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Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 1 PMSUS – Oficina 02 ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO 01) CONHECER A TAXA DE MORTALIDADE E OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA ESSA NO BRASIL; Taxa bruta de mortalidade: número total de óbitos, por mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Interpretação: • Expressa a intensidade com a qual a mortalidade atua sobre uma determinada população. • A taxa bruta de mortalidade é influenciada pela estrutura da população quanto à idade e ao sexo. • Taxas elevadas podem estar associadas a baixas condições socioeconômicas ou refletir elevada proporção de pessoas idosas na população total. • As taxas brutas de mortalidade padronizadas permitem a comparação temporal e entre regiões. Usos: • Analisar variações geográficas e temporais da mortalidade. • Possibilitar o cálculo do crescimento vegetativo ou natural da população, subtraindo-se, da taxa bruta de natalidade, a taxa bruta de mortalidade. • Contribuir para estimar o componente migratório da variação demográfica, correlacionando-se o crescimento vegetativo com o crescimento total da população. Limitações: • O uso de dados de mortalidade derivados de sistemas de registro contínuo está condicionado a correções, devido à subenumeração de óbitos, frequente em áreas menos desenvolvidas. • Possíveis flutuações na enumeração de óbitos, sobretudo em áreas com número reduzido de eventos, recomendam o uso de médias trienais. • A base de dados demográficos utilizada para o cálculo do indicador pode apresentar imprecisões inerentes à coleta de dados ou à metodologia empregada para elaborar estimativas populacionais. • As projeções demográficas perdem precisão à medida que se distanciam dos anos de partida das projeções. • Como a taxa é fortemente influenciada pela estrutura etária da população, a análise comparada entre populações de composição distinta exige padronização das estruturas etárias. As taxas padronizadas devem ser utilizadas apenas para análises comparativas. Do total de óbitos ocorridos no Brasil em 2016, 57% corresponderam às dez principais causas de morte. As duas causas de morte mais frequentes foram: a doença cardíaca isquêmica (DCI), seguida pelo acidente cérebro vascular (ACV). Nesse grupo, apareceu uma doença transmissível (infecções respiratórias baixas) e duas causas externas: agressões e ATT no sexto e oitavo lugar, respectivamente. O restante correspondeu a doenças não transmissíveis. Das dez principais causas de morte em âmbito mundial, em 2016, oito apareceram no ranking do Brasil, ficando de fora as doenças diarreicas e a tuberculose. 02) COMPREENDER A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA; A representação gráfica da distribuição da população segundo idade e sexo, ou seja, a pirâmide populacional, em intervalo de tempo de 50 anos, dá a visão dessa grande modificação. A uma pirâmide de forma piramidal, com base larga, paredes inclinadas e ápice pontiagudo, segue-se outra com forma que caminha a passos largos para o que se convencionou chamar de “barril” ou “bala de canhão”. A essas mudanças dá-se o nome de transição demográfica, que significa a passagem de um regime demográfico de alta natalidade e alta mortalidade para outro, com baixa natalidade e baixa mortalidade. De maneira esquemática, pode-se dividir os países, quanto à sua transição demográfica, em três tipos: os de iniciação precoce da transição; os de iniciação tardia e aqueles que ainda não iniciaram a sua transição. No primeiro grupo estão, por exemplo, os países europeus ocidentais, que fizeram a sua transição há séculos. No segundo grupo estão os países da América Latina e Caribe, que iniciaram esse processo há cerca de 50 anos. E, finalmente, os países africanos, que ainda não iniciaram seu processo de transição demográfica, ou seja, ainda têm uma estrutura jovem de população. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 2 03) COMPREENDER A TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA; Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. O processo engloba três mudanças básicas: substituição das doenças transmissíveis por doenças não-transmissíveis e causas externas; deslocamento da carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos; e transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. A definição da transição epidemiológica deve, assim, ser considerada componente de um conceito mais amplo apresentado por Lerner (1973) como transição da saúde, que inclui elementos das concepções e comportamentos sociais, correspondentes aos aspectos básicos da saúde nas populações humanas. A situação epidemiológica brasileira distancia-se da transição epidemiológica clássica omramiana, observada nos países desenvolvidos. Ela se define por alguns atributos fundamentais: a superposição de etapas, com a persistência concomitante das doenças infecciosas e carenciais e das condições crônicas; as contra-transições, movimentos de ressurgimento de doenças que se acreditavam superadas, as reemergências