Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 ABCs → acesso à via aérea, via venosa, infundir líquidos; Hemorragia → Tríade da morte: hipotermia + acidose + coagulopatia; Controle da hemorragia: cirurgia ressuscitativa; torniquete; gorroteamento; infusão de líquidos; Objetivos da ressuscitação: romper o ciclo vicioso do sangramento Coagulopatia → parar o sangramento é o padrão ouro!!! o Cirurgia; → Reconhecer o sangramento e tratar → repor cristaloides ou sangue e hemoderivados; Segunda causa de morte precoce mais prevenível; Lesões vasculares e coagulopatia; Demora no diagnóstico e tratamento → isquemia tecidual → choque irreversível → falência múltipla de órgãos e sistemas; → A prioridade depende do grau de comprometimento fisiológico; Parar o sangramento; Remover a contaminação; Proporcionar perfusão tecidual adequada; Fornecer oxigênio aos tecidos; Um em cada 4 traumatizados graves fica coagulopático; Coagulopatia precoce; Disfunção orgânica + resposta hemostática deficiente; Independe da diluição iatrogênica (infusão de cristaloides), da acidose e da hipotermia; Coagulopático: o Desequilíbrio na produção de anticoagulante → produção de proteína C reativa; o Desequilíbrio na produção de procoagulantes → resposta antifibrinolítica; o Desequilíbrio na produção de fibrinolíticos → atividade tecidual do plasminogênio Clinicamente: avaliar PA, FC, débito urinário e temperatura; PA: o Sangramento descontrolado + suspeita de TCE → ressuscitação hipotensiva (PAS 80-90 mmHg); o Sangramento controlado → PAM >70-75 mmHg; Frequência cardíaca: o Não é um indicador confiável; o Hipovolemia → é apenas uma das muitas causas de taquicardia; o Pode ser um indicador forte na resposta aos fluidos → alterações da FC → indicador de reanimação volêmica positiva; Débito urinário: o Excelente indicador → perfusão tecidual; o Durante a ressuscitação hipotensiva, qualquer débito urinário é adequado; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 o 0,5-1,5 mL/kg/h → sem diurético; Temperatura: o Limite mínimo: 34ºC; o Hipotermia: ↑ mortalidade; Maior disfunção orgânica; Diminuição do sistema enzimático; Anomalias de coagulação; Associa-se ao desenvolvimento de coagulopatia; Marcadores de perfusão tecidual → Dosagem de lactato; → Saturação de SvO2; → Débito urinário; Valores quantificáveis de lactato Melhor indicador de isquemia tecidual (metabolismo anaeróbico); Déficit de base: medidor indireto de lactato; Valores elevados persistentes de lactato correlacionam-se com alta mortalidade; Níveis séricos de lactato Determinações seriadas são preferíveis; Lactato > 2,5 mmol → isquemia tecidual; Armadilhas → outras causas de aumento de lactato (hipotermia, inotrópicos, diluição, fluidos IV, alcalose); Débito cardíaco Pré-carga → pressão venosa central (PVC): o Indicador (não é um monitor) de função cardíaca; o Correlaciona-se pobremente com o volume sanguíneo perdido; o Usado para monitorar a infusão de fluidos; Método invasivo: cateter de PA (através da subclávia) → apenas em casos selecionados; Não-invasivo: análise da curva de pulso → doppler aórtico, capnografia. o Capnógrafo → o CO2 expirado (PETCO2) reflete, além da ventilação pulmonar (eliminação), a produção de dióxido de carbono (metabolismo) e o fluxo sanguíneo pulmonar (circulação); Quando o metabolismo e ventilação são constantes, o CO2 expirado reflete o fluxo sanguíneo pulmonar e, desta forma, o débito cardíaco (DC); Perfusão orgânica Pressão intra-abdominal (PIA) aumentada afeta a perfusão orgânica; PIA: o Normal → < 5mmHg ou < 8 cmH2O; o Síndrome compartimental → > 20 mmHg ou > 25 cm H2O; o Afeta função renal, ventilação e débito cardíaco; Adjuntos Dosagens Medida terapêutica TP ou TTPa > 1,5 N 4 U PFC Fibrinogênio < 1g/mL 10 U crio Plaquetas < 75.000/mm³ 6 U/1aférese Hemoglobina e hematócrito Os valores não se relacionam com as perdas de sangue, salvo se existir compensação de volume; Hb → 8-10 g/dL; Hb pacientes estáveis sem risco de ressangramento → 7-8 g/dL; Tromboelastograma ou tromboelastometria Permite melhor compreensão e avaliação do sistema hemostático humano, abrangendo possibilidades de um quadro com prognósticos positivo e negativo; Melhor método diagnóstico usado em cirurgia para avaliar o sistema hemostático humano; Avalia de forma global e dinâmica o processo de formação do coágulo, incluindo desde a cinética inicial de geração de trombina, a máxima estruturação e polimerização de fibrina até a lise do coágulo; Apresenta a coagulação em âmbito geral, podendo fazer correlações com patologias associadas a hemostasia, como hipocoagulabilidade, hipercoagulabilidade e hiperfibrinólise; Documenta por registro gráfico interações bioquímicas e celulares; Representação gráfica da formação e lise do coágulo; Monitora tratamentos terapêuticos; Importância: o Diagnóstico de potenciais causas de hemorragia; o Guia de terapias hemostáticas; o Preditor de risco de sangramento durante procedimentos cirúrgicos; o Racionalização para transfusão sanguínea; o Redução de complicações com hemocomponentes; o Monitorização de estados de hipercoagulabilidade; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 Variáveis do tromboelastograma R → tempo de coagulação; o É o início da ativação da tromboplastina, com formação das primeiras