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AULA 1 CONTABILIDADE GERENCIAL Profª Marineusa Rodrigues 2 INTRODUÇÃO A presente aula tem o objetivo de discorrer sobre a contabilidade gerencial e responder a algumas perguntas, como: o que é contabilidade gerencial? Quem são os usuários das informações contábeis gerenciais e financeiras? A contabilidade gerencial e a contabilidade financeira são a mesma coisa? Contemplam os mesmos tipos de usuários? Além dessas, analisaremos também outras questões no decorrer desta aula. Uma pergunta importante que podemos fazer e que irá nortear uma boa parte desta aula será: por que há informação financeira/gerencial? Podemos afirmar com toda certeza que a informação só existe porque alguém precisa dela. Algum usuário, seja interno ou externo, precisa tomar uma decisão e, por esse motivo, será necessário ter em mãos uma informação rápida e certeira com o menor nível de viés possível. Com base nesta discussão, vamos iniciar a nossa aula para responder a esses e outros questionamentos. TEMA 1 – CONTABILIDADE GERENCIAL Vamos iniciar respondendo o que é a contabilidade gerencial. Padoveze (2010, p. 3) responde à questão da seguinte maneira: A contabilidade gerencial pode ser definida como o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informação (tanto financeira como operacional) utilizada pela administração para planejamento, avaliação e controle dentro da organização e para assegurar o uso e a responsabilidade sobre seus recursos. Podemos afirmar que a contabilidade gerencial cria valores, e esse valor pode ser representado pelo preço de mercado da ação ordinária da companhia. Para que o preço de mercado da ação de uma companhia possa representar valor, as informações financeiras e gerenciais devem ser claras e sem viés, desta forma os seus usuários passam a confiar nas informações divulgadas, fazendo com que o preço das ações suba e permaneça em patamares altos. Quando falamos em viés, estamos tratando da assimetria das informações geradas pelas companhias. Em se tratando da contabilidade financeira, as normas contábeis ajudam a diminuir essa assimetria nas informações fornecidas, já que podem existir interesses econômicos por parte dos gestores que podem afetar as informações divulgadas. 3 Figura 1 – Assimetria da informação 1.1 Usuário das informações contáveis – stakeholders Vamos, então, dar nomes a esses usuários? Antes de mais nada, vamos lembrar que temos usuários internos e externos. • Proprietários, administradores, gestores e funcionários são considerados usuários internos. • Já os acionistas, credores, investidores e governo são considerados usuários externos. É importante separarmos esses usuários para que possamos perceber como a informação contábil não pode ser elaborada da mesma forma para todos, pois como já dissemos, são públicos diferentes. Cada tipo de usuário possui um tipo de interesse e, dessa forma, as informações precisam ser efetuadas levando em consideração que a informação disponibilizada deverá atender a todos esses usuários. Saiba mais Veja no link a seguir um vídeo sobre a história da evolução da contabilidade produzido pelo CFC – Conselho Regional de Contabilidade: <https://www.youtube.com/watch?v=pxA-gFB98eM>. Quais informações são úteis para os credores? Vejamos que o interesse do credor se encontra em analisar a capacidade de liquidação das dívidas no futuro da empresa. E os investidores? Para o investidor, talvez a decisão seja ainda um pouco mais difícil, pois é o seu dinheiro que está aplicado naquela empresa, portanto ele precisa saber se pode ou não acreditar no futuro dela. Gestor Possui todas as informações que precisa para tomar uma decisão Deve fornecer informações sobre a entidade Investidores, Credores e Fisco 4 Pense que, para esses dois tipos de usuários, o que realmente interessa é o futuro da empresa. E o governo? Veja que o interesse do governo é distinto, pois, enquanto os credores e investidores se preocupam com o futuro da empresa, o governo se preocupa com seu passado. Trata-se de interesses econômicos diferentes, pois para o governo, o interesse econômico está em arrecadar tributos. Saiba mais Até o século XVIII, a contabilidade baseava-se exclusivamente em uma contabilidade financeira, pois naquela época a economia girava em torno das atividades comerciais. A produção de bens ficava por conta de pessoas físicas ou grupo de pessoas que raramente constituíam-se como pessoa jurídica. Porém, com a Revolução Industrial, ocorreu o advento das indústrias, e desta forma surgiu a necessidade de se implementar uma contabilidade mais arrojada. É sempre importante lembrar que a contabilidade é uma ciência social, portanto está ligada à evolução da sociedade. Hoje, estamos na Era da Tecnologia e Inovação, o que torna ainda mais importante estudarmos esta Ciência. 1.2 Fins gerenciais Os gestores poderiam utilizar demonstrações financeiras elaboradas com regras contábeis para fins gerenciais? Os relatórios contábeis elaborados de acordo com as normas contábeis podem ser bastante úteis para a contabilidade gerencial, na coleta de informações, porém não são detalhados da forma como o usuário interno necessita e deseja para efetuar os controles e organização da empresa. TEMA 2 – DIFERENÇA ENTRE CONTABILIDADE GERENCIAL E FINANCEIRA A contabilidade evoluiu ao longo dos anos e podemos destacar que o marco da separação entre seus dois tipos foi a adoção pelo Brasil das normas internacionais de contabilidade. A contabilidade internacional foi adotada no Brasil por meio da Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, publicada no Diário Oficial da União nesta data. Anterior a essa Lei, o Brasil dispunha de normas próprias contidas em legislações e atos normativos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aplicáveis às companhias abertas, e também havia a Lei n. 6.404, de 15 de 5 dezembro de 1976, porém, essas legislações possuíam uma forte influência da tributação dada principalmente pelo Decreto-Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977. A partir de então, a contabilidade deixou de ser regulada por Leis e passou a apoiar-se na primazia da essência sobre a forma. A contabilidade gerencial pode se utilizar de vários procedimentos adotados pela contabilidade financeira, contudo, trata-se de uma análise mais aprofundada e mais detalhada para atender às necessidades de informações que os gestores precisam para a sua tomada de decisão. Quadro 2 – Principais diferenças entre a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira Pontos de comparação Contabilidade financeira Contabilidade gerencial Tipo de usuário Externos Internos Interessados na informação Acionistas, bancos, fornecedores, clientes, outros. Gestores, controllers e demais responsáveis pela administração da entidade. Tipos de relatório Abrange a entidade como um todo. Abrange parte da entidade: unidades, filiais, departamentos (produção). Objetivos dos relatórios Facilitar a análise financeira para as necessidades dos usuários externos. Em especial, facilitar planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão internamente. Forma dos relatórios Balanço Patrimonial, demonstração dos resultados, Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Orçamentos, Contabilidade por responsabilidade, relatórios de desempenho, relatórios de custo, relatórios especiais não rotineiros para facilitar a tomada de decisão. Frequência dos relatórios Obrigações legais podem exigir por trimestre, semestre e ano. Não há qualquer restrição, de acordo com a necessidade da entidade. Pode ser por dia. Regras/normas Normas e Princípios contábeis. IFRS, USGAAP e NBC (Brasileira). Nenhuma restrição, excetoas determinadas pela administração da entidade. Característica da informação fornecida Objetiva (Sem viés), verificável, relevante, comparável e tempestiva. Relevante e tempestiva, subjetiva sob a ótica do julgamento da finalidade do interesse, sem rigores de verificabilidade e precisão. 6 Horizonte de tempo considerado Informações e dados são retrospectivos e históricos. Histórica e preditiva – orientada para o futuro. Fonte: Iudícibus, 2010, p. 6. 2.1 Essência sobre a forma Você sabe o que significa essência sobre a forma? A contabilidade não é uma ciência exata, e sim uma ciência social. Por isso, deve sempre prevalecer mais a essência de uma operação do que o que está descrito em um documento, nota fiscal ou contrato. Saiba mais Em 25 de janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da barragem em Brumadinho. A barragem é controlada pela Vale S/A, sendo a barragem da Mina Córrego do Feijão. O desastre causou a morte de muitas pessoas e outras estão desparecidas até hoje. A Vale teve sua imagem atingida, suas ações caíram e milhões foram pagos em multas e indenizações. Acesse o link a seguir e verifique o que a empresa fez para tentar melhorar sua imagem após este desastre: <http://www.vale.com/esg/pt/Paginas/Brumadinho.aspx>. TEMA 3 – GESTÃO ESTRATÉGICA Podemos definir a gestão estratégica como sendo os objetivos e práticas de uma companhia, os quais são definidos pelos seus gestores. Trata-se de uma função básica, um apoio à empresa que pode ser tanto na parte operacional como na parte estratégica. Assim, pode-se ter tanto modelos para decisões estratégicas quanto de cunho transacional. Aqui, vamos tratar do modelo de gestão estratégica, o qual está ligado ao sistema institucional da empresa, sua missão, crença e valores. Uma boa gestão estratégica passa pelas fases de planejamento, formulação, implantação e controle. Vamos analisar cada uma dessas fases a seguir. Saiba mais Acompanhe o Planejamento Estratégico da Petrobrás 2021-2025 no seguinte link: <https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/25fdf098-34f5-4608- b7fa-17d60b2de47d/174ab356-7f22-96e7-6828-94b10fcb3349?origin=1>. 7 3.1 Planejamento Planejar significa preparar algo, preparar um trabalho ou uma tarefa, por exemplo. Portanto, o planejamento estratégico seria um plano formal definido pelos gestores de uma organização. Para que o gestor consiga desenvolver um planejamento estratégico, é importante que ele defina: • qual é a missão da empresa; • como a empresa se vê no futuro; • princípios a serem zelados pela organização; • aonde a empresa deseja chegar; • quais são as metas e objetivos da empresa de acordo com o fator temporal. Corresponde aos planos a longo prazo e que estão ligados à continuidade da empresa no ambiente em que ela está inserida se relaciona, pois são planos que irão nortear toda a vida da organização. 3.2 Formulação Na etapa da formulação da estratégia, é necessário primeiramente fazer uma análise do ambiente interno e externo da empresa. Neste momento, você pode estar se perguntando: “or quê?”. Vejamos que é muito importante identificar os pontos fracos e os pontos fortes da organização, as oportunidades e as ameaças, avaliar os recursos que a empresa possui e que estão disponíveis, pois este é o momento de colher informações que ajudarão nos processos seguintes. 3.3 Implantação Nesta etapa, você irá colocar em prática tudo o que foi definido na etapa anterior, ou seja, na formulação. Portanto, podemos dizer que a etapa da implantação e da formulação devem andar juntas, pois se entendidas separadamente, a gestão estratégica da empresa será prejudicada. Por esse motivo, a formulação da estratégia precisa estar muito bem alinhada com a estrutura. Os trabalhadores do processo de formulação e implementação precisam estar envolvidos e comprometidos para que a implantação seja eficaz. A comunicação nas fases do processo determinará o sucesso ou fracasso do processo. 8 3.4 Controle Podemos dizer que esta é uma das fases mais importantes, pois é aqui que os gestores poderão analisar o desenvolvimento do seu planejamento estratégico. Nesta etapa, o gestor poderá analisar a sua trajetória, o desempenho da sua estratégia, fazer comparações com o que foi desejado e o que foi realizado e realizar ações para corrigir as etapas anteriores, caso identifique que precisam de correções. 3.5 Responda1 (CESPE – IINMETRO) O sistema de contabilidade gerencial se preocupa com o fornecimento de informações úteis ao planejamento, controle e tomada de decisões pelos administradores da empresa, em contraposição ao sistema de contabilidade financeira, preocupado em fornecer informações aos usuários externos. Em razão desse objetivo, o sistema de contabilidade gerencial caracteriza-se: 1. pela obediência rigorosa dos princípios e normas contábeis; 2. pela precisão na mensuração dos custos e resultados; 3. por ser voltada aos administradores, acionistas e órgãos reguladores; 4. por priorizar a objetividade sobre a relevância; 5. pela ênfase em decisões voltadas para o futuro. TEMA 4 – CONTABILIDADE GERENCIAL E SISTEMA DE INFORMAÇÃO Padoveze (2010, p. 48) define sistema de informação como um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica para o processamento dos dados e tradução em informações, para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais. O que é mais comum vermos atualmente é a elaboração de sistemas de informação voltados para a escrituração contábil, ou seja, voltados para a parte financeira. Porém, para estruturar uma contabilidade gerencial, é necessário um sistema de informação voltado especificadamente para a parte gerencial. Contudo, será necessário que o sistema gerencial consiga “conversar” com o 1 O gabarito pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. 9 sistema financeiro, pois poderá utilizar algumas informações para elaborar o próprio sistema gerencial. Os sistemas de informações classificam-se em: • Sistemas de informação às operações: esse sistema irá auxiliar os departamentos da empresa a executarem suas funções, como por exemplo, o setor de compras ou de produção. • Sistemas de informação de apoio à gestão: já o sistema de informações de apoio à gestão será elaborado tendo como base as informações geradas no sistema operacional e será voltado para informações econômico- financeiras da empresa. Saiba mais A seguir, colocamos o link do site da Empresa BRF, para que você possa analisar o relatório integrado da administração da organização e verificar a estratégia da utilizada pela empresa. Link: <https://s3.amazonaws.com/mz- filemanager/4d44a134-36cc-4fea-b520-393c4aceabb2/90df5368-9d93-4b02- bdb9-b83fa9a5c19d_BRF_Relatorio_Integrado_2019_PORT.pdf>. 4.1 Arquitetura de um sistema de informação contábil gerencial Para o sucesso de um sistema de informação gerencial, será necessário que dois critérios básicos sejam atendidos: a necessidade da informação e o seu planejamento e controle. Quando falamos em necessidade da informação, precisamos considerar que quem irá determinar essa necessidade é o usuário final, portanto é importante atender à necessidade do consumidor e não do contador que está elaborando essa informação. Em relação ao planejamento, é necessário entender que nem todos os usuários terão conhecimentos contábeis, portanto, será necessário desenvolver relatórios com aspectos diferenciados. Isso porque estamos tratando de usuários diferenciados. É importante ter isso em mente porque, para passar à fase de controle, será necessário que todos os usuários tenham entendido a informação disponibilizada. 10 4.2 Fundamentos de um sistema de informação contábil Conforme entendido porPadoveze (2010, p. 52), existem três pontos fundamentais para que um sistema e informação contábil tenha validade perene dentro de uma entidade: operacionalidade, integração e custo da informação. 4.2.1 Operacionalidade A operacionalidade diz respeito a como as informações são coletadas. Nessa fase de coleta de informações, o contador precisará contar com o apoio de profissionais de outras áreas, como produção, venda, estoque, entre outras. Isso se faz necessário pois ninguém melhor do que o colaborador que está dentro daquele setor para passar ao contador as informações de que ele precisa com uma boa precisão. 4.2.2 Integração Dentro das empresas, nós vemos sistemas de informação integrados e não integrados. O sistema integrado irá abranger todas as áreas necessárias para o gerenciamento das informações desejadas, já o sistema não integrado terá sistemas separado por área, como por exemplo: setor de custo, setor financeiro, setor orçamentário, entre outros, cada qual com um sistema isolado. Quando o sistema é integrado, as chances de um relatório gerencial estar impreciso são bem menores, pois para que a informação seja exata, é necessário que uma mesma informação coletada transite em todos os departamentos. Observe que nesta fase é importante a classificação do plano de contas que será utilizado por todos os departamentos, para que todos falem a mesma língua. É desejável que os lançamentos para classificação das despesas e custos de cada departamento não sejam efetuados dentro do setor contábil, visto que é mais fácil a identificação e classificação ao departamento que está vivenciando aquela despesa. 4.2.3 Custo da informação Neste ponto, não há muito o que discutir. Recomenda-se que o contador ou gerente que irá implantar o sistema na empresa observe o custo-benefício que 11 essa implantação trará para a empresa, lembrando que o custo deverá ficar sempre abaixo dos benefícios proporcionados. 4.3 Visão do contador e posição do usuário De acordo com Iudícibus (2020, p. 62), qual é a visão do contador e posição do usuário em um sistema de informação? O contador nunca deve impor sua visão da informação que está fornecendo. Sua obrigação é fornecer o que pedem, do jeito que pedem. Se consultado, ele pode opinar, mas nunca impor. Ele tem de respeitar a posição do usuário e sua forma de enxergar e utilizar a informação contábil. TEMA 5 – CONTABILIDADE GERENCIAL COMO FERRAMENTA DE DECISÃO A contabilidade gerencial é usada como ferramenta para tomada de decisões, porém ressaltamos aqui novamente que é importante que ela esteja integrada com a contabilidade financeira, a contabilidade de custos e todos os dados contábeis disponíveis. Algumas ferramentas são imprescindíveis na contabilidade gerencial, como: custeio por absorção, custeio direto ou variável, custeio padrão, orçamento, ABC, balancete scorecard, fluxo de caixa, demonstração de resultados, balanço, EVA, entre outros. A contabilidade gerencial depende da contabilidade financeira e também da contabilidade de custos para coletar dados para que possa produzir relatórios gerenciais confiáveis, portanto se faz necessário que analisemos também essas ferramentas que serão utilizadas na contabilidade gerencial. 