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PMSUS - Oficina 02 (Saúde do adulto)

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Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 
Página | 1 
 
PMSUS – Oficina 02 
ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO 
 
01) CONHECER A TAXA DE MORTALIDADE E OS FATORES 
QUE CONTRIBUEM PARA ESSA NO BRASIL; 
Taxa bruta de mortalidade: número total de óbitos, por 
mil habitantes, na população residente em 
determinado espaço geográfico, no ano considerado. 
Interpretação: 
• Expressa a intensidade com a qual a mortalidade 
atua sobre uma determinada população. 
• A taxa bruta de mortalidade é influenciada pela 
estrutura da população quanto à idade e ao sexo. 
• Taxas elevadas podem estar associadas a baixas 
condições socioeconômicas ou refletir elevada 
proporção de pessoas idosas na população total. 
• As taxas brutas de mortalidade padronizadas 
permitem a comparação temporal e entre regiões. 
Usos: 
• Analisar variações geográficas e temporais da 
mortalidade. 
• Possibilitar o cálculo do crescimento vegetativo ou 
natural da população, subtraindo-se, da taxa bruta 
de natalidade, a taxa bruta de mortalidade. 
• Contribuir para estimar o componente migratório 
da variação demográfica, correlacionando-se o 
crescimento vegetativo com o crescimento total da 
população. 
Limitações: 
• O uso de dados de mortalidade derivados de 
sistemas de registro contínuo está condicionado a 
correções, devido à subenumeração de óbitos, 
frequente em áreas menos desenvolvidas. 
• Possíveis flutuações na enumeração de óbitos, 
sobretudo em áreas com número reduzido de 
eventos, recomendam o uso de médias trienais. 
• A base de dados demográficos utilizada para o 
cálculo do indicador pode apresentar imprecisões 
inerentes à coleta de dados ou à metodologia 
empregada para elaborar estimativas 
populacionais. 
• As projeções demográficas perdem precisão à 
medida que se distanciam dos anos de partida das 
projeções. 
• Como a taxa é fortemente influenciada pela 
estrutura etária da população, a análise comparada 
entre populações de composição distinta exige 
padronização das estruturas etárias. As taxas 
padronizadas devem ser utilizadas apenas para 
análises comparativas. 
Do total de óbitos ocorridos no Brasil em 2016, 57% 
corresponderam às dez principais causas de morte. As 
duas causas de morte mais frequentes foram: a doença 
cardíaca isquêmica (DCI), seguida pelo acidente 
cérebro vascular (ACV). Nesse grupo, apareceu uma 
doença transmissível (infecções respiratórias baixas) e 
duas causas externas: agressões e ATT no sexto e oitavo 
lugar, respectivamente. O restante correspondeu a 
doenças não transmissíveis. 
Das dez principais causas de morte em âmbito 
mundial, em 2016, oito apareceram no ranking do 
Brasil, ficando de fora as doenças diarreicas e a 
tuberculose. 
 
02) COMPREENDER A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA; 
A representação gráfica da distribuição da população 
segundo idade e sexo, ou seja, a pirâmide populacional, 
em intervalo de tempo de 50 anos, dá a visão dessa 
grande modificação. A uma pirâmide de forma 
piramidal, com base larga, paredes inclinadas e ápice 
pontiagudo, segue-se outra com forma que caminha a 
passos largos para o que se convencionou chamar de 
“barril” ou “bala de canhão”. A essas mudanças dá-se o 
nome de transição demográfica, que significa a 
passagem de um regime demográfico de alta 
natalidade e alta mortalidade para outro, com baixa 
natalidade e baixa mortalidade. 
De maneira esquemática, pode-se dividir os países, 
quanto à sua transição demográfica, em três tipos: os 
de iniciação precoce da transição; os de iniciação tardia 
e aqueles que ainda não iniciaram a sua transição. No 
primeiro grupo estão, por exemplo, os países europeus 
ocidentais, que fizeram a sua transição há séculos. No 
segundo grupo estão os países da América Latina e 
Caribe, que iniciaram esse processo há cerca de 50 
anos. E, finalmente, os países africanos, que ainda não 
iniciaram seu processo de transição demográfica, ou 
seja, ainda têm uma estrutura jovem de população. 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 
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03) COMPREENDER A TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA; 
Entende-se por transição epidemiológica as 
mudanças ocorridas no tempo nos padrões de morte, 
morbidade e invalidez que caracterizam uma 
população específica e que, em geral, ocorrem em 
conjunto com outras transformações demográficas, 
sociais e econômicas. 
O processo engloba três mudanças básicas: 
substituição das doenças transmissíveis por doenças 
não-transmissíveis e causas externas; deslocamento da 
carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens aos 
grupos mais idosos; e transformação de uma situação 
em que predomina a mortalidade para outra na qual a 
morbidade é dominante. A definição da transição 
epidemiológica deve, assim, ser considerada 
componente de um conceito mais amplo apresentado 
por Lerner (1973) como transição da saúde, que inclui 
elementos das concepções e comportamentos sociais, 
correspondentes aos aspectos básicos da saúde nas 
populações humanas. 
A situação epidemiológica brasileira distancia-se da 
transição epidemiológica clássica omramiana, 
observada nos países desenvolvidos. Ela se define por 
alguns atributos fundamentais: a superposição de 
etapas, com a persistência concomitante das doenças 
infecciosas e carenciais e das condições crônicas; as 
contra-transições, movimentos de ressurgimento de 
doenças que se acreditavam superadas, as 
reemergências de doenças com o a dengue e febre 
amarela; a transição prolongada, a falta de resolução 
da transição num sentido definitivo; a polarização 
epidemiológica, representada pela agudização das 
desigualdades sociais em matéria de saúde; e o 
surgimento das novas doenças ou enfermidades 
emergentes. Essa complexa situação tem sido definida, 
recentemente, como tripla carga de doenças porque 
envolve, ao mesmo tempo: um a agenda não concluída 
de infecções, desnutrição e problemas de saúde 
reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus 
fatores de riscos, como o tabagismo, o sobrepeso e a 
obesidade, a inatividade física, o estresse e a 
alimentação inadequada; e o forte crescimento da 
violência e das causas externas. 
Essa situação de saúde de tripla carga de doença, com 
predomínio das condições crônicas não pode ser 
enfrentada com sucesso por sistemas de atenção à 
saúde fragmentados e voltados para a atenção às 
condições agudas. 
 
04) ESTUDAR OS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A 
TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA; 
O Envelhecimento Populacional tem estreita ligação 
com os processos de Transição Demográfica e de 
Transição Epidemiológica. Com a mudança do 
comportamento demográfico da população, com a 
variação dos níveis de natalidade e de mortalidade 
além dos movimentos migratórios, a população 
modifica a participação dos três grupos etários, 
tornando-se mais envelhecida ou jovem. O cenário 
atual observado no Brasil é de redução do grupo das 
crianças, em virtude da queda acentuada da 
fecundidade e do progressivo aumento do grupo dos 
idosos, com a elevação da expectativa de vida, fruto da 
melhoria das condições sociais e econômicas. 
A Transição Demográfica contribui para o 
Envelhecimento Populacional e estes dois processos 
são associados à Transição Epidemiológica, que 
consiste na mudança do perfil de mortalidade, que 
passa de uma situação onde as principais causas de 
mortes são as doenças infecciosas e parasitárias, 
características de locais com baixos níveis de 
desenvolvimento econômico e social, para uma nova 
fase, em que as doenças típicas da velhice começam a 
ocupar uma posição cada vez mais intensa entre as 
enfermidades mais comuns. 
A Transição Demográfica pode ser considerada o pano 
de fundo para as principais modificações e processos 
relacionados à população, dentre os quais está o 
Envelhecimento Populacional. Com a mudança do 
comportamento demográfico observado ao longo do 
tempo, os níveisde fecundidade são reduzidos levando 
a queda dos nascimentos o que provoca uma nova 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 
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distribuição dos três grupos etários (0 a 14 anos, 15 a 
59 anos e 60 anos ou mais). A queda da fecundidade 
(desempenho reprodutivo efetivo de uma mulher) é 
acompanhada pela redução dos níveis de mortalidade 
que a princípio se concentra nas primeiras idades 
contribuindo para que um número maior de pessoas 
tenha condições de chegar ao grupo dos idosos. Há 
assim, uma participação de pessoas com mais de 60 
anos que se amplia e uma redução do peso do grupo 
das crianças, ocasionando o envelhecimento da 
população. 
Com a estabilização do crescimento da população 
resultante da queda do número de nascimentos, ocorre 
o aumento relativo e sustentado da participação dos 
idosos na população total. O grupo etário jovem (0 a 14 
anos) perde importância relativa, enquanto o grupo 
dos idosos (60 anos ou mais) ganha peso no total da 
população tornando-se mais envelhecida. 
Com o envelhecimento, as principais doenças que 
acometem a população e que levam a morte se 
modificam, saímos de um quadro em que 
predominavam as doenças infecciosas e parasitárias 
que atingiam em sua maioria os mais jovens e 
passamos a um cenário em que as doenças crônicas e 
degenerativas assumem um peso maior. As doenças 
crônicas e degenerativas exigem uma alteração 
completa da rede de assistência à saúde. É uma 
realidade nova, são doenças que necessitam de ações 
preventivas e de acompanhamento constante. A rede 
de assistência médica do Brasil ainda muito pautada 
em ações curativas terá que adaptar-se para o 
atendimento de um contingente maior de idosos 
portadores de enfermidades que não são solucionadas 
com a aplicação de uma vacina ou com a ingestão de 
um medicamento. 
As doenças típicas do envelhecimento já são as 
principais responsáveis pela maior parte das mortes 
observadas no Brasil e apresentam uma evolução ao 
longo dos tempos. 
Prata (1992) caracteriza o período de mudança do 
perfil de causas de mortes como sendo a passagem da 
mortalidade elevada, causada principalmente por 
doenças infecciosas para mortalidade baixa, na qual as 
doenças decorrentes do processo degenerativo do 
organismo e as causas externas passam a ocupar o topo 
do ranking de causas de mortalidade. Nas últimas 
décadas, a expectativa de vida no Brasil vem 
apresentando ganhos expressivos, porém ainda 
podemos observar um grande percentual de mortes 
concentradas entre o grupo dos idosos que poderiam 
ser evitadas através do desenvolvimento de políticas 
preventivas ao longo da vida. O incentivo de hábitos de 
vida saudáveis, por exemplo, pode colaborar para a 
redução de uma série de doenças que acometem os 
idosos. 
O novo comportamento demográfico do Brasil com a 
redução dos nascimentos e queda do número de 
mortes provoca o envelhecimento progressivo da 
população. 