de doenças com o a dengue e febre amarela; a transição prolongada, a falta de resolução da transição num sentido definitivo; a polarização epidemiológica, representada pela agudização das desigualdades sociais em matéria de saúde; e o surgimento das novas doenças ou enfermidades emergentes. Essa complexa situação tem sido definida, recentemente, como tripla carga de doenças porque envolve, ao mesmo tempo: um a agenda não concluída de infecções, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus fatores de riscos, como o tabagismo, o sobrepeso e a obesidade, a inatividade física, o estresse e a alimentação inadequada; e o forte crescimento da violência e das causas externas. Essa situação de saúde de tripla carga de doença, com predomínio das condições crônicas não pode ser enfrentada com sucesso por sistemas de atenção à saúde fragmentados e voltados para a atenção às condições agudas. 04) ESTUDAR OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA; O Envelhecimento Populacional tem estreita ligação com os processos de Transição Demográfica e de Transição Epidemiológica. Com a mudança do comportamento demográfico da população, com a variação dos níveis de natalidade e de mortalidade além dos movimentos migratórios, a população modifica a participação dos três grupos etários, tornando-se mais envelhecida ou jovem. O cenário atual observado no Brasil é de redução do grupo das crianças, em virtude da queda acentuada da fecundidade e do progressivo aumento do grupo dos idosos, com a elevação da expectativa de vida, fruto da melhoria das condições sociais e econômicas. A Transição Demográfica contribui para o Envelhecimento Populacional e estes dois processos são associados à Transição Epidemiológica, que consiste na mudança do perfil de mortalidade, que passa de uma situação onde as principais causas de mortes são as doenças infecciosas e parasitárias, características de locais com baixos níveis de desenvolvimento econômico e social, para uma nova fase, em que as doenças típicas da velhice começam a ocupar uma posição cada vez mais intensa entre as enfermidades mais comuns. A Transição Demográfica pode ser considerada o pano de fundo para as principais modificações e processos relacionados à população, dentre os quais está o Envelhecimento Populacional. Com a mudança do comportamento demográfico observado ao longo do tempo, os níveisde fecundidade são reduzidos levando a queda dos nascimentos o que provoca uma nova Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 3 distribuição dos três grupos etários (0 a 14 anos, 15 a 59 anos e 60 anos ou mais). A queda da fecundidade (desempenho reprodutivo efetivo de uma mulher) é acompanhada pela redução dos níveis de mortalidade que a princípio se concentra nas primeiras idades contribuindo para que um número maior de pessoas tenha condições de chegar ao grupo dos idosos. Há assim, uma participação de pessoas com mais de 60 anos que se amplia e uma redução do peso do grupo das crianças, ocasionando o envelhecimento da população. Com a estabilização do crescimento da população resultante da queda do número de nascimentos, ocorre o aumento relativo e sustentado da participação dos idosos na população total. O grupo etário jovem (0 a 14 anos) perde importância relativa, enquanto o grupo dos idosos (60 anos ou mais) ganha peso no total da população tornando-se mais envelhecida. Com o envelhecimento, as principais doenças que acometem a população e que levam a morte se modificam, saímos de um quadro em que predominavam as doenças infecciosas e parasitárias que atingiam em sua maioria os mais jovens e passamos a um cenário em que as doenças crônicas e degenerativas assumem um peso maior. As doenças crônicas e degenerativas exigem uma alteração completa da rede de assistência à saúde. É uma realidade nova, são doenças que necessitam de ações preventivas e de acompanhamento constante. A rede de assistência médica do Brasil ainda muito pautada em ações curativas terá que adaptar-se para o atendimento de um contingente maior de idosos portadores de enfermidades que não são solucionadas com a aplicação de uma vacina ou com a ingestão de um medicamento. As doenças típicas do envelhecimento já são as principais responsáveis pela maior parte das mortes observadas no Brasil e apresentam uma evolução ao longo dos tempos. Prata (1992) caracteriza o período de mudança do perfil de causas de mortes como sendo a passagem da mortalidade elevada, causada principalmente por doenças infecciosas para mortalidade baixa, na qual as doenças decorrentes do processo degenerativo do organismo e as causas externas passam a ocupar o topo do ranking de causas de mortalidade. Nas últimas décadas, a expectativa de vida no Brasil vem apresentando ganhos expressivos, porém ainda podemos observar um grande percentual de mortes concentradas entre o grupo dos idosos que poderiam ser evitadas através do desenvolvimento de políticas preventivas ao longo da vida. O incentivo de hábitos de vida saudáveis, por exemplo, pode colaborar para a redução de uma série de doenças que acometem os idosos. O novo comportamento demográfico do Brasil com a redução dos nascimentos e queda do número de mortes provoca o envelhecimento progressivo da população. No envelhecimento populacional no Brasil é a fecundidade que tem um peso maior, sendo a queda dos nascimentos a principal responsável por uma nova distribuição dos grupos etários, reduzindo o peso do grupo das crianças e ampliando a participação do grupo dos idosos. 