de produtos lácteos em temperaturas de refrigeração (WENDLING; WESCHENFELDER, 2013). Em relação à enumeração de bactérias láticas, a partir da observação dos resultados obtidos, tem-se que os microrganismos permaneceram viáveis e abundantes durante todo o experimento, com um aumento da concentração celular ao longo do período de armazenamento. Na bacterioscopia, foram encontrados cocos e bacilos, condizentes com as culturas lácteas adicionadas. Na Instrução Normativa n 46 (BRASIL, 2005) é indicado que, para leites fermentados, a contagem mínima de bactérias láticas para caracterizar a conformidade dos produtos está entre 10 6 e 10 7 UFC/g. Neste experimento, todas as amostras avaliadas apresentaram contagens acima de 10 6 UFC/g, já no primeiro dia de análise. Durante a estocagem refrigerada, as contagens de todos os microrganismos aumentaram, indicando a viabilidade dos mesmos. Especificamente em relação ao L. casei, no 15º dia de armazenamento, em ambos os tratamentos nos quais foi adicionado, as contagens foram superiores a 10 15 UFC/g, o que caracteriza os leitelhos fermentados como produtos probióticos. A legislação brasileira determina que para o produto ser considerado como veiculador de microrganismos probióticos, o mesmo deve apresentar quantidades de microrganismos superiores a 10 8 UFC por porção do produto (BRASIL, 2002). As contagens do S. thermophilus, no tratamento apenas com S. thermophilus, mantiveram-se constantes nos 15 dias de análise (1,4 x 10 8 UFC/g no dia da produção e 5,5 x 10 8 no 15º dia após a produção). Já no tratamento com S. thermophilus associado ao L. casei, as contagens de S. thermophilus aumentaram em 07 ciclos log (2,2 x 10 8 até 2,8x 10 15 ), indicando um favorecimento induzido pelo L. casei para o crescimento do S. thermophilus. O desenvolvimento em simbiose é um padrão geralmente observado com duas ou mais bactérias láticas em crescimento em conjunto (Vinderola, et al.2000). Já em relação ao comportamento do L. casei, no tratamento onde apenas ocorreu a inoculação do mesmo, foi observado um aumento da contagem de 9 x 10 6 até >2,5 x 10 15 UFC/g, indicando uma boa adaptação do L. casei ao meio durante os 15 dias de estocagem. Já no tratamento com o L. casei associado ao S. thermophilus, a contagem de L. casei se manteve praticamente constante, com o aumento de apenas um ciclo log (10 14 a 10 15 ), não sendo caracterizado um favorecimento muito significativo causado pelo S. thermophilus ao crescimento do L. casei. Outro ponto importante de avaliar é que a acidez desenvolvida no produto ao longo das 15 dias, não foi suficiente para inibir o S. thermophilus e nem para propiciar um aumento no desenvolvimento e contagem do L. casei. CONCLUSÕES: A elaboração de leitelho fermentado com adição de proteínas de soro e microrganismos probióticos apresentou viabilidade, mantendo um perfil de fermentação adequado, a partir do desenvolvimento de níveis de acidez desejados e contagens elevadas de bactérias láticas. A ação conjunta do S. thermophilus e do L. casei pode ser utilizada na indústria de produtos láticos a fim de fornecer uma alimentação mais saudável ao consumidor. Agradecimentos: Ao CNPQ pela concessão da bolsa e ao programa de Iniciação Científica da Universidade Federal Fluminense. Engenharia Agrícola e Ambiental Estudo da salubridade de operação agrícola com microtrator através de plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre FERNANDO F. L. DOS SANTOS, FLÁVIO C. DA SILVA Departamento de Engenharia Agrícola e do Meio Ambiente/Campus Praia Vermelha-Niterói/Laboratório de Máquinas Agrícolas INTRODUÇÃO: O Brasil é um país cuja economia é predominantemente agrícola. Dentro desse contexto, as máquinas e implementos agrícolas são fundamentais para o abastecimento dos mercados interno e externo. O trator agrícola exerce papel fundamental para os trabalhadores da área agrícola, sendo importante ferramenta para auxiliar no trabalho, deixando-o mais prático e rápido. No entanto, são inúmeros os fatores de risco no qual o operador está submetido. Com isso, torna-se necessário o monitoramento de alguns parâmetros tais como temperatura, umidade e pressão sonora a fim de garantir condições de salubridade para o ambiente de trabalho do operador. Diante desse cenário, a utilização de microcontroladores, surge como uma opção de fácil aplicação e de baixo custo para a automação do monitoramento das condições de salubridade do operador, quando comparada aos sensores mais sofisticados existentes no mercado. O presente trabalho tem como objetivo geral, a criação de um protótipo de baixo custo, flexível e fácil de se usar para a análise da salubridade em microtrator agrícola, com microcontrolador Arduino. Para alcançar o objetivo central há de se definir os objetivos específicos: detalhar a metodologia de montagem e de operação do protótipo; avaliar a eficiência dos sensores, através de análise estatística; avaliar o custo para a montagem do protótipo; e servir como material auxiliar de fácil aplicação e entendimento, para pesquisas na área de sensoriamento em máquinas agrícolas. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Para o parâmetro de umidade relativa do ar, pode-se observar que os dados obtidos tanto pelo sensor quanto pelo Termo-higrômetro, para o dia 18/05/2017, apresentaram uma tendência sem variações significativas durante todo o período de coleta de dados. Já para o outro dia, o aumento do percentual de umidade relativa do ar ambiente foi registrado pelo sensor e pelo equipamento de medição. Para ambos os dias, percebe-se uma constante diferença entre as medições do sensor e do Termo-higrômetro. Sendo a diferença entre as médias desses para os dias 18 e 31/05/2017 de 3,63 e 5,14 % de umidade relativa do ar, respectivamente. Para a temperatura ambiente, pode-se observar que os dados obtidos tanto pelo sensor quanto pelo Termo-higrômetro, para os dois dias de medição, apresentaram uma tendência sem variações significativas durante todo o período de coleta de dados. Para ambos os dias, percebe-se uma constante diferença entre as medições do sensor e do Termo-higrômetro. Sendo a diferença entre as médias desses para os dias 18 e 31/05/2017 de 0,99 e 0,96 °C, respectivamente. Com relação à pressão sonora ambiente, pode- se observar, para o primeiro dia de coleta de dados, que os dados obtidos pelo sensor e o Decibelímetro, para as rotações de 1000 e 1500 rpm, ficaram na mesma faixa de medição. Sendo a diferença entre as médias desses de 0,80 e 0,21 dB, para as rotações de 1000 e 1500 rpm, respectivamente. Para as demais rotações do primeiro dia, a diferença entre as médias foram de 5,15 e 6,74 dB, para as rotações de 2000 e 2500 rpm, respectivamente. Para o segundo dia de coleta de dados, a diferença entre as médias foram de 8,45; 7,79; 4,91 e 2,53 dB, para as rotações de 1000, 1500, 2000 e 2500 rpm, respectivamente. Para a análise estatística dos dados obtidos, foi realizada a Análise de Variância pelo teste de Tukey, com nível de significância de 5%, para avaliar se os dados obtidos pelos equipamentos de medição e pelos sensores apresentam semelhança estatística. Pode-se observar, que apenas para o parâmetro de pressão sonora à rotação de 1500 rpm do dia 18/05/17, as médias dos dados de referência e do sensor são estatisticamente semelhantes. É importante destacar que os sensores e os equipamentos de medições possuem calibração própria e precisão específicas. Sendo assim, esta análise estatística não é conclusiva sobre o aspecto da confiabilidade do sensor, mas sim sobre a comparação do desempenho do sensor em relação ao equipamento de referência. CONCLUSÕES: A partir da metodologia utilizada e dos resultados encontrados, foi possível concluir que: 1. Verificou-se a necessidade de acrescentar uma placa microcontroladora para um circuito separado com o sensor de pressão sonora; 2. Foi observado uma interferência considerável o que também pode ser observado pela análise dos resultados obtidos da leitura do sensor na porta analógica do microcontrolador, sendo uma das principais razões: a quantidade de dados armazenados em um único microcontrolador; 3. Pela análise estatística dos dados foi observado que, com exceção da medição de um parâmetro no dia 18/05/2017, as médias dos sensores e dos equipamentos de medição são estatisticamente diferentes. No entanto, é importante considerar que o sensor de temperatura e umidade, e o termo-higrômetro possuem calibração própria e precisão específicas. Sendo assim, esta análise estatística não é conclusiva sobre o aspecto da confiabilidade do sensor, mas sim sobre a comparação do desempenho do sensor em relação ao equipamento de referência; 4. Para a análise e monitoramento de salubridade, esta metodologia mostrou-se eficaz e com potencial para aprofundamento no monitoramento de ruídos contínuo e intermitente. Através do módulo de alerta visual do protótipo, é possível observar se os parâmetros predefinidos estão dentro dos limites estabelecidos pela norma. Também, através do módulo de coleta de dados e de planilhas eletrônicas, pode-se monitorar e analisar a dose de ruído sobre o operador ao longo da jornada de trabalho. 5. O protótipo foi orçado em R$ 326,69; 6. Por fim, o presente trabalho se mostrou bem sucedido, visto que os objetivos propostos inicialmente foram todos alcançados. Agradecimentos: À CAPES pela oportunidade de intercâmbio através do Programa Ciência sem Fronteiras. Ao programa CNPq/PIBIC pelo financiamento do projeto de pesquisa, e à UFF pela concessão da bolsa de Iniciação Científica. Grande área do conhecimento: 5.00.00.00-4 – Ciências Agrárias Título do Projeto: Aspectos populacionais e frequência de endoparasitos em cães e gatos domésticos domiciliados Autores: Monique Lourenço e Silva, Luciano Antunes Barros (co- orientador), Flavya Mendes-de-Almeida (orientadora) Departamento/Unidade/Laboratório: Faculdade de Veterinária/ Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública/ Laboratório de Doenças Parasitárias da Universidade Federal Fluminense INTRODUÇÃO: Animais domésticos de companhia, como os cães e os gatos, frequentemente podem apresentar endoparasitos. Muitos são os fatores que propiciam a ocorrência ou manutenção das parasitoses, como aglomerações de animais, poucas condições higiênico-sanitárias, manejo inadequado, clima, existência de hospedeiros assintomáticos, hábito de caça de alguns animais, negligência ou baixo nível educacional da população humana. O modo de transmissão tem significativa influência na forma de prevenção, tornando-se essencial conhecer as espécies de parasitos que esses animais albergam. Além disso, um grande número de parasitos pode afetar tanto cães e gatos como humanos (zoonoses). A prevenção das verminoses torna-se essencial para o melhor convívio entre os tutores e seus animais de companhia. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Um total de 223 amostras de fezes foram analisadas pelas técnicas de Willis-Mollay (flutuação) e Baermann-Moraes (sedimentação) no primeiro ano do estudo (2015 a 2016). Já no período de agosto de 2016 a agosto de 2017 foram incluídas 22 novas amostras. Dentre os 22 animais, 36,4% (8/22) eram cães, sendo 37,5% (3/8) fêmeas e 62,5% (5/8) machos, e 63,6% (14/22) eram gatos, sendo 28,6% (4/14) fêmeas e 71,4% (10/14) machos. Dentre os cães, 87,5% (7/8) eram domiciliados, 12,5% (1/8) eram semidomiciliados e 62,5% (5/8) viviam em aglomeração; dos gatos, 78,6% (11/14) eram domiciliados, 21,4% (3/14) eram semidomiciliados e 28,6% (4/14) viviam em aglomeração. Dentre esses animais, 45,5% (10/22) apresentaram resultado positivo no exame coproparasitológico: 28,6% (4/10) eram cães, sendo 25,0% (1/4) fêmea e 75,0% (3/4) machos; 60,0% (6/10) eram gatos, sendo 33,3% (2/6) fêmeas e 66,7% (4/6) machos. Todos os animais eram sem raça definida (SRD). Uma vez que esse é o segundo ano de realização do trabalho, ao se analisar os dados conjuntamente, foram incluídos na pesquisa 245 animais, independente de raça, sexo ou idade, habitantes dos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí, RJ. Desses animais, 50,2% (123/245) eram cães e 49,8% (122/245) eram gatos, dos quais 82,1% (101/123) dos cães e 53,3% (65/122) dos gatos eram domiciliados, e 17,9% (22/123) dos cães e 46,7% (57/122) dos gatos eram semidomiciliados. Dentre esses animais, 56,1% (69/123) dos cães e 54,9% (67/122) dos gatos viviam em aglomeração, isto é, em ambientes com mais de 5 animais. Um total de 32,2% (79/245) encontrava-se infectado por no mínimo uma espécie de parasito. Dentre os 123 cães, 26,8% (33/123) apresentaram resultado positivo, e dos 122 gatos, 37,7% (46/122) estavam parasitados (ϰ 2 =3,316; p=0,0686). Dentre os cães infectados, observou-se 75,8% (25/33) dos cães parasitados por Ancylostoma sp.; 9,1% (3/33) por Ancylostoma sp. e Toxocara sp. concomitantemente; 6,1% (2/33) por Strongyloides sp.; 3,0% (1/33) por Lynxacarus radovskyi; 3,0% (1/33) por Trichuris sp.; e em um cão (3,0% - 1/33) que convivia com galinhas soltas no quintal, identificou-se ovos de Ancylostoma sp. e Ascaridia galli. Dentre os gatos infectados, observou-se 45,6% (21/46) dos gatos parasitados por Ancylostoma sp.; 10,9% (5/46) por Cystoisospora sp.; 8,7% (4/46) por Strongyloides sp.; 6,6% (3/46) por Dipylidium caninum; 6,6% (3/46) por L. radovskyi; 4,3% (2/46) por Ancylostoma sp. e Toxocara sp. concomitantemente; 4,3% (2/46) por Ancylostoma sp. e Cystoisospora sp.; 4,3% (2/46) por Ancylostoma sp. e Uncinaria sp.; 4,3% (2/46) por Toxocara sp.; 2,2% (1/46) por Ancylostoma sp. e L. radovskyi; 2,2% (1/46) por Cystoisospora sp. e Toxoplasma gondii. Nota-se que houve alta prevalência de endoparasitos com potencial zoonótico, como Ancylostoma sp., Toxocara sp., Uncinaria sp. e D. caninum. Dentre os animais parasitados, 93,7% (74/79) apresentavam alguns desses parasitos, que além de acometer cães e gatos, podem acometer humanos também, principalmente os imunocomprometidos, crianças e/ou idosos. É importante notar que, dentre os cães e gatos parasitados, 88,6% (70/79) apresentaram-se assintomáticos (ϰ 2 =6,282; p=0,0122), o que pode potencializar o risco da ocorrência de zoonoses, pois as parasitoses tornam-se de difícil detecção quando não são realizados exames coproparasitológicos periódicos como rotina; entretanto, dos animais sintomáticos, os sinais mais frequentes foram os gastrointestinais, como a presença de diarréia (6/9; 66,6/%). Em relação à idade, 49,4% (39/79) possuíam entre 1 e 10 anos de idade, ou seja, faixa etária considerada mais imunocompetente do que os filhotes ou os idosos, e demonstra diferença significativa entre os animais positivos nos exames e a idade (ϰ 2 =9,0566; p=0,0108); 77,2% (61/79) eram sem raça definida (SRD) (ϰ 2 =5,368; p=0,0205); 57,0% (45/79) eram domiciliados e 43,0% (34/79) semidomiciliados (ϰ 2 =6,217; p=0,0127); além disso, 13,9% (11/79) dos cães tinham acesso às ruas (ϰ 2 =0,014; p=0,9072), ou seja, 84,8% (67/79) dos animais tinham acesso ao ambiente externo ou a locais contaminados, mostrando forte relação entre animais que tem contato com esses ambientes e a taxa de positividade (ϰ 2 =184,93; p=<0,0001); 54,4% (43/79) faziam tratamento profilático regularmente segundo os tutores (ϰ 2 =14,713; p=0,0001), indicando que os parasitos se mostraram resistentes aos medicamentos, ou os animais se infectaram durante o intervalo entre as administrações, ou ainda que os tutores não forneceram as informações corretas; 55,7% (44/79) viviam em aglomeração, demonstrando que o ambiente com muitos animais pode dificultar a higienização, facilitar a contaminação ambiental (ϰ 2 =0,002; p=0,9678); 71,8% (33/79) dos animais apresentavam ectoparasitos percebidos por seus tutores (ϰ 2 =1,736; p=0,1877), o que pode indicar um risco potencial de infecção por Dipylidium caninum e hemoparasitos, dentre outras afecções. Dividindo-se as estações do ano em estação seca (outono e inverno) e estação chuvosa (primavera e verão), pode-se observar que 22,0% (54/245) dos animais apresentaram resultados positivos nos exames coproparasitológicos na estação chuvosa e 10,2% (25/245) na estação seca do ano (ϰ 2 =5,107; p=0,0238). CONCLUSÕES: Dos animais avaliados, dentre cães e gatos, 32,2% apresentaram resultados positivos nos exames coproparasitológicos. Ancylostoma sp. foi a espécie de helminto gastrointestinal mais prevalecente, agente da Larva Migrans Cutânea (LMC) em humanos. Dentre os parasitos detectados, 93,7% apresentam potencial zoonótico. Foi possível observar que a maioria dos animais que apresentou resultados positivos para algum