5.1 Mensuração da situação patrimonial e financeira Os elementos que estão diretamente ligados à situação patrimonial e financeira da entidade são o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. Tivemos recentemente a revisão da estrutura conceitual pelo International Accounting Standards Board (IASB) para o relatório financeiro (conceptual framework for financial) a partir de 1º de janeiro de 2020. No Brasil, tivemos a aprovação do documento de revisão do Pronunciamento Técnico CPC 00 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e o Conselho Federal de 12 Contabilidade (CFC) por meio da Deliberação CVM n. 835, de 10 de dezembro de 2019. Vamos analisar como ficaram esses conceitos após a revisão: • Ativo: é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. • Passivo: é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. • Patrimônio líquido: é a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos. 5.2 Demonstrações financeiras e contábeis Mencionamos anteriormente que as demonstrações contábeis são tidas como ferramentas importantes para a tomada de decisão. Vamos então começar a analisar essas demonstrações individualmente para que você possa saber diferenciar as informações contábeis financeiras de informações úteis para os relatórios gerenciais. As demonstrações devem ser elaboradas de acordo com as normas provenientes do Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os padrões internacionais pela convergência das normas internacionais de contabilidade, que são: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado (DRE), Demonstração do Resultado Abrangente (DRA), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e Notas Explicativas. É importante frisar que a DVA não é obrigatória para todos os tipos de empresa, apenas para as companhias abertas. Em relação à DFC, a Lei n. 6.404 de 1976, art. 176, no parágrafo 6º, dispensa a sua elaboração nos casos em que se trate de uma companhia fechada com patrimônio líquido inferior a R$ 2 milhões, na data do balaço. Antes de falarmos individualmente sobre cada demonstração, é importante relembrarmos alguns princípios aplicados à contabilidade financeira: • Regime de competência: a contabilidade financeira deve adotar o regime de competência para o registro das suas operações. Esse regime 13 reconhece os efeitos das transações quando efetivamente ocorrem, e não quando são pagos ou recebidos. • Princípio da continuidade: as demonstrações contábeis financeiras devem ser sempre elaboradas levando em conta que a empresa não tem a intenção de entrar em liquidação ou reduzir suas operações. • Informação contábil financeira útil: para que a informação contábil seja tida como útil, ela precisará ser relevante, ter representação fidedigna, ser comparável, verificável, tempestiva e compreensiva. 5.2.1 Balanço patrimonial O balanço patrimonial é constituído de duas colunas: a coluna do lado direito representa as obrigações a pagar e as fontes e origens dos financiamentos que são denominadas de passivo e patrimônio líquido. Já a coluna do lado esquerdo representa os investimentos e a aplicação dos recursos que são originados do passivo e do patrimônio líquido, denominados de ativo. O Balanço Patrimonial deverá conter informações referentes a: clientes e outros recebíveis, Caixa e equivalente de Caixa, estoques, ativos financeiros, ativos não circulantes (classificados como disponíveis para venda), ativos biológicos, investimentos avaliados pelo MEP (Método de Equivalência Patrimonial), propriedade para investimentos, imobilizado, intangível, contas a pagar, provisões, obrigações financeiras, impostos diferidos, participação de não controladores, capital integralizado e reservas. 5.2.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) e demonstração do resultado abrangente (DRA) Na DRE ocorrerá a mensuração do resultado do período, momento em que são informadas as receitas e despesas do período. É importante frisar que as despesas reconhecidas no período devem estar associadas à receita que gerou essa despesa no mesmo período simultaneamente, aplicando-se assim o princípio da confrontação entre as receitas e despesas. Já na DRA serão informadas todas as modificações ocorridas noPatrimônio Líquido que estejam relacionadas como seus sócios, como por exemplo aumento ou redução de capital, os dividendos, receitas e despesas da 14 DRE e ajustes ocorridos na conta de ajustes de avaliações patrimoniais, ou seja, as avaliações a Valor Justo e o custo atribuído (Deemed cost). 5.2.3 Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMLP) Todas as variações ocorridas em todas as contas do patrimônio líquido da empresa em um determinado período são representadas na DMPL. Nesta demonstração, serão representados: o capital social, os ajustes de avaliações patrimoniais, as reservas de lucros, as ações em tesouraria, os prejuízos acumulados, os lucros acumulados (quando admitido) e outras contas que possam ser emitidas pelo CFC. 5.2.4 Demonstração do fluxo de caixa (DFC) Esta demonstração é muito importante para os usuários, pois é por meio dela que será avaliada a capacidade da entidade em gerar caixa e seus equivalentes, ou seja, representa o fluxo financeiro da entidade contribuindo de forma muito eficaz para a gestão. A DFC demonstra toda a entrada e a saída de dinheiro do caixa em um determinado período. Podemos dizer que essa demonstração é a união de duas outras demonstrações: O balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado. Ela pode ser elaborada pelo método direto e ou indireto, ficando a escolha da entidade o método a ser utilizado: • Método direto: indica as contas que referem-se a recebimentos e desembolsos brutos das atividades operacionais (recebimentos de clientes, pagamentos a fornecedores entre outros); contas que se referem às atividades de Investimentos (aquisição de investimentos, pagamento pela compra de imobilizado e intangível, entre outros) e contas que se referem a atividades de financiamentos (empréstimos contraídos, amortizações de empréstimos, aumento de capital, distribuição de sobras e outras origens e aplicações). • Método Indireto: neste método, a demonstração tomará como base os lucros ou prejuízos informados na Demonstração do Resultado e, a partir disso, fará os ajustes para se chegar ao resultado líquido ajustado. As contas a serem ajustadas podem ser a depreciação/amortização, juros transcorridos e não pagos, reversão de provisão, provisão para créditos de 15 liquidação duvidosa, resultado de equivalência patrimonial entre outros ajustes. 5.2.5 Demonstração de valor adicionado (DVA) Segundo Iudicíbus (2010, p. 26), a finalidade desta demonstração é evidenciar a geração do valor econômico agregado pelos produtos e serviços oferecidos pela entidade e a sua respectiva distribuição para os salários de empregados, impostos com o governo, juros incorridos com instituição financeira e lucros e dividendos com os proprietários. Compõe-se basicamente de duas partes: • Evidenciação do valor adicionado gerado; • Evidenciação do valor adicionado distribuído. É importante frisarmos que essa demonstração é apenas obrigatória para as companhias abertas e que se trata de uma ferramenta importantíssima para a tomada de decisão dos gestores, pois ela traz uma estrutura básica de custos da entidade. 5.2.6 Notas explicativas As notas explicativas devem acompanhar as demonstrações contábeis de todas as empresas, independentemente do seu porte. Como o próprio nome já diz, elas explicam ou podemos falar também que elas complementam informações que não são suficientemente evidenciadas nas demonstrações, ou até mesmo que não estão contempladas nas demonstrações. Elas relatam as práticas contábeis adotadas pela entidade, como por exemplo: avaliação de ativos, método utilizado para avaliação dos estoques, ciclo operacional, entre outros. As notas explicativas também são bastante utilizadas pelas entidades que trabalham o seu lado social e ambiental, pois o “Balanço Social” delas é divulgado em notas explicativas. 5.3 Estudo de caso Uma empresa do ramo farmacêutico fundada em 1986, com sua matriz localizada na região de Curitiba e várias filiais distribuídas pela região metropolitana, explicou como faz a sua gestão da seguinte forma: o gerente da 16 loja verifica o preço de um produto e observa que mensalmente esse produto gera uma despesa mensal em torno de R$ 100,00, excluindo-se os impostos. A receita apresentada pelo mesmo produto é de R$ 500,00 e desta forma o gerente entende que a receita líquida desse produto é de R$ 400,00. Por meio dessa análise, ele decide se deve continuar a investir neste produto ou não. A forma como essa empresa toma a decisão de investir ou não em determinado produto está correta? Como você melhoraria esse processo?2 Saiba mais Acesse o link a seguir e verifique o BP, DRE e outras demonstrações contábeis da BRF: <https://ri.brf-global.com/informacoes-financeiras/planilha-de- resultados/>. 2 O gabarito pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. 17 REFERÊNCIAS BRASIL. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 dez. 2019. GELBCKE, E. R. et al. Manual de Contabilidade Aplicável a Todas as Sociedades. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. IUDICÍBUS, S. de. Contabilidade Gerencial: da Teoria à Prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2020. PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: Um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 18 GABARITO • Subtema 3.5: a resposta correta é a letra E. • Subtema 5.3: analisando a questão, concluímos que os gestores não demonstram utilizar de maneira plena as informações geradas pelas ferramentas, como balanço, DRE, DFC, sistema de custos, entre outras que são disponibilizadas pela contabilidade financeira, limitando-se apenas ao relato da despesa, custo e receita líquida. Dessa forma, o processo decisório não é muito eficaz e eficiente. Como sugestão, a empresa deveria analisar o custo de cada produto por meio de um método de custeio: Peps ou Custo Médio para verificar com mais precisão o custo efetivo dos produtos. AULA 2 CONTABILIDADE GERENCIAL Profª Marineusa Andreico Rodrigues 2 INTRODUÇÃO Nesta aula, vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto controladoria e na sua importância para o gerenciamento das empresas. Vamos analisar também a estrutura organizacional de uma controladoria, suas atribuições e funções, passando pelas características exigidas para um controller nos dias atuais. TEMA 1 – PLANEJAMENTO O processo de gestão transita por três ciclos: planejamento, execução e controle. Na fase do planejamento, ainda pode ser dividido em três etapas: 1. Planejamento estratégico: está ligado à missão, à crença e aos valores da empresa; 2. Planejamento operacional: fase em que serão analisados recursos, volumes, preços, prazos, investimentos e outras variáveis; 3. Programação: podemos falar que a ferramenta básica da programação é o orçamento, pois ele se caracteriza por demonstrar a programação que será necessária para um próximo período. A seguir, vamos abordar o planejamento operacional. 1.1 Planejamento operacional O planejamento operacional decorre do planejamento estratégico, pois aqui os planos elaborados no planejamento estratégico serão detalhados. É onde o planejamento ganhará substância física, onde se determina questões como: volumes, preços, prazos, investimentos entre outros. Para o planejamento operacional é necessário análise econômica dos investimentos da empresa e também das fontes de capital que serão necessários para concretizar esse investimento. O processo de planejamento operacional está voltado para a estrutura do balanço patrimonial: ativo e passivo. • Primeiro passo: determinar a estrutura do ativo e das unidades de negócios; • Segundo passo: determinar a estrutura desejada e o financiamento necessário para alcançá-la.3 1.1.1 Definição da estrutura do ativo A estrutura do ativo nada mais é do que a decisão de investimento. Aqui começamos a verificar como o planejamento estratégico se liga com o planejamento operacional, pois é nessa fase que as decisões tomadas no planejamento estratégico irão determinar a estrutura desse ativo. O processo de estruturação do ativo é complexo, pois envolve muitas variáveis, como preço, volume, tecnologias, processos, estrutura do produto, entre outros. Por esse motivo devem ser definidos com antecedência, uma vez que haverá necessidade de investimentos e a empresa precisa se preparar para isso. Para definir a estrutura do ativo, são necessários os seguintes passos: • Primeiro passo: definir (na gestão estratégica) o negócio e a missão da empresa; • Segundo passo: definir produtos ou serviços, mercados, volume e preço de venda; • Terceiro passo: definir a cadeia produtiva e da tecnologia do produto; • Quarto passo: definir ou criar tecnologias essenciais da empresa; Vamos analisar um exemplo numérico que Padavoze (2005, p. 132) nos traz. Esse exemplo demonstra como se processa a estruturação de um ativo de uma nova empresa ou de uma nova unidade de negócios de uma empresa. A nossa nova unidade de negócios será do setor de confecção: • Primeiro passo – definição do ramo de negócio: no caso, opta-se pelo setor de confecção; • Segundo passo – definição do produto, mercado, volume, preço de venda – produto: a empresa decide fabricar camisas; volume: em média 2 mil camisas; preço: R$ 20,00 por camisa. • Terceiro passo – definição do segmento e da cadeia produtiva e tecnologia do produto: a empresa entrará no processo de aquisição do tecido pronto, ou seja, comprará o tecido para fabricar as camisas, porém precisará escolher se vai (1) introduzir as atividades desde o recebimento do tecido pronto até embalamento e atribuição da marca; (2) comprar a camisa pronta, com a etiqueta da marca também adquirida, pelo fornecedor, de outro fornecedor autorizado pela empresa. Caso a empresa escolha a opção 1, terá que adotar tecnologia de modelagem 4 por CAD/CAM, que é automatizada, mas os processos de costura e acabamento serão tradicionais. Caso escolha a opção 2, só fará o recebimento das camisas, estoque dos produtos acabados e logística de distribuição. • Quarto passo – definição das tecnologias essenciais: primeiramente devemos definir a tecnologia produtiva, comercial e administrativa: (1) tecnologia produtiva, tanto a opção 1 como a opção 2 seguirão normalmente a definição da etapa 3, não havendo necessidade de complementação de tecnologias produtivas; (2) tecnologia comercial: nesse caso a empresa estudou duas opções, ou seja, vontratar colaboradores próprios sem pagamento de comissão ou qualquer outro tipo de remuneração variável, apenas com salário fixo mensal; ou trabalhar com vendedores autônomos comissionados, sem ocupar espaço físico na empresa, pagando comissão de 15% sobre cada venda, com as despesas dos vendedores sendo arcadas por eles próprios; (3) tecnologia administrativa: esse negócio não exige tecnologia administrativa diferenciada, e as atividades introduzidas são aquelas utilizadas em qualquer negócio. • Quinto passo – detalhamento das variáveis básicas das tecnologias essenciais, conforme o Quadro 1, que traz duas opções, sendo (1) produzir e vender com o corpo próprio de vendas; (2) marca e comissiona vendedores terceirizados. Quadro 1 – Dados mensais Dados Mensais Opção1 Opção2 Vendas no Período Quantidade 2.000 2.000 Preço de Venda Unitário 20,00 20,00 Receita Total - R$ 40.000,00 40.000,00 Necessidades Área/ Imóveis $ $ - Estoques de Materiais Depreciação 10% aa 200,00 0,00 - Fábrica Depreciação 10% aa 200,00 0,00 - Produtos Acabados Aluguéis 500,00 500,00 - Vendas/AdministraçãoAluguéis 500,00 500,00 Soma 400,00 A 1.000,00 A 5 Giro - Estoque de Materiais 3 meses 0,00 - Prazo de Fornecedores 30 dias 20 dias - Produtos Acabados 2 meses 2 meses - Financiamento a Clientes 45 dias 45 dias Equipamentos - Fábrica Depreciação 10% aa 500,00 0,00 - Adm./Vendas Depreciação 10% aa 200,00 200,00 - Soma 700,00 B 200,00 B Gastos Mão de Obra Direta 7.400,00 0,00 Mão de Obra Industrial Indireta 2.400,00 0,00 Mão de Obra Direta Comercial Direta 5.000,00 0,00 Mão de Obra Direta Comercial Indireta 1.200,00 1.200,00 Dados Mensais Opção 1 Opção 2 Mão de Obra Administrativa 1.600,00 1.600,00 Energia Elétrica Fábrica 1.600,00 0,00 Energia Elétrica Outros 300,00 300,00 Manutenção Fábrica 500,00 0,00 Materiais Auxiliares Fábrica 700,00 0,00 Viagens Comerciais 2.500,00 0,00 Fretes Comerciais 1.600,00 1.600,00 Comunicações 800,00 800,00 Propaganda 1.000,00 1.000,00 Soma 26.600,00 C 6.500,00C Comissões 0,00 3,00 Un Custo Total de Comissões 0,00 6.000,00 Estrutura do Produto – Materiais Tecido (Opção 1) 2,00 unid 0,00 Acessórias (Opção 1) 1,00 unid 0,00 Embalagem (Opção 1) 1,00 unid 0,00 Camisa Pronta (Opção2) 0,00 12,20 unid Custo Unitário Total 4,00 12,20 Quantidade Produzida 2.000 unid 2.000 unid Consumo Total de Materiais 8.000,00 24.400,00 Fonte: Padoveze, 2005, p.130-132. 6 Com base nos dados do Quadro 1, podemos levantar vários itens que podem ser decisivos para uma escolha e também, com isso, efetuar várias outras análises, como lucro esperado e retorno do Investimento. Vejamos: Quadro 2 – Investimentos Giro $ % $ % - Estoque de Materiais 24.000,00 9,56% 0,00 0,00% - (-) Fornecedores (8.000,00) -3,19% (16.266,67) 13,96% Dados Mensais Opção1 Opção2 - Est. Prod.Acab. 43.000,00 17,13% 48.800,00 41,88% - Clientes 60.000,00 23,90% 60.000,00 1,49% Soma 119.000,00 47,00% 92.533,33 79,41% Ativo Fixo - Imóveis – Fábrica 48.000,00 19,12% 0,00 0,00% - Equipamentos Fábrica 60.000,00 23,90% 0,00 0,00% - Equip. Administ./Vendas 24.000,00 9,56% 24.000,00 20,59% Giro $ % $ % Soma 132.000,00 52,59% 24.000,00 20,59% Total 251.000,00 100,00 116.533,33 100,00 Fonte: Padoveze, 2005, p. 133. Agora vamos analisar o lucro operacional no Quadro 3. Quadro 3 – Demonstração do resultado Opção 1 Opção 2 Receita Total 40.000,00 100,00 40.000,00 61% (-) Custos Variáveis - Materiais 8.000,00 20,00% 24.400,00 61% - Comissões 0,00 0,00% 6.000,00 15% - Total 8.000,00 20,00% 30.400,00 76% Margem de Contribuição (1) 32.000,00 80,00% 9.600,00 24% (-)Custos/Desp.fixas (A+B+C) 28.700,00 71,75% 7.700,00 19,25% 7 Lucro Operacional (2) 3.300,00 8,25% 1.900,00 4,75% Grau de Alavancagem Operacional (1-2) 9,70 5,05 Fonte: Padoveze, 2005, p. 135. No Quadro 3, o gestor irá analisar o lucro que cada opção trará. Está óbvio que o lucro será diferente em cada opção. Quadro 4 – Rentabilidade do Ativo Opção 1 Opção 2 Lucro Operacional (A) 3.300,00 1.900,00 Ativo Total (B) 251.000,00 116,533,33 Rentabilidade do ativo Anualizado (A-B) 15,78% 19,57% Com base no exemplo, responda1: 1) Você percebe que na opção 1 será necessário um investimento muito maior do que na Opção 2? Então convém perguntar: por que isso ocorre? 2) O gestor poderá decidir pela opção 1 ou 2 apenas com base no resultado do Quadro 3? 3) E agora, analisando o retorno, qual opção você escolheria? TEMA 2 – CONTROLE INTERNO As organizações hoje vivem em um momento em que a competitividade é muito grande. Para suportar esse mercado tão competitivo são necessários o melhor controle e a melhor estrutura. As mudanças são muito rápidas e a empresa necessita acompanhar estas mudançasna mesma velocidade. Isso é o que pode determinar sua sobrevivência, ou não, no mercado atual. O controle interno é uma ferramenta da controladoria. Sabemos que a controladoria tem como função controlar as atividades da empresa, servir como suporte e monitorar trabalhos executados. É muito importante que a controladoria não passe a executar tarefas que não lhe sejam próprias, pois isso acaba por desviá-la de sua função principal, que é monitorar e tomar decisões. Observemos que controle é uma função gerencial e este será sempre uma preocupação permanente da controladoria. Para Oliveira, Perez Júnior e 1 As respostas podem ser encontradas no gabarito ao final deste material, após as referências. 