fibrinas que atingem a amplitude de 2mm; o Avaliam-se os fatores de coagulação; o Trata-se da iniciação do coágulo e da formação inicial da trombina e da polimerização do coágulo; K → tempo de formação do coágulo; o Representa a cinética da formação de trombina, polimerização da fibrina e estabilização do coágulo por meio do envolvimento das plaquetas, fibrinogênio e fator XIII; mA → firmeza máxima do coágulo; o Amplitude máxima do gráfico; o Maior estabilização do coágulo pela polimerização da fibrina; o Envolve a interação entre as plaquetas, fibrinogênio e fator XIII; o Indica consistência ou qualidade do coágulo, caracterizando o estado de coagulabilidade do paciente; Ly30 → lise máxima do coágulo; o É a redução da firmeza do coágulo após a mA; Ângulo alfa → potencial cinético na formação do coágulo; o Angulação descrita pelo estado de coagulabilidade do paciente; o Quanto mais agudo, mais hipocoagulável; o Quanto mais obtuso, mais hipercoagulável; Objetivos dos testes viscoelásticos Detectar precocemente o distúrbio global e específico da coagulação; Servir como guia para a terapia hemostática através de metas; Como usar componentes dos sangue e/ou agentes hemostáticos na terapia da coagulopatia; Tromboelastografia muda desfecho Traz mudança da análise do sistema de coagulação à beira leito; É uma necessidade para pacientes graves com coagulopatia; Ferramenta diagnóstica e terapêutica dos distúrbios da coagulação; Orienta manejo terapêutico individualizado em traumatizados graves politransfundidos; É multifatorial → similar a CIVD; Trauma induz coagulopatia; Na admissão um INR >1,3 indica maior risco; Reanimação com cristaloides agrava o risco pelo efeito dilucional, que também é agravado por hipotermia → consumo de fatores de coagulação; Atividade enzimática → prolonga tempo de coagulação; Função plaquetária → tensão do coágulo inadequada; Início da coagulação por uma série de fatores → liberação de pró e anti-coagulantes (trombina e plasmina) → disfunção endotelial → coagulação microvascular → sangramento contínuo → Plaquetas; → Fibrina: proteína que atua como uma primeria resposta sempre que o corpo está ferido; rica emplaquetas; → Cascata de coagulação; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 Fatores de coagulação → trombina → fibrinogênio → fibrina Início da coagulação → produção de fibrina → sangue “captura” hemácia, leucócitos e plaquetas, gerando coágulo e formando uma espécie de tampão. Hemorragia que necessita de transfusão, ocasionando: o Troca do volume de sangue circulante em 24 horas; o 50% do volume sanguíneo estimado perdido em uma hora; o Transfusão de concentrado de hemácias > 10 unidades; Usar concentrado de hemácias (CH) aquecido; Transfusão maciça → usar CH pobre em leucócitos; Usar prova cruzada se disponível; Não aconselhado o uso de filtros de microagregados; Objetivos Melhorar fluxo sanguíneo; Melhorar oferta de O2; Melhorar status dos fatores de coagulação; → Administra-se: PCF (concentração de plasma fecho); crioprecipitado; fibrinogênio; → Adjuntos: ácido tanexêmico (TXA); concentrado do complexo protrombínico; Sangue total → Problemas e riscos: Requer doadores e prova cruzada; Tempo de estoque limitado (até 42 dias); Disfunção no fornecimento de oxigênio (sangue estocado); Complicações: o Reações de incompatibilidade → erro da equipe; o Transmissão de infecção → 23 organismos (hepatite B, HIV, Doença de Chagas, sífilis, leishmaniose); o Consequências metabólicas → eletrólitos → hiperpotassemia; Impacto da transfusão pós-trauma Com sangue total: o Relação entre unidade de sangue transfundida nas primeiras 12h e a incidência de falência múltipla de órgão é significante (insuficiência pulmonar) → quanto mais transfundir sangue total, maiores chances de falência múltipla; o Relação entre unidade de sangue transfundido nas primeiras 12h e incidência de infecção também é significante; Manejo Usar sangue total fresco se disponível; Uso de concentrado de hemácias (CH); apenas CH aquecido; Monitorizar e observar evidências clínicas de hipoperfusão; Ht e Hb podem ser maus indicadores; Plaquetas Primeira anormalidade que se desenvolve no doente traumatizado é a trombocitopenia; Plaquetas tornam-se ineficientes na presença de: o Acidose; o Hipotermia; o Falência renal; Fatores de coagulação O défice dos fatores de coagulação diante de transfusões maciças é diagnosticado clina e laboratorialmente; Tromblastograma diagnostica os défices; Diagnóstico clínico e laboratorial; Marcadores bioquímicos: INR, TTPa, fibrinogênio; Considerar profilaxia (coagulação) após 2ª unidade de CH; Considerar monitorização com tromboelastograma (TEG); Plasma fresco congelado (PFC); Uso de: crioprecipitado/fibrinogênio; o Menor volume com a mesma quantidade de fator → resposta melhor; o Níveis altos de fibrinogênio; Exames de base → Repetir a cada 6 unidades de CH transfundidas; Contagem de hemácias e plaquetas; TP, TTPa, INR; o Lembrar dos valores laboratoriais “falsos normais” (37ºC; pH 7,4); Fibrinogênio; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 D-dímero; TEG ou ROTEM; Protocolo de transfusão maciça → Objetivos: Retorno da fisiologia ao normal; Temperatura; pH (acidose); Deve-se verificar os valorem laboratoriais; Após 2 unidades de sangue transