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ANÁLISE DAS DEMOSTRAÇÕES FINANCEIRAS 1 INTRODUÇÃO 1.1. Objetivos da análise Através da análise das demonstrações financeiras é possível avaliar o desempenho da gestão econômica, financeira e patrimonial das empresas, quanto aos períodos passados, confrontando-o ou não com metas ou diretrizes preestabelecidas. É possível ainda realizar comparações com as tendências regionais ou dos segmentos onde a empresa esteja inserida, determinando também as perspectivas futuras de rentabilidade ou continuidade dos negócios, possibilitando aos gestores tomarem decisões de financiamentos e investimentos, bem como implementarem mudanças de práticas, caso as tendências projetadas sinalizem um cenário não condizente com as políticas até então e estabelecidas, ou até mesmo subsidiar o estabelecimento de novos rumos. Abaixo, temos um quadro resumo com os principais objetivos, de acordo com a necessidade dos usuários das informações contábeis: Usuários Internos Sócios e Gestores * Aumentar ou reduzir investimentos * Aumentar o capital ou emprestar recursos * Expandir ou reduzir as operações * Comprar/vender a vista ou a prazo Usuários Externos Instituições Financeiras * Conceder ou não empréstimos * Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias) Clientes e Fornecedores em Geral * Avaliação com vistas à concessão ou não de crédito, em que valor e a que prazo * Informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante Investidores * Adquirir ou não o controle acionário * Investir ou não em ações na bolsa de valores * Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial de retorno proporcionado (dividendos) Comissão de Valores Mobiliários - CVM * Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de capital aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores mobiliários, como periodicidade de apresentação, padronização e transparência Poder Judiciário * Solicitação e apreciação objetiva de perícia e fiscalização tributária * Buscar indícios de sonegação de tributos Comissões de Licitação * Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro próprio, da solidez econômico-financeira, buscando identificar se há garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos bens e serviços Empregados e Sindicatos * Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores (solvência, distribuição de lucros, etc.) * Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e oferta de oportunidades de emprego. 1.2. Técnicas de análise A Ciência Contábil faz uso de várias técnicas para conseguir o seu objetivo maior (informação). Dentre elas podemos destacar o fluxo: Assim, quando dizemos que estudamos uma determinada técnica de análise, na verdade estamos nos aprofundando em uma técnica contábil denominada análise das demonstrações financeiras. As principais técnicas de análise são: (a) Análise Vertical; (b) Análise Horizontal; (c) Indicadores financeiros e econômicos; (d) Análise da taxa de retorno sobre investimentos; (e) Análise de outras demonstrações contábeis, a exemplo da DFC. 1.3. Cuidados para análise Antes de dar início a qualquer análise contábil, o analista deve atentar para alguns aspectos fundamentais, tais como: (a) Se a empresa opera simultaneamente em vários ramos de atividade; (b) A possibilidade da existência de manipulação das demonstrações contábeis; (c) Se as notas explicativas relatam os fatos que não são esclarecidos pelas demais demonstrações; (d) Cuidado com a correta interpretação de índices; (e) Necessidade de reclassificação de contas do Balanço Patrimonial; (f) Não considerar qualquer indicador isoladamente; (g) Apreciar os indicadores em uma série de anos, pelo menos 3 (três); (h) Comparar os índices encontrados com índices-padrão, ou seja, índices das empresas Concorrentes. 2 TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2.1 Análise Vertical É a análise da estrutura da Demonstração de Resultados e do Balanço Patrimonial, buscando evidenciar as participações dos elementos patrimoniais e de resultados dentro do total, ou dentro de cada grupo de contas. 2.1.1 Análise Vertical – Balanço Patrimonial No Balanço, a análise vertical procura evidenciar a participação de cada elemento do ativo ou do passivo em relação ao ativo total. Desse modo, atribui- se o parâmetro 100% para o total do ativo e para o total do passivo, e todos os outros valores são traduzidos em relação percentual sobre esses totais. Pode- se analisar, também, a participação de cada conta, com relação ao total do grupo a que pertence. Exemplo: 2.1.2 Análise Vertical – Demonstração do Resultado A análise vertical da demonstração de resultados conduz à apresentação da estrutura de custos e despesas, em relação ao total das receitas líquidas. Sendo assim, ela conduz à avaliação da lucratividade, representada pela relação entre o lucro e as vendas, passando pela relação entre custos e despesas e as receitas de vendas. Exemplo: 2.2 Análise Horizontal A Análise Horizontal é o instrumental que calcula a variação percentual ocorrida de um período para outro, buscando evidenciar se houve crescimento ou decréscimo do item analisado. Através da análise dos dados que mostram se houve aumento ou diminuição do elemento analisado, poderemos confrontar os dados extraídos e efetuar as correlações necessárias. Assim, por exemplo, se houve aumento da produção e das vendas, deverá ter havido um crescimento relativamente proporcional do consumo de materiais. 