No envelhecimento populacional no Brasil é a 
fecundidade que tem um peso maior, sendo a queda 
dos nascimentos a principal responsável por uma nova 
distribuição dos grupos etários, reduzindo o peso do 
grupo das crianças e ampliando a participação do grupo 
dos idosos. 
05) DESCREVER AS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO 
TRANSMISSÍVEIS MAIS PREVALENTES, EPIDEMIOLOGIA E 
MONITORAMENTO; 
O Brasil vem sendo marcado, nas últimas décadas, 
por uma transição demográfica acelerada, que resulta 
da redução abrupta da taxa de fecundidade e de 
elevados índices de envelhecimento populacional. Por 
sua vez, a transição epidemiológica observada no País 
é marcada, entre outros aspectos, pelo desafio das 
doenças crônicas e de seus fatores de risco, além de 
forte crescimento das causas externas de 
morbimortalidade. 
As DCNT constituem o grupo de doenças de maior 
magnitude no mundo, atingindo, especialmente, as 
populações mais vulneráveis, como as de média e baixa 
renda e escolaridade, devido à maior exposição aos 
fatores de risco ou ao acesso restrito às informações e 
aos serviços de saúde. 
No Brasil, em 2019, as doenças do aparelho 
circulatório (que fazem parte do grupo das DCNT) 
ocuparam o primeiro lugar em número de óbitos por 
capítulos da CID-10. Nas faixas etárias acima de 50 
anos, as principais causas de óbito, em 2019, foram as 
doenças do aparelho circulatório, as neoplasias 
malignas e as doenças do aparelho respiratório. 
As DCNT são responsáveis pela maior carga de 
morbimortalidade no mundo, acarretando perda de 
qualidade de vida, limitações, incapacidades, além de 
alta taxa de mortalidade prematura. 
 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2023.1 
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Em 2019, foram registrados 738.371 óbitos por DCNT 
no Brasil. Destes, 41,8% (n=308.511) ocorreram 
prematuramente, ou seja, entre 30 e 69 anos de idade, 
perfazendo uma taxa padronizada de mortalidade de 
275,5 óbitos prematuros a cada 100 mil habitantes. 
Observa-se, no período de 2000 a 2019, redução na 
contribuição de óbitos prematuros no total de óbitos 
por DCNT, de 47,4% em 2000 para 41,8% em 2019. 
Entretanto, esse percentual ainda é elevado. Ressalta-
se, assim, que os mesmos fatores que podem impactar 
na redução da mortalidade prematura por essas causas 
também beneficiam pessoas com idade acima dos 70 
anos, uma vez que as principais causas de morte e 
limitações na faixa etária de 30 a 69 anos são similares 
àquelas que acometem indivíduos em idades mais 
avançadas. 
→ Hipertensão Arterial Sistêmica 
A Hipertensão Arterial (HA) pode ser definida como a 
elevação intermitente ou sustentada da pressão 
arterial sistólica superior a 140 mmHg ou mais, ou 
pressão diastólica maior que 90 mmHg. Sua prevalência 
no Brasil varia entre 22,3% e 43,9%, para adultos, 
apresentando média de 32,5%. (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). 
A medida da hipertensão arterial de um indivíduo é 
definida com base na média de duas ou mais 
mensurações dos valores de sua pressão arterial 
verificados em um ou mais encontros deste com o 
profissional da saúde depois de uma triagem inicial. 
A pressão arterial pode ser visualizada como um sinal, 
como um fator de risco para a doença cardiovascular 
aterosclerótica, ou como uma doença. Como um sinal 
porque ela monitora o estado clínico de uma pessoa e 
pode, por exemplo, indicar o uso excessivo de um 
medicamento vasoconstritor. É visualizada como fator 
de risco quando ela demonstra que ocorre um acúmulo 
acelerado de placa aterosclerótica na íntima das 
artérias. E quando é vista como doença é porque tem 
papel decisivo na morte por doença cardíaca, renal e 
vascular periférica. 
Após a confirmação diagnóstica da hipertensão, é 
necessário fazer uma estratificação de risco que levará 
em conta os valores pressóricos, a presença de lesões 
em órgãos-alvo dessa enfermidade e o risco 
cardiovascular estimado. Existe, com base nestes 
aspectos, a classificação em três graus distintos, 
chamada de classificação do risco cardiovascular global 
individual das pessoas em função do escore de risco de 
Framingham e da presença de lesão em órgãos–alvo. 
Seguindo tal classificação, você poderá verificar que 
existem duas abordagens terapêuticas para a 
hipertensão arterial: o tratamento que tem por base 
mudanças nos hábitos de vida (incentivo às atividades 
físicas, alimentação saudável, perda de peso, dentre 
outras ações) e o tratamento medicamentoso. 
O cuidado realizado pela equipe deve enfocar, 
sobretudo, a mudança nos hábitos de vida do 
indivíduo, identificando as necessidades e pactuando 
ações no processo de coparticipação no cuidado. A 
interação entre o médico e o indivíduo com 
Hipertensão Arterial e a sua família é o ponto-chave 
para que o plano terapêutico seja seguido. Pode 
parecer irracional um plano terapêutico que modifique 
hábitos de vida, especialmente quando não estão 
presentes sinais e sintomas ou quando aparecem os 
efeitoscolaterais dos medicamentos. Assim, o 
profissional de saúde deve encorajar 
permanentemente estas pessoas a manterem o 
tratamento e estabelecer em conjunto um plano 
aceitável de metas que as ajudem a conviver com a 
hipertensão arterial. 
→ Diabetes Mellitus 
O Diabetes mellitus (DM) faz parte de um grupo 
denomidado de doenças metabólicas, cujo nível 
elevado e sustentado de glicose sérica é decorrente de 
defeitos na secreção ou ação da insulina. O DM pode 
diferir quanto à causa, evolução clínica e tratamento. 
O número de pessoas com DM no mundo, em 1985, 
era de cerca de 30 milhões, passando para 135 milhões 
em 1995 e 240 milhões em 2005, com potencial de 
atingir 366 milhões em 2030, dos quais, dois terços 
habitarão os países em desenvolvimento (WILD, 2004); 
No Brasil, em 2014 a frequência média entre as 
capitais do diagnóstico médico prévio de diabetes foi 
de 8,0%, sendo de 7,3% entre homens e de 8,7% entre 
mulheres. Em ambos os sexos, a doença é mais 
presente com o avanço da idade, em especial após os 
45 anos. Cerca de 25% dos indivíduos com 65 ou mais 
anos de idade referiram diagnóstico médico de 
diabetes. (24,4%). 
A hiperglicemia está associada a complicações, 
disfunções e insuficiência de vários órgãos, 
principalmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e 
vasos sanguíneos. Pode ser resultado de problemas na 
secreção ou na ação da insulina, que envolvem 
destruição das células beta do pâncreas, resistência à 
ação da insulina, distúrbios da secreção de insulina, 
dentre outros. 
Pode ser classificado em diabetes do tipo 1 
(antigamente denominado de Diabetes mellitus 
insulinodependente); diabetes do tipo 2 (antigamente 
denominado de Diabetes mellitus não insulino-
dependente); diabetes gestacional; e diabetes mellitus 
associado a outras condições ou síndromes (problemas 
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hormonais ou genéticos), determinadas drogas ou 
substâncias químicas. 
A principal meta do tratamento de DM é normalizar a 
atividade da insulina e dos níveis de glicose para reduzir 
o aparecimento de complicações vasculares e 
neuropáticas. Para conseguir níveis de glicemia 
normais (euglicemia) sem causar episódios de 
hipoglicemia, é preciso observar cinco componentes: 
acompanhamento nutricional, atividade física regular, 
monitoração glicêmica, terapia farmacológica e 
educação em saúde. Consideremos que a educação em 
saúde é imprescindível para que as intervenções da 
equipe de saúde alcancem as metas propostas. 
O monitoramento dos níveis de glicemia é 
fundamental para o controle de DM, já que permite o 
ajuste do regime de tratamento e o controle dos níveis 
de glicose sanguínea, detecta e previne a hipoglicemia 
e hiperglicemia reduzindo o aparecimento das 
complicações em longo prazo. 
O alvo no manejo do DM tipo 2 é eliminar sintomas 
agudos, reduzir morbidade e mortalidade da doença 
macrovascular e prevenir ou diminuir doença 
microvascular; 
→ Doença renal crônica 
Segundo a Sociedade Brasileira de nefrologia, estima-
se que, no Brasil, 10 milhões de indivíduos tenham 
algum grau de DRC. Conforme o Censo da Sociedade 
Brasileira de Nefrologia, existem mais de 90 mil 
brasileiros em diálise (90% hemodiálise), o que significa 
um aumento de mais de 100% na última década. Dados 
sugerem que a prevalência de 50/100.000 no Brasil de 
DRC é subestimada, principalmente quando 
confrontada à realidade de outros países. 
O mesmo documento aponta como causas da DRC - 
35,2% para hipertensão; 27,5% para diabetes; 12,6% 
para glomerulonefrites; 4,2% para doença renal 
policística; 20,5% para outros diagnósticos. 
É importante realizar o rastreamento para identificar 
a DRC. Para o diagnóstico, é utilizada a dosagem de 
creatinina no sangue e a pesquisa de proteína no 
exame de urina, utilizando-se a dosagem da creatinina 
e, através de fórmulas pré-estabelecidas, estima-se o 
ritmo da filtração glomerular. Por definição, é portador 
de DRC qualquer adulto com idade ≥18 anos que, por 
um período três meses, apresentar filtração glomerular 
60mL/ min/1,73m2, mas com alguma evidência de 
lesão da estrutura renal (anormalidade urinária como, 
por exemplo, hematúria glomerular ou 
microalbuminúria/proteinúria ou uma alteração em 
exame de imagem renal como cálculo, cisto, etc.). 
 
 
→ Doença pulmonar obstrutiva crônica 
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma 
das principais causas de hospitalização e óbito e está 
entre as 20 doenças mais comuns na prática do médico 
que atua na atenção básica. Na sua área de 
abrangência, devem existir alguns casos de DPOC, 
sobretudo nos indivíduos fumantes. 
A história clínica da DPOC se caracteriza pelos 
seguintes sintomas: (1) Tosse crônica; (2) Aumento da 
produção de escarro; e (3) Dispneia. 
Os fatores de risco envolvidos no desenvolvimento de 
DPOC são: tabagismo (mesmo que passivo), produtos 
químicos ou fumaça doméstica, automobilística e 
industrial. 
Avaliação e acompanhamento do indivíduo com 
diagnóstico da DPOC: consiste na avaliação clínica, 
exposição a fatores de risco, sintomas atuais, padrão de 
exacerbações, comorbidades, impacto na vida do 
indivíduo, suporte familiar e social e possibilidade de 
redução dos fatores de risco; Redução dos fatores de 
risco: aconselhamento do abandono do tabaco com 
suporte para auxiliar o usuário a cessar tabagismo 
(atividade de grupo, medicações). 