8 Silva, (2011 p. 71), o controle interno deve ser devidamente analisado pelo conjunto de sua natural aplicação no contexto das rotinas empresariais, de acordo com as necessidades da empresa, seu tamanho e cultura própria, diversidade de negócios, dimensão geográfica, bem como nas áreas operacionais. Já para Crepaldi e Crepaldi (2014, p. 71-72), o controle interno deve fornecer segurança quanto à consecução de objetivos como confiabilidade e rapidez nas informações, obediência às leis e regulamentos e eficácia e eficiência de operações. Em nosso ponto de vista, as duas definições são muito válidas, visto que cada empresa terá que adotar métodos organizacionais internos levando em consideração o tamanho da sua estrutura e a diversidade do seu negócio. Contudo, essa estrutura precisa estar embasada em dados confiáveis para que a controladoria tome decisões assertivas. O objetivo do controle interno é criar padrões que servirão como ponto de análise para a controladoria. Por exemplo, analisar se o desempenho da empresa está de acordo com o esperado; se o planejamento estratégico elaborado na primeira fase está sendo bem desenvolvido, entre outras situações. O papel da controladoria é colher informações, mas como ela efetua esse recolhimento? Pelo controle contábil e de custos, pois esses controles encontram-se dentro do controle organizacional da empresa, e são eles que gerarão os dados para auxiliar a controladoria a tomar decisões. A controladoria deverá analisar os controles internos para verificar a eficácia deles, analisar o plano de ação para corrigir aspectos falhos e corrigi-los, se necessário. Segundo Crepaldi e Crepaldi (2014, p. 72), a existência e o bom funcionamento de um sistema de controle, devidamente auditado, pode evitar a empresa elevados custos com fraudes, erros e omissões, pois um gestor munido de um bom controle interno possui maior probabilidade de acertar continuamente o processo decisório e atingir eficácia almejada. Ainda segundo Crepaldi e Crepaldi (2014, p. 65), todas as empresas são estruturas para atingir um ou vários objetivos específicos. Para que esses objetivos sejam atingidos de modo eficiente, as empresas agrupam e organizam de modo lógico todas as funções que têm por finalidade realizar determinada tarefa. Esse agrupamento consiste em rotinas denominadas sistemas que, em última análise, representam o modo lógico pelo qual se executa determinada tarefa. Geralmente, a administração da empresa não está em posição de verificar se cada função de seus sistemas está sendo cotidianamente cumprida 9 como foi estabelecido. Assim, a empresa passa a criar outro sistema, que terá a função de certificar que as funções estão sendo desenvolvida corretamente, este então passa a ser o controle interno da organização. Os tipos de controle interno que podem ser adotados nas organizações são: operacionais; contábeis; administrativos; de custos, controle de revisão e análise; de instalação e manutenção dos equipamentos; e de análise. Por exemplo, no controle contábil poderão ser analisadas a veracidade e confiabilidade das informações coletadas pelo setor contábil. No controle de análise, poderá ser avaliado o desempenho do planejamento estratégico da empresa e assim por diante. Assim, conclui-se que o controle interno é uma ferramenta importantíssima para que o patrimônio da empresa fique preservado, para que as informações prestadas sejam confiáveis e que fraudes e erros graves que possam a vir causar prejuízos para a empresa sejam evitados. Agora, responda: quem são os responsáveis pelo bom funcionamento dos controles internos? Resposta: se você respondeu que é o controller, cometeu um equívoco, porque todos os funcionários da empresa, até administração e presidência, são responsáveis para que os objetivos do plano estratégico da empresa sejam atingidos. O controller será responsável pela avaliação do controle interno, afinal a controladoria tem a função de analisar, controlar, vigiar. Saiba mais Para saber mais sobre esse assunto, sugerimos a leitura do artigo a seguir, sobre a transformação pela qual a indústria de bens de consumo passa atualmente em nosso país. Disponível em: <https://revistaempreende.com.br/2020/06/01/industria-de-bens-de-consumo- passa-por-transformacoes/?v=19d3326f3137>. TEMA 3 – CONTROLADORIA, ESTRUTURA E FUNÇÕES As organizações não podem se limitar apenas às rotinas contábeis e fiscais; elas precisam se estruturar para atingir suas metas e objetivos, e aqui entra a função da controladoria: estruturar e determinar funções para que o planejamento seja atingido. Muitas empresas brasileiras não possuem uma organização formal, principalmente as empresas familiares, é uma estrutura informal que existe 10 dentro de um ambiente formal. A organização informal é formada, muitas vezes, pelas relações interpessoais. É o que ocorre, por exemplo, quando existe um colaborador na empresa que não possui cargo de liderança, porém tem grande influência com seu grupo. Neste caso, podemos chamá-lo de líder informal. A estrutura informal é muito mutável e não traz segurança para a empresa, motivo pelo qual é importante que empresas possuam uma organização formal. A estrutura formal é vertical, ou seja, decisões são de cima para baixo assimilando-se a uma pirâmide. A estrutura da organização vai sendo definida de acordo com o aumento da complexidade das organizações, pois com o aumento do seu tamanho, por exemplo, começa a ter a necessidade de estruturação mais formal para auxiliá-la a atingir seus objetivos. Padoveze (2010, p. 37) entende que a controladoria deve ser estruturada em duas grandes áreas: contábil/fiscal; e planejamento/controle. Observe na Figura 1 que a área contábil/fiscal é responsável pela contabilidade societária, pelo controle patrimonial, ou seja, guarda dos ativos da empresa, controle de inventário, demonstrativos para publicação e gestão de impostos. Já a área de planejamento/controle se preocupará com orçamento, projeções, custos, ou seja, será o setor responsável pela análise do negócio, analisará o mercado, irá elaborar e acompanhar projetos e investimentos da empresa. Para isso, é de suma importância utilizar sistemas de informações de apoio. Você também pode observar na Figura 1 que o sistema de informação gerencial está sob a responsabilidade do controller, pois entendemos que, tendo a empresa um sistema de informações integrado, é importante que este fique sob o controle do controller para que possa ser monitorado permanentemente, não havendo duplicação de informações coletadas pela área de escrituração. 11 Figura 1 – Sistema de informação gerencial Fonte: Padoveze, 2010, p. 3. 3.1 Exercício Marque V para verdadeiro e F para falso2. a) A função fundamental da controladoria é assegurar a otimização dos resultados e a eficácia empresarial. b) A controladoria tem missões e atribuições específicas que implicam um comportamento proativo e influenciador no desempenho dos negócios. c) Podemos considerar a controladoria como o atual estágio evolutivo da contabilidade.d) A controladoria é uma área de conhecimentos humanos, porém, ainda não há elementos suficientes para diferenciá-la da contabilidade. TEMA 4 – O CONTROLE NA ORGANIZAÇÃO: FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES O controle na organização é uma função administrativa em que é possível corrigir falhas nos processos ou no planejamento, assim como prevenir novas falhas. Portanto, o controle é importante para que tudo o que foi planejado venha a ser cumprido. Em uma organização, é característico ter uma divisão do trabalho bem definida, pois ela constituirá a base da organização. Para a teoria clássica existem dois tipos de divisões: vertical e horizontal. 2 As respostas podem ser encontradas no gabarito ao final deste material, após as referências. Controladoria Planejamento e controle Escrituração Auditoria interna Sistema de informação gerencial Orçamento e projeções Contabilidade de custos Contabilidade por responsabilidades Acompanhamento do negócio e estudos Especiais/análise de investimentos Contabilidade societária Controle patrimonial Contabilidade tributária 12 Vertical é uma escala hierárquica em que a autoridade aumenta à medida que aumenta a função. Nesses moldes, temos a chamada organização linear. Horizontal é o tipo de estrutura em que pode ocorrer, por exemplo, de no mesmo nível hierárquico cada departamento ou seção passar a ser responsável por uma atividade específica e própria. Nesse modelo, temos a departamentalização, ou seja, a divisão por departamentos. Em uma empresa, essa divisão de tarefas poderá ser materializada em setores ou departamentos, podendo variar de acordo com o porte da empresa o número de funcionários entre outros. A departamentalização de uma empresa pode ser feita de várias maneiras, por exemplo, por clientes, produtos ou serviços, por área geográfica, por processos ou até mesmo por projetos. Vamos analisar algumas estruturas nas figuras abaixo: Figura 2 – Departamentalização por função Fonte: Rodrigues, 2021. Figura 3 – Departamentalização por produto em uma loja varejista de vestuário Fonte: Rodrigues, 2021. Há também duas linhas que a empresa pode seguir para se organizar: • Organização em linha ou linear: o nome vem de linha de comando, muito utilizado na estrutura do exército. Nesse tipo de organização fica muito Presidência Produção Comercial Administrativo Diretoria Diretoria Moda Feminina Moda Masculina Moda Adulta Moda Infantil Moda Adulta Moda Infantil 13 claro a hierarquia da empresa; ocorre de forma vertical, do presidente para os gerentes, dos gerentes para os subordinados. Podemos citar como características da organização linear: autoridade linear ou única, linhas formais e comunicação, centralização de decisões, formato piramidal, forma generalista onde todos entendem de tudo. Figura 4 – Organização linear Fonte: Rodrigues, 2021. • Organização linha staff: esse tipo de organização tem função mais de controle e estratégia, segue função horizontal, possuindo interação com todas as outras áreas da empresa. Podemos citar como características: garantir a junção da hierarquia e especialização ao mesmo tempo; maior interação dos membros, principalmente na esfera do conhecimento. Figura 5 – Organização linha staff Fonte: Rodrigues, 2021. Saiba mais No link a seguir, você poderá verificar na prática como é a estrutura organizacional de uma grande empresa: <https://ri.brf-global.com/governanca- corporativa/estrutura-societaria/>. CEO Gerente Financeiro Gerente Contábil Gerente de RH Diretor Diretor CEO Gerente Financeiro Gerente Contábil Gerente de RH Diretor Diretor Staff 14 TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS DO CONTROLLER Em relação ao controller, vamos adotar a posição de Horngren, (1985, p. 9), segundo a qual o autor afirma que o título de controller se aplica a diversos cargos na área de contabilidade, cujo nível e cujas responsabilidades variam de uma empresa para outra. Contudo, o conceito moderno de controladoria sustenta que, num sentindo especial, o controller realmente controla, fazendo relatórios e interpretando dados pertinentes. O controller exerce força ou influência, ou projeta uma atitude que impede a administração rumo a decisões ilógicas e incompatíveis com os objetivos. Segundo Iudícibus (2020, p. 7), atualmente, o mercado procura muito pelo controller e define esse profissional como generalista, com capacidade para interagir com várias áreas, tanto internas como externas, que tem a responsabilidade de extrair e consolidar informações relevantes, confiáveis e oportunas em relatórios que auxiliem a tomada de decisões, garantindo a execução dos recursos da empresa da forma mais rentável possível. Deverá possuir formação bastante ampla, com conhecimentos em tributos, administração, contabilidade, microeconomia, informática entre outros. O controller não precisa ser o contador da empresa, mas precisa ter conhecimentos contábeis para analisar relatórios da área que serão úteis para a formação dos relatórios gerenciais. 5.1 Estudo de caso Maria trabalhava como gerente da empresa Nossa Casa Ltda. Era uma empresa familiar, sua atividade era de industrialização de componentes de informática. Era uma empresa com apenas 100 funcionários, de médio porte e organização informal, ou seja, todos faziam de tudo um pouco e entendiam de tudo um pouco; ninguém era especialista em nada. Maria foi promovida ao cargo de CEO e gostaria muito de escolher uma forma de organização que fosse condizente com o porte da empresa. O que você sugeriria a ela? Ajude Maria a montar a estrutura da empresa3. 3 As respostas podem ser encontradas no gabarito ao final deste material, após as referências. 15 REFERÊNCIAS CHIAVENATTO, I. Introdução Teoria Geral da Administração. 7. ed. Rio de Janeiro, 2003.IUDICÍBUS, S. de. Contabilidade Gerencial da Teoria à Prática. 7. ed. São Paulo: Atlas. 2020. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade Gerencial, teoria e prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. HORNGREN, C. T. Introdução à Contabilidade Gerencial. 5. ed. Rio de Janeiro,1985. OLIVEIRA, L. M. de; PEREZ JR., J. H.; SILVA, C. A. dos S. Controladoria Estratégica. Textos e Casos Práticos com Solução. 8. ed. São Paulo: Altas, 2011. PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas. 2010. 16 GABARITO Subtema 1.1.1: 1. Isso se deve à necessidade de ter mais ativos fixos e estoques, pelo fato de a empresa efetuar sua própria produção. Por exemplo, a empresa irá necessitar de um espaço física maior, de máquinas produtivas, entre outros. 2. Analisamos que a opção 1 está evidenciando lucro de R$ 3.300,00 e a opção 2 lucro de R$ 1.900,00, portanto, se fôssemos levar em consideração apenas o fator resultado ou lucro, certamente escolheríamos a opção 1. Contudo, não se engane, pois antes de tomar uma decisão será necessário analisar a rentabilidade, ou seja, do retorno que este investimento trará. 3. Esta é a análise definitiva, pois é ela que irá determinar a escolha pela opção 1 ou opção 2, portanto considerando que a rentabilidade da opção 2 é maior, a decisão do gestor deverá ser por esta. Subtema 3.1: V, V, V, V. Subtema 5.1: primeiramente, sugeriríamos que Maria elaborasse uma estrutura formal de organização, analisasse cargos e funções de cada colaborador, definisse a função de cada um, contando com a colaboração do setor de recursos humanos para identificar o perfil de cada colaborador e direcioná-lo a uma função disponível na empresa. Maria poderia escolher a departamentalização por função baseada na estrutura linear, considerando que se trata de uma empresa pequena e familiar. AULA 3 CONTABILIDADE GERENCIALProfª Marineusa Rodrigues 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos falar sobre uma parte muito importante da contabilidade, que é a contabilidade de custos. As mudanças ocorrem muito rapidamente no mundo globalizado e a contabilidade de custos teve a necessidade de se adequar a essas mudanças também. A contabilidade de custos nasceu da contabilidade financeira a partir do momento em que as indústrias começaram a surgir de uma forma estruturada e passaram a ter a necessidade de avaliar os seus estoques de uma forma mais apurada, pois a precificação utilizada pelo comércio já não atendia às necessidades das indústrias. Vamos, então, começar nosso primeiro tema analisando os principais conceitos e fundamentos da contabilidade de custo, assim como os métodos mais utilizados para custeamento dos produtos e suas diferenças. TEMA 1 – CONTABILIDADE DE CUSTOS Em custos, temos algumas terminologias que precisamos conhecer. No sentido popular, a palavra custo pode significar gasto, mas será que na contabilidade, custo também pode significar gasto? Vamos analisar: De acordo com Martins (2003, p. 17), em contabilidade de custos, gasto corresponde à compra de um produto ou serviço qualquer que gera sacrifício, esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Este conceito pode ser aplicado, por exemplo, ao gasto com a compra de matérias-primas, gasto com mão de obra, gastos com os honorários da diretoria, gastos na compra de ativo imobilizado, entre outros. Você deve estar se perguntando: mas a compra de um ativo imobilizado é um gasto? Não seria um investimento? Veja que o gasto ocorre na passagem da propriedade do bem para a empresa, ou seja, no momento do reconhecimento contábil da dívida ou da redução do ativo, nos casos de pagamento à vista. Posteriormente, esse gasto pode virar uma despesa ou um investimento, a depender da sua classificação. • Investimento: quando falamos em investimento, entendemos que seja um gasto que será ativado, podendo ser um ativo imobilizado, um ativo intangível ou até um estoque. Esse bem adquirido será posteriormente 3 baixado por meio da sua venda ou seu uso. Por exemplo: A matéria-prima inicialmente é um gasto que gerará um desembolso financeiro e que será lançada no ativo, porém, ficará no ativo temporariamente, pois esta matéria-prima se transformará em um custo futuramente, quando da sua venda ou em uma despesa, se for baixada por perdimento; • Custo: podemos definir como custo o gasto necessário para a produção de determinado bem ou serviço. O custo inicialmente também é um gasto que somente irá se converter em custo no momento da sua utilização. Por exemplo: a matéria-prima primeiramente é um gasto, transforma-se em um investimento, pois é ativada, transformando-se num custo no momento da sua utilização na fabricação do bem ou serviço. Porém, nem todos os gastos são ativados, como é o caso da energia elétrica. Ela é inicialmente um gasto, contudo, considerando que a empresa não a estoca no ativo, ela passa diretamente da fase de gasto para despesa ou custo. • Desembolso: desembolso refere-se aos pagamentos necessários para a aquisição de determinado bem ou serviço; • Despesa: podemos definir despesa como o gasto que é consumido direta ou indiretamente para se obter determinada receita. De modo geral, as despesas estão ligadas à área administrativa ou comercial da empresa. Citamos como exemplos de despesas a comissão do vendedor, os computadores do setor administrativo da empresa, a folha de pagamento dos funcionários dos setores administrativos, entre outras; • Perda: a definição para perda relaciona-se a tudo que ocorre de forma anormal e involuntária. É importante observar que a perda não se confunde com despesa nem com custo, pois o custo envolve um sacrifício efetuado para a obtenção de determinada receita, o que não ocorre quando tratamos de perda. Exemplos de perdas involuntárias são o obsoletismo do estoque eas perdas com incêndios. Dica Perdas Normais no processo produtivo: são custos. Defeito anormal e raro num equipamento: é despesa. 4 Vamos analisar as figuras abaixo para que o assunto fique um pouco mais claro: Figura 1 – Compra de matéria-prima Fonte: Rodrigues, 2021. Figura 2 – Compra de um Ativo Imobilizado Fonte: Rodrigues, 2021. Veja como fica o “gasto” representado na DRE. Quadro 1 – Esquema básico dos gastos na Demonstração de Resultados Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Padoveze, 2010, p. 321. 1º MOMENTO Compra da MP (Gasto) 2º MOMENTO Estocagem da MP (Investimento) 3º MOMENTO Momento da utilização (Custo) 4º MOMENTO Momento da baixa do custo (despesa) 1º MOMENTO Compra de uma máquina para a fábrica (Gasto) 2º MOMENTO Ativação no ativo não circulante (Investimento) 3º MOMENTO Momento da depreciação (Custo) 4º MOMENTO Momento da venda (despesa) 5 Exercício 1. Agora é com você: gastos, custos e despesas são palavras sinônimas ou dizem respeito a conceitos diferentes? O gabarito da questão pode ser consultado ao final deste material. 