2.2.1. Análise Horizontal – Balanço Patrimonial No Balanço Patrimonial, a base para a Análise Horizontal é escolher o período que será o ponto de partida. Os dados desse período receberão número 100 (100%). Os dados dos outros períodos serão considerados como evolução do período base escolhido. Exemplo: 2.2.2. Análise Horizontal – Demonstração do Resultado A elaboração da Análise Horizontal na Demonstração de Resultados se processa de maneira semelhante àquela utilizada no Balanço Patrimonial, já que tem o mesmo motivo de apresentar a variação de itens, só que, no caso, itens de composição de resultados: Receitas, Custos, Despesas, Impostos, etc. Exemplo: 2.3 Análises por Indicadores 2.3.1. Índices de Liquidez São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. Índice de Liquidez Imediata (LI) Mostra a capacidade de pagamento da empresa de prazo imediato, por meio da fórmula: Esta relação mostra quanto de dinheiro a empresa dispõe (Caixa, Bancos conta Movimento e Aplicações de Liquidez Imediata) para saldar as dívidas de curto prazo. Para efeito de análise da capacidade de pagamento, é um índice sem muito realce, pois relaciona dinheiro disponível em determinada data com valores que vencerão em datas variadas. Observe que esta relação deve ser a menor possível, muito embora seja necessário manter certos limites de segurança que irão variar de acordo com a natureza do empreendimento, com o tamanho da empresa e o estilo da administração, de modo que haja recursos disponíveis para honrar os compromissos de curto prazo. Ao contrário dos demais índices de liquidez, este não se enquadra na regra “quanto maior, melhor”. Exemplo: Aplicando a fórmula apresentada para o LI aos dados da Empresa Via Digital S.A., temos: Analisando o indicador de liquidez imediata,verifica-se que para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo a empresa possui R$ 0,12 de disponibilidades em X1 e R$ 0,16 em X2. Partindo da premissa de que vivemos em um país sujeito a inflação, manter elevado o volume de Disponibilidades não é interessante. Assim, o índice de liquidez imediata não deve ser elevado. Além do mais, não parece, de início, boa política empresarial ter dinheiro parado (em Caixa e/ou Bancos c/ Movimento) para cobrir dívidas que vencerão no curto prazo, ou seja, que poderão ter seus vencimentos até o término do exercício social. Esta margem de segurança deve ser definida conforme o ramo de atividade da empresa e suas peculiaridades. Índice de Liquidez Corrente (LC) Mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo, por meio da fórmula: Isoladamente, os índices de LC superiores a 1,0, de maneira geral, são positivos. Conceituar o índice, todavia, sem outros parâmetros, é uma atitude bastante arriscada, por isso desaconselhável. Interpretação = quanto maior melhor, ou seja, quanto à empresa possui no ativo circulante para cada R$ 1,00 de passivo circulante. Assim se: LC > 1,0 denota um Capital Circulante líquido positivo LC = 1,00 denota um Capital Circulante líquido nulo LC < 1,00 denota um Capital Circulante líquido negativo Não revela a qualidade da composição do ativo circulante (o grupo contas a receber é totalmente recebível?; despesas antecipadas não recuperáveis) Não revela a sincronização entre pagamento e recebimento, por exemplo: as obrigações concentram-se num mês, enquanto os recebimentos podem ocorrer três meses depois Redimensionamento dos estoques: Superavaliados (acima do preço de mercado) – visão mais otimista da liquidez ou; Subavaliados (custo histórico) – visão mais pessimista da liquidez. Além de ser impossível imediatamente vender todos os estoques. Exemplo: X1 X2 Ativo Circulante 950 1.125 Passivo Circulante 605 665 Liquidez Corrente 1,57 1,69 Nos dois exercícios verifica-se que para cada 1,00 de dívida de curto prazo a empresa tem, respectivamente, 1,57 e 1,69 de ativo circulante, ou seja, suficiente para saldar as dívidas e, ainda, permitir uma folga financeira, ou seja, um capital circulante líquido. Pode-se concluir que quando o LC é superior a 1, apresenta-se a existência de Capital Circulante Líquido – CCL, ou seja, CCL = AC – PC Contudo há que se tomar muito cuidado na interpretação da liquidez corrente, pois é incorreto afirmar que para cada 1,00 de dívida a empresa tem em caixa 1,69, pode-se, apenas, afirmar que para cada 1,00 de dívida, a empresa possui ativos circulantes de 1,69. E dependerá da administração da mesma gerenciar/equilibrar as entradas e saídas financeiras, ou seja, o significado do índice diz respeito à margem de segurança da empresa, logo quanto maior o índice melhor a margem de segurança para um equilíbrio financeiro. Índice de Liquidez Seca (LS) O índice demonstra a porcentagem das dívidas de curto prazo em condições de serem saldadas mediante a utilização de itens monetários sem contar com a venda de estoques. Alguns autores também consideram na fórmula as despesas antecipadas por não representarem itens monetários. Este é um índice bastante conservador, por eliminar a fonte de incerteza, na averiguação da situação financeira da empresa, uma vez que os estoques podem ser altamente manipuláveis, com vistas a elevar o índice de liquidez da empresa. Se a empresa sofresse uma total paralisação de suas vendas, ou se seu estoque se tornasse obsoleto, quais seriam as chances de pagar suas dívidas com disponível e duplicatas a receber? Assim, esse indicador excluí os estoques, sendo representado pela fórmula: Exemplo: LS x1 = 1,09 LS x2 = 0,97 O índice significa que para cada R$1,00 de dívida de passivo circulante, a empresa possui 0,97 e 1,09, respectivamente, de ativo circulante sem os estoques. Aqui quanto maior o índice melhor, ou seja, a empresa detém uma capacidade de saldar as obrigações de curto prazo sem necessitar dos estoques. Índice de Liquidez Geral (LG) Mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a curto e longo prazo), ou seja: O índice significa que para cada R$1,00 de dívida a curto e longo prazo, a empresa possui 1,27 e 1,25, respectivamente, de ativo de curto e longo prazo. Adicionalmente, as divergências entre as datas de recebimentos e pagamentos podem empobrecer o indicador, por isso, a análise em uma série é mais adequada. Nesse caso, se na série histórica, o índice permanecer decrescente, é um indicador da perda paulatina do poder de pagamento geral da empresa. Por isso, o LG como todos os índices devem ser analisados em conjunto com outras técnicas de análise. Por exemplo, a empresa, em um exercício, pode contratar um financiamento de longo prazo para investimento no Ativo Permanente, fato que não aumentará nem o AC nem ARLP. Contudo, com o tempo o ativo permanente deverá gerar receita, melhorando sua capacidade de pagamento. 