06) ELUCIDAR O PROCESSO DE RASTREAMENTO DAS 
DOENÇAS CRÔNICAS MAIS PREVALENTES; 
O cuidado com a vida humana revela significados, 
comportamentos e expressões de acordo com a cultura 
e o momento histórico e social vivido. Assim, há de se 
problematizar eventos, fatos, transformações que 
ocorreram com a passagem dos anos e recapturar a 
noção de que o diálogo entre o profissional, o usuário 
e a família é essencial para a incorporação de novas 
práticas, saberes e tecnologias. 
Sem perder de vista que os profissionais são 
responsáveis pela condução da relação dialógica entre 
eles e o usuário dos seus serviços, ambos desenvolvem 
potenciais e habilidades com a aceitação da 
ambiguidade, da discrepância entre as situações e o 
uso de tecnologias. O serviço de saúde usa a tecnologia 
quando alia vários conhecimentos científicos com o 
objetivo de encontrar a solução para um problema ou 
situação vivida na prática, isto ocorre no encontro entre 
ele, o usuário e sua família. 
Diante dessas observações, é possível reconhecer que 
o cuidado às pessoas com doenças crônicas exige do 
profissional mais do que conhecimentos sobre os 
aspectos biomédicos, exige também compreensão 
sobre como a doença crônica afeta a vida das pessoas, 
de suas famílias e das comunidades. Nessa perspectiva, 
a relação dialógica entre profissionais da saúde e 
pessoas com doenças crônicas, na qual ambos, 
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contínua e dinamicamente, compartilham o momento 
vivido, torna-se uma referência. 
A hipertensão arterial e o Diabetes mellitus 
constituem-se nos principais fatores de risco para as 
doenças do aparelho circulatório. As complicações 
mais frequentes decorrentes destes agravos são: o 
infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular 
cerebral, a insuficiência renal crônica, a insuficiência 
cardíaca, as amputações de pés e pernas, a cegueira 
definitiva, os abortos e as mortes perinatais. 
Com o propósito de identificar precocemente os 
casos, o Ministério da Saúde brasileiro criou 
mecanismos para acompanhar e controlar a 
hipertensão arterial e o Diabetes mellitus no âmbito da 
atenção básica e, desta forma, reduzir o número de 
internações hospitalares e a mortalidade em 
decorrência destes agravos. Neste sentido, assumiu o 
compromisso de executar ações em parceria com 
estados e municípios; com a Sociedade Brasileira de 
Cardiologia, Hipertensão, Nefrologia e Diabetes; comas Federações Nacionais de Portadores de Hipertensão 
Arterial e Diabetes e; com o Conselho Nacional de 
Secretários da Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional 
de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) para 
apoiar a reorganização da rede de saúde, para a 
melhoria da atenção às pessoas com estes agravos, por 
meio do Plano de Reorganização da Atenção à 
Hipertensão Arterial e ao Diabetes mellitus. 
Em relação à Saúde do Adulto, preconizam-se 
atualmente as seguintes recomendações: 
→ Hipertensão Arterial Sistêmica: O rastreamento da 
HAS, por meio da aferição da pressão arterial, em 
indivíduos acima de 18 anos. 
→ Dislipidemia: O rastreamento da dislipidemia, por 
meio da dosagem sérica dos níveis de colesterol, é 
recomendado para homens acima de 35 anos e 
mulheres acima de 45 anos. O intervalo de 
rastreamento ainda é incerto. Homens com fatores de 
risco como diabetes, uso de tabaco, obesidade, história 
familiar de doença arterial coronariana antes dos 50 
anos ou história pessoal de aterosclerose devem ser 
rastreados para dislipidemia a partir dos 20 anos. 
→ Diabetes mellitus (tipo II): Recomenda-se o 
rastreamento do Diabetes mellitus tipo II por meio da 
dosagem sérica de glicose em indivíduos com aumento 
dos níveis pressóricos acima de 135/80. 
→ Neoplasia de cólon: O rastreamento da neoplasia de 
cólon é recomendado por meio da pesquisa de sangue 
oculto nas fezes, sigmoidoscopia ou colonoscopia, 
deve-se iniciar dos 50 anos até os 75 anos de idade. A 
frequência de rastreamento é anual para pesquisa de 
sangue oculto nas fezes, a cada 5 anos para 
sigmoidoscopia e a cada 10 anos para a colonoscopia. 
→ Uso de tabaco: O rastreamento sobre o uso de 
tabaco é recomendado para os adultos e gestantes. 
Deve ser questionado o uso de tabaco em todo o 
encontro com estes usuários e eles devem ser 
encorajados a cessarem o tabagismo. 
→ Abuso de álcool: É recomendado o rastreamento do 
uso abusivo de álcool e o aconselhamento sobre o 
abandono do uso nos encontros com a população 
adulta. Pode-se usar o questionário de CAGE, 
nomenclatura derivada das questões: Cut down, 
Annoyed by criticism, Guilty e Eye-opener, que é 
utilizado para rastreamento de transtornos de uso de 
álcool em pronto-socorro. 
07) APRESENTAR AS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS 
PARA O CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICAS NO ADULTO; 
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento 
das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no 
Brasil, 2021-2030 representa o recorte estratégico da 
agenda nacional para os temas, atrelado aos 
indicadores e às metas que, se melhorados e 
alcançados, promoverão no País grande impacto na 
redução da morbimortalidade por DCNT e nas 
incapacidades e mortes ocasionadas pelos agravos. 