1.1 Custos ou despesas fixas e/ou variáveis x custos e despesas diretas e/ou indiretas Entendemos ser importante revisar os conceitos que nos ajudarão nos próximos temas: • Custos/Despesas Fixas: esta classificação leva em consideração a relação entre o volume total de um custo e o volume da atividade numa unidade de tempo, ou seja, são custos que não variarão de acordo com a quantidade produzida. Por exemplo: o aluguel da fábrica; • Custos/Despesas Variáveis: nesse caso, o valor dos custos irá variar de acordo com a quantidade produzida em determinado período, ou seja, quanto maior a quantidade fabricada, maior será o consumo de determinado item. Por exemplo: a matéria-prima; • Custos/Despesas Diretas: são todos os custos e/ou despesas que podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados, podendo ser inclusive por meio de uma medida de consumo. Por exemplo: hora de mão de obra, quilogramas de materiais utilizados, entre outras; • Custos/Despesas Indiretas: os custos e/ou despesas indiretas ocorrerão sempre que não houver uma medida objetiva de alocar diretamente determinados custos aos produtos, ou seja, cada vez que for necessário utilizar-se de critérios de rateio ou estimativas para apropriar determinado custo ao produto, classificamos como custo e/ou despesa indireta. Exercício 2. Classifique os eventos descritos a seguir em Investimento (I), Custo (C), Despesa (D) ou Perda (P) (Martins, 2015, p.15): ( ) Compra de matéria-prima ( ) Depreciação de prédio da Empresa ( ) Consumo de energia elétrica ( ) Consumo de matéria-prima ( ) Gastos com mão de obra ( ) Aquisição de embalagens ( ) Consumo de combustível ( ) Deterioração do estoque por enchente ( ) Salário faturamento ( ) Remuneração de pessoal em greve 6 ( ) Aquisição de Máquinas ( ) Geração de Sucata no processo produtivo ( ) Depreciação de Máquinas ( ) Estrago acidental de lote de material ( ) Comissões prop. às vendas ( ) Duplicata incobrável –reconhecimento ( ) Salário equipe contábil ( ) Desenvolvimento de novos produtos ( ) Seguro contra incêndio ( ) Consumo de embalagens O gabarito da questão pode ser consultado ao final deste material. Saiba mais O link a seguir contém um material da FEA-RP, escrito por Maganin (2017), que trata sobre custo e suas terminologias, acesse e confira: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4132432/mod_resource/content/1/Slide %20aula%2018102017.pdf>. Acesso em: 18 maio 2021. TEMA 2 – CUSTEIO POR ABSORÇÃO O custeio por absorção é o método mais tradicional utilizado na contabilidade de custos, pois é onde todos os gastos industriais, sejam diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, são alocados nos produtos para seobter o custo. Existem outros critérios que surgiram ao longo do tempo, porém, este critério é o único que é aceito pela Contabilidade Financeira também para fins de Balanço e Demonstração de Resultado. Veremos mais adiante que outros métodos de custeio não são aceitos pela Contabilidade Financeira e que, quando utilizados, ensejam que a empresa adote dois critérios, um para atender à contabilidade financeira e outro para atender à contabilidade de custos. O custeio por absorção também é o método utilizado como base pelas empresas de Auditoria, contudo, se analisarmos pelo lado gerencial, não é um método muito lógico e deixa muito a desejar nos controles gerenciais. 2.1 Custeio por absorção e o conceito fiscal Fiscalmente, devemos tomar como base o Decreto-Lei n. 1.598, de 1977, que determina que ao custo do produto também sejam integrados: a) o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção; b) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; 7 c) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; d) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; e) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. Podemos observar que o fisco também exige a adoção de reconhecimento de custo pelo critério de absorção para a parte fiscal, pois adota a posição de que todos os custos incorridos ligados à produção devem ser agregados obrigatoriamente. Contudo, é importante ressaltarmos que recentemente o fisco vem abrindo mão de alguns gastos que são de difícil apropriação, fazendo com que a empresa possa ter mais flexibilidade para definir critérios de separação entre custos e despesas. Os passos para se utilizar o critério de absorção são: 1º Separar os custos das despesa; 2º Apropriar os Custos Diretos, diretamente aos produtos ou serviços; e 3º Ratear os Custos Indiretos. 2.2 Exemplo de custeio por absorção Segundo Martins (2003, p. 142-143), uma indústria elaborando um único produto tem a seguinte movimentação: Quadro 2 – Custeio na elaboração de um produto Produção Vendas Estoque Final Período Unidades Unidades Unidades 1º ano 60.000 40.000 20.000 2º ano 50.000 60.000 10.000 3º ano 70.000 50.000 30.000 4º ano 40.000 70.000 - Fonte: Martins, 2003. Quadro 3 – Características dos custos de produção Custos Variáveis: Matéria-prima $20/un. Energia $4/un. Materiais Indiretos $6/un. $30/un Custos Fixos: Mão de obra: $1.300.000/ano Depreciação/Impostos: $400.000/ano Manutenção: $300.000/ano Diversos: $100.000/ano $2.100.000/ano Fonte: Martins, 2003. 8 Preço de Venda: $ 75/un. A indústria apropria seus custos pelo Custeio por Absorção e avalia seus estoques tendo como base o PEPS (ou FIFO). Os dados para a elaboração das Demonstrações de Resultado e fixação dos valores dos estoques finais para cada ano são calculados assim: Quadro 4 – 1º ano Vendas: 40.000 un. X $ 75/un. $ 3.000.000 Custo dos Produtos Vendidos Custo de Produção Custos Variáveis: 60.000 un. x $ 30/un. $ 1.800.000 Custos Fixos $ 2.100.000 Custos da Produção Acabada $ 3.900.000 (-) Estoque Final de Produtos Acabados 3.900.000/60.000 x 20.000 un. = $ 65/un. X 20.000 un. ($ 1.300.000) CPV $ 2.600.000 Fonte: Martins, 2003. Quadro 5 –2º ano Vendas: 60.000 un. X $ 75/un. $ 4.500.000 Custo dos Produtos Vendidos Custo de Produção Custos Variáveis: 50.000 un. x $ 30/un. $ 1.500.000 Custos Fixos $ 2.100.000 Custos da Produção Acabada ($72 p/un.) $ 3.600.000 (+) Estoque inicial de Produtos acabados $ 1.300.000 (-) Estoque final: 10.000 un. X 72/un. $ 720.000 CPV $ 4.180.000 Fonte: Martins, 2003. 9 Quadro 6 – 3º ano Vendas: 50.000 un. X $ 75/un. $ 3.750.000 Custo dos Produtos Vendidos Custo de Produção Custos Variáveis: 70.000 un. x $ 30/un. $ 2.100.000 Custos Fixos $ 2.100.000 Custos da Produção Acabada ($72 p/un.) $4.200.000 / 70.000 un. $ 60 p/un. $ 4.200.000 (+) Estoque inicial de Produtos acabados $10.000 un. x 72/un. $ 720.000 Produção do período: 40.000 un. $ 60 p/ un. $ 2.400.000 CPV $ 3.120.000 Estoque final: 30.000 un. x $60 p/un. = 1.800.000 Fonte: Martins, 2003. Quadro 7 – 4º ano Vendas: 70.000 un. X $ 75/un. $ 5.250.000 Custo dos Produtos Vendidos Estoque anterior: 30.000un. x $ 60/un. 1.800.000 Produto do Período Custos Variáveis: 40.000 un. x $ 30/un. $ 1.200.000 Custos Fixos $ 2.100.000 CPV $ 5.100.00 Fonte: Martins, 2003. Quadro 8 – Conclusão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano Total Vendas $3.000.000 $4.500.000 $3.750.000 $5.250.000 $16.500.000 (-) CPV ($2.600.000) ($4.180.000) ($3.120.000) (5.100.000) ($15.000.000) Lucro $400.000 $320.000 $630.000 $150.000 $1.500.000 Estoque Final 1.300.000 720.000 1.800.000 - - Fonte: Martins, 2003. Análise: com os resultados dos quatro anos, notamos que, ao passar de $3.000.000 para $4.500.000 em vendas, a empresa teve seu resultado diminuído de $400.000 para $320.000. Houve aumento de 50% nas vendas, mas uma queda de 20% no lucro. Quanto aos estoques, caíram 50%, de 20.000 unidades para 10.000 unidades do primeiro para o segundo ano, mas não houve tal redução em reais. No terceiro ano, houve uma redução de 16,7% nas vendas, em comparação com o ano anterior, mas os lucros aumentaram em 96,9%. No quarto período, há 10 outro acréscimo violento nas vendas (40%), mas outra vez o resultado reagiu de forma diferente, caindo 76%. Em suma, os resultados não acompanham necessariamente a direção das vendas, sendo muitíssimo influenciados pelo volume de produção. Exercício 3. Cite as vantagens e desvantagens do Método de Custeio Variável. O gabarito da questão pode ser consultado ao final deste material. TEMA 3 – CUSTEIO DIRETO OU VARIÁVEL A principal diferença entre este método e o método do custeio por absorção visto anteriormente está no fato de que no de custeio direto/variável, o custo dos produtos e serviços vendidos são formados apenas pelos custos e despesas variáveis, sendo os custos e despesas fixos levados integralmente para o resultado do período. Para Padoveze (2010, p. 352), além dos custos variáveis, incorpora-se também a mão de obra direta, uma vez que, embora esse tipo de gasto possua uma característica de comportamento fixo num horizonte de curto prazo (um ano, por exemplo), na realidade, ele tem as características de custo variável a longo prazo, já que nenhuma empresa retém por muito tempo mão de obra direta ociosa. Características fundamentais do custeio direto/variável: • Trata os custos fixos de produção como sendo custo do período e não do produto; • Abate das vendas os custos e despesas variáveis para determinar a Margem de Contribuição; • Possibilita a comparação dos custos unitários dos produtos; • Facilita o controle orçamentário; • É mais útil para o controle gerencial. 3.1 Exemplo de custeio variável Vamos analisar o mesmo exemplo colocado no item 2.2 desta aula, porém, agora, pelo custeio direto ou variável. Como faremos isso? Muito simples, vamos apenas adicionar ao produto o custo variável, alocando os custos fixos integralmente para o resultado do período em que incorreram. Dessa forma, cada 11 unidade estocada passa a ser avaliada por R$ 30,00, independentemente do volume de produção. Teríamos, então: Quadro 9 – Custeio Direto ou Variável 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano Total Vendas $3.000.000 $4.500.000 $3.750.000 $5.250.000 $16.500.000 (-) CVPV1 $1.200.000 $1.800.000 $1.500.000 $2.100.000 $6.600.000 = MC2 $1.800.000 $2.700.000 $2.250.000 $3.150.000 $9.900.000 (-) CF3 ($2.100.000) ($2.100.000) ($2.100.000) ($2.100.000) ($8.400.000)Lucro ($300.000) $600.000 $150.000 $1.050.000 $1.500.000 EF4 600.000 300.000 900.000 - - Fonte: Martins, 2003. Podemos verificar aqui que, aumentando-se as vendas, aumenta-se também o lucro; reduzindo-se o faturamento, cai o resultado. Não há, é claro, relacionamento igual em ambos em termos percentuais: aumentando-se as vendas em 50% no segundo ano, temos uma melhoria no resultado de 300%, passando de negativo de $ 300.000 para positivo de $ 600.000. Ao cair o faturamento em 16,7%, do segundo para o terceiro ano, caiu o lucro em 75%. Isso é fácil de explicar, uma vez que de diferentes valores de margem de contribuição, é sempre deduzido o mesmo montante de custo fixo. Basta ver que as alterações dos valores das margens de contribuição são exatamente iguais às das vendas em termos percentuais Exercício 4. Cite vantagens e desvantagens do método de custeio direto/variável. O gabarito da questão pode ser consultado ao final deste material. Quais as razões para não se utilizar o Custeio Direto ou Variável nos Balanços? Conforme Martins (2003, p. 145), o Custeio Direto ou Variável não é aceito pela Contabilidade Financeira porque fere os princípios contábeis: ele (o Custeio Variável) de fato fere os Princípios Contábeis, principalmente o Regime de Competência e a Confrontação. Segundo estes, devemos apropriar as receitas e delas deduzir todos os sacrifícios envolvidos para sua obtenção. Ora, se produzimos hoje, incorremos hoje em custos que são sacrifícios para a obtenção das receitas derivadas das vendas dos produtos feitos, e essas vendas poderão em parte vir amanhã. Não seria, dentro desse raciocínio, muito correto jogar todos os 1 CVPV = Custo Variável dos Produtos Vendidos 2 MC = Margem de Contribuição 3 CF = Custos Fixos 4 EF = Estoque Final 12 custos fixos contra as vendas de hoje, se parte dos produtos feitos só será vendida amanhã; deve então também ficar para amanhã uma parcela dos custos, quer variáveis, quer fixos, relativos a tais produtos. TEMA 4 – CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES Este método é conhecido como Custo ABC, que vem do inglês Activity Based Cost e surgiu de pesquisas efetuadas por profissionais e empresas que desejavam encontrar uma forma mais eficaz de apurar seus custos, já que os sistemas até então apresentados (custeio por absorção e custeio direto/variável) apresentavam controvérsias que não os satisfaziam integralmente. Padoveze (2010, p. 365), define o custeio ABC como um método de custeamento que identifica um conjunto de custos para cada evento ou transação (atividade) na organização, que age como um direcionador de custos. Os custos indiretos são então alocados aos produtos e serviços na base do número desses eventos ou transações que o produto ou serviço tem gerado ou consome como recurso. Características do Custeio ABC: 1. Consiste em direcionar os custos indiretos aos produtos não por centro de custo ou departamento, mas por atividade; 2. Não está restrito à alocação dos custos de fabricação ou prestação de serviços, podendo ser aplicado também para alocação de despesas administrativas e comerciais; 3. Procura reduzir sensivelmente as distorções que são provocadas por meio do rateio arbitrário dos custos indiretos; 4. A diferença fundamental entre este método e os demais está relacionado ao tratamento dado aos custos indiretos; 5. Não poderá ser utilizado para elaboração das demonstrações contábeis, já que as despesas não devem ser alocadas aos produtos, mas sim aos períodos. Como o nome diz, é uma forma de custeio baseada em atividades e não em produtos, por esse motivo, essa metodologia passou a levar em consideração que são as atividades utilizadas para fabricar determinado produto que consomem recursos e custos, e não os produtos exatamente. Uma atividade é uma ação. Essa ação consome recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para que determinado produto seja produzido, portanto, são todas as atividades necessárias e essenciais para a 13 concretização do processo de produção. Dessa forma o primeiro passo para elaborar o custeio ABC é identificar quais são as atividades relevantes dentro de cada departamento. O elemento mais importante nesse método de custeio é o direcionador (cost driver). A empresa pode trabalhar com mais de um direcionador, porém, a quantidade de direcionadores com que se vai trabalhar dependerá muito do grau de precisão que se deseja alcançar. A definição dos direcionadores que serão utilizados depende da atividade que está sendo realizada, pois o direcionador será o fator que irá determinar a forma como os produtos consomem as atividades e, portanto, o direcionador será a base para atribuir os custos das atividades aos produtos. Os direcionadores podem se basear na quantidade ou no tempo. Para a atividade de receber matéria-prima, você poderá utilizar como direcionador a quantidade de lotes recebidos, por exemplo, ou o tempo como direcionador: quanto tempo leva para receber os lotes de matérias-primas. 4.1 Exemplo prático Vamos para um exemplo prático. MARTINS, 2003, p. 61 (Adaptado) Quadro 10 – Dados do Exercício Produto Produção mensal Preço Unitário Total das vendas Calças 10.000 $ 8,00 $ 80.000,00 Vestidos 5.000 $12,00 $ 60.000,00 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003, p. 61. Quadro 11 – Custos diretos por unidade de produto Calças Vestidos Tecido $ 2,00 $ 2,00 Mão de obra $ 0,50 $ 0,80 Total por unidade $ 2,50 $ 2,80 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003, p. 61. Quadro 12 – Custos Indiretos + despesas Aluguel $ 15.000,00 Material de Consumo $ 10.000,00 Despesas com vendas $ 8.000,00 Total $ 33.000,00 14 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003, p. 61. 1º Passo: identificar as atividades relevantes de cada departamento. Com base nos estudos realizados, chegamos à conclusão de que as atividades relevantes são: Quadro 13 – Atividades relevantes Departamentos Atividades Compras Comprar materiais Corte e Costura Cortar e Costurar Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003, p. 61. 2º Passo: Quadro 14 – Atribuição dos custos às atividades Departamentos Atividades Custos Ind. + Desp. Compras Comprar materiais $ 13.000,00 Corte e Costura Cortar e Costurar $ 20.000,00 Total $ 33.000,00 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003. 3º Passo: Quadro 15 – Levantamento dos direcionadores das atividades e o levantamento da quantidade de direcionadores para cada produto Departamentos Atividades Direcionadores Compras Comprar materiais Número de pedidos Corte e Costura Cortar e Costurar Tempo de corte e costura Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003. Quadro 16 – Levantamento da quantidade de direcionadores por produto Direcionadores de atividades Calças Vestidos Total Número de pedidos 100 un. 150 un. 250 un. Tempo de Corte e Costura 1.500 h 2.000 h 3.500 h Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003. 4º Passo: 15 Quadro 17 – Apuração do custo da atividade de comprar materiais Custo Total: $ 13.000,00 Direcionador: Número de Pedidos Calças Vestidos Total Número de Pedidos 100 150 250 Proporção (Nr. Ped. /total de ped.) x 100 40% (100/250) x 100 60% (150/250)x100 100% Custo de Comprar os materiais 40% x 13.000 = $ 5.200 60% x13.000=$7.800 $13.000,00 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003. 5º Passo; Quadro 18 – Apuração do custo da atividade de Cortar e Costurar Custo Total: $ 20.000,00 Direcionador: Tempo de corte e costura Calças Vestidos Total Tempo de corte e costura 1.500 h 2.000 h 3.500 h Proporção (Nr. Ped. /total de ped.) 42,85% 57,15% 100% Custo de Cortar e Costurar 42,85% x20.000 =8.570 57,15 x 20.000=11.430 R$ 20.000,00 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003. 6º Passo: Quadro 19 – Demonstração do Resultado apurado Calças Vestidos Total Receita de Vendas $ 80.000 $ 60.000 $ 140.000 (-) Tecido ($ 20.000) ($10.000) ($30.000) (-) MOD ($5.000) ($4.000) ($9.000) Custos Diretos-Subtotal ($25.000) ($14.000) ($39.000) (-) Comprar os materiais ($5.200) ($7.800) ($13.000) (-) Cortar e Costurar ($8.570) ($11.430) ($20.000) Custos Indiretos - Subtotal ($13.770) ($19.230) ($33.000) 16 (=) Resultado antes do IRPJ $41.230 $26.770 $68.000 Fonte: elaborado por Rodrigues, 2021, com base em Martins, 2003. Exercício 5. Cite vantagens e desvantagens do Método de Custeio ABC. O gabarito da questão pode ser consultado ao final deste material. TEMA 5 – CUSTEIO PADRÃO (STANDARD) E ANÁLISE DAS VARIAÇÕES Quando falamos em Custo-Padrão (Standard), o próprio nome já nos remete ao significado de padrão. Se procurarmos no dicionário o significado desta palavra, veremos que significa “aquilo que serve para ser imitado como modelo ou protótipo. Na contabilidade de custos, não é diferente, ou seja, trata-se de estabelecer metas e padrões a serem perseguidos e alcançados pelas equipes. É importante ressaltar que quando a empresa trabalha com o custo-padrão, ela terá que trabalhar também com o custo real, pois será necessário fazer uma comparação entre o esperado e o alcançado. Em alguns aspectos, o custo-padrão lembra uma espécie de orçamento, contudo, o custeio padrão baseia-se em padrões mais técnicos e detalhados do que as previsões orçamentárias. O custo-padrão traz diversos objetivos, como o de medir diferenças com o custo real, porém, não podemos deixar de mencionar aqui que o maior objetivo do custo padrão está ligado com a contabilidade gerencial, pois permite a definição de responsabilidades, obtenção de comprometimento por parte dos responsáveis pelas atividades padronizadas e também a avaliação de desempenho e eficácia operacional. 5.1 Fixação do padrão O custo-padrão é uma meta a ser alcançada e, portanto, faz-se necessário estabelecer padrões, sendo necessário que critérios sejam estabelecidos. Os três tipos básicos de padrão mais citados pelos autores são: 1) Padrões básicos de custo: fixados em determinado período e nunca alterados. Podemos chamá-los de tendências; 2) Padrões ideais de custo: são utilizados quando querem forçar a organização ao melhor desempenho, porém, podem ter efeito reverso, pois 17 uma meta muito ambiciosa pode desestimular, pela irrealidade com que é vista pelos seus colaboradores, 3) Padrões correntes: são padrões que podem ser atingidos, sendo elaborados para estimular um bom desempenho. O padrão deve, sempre que possível, ser fixado em quantidades físicas e valores, quer de materiais, mão de obra, kwh, horas-máquina etc. E essas fixações físicas são muito mais uma tarefa da Engenharia da Produção do que da Contabilidade de Custos. Portanto, é importante ressaltarmos que o profissional responsável pela contabilidade de custos terá que contar com outros setores da empresa, pois trata-se de fixações físicas e que podem ser muito melhor desenvolvidas pelos colaboradores da Gestão de Produção. Os passos para a construção do padrão são: 1) Planejar o consumo em quantidade e valor; 2) Apurar os custos e consumos reais; 3) Comparar com o planejado e apurar as diferenças; 4) Analisar as diferenças. 