2.3.2. Índices de Estrutura ou Endividamento Os índices de estrutura de capitais mostram a política financeira da empresa em termos de obtenção e aplicação de recursos. Esses índices relacionam a composição de capitais (próprios e de terceiros), buscam diversas relações na estrutura da dívida da empresa e medem os níveis de imobilização de recursos. Os principais índices são: Endividamento total; Participação de capitais de terceiros; Garantia do capital próprio ao capital de terceiros; Composição do endividamento; Imobilização do capital próprio ou patrimônio líquido; Os quatro primeiros índices abordam o endividamento da empresa em termos quantitativos e qualitativos. Os índices de endividamento interpretam como a empresa capta recursos para financiar sua atividade e deve considerar seus custos e a capacidade de geração de lucros É uma boa política financeira utilizar capital de terceiros, principalmente de longo prazo, na medida em que os lucros gerados são superiores aos custos da dívida. Contudo esse processo de endividamento é limitado em função do risco de políticas conjunturais e de mercado. Isto é, quanto maior o endividamento, maior o risco envolvido. Normalmente, as instituições financeiras não estão dispostas a conceder financiamento a empresas com alto grau de dependência de capital de terceiros, pois os casos de falência, na maioria das vezes, estão relacionados a altos endividamentos se comparado aos recursos próprios (patrimônio líquido). Em termos de quantidade da dívida (alta, razoável, baixa), o endividamento pode ser apurado por meio dos seguintes índices: Endividamento total Participação de capitais de terceiros Garantia do capital próprio ao capital de terceiros Índice de Endividamento Total (ET) O endividamento indica o montante dos recursos de terceiros que está sendo usado, na tentativa de gerar lucros. Por isso existe grande preocupação com o grau de endividamento e com a capacidade de pagamento da empresa, pois, quanto mais endividada ela estiver maior será a possibilidade de que não consiga satisfazer as obrigações com terceiros. O grau de endividamento mede, portanto, a proporção dos ativos totais financiada por terceiros (credores da empresa). A fórmula abaixo mostra essa relação: Interpretação: mostra a parcela de bens e direitos da empresa financiada por capital de terceiros. Quanto menor, melhor. No Brasil, adota-se como normal, ou aceitável, um índice de endividamento total em torno de 50% ou 0,5, em razão, principalmente, da carência de recursos próprios para alimentar os planos de expansão da capacidade instalada, de aumento de produçãoe vendas, de ampliação dos prazos de financiamento e etc.... Quando houver intensidade de uso de capitais de terceiros, é importante analisar o índice de endividamento em curto prazo, a fim de examinar até que ponto a estrutura de capitais da empresa está comprometida nos doze meses seguintes. Já a AUTONOMIA FINANCEIRA, acontece quando o Ativo é financiado exclusivamente com recursos próprios. A empresa opera com grau de endividamento total igual a zero. Claro que está situação é muito raro na conjuntura econômica brasileira. Participação do capital de terceiros (PCT): Indica a proporção de capital de terceiros, em relação a capital próprio, que a empresa utiliza para financiar suas operações, ou seja, na aplicação de recursos Onde PE = Passivo circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo Interpretação: quanto menor, melhor Quanto maior for o índice, maior a dependência de capital de terceiros. Essa dependência vai definir o nível de risco. Quando o índice for alto, os recursos próprios são insuficientes para atender as necessidades da empresa que passa a depender excessivamente de recursos de terceiros. Garantia do capital próprio ao capital de terceiros (GCT): Revela a autonomia financeira da empresa, a garantia oferecida por capitais próprios aos capitais de terceiros. Quanto maior for este percentual, maior será a garantia existente. Interpretação: Indica que, para cada real (R$) de dívidas com terceiros (PE), existem x reais de capital próprio (PL); quanto maior for o capital próprio, maior segurança haverá para os credores que emprestam capital para a empresa. Composição do Endividamento (CE): A análise da composição da dívida também é bastante significativa: Endividamento a curto prazo: normalmente utilizado para financiar o ativo circulante; Endividamento a longo prazo: normalmente utilizado para financiar o ativo permanente A proporção favorável é de maior participação de dívidas a longo prazo, propiciando a empresa maior tempo para gerar recursos que saldarão suas dívidas. Ao contrário, se a empresa concentrar dívidas de curto prazo poderá ter dificuldades financeiras e empréstimos a curto prazo são mais onerosos. Assim, é desejável um equilíbrio ente dívidas de curto e longo prazo. Imobilização do Capital Próprio ou Patrimônio Líquido (ICP): Este índice mede quanto à empresa usa de seus recursos próprios para financiar todo o seu Ativo Permanente. Interpretação: quanto menor o índice de Imobilização do Capital Próprio, melhor a capacidade financeira da empresa. 2.3.3 Índices de Rentabilidade O lucro é o principal estímulo do empresário e uma das formas de avaliação do êxito de um empreendimento. A rentabilidade é o reflexo das políticas e das decisões adotadas pela administração da empresa, expressando seu nível de eficiência e o grau do êxito econômico-financeiro atingido. Os índices de rentabilidade têm por finalidade medir o rendimento econômico obtido pela empresa em certo período, isto é, mensurar a rentabilidade dos capitais investidos. Nesse sentido, há um grande número de indicadores de rentabilidade, cada um deles relacionando os retornos da empresa a suas vendas, a seus ativos ou ao seu Patrimônio Líquido. Neste grupo de informações sobre rentabilidade encontram-se dois conjuntos de índices: os que expressam as margens de lucratividade das vendas e as taxas de retorno sobre os recursos investidos. Margem de lucratividade das vendas Análise da DRE em termos de participação dos resultados do Lucro Bruto, do Operacional e do Líquido em relação às vendas líquidas. Na avaliação da rentabilidade é importante a contextualização na interpretação dos indicadores, logo você deverá compará-los com os: - índices de rentabilidade de empresas competidoras; - índices da série histórica da empresa (análise da tendência); - índices da média do setor (se o rendimento foi mais alto ou mais baixo do que a média do setor). Desse modo, você terá condições de verificar se a taxa de rentabilidade é satisfatória, normal ou insuficiente. Margem bruta Indica qual o percentual de lucro bruto obtido pela empresa em relação às suas vendas líquidas. Através desse indicador, a empresa irá mensurar a percentagem de cada real de vendas que sobrará após a dedução do Custo das Vendas. Interpretação: quanto maior a margem bruta, melhor a situação econômica da empresa. Margem operacional Indica qual percentual do lucro operacional a empresa obteve em relação às suas vendas líquidas. Através desse indicador a empresa irá mensurar a percentagem de cada real de vendas que sobrará após a dedução dos custos das vendas e das despesas operacionais (com vendas, administrativas, financeiras líquidas e outras despesas/receitas operacionais). Interpretação: quanto maior a margem operacional, melhor a situação econômica da empresa. Margem líquida Esta margem indica qual a percentagem de lucro líquido à empresa obteve em decorrência de suas vendas. Mostra o ganho final do lucro da empresa que deverá estar à disposição dos donos do capital investido (proprietários, acionistas, cotistas). Esse índice mensura a percentagem de cada real proveniente das vendas que restou após a dedução de todos os custos e despesas. Interpretação: quanto maior for a margem líquida da empresa, melhor, já que é uma medida usada para avaliar o sucesso (ou não) da mesma. Taxas de retorno sobre recursos investidos Medem o poder de ganho da empresa e/ou dos proprietários (acionistas ou cotistas) em relação aos recursos aplicados na empresa. Giro do Ativo Esse quociente evidencia a proporção existente entre o volume das vendas e os investimentos totais efetuados na empresa. Onde: Ativo Total Médio = (Ativo Total Inicial + Ativo Total Final) /2 Interpretação: quanto maior, melhor O GA é um indicador de eficiência. Denota quão efetiva uma empresa é em gerar vendas a partir de sua base de ativos. Como o indicador mede o volume de vendas sobre o total de capitais aplicados na empresa, o volume ideal de vendas deve proporcionar lucratividade suficiente para cobrir todos os gastos, oferecendo boa margem de lucro líquido. Comparação entre o GA e a ML Quando o GA é superior a um, a situação é favorável e se a ML for inferior a um, indica que a aparente situação favorável não é suficiente para cobrir os custos necessários à sua obtenção; Quando o GA é inferior a um, a situação é desfavorável e se a ML for superior a um, revela que embora as vendas tenham sido baixas em relação ao investimento total, elas foram suficientes para cobrir os custos necessários à sua obtenção. Sendo assim, nem sempre um volume de vendas alto é sinônimo de lucratividade garantida e vice-versa. Há casos em que a empresa reduz o volume de vendas como medida necessária para aumentar a sua lucratividade, pois há redução de gastos. Retorno sobre Investimentos (TRI) ou Return on Investment (ROI) Evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa, isto é, quanto à empresa obteve de lucro líquido para cada real investido no Ativo Total. Onde: Ativo Total Médio = (Ativo Total Inicial + Ativo Total Final) /2 A interpretação deste indicador deve ser direcionada para verificar o tempo necessário para que haja retorno dos capitais totais (próprios e alheios) investidos na empresa, conhecida como pay back (tempo médio de retorno dos investimentos). Logo, a interpretação é de que quanto maior o índice menor o quantitativo de tempo do pay back. Exemplo: Para uma TRI = 0,20, você terá: 0,20 = retorno de 20% ao ano, ou seja, no 1º ano serão recuperados 20% dos investimentos. Quantos anos serão necessários para a empresa recuperar todos os investimentos feitos no Ativo, ou seja, os 100%? 1º ano ------ 20% X -------- 100%X = 5 anos Isso significa que, mantido o atual nível de rentabilidade e sem contar as possíveis reinversões de lucros, a empresa tem uma previsão de levar cinco anos para recuperar seu investimento total. Repare que a rentabilidade do investimento nada mais é do que a união entre o Giro do Ativo e a Margem Líquida. GA = RL / AT x ML = LL / RL Logo, TRI = LL / AT Retorno sobre Patrimônio Líquido (TRPL) ou Return on Equity (ROE) Esta taxa mede a remuneração dos capitais próprios investidos na empresa, ou seja, quanto à empresa ganhou de Lucro Líquido para cada real de capital próprio investido. Onde: Patrimônio Líquido Médio = (Patrimônio Líquido Inicial + Patrimônio Líquido Final) /2 Interpretação: quanto maior, melhor. Em um exemplo: TRPL = 15% significa que o poder de ganho dos proprietários é de que, para cada R$ 1,00 investido, há um ganho de R$ 0,15. Com esse índice, os proprietários levaram, em média, cerca de 7 anos para recuperar seus investimentos (pay back dos proprietários). Além de mostrar o poder de ganho dos proprietários (acionistas ou cotistas), a TRPL permite verificar se esse rendimento é compatível com os de outros rendimentos existentes no mercado como: caderneta de poupança, títulos de renda fixa, CDBs, ações, aluguéis etc, possibilitando avaliar se a empresa está oferecendo rentabilidade superior ou inferior a essas aplicações. 2.3.4 Índices de Prazos Médios Estes índices representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo, seus resultados são normalmente expressos em dias, meses ou períodos maiores, fracionários de um ano. Através destes dados das demonstrações financeiras, podem ser calculados quantos dias, em média, a empresa terá que esperara para receber suas duplicatas (provenientes das vendas a prazo); quantos dias seus estoques ficam estocados e quanto tempo demora para pagar seus fornecedores (proveniente de compras a prazo). Basicamente existem três índices de prazos médios que podem ser Encontrados a partir das Demonstrações Financeiras. Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) Este índice expressa quanto dias, em média os produtos ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos, ou seja, quanto tempo o estoque demora para se renovar. A fórmula usada para o cálculo do prazo médio de renovação dos estoques (PMRE) é: Onde: ESTm = Estoque médio (estoque inicial - estoque final / 2) CMV = Custo das mercadorias vendidas DP = Dias do período considerado (ex:360 dias / 30 dias/ 90 dias) Exemplo: Assim, a empresa “Hipotética” que vendeu produtos ou mercadorias com Custo de 10.000,00 e manteve um estoque médio durante o período de 1.400,00 Apresentará o seguinte índice: PMRE = 1.400,00 x 360 = 50 dias 10.000,00 Aspectos Importantes: O volume de estoques mantido por uma empresa decorre fundamentalmente do seu volume de vendas e de sua política de estocagem. Quanto mais a empresa vende seus produtos ou mercadorias maior será o giro do estoque. No mundo moderno a tendência das empresas caminha em direção a uma administração em que os estoques sejam mantidos a níveis baixos e tenham seu giro rápido, ou seja, demore poucos dias para se renovar, ficando menos tempo estocado. O montante de estoque da empresa pode ser visto como algo que representa certa potencialidade dos mesmos serem transformados em dinheiro, que é a imagem que as empresas tentam passar aos gerentes de bancos, quando querem obter empréstimos. Também pode ser entendido como aplicações de recursos no ativo circulante. Quanto maiores, mas recursos a empresa está comprometendo com os mesmos, Além dos custos de aquisição ou fabricação dos estoques, há uma série de outros gastos como transportes, armazenagens e seguros. A forma como a empresa vem financiando seu estoque também é uma questão fundamental. Se a empresa estiver mantendo estoques relativamente elevados, porém financiando-os com recursos próprios, pode não ser muito crítico, mas se estiver mantendo-os à custa de empréstimos bancários tenderá a ser uma situação crítica, representando alto risco para os próprios bancos. Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) O prazo médio de recebimento das vendas, expressa quantos dias, em média, a empresa leva para receber o fruto de suas vendas a prazo. A fórmula usada para o cálculo do prazo médio de recebimento das vendas (PMRV) é: Onde: Dm = Duplicatas a receber médias (média do período) VL = Vendas líquidas (ou receita líquidas) DP = Dias do período considerado Exemplo: Digamos que a empresa tenha saldo médio de duplicatas a receber de R$3.500,00 e que sua venda anual tenha sido de R$30.000,00. Seu prazo médio de recebimento será de: PMRV = 3.500,00 x 360 = 42 dias 30.000,00 Aspectos Importantes: O volume de duplicatas a receber é decorrência do montante de vendas a prazo e dos prazos concedido aos clientes para pagamento. O ideal é que este tempo seja o mais curto possível, para que não afete a situação financeira de liquidez da empresa e a mesma não fique sem dinheiro para cumprir suas obrigações. As vendas a prazo devem seguir uma política de crédito adotada pela empresa que seja adequada ao seu tipo de atividade. Há diferenças fundamentas nos padrões para concessão de créditos utilizados por empresas diferentes, especialmente quando atuantes em ramos de atividade diferentes. O fato de a empresa demorar mais ou menos para receber suas vendas a prazo pode derivar de vários fatores, tais como, usos e costumes dos ramos de negócio, política de maior ou menor abertura para o crédito, eficiência do serviço de cobranças, situação financeira de liquidez dos clientes, etc. Atualmente, com o objetivo de conquistar novos mercados, as empresas estão diminuindo o grau de exigência na análise do risco de seus clientes, o que poderá trazer maior volume de incobráveis, ao mesmo tempo em que os gastos com cobrança e outras funções administrativas crescerão. Prazo Médio de Pagamento das Compras (PMPC) O prazo médio de pagamento das compras expressa quantos dias, em média, a empresa demora para pagar seus fornecedores de matéria prima, produtos ou mercadorias. Sua fórmula é a seguinte: Onde: FORNm = Fornecedores (média do período) C = Compras DP = Dias do período considerado C= CMV + EF - EI Exemplo: Suponhamos também que esta empresa apresente R$4.000,00 com Fornecedores (média) e tenha realizado compras anuais no valor de 20.000,00. Seu índice de pagamento será: PMPC = 4.000,00 x 360 = 72 dias 20.000,00 Com base no exemplo, temos os seguintes prazos médios apresentados no Quadro resumo abaixo: Aspectos Importantes: O volume de contas a pagar é decorrente do montante de compras a prazo e dos prazos concedidos à empresa para pagamento. É importante que este volume não se mantenha alto por atraso nos pagamentos. O ideal é que este prazo seja o mais longo possível e após o recebimento das vendas, para que a empresa não tenha que recorrer a empréstimos para cumprir com suas obrigações e consequentemente aumentando suas despesas financeiras. O valor das compras deve ser calculado de acordo com o tipo de empresa, nas empresas comercias o cálculo do valor das compras é mais simples do que nas Empresas industrias. 2.3.5 Prazos Médios X Rotação Os prazos médios indicam quantos dias, semanas ou meses a empresa mantém os estoques (PMRE), demora para receber de suas vendas a prazo (PMRV) e para pagar as suas compras a prazo (PMPC). Já os índices de rotação indicam quantas vezes por ano ocorre cada um desses fatos. Para calcular o número de vezes em que determinado item se renova, roda ou gira basta dividir 360 (período considerado) pelo prazo médio. Rotação de Estoque: Indica quantas vezes o estoque se renova em determinadoperíodo. Quanto maior a rotação do estoque, menor será o seu prazo de reposição, portanto, mais rapidamente ele retorna em forma de dinheiro para repor (ou produzir) aqueles Itens vendidos, e recolocá-los na nova composição de estoques. Rotação de Créditos: Este índice averigua quantas vezes os créditos foram renovados no período considerado. Está relacionado com o prazo médio de recebimento das vendas. Quanto maior a rotação de créditos, menor será o prazo de recebimento das vendas e vice-versa. Portanto, a empresa deve aumentar o mais que possível a rotação das contas a receber, reduzindo ao máximo o prazo médio de recebimento