05) DESCREVER AS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS MAIS PREVALENTES, EPIDEMIOLOGIA E MONITORAMENTO; O Brasil vem sendo marcado, nas últimas décadas, por uma transição demográfica acelerada, que resulta da redução abrupta da taxa de fecundidade e de elevados índices de envelhecimento populacional. Por sua vez, a transição epidemiológica observada no País é marcada, entre outros aspectos, pelo desafio das doenças crônicas e de seus fatores de risco, além de forte crescimento das causas externas de morbimortalidade. As DCNT constituem o grupo de doenças de maior magnitude no mundo, atingindo, especialmente, as populações mais vulneráveis, como as de média e baixa renda e escolaridade, devido à maior exposição aos fatores de risco ou ao acesso restrito às informações e aos serviços de saúde. No Brasil, em 2019, as doenças do aparelho circulatório (que fazem parte do grupo das DCNT) ocuparam o primeiro lugar em número de óbitos por capítulos da CID-10. Nas faixas etárias acima de 50 anos, as principais causas de óbito, em 2019, foram as doenças do aparelho circulatório, as neoplasias malignas e as doenças do aparelho respiratório. As DCNT são responsáveis pela maior carga de morbimortalidade no mundo, acarretando perda de qualidade de vida, limitações, incapacidades, além de alta taxa de mortalidade prematura. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 4 Em 2019, foram registrados 738.371 óbitos por DCNT no Brasil. Destes, 41,8% (n=308.511) ocorreram prematuramente, ou seja, entre 30 e 69 anos de idade, perfazendo uma taxa padronizada de mortalidade de 275,5 óbitos prematuros a cada 100 mil habitantes. Observa-se, no período de 2000 a 2019, redução na contribuição de óbitos prematuros no total de óbitos por DCNT, de 47,4% em 2000 para 41,8% em 2019. Entretanto, esse percentual ainda é elevado. Ressalta- se, assim, que os mesmos fatores que podem impactar na redução da mortalidade prematura por essas causas também beneficiam pessoas com idade acima dos 70 anos, uma vez que as principais causas de morte e limitações na faixa etária de 30 a 69 anos são similares àquelas que acometem indivíduos em idades mais avançadas. → Hipertensão Arterial Sistêmica A Hipertensão Arterial (HA) pode ser definida como a elevação intermitente ou sustentada da pressão arterial sistólica superior a 140 mmHg ou mais, ou pressão diastólica maior que 90 mmHg. Sua prevalência no Brasil varia entre 22,3% e 43,9%, para adultos, apresentando média de 32,5%. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). A medida da hipertensão arterial de um indivíduo é definida com base na média de duas ou mais mensurações dos valores de sua pressão arterial verificados em um ou mais encontros deste com o profissional da saúde depois de uma triagem inicial. A pressão arterial pode ser visualizada como um sinal, como um fator de risco para a doença cardiovascular aterosclerótica, ou como uma doença. Como um sinal porque ela monitora o estado clínico de uma pessoa e pode, por exemplo, indicar o uso excessivo de um medicamento vasoconstritor. É visualizada como fator de risco quando ela demonstra que ocorre um acúmulo acelerado de placa aterosclerótica na íntima das artérias. E quando é vista como doença é porque tem papel decisivo na morte por doença cardíaca, renal e vascular periférica. Após a confirmação diagnóstica da hipertensão, é necessário fazer uma estratificação de risco que levará em conta os valores pressóricos, a presença de lesões em órgãos-alvo dessa enfermidade e o risco cardiovascular estimado. Existe, com base nestes aspectos, a classificação em três graus distintos, chamada de classificação do risco cardiovascular global individual das pessoas em função do escore de risco de Framingham e da presença de lesão em órgãos–alvo. Seguindo tal classificação, você poderá verificar que existem duas abordagens terapêuticas para a hipertensão arterial: o tratamento que tem por base mudanças nos hábitos de vida (incentivo às atividades físicas, alimentação saudável, perda de peso, dentre outras ações) e o tratamento medicamentoso. O cuidado realizado pela equipe deve enfocar, sobretudo, a mudança nos hábitos de vida do indivíduo, identificando as necessidades e pactuando ações no processo de coparticipação no cuidado. A interação entre o médico e o indivíduo com Hipertensão Arterial e a sua família é o ponto-chave para que o plano terapêutico seja seguido. Pode parecer irracional um plano terapêutico que modifique hábitos de vida, especialmente quando não estão presentes sinais e sintomas ou quando aparecem os efeitoscolaterais dos medicamentos. Assim, o profissional de saúde deve encorajar