5.2 Análise das variações Conforme já mencionamos, um ponto muito importante no custo-padrão é a análise das variações entre este e o custo real, para que, assim, seja efetuada uma análise das variações. A equação fundamental de custos para se fazer essa análise é: CUSTO INSUMO = PREÇO DO INSUMO X QTD DE INSUMO UTILIZADA C = P x Q As variações podem ser favoráveis ou não favoráveis. 5.3 Exemplo: variações da matéria-prima O Departamento produtivo Z requisitou ao almoxarifado e consumiu 4.000 unidades da matéria-prima A para fabricar 1.000 unidades do produto Y. O custo unitário padrão para essa matéria-prima era de R$ 5. A ficha de custo-padrão, para fabricar 1.000 unidades a um custo real de R$ 5.20 por unidade. Pela ficha de custo-padrão, para fabricar 1.000 unidades do produto Y, seriam necessárias 4.020 unidades de matéria-prima. 18 Custo total padrão = 4.020 x $ 5 = $ 20.100 Custo Total Real = 4.000 x $ 5,20 = $ 20.800 Variação Líquida desfavorável a ser explicada......... = $ 700 Variação da quantidade = $ 5 x (4.020 – 4.000) = $ 100 – Favorável Variação de Preços = 4.000 x ($ 5 – $ 5,20) = $ 800 – Desfavorável Variação Líquida Global.......................................... = $ 700 - Desfavorável Com base nessas variações, é possível identificarmos por que a quantidade foi favorável e por que os preços foram desfavoráveis. Essas respostas servirão para uma análise gerencial e para que se possa identificar onde ocorreu o erro, ou seja, por que a meta não foi atingida e tentar corrigir o problema. É importante lembrar que na matéria-prima, a variação pode se dar por meio da variação do preço, da quantidade ou ainda uma variação mista. Quadro 20 – Fórmula das variações Variação da quantidade VR Qtd = Preço un. padrão x (Qtd padrão – Qtd Real) Variação do preço VR $ = Qtd real x (custo un. padrão – custo un. real) Variação Mista VR Mista = Diferença da Qtd x Diferença do Preço Fonte: Rodrigues, 2021. 5.4 ESTUDO DE CASO Numa empresa industrial, foram consumidas no mês de janeiro 10.000 horas de mão de obra direta na produção de 600 unidades de produto. Pelos padrões, deveríamos ter consumido 10.100 horas. A taxa unitária padrão era de R$ 4,85 por hora. A contabilidade de custos real apropriou R$ 50.000. Calcule as variações (Iudícibus, 2020, p. 254). Custo Total Padrão = 10.100 horas x R$ 4,85 = R$ 48.985 Custo Total Real = 10.000 horas x R$ 5,00 = R$ 50.000 VL Global a ser explicada = R$1.015 (desfavorável) Cálculo das Variações Parciais Variação do Uso = R$ 4,85 x (10.100 – 10.000) = R$ 485,00 Favorável Variação de Taxa = R$ 10.000 x (R$ 4,85 – R$ 5,00) = R$1.500,00 Desfavorável VL Global = R$1.015,00 Favorável 19 REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto-Lei n. 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 dez. 1977. IUDICÍBUS, S. de. Contabilidade Gerencial da Teoria à Prática. 7. ed. São Paulo. Atlas. 2020. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo. Editora Atlas. 2003. MARTINS, E.; ROCHA, W. Contabilidade de Custos – Livro de Exercícios. 11. ed. São Paulo. Editora Atlas. 2015. PADOVEZE, C. L. Controladoria Avançada. 1. ed. São Paulo. Pioneira Thomson Learning, 2005. 20 GABARITO 1. Conforme explica Martins (2003, p. 19), custo e despesa não são sinônimos; têm sentido próprio, assim como investimento, gasto e perda. A utilização de uma terminologia homogênea simplifica o entendimento e a comunicação. Neste material, custo só se refere à sacrifício na produção, salvo quando expressamente alertada a modificação da terminologia utilizada. Logo, temos Custos de Produção e Despesas de Administração, de Vendas e Financeiras. 2. 3. Podemos citar como vantagens o fato de que é um método aceito pela Legislação contábil e fiscal; possui menores custos de implantação e é um método mais conservador. Como desvantagens, podemos citar que por esse custeamento absorver custos unitários, pode levar a erros, e como esse método utiliza-se de critérios e rateios, pode apresentar uma margem real do produto distorcida. 4. Podemos citar como vantagens o fato de destacar o custo fixo independentemente do processo de produção; não se utiliza de rateio e, assim, ajuda a evitar a manipulação. Como desvantagens, podemos citar o fato de queele não é aceito pela contabilidade; e também o fato de que o valor dos estoques não mantém relação com o custo total. 5. Podemos citar como vantagens o fato de que ele identifica e atribui custos às atividades relevantes; pode ser usado como um sistema de gestão; e identifica os produtos ou serviços que consomem mais recursos. Como desvantagens, temos que observar que é um sistema mais trabalhoso para implementar, sendo necessário estipular padrões, havendo a necessidade de revisão constante. Além disso, ele não é aceito pela contabilidade financeira. G/I C/D C/D C C/D G/I C/D P D P I C C/D P D P D I C/D C AULA 4 CONTABILIDADE GERENCIAL Profª Marineusa Andreico Rodrigues 2 TEMA 1 – ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO Esta análise é muito importante para a tomada de decisões por parte da gerência de uma empresa. Por exemplo, se o volume de produção deve ser aumentado ou diminuído, se determinados produtos devem ser cortados ou mantidos, e até no que se refere à incorporação de novos produtos. Para esta análise, é muito importante o estudo dos custos fixos e variáveis, já vistos em aulas anteriores. Para analisar custo/volume/lucro, é necessário conhecer a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a alavancagem operacional. 1.1 Margem de contribuição A margem de contribuição nada mais é do que o lucro variável, ou seja, a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. MC = PV unitário – Custos ou Despesas variáveis 1.2 Ponto de equilíbrio Podemos definir o ponto de equilíbrio, resumidamente, como sendo o volume de venda ou produção que a empresa precisa atingir para conseguir cobrir custos e despesas fixas e variáveis. O ponto de equilíbrio pode ser feito de forma global ou por produto, o que pode ajudar o gerente a analisar qual o nível mínimo de operação em que a empresa ou cada departamento deve trabalhar. Há três tipos de ponto de equilíbrio: ponto de equilíbrio operacional; ponto de equilíbrio financeiro; e ponto de equilíbrio econômico; • Ponto de equilíbrio operacional: quantidade de vendas que deve ser efetuada para que todos os custos e despesas fixas sejam cobertos. Pode ser obtido em valor ou em quantidade, vejamos: PEQ = Custos Fixos Totais / MC un. PEV = Custos Fixos / (1 – $ Custos Variáveis / Vendas) Exemplo 1: Certa empresa apresente custos fixos de $ 100.000,00, com custos e despesas variáveis de $ 80 por unidade. O preço de venda do seu 3 produto é de R$ 100,00 por unidade. Precisamos identificar qual é o ponto de equilíbrio dessa empresa em reais e em quantidade, vejamos: PEQ = 100.000,00 = 5.000,00 (100-80) PEV= 100.000 = 500.000,00 1 - 80___ 100 Nessa situação, a empresa terá que vender 5.000 unidades, ou R$ 500.000, para cobrir todos os seus custos/despesas. • Ponto de equilíbrio financeiro: no ponto de equilíbrio financeiro, são excluídas as despesas não desembolsáveis, como depreciação. São despesas que aparecem na Demonstração do Resultado, contudo não ocorre a efetiva saída de dinheiro do caixa. Também poderemos utilizar as mesmas fórmulas, fazendo o cálculo em valores ou em quantidade. PEF = Custos e despesas não desembolsáveis/MC Exemplo 2: Vamos continuar utilizando o mesmo exemplo, porém agora considerando que temos uma depreciação no valor de R$ 20.000,00. Vejamos: PEQ = 100.000,00 – 20.000 = 4.000,00 (100-80) PEV= 100.000-20.000 = 400.000,00 1 - 80___ 100 Nessa situação, a empresa terá que vender 4.000 unidades, ou R$ 400.000, para cobrir todos os custos e despesas fixas, considerando apenas os gastos desembolsáveis. • Ponto de equilíbrio econômico: no ponto de equilíbrio econômico, acrescenta-se o lucro desejado, ou seja, um lucro mínimo que a empresa deseja alcançar. PE = Custos Fixos Totais + Margem de Lucro / Margem de Contribuição 4 Exemplo 3: Vamos continuar utilizando o exemplo acima, porém agora vamos levar em consideração que a empresa deseja ter um lucro de R$ 20.000. Vejamos como ficaria o ponto de equilíbrio econômico em quantidade e valor: PEQ = 100.000,00 + 20.000 = 6.000,00 (100-80) PEV= 100.000 + 20.000 = 600.000,00 1 - 80___ 100 Nesta situação, a empresa terá que vender 6.000 unidades, ou R$ 600.000, para cobrir todos os custos e despesas fixas, e ainda obter o lucro desejado. 1.3 Ponto de equilíbrio e variações de custos fixos e variáveis A alteração nos custos fixos ou variáveis provoca reflexos no ponto de equilíbrio, por isso é um dos aspectos mais importantes da análise custo/volume/lucro. • Alteração no Custo Fixo: Quando ocorre um aumento nos custos ou despesas fixas isso representará um aumento no PE na mesma proporção e haverá a necessidade de se vender mais produtos para que o equilíbrio se mantenha. Assim se uma empresa possui um PE em $ 10.000.000 e ela enxergar um acréscimo nos custos fixos na margem de 30%, basta multiplicar $ 10.000.000 x 1,30 para obter o novo PE que neste caso será de $ 13.000.000. • Alteração no Custo Variável: Quando ocorre uma variação nos custos variáveis teremos que levar em consideração a MC unitária. Se por acaso a MC unitária for pequena qualquer alteração poderá impactar grandes alterações no PE. Contudo se a MC unitária for grande o PE não sofrerá grandes alterações. Exemplo 4 (Iudícibus, 2020, p. 163-4): Vamos imaginar que uma empresa tem CF $ 6.750.000; % CV em relação as vendas de 50%; e acréscimo nos CV de 30%. O PE antes da variação era de $ 13.500.000, e após o acréscimo, sem alteração na quantidade vendida, passa para $ 19.285.714. Para manter o equilíbrio, as vendas deverão ter um acréscimo de $ 43%. 5 19.285.714 – 13.500.000 = 0,4285714 = 43% aproximadamente. 13.500.000 1.4 Alavancagem operacional O grau de alavancagem irá nos dizer como os seguintes aspectos afetam os lucros: preços dos produtos; quantidade vendida ou produzida; custos variáveis por unidade; total de custos fixos; mix dos produtos vendidos ou produtividade. Vejamos a fórmula: Grau de Alavancagem Operacional = MC / Lucro (Líquido) Operacional Exemplo 5 (Padoveze, 2005 p. 382-3): • Alteração do Preço de venda para mais 2% • De $ 1.700,00 para $ 1.734,00 • Lucro líquido Total anterior: $ 240.000,00 • Lucro Líquido total atual: $ 274.000,00 Neste caso, teremos um aumento no preço de venda de $ 34,00 p/un. Considerando que o mercado aceite esse aumento, o lucro líquido passará de $ 240.000 para $ 274.000, ou seja, o lucro líquido reflete diretamente o aumento do valor da receita. Exemplo 6 (Padoveze, 2005 p. 384): Alteração no volume de venda. Alteração na quantidade vendida em 2% para mais; de 1.000 unidades para 1.020 unidades vendidas. Nesse caso, também teremos um aumento de $ 34.000 na receita de vendas. Porém, os custos variáveis também irão aumentar em mais 2%. Dessa forma, o aumento de 2% no volume vendido aumenta o lucro líquido total da companhia apenas com um aumento da margem de contribuição total em 2%. 1.5 Exercício (Iudícibus, 2020, p. 161) Certa empresa está prevendo um nível de custos fixos de $ 8.567.398. As vendas previstas somavam $ 36.500.000, e os custos variáveis $ 21.546.789. Determine o ponto de equilíbrio em reais. Solução: PE = 8.567.396,00 = 8.567.398,00 = 8.567.396,00 = 20.912.562,00 6 1 - 21.546.789,00 1-0,5903229 0,4096771 0,4096771 Saiba mais O vídeo a seguir complementará o seu entendimento sobre o assunto: CUSTOS fixos e variáveis, margem e ponto de equilíbrio (contabilidade). Professor Quintino, 20 jul. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=migP9aLRmUM&t=87s>. Acesso em: 27 maio 2021 TEMA 2 – MÉTODO DE CUSTEAMENTO:RKW – TARGET COSTING RKW é a abreviação de Reichskuratorium für Wirtschaftlichtlceit, uma técnica de alocação de custos iniciada na Alemanha no século XX, que consiste na alocação de todas as despesas e custos da empresa, inclusive a financeira, a todos os produtos, e não apenas aos custos de produção. A técnica de funcionamento do RKW é muito simples. A princípio, atribui- se aos produtos custos diretos e indiretos, despesas de vendas, despesas administrativas, financeiras, entre outras; somam-se os gastos que foram utilizados na produção e na venda dos produtos. Observem que aqui, primeiramente, esses custos e despesas são alocados aos departamentos, para depois serem alocados aos produtos. Esse sistema pode ser utilizado para determinar o preço de venda, pois aos custos e despesas é também somada a margem de lucro desejada. Custo Meta = Preço de Venda (definido pelo mercado – Lucro Meta (definido pela empresa) Para se definir o Target Costing, é necessário levar em consideração fatores externos, a estrutura da empresa e o quanto a empresa deseja obter de lucro. Com essa análise, a empresa já pode definir, por exemplo, qual será o custo da produção, podendo assim analisar se o desenvolvimento daquele produto é viável. Aqui temos a mais forte exploração do Custeio ABC, pois será necessário conhecer os custos de todas as atividades da empresa, para aí ter condições de verificar quais atividades adicionam ou não valor, e assim determinar quais atividades precisam ter seus custos reduzidos ou anulados. 7 Em algumas ocasiões, a empresa pode ficar em dúvida se é mais vantajoso fabricar determinada mercadoria ou comprar a mercadoria de terceiros. Exemplo 7 (Martins, 2003, p. 162): Vamos que uma empresa esteja produzindo determinado componente que usa um certo produto em sua elaboração. Ela apropria os Custos Indiretos à base de hora-máquina às 800 unidades que fabrica (tanto de componente como de produto); todos eles são fixos. • Componente: Material e MOD: $ 73,00 p/un.; Custos Indiretos de Produção: $ 140.000 /2.000 hm x 0,5 hm/un. = $ 35/un. e o seu custo Unitário total: $ 108 • Produto: Material e MOD: $ 360/un.; Custos Indiretos de Produção: $ 140.000/2.000 h/m x 2,0 hm/un. = $ 140/un • Custo Total: $ 360 + $ 140 + $ 108 = $ 608 A empresa está estudando uma oferta de um fornecedor, que lhe propõe entregar o componente por $ 80/un. Será que a empresa deve aceitar a proposta do fornecedor, ou deve manter a ideia de produzir o componente? Vejam que, nesse caso, não basta simplesmente comparar o custo interno de $108 com o custo externo de $80. Se a empresa decidir comprar o componente e os seus custos fixos não sofrerem alterações, não será vantajoso para ela, pois o custo variável do produto é de $73 p/un.; portanto, se passar, a comprar irá desembolsar $80/un. e mesmo assim ainda continuará com os custos fixos que tinha quando fabricava. Porém, se há, por exemplo, a possibilidade de desativar uma parte da fábrica, ela conseguiria eliminar alguns custos fixos, e aí sim poderia ser vantajoso. Vejamos: os custos variáveis hoje são de $ 58.400. A compra dos equipamentos custaria: $ 64.000. Dessa forma, apenas passaria a valer a pena a terceirização caso a empresa consiga nos custos fixos uma redução maior que $ 5.600. 2.1 Exercício (TCE-ES – Analista Administrativo – Contabilidade – CESPE 2013) O conceito de custo meta ou custo alvo pode ser definido como: a) Uma estratégia de gestão de custos que, a partir de um minucioso estudo de engenharia e da comparação com os princípios concorrentes, determina qual seria o custo verdadeiro do produto. 8 b) Uma estratégia de gestão de custos que, a partir do preço de mercado e de uma margem de lucro desejada, estabelece um teto de custo para os produtos ou serviços. Essa estratégia é mais eficaz quando ocorre na fase de projeto do produto. c) Uma estratégia de gestão de custos que, a partir do levantamento de todos os custos que realmente importam na formação do preço de venda, determina qual seria o verdadeiro custo que deveria ser alcançado; d) Uma estratégia de gestão de custos que foca na determinação de um custo-meta, considerando as melhores práticas de apuração de custos. e) Uma estratégia de gestão de custos que, a partir de um preço de mercado, de uma margem de contribuição positiva, da capacidade ociosa e dos custos de oportunidade envolvidos na operação, determina por quanto um produto poderá ser vendido. Resposta correta: Letra b. TEMA 3 – CUSTEIO KAIZEN Kaizen é uma palavra japonesa que significa “melhoria contínua”. Essa técnica surgiu no Japão no final da II Guerra Mundial, quando as empresas não tinham capital para investir, de modo que precisavam buscar alternativas de melhoria nos seus processos. É uma das ferramentas de produção enxuta. A produção enxuta trata de diminuir o desperdício ou o esforço sem valor. Esse método é parecido com o Custo Meta, porém ele foca na redução de custos durante a fabricação do ciclo total de vida de um produto, não se preocupando em trazer inovações ao processo, e sim concentrando-se nas perdas, de modo que passa a ser uma mentalidade a ser adotada, pois considera os recursos existentes dentro da empresa para aumentar a produtividade. Vejamos os sete desperdícios que são foco dessa ferramenta: • Superprodução: quando se produz mais do que o necessário, acaba-se gerando um desperdício. • Processamento: retrabalhos, trabalhos redundantes são exemplos de desperdício por processamento. • Movimentação: movimentação desnecessária das pessoas na área de trabalho. • Espera: pessoas e máquinas ociosas. 9 • Transporte: movimentação desnecessária de materiais. • Estoque: estoques excessivos de produto acabado e altos níveis de matéria-prima. • Defeito/retrabalho: retrabalhos e produtos defeituosos. Conforme descreve Monden (1999, p. 32), quando recursos como mão de obra, materiais, dinheiro, espaço, tempo e informação são usados de forma ineficiente, ocorrem perdas, que podem ser divididas em quatro níveis: • Perda primária: excesso de funcionários, máquinas e estoque; • Perda secundária: pode ser considerada a pior perda, sendo causada por superprodução; • Perda terciária: custos financeiros acarretados por excesso de estoque; • Perda quaternária: custos administrativos e de manutenção excessivos; estoques grandes de almoxarifado e transporte; Como as atividades de custo Kaizen são baseadas no local de trabalho, podem utilizar-se de direcionadores de custo para o início dos trabalhos de redução de custos. Conforme Martins (2003, p. 67), direcionador de custos é o fator que determina o custo de uma atividade. Para efeito de custeio de produtos, o direcionador deve ser o fator que determina ou influencia a maneira como os produtos “consomem” (utilizam) as atividades. Há ainda outras técnicas que podem ajudar na implantação do método Kaizen como: 5S, Just in Time e qualidade total. Quadro 1 – Comparativo entre sistemas Aplicação Custo-Meta Custo-Padrão Custo Kaizen Estágio do ciclo de vida do produto Aplicado antes da produção (projeto) Aplicado na produção Aplicado no projeto e na produção Redução de Custos Aplicado na gestão estratégica antes da produção Aplicado para a redução de custos durante a produção. Melhoria contínua, ou seja, antes, durante e depois da produção Variáveis Variáveis externas: mercado e concorrência Variáveis internas: produção e tecnologia Variáveis internas: produção e tecnologia 10 Variedade de Volume Aplica-se quando há baixo volume de produção Aplica-se quando há grande volume de produção Independe do volume de produção Fonte: elaborado com base em Carastan, 1999. 3.1 Exercício Com base nas informações estudadas quais vantagens e desvantagensvocê consegue ver na utilização do método Kaizen? • Vantagens: sistema barato, pois trabalha com recursos existentes na empresa, com o objetivo de eliminar perdas. • Desvantagens: focado principalmente na redução dos custos variáveis – portanto, se considerarmos uma empresa com muitos custos fixos, poderá não ser um método vantajoso; os seus efeitos podem ser sentidos a longo prazo; as reduções de custos ficam limitadas, após diversas aplicações dessa metodologia não haverá mais reduções possíveis. Saiba mais Conheça o segredo da produtividade japonesa e o método Kaizen aplicado no sistema Toyota de produção nos links a seguir: KAIZEN: o segredo da produtividade dos japoneses. Japan Video Topics, 24 fev. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=je7qe6KX6pg&ab_channel=JapanVideoTopi cs-Portugu%C3%AAs>. Acesso em: 27 maio 2021. SANTOS, V. M. dos. O que é o Kaizen Toyota do Sistema de Toyota de Produção? Lean, 13 out. 2017. Disponível em: <https://www.fm2s.com.br/o-que-e-o-kaizen- toyota/#:~:text=Kaizen%20Toyota%3A%20uma%20filosofia%20que,em%20cada %20local%20de%20trabalho>. Acesso em: 27 maio 2021. TEMA 4 – EVA (ECONOMIC VALUE ADDED) EVA significa Economic Value Added, ou Valor Econômico Adicionado. Alguns consultores têm proposto a utilização do valor econômico adicionado para avaliar o desempenho da organização. O EVA representa a diferença entre o lucro operacional líquido (quando são considerados os impostos) e o custo de capital que foi investido na organização. 11 Resumidamente, podemos dizer que o EVA é uma medida de desempenho da empresa que demonstra o verdadeiro lucro econômico. Mas aí você pode estar se perguntando: O que é lucro econômico? Qual a diferença entre o lucro econômico e o lucro contábil? O resultado apurado de acordo com os princípios contábeis aceitos é chamado de lucro contábil. Por outro lado, o lucro econômico não está atrelado ao custo original como base de valor, mas sim a valores de realização ou de fluxo futuro de benefícios, decorrentes da abordagem das atividades da empresa para a mensuração do lucro. O EVA pode refletir de forma positiva ou negativa o valor que foi criado ou destruído em determinado período pela administração da companhia. Sempre que as atividades da empresa apresentam um resultado inferior ao custo de oportunidade do investimento, isso quer dizer que a rentabilidade dos acionistas está inferior ao custo médio de oportunidade do mercado. O custo de oportunidade nada mais é do que o valor mínimo de rentabilidade de mercado exigido pelos acionistas, para que não abandonem o investimento. Para que chegar no EVA, é necessário analisar, além do custo de oportunidade, o fluxo líquido de benefícios futuros. Assim, temos a figura do goodwill. Podemos definir goodwill como sendo a diferença entre o valor total da empresa e o valor da soma dos valores dos ativos e passivos avaliados isoladamente. A contabilidade formal não aceita o goodwill como elemento do ativo, pois entende que o goodwill somente pode ser tratado como ativo intangível quando integrar uma negociação de compra e venda de empresas. Porém, para a contabilidade gerencial, ele é de suma importância. Para fazer o cálculo do EVA, precisamos saber qual é o custo do capital; para chegar no custo de capital, é necessário calcular o WACC (Custo Médio Ponderado de Capital). Chegamos a esse cálculo da seguinte forma: WACC = CP x Custo Capital Próprio + % de Capital de Terceiros x Custo Capital de Terceiros x (1 – Imposto de Renda) Exemplo 8: Uma empresa utiliza $ 1.632.000,00 de capital de terceiros e apresenta um WACC de 17,98%. Essa empresa tem um resultado operacional de R$ 416.000; sobre esse valor, paga 9% de CSLL e 15% de IRPJ, chegando assim a um resultado operacional líquido de $ 316.160,00. 12 O EVA ficaria conforme o quadro a seguir. Quadro 2 – Cálculo do EV * $ 1.632.000 x 17,98% (Este valor refere-se aos juros que a empresa precisa pagar por estar utilizando o capital de terceiros) Nesse exemplo, o EVA está agregando valor para o acionista, visto que o resultado do EVA é positivo. 4.1 Exercício (Padoveze, 2005, p. 590) Com base nos dados a seguir, e considerando um custo de oportunidade de 12% a.a., calcule o EVA: Quadro 3 – Dados do exercício Fonte: elaborado com base em Padoveze, 2010, p. 590. Quadro 4 – Solução do Exercício Fonte: elaborado com base em Padoveze, 2010, p. 590. No ano X0, houve um valor adicionado de $ 20.148, com uma rentabilidade de 0,22%, porém, em X1, não houve valor adicionado, pois a rentabilidade final foi inferior à rentabilidade mínima exigida pelo custo de oportunidade dos acionistas. Resultado Operacional Líquido $ 316.160,00 (-) Custo de Capital $ 296.433,60 * (=) EVA $ 22.726,40 31/12/X0 31/12/X1 Lucro Operacional 1.609.499 1.145.610 (-) Impostos sobre o lucro (30%) (482.850) (343.683) (=) Lucro Operacional líquido dos Impostos (A) 1.126.649 801.927 Ativo Operacional Líquido (B) 9.220.840 9.159.467 Custo de Oportunidade (12% x B) (C) 1.106.501 1.099.136 EVA ( D=A-C) 20.148 (297.209) Rentabilidade Adicionada (D/B) 0,22% -3,24% 13 Saiba mais No link a seguir você poderá acessar os dados contábeis da Empresa Natura Cosméticos S/A, analisando como ela demonstra o seu goodwill: NATURA COSMÉTICOS S.A. Informações Contábeis Intermediárias Individuais e Consolidadas. 30 set. 2019. Disponível em: <https://mz- filemanager.s3.amazonaws.com/9e61d5ff-4641-4ec3-97a5- 3595f938bb75/central-de-resultadoscentral-de- downloads/7db25af93d22d3d0a2604726ce2749f89baa4763942dbf9f41d2b11c6 c715581/informacoes_contabeis_3t19.pdf>. Acesso em: 27 maio 2021. Para finalizar este tópico, ressaltamos que é importante ter em mente a seguinte diferenciação: • EVA® é definido como a diferença entre o lucro operacional líquido depois de impostos e o custo do capital investido na empresa. • MVA® é determinado pela diferença entre o valor de mercado da empresa e o capital total nela investido. TEMA 5 – MVA (MARKET VALUE E ADDED) MVA significa Market Value Added, ou Valor Agregado de Mercado. Essa ferramenta mede o quanto a administração agrega de valor de mercado ao capital investido na companhia. Podemos dizer que o objetivo de uma grande parte das empresas é gerar riqueza ao acionista. Essa riqueza é medida da seguinte forma: MVA = Valor de Mercado – TC (TC = Total de Capital Investido). Utilizando o exemplo anterior, vamos fazer o cálculo do MVA. Quadro 5 – Cálculo Resultado Operacional Líquido $ 316.160,00 (-) Custo de Capital $ 296.433,60 * (=) EVA $ 22.726,40 (:) WACC (%) 0,1798 (=) MVA $ 126.398,22 Total das Fontes de Recursos $ 1.632.000,00 (+) MVA $ 126.398,22 (=) Valor de mercado da empresa $ 1.758.398,22 14 Análise: O que isso representa? Se a empresa conseguir gerar um resultado operacional líquido alto, o EVA será maior, e consequentemente o MVA também será maior, e assim o valor de mercado da empresa também será maior. Importante observar também que, considerando que o valor do MVA é positivo, isso significa que a empresa teve valor agregado. 5.1 Critérios para avaliação da empresa O critério principal para avaliação está no fluxo futuro de benefícios que a empresa pode gerar. Os principais critérios de avaliação de empresas normalmente são: • Valor Contábil: Valo do Patrimônio Líquido Contábil • Valor de Mercado: Valor de Mercado dos bens e direitos avaliados individualmente (-) Valor de Mercado das Dívidas Avaliadas Individualmente • Cotação da ação ou cota: Valor da empresa pela Cotação da ação = Quantidade de ações x Cotação da ação na Bolsa • Potencial de rentabilidade futura: Avaliação da rentabilidade do investimento 5.2 Ativos intangíveis e goodwill Um ativo intangível é definido pelo CPC (2014) como um ativo não monetário identificávelsem substância física. Os ativos intangíveis são considerados ativos de risco elevado, pois apresentam um menor índice de liquidez, além de mais incertezas de capacidade de geração de benefícios econômicos no futuro. Contudo, podemos dizer que são ativos com grande potencial de retorno. O ativo intangível é um dos ativos identificáveis mais difíceis de mensurar. Imagine que você esteja querendo comprar uma marca de outra empresa – quanto você estaria disposto a pagar por ela? Percebeu o desafio? Conforme essa definição de ativo intangível, podemos afirmar que não há como classificar o goodwill separadamente como ativo intangível. O goodwill é tratado especificadamente pelo CPC (2011). Podemos definir o goodwill como sendo a diferença entre o valor de toda a empresa, avaliado pelo potencial de rentabilidade futura, e o valor dos ativos avaliados individualmente. 15 5.3 Estudo de caso (Padoveze, 2010, p. 600-1) Uma empresa decide entrar no ramo de leite longa vida e espera vender 5 milhões de litros de leite ao mês. O preço pago pela matéria-prima é de $ 0,25 o litro, e o preço de mercado do produto final é igual a $ 1,10. O gasto estimado para suportar as atividades internas desenvolvidas para fabricar e comercializar o produto do exercício anterior somam $ 46.500.000 para um ano. Os investimentos para implantação do projeto são da ordem de $ 38.000.000 (desconsiderar impostos). Com base nesses dados, responda: 1. Qual será o valor agregado máximo dado pelo produto em um ano de faturamento? 2. Supondo que os financiadores do projeto tinham em mente um custo de oportunidade do capital de 11% ao ano, qual será a criação de valor para os acionistas estimada anualmente? Solução 1: • Produção anual em litros: 5.000.000 x 12 = 60.000.000 • Custo da MP anual: 0,25 x 60.000.000 = 15.000.000 • Receita Anual: 60.000.000 x 1,10 = 66.000.000 • Valor agregado máximo = 66.000.000 – 15.000.000 = 51.000.000 Solução 2: EVA = 4.500.000 – (38.000.000 – 11%); EVA = 4.500.000 – 4.180.000; EVA = 320.000. 16 REFERÊNCIAS CARASTAN, J. T. Custo Meta e Custo Padrão como Instrumentos do Planejamento Empresarial para Obter Vantagem Competitiva. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 6., São Paulo. Anais... São Paulo: FEA-USP, 1999. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 04 (R1): Ativo Intangível – Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 38 Intangible Assets. CPC, 2010. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 15 (R1): Combinação de Negócios. CPC, 2011. IUDICÍBUS, S. de. Contabilidade Gerencial da Teoria à Prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2020. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003. MONDEN, Y. Sistemas de redução de custos: custo-alvo e custo kaizen. Porto Alegre: Bookman, 1999 PADOVEZE, C. L. Controladoria Avançada. 1. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. AULA 5 CONTABILIDADE GERENCIAL Profª Marineusa Andreico Rodrigues 2 TEMA 1 – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E BALANCED SCORECARD Como podemos avaliar a performance de uma empresa competindo na era da informação? Estamos passando atualmente por transformações e vivemos hoje na era da informação, o que nos leva a procurar formas atuais e modernas de medir o desempenho de uma empresa, e não apenas por meio da análise econômico-financeira dela. Para suprir essa necessidade, temos o Balanced Scorecard (BSC), ferramenta de gerenciamento estratégico proposta por Robert Kaplan e David Norton, ambos doutores em Administração de Empresas pela Universidade de Harvard. Eles perceberam que uma avaliação baseada somente em critérios financeiros, como o retorno sobre o investimento, não era eficaz o suficiente para estimular uma cultura de aprimoramento contínuo e inovação. O termo balanced significa “balanceado” justamente porque o BSC é um instrumento de gerenciamento estratégico que auxilia na mensuração de metas financeiras e não financeiras por meio de indicadores. Pode ser iniciado a partir da visão e objetivos da empresa, pois quando existe clareza nessas definições – como, por exemplo, para onde a empresa quer ir e aonde quer chegar – é possível estabelecer os objetivos estratégicos. Grande parte dos indicadores utilizados pelo BSC são objetivos e metas operacionais da entidade voltados para o lucro como medida de êxito, relacionando-se com o componente mais importante que é o objetivo da empresa. Reparem que o BSC complementa as medidas de desempenho financeiras/contábeis. Os objetivos estratégicos podem ser definidos considerando quatro tipos de perspectivas: 1) Perspectiva financeira: inclui os tradicionais indicadores financeiros, utilizando-se o lucro como medida de eficácia empresarial. 2) Perspectiva do cliente: por meio dela, é possível medir a percepção que os clientes têm da empresa e a satisfação com os serviços e produtos entregues. 3) Perspectiva dos processos internos: abrange questões voltadas a produtividade, conformidade e qualidade dos produtos e serviços. 4) Perspectiva do aprendizado e crescimento: leva-se em consideração o capital humano e intelectual. Podemos citar como exemplos a capacitação 3 dos funcionários, o clima organizacional, a capacidade de inovar e criar valor. Essas perspectivas são a sustentação da estrutura do BSC, e podemos visualizá-las na Figura 1. Figura 1 – Relações entre causa e efeito Fonte: Padoveze, 2010, p. 605. Porém, é importante acrescentar que essas perspectivas precisam ser consideradas como um modelo. As organizações podem e devem incluir outras para o sucesso do negócio, se acharem necessário. O Balanced Scorecard permite integrar a missão e a visão da empresa por meio de indicadores de desempenho. Você sabe como identificar esses dois elementos? • Missão: é a razão da existência da organização, os fins que pretende alcançar em relação à sociedade e ao mercado. Deve estar ligada aos valores dela. 4 • Visão do futuro: é o que a organização deseja ser ou atingir em determinado prazo de tempo. Curiosidade Missão x visão x valores da Walt Disney: Missão: alegrar as pessoas. Visão: criar um mundo no qual todos possam se sentir crianças. Valores: não ceticismo; criatividade; sonhos e imaginação; atenção fanática aos detalhes; preservação e controle da magia Disney (Walt Disney, [s.d.]). Exercício (Analista Judiciário Medicina, TRE RS, FCC, 2010) O BSC – Balanced Scorecard: I. esclarece e traduz a visão e a estratégia da organização a médio e longo prazos. II. utiliza-se para associar os objetivos estratégicos com metas de curto prazo e orçamentos anuais. III. em seu processo de construção, esclarece os objetivos estratégicos e identifica um pequeno número de vetores críticos que determinam os objetivos estratégicos. IV. na perspectiva dos processos internos, permite que os executivos identifiquem os processos internos críticos nos quais a empresa deve alcançar a excelência. V. na perspectiva do cliente, permite que os executivos identifiquem os segmentos de clientes e mercados nos quais a unidade de negócios competirá e suas medidas de desempenho. É correto o que consta SOMENTE em: a) III, IV e V. b) I, II e III. c) II e IV. d) I e III. e) II, IV e V. (Resposta no final do material) 5 TEMA 2 – UTILIZAÇÃO DO BSC O Balanced Scorecard mantém as medidas financeiras tradicionais calculadas com base nos índices de balanço e retorno do investimento; porém, essa técnica está voltada para o passado, quando na verdade o que mais interessa para os investidores é o futuro da empresa, e é aqui que se insere o BSC. O Balanced Scorecard é utilizado para avaliar o desempenho das entidades em longo prazo; além de utilizar os índices de balanço voltados para o passado delas, também analisao futuro. Para iniciarmos a utilização do BSC, é necessário montar um quadro estratégico, e para isso vamos definir alguns elementos que podem nos ajudar nessa tarefa. São eles: • Mapa estratégico: nada mais é do que a visualização do planejamento estratégico da empresa. Com a utilização dele, fica mais fácil visualizar os objetivos, as estratégias e os propósitos da empresa. • Objetivos estratégicos: trata-se do que a empresa deseja alcançar em longo prazo. • Meta: diz respeito às tarefas e às etapas utilizadas pela empresa para atingir os objetivos estratégicos. • Indicador: métrica que irá auxiliar no acompanhamento em direção ao objetivo da empresa. É necessário que os objetivos sejam claros e confiáveis e elaborados com base em parâmetros numéricos para permitir a avaliação do progresso em porcentagem. Kaplan e Norton (1997) nos trazem alguns indicadores essenciais que devem compor o Balanced Scorecard: • Indicadores financeiros: • Retorno sobre o investimento / valor econômico adicionado; • Lucratividade; • Aumento/mix de receita; • Produtividade da redução custos. • Medidas essenciais dos clientes: • Participação de mercado; • Aquisição de clientes; 6 • Retenção de clientes; • Lucratividade dos clientes; • Satisfação dos clientes. • Medidas essenciais de aprendizado e crescimento: • Satisfação dos funcionários; • Retenção de funcionários; • Lucratividade por funcionário; • Produtividade por funcionário. Veja no Quadro 1 um exemplo de mapa estratégico. Quadro 1 – Mapa estratégico de uma empresa de confecção baseado na visão de ser a maior marca de roupas jovens da região Objetivos Metas Indicadores Iniciativas Perspectiva financeira: aumentar a rentabilidade da empresa 10% de redução dos custos com matéria-prima Controle de compras e matérias-primas Cotar novos fornecedores e renegociar contratos Perspectiva do cliente: aumentar o número de clientes 15% de aumento de clientes Quantidade de novos clientes Campanha de marketing voltada ao público jovem Perspectiva interna: aumentar o número de praças de vendas 20% de aumento na receita Demonstração do Resultado do Exercício Abrir lojas virtuais Perspectivas de aprendizagem e crescimento: relacionar-se com clientes utilizando-se de tecnologia da informação Integrar todos os clientes ao marketing digital Analisar o retorno sobre investimentos das plataformas online Analisar o comportamento dos clientes Saiba mais O vídeo do Sebrae a seguir resume como definir indicadores e montar um painel BSC. Assista e fique por dentro. Ele está disponível no seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=hyCuH7xeUR4>. Exercício (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano) – Administrador (IF-BA – 2019) 7 Kaplan e Norton desenvolveram a ferramenta Balanced Scorecard (BSC), geralmente utilizada pelas organizações para a construção do seu planejamento estratégico. A respeito do BSC, analise as afirmativas a seguir: I. O BSC desconsidera as tecnologias e pessoas, considerando apenas as dimensões financeira, clientes e processos internos. II. No BSC, a perspectiva financeira se sobrepõe às demais perspectivas, devendo a mesma ser medida em relação à lucratividade. III. No BSC, a utilização de indicadores de desempenho é obrigatória apenas para as perspectivas financeira e de clientes. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas I e III estão corretas. c) Somente as afirmativas II e III estão corretas. d) Todas as afirmativas estão corretas. e) Nenhuma afirmativa está correta. (Resposta no final do material) TEMA 3 – INOVAÇÕES, CONTRIBUIÇÕES E ELABORAÇÃO DO BSC As inovações e as melhorias dos processos podem surgir mediante a reciclagem dos funcionários ou também o uso de tecnologias de informação e procedimentos alinhados. A partir da utilização do BSC, o sucesso ou o fracasso da companhia não podem mais ser medidos apenas pelos índices tradicionais da contabilidade financeira, pois passam a ser baseados na capacidade de criação de valor. Assim uma empresa pode muitas vezes apresentar um prejuízo financeiro ou índices financeiros negativos, contudo suas ações não perdem valor. Isso se dá porque a empresa consegue comprovar que existe um valor agregado ao conjunto todo dela que vislumbra solidez no mercado. A implantação do Balanced Scorecard na entidade pode ser dividida em duas partes: elaboração e difusão do BSC; e elaboração e acompanhamento dos indicadores. O processo de elaboração e difusão é efetuada em quatro etapas: 1. Esclarecer e traduzir a visão e a estratégia: a entidade deve estabelecer metas financeiras priorizando a receita e o crescimento de mercado, bem como a lucratividade e a geração de fluxos de caixa. Já em relação à 8 perspectiva do cliente, a equipe gerencial deve analisar quais são os segmentos de clientes e como é a competitividade do mercado. Após essas definições, o passo seguinte é identificar os objetivos e medidas para os processos internos. Um bom questionamento que pode ser feito aqui é: para satisfazer acionistas e clientes, em que processos de negócios deve- se alcançar excelência? O próximo passo é em relação às metas de aprendizado e crescimento. Aqui deve-se definir os motivos para que a entidade invista significativamente na reciclagem dos funcionários, assim como também nos sistemas de informações e na melhoria dos procedimentos organizacionais. 2. Comunicar e associar objetivos e medidas estratégicas: os objetivos devem ser comunicados para toda a empresa. Isso pode ser feito por intermédio de quadros de aviso, vídeos, jornais, comunicados internos, redes sociais e intranet, entre outros; assim, todos os funcionários ficam por dentro daquilo que precisa ser alcançado. É importante também que todos entendam esses objetivos, pois podem muitas vezes estabelecer metas locais que ajudem na estratégia global da companhia. 3. Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas: o BSC deve ser utilizado para a mudança organizacional. As metas estabelecidas para os objetivos devem ser efetuadas em um prazo de três a cinco anos, contudo pode-se estabelecer marco de referência para cada medida estratégica tendo como referência o ano fiscal seguinte. Dessa forma, torna-se possível avaliar como está indo o progresso em curto prazo. 4. Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico: esse processo cria instrumentos para o aprendizado em nível organizacional. O BSC permite que os executivos monitorem e ajustem a implementação da estratégia e, caso necessário, efetuem mudanças. Essas etapas são inseridas em um mapa estratégico que irá apontar as relações de causa e efeito; indicadores para mensuração e acompanhamento dos resultados deverão ser criados. Vamos acompanhar no Quadro 2 um exemplo de Balanced Scorecard. 9 Quadro 2 – Exemplo de BSC Indicadores estratégicos Objetivos estratégicos Indicadores de ocorrência Indicadores de tendência Financeira a) Melhorar lucros b) Ampliar mix de receita c) Reduzir estruturas de custos Retorno sobre investimentos Aumento da receita Mudança do custo de manutenção de depósitos Variedade de produtos / Serviços geradores de receita Dos clientes a) Aumentar o nível de satisfação dos clientes com nossos produtos e pessoal b) Aumentar o nível de satisfação “após a venda” Participação no segmento Retenção de clientes Profundidade de relacionamento Pesquisa de opinião sobre satisfação Interna a) Compreender nossos clientes b) Criar produtos inovadores c) Efetuar a venda cruzada dos produtos d) Transferir clientes para canais rentáveis e) Minimizar problemas operacionaisf) Atendimento eficiente Receita gerada por novos produtos Quociente de venda cruzada Mudança de mix de canais Taxa de erros de serviços Tempo de atendimento de solicitações Ciclo de desenvolvimento de produtos Horas passadas com o cliente Do aprendizado 10 a) Desenvolver habilidades estratégicas b) Fornecer informações estratégicas c) Alinhar metas pessoais Satisfação dos funcionários e/ou receita por funcionário Índice de cobertura de funções estratégicas Índices de disponibilidade de informações estratégicas Alinhamento de metas pessoais (%) Fonte: Padoveze, 2010, p. 608. Após a elaboração e a difusão do BSC, chegamos à fase da criação e acompanhamento dos indicadores. Acompanhamos no Tema 2 o que são indicadores e descobrimos que podem e devem ser criados de acordo com as perspectivas da empresa. Contudo, trata-se de número e porcentagens, portanto podemos utilizar esses indicadores para examinar como está o andamento do sistema gerencial em busca dos objetivos corporativos. Saiba mais O link a seguir irá complementar o seu entendimento sobre o BSC. Você pode acessá-lo em: <https://www.youtube.com/watch?v=yxqzJbotWhA>. Exercício Tome uma empresa conhecida como exemplo, que ainda não tenha o Balanced Scorecard e estruture uma sugestão desse instrumento. (Resposta no final do material) TEMA 4 – BSC COMO SISTEMA GERENCIAL Não podemos deixar de comentar que o Balanced Scorecard não é apenas um sistema de indicadores. Muitas empresas inovadoras o utilizam como uma estrutura organizacional básica para seus processos gerenciais, e aqui está o grande poder dessa ferramenta, ou seja, quando ele é utilizado gerencialmente, podendo ser utilizado para: • estabelecer e obter consenso em relação à estratégia; • comunicar a estratégia a toda a empresa; • alinhar as metas departamentais e pessoais à estratégia; 11 • associar os objetivos estratégicos com metas de longo prazo e orçamentos anuais; • identificar e alinhar as iniciativas estratégicas; • realizar revisões estratégicas periódicas e sistemáticas; • obter feedbacks para aprofundar o conhecimento da estratégia e aperfeiçoá-la. O que não é medido não é gerenciado. Esse conceito é utilizado por Kaplan e Norton (1997) no contexto da gestão empresarial. Por esse motivo, no BSC ocorre um acompanhamento do desenvolvimento estratégico da empresa, ou seja, tudo o que foi implantado é monitorado e medido para que possa ser gerenciado. Para a aplicação do BSC nas empresas, é necessária a integração entre as perspectivas já mencionadas nos temas anteriores. Estas não podem se tornar isoladas dentro do contexto, e a organização precisa ver o Balanced Scorecard como uma ferramenta de gestão estratégica, e não apenas de gestão financeira. Por isso, é importante manter o equilíbrio entre os indicadores externos, que são voltados para clientes e acionistas, e os internos, que tratam da parte operacional, dos processos de inovação e do aprendizado e crescimento. Saiba mais Nem sempre uma empresa que obtém baixos índices de lucratividade ou retorno financeiro é malvista pelos investidores, pois, a considerar que ela tenha uma perspectiva boa de futuro, isso poderá não espantar os acionistas. Veja na reportagem de Carolina Riveira, publicada na revista Exame, o caso UBER que retrata essa situação. Ela está disponível no seguinte link: <https://exame.com/negocios/uber-registra-prejuizo-no-4o-trimestre-mas-lucro- pode-estar-proximo/>. Exercício Cite quais benefícios as entidades podem conquistar decorrentes da implantação do BSC. (Resposta no final do material) 12 TEMA 5 – O BSC E A GESTÃO DE RISCO Quando falamos em gestão de riscos, é comum a associarmos a risco financeiro. Porém, a empresa está sujeita a outros tipos de riscos que merecem uma atenção especial também, como a relação com os clientes, com os fornecedores, recursos humanos, tecnologias e outros que podem impactar diretamente os resultados dela. Dessa forma, a gerência pode manter um processo de criação de valor para os acionistas, estabelecendo uma estrutura informacional a fim de monitorar os riscos a que a empresa está exposta (Padoveze 2010). Vamos analisar a seguir algumas perspectivas de riscos que podem aparecer, conforme nos traz Padoveze (2010, p. 612): • Risco como oportunidade: está implícito no conceito de risco e retorno. Quanto maior o risco, maior o potencial de retorno e, necessariamente, de perda. Nesse contexto, a gestão do risco significa utilizar técnicas para maximizar a parte exterior. • Risco como perigo ou ameaça: trata-se de eventos potencialmente negativos, como perdas financeiras, roubos, fraudes, danos à reputação da empresa e outros. • Risco como incerteza: refere-se à distribuição de todos os resultados possíveis, tanto os positivos quanto os negativos. Nesse particular, a gestão do risco procura reduzir a variância entre os resultados antecipados e os resultados reais. Podemos fazer um mapa de risco para identificar e classificar os riscos, que podem estar associados a: a) riscos que existem nas operações: são mais visíveis e mais fáceis de visualizar; como exemplos, se incluem riscos voltados às aplicações financeiras, obsolescência de estoques, perdas com clientes inadimplentes, tecnologia obsoleta, fraudes etc.; b) riscos que vão existir: dizem respeito a riscos em longo prazo e que estão ligados com o planejamento estratégico, como manutenção, criação ou perda de clientes, mercado interno e externo, concorrência, manutenção, perda ou criação de fornecedores estratégicos e outros. Quando se trata de riscos em curto prazo, podemos utilizar o balanço ou a demonstração de resultado para efetuar essas análises, pois esses dados estão facilmente mensurados com ativos e passivos da empresa. No Quadro 3, está ilustrado um mapa de riscos. 13 Quadro 3 – Mapa de riscos Descrição do risco Perspectiva do BSC % Inadimplência Cliente 10,00% Fluxo de caixa Cliente 3,00% Aumento do preço da MP Financeiro 5,00% Excesso de horas extras Financeiro 20,00% Mão de obra desqualificada Aprendizado e crescimento 2,91% Exercício Etna, empresa nacional do ramo de telefonia fixa e móvel com sede no estado de São Paulo, está enfrentando dificuldades. Ela passou por várias modificações nos últimos três anos devido a mudanças na legislação, entrada de concorrentes no mercado e várias trocas de diretoria. Ajude essa companhia a definir sua missão, visão e objetivos. Defina os indicadores que ela poderá utilizar para elaborar seu mapa estratégico e a auxilie a montar seu mapa estratégico. 14 REFERÊNCIAS BALANCED Scorecard. Rede Indigo, 17 jan. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yxqzJbotWhA>. Acesso em: 25 maio 2021. COMO definir a visão de futuro para minha empresa? Sebrae, 10 jan. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EP_XxGX1Ngs>. Acesso em: 25 maio 2021. COMO elaborar a missão da minha empresa? Sebrae, 16 ago. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MtDtncecW24>. Acesso em: 25 maio 2021. IUDICÍBUS, Sérgio. Contabilidade gerencial. Da teoria à prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2020. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David S. A estratégia em ação. Balanced Scorecard. Edição original. Rio de Janeiro: Campus, 1997. PADOVEZE, Clóvis Luís. Controladoria avançada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. RIVEIRA, Carolina. Uber diz que lucro virá em 2020. Exame, 7 fev. 2020. Disponível em: <https://exame.com/negocios/uber-registra-prejuizo-no-4o- trimestre-mas-lucro-pode-estar-proximo/>. Acesso em: 25 maio 2021. WALT DISNEY CORPORATION. [S.d.]. Disponível em: <https://thewaltdisneycompany.com/>.Acesso em: 25 maio 2021. 15 RESPOSTAS Tema 1 – Letra A. Tema 2 – Letra E. Tema 3 – Resposta pessoal do aluno. Aqui será muito importante para transformar a teoria vista até aqui em prática. Dicas: 1º) Procure saber se a empresa possui missão, valores e visão bem definidos; caso contrário, a ajude a definir. 2º) Defina quais indicadores serão utilizados e quais são as metas da empresa. 3º) Monte um quadro estratégico com os objetivos, metas e indicadores. 4º) Utilize indicadores financeiros também, como retorno sobre o investimento e valor econômico adicionado. 5º) Assista ao vídeo postado ao final deste tema para auxiliá-lo nessa resposta. Tema 4 – Permite alinhar os funcionários com a visão estratégica da empresa; melhora a comunicação interna nas organizações; transforma a visão das organizações em ações para alcançar os objetivos; e permite a análise e acompanhamento dos resultados. Tema 5 1) Missão, visão e objetivo da empresa: Missão: levar serviço de qualidade aos consumidores. Visão: tornar-se uma das melhores empresas de tecnologias do país nos próximos dez anos. Objetivo: criar valor para os acionistas. 2) Indicadores que serão utilizados: • Indicadores financeiros: retorno sobre o investimento / valor econômico adicionado; lucratividade; aumento/mix de receita; produtividade da redução de custos. • Medidas essenciais dos clientes: participação de mercado; aquisição de clientes; retenção de clientes; lucratividade dos clientes; satisfação dos clientes. • Medidas essenciais de aprendizado e crescimento: satisfação dos funcionários; retenção de funcionários; lucratividade por funcionário; produtividade por funcionário. 3) Mapa estratégico: 16 • Perspectiva financeira: aumentar a rentabilidade da empresa, utilizando como meta reduzir os custos fixos em 5%, e negociar preços com fornecedores, utilizando como indicador o controle de compras, e partindo da iniciativa de renegociar contratos e cotar novos fornecedores; • Perspectiva do cliente: aumentar o número de clientes, tendo como meta um aumento de 15% no número de clientes, utilizando como indicador a quantidade nova de clientes e como iniciativa pesquisar sobre quem é o público-alvo e o que ele deseja e investir em uma boa campanha de marketing. • Perspectiva interna: aumentar o mix de produtos oferecidos tendo como meta um aumento de 10% na receita, utilizando como indicador a própria demonstração do resultado, e utilizando-se da divulgação de novos produtos nas redes sociais e marketplace. • Perspectivas de aprendizagem e crescimento: treinar funcionários e líderes para atendimento de excelência. AULA 6 CONTABILIDADE GERENCIAL Profª Marineusa Andreico Rodrigues 2 TEMA 1 – ORÇAMENTOS Vamos começar o tema desta aula respondendo à seguinte pergunta: o que é orçamento? Padoveze (2010, p. 517) define orçamento como sendo “a expressão quantitativa de um plano de ação e ajuda à coordenação e implementação de um plano”. Se procurarmos no dicionário, encontraremos alguns significados para a palavra orçamento, por exemplo: avaliação ou cálculo aproximado do custo de uma obra ou serviço, estimativa, cálculo da receita e despesa, entre outros. Contudo basta analisarmos o conceito do dicionário para conseguirmos começar a entender do que se trata esse assunto. E onde o orçamento é aplicado na contabilidade gerencial? Nesta fase, devemos processar todas as informações disponíveis no sistema contábil e sobre ele inserir as previsões para o próximo exercício, ou seja, são os dados que deverão acontecer no futuro. No orçamento, serão repetidos todos os dados já levantados nos relatórios gerenciais. É importante frisarmos que o orçamento deve ser elaborado a curto prazo para, no máximo, o próximo exercício. Algumas empresas até trabalham com orçamento acima de um ano, porém entendemos não ser interessante, visto que o mercado pode se alterar constantemente e o trabalho efetuado ter que ser revisto e refeito, assim perdendo-se tempo neste serviço. Para períodos superiores a um ano, recomenda-se a técnica de projeção dos demonstrativos financeiros. 1.1 Objetivo Um ponto fundamental aqui é estabelecer o objetivo. Falamos nas aulas anteriores sobre a definição de metas que são estabelecidas no planejamento estratégico. Vejam que essas metas saem do planejamento estratégico e se transformam em objetivos quando são colocadas no orçamento. Portanto podemos falar que quando uma meta é colocada no orçamento, é porque ela está sendo posta em ação. Assim, o orçamento já não está mais na fase de planejamento estratégico, mas sim na etapa de programação e esta é uma fase operacional. 3 Dessa forma, é importante entender que os objetivos contemplados aqui no orçamento são aqueles que podem ser alcançados com as estruturas existentes atuais da empresa e também é importante colocarmos que esses objetivos não devem ser caracterizados como padrões, pois isso pode desvirtuar o processo de orçamento da empresa. Entendamos a diferença entre o sistema de padrões e o sistema orçamentário: a. Sistema padrão: são objetivos e metas que a empresa gostaria de alcançar, e têm como referência o que deveria acontecer, ou seja, o que a empresa deseja; b. Sistema orçamentário: evidencia o que deve acontecer, mensura a realidade que deverá acontecer, seja uma boa ou má realidade. 1.2 Conceitos para o processo de execução É muito importante estudar alguns conceitos, pois são fundamentais para o processo de execução do plano orçamentários: a. Orçamento de tendências: nesse tipo de orçamento ocorre a utilização de dados do passado da entidade para projeções futuras; b. Orçamento base zero: aqui já existe a predisposição de romper como o passado, ou seja, a não utilização de dados passados da entidade para projeções futuras. Saiba mais Atualmente existem muitas críticas aos processos orçamentários. Foi criada uma instituição chamada Beyond Budgeting Round Table (BBRT), que é um consórcio britânico formado por vinte grandes empresas que afirmam ser possível a vida empresarial sem o plano orçamentário. Pesquise sobre esse tema e tente formar uma opinião sobre o assunto. 1.3 Exercício 1 O que é orçamento e quais os principais objetivos de um plano orçamentário? 4 TEMA 2 – TIPOS DE ORÇAMENTOS Não há uma única forma de se fazer um processo orçamentário, contudo existe basicamente alguns tipos clássicos: orçamento estático: orçamento flexível: orçamento ajustado: e orçamento corrigido: 2.1 Orçamento estático Já pelo nome podemos entender que o orçamento estático não permite nenhuma alteração nas peças orçamentárias. Esse é o tipo mais comum de orçamento, pois aqui são fixados o volume de produção ou vendas. Observem que esse volume fixado irá determinar também o volume de trabalho dos demais setores da empresa também. 2.2 Orçamento flexível Em contraposição ao orçamento estático que vimos acima, temos o orçamento flexível, no qual podemos dizer que existem vários orçamentos, pois trata-se de um conjunto de orçamentos que pode ser ajustado. Para elaborar um orçamento flexível, é necessário saber distinguir perfeitamente os custos fixos dos custos variáveis, pois os custos variáveis, nesse caso, acompanham o volume de vendas enquanto os custos fixos seguem o tratamento estático. Vamos analisar abaixo um exemplo de orçamento flexível: Quadro 1 – Orçamento flexível para vários níveis de atividades de produção ou vendas Orçamento por Unidade Dados Unitários Níveis de atividades – Em unidades 7.000 8.000 9.000 Vendas $31,00 217.000 248.000 279.000 Materiais e Componentes Outros Custos e Desp. Variáveis Soma – Custos e Desp. Variáveis $21,00 $0,80 $21,80 147.000 5.600 152.600 168.000 6.400 174.400 189.000 7.200 196.200Margem de Contribuição $9,20 64.400 73.600 82.800 5 Orçamento – Gastos Mensais Custos Fixos de Manufatura Desp. Comerciais e Adm. Total Custos e Desp. Fixas 37.000 33.000 70.000 37.000 33.000 70.000 37.000 33.000 70.000 RESULTADO OPERACIONAL (5.600) 3.600 12.800 Fonte: Padoveze, 2010, p. 524 2.3 Orçamento ajustado O orçamento ajustado deriva do orçamento flexível, pois ele funciona como um segundo orçamento que entra em cena nos casos em que ocorrem alterações nos dados inicialmente planejados. Podemos dizer que se trata dos ajustes efetuados ao orçamento estático, pois cada vez que houver necessidade de se fazerem ajustes aos orçamentos inicialmente efetuados estamos falando do orçamento ajustado. Orçamento Original (Volumes Planejados) (+/-) Ajustes de Volume (=) Orçamento Ajustado (Volumes Ajustados) 2.4 Orçamento corrigido Nesse tipo de orçamento entra a parte da correção de valores por inflação, portanto nada mais é do que a alteração que ocorre nos preços inicialmente cotados devido à inflação, porém dizemos que se trata de um orçamento corrigido de forma automática. Orçamento Original (Preços Originais) (+/-) Variação de Preços por Inflação (=) Orçamento Corrigido (Preços Corrigidos) 2.5 Outras terminologias 1. Budget e Forecast: são duas terminologias utilizadas entre empresas de países diversos que estão integradas na mesma união econômica. A primeira é utilizada dentro do conceito estático e a segunda no conceito de projeções; 2. Rolling Budgeting e Rolling Forecasting: esses conceitos sobre orçamento são recentes e têm o objetivo de tornar esse instrumento em um mecanismo de planejamento e controle flexível excluindo dele o caráter estático. Podem também ser chamados de orçamento contínuo ou projeção contínua. 