das vendas. Rotação de Débitos: Este índice averigua o número de vezes em os débitos assumidos com fornecedores de matéria prima, produtos ou mercadorias, foram renovados no período considerado. Está relacionado com o prazo médio de pagamento a fornecedores. Quanto menor a rotação de débitos, maior é o prazo de pagamento das compras e vice-versa. Portanto, a empresa deve reduzir ao máximo a rotação de débitos e mantê-la inferior a rotação de créditos para que a empresa primeiro receba para depois pagar seus compromissos. O exemplo da empresa “Hipotética” nos mostra também a rotação dos elementos patrimoniais aqui analisados, a qual pode ser observada no quadro abaixo: Aspectos Importantes: Quanto maior a rotação do estoque, melhor será a liquidez e desempenho da empresa, principalmente se a margem de lucro sobre as vendas se mantiver constante ou, se diminuir menos que o aumento da rotação. É importante do ponto vista financeiro que a empresa adote uma política de compra e venda de forma a receber primeiro para depois pagar, ou seja, rotação de créditos maior que a rotação de débitos. Quando a empresa demora muito mais para receber suas vendas a prazo do que para pagar suas compras a prazo, irá necessitar de capital de giro adicional para sustentar suas vendas, tendo que recorrer empréstimos e criando um círculo vicioso difícil de se romper, aumentando, consequentemente, o grau de endividamento da mesma. A Inter- Relação dos Índices de Prazo Médio Os índices de prazos médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto. A análise dos prazos médios só é útil quando os três são analisados conjuntamente. A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos operacional e de caixa (ou financeiro), elementos fundamentais para a determinação de estratégias empresarias, tanto comerciais quanto financeiras. O prazo médio de renovação de estoques - PMRE - representa, na empresa comercial o tempo de estocagem de mercadorias, na empresa industrial, o tempo de produção e estocagem. O prazo médio de recebimento de vendas - PMRV - expressa o tempo decorrido entre a venda e o recebimento. A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o que se chama Ciclo Operacional, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria. Desta forma, entende-se que Ciclo Operacional é o tempo decorrido entre a saída e o retorno ao caixa, dos recursos aplicados nos fatores de produção e de Comercialização. O Ciclo Financeiro é o tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento em que recebe suas vendas (recebimento do cliente). Com base no exemplo da empresa “Hipotética”, temos o seguinte ciclo Operacional e financeiro: A partir da formação deste ciclo operacional, observa-se que a empresa primeiro compra, depois de certo tempo vende num prazo de rotação de estoque de 50 dias. Após a venda ocorre a saída de dinheiro para pagamento de fornecedores e somente depois a empresa recebe suas vendas dos clientes com um prazo de 20 dias. O período que vai da compra de estoques até o recebimento das vendas, resulta num ciclo operacional de 92 dias, por outro lado, o período referente a saída do dinheiro para pagamento e entrada através do recebimento dos clientes, representa o ciclo financeiro da empresa de 20 dias. Quanto maior a distância entre o pagamento e o recebimento, maior será a necessidade recursos da empresa, afetando sua liquidez, lucratividade e endividamento. O ciclo operacional de uma empresa mostra o prazo de investimento. Desta forma, se o Prazo Médio de Pagamento das Compras for superior ao prazo Médio de renovação de estoques, então os fornecedores financiarão também uma parte das vendas da empresa. O tempo decorrido entre o momento em que a empresa coloca o dinheiro (pagamento ao fornecedor) e o momento que recebe as vendas (recebimento do cliente) é o período em que a empresa precisa arrumar financiamento. É o ciclo de Caixa, também chamado Ciclo Financeiro. Desta forma, apresenta dois gráficos que ilustram duas situações possíveis: Os Fornecedores financiam totalmente os estoques e uma parte das vendas: Este quadro mostra que a empresa realiza seu pagamento depois das suas vendas dos produtos ou mercadorias. Isto quer dizer que, os fornecedores estão financiando todo seu estoque e ainda uma parte das vendas. Os Fornecedores financiam apenas parte do estoque: Neste quadro pode-se observar que a empresa realiza seu pagamento de suas compras a prazo antes da venda dos produtos ou mercadorias. Isto significa que os fornecedores estão financiando apenas parte do estoque e não financiam suas vendas. Influência dos Índices de Prazos Médios sobre outros índices Financeiros. Estes índices apresentam uma influência muito grande sobre a posição presente e futura de liquidez (a curto e longo prazo), uma vez que, à medida que diminuirmos o prazo médio de recebimentos em relação ao prazo médio de pagamentos, a empresa apresentará condições mais tranquilas para de liquidez. Quanto maior a distância entre os prazos de pagamento e de recebimentos, maior será a necessidade de recursos da empresa afetando sua liquidez Lucratividade e endividamento. Como dificilmente a empresa poderá modificar sensivelmente o prazo médios de pagamentos, resta agir sobre o prazo médios de recebimento e sobre a margem De lucro sobre as vendas, que são fatores que dependem da administração da empresa. Os prazos médios também influenciam no endividamento da empresa, principalmente o prazo médio de pagamento, uma que este evidencia o volume de contas a pagar. Se a empresa possui um grande volume de contas a pagar, a mesma demonstra-se bastante comprometida perante terceiros. Quanto mais longo se apresentar o ciclo operacional, mais elevado serão às necessidades de investimento em giro. ANÁLISE CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o Ciclo Operacional, ou seja, o tempo decorrido entre a compra e o recebimento das vendas de mercadorias. É o tempo decorrido entre o momento em que a empresa paga aos fornecedores e o recebimento das vendas (clientes). O ciclo financeiro é o número de dias necessários para que uma empresa opere. Exemplo: Resumo: Ciclo Econômico: O ciclo