permanentemente estas pessoas a manterem o tratamento e estabelecer em conjunto um plano aceitável de metas que as ajudem a conviver com a hipertensão arterial. → Diabetes Mellitus O Diabetes mellitus (DM) faz parte de um grupo denomidado de doenças metabólicas, cujo nível elevado e sustentado de glicose sérica é decorrente de defeitos na secreção ou ação da insulina. O DM pode diferir quanto à causa, evolução clínica e tratamento. O número de pessoas com DM no mundo, em 1985, era de cerca de 30 milhões, passando para 135 milhões em 1995 e 240 milhões em 2005, com potencial de atingir 366 milhões em 2030, dos quais, dois terços habitarão os países em desenvolvimento (WILD, 2004); No Brasil, em 2014 a frequência média entre as capitais do diagnóstico médico prévio de diabetes foi de 8,0%, sendo de 7,3% entre homens e de 8,7% entre mulheres. Em ambos os sexos, a doença é mais presente com o avanço da idade, em especial após os 45 anos. Cerca de 25% dos indivíduos com 65 ou mais anos de idade referiram diagnóstico médico de diabetes. (24,4%). A hiperglicemia está associada a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, principalmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode ser resultado de problemas na secreção ou na ação da insulina, que envolvem destruição das células beta do pâncreas, resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção de insulina, dentre outros. Pode ser classificado em diabetes do tipo 1 (antigamente denominado de Diabetes mellitus insulinodependente); diabetes do tipo 2 (antigamente denominado de Diabetes mellitus não insulino- dependente); diabetes gestacional; e diabetes mellitus associado a outras condições ou síndromes (problemas Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 5 hormonais ou genéticos), determinadas drogas ou substâncias químicas. A principal meta do tratamento de DM é normalizar a atividade da insulina e dos níveis de glicose para reduzir o aparecimento de complicações vasculares e neuropáticas. Para conseguir níveis de glicemia normais (euglicemia) sem causar episódios de hipoglicemia, é preciso observar cinco componentes: acompanhamento nutricional, atividade física regular, monitoração glicêmica, terapia farmacológica e educação em saúde. Consideremos que a educação em saúde é imprescindível para que as intervenções da equipe de saúde alcancem as metas propostas. O monitoramento dos níveis de glicemia é fundamental para o controle de DM, já que permite o ajuste do regime de tratamento e o controle dos níveis de glicose sanguínea, detecta e previne a hipoglicemia e hiperglicemia reduzindo o aparecimento das complicações em longo prazo. O alvo no manejo do DM tipo 2 é eliminar sintomas agudos, reduzir morbidade e mortalidade da doença macrovascular e prevenir ou diminuir doença microvascular; → Doença renal crônica Segundo a Sociedade Brasileira de nefrologia, estima- se que, no Brasil, 10 milhões de indivíduos tenham algum grau de DRC. Conforme o Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia, existem mais de 90 mil brasileiros em diálise (90% hemodiálise), o que significa um aumento de mais de 100% na última década. Dados sugerem que a prevalência de 50/100.000 no Brasil de DRC é subestimada, principalmente quando confrontada à realidade de outros países. O mesmo documento aponta como causas da DRC - 35,2% para hipertensão; 27,5% para diabetes; 12,6% para glomerulonefrites; 4,2% para doença renal policística; 20,5% para outros diagnósticos. É importante realizar o rastreamento para identificar a DRC. Para o diagnóstico, é utilizada a dosagem de creatinina no sangue e a pesquisa de proteína no exame de urina, utilizando-se a dosagem da creatinina e, através de fórmulas pré-estabelecidas, estima-se o ritmo da filtração glomerular. Por definição, é portador de DRC qualquer adulto com idade ≥18 anos que, por um período três meses, apresentar filtração glomerular 60mL/ min/1,73m2, mas com alguma evidência de lesão da estrutura renal (anormalidade urinária como, por exemplo, hematúria glomerular ou microalbuminúria/proteinúria ou uma alteração em exame de imagem renal como cálculo, cisto, etc.). → Doença pulmonar obstrutiva crônica A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma das principais causas de hospitalização e óbito e está entre as 20 doenças mais comuns na prática do médico que atua na atenção básica. Na sua área de abrangência, devem existir alguns casos de DPOC, sobretudo nos indivíduos fumantes. A história clínica da DPOC se caracteriza pelos seguintes sintomas: (1) Tosse crônica; (2) Aumento da produção de escarro; e (3) Dispneia. Os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento de DPOC são: tabagismo (mesmo que passivo), produtos químicos ou fumaça doméstica, automobilística e industrial. Avaliação e acompanhamento do indivíduo com diagnóstico da DPOC: consiste na avaliação clínica, exposição a fatores de risco, sintomas atuais, padrão de exacerbações, comorbidades, impacto na vida do indivíduo, suporte familiar e social e possibilidade de redução dos fatores de risco; Redução dos fatores de risco: aconselhamento do abandono do tabaco com suporte para auxiliar o usuário a cessar tabagismo (atividade de grupo, medicações). 