6 Exemplo: efetuou-se um orçamento para um período de doze meses, de janeiro de X1 a dezembro de X1. Após o orçamento de janeiro do ano, já se orça o de janeiro de X2 e dessa forma o período passa a ser o de fevereiro de X1 a janeiro de X2 e assim sucessivamente ficando assim sempre orçado o período de doze meses. 2.6 Orçamento e a inflação/moedas Será que um orçamento efetuado sob condições econômicas de inflação crônica é válido? Sem dúvida que elaborar um orçamento em um ambiente econômico de inflação alta, com grande variedade de índices de preços, é uma operação bem mais complexa, porém entendemos que sim é válido, contudo é necessário entender os efeitos da inflação em todos os segmentos orçados. Em relação às moedas, os orçamentos deverão sempre ser elaborados em moeda corrente, independente da utilização de outro padrão monetário no orçamento, assim como os demonstrativos contábeis que devem ser efetuados em moeda corrente do país, também considerando os aspectos tributários de cada país. Em se tratando de orçamento em moeda estrangeira, este é necessário quando a empresa faz parte de um grupo econômico transnacional e, nesse caso, ela precisa consolidar as informações projetadas em seus demonstrativos orçamentários. Saiba mais Acesse o link a seguir e leia um artigo de Frezatti e Dieng, que tiveram como objetivo analisar a associação entre a importância das funções do orçamento empresarial (agrupadas em planejamento e diálogo) e as percepções de relevância para tomada de decisões e de utilidade para a gestão, por parte de executivos de diversas áreas em um único contexto organizacional. MUCCI, D. M.; FREZATTI, F.; DIENG, M. As múltiplas funções do orçamento empresarial. Revista de Administração Contemporânea, v. 20, n. 3, maio-jun. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/j/rac/a/kpNb9GLqsH3xn83PjysJLqL/?format=html >. Acesso em: 26 maio 2021. 7 2.7 Exercício 2 Classifique em (1) Orçamento flexível; (2) Orçamento de tendências; (3) Orçamento base zero; (4) Orçamento estático ( ) Orçamento feito com base na rediscussão da necessidade ou não de cada gasto; ( ) Orçamento feito com base em determinado volume de produção/vendas; ( ) Orçamento feito considerando diversos níveis de volume de produção; ( ) Orçamento feito levando em conta a observação de dados passados. TEMA 3 – ESTRUTURA DOS PLANOS ORÇAMENTÁRIOS Para montar uma estrutura orçamentária, são necessários alguns passos importantes e podemos dizer que o primeiro deles é preparar um plano orçamentário. Vamos analisar os passos a serem generalizados: 1. Estabelecer a missão e os objetivos corporativos; 2. Estruturar as assunções ambientais; 3. Elaborar o orçamento a partir da função restritiva do fator limitante; 4. Elaborar os outros orçamentos, coordenando-os com o fator limitante e os objetivos corporativos; 5. Sintetizar todos os orçamentos para produzir o orçamento mestre; 6. Rever o orçamento mestre à luz dos objetivos corporativos; 7. Aceitar o orçamento mestre, ou se este não está de acordo com os objetivos corporativos, voltar ao passo 2 e repetir o processo até o orçamento ficar aceitável; 8. Monitorar os resultados reais contra os resultados orçados e reportar variações. Ao final do plano estratégico, os gestores deverão escolher o cenário mais provável e preparar o quadro de premissas orçamentárias e que posteriormente deverão ser aprovados pelo Comitê Orçamentário. O plano orçamentário é dividido nos segmentos de orçamento operacional, orçamento de investimentos e projeção dos demonstrativos contábeis. Vamos analisá-los na sequência: 8 3.1 Orçamento operacional Engloba todos os orçamentos específicos que atingem a estrutura hierárquica da empresa, incluindo as áreas administrativa, comercial e de produção equivalendo a demonstração do resultado da empresa. O orçamento operacional atinge as seguintes peças orçamentárias: a. Orçamento de vendas: podemos dizer que, para se fazer o orçamento operacional, baseia-se no orçamento de venda, pois na maioria das empresas o planejamento operacional decorre da percepção da demanda de produtos para um próximo período, tornando assim o volume de vendas um fator determinante para todo o processo orçamentário. No orçamento de vendas, devemos incluir a previsão de vendas em quantidade para cada produto; a previsão dos preços para os produtos e seus mercados; a identificação dos impostos sobre as vendas; o orçamento de vendas em moeda corrente do país; a projeção do saldo final de contas a receber. Quadro 2 – Orçamento de vendas – preços, quantidades, receita, clientes ano/mês 1 Dados Produto A Produto B Total Fonte: Padoveze, 2010 p. 537 Orçamento de Qt Qt real – per. anterior Aumento previsto Quantidade orçada Unid. Unid. 30.000 10% 33.000 12.000 8% 12.960 42.000 45.960 Orçamento de Preços Preço venda atual bruto Estimativa de reaj. No período Preço venda orçado $ $ 20,00 4% 20,80 30,00 5% 31,50 Orçamento de Vendas Receita operacional bruta (-) Impostos sobre vendas Receita operacional líquida $ $ $ 686.400 (171.600) 514.800 408.240 (102.060) 306.180 1.094.640 (273.660) 820.980 Orçamento de Clientes Prazo médio de recebimento Saldo final de duplicatas rec. (-) Prov. para créd. incobráveis Saldo final dup. rec. líquido Dias $ $ $ 25 47.667 (953) 46.713 65 73.710 (1.474) 72.236 121.377 (2.428) 118.949 9 b. Orçamento de produção: esse orçamento decorre do orçamento de vendas, trata-se de um orçamento quantitativo não havendo necessidade de apresentar este orçamento em valores. Deste orçamento decorrerão os orçamentos de consumo e compra de materiais diretos e indiretos, sendo também base para os orçamentos de capacidade e logística. Quadro 3 – Orçamento de produção – quantidades Fonte: Padoveze, 2010 p. 560. c. Orçamento de compras de materiais e estoques: apósa definição do volume de venda e produção, temos agora a necessidade de analisar o volume de compras de materiais que serão necessários para a produção das mercadorias que serão vendidas; d. Orçamento de despesas departamentais. dentro das despesas departamentais incluem-se também as despesas de cada setor, como consumo de materiais indiretos pelo centro de custo, despesas com mão de obra direta e indireta, gastos gerais do centro de custo e depreciações do centro de custo. Algumas despesas são de consumo comum, por exemplo, o gasto com conservação e limpeza dos edifícios da empresa. Para esses gastos comuns muitas vezes de imediato você já pensou no rateio, porém esse método não é recomendado sob o conceito accountability, pois entendemos que as despesas devem ser orçadas nos centros de custos de cada departamento; e. Outros orçamentos: podemos citar também outros orçamentos como orçamento de despesas gerais; orçamento de impostos a recolher; orçamento de consumo de materiais; orçamento de estoques de produtos acabados e custo dos produtos vendidos, entre outros. Dados . Prod. A Prod. B Total Estoque inicial prod. acabados Vendas orçadas Estoque final política estocagem Estoque final – Orçado Produção orçada Unid. Unid. Dias Unid. Unid. 2.000 33.000 35 3208 34.208 1.500 12.960 35 1.260 12.720 3.500 45.960 4.468 46.928 10 3.2 Orçamento de investimentos Nesse orçamento, serão efetuadas, por exemplo, as projeções de aquisição de imobilizados e investimentos, o orçamento das despesas financeiras e também o orçamento de financiamento e amortizações. Esse orçamento está ligado às necessidades de investimentos em ativos permanentes, a fundos para prover necessidades de aumento de capital de giro, programas de propaganda, introdução de novas tecnologias, fusões, entre outras. Quadro 4 – Orçamento de investimentos e financiamentos Ano/Mês 1 Total Orçamento de Capital Investimentos em imobilizados 50.000 Outros investimentos 0 Total 50.000 Orçamento de Financiamentos Financiamentos 20.000 Debêntures 0 Capital social 0 Total 20.000 Fonte: Padoveze, 2010, p. 560. Saiba mais O link a seguir dá acesso ao Portal de Transparência da Petrobrás, em que você póde para conhecer as informações do orçamento de investimento realizado pela Petrobrás: PETROBRAS. Orçamento de investimento. Portal de Transparência, S.d. Disponível em: <https://transparencia.petrobras.com.br/despesas/orcamento- investimento>. Acesso em: 26 maio 2021. 3.3 Exercício 3 Uma empresa vende dois produtos principais, A e B, e peças para reposição do produto A. Com os dados do Qaudro 5, elabore um orçamento de vendas para o próximo ano, apurando o total da receita bruta e da receita líquida. Em relação às peças de reposição, elas são vendidas apenas no mercado interno, 11 com a mesma tributação, e as vendas representam em média 10% das vendas do produto A no mercado interno (Padoveze, 2010, p. 565). Quadro 5 – Dados para o Exercício 3 Produto A Produto B Vendas totais previstas 1.600 unidades 500 unidades Mercado interno 65% 90% Mercado externo 35% 10% Preço de venda – sem impostos Mercado interno $22.500 $65.000 Mercado externo $18.000 $55.250 Impostos sobre vendas Mercado interno 30% 30% Mercado externo – – Fonte: Padoveze, 2010, p. 565. TEMA 4 – PROJEÇÕES DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS Essa fase é aquela em que todas as peças orçamentárias são reunidas dentro do balanço e da demonstração do resultado. Os demonstrativos contábeis a serem projetados são os seguintes: Demonstração do Resultado, Balanço Patrimonial, Fluxo de Caixa, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Dentro dessas projeções contábeis, é necessário incorporar dados adicionais que não tenham sido contemplados em nenhuma das peças orçamentárias anteriormente, por exemplo, Previsão de Equivalência Patrimonial, Receitas Financeiras dos Excedentes de Caixa/Aplicações Financeiras, entre outros. 4.1 Exemplo de projeção de demonstrações contábeis Quadro 6 – Exemplo de projeção de demonstrações contábeis Dados Reais/Atuais Coluna 1 Balanço Inicial Ativo Passivo 12 Caixa/Aplic. 20.000 Dup.Receber 80.000 Estoques - MP 50.000 - Prod. Acab. 63.000 Imobilizado - Valor original 600.000 - Dep. Acum. (120.000) Total 693.000 Dup. Pagar 40.000 Salário e CP 8.000 Imp. recolher 5.000 Financiamentos 0 PL - Capital social 600.000 - Lucros acum. 40.000 - Luro do Per. – Total 693.000 Fonte: Padoveze, 2010, p. 578. Levando em conta a simplificação do exemplo, adotou-se a taxa de 8% para fins de cálculo da receita financeira apenas sobre o saldo inicial de caixa e aplicações e uma taxa única de 35% de impostos sobre o lucro, considerando que foram pagos dentro do próprio período Saiba mais Até grandes empresas precisam muitas vezes alterar suas projeções devido a acontecimentos não previstos, como foi o caso da pandemia do Corona Vírus. Acesse o link a seguir e leia a notícia sobre a redução da projeção da Petrobrás para 2020 em investimentos: SAMORA, R. Petrobrás reduz em 10% previsão de investimentos; produção para 2020 decepciona. Uol, 28 nov. 2019. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2019/11/28/petrobras-reduz- Dados projetados a partir dos orçamentos Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 DRE Balanço Final Fluxo de Caixa Rec.Op.Bruta 1.094.640 (-) Imp. Venda (273.660) Rec. Op. Liq. 820.980 (-) CPV 741.796 Cons.Mat. 655.915 Custos Fabr. 40.000 Dep. Ind. 55.000 (+) EI. PA 63.000 (-) EF PA (72.119) Total 741.796 Lucro Bruto (-) Desp. Op. 79.184 Comerciais 35.000 Administrativas 15.000 Depreciações 5.000 Lucro operacional 24.184 (-) Desp. financ. (1.000) (+) Rec. financ. 1.600 Lucro antes imp. 24.784 (-) Imp. s/lucro (8.675) Lucro líq. do per. 16.110 Caixa/Aplic. 16.034 Dup.Receber 118.949 Estoques - Materiais 54.660 - Prod. Acab. 72.119 Imobilizado - Valor original 650.000 - Dep. acum. (180.000) Total 731.762 Dup. pagar 47.708 Salário e CP 3.750 Imp. recolher 4.194 Financiamentos 20.000 PL Capital social 600.000 Lucros acum. 40.000 Lucro do per. 16.110 Total 731.762 Ativ.Op. Receb. Vendas 1.055.691 (-) Pag. Fornec. (851.038) (-) Sal. e Desp. (94.250) (-) Rec. Imp. (76.294) (-) Imp.lucro (8.675) Saldo operac. 25.434 Ativ. Invest. Aquis. imob. (50.000) Ativ. Financ. Novos emprest. 20.000 Juros pagos (1.000) Rec. financ. 1.600 Saldo 20..600 Saldo Per. Caixa/Aplic. - Saldo inicial 20.000 - Saldo final 16.034 13 previsao-de-investimentos-em-5-anos-para-us757-bi.htm>. Acesso em: 26 maio 2021. TEMA 5 – ANÁLISE FINANCEIRA DAS PROJEÇÕES Para concluir esse processo, é necessário efetuar o processo com a análise financeira das projeções, a qual, por sua vez, compreende a análise do balanço patrimonial, análise da margem de segurança, análise da geração de lucros, análise de retorno do investimento, análise da criação de valor da empresa, análise da variação do risco empresarial, análise do valor da empresa. A análise financeira das projeções relaciona-se com os demonstrativos contábeis básicos, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado.Assim voltamos à origem da contabilidade como ciência e sistema de informação. Os princípios fundamentais da projeção dos demonstrativos contábeis são: balanço patrimonial; demonstração de resultados do período orçamento (projetado); balanço final após a demonstração de resultados e o fluxo de caixa como consequência (diferença) dos três itens anteriores; Vamos analisar um exemplo de projeção a ser feita, utilizando os dados do Quadro 2 desta aula para a conta de patrimonial Contas a receber, que está relacionada na Demonstração do resultado juntamente com a Receita operacional bruta. Quadro 7 – Exemplo de projeção – Contas a receber Informação 1 – Dado do Balanço Inicial ........................................................80.000 (1) Informação 2 – Dado da DR do item relacionado.........................................1.094.640 (2) Informação 3 – Dado do Balanço Patrimonial final..........................................118.949 (3) Informação 4 – Efeito no fluxo de caixa = Recebimento de vendas................1.055.691 Fonte: Padoveze, 2010, p. 573-574. Legenda: 1. Obtido no início do período 2. Obtido no orçamento de vendas – Receita Operacional Bruta – Quadro 2 3. Obtido pelo prazo médio do recebimento orçado, constante do Orçamento de vendas – Saldo de contas a receber – Quadro 2. 5.1 Exercício 4 Utilizando-se dos dados a seguir, elabore a projeção da demonstração do resultado e o balanço final (Padoveze, 2010, p. 579). 14 Quadro 8 – Balanço Balanço Inicial Ativo Circulante $ Passivo Circulante $ Caixa Bancos - Duplicatas a pagar 1.700.000 Duplicatas a receber 4.833.000 Impostos a recolher 100.000 Estoque de materiais 2.167.000 Impostos sobre o lucro - Ex.: LP – Emprest. 15.000.000 Permanente Patrimônio líquido Equipamentos 25.000.000 Capital Social 15.200.000 Total 32.000.000 Total 32.000.000 Quadro 9 – Orçamentos anuais e outros dados do exercício Orçamentos anuais $ Outros dados Rec. op. bruta Aquis. de equip. novos $ 4.300.000; Rec. op. liq 67.832.500 Restam apenas 25% de imp. a pagar Consumo de materiais 19.070.571 Restam 50% de emp. a pagar + principal; Compras brutas 26.106.600 Lucro total retido na empresa Compras líq. imp. 20.082.000 Prazo médio de recolhimento dos impostos 30 dias; Desp. gerais/fabric. 26.500.000 Dup. rec. equivale a 35 dias da venda Depreciação ind. 4.000.000 Dup. pag. equivale a 28 dias da compra Desp.com vendas 9.000.000 O saldo final do caixa será obtido por diferença. Desp. Adm. 3.200.000 Não há necessidade de projetar rec. Financ. Desp. financeiras 12% ao ano Impostos sobre o lucro 40% s/LO 15 REFERÊNCIAS GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade aplicável a todas as sociedades. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. IUDICÍBUS, S. de. Contabilidade gerencial: da teoria à prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2020. PADOVEZE, C. L. Controladoria avançada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. _____. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 16 GABARITO Solução exercício 1 O orçamento é um sistema de gestão operacional a curto prazo em um período de no máximo um ano, durante o qual as metas relacionadas no planejamento estratégico viram ações, funcionando como uma ferramenta de informações preditivas. Podemos citar como principais objetivos dos orçamentos: a definição de quanto cada departamento poderá gastar no próximo período. Dessa forma, o sistema de controle fica minimizado; a empresa pode aproveitar para comunicar e coordenar os objetivos e metas da empresa com todos os seus colaboradores; o orçamento pode ser utilizado como um sistema de avaliação de desempenho dos gestores; pode funcionar como um instrumento motivacional, pois permite certo grau de liberdade a seus gestores; pode ser utilizado como fonte de informação para tomada de decisões; Solução exercício 2 Resposta: 3,4,1,2 (Padoveze, 2010, p. 565). Solução do exercício 3 Mercado interno Mercado externo Total geral QT $Unit Total QT $Unit Total QT Valor Prod. A Prod. B Rec. liq. 1.040 450 1.490 22.500 65.000 23.400.000 29.250.000 52.650.000 560 50 610 18.000 55.250 10.080.000 2.762.500 12.842.500 1.600 500 2.100 33.480.000 32.012.500 65.492.500 Imp.vend Rec. brut 30% 15.795 68.445 0% 0 12.842.500 15.795.000 81.287.500 Fonte: Padoveze, 2010, p. 565. Solução do exercício 4 Quadro – Demonstração de resultados Receita operacional bruta 84.329.500 Impostos sobre vendas (16.497.000) Receita operacional líquida 67.832.500 Custo dos produtos vendidos (49.570.571) Consumo de materiais (19.070.571) Despesas gerais de fabricação (26.500.000) Depreciações industriais (4.000,00) Lucro bruto 18.261.929 Despesas operacionais com vendas (9.000.000) 17 Administrativas (3.200.000) Lucro operacional 6.061.929 Despesas financeiras (1) (1.800.000) Lucro antes do imposto renda 4.261.929 Imposto de renda – 40% (1.704.772) Lucro depois do imposto de renda 2.557.157 Quadro – Balanço Patrimonial – Cálculos Dup. a Receber Valor Dias % Saldo Receita operacional bruta Duplicatas a pagar Compras brutas Impostos a recolher Imposto sobre as vendas Impostos sobre as compras (2) Líquido a recolher (2) Compras brutas – compras líquidas Estoque de materiais Estoque inicial (+) Compras líquidas (–) Consumo = Estoque final Impostos sobre o lucro Juros a pagar Equipamentos adquiridos – à vista 84.329.500 26.106.600 16.497.000 (6.024.600) 10.472.400 1.704.772 1.800.000 35 28 30 25% 50% 8.198.701 2.030.513 872.700 426.193 900.000 4.300.000 Quadro – Planejamento orçamentário Ativo Inicial Final Caixa/Bancos (por diferença) Duplicatas a receber Estoque de materiais Equipamentos Total Passivo Dup. a pagar Impostos a recolher Impostos sobre o lucro Emp. Capital social Lucros acumulados Total 0 4.833.000 2.167.000 25.000.000 32.000.000 1.700.000 100.000 0 15.000.000 15.200.000 0 32.000.000 309.433 8.198.701 3.178.429 25.300.000 36.986.564 2.030.513 872.700 426.193 15.900.000 15.200.000 2.557.157 36.986.564 (1) Empréstimos 15.000.000 x Juros de 12% 12% = Juros 1.800.000