Eixo Prevenção de Doenças e Agravos à Saúde: 
• Desenvolver ações intersetoriais para ampliar a 
fluoretação das águas de abastecimento público 
garantindo-se continuidade e teores adequados de 
fluoreto, objetivando a prevenção da doença cárie 
dentária. 
• Disseminar boas práticas para a prevenção de DCNT 
e obesidade realizadas na Atenção Primária à Saúde. 
• Implementar estratégias de formação dos 
profissionais de saúde da APS para a detecção 
precoce de fatores de risco para as DCNT e a 
obesidade, bem como desenho de iniciativas para a 
redução individual e coletivados mesmos no 
território, envolvendo os ciclos de vida. 
• Estruturar ações de educação e comunicação 
relacionadas à alimentação adequada, às práticas 
corporais e atividade física, à prevenção do uso de 
tabaco e álcool e demais fatores de risco e à 
qualificação do cuidado das DNCT, por meio da 
oferta de: 
1. Estratégias de tele-educação e teleconsultoria para 
atualização das equipes e apoio no uso de diretrizes 
clínicas/linhas de cuidado/protocolos. 
2. Ações de qualificação profissional para uso de 
entrevista motivacional, planos de cuidados e 
autocuidados e de práticas corporais/mentais. 
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3. Ações de educação para pessoas com DCNT e 
familiares para a construção de modos de vida 
favoráveis à saúde e ao autocuidado apoiado. 
4. Ações de promoção da segurança alimentar e 
nutricional, prevenção e cessação do uso do álcool e 
do tabaco e promoção das práticas corporais e 
atividade física em grupos em situação de 
vulnerabilidade e iniquidades em saúde, 
considerando e valorizando as especificidades 
culturais e regionais dos diferentes grupos e etnias. 
08) COMPREENDER A CARGA GLOBAL DE DOENÇAS; 
Durante as últimas duas décadas, o cenário global da 
saúde passou por uma rápida transformação. As 
pessoas no mundo inteiro estão vivendo mais do que 
em qualquer outra época e a população está 
envelhecendo. O número de pessoas no mundo está 
crescendo. Muitos países fizeram um progresso notável 
na prevenção da morte de crianças. Como resultado, o 
fardo das doenças é cada vez mais definido pela 
invalidez ao invés da mortalidade prematura. As 
principais causas de morte e invalidez mudaram de 
doenças comunicáveis em crianças para doenças não 
comunicáveis em adultos. A alimentação em excesso 
superou a desnutrição como um fator de risco principal 
para doenças. Essas tendências globais divergem entre 
as regiões, e em nenhum outro lugar esse contraste é 
mais impressionante do que na África subsaariana. As 
doenças comunicáveis, maternas, nutricionais e em 
recém-nascidos continuam a dominar em toda a África 
subsaariana. 
A abordagem do Estudo de Carga de Doença Global 
(GBD) é um esforço sistemático e científico para 
quantificar a magnitude comparativa da perda de 
saúde decorrente de doenças, lesões e fatores de risco 
por idade, sexo e geografia para pontos específicos no 
tempo. 
O Estudo de Carga de Doença Global fornece dados 
detalhados sobre doenças, lesões e fatores de risco que 
são insumos essenciais para a formulação de políticas 
com base em envidências. Esse projeto colaborativo 
mostra que a saúde no mundo está passando por uma 
mudança rápida. 
A última iteração desse esforço, o Estudo de Carga de 
Doença Globals, Lesões, e Fatores de Risco 2010 (GBD 
2010), foi publicado em The Lancet em dezembro de 
2012. A intenção é criar um bem público global que 
será útil para informar o projeto de sistemas de saúde 
e a criação de uma política de saúde pública. Ele estima 
a morte prematura e invalidez devido a 291 doenças e 
lesões, 1.160 sequelas (consequências diretas de 
doença e lesão) e 67 fatores de risco para 20 faixas 
etárias e ambos os sexos em 1990, 2005 e 2010. O GBD 
2010 produziu estimativas para 187 países e 21 regiões. 
No total, o estudo gerou quase 1 bilhão de estimativas 
de resultados de saúde. 
O GBD 2010 foi um esforço colaborativo entre 488 
pesquisadores de 50 países e 303 instituições. 
O primeiro estudo do GBD foi publicado como parte 
do Relatório de Desenvolvimento Mundial de 1993. O 
estudo original gerou estimativas para 107 doenças, 
483 sequelas (consequências de saúde não fatais), oito 
regiões e cinco faixas etárias. 
A inspiração dos autores para o estudo veio da 
percepção de que os formuladores de políticas não tem 
acesso a dados abrangentes e padronizados sobre 
doenças, lesões e fatores de risco possivelmente 
evitáveis para a tomada de decisões. Uma segunda 
fonte de inspiração foi o fato de que as estimativas dos 
defensores específicos de doenças do número de 
mortes causadas pelas doenças de interesse excedem 
muito o número total de mortes globais em qualquer 
ano. Os autores do GBD escolheram encontrar uma 
abordagem holísitica para analisar o fardo da doença 
para produzir estimativas seguras cientificamente que 
fossem protegidas da influência de defensores. 
O estudo GBD 1990 teve um profundo impacto na 
política de saúde, uma vez que ele expôs o fardo oculto 
da doença mental ao redor do mundo. Ele também 
evidenciou as áreas da saúdenegligenciadas, como a 
de morte prematura e invalidez causada por lesões por 
acidentes rodoviários. O trabalho desse estudo foi 
mencionado mais de 4.000 vezes desde 1993. 
O GBD fornece estimativas de alta qualidade de 
doenças e lesões que apresentam mais credibilidade do 
que as publicadas por defensores de doenças 
específicas. O GBD foi criado em parte devido à 
observação de pesquisadores que as mortes estimadas 
por diferentes estudos específicos sobre doenças 
acrescentavam mais de 100% do total de mortes 
quando resumidas. A abordagem do GBD garante que 
as mortes sejam contabilizadas apenas uma vez. 
Primeiro, o GBD contabiliza o número total de mortes 
em um ano. Depois, os pesquisadores trabalham para 
designar uma única causa para cada morte, usando 
uma variedade de métodos inovadores. 
Além de fornecer um cenário comparável e 
compreensível das causas de morte prematura e de 
invalidez, o GBD também calcula o fardo de doenças 
atribuível a diferentes fatores de risco. A abordagem do 
GBD vai além da predominância de fatores de risco, 
como o número de fumantes ou grandes consumidores 
de álcool em uma população. Com uma avaliação 
comparativa de risco, o GBD incorpora tanto a 
prevalência de um determinado fator de risco quanto o 
dano relativo causado por esse fator de risco. Ele 
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contabiliza a morte prematura e a invalidez atribuível à 
pressão arterial alta, uso de tabaco e de álcool, falta de 
exercícios, poluição do ar, má alimentação e outros 
fatores de risco que causam problemas de saúde. 
A concepção flexível do mecanismo do GBD permite 
atualizações regulares conforme novos dados são 
disponibilizados e estudos epidemiológicos são 
publicados. De forma semelhante à maneira como os 
formuladores de políticas utilizam os dados de produto 
interno bruto para monitorar a atividade econômica de 
um país, o GBD pode ser usado em nível nacional e 
global para a compreensão das tendências de saúde ao 
longo do tempo. 
A abordagem do GBD contém 18 componentes 
distintos. Os componentes do GBD são interligados. Por 
exemplo, quando novos dados são incorporados na 
análise de taxas de mortalidade específicas à idade, 
outros componentes dependentes também precisam 
ser atualizados, como o redimensionamento de mortes 
por cada causa, expectativa de vida saudável ou HALE, 
YLLs e estimativa de YLLs atribuíveis a cada fator de 
risco. 
 
Diversas estimativas que podem ser exploradas com 
o uso das ferramentas de visualização de dados do 
GBD: 
• As mudanças entre 1990 e 2010 nas principais 
causas de morte, morte prematura, invalidez e 
DALYs, bem como as mudanças na quantidade de 
saúde perdida atribuíveis a fatores de risco 
diferentes entre faixas etárias, sexos e locais. 
• Índices para 1990 e 2010 das principais causas de 
morte, morte prematura, invalidez, DALYs e perda 
de saúde atribuíveis a fatores de risco entre 
diferentes países e regiões, faixas etárias e sexos. 
• Mudanças nas tendências para 21 faixas de causa 
em 1990 e 2010 em diferentes regiões, sexos e 
indicadores da perda de saúde. 
• A porcentagem de mortes, mortes prematuras, 
invalidez ou DALYs em um país ou região causados 
por um número indeterminado de doenças e lesões 
para faixas etárias, sexos e períodos de tempo em 
particular. 
• A porcentagem de perda de saúde por país ou 
região atribuível a fatores de risco específicos por 
faixa etária, sexo e período de tempo. 
09) DESCREVER O CONCEITO E O CÁLCULO DE 
DALY, HALE E QUALY. 
Anos de vida perdidos (YLLs): Anos de vida perdidos 
em decorrência de morte prematura. 
Após a produção de estimativas do número de mortes 
de cada um dos 235 resultados fatais incluídos na lista 
de causas de GBD, os pesquisadores calcularam os anos 
de vida perdidos por morte prematura ou YLLs. Para 
cada morte devido a uma causa particular, os 
pesquisadores estimaram o número de anos perdidos 
com base na expectativa de vida mais alta na faixa 
etária da pessoa falecida. Por exemplo, se um homen 
de 20 anos de idade morreu em um acidente de carro 
na África do Sul em 2010, ele tem 66 anos de vida 
perdidos, ou seja, a expectativa de vida restante mais 
alta em pessoas com 20 anos de idade, conforme 
apresentada por mulheres de 20 anos no Japão. 
Anos vividos com invalidez (YLDs): Anos de vida vividos 
com qualquer perda de saúde a curto ou a longo prazo. 
Os anos vividos com invalidez, ou YLDs, são calculados 
como prevalência de uma sequela multiplicada pelo 
peso da invalidez para aquela sequela. O número de 
anos vividos com invalidez para uma doença ou lesão 
específicas são calculados como a soma dos YLDs de 
cada sequela que surgiu daquela causa. 
O princípio mais importante no núcleo da abordagem 
do GBD é que todo mundo deveria ter uma vida longa 
e plenamente saudável. Como resultado, os 
pesquisadores do GBD procuram medir a lacuna entre 
esse ideal e a realidade. O cálculo dessa lacuna exige a 
estimativa de dois componentes diferentes: anos de 
vida perdidos em decorrência de morte prematura 
(YLLs) e anos vividos com invalidez (YLDs). 