econômico nada mais é do que o tempo que o produto se mantém no estoque, considerando desde o momento da aquisição da matéria prima até a venda do produto propriamente dito. Fórmula = Prazo Médio de Renovação do Estoque Ciclo Operacional: O ciclo operacional de uma empresa engloba o período entre a data de compra do produto até a data do pagamento por parte do cliente. Em outras palavras, o ciclo operacional compõe-se da soma dos processos operacionais da empresa, isto é, compra, tempo de estocagem e pagamento da matéria prima, estocagem do produto final, vendas desses produtos e recebimento dos valores dessas vendas. Fórmula = Ciclo Econômico + Prazo Médio-Recebimento Ciclo Financeiro (Ciclo de caixa): Também conhecido como ciclo de caixa, essa etapa começa no pagamento da matériaprima e é finalizada com o recebimento das vendas. Assim, afirma-se que o ciclo financeiro é o ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento da empresa. Fórmula = Ciclo Operacional – Prazo Médio-Pagamentos O ciclo financeiro, nada mais é do que a quantidade de tempo necessária para controlar o desenvolvimento das atividades da empresa. É o período entre o prazo médio de pagamento aos fornecedores e o prazo médio de recebimento das vendas. É o período durante o qual a empresa financia suas operações sem a participação dos fornecedores. Gerenciando o ciclo de caixa ou financeiro O ciclo de caixa evidencia a necessidade de capital da empresa em determinado período Ciclo de caixa positivo: significa que a empresa deve usar formas negociadas de financiamento, ou seja implica em necessidade de recursos para capital de giro. Ciclo de caixa negativo: significa que o período médio de pagamentos (PMP ou PMPC) excede o ciclo operacional (CO). É desejável, pois o prazo que os fornecedores concedem é superior ao ciclo operacional. Quanto maior este ciclo de caixa, mais recursos próprios e de terceiros (exceto fornecedores) estarão temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a rentabilidade. Necessidade de Capital de Giro (NCG): A necessidade de capital de giro é o montante mínimo que uma empresa deve ter em caixa. Esse valor serve para manter a empresa funcionando. Assegurando as operações necessárias dentro da empresa. Quando o cálculo tem um resultado negativo, indica que há necessidade de fontes externas de capital de giro. A necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da empresa. Quando o ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, a redução do ciclo de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e pagar mais tarde - deve ser uma meta da administração financeira. Podemos observar acima que houveram dois eventos financeiros: a saída de caixa pelo pagamento do fornecedor e a entrada de caixa pelo recebimento das vendas, entre estes transcorreram 20 dias. Esses 20 dias representam a Necessidade de Investimento de Capital de Giro da Empresa. Quando há necessidade em Capital de Giro, a empresa precisa de recursos para financiar sua operação, estes recursos podem ser de empréstimos bancários, ou de recursos dos próprios sócios. Por isso é muito importante tomar as decisões de compras e vendas com bastante critério, já que quanto maior for o prazo que você oferece ao seu cliente ou quanto maior forem as parcelas de vendas a prazo no seu faturamento, mais recursos financeiros a empresa deverá ter. Porém, o inverso também pode acontecer. A saída de recursos com pagamento do fornecedor pode ocorrer após as entradas do recebimento das vendas e essa sobra de recursos normalmente é alocada no caixa da empresa. A empresa deve ter atenção pois este recurso em caixa dão a falsa impressão que a empresa pode distribuir lucros, fazer investimentos em imobilizados ou utilizá-los de outras formas, e quando chega a hora de pagar fornecedores não há recursos suficientes. Por isso é tão importante acompanhar o fluxo de caixa da empresa, pois fornece a dimensão real do que está ocorrendo com a empresa. Para calcular a necessidade de capital de Giro podemos utilizar também as contas do balanço Patrimonial Exemplo: Através do saldo das contas no Balanço Patrimonial: NCG = Valor das Contas a Receber + Valor em Estoque - Valor das Contas a Pagar. Contas a Receber: R$ 25.000,00 Estoques R$ 40.000,00 Contas a Pagar R$ 35.000,00 NCG = R$40.000,00 + R$25.000,00 – R$35.000,00 = R$30.000,00. Através do Ciclo Financeiro (Prazo Médio de Estoques + Prazo Médio de Recebimentos - Prazo Médio de Pagamentos). NCG = Ciclo Financeiro x Valor das Vendas por Dia Exemplo: P.M. Recebimentos 30 dias + P.M. Estoques 45 dias - P.M. Pagamentos 35 dias = Ciclo Financeiro: 40 dias Vendas por dia: R$ 750,00 Necessidade Capital de Giro: R$ 30.000,00 (R$ 750,00 x 40 dias). Como calcular o Capital de Giro? Os ciclos operacional e financeiro, dão a dimensão do Capital de Giro em dias, mas é possível fazer o cálculo transformando os dias em valores monetários e facilitando a gestão financeira. Para isso é preciso identificar as variáveis e contas que estão relacionadas a operação da empresa. Começamos pelo ativo circulante, ou seja, os valores relacionados às contas a receber, o estoque, os adiantamentos entre outros, de acordo com o mercado que a empresa atua. As contas do ativo são consideradas investimentos, portanto quanto maiores forem, maior o prazo médio e mais recursos a empresa precisará para cobrir esse investimento, enquanto ele não se transforma em dinheiro. Por outro lado, é preciso também considerar o passivo circulante, ou seja, as contas a pagar, os fornecedores, folha de pagamento, aluguel, impostos e demais despesas. Os valores no Passivo são fontes de recursos, portanto quanto maiores forem, menor será a necessidade de investimento em Capital de Giro. Essas fontes são operacionais, e desde que não se tenha um custo elevado de ampliação dos prazos é saudável se financiar desta forma. A fórmula para o cálculo é simples. Para calcular o Capital de Giro líquido (CGL), basta somar os Ativos Circulantes (Investimentos) e reduzir os Passivos Circulantes (Fonte de Recursos). CGL = AC – PC Quando o valor do ativo circulante supera o do passivo circulante, significa que a