06) ELUCIDAR O PROCESSO DE RASTREAMENTO DAS DOENÇAS CRÔNICAS MAIS PREVALENTES; O cuidado com a vida humana revela significados, comportamentos e expressões de acordo com a cultura e o momento histórico e social vivido. Assim, há de se problematizar eventos, fatos, transformações que ocorreram com a passagem dos anos e recapturar a noção de que o diálogo entre o profissional, o usuário e a família é essencial para a incorporação de novas práticas, saberes e tecnologias. Sem perder de vista que os profissionais são responsáveis pela condução da relação dialógica entre eles e o usuário dos seus serviços, ambos desenvolvem potenciais e habilidades com a aceitação da ambiguidade, da discrepância entre as situações e o uso de tecnologias. O serviço de saúde usa a tecnologia quando alia vários conhecimentos científicos com o objetivo de encontrar a solução para um problema ou situação vivida na prática, isto ocorre no encontro entre ele, o usuário e sua família. Diante dessas observações, é possível reconhecer que o cuidado às pessoas com doenças crônicas exige do profissional mais do que conhecimentos sobre os aspectos biomédicos, exige também compreensão sobre como a doença crônica afeta a vida das pessoas, de suas famílias e das comunidades. Nessa perspectiva, a relação dialógica entre profissionais da saúde e pessoas com doenças crônicas, na qual ambos, Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 6 contínua e dinamicamente, compartilham o momento vivido, torna-se uma referência. A hipertensão arterial e o Diabetes mellitus constituem-se nos principais fatores de risco para as doenças do aparelho circulatório. As complicações mais frequentes decorrentes destes agravos são: o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a insuficiência renal crônica, a insuficiência cardíaca, as amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, os abortos e as mortes perinatais. Com o propósito de identificar precocemente os casos, o Ministério da Saúde brasileiro criou mecanismos para acompanhar e controlar a hipertensão arterial e o Diabetes mellitus no âmbito da atenção básica e, desta forma, reduzir o número de internações hospitalares e a mortalidade em decorrência destes agravos. Neste sentido, assumiu o compromisso de executar ações em parceria com estados e municípios; com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Hipertensão, Nefrologia e Diabetes; comas Federações Nacionais de Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes e; com o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) para apoiar a reorganização da rede de saúde, para a melhoria da atenção às pessoas com estes agravos, por meio do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes mellitus. Em relação à Saúde do Adulto, preconizam-se atualmente as seguintes recomendações: → Hipertensão Arterial Sistêmica: O rastreamento da HAS, por meio da aferição da pressão arterial, em indivíduos acima de 18 anos. → Dislipidemia: O rastreamento da dislipidemia, por meio da dosagem sérica dos níveis de colesterol, é recomendado para homens acima de 35 anos e mulheres acima de 45 anos. O intervalo de rastreamento ainda é incerto. Homens com fatores de risco como diabetes, uso de tabaco, obesidade, história familiar de doença arterial coronariana antes dos 50 anos ou história pessoal de aterosclerose devem ser rastreados para dislipidemia a partir dos 20 anos. → Diabetes mellitus (tipo II): Recomenda-se o rastreamento do Diabetes mellitus tipo II por meio da dosagem sérica de glicose em indivíduos com aumento dos níveis pressóricos acima de 135/80. → Neoplasia de cólon: O rastreamento da neoplasia de cólon é recomendado por meio da pesquisa de sangue oculto nas fezes, sigmoidoscopia ou colonoscopia, deve-se iniciar dos 50 anos até os 75 anos de idade. A frequência de rastreamento é anual para pesquisa de sangue oculto nas fezes, a cada 5 anos para sigmoidoscopia e a cada 10 anos para a colonoscopia. → Uso de tabaco: O rastreamento sobre o uso de tabaco é recomendado para os adultos e gestantes. Deve ser questionado o uso de tabaco em todo o encontro com estes usuários e eles devem ser encorajados a cessarem o tabagismo. → Abuso de álcool: É recomendado o rastreamento do uso abusivo de álcool e o aconselhamento sobre o abandono do uso nos encontros com a população adulta. Pode-se usar o questionário de CAGE, nomenclatura derivada das questões: Cut down, Annoyed by criticism, Guilty e Eye-opener, que é utilizado para rastreamento de transtornos de uso de álcool em pronto-socorro. 