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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Ciências Sociais Faculdade de Direito Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Teoria da Justiça Carolyne Ferreira de Souza e Matheus Campelo Aula 03: Uma Teoria da Justiça, de John Rawls, Capítulo 1 John Rawls (Estados Unidos, 1921-2002) foi um dos maiores pensadores do século XX, professor de Harvard e autor de “Uma Teoria da Justiça”. Ele construiu sua teoria na década de 1970, sendo o livro publicado em 1971, durante o contexto da Guerra Fria, buscando encontrar um equilíbrio entre as ideias de capitalismo e socialismo. Na mencionada obra a e aqui discutida, Rawls analisa o seguinte dilema: Como conciliar direitos iguais em uma sociedade desigual? E como equilibrar as ambições de pessoas talentosas com os anseios dos menos favorecidos? Ele observou que a população negra dos EUA vivia em situação menos favorecida que a população branca, observando assim um ciclo de pobreza oriundo do nascimento. Por influência de sua mãe, desenvolveu ideias feministas acerca da desigualdade no mercado de trabalho, criticou a guerra do Vietnã como moralmente inaceitável considerando a liberdade individual acerca de alistamento e convocação, tendo cada um o direito de ser contra a guerra e escolher não participar por esse motivo. No capítulo 1, sob o título “Justiça como Equidade”, que se subdivide em nove tópicos, ele analisa: A justiça como equidade, uma teoria da justiça que leva a um nível mais alto de abstração o conceito tradicional de contrato social; Pacto social substituído por uma situação inicial que incorpora certas restrições de conduta baseada em razões destinadas a conduzir um acordo inicial sobre os princípios da justiça; Concepções clássicas de justiça, questionando, inclusive “o que é justiça”; E questiona e analisa “como saber quais são os princípios de justiça justos?” Objetivo: Elaborar uma teoria da justiça que seja uma alternativa para essas doutrinas que há muito tempo dominam a nossa tradição filosófica. Ideia central: Apresentar uma concepção de justiça que generalize e eleve a um plano superior de abstração a teoria do contrato social. Rawls se guia pela ideia de que os princípios da justiça são objeto de um consenso original, daí a influência das teorias contratualistas. São esses princípios que pessoas livres e racionais aceitariam numa posição inicial de igualdade como definidores dos termos fundamentais da associação, e como reguladores de todos os acordos subsequentes. É exatamente essa maneira de considerar os princípios que Rawls nomeia de equidade. Afirma que “exige-se um conjunto de princípios para escolher entre várias formas de ordenação social que determinem essa divisão de vantagens e selar um acordo sobre a distribuição adequada” (analisa então os princípios da liberdade, igualdade e diferença). Equidade para ele não é igualdade absoluta, mas o reconhecimento de que algumas pessoas possuem condições físicas, sociais e econômicas que não dependem propriamente delas, mas são oriundas da família, país e contexto social em que nasceram. Para ele, enfim, a teoria de justiça deve ser vista como uma estrutura orientadora projetada para focar as sensibilidades morais do humano e que coloquem as capacidades intuitivas mais limitadas sob o manuseio das capacidades de julgamento. Para o autor, então, como parte da construção dessas capacidades de julgamento, os princípios de justiça, oriundos de um acordo original comum, que prevê e que define os princípios e o direitos mais básicos que indivíduos livres e racionais determinam como fundamentais para divisão de benefícios sociais e para a associação deles, identificam quais as considerações que lhes sejam mínimas e moralmente relevantes. Já o que ele chama de “prioridade de justiça”, que Rawls argumenta que são os valores que as pessoas detêm como além de “qualquer preço”, conforme diz Kant, servem, permeando a construção das capacidades de julgamento dos princípios da justiça, como ferramenta de avaliação apropriada para ser utilizada quando os princípios de justiça se chocam, conflitam, e devem ser selecionados em uma determinada avaliação. O papel da justiça: O autor afirma que “a justiça é a primeira virtude das instituições sociais como a verdade o é dos sistemas de pensamento” e que “em uma sociedade justa as liberdades da cidadania são consideradas invioláveis, os direitos assegurados pela justiça não estão sujeitos à negociação política ou ao cálculo de interesses sociais”. E aponta como objeto primário da justiça a estrutura da sociedade, a maneira como direitos fundamentais são distribuídos. Crítica ao utilitarismo: No utilitarismo estende-se à sociedade o princípio da escolha feita por um único ser humano, enquanto na justiça como equidade, os princípios da justiça são objeto de um conceito original. O utilitarismo é uma teoria teleológica, para ela a obtenção do maior saldo líquido de satisfação social é um elemento essencial, e a satisfação de qualquer desejo tem algum valor em si mesmo que deve ser levado em consideração na decisão do que é justo.
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