empresa possui um capital de giro positivo e vice versa. Grau de Alavancagem Alavancagem significa a capacidade de uma empresa utilizar recursos de capital (ativos) de forma a maximizar o retorno de acionistas, quotistas ou titular. A aplicação da alavancagem na avaliação de uma empresa permite que se conheça sua viabilidade econômica e se identifique as causas que determinaram eventuais variações nos resultados. Grau de Alavancagem Operacional (GAO): O GAO mede os efeitos provocados sobre o Lucro Operacional pelas variações ocorridas nas vendas. Refere-se à um nível específico de produção e de vendas. Serve para apontar um acréscimo ou decréscimo no Lucro Operacional, a partir da variação do volume de vendas. A alavancagem operacional é possível pela presença de custos/despesas fixas na estrutura de resultados de uma empresa. Essas despesas não sofrem variação diante de mudanças no volume de vendas (Ex.: depreciação, aluguel, etc.). Empresas com maior participação de despesas fixas na estrutura tem maior capacidade de alavancar seu resultado operacional, mas apresenta maior risco operacional. Se as vendas aumentarem em 20%, o que ocorrerá com o resultado? E se as vendas reduzir em 20%, o que ocorrerá com o resultado? Quanto maior o GAO, maior a participação de custos/despesas fixas na estrutura de resultados e também maior o risco operacional da empresa. Uma fórmula de se perceber o GAO é calcular, através da Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE), os valores para a margem de contribuição e o LAJIR: GAO = MC ÷ LAJIR MC: Margem de contribuição, que pode ser calculada por = Receitas - Custos Variáveis LAJIR: Lucro antes de juros e imposto de renda (em inglês EBITDA) Existe, também, uma outra fórmula que se utiliza das variações ocorridas nas vendas com a alavancagem, e que pode ser mais útil para empresários que não elaboram a DRE: GAO = variação no lucro operacional (%) ÷ variação no volume de vendas (%) Grau de Alavancagem Financeira (GAF): A alavancagem financeira, vias de fato, utiliza de recursos de terceiros, como empréstimos, debêntures, ações preferenciais, entre outros, para maximizar os efeitos de sua variação do lucro operacional (LAJIR) sobre os lucros por ação. Antes de recorrer a alavancagem financeira é preciso estudar e se planejar para o acréscimo do índice de endividamentona estrutura monetária da empresa, bem como o risco envolvido em curto, médio e longo prazo. O endividamento apenas se mostrará benéfico se o custo de empréstimo for menor que o retorno que se espera obter com a aplicação de recursos oriundos desse empréstimo. http://blog.focalise.com.br/afinal-o-que-sao-debentures/ Com isso, são utilizados no cálculo os lucros anteriores e posteriores aos pagamentos de juros, relacionados na fórmula: GAF = LAJIR ÷ LAIR LAJIR: Lucro antes de juros e imposto de renda LAIR: Lucro antes do imposto de renda ou LAJIR subtraído dos Juros Para um resultado maior do que 1, significa que o lucro adicional oferecido aos acionistas é maior do que a remuneração ao empréstimo feito. Com um grau menor ou igual a 1, a operação não foi bem sucedida. Exemplo de alavancagem financeira Uma empresa procurou por capitais de terceiros que remuneram juros no valor de R$ 5.000,00 em um período que o LAJIR alcançou o valor de R$ 12.000,00. Para calcular seu GAF, é utilizado o valor do LAIR, que neste caso tem o valor de R$ 7.000,00 (12.000 - 5.000): GAF = 12.000 / 7.000 GAF = 1,71 Como o valor é maior do que um, a alavancagem financeira da empresa foi bem sucedida e retorna um lucro adicional aos sócios ou acionistas. Observação: Alguns autores usam a seguinte fórmula: Diferenças entre a Alavancagem Financeira e Operacional Uma das principais diferenças é a utilização, para o cálculo, de custos fixos por meio da alavancagem operacional e a de encargos financeiros fixos quando falamos da alavancagem financeira. Os riscos para cada tipo de alavancagem se diferenciam pelos recursos que são utilizados, já que a operacional se envolve em riscos comerciais e a financeira se envolve em riscos quanto ao crédito tomado. EBITDA INSTRUÇÃO CVM N. 527, de 04 de Outubro de 2012 dispõe sobre a divulgação voluntária de informações de natureza não contábil denominadas LAJIDA (EBITDA) e LAJIR (EBIT). Ebitda é a sigla de “Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, que traduzido para o português significa “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações” – LAJIDA. (Usaremos indistintamente as duas siglas). Com o objetivo de se conseguir comparabilidade entre resultados mensurados em diversos países, devido à globalização nas últimas décadas, surgiu a necessidade de medidas gerenciais que ressaltem melhor as estratégias financeiras e vantagens competitivas empreendidas. Nesse contexto, surgiu o indicador de mercado conhecido pela sigla EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization), em português traduzido pela sigla LAJIDA (lucro antes dos juros, impostos sobre o lucro, depreciações/exaustões e amortizações). A finalidade do Ebitda é demonstrar o potencial de geração operacional de caixa que uma empresa é capaz de produzir, antes de considerar o custo de qualquer empréstimo ou financiamento. Não é o fluxo de caixa efetivamente gerado ou consumido no período, pois não considera as variações nas contas de ativo e passivo. Em outras palavras, parte das vendas pode não ter sido ainda recebida, e parte das compras ainda não ter sido pagas. Alguns autores equivalem o EBITDA ao conceito de fluxo de caixa operacional, mas, como se está no regime de competência, parte das receitas pode não ter sido recebida, assim como parte das despesas pode ainda não ter sido paga. Assim, é melhor conceituá-lo como um indicador que revela o potencial da empresa para a geração de caixa operacional. Podemos calcular o EBITDA da seguinte forma: Lucro Operacional Antes IR e CSLL (+) Despesas Financeiras (Resultado líquido financeiro) (+) Amortização (+) Depreciação (=) EBITDA Outra forma de cálculo, partindo do Lucro LÌquido: Lucro Líquido (+) IR e CSLL (+) Despesas Financeiras (Resultado líquido financeiro) (+) Amortização (+) Depreciação (=) EBITDA