07) APRESENTAR AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS PARA O CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICAS NO ADULTO; O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030 representa o recorte estratégico da agenda nacional para os temas, atrelado aos indicadores e às metas que, se melhorados e alcançados, promoverão no País grande impacto na redução da morbimortalidade por DCNT e nas incapacidades e mortes ocasionadas pelos agravos. Eixo Prevenção de Doenças e Agravos à Saúde: • Desenvolver ações intersetoriais para ampliar a fluoretação das águas de abastecimento público garantindo-se continuidade e teores adequados de fluoreto, objetivando a prevenção da doença cárie dentária. • Disseminar boas práticas para a prevenção de DCNT e obesidade realizadas na Atenção Primária à Saúde. • Implementar estratégias de formação dos profissionais de saúde da APS para a detecção precoce de fatores de risco para as DCNT e a obesidade, bem como desenho de iniciativas para a redução individual e coletivados mesmos no território, envolvendo os ciclos de vida. • Estruturar ações de educação e comunicação relacionadas à alimentação adequada, às práticas corporais e atividade física, à prevenção do uso de tabaco e álcool e demais fatores de risco e à qualificação do cuidado das DNCT, por meio da oferta de: 1. Estratégias de tele-educação e teleconsultoria para atualização das equipes e apoio no uso de diretrizes clínicas/linhas de cuidado/protocolos. 2. Ações de qualificação profissional para uso de entrevista motivacional, planos de cuidados e autocuidados e de práticas corporais/mentais. Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 7 3. Ações de educação para pessoas com DCNT e familiares para a construção de modos de vida favoráveis à saúde e ao autocuidado apoiado. 4. Ações de promoção da segurança alimentar e nutricional, prevenção e cessação do uso do álcool e do tabaco e promoção das práticas corporais e atividade física em grupos em situação de vulnerabilidade e iniquidades em saúde, considerando e valorizando as especificidades culturais e regionais dos diferentes grupos e etnias. 08) COMPREENDER A CARGA GLOBAL DE DOENÇAS; Durante as últimas duas décadas, o cenário global da saúde passou por uma rápida transformação. As pessoas no mundo inteiro estão vivendo mais do que em qualquer outra época e a população está envelhecendo. O número de pessoas no mundo está crescendo. Muitos países fizeram um progresso notável na prevenção da morte de crianças. Como resultado, o fardo das doenças é cada vez mais definido pela invalidez ao invés da mortalidade prematura. As principais causas de morte e invalidez mudaram de doenças comunicáveis em crianças para doenças não comunicáveis em adultos. A alimentação em excesso superou a desnutrição como um fator de risco principal para doenças. Essas tendências globais divergem entre as regiões, e em nenhum outro lugar esse contraste é mais impressionante do que na África subsaariana. As doenças comunicáveis, maternas, nutricionais e em recém-nascidos continuam a dominar em toda a África subsaariana. A abordagem do Estudo de Carga de Doença Global (GBD) é um esforço sistemático e científico para quantificar a magnitude comparativa da perda de saúde decorrente de doenças, lesões e fatores de risco por idade, sexo e geografia para pontos específicos no tempo. O Estudo de Carga de Doença Global fornece dados detalhados sobre doenças, lesões e fatores de risco que são insumos essenciais para a formulação de políticas com base em envidências. Esse projeto colaborativo mostra que a saúde no mundo está passando por uma mudança rápida. A última iteração desse esforço, o Estudo de Carga de Doença Globals, Lesões, e Fatores de Risco 2010 (GBD 2010), foi publicado em The Lancet em dezembro de 2012. A intenção é criar um bem público global que será útil para informar o projeto de sistemas de saúde e a criação de uma política de saúde pública. Ele estima a morte prematura e invalidez devido a 291 doenças e lesões, 1.160 sequelas (consequências diretas de doença e lesão) e 67 fatores de risco para 20 faixas etárias e ambos os sexos em 1990, 2005 e 2010. O GBD 2010 produziu estimativas para 187 países e 21 regiões. No total, o estudo gerou quase 1 bilhão de estimativas de resultados de saúde. O GBD 2010 foi um esforço colaborativo entre 488 pesquisadores de 50 países e 303 instituições. O primeiro estudo do GBD foi publicado como parte do Relatório de Desenvolvimento Mundial de 1993. O estudo original gerou estimativas para 107 doenças, 483 sequelas (consequências de saúde não fatais), oito regiões e cinco faixas etárias. A inspiração dos autores para o estudo veio da percepção de que os formuladores de políticas não tem acesso a dados abrangentes e padronizados sobre doenças, lesões e fatores de risco possivelmente evitáveis para a tomada de decisões. Uma segunda fonte de inspiração foi o fato de que as estimativas dos defensores específicos de doenças do número de mortes causadas pelas doenças de interesse excedem muito o número total de mortes globais em qualquer ano. Os autores do GBD escolheram encontrar uma abordagem holísitica para analisar o fardo da doença para produzir estimativas seguras cientificamente que fossem protegidas da influência de defensores. O estudo GBD 1990 teve um profundo impacto na política de saúde, uma vez que ele expôs o fardo oculto da doença mental ao redor do mundo. Ele também evidenciou as áreas da saúdenegligenciadas, como a de morte