Anos de vida ajustados à invalidez (DALYs): A soma dos 
anos perdidos em decorrência de morte prematura 
(YLLs) e anos vividos com invalidez (YLDs). DALYs 
também são definidos como anos de vida saudável 
perdidos. 
Para garantir que um sistema de saúde esteja 
adequadamente alinhado com os verdadeiros desafios 
de saúde de uma população, os formuladores de 
políticas devem poder comparar os efeitos de 
diferentes doenças que matam prematuramente as 
pessoas e causam falta de saúde. Os criadores originais 
do estudo sobre GBD desenvolveram uma única 
medição, os anos de vida ajustados à invalidez (DALYs), 
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para quantificar o número de anos de vida perdidos em 
resultado de morte prematura e de invalidez. Um DALY 
equivale a um ano de vida saudável perdido. O DALY 
será referido por sua sigla como anos de vida saudável 
perdidos e anos perdidos por morte prematura e 
invalidez, em toda essa publicação. Os tomadores de 
decisão podem utilizar os DALYs para avaliar 
rapidamente o impacto causado por condições como o 
câncer em comparação com a depressão, usando uma 
métrica comparável. Considerar o número de DALYs ao 
invés de causas de morte isoladas oferece um cenário 
mais preciso dos principais causadores de saúde 
precária. Devido ao uso dessa ferramenta de 
monitoramento da saúde pública, os pesquisadores do 
GBD 2010 descobriram que na maioria dos países, 
conforme a mortalidade é reduzida, a invalidez se torna 
cada vez mais importante. Informações sobre os 
padrões de mudança das doenças é uma contribuição 
fundamental para a tomada de decisões, uma vez que 
elas ilustram os desafios que os indivíduos e os 
profissionais de saúde estão enfrentando em diversos 
países. 
Os DALYs são uma ferramenta poderosa para a 
definição de prioridades, uma vez que eles mensuram 
o fardo da doença a partir de condições fatais e não 
fatais. Outra razão pela qual as maiores causas de DALYs 
diferem das principais causas de morte é que os DALYs 
têm mais peso na morte em idades jovens. Como outro 
exemplo, as lesões por acidentes rodoviários e a 
diarreia causam uma porcentagem maior de DALYs 
totais, pois os DALYs capturam tanto mortes 
prematuras quanto invalidez por essas causas. De 
forma contrária, o AVC constitui uma porcentagem 
muito maior do total de mortes do que os DALYs, uma 
vez que ele afeta principalmente pessoas idosas. 
o DALYs expressa a carga da doença, correspondendo 
à somatória dos anos de vida perdidos por mortalidade 
precoce (em relação a um padrão mundial) e dos anos 
vividos em condições de incapacidade ou deficiência, 
devido a doenças e lesões.O DALYs pode ser expresso 
em números absolutos ou por 100 mil habitantes,como se faz usualmente com os indicadores 
tradicionais de mortalidade. Ao ter a pretensão de ser 
um indicador panorâmico e amplamente abrangente 
dos problemas de saúde de um país mediante um 
equivalente geral, que são os anos de vida perdidos 
ajustados por incapacidade, o DALYs pode ser 
considerado analogicamente como uma espécie de 
produto interno bruto negativo da saúde. Bastante 
criticado desde sua primeira edição, o DALYs logo em 
seguida teve aperfeiçoado seus métodos de cálculo no 
intento de garantir ampla utilização pelas organizações 
internacionais de saúde. 
Expectativa saudável de vida ou expectativa de vida 
ajustada à saúde (HALE): O número de anos que uma 
pessoa em uma determinada idade pode esperar viver 
em boa saúde, levando em consideração a mortalidade 
e a invalidez. 
A HALE expressa “o número de anos que uma pessoa 
de certa idade pode esperar viver em boa saúde, 
levando em conta a mortalidade, a morbidade e o 
estado funcional de saúde, que são específicos para 
cada idade”. Este indicador foi formulado a partir da 
crítica às limitações da medida usual de expectativa de 
vida, que toma em conta apenas a média de anos 
vividos, mas nada expressa acerca de condições boas 
ou más de saúde ao longo da extensão da vida. Para 
corrigir este viés, a HALE junta dados de morbidade aos 
de mortalidade, mediante o método de tábuas de vida 
de Sullivan, descontando dos anos de expectativa de 
vida os anos vividos em condição de incapacidade ou 
deficiência, em função de sequela por algum tipo de 
doença ou lesão. 
Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (QALY): 
Unidade de medida bidimensional do bem estar de um 
indivíduo ou de um grupo de pessoas que ajusta os 
anos de vida segundo a utilidade avaliada como 
consequência dos estados imperfeitos de saúde. Nota: 
o valor da unidade de medida está compreendido entre 
0 (zero), que é morte, e 1 ou 100, que é saúde perfeita. 
A unidade de resultado em saúde que combina ganho 
(ou perda) na sobrevida com qualidade de vida são os 
anos de vida ajustados por qualidade (QALY/quality-
adjusted life years). Os QALY representam os anos de 
vida subsequentes a uma intervenção de saúde, 
ajustados para a qualidade de vida experimentada pelo 
paciente durante esses anos. 
Os QALY fornecem uma unidade comum para 
comparar o custo-utilidade de diferentes intervenções 
de saúde e para estabelecer prioridades para a 
alocação de recursos exíguos e têm sido amplamente 
utilizados na literatura internacional.

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