parasito nos exames era assintomática (88,6%), sem raça definida (SRD) (77,2%), tinha contato com área externa (84,8%), vivia em aglomeração (55,7%) e fazia uso regular de antihelmínticos de amplo espectro (54,4%). Dentre os animais sintomáticos, os distúrbios gastrointestinais foram os mais comuns. Agradecimentos: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro. Figure 1: Logo PIBIC Grande área do conhecimento: Ciências Agrárias Título do Projeto: Perfil Fenotípico e Genotípico da Resistência às Cefalosporinas em Salmonella Heidelberg Isoladas de Carcaças e Cortes de Frangos Autores: Mariane Meloni da Silva, Rosiane de Lima Silva, Isabela Borges Bergamo Esteves Rodrigues, Ana Carolina Lyra de Queiroz Pinto, Elmiro Rosendo do Nascimento, Maria Helena Cosendey de Aquino, Dayse Lima da Costa Abreu, Virginia Léo de Almeida Pereira Departamento/Unidade/Laboratório: Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde Pública – MSV, Faculdade de Veterinária, Laboratório de Sanidade Avícola INTRODUÇÃO: Salmonella spp. é um dos principais agentes de doenças de origem alimentar em humanos e os produtos de origem avícola são considerados importantes fontes de infecção. O controle das salmoneloses é uma preocupação de todos os organismos nacionais e internacionais de saúde humana e animal. Na maioria dos casos de salmonelose humana, não é recomendado o tratamento com antimicrobianos, mas fluoroquinolonas e cefalosporinas de terceira geração podem ser usadas em infecções sistêmicas graves. Cepas multirresistentes a antimicrobianos dificultam o tratamento e o controle, exigindo maior cautela em relação à infecção por esses patógenos (4). Resistência à Beta-lactâmicos de espectro estendido ocorre usualmente devido à produção intracelular de β- lactamases de espectro estendido, como o grupo CTX-M, e AmpC β-lactamase, incluindo as enzimas CMY-2 e ACC-1, que estão normalmente localizadas em plasmídeos transmissíveis e tendem a se disseminar entre as Enterobactérias (5, 6). Não há consenso sobre a influência de antibióticos em animais na ocorrência de bactérias resistentes a antimicrobianos em humanos, mas evidências experimentais e estudos epidemiológicos e moleculares indicam essa relação. Este estudo visou avaliar a resistência à Amoxicilina/Ácido Clavulânico e Cefotaxima de cepas de Salmonella Heidelberg isoladas de carcaças e cortes de frangos. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Foram estudadas 65 cepas de Salmonella Heidelberg, isoladas de 60 carcaças e 60 cortes de frango. A resistência à amoxicilina/ácido clavulânico e cefotaxima foi testada por difusão em disco (2). Para a PCR na detecção dos genes CTX-M-8, CMY-2 e ACC-1, a extração de DNA foi feita por tratamento térmico. Foram utilizados os primers específicos: CTX-M-8-F 5'- TGA TGA GAC ATC GCG TTA AG-3'; CTX-M-8- R 5'-TAA CCG TCG GTG ACG ATT TT-3'; CMY-2-F 5'-ATG ATG AAA AAA TCG TTA TGC-3'; CMY-2-R 5'-TTG CAG CTT TTC AAG AAT GCG-3'; ACC-1-F 5'-CAC CGA AGC CGT TAG TTG AT-3'; ACC-1-R 5'-AAG TGG GTT CGC TGA GTA AA-3'. A reação conteve 29,25 µL de água para PCR; 5,0 µL de DMSO; 5,0 µL Tampão 10X; 2,0 µL de MgCl2 50mM; 2,5 µL de cada primer a 10pmol/ µL; 1,0 µL de dNTP 10mM; 0,25 µL de Taq polimerase 5U/mL; 2,5 µL de DNA, com total de 50 µL. A PCR foi realizada com 94ºC por 10 min.; 35 ciclos de 94ºC por 30 seg., 52ºC por 30 seg., 72ºC por um min. e uma extensão final a 72ºC por 10 min.. Os resultados foram visualizados em gel de agarose a 1,5% sob luz ultravioleta após corrida eletroforética a 100V por 40 min. Das 65 cepas de Salmonella Heidelberg estudadas, 55 foram resistentes à Amoxicilina/Ácido Clavulânico e destas, 35 foram positivas para CMY-2, sendo três de carcaças e 32 de cortes de frango. A presença de CMY-2 em Salmonella Heidelberg resistentes à Amoxicilina/Ácido Clavulânico provenientes de frangos ou produtos derivados já foi relatada no Canadá e nos Estados Unidos, relacionada a surtos em humanos (1,3,7). O gene ACC-1 foi encontrado em 5 destas cepas de Salmonella Heidelberg, isoladas de cortes de frango. O gene CTX-M-8 não foi encontrado
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