prematura e invalidez causada por lesões por acidentes rodoviários. O trabalho desse estudo foi mencionado mais de 4.000 vezes desde 1993. O GBD fornece estimativas de alta qualidade de doenças e lesões que apresentam mais credibilidade do que as publicadas por defensores de doenças específicas. O GBD foi criado em parte devido à observação de pesquisadores que as mortes estimadas por diferentes estudos específicos sobre doenças acrescentavam mais de 100% do total de mortes quando resumidas. A abordagem do GBD garante que as mortes sejam contabilizadas apenas uma vez. Primeiro, o GBD contabiliza o número total de mortes em um ano. Depois, os pesquisadores trabalham para designar uma única causa para cada morte, usando uma variedade de métodos inovadores. Além de fornecer um cenário comparável e compreensível das causas de morte prematura e de invalidez, o GBD também calcula o fardo de doenças atribuível a diferentes fatores de risco. A abordagem do GBD vai além da predominância de fatores de risco, como o número de fumantes ou grandes consumidores de álcool em uma população. Com uma avaliação comparativa de risco, o GBD incorpora tanto a prevalência de um determinado fator de risco quanto o dano relativo causado por esse fator de risco. Ele Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 8 contabiliza a morte prematura e a invalidez atribuível à pressão arterial alta, uso de tabaco e de álcool, falta de exercícios, poluição do ar, má alimentação e outros fatores de risco que causam problemas de saúde. A concepção flexível do mecanismo do GBD permite atualizações regulares conforme novos dados são disponibilizados e estudos epidemiológicos são publicados. De forma semelhante à maneira como os formuladores de políticas utilizam os dados de produto interno bruto para monitorar a atividade econômica de um país, o GBD pode ser usado em nível nacional e global para a compreensão das tendências de saúde ao longo do tempo. A abordagem do GBD contém 18 componentes distintos. Os componentes do GBD são interligados. Por exemplo, quando novos dados são incorporados na análise de taxas de mortalidade específicas à idade, outros componentes dependentes também precisam ser atualizados, como o redimensionamento de mortes por cada causa, expectativa de vida saudável ou HALE, YLLs e estimativa de YLLs atribuíveis a cada fator de risco. Diversas estimativas que podem ser exploradas com o uso das ferramentas de visualização de dados do GBD: • As mudanças entre 1990 e 2010 nas principais causas de morte, morte prematura, invalidez e DALYs, bem como as mudanças na quantidade de saúde perdida atribuíveis a fatores de risco diferentes entre faixas etárias, sexos e locais. • Índices para 1990 e 2010 das principais causas de morte, morte prematura, invalidez, DALYs e perda de saúde atribuíveis a fatores de risco entre diferentes países e regiões, faixas etárias e sexos. • Mudanças nas tendências para 21 faixas de causa em 1990 e 2010 em diferentes regiões, sexos e indicadores da perda de saúde. • A porcentagem de mortes, mortes prematuras, invalidez ou DALYs em um país ou região causados por um número indeterminado de doenças e lesões para faixas etárias, sexos e períodos de tempo em particular. • A porcentagem de perda de saúde por país ou região atribuível a fatores de risco específicos por faixa etária, sexo e período de tempo. 09) DESCREVER O CONCEITO E O CÁLCULO DE DALY, HALE E QUALY. Anos de vida perdidos (YLLs): Anos de vida perdidos em decorrência de morte prematura. Após a produção de estimativas do número de mortes de cada um dos 235 resultados fatais incluídos na lista de causas de GBD, os pesquisadores calcularam os anos de vida perdidos por morte prematura ou YLLs. Para cada morte devido a uma causa particular, os pesquisadores estimaram o número de anos perdidos com base na expectativa de vida mais alta na faixa etária da pessoa falecida. Por exemplo, se um homen de 20 anos de idade morreu em um acidente de carro na África do Sul em 2010, ele tem 66 anos de vida perdidos, ou seja, a expectativa de vida restante mais alta em pessoas com 20 anos de idade, conforme apresentada por mulheres de 20 anos no Japão. Anos vividos com invalidez (YLDs): Anos de vida vividos com qualquer perda de saúde a curto ou a longo prazo. Os anos vividos com invalidez, ou YLDs, são calculados como prevalência de uma sequela multiplicada pelo peso da invalidez para aquela sequela. O número de anos vividos com invalidez para uma doença ou lesão específicas são calculados como a soma dos YLDs de cada sequela que surgiu daquela causa. O princípio mais importante no núcleo da abordagem do GBD é que todo mundo deveria ter uma vida longa e plenamente saudável. Como resultado, os pesquisadores do GBD procuram medir a lacuna entre esse ideal e a realidade. O cálculo dessa lacuna exige a estimativa de dois componentes diferentes: anos de vida perdidos em decorrência de morte prematura (YLLs) e anos vividos com invalidez (YLDs). Anos de vida ajustados à invalidez (DALYs): A soma dos anos perdidos em decorrência de morte prematura (YLLs) e anos vividos com invalidez (YLDs). DALYs também são definidos como anos de vida saudável perdidos. Para garantir que um sistema de saúde esteja adequadamente alinhado com os verdadeiros desafios de saúde de uma população, os formuladores de políticas devem poder comparar os efeitos de diferentes doenças que matam prematuramente as pessoas e causam falta de saúde. Os criadores originais do estudo sobre GBD desenvolveram uma única medição, os anos de vida ajustados à invalidez (DALYs), Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 Página | 9 para quantificar o número de anos de vida perdidos em resultado de morte prematura e de invalidez. Um DALY equivale a um ano de vida saudável perdido. O DALY será referido por sua sigla como anos de vida saudável perdidos e anos perdidos por morte prematura e invalidez, em toda essa publicação. Os tomadores de decisão podem utilizar os DALYs para avaliar rapidamente o impacto causado por condições como o câncer em comparação com a depressão, usando uma métrica comparável. Considerar o número de DALYs ao invés de causas de morte isoladas oferece um cenário mais preciso dos principais causadores de saúde precária. Devido ao uso dessa ferramenta de monitoramento da saúde pública, os pesquisadores do GBD 2010 descobriram que na maioria dos países, conforme a mortalidade é reduzida, a invalidez se torna cada vez mais importante. Informações sobre os padrões de mudança das doenças é uma contribuição fundamental para a tomada de decisões, uma vez que elas ilustram os desafios que os indivíduos e os profissionais de saúde estão enfrentando em diversos países. Os DALYs são uma ferramenta poderosa para a definição de prioridades, uma vez que eles mensuram o fardo da doença a partir de condições fatais e não fatais. Outra razão pela qual as maiores causas de DALYs diferem das principais causas de morte é que os DALYs têm mais peso na morte em idades jovens. Como outro exemplo, as lesões por acidentes rodoviários e a diarreia causam uma porcentagem maior de DALYs totais, pois os DALYs capturam tanto mortes prematuras quanto invalidez por essas causas. De forma contrária, o AVC constitui uma porcentagem muito maior do total de mortes do que os DALYs, uma vez que ele afeta principalmente pessoas idosas. o DALYs expressa a carga da doença, correspondendo à somatória dos anos de vida perdidos por mortalidade precoce (em relação a um padrão mundial) e dos anos vividos em condições de incapacidade ou deficiência, devido a doenças e lesões.O DALYs pode ser expresso em números absolutos ou por 100 mil habitantes,como se faz usualmente com os indicadores tradicionais de mortalidade. Ao ter a pretensão de ser um indicador panorâmico e amplamente abrangente dos problemas de saúde de um país mediante um equivalente geral, que são os anos de vida perdidos ajustados por incapacidade, o DALYs pode ser considerado analogicamente como uma espécie de produto interno bruto negativo da saúde. Bastante criticado desde sua primeira edição, o DALYs logo em seguida teve aperfeiçoado seus métodos de cálculo no intento de garantir ampla utilização pelas organizações internacionais de saúde. Expectativa saudável de vida ou expectativa de vida ajustada à saúde (HALE): O número de anos que uma pessoa em uma determinada idade pode esperar viver em boa saúde, levando em consideração a mortalidade e a invalidez. A HALE expressa “o número de anos que uma pessoa de certa idade pode esperar viver em boa saúde, levando em conta a mortalidade, a morbidade e o estado funcional de saúde, que são específicos para cada idade”. Este indicador foi formulado a partir da crítica às limitações da medida usual de expectativa de vida, que toma em conta apenas a média de anos vividos, mas nada expressa acerca de condições boas ou más de saúde ao longo da extensão da vida. Para corrigir este viés, a HALE junta dados de morbidade aos de mortalidade, mediante o método de tábuas de vida de Sullivan, descontando dos anos de expectativa de vida os anos vividos em condição de incapacidade ou deficiência, em função de sequela por algum tipo de doença ou lesão. Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (QALY): Unidade de medida bidimensional do bem estar de um indivíduo ou de um grupo de pessoas que ajusta os anos de vida segundo a utilidade avaliada como consequência dos estados imperfeitos de saúde. Nota: o valor da unidade de medida está compreendido entre 0 (zero), que é morte, e 1 ou 100, que é saúde perfeita. A unidade de resultado em saúde que combina ganho (ou perda) na sobrevida com qualidade de vida são os anos de vida ajustados por qualidade (QALY/quality- adjusted life years). Os QALY representam os anos de vida subsequentes a uma intervenção de saúde, ajustados para a qualidade de vida experimentada pelo paciente durante esses anos. Os QALY fornecem uma unidade comum para comparar o custo-utilidade de diferentes intervenções de saúde e para estabelecer prioridades para a alocação de recursos exíguos e têm sido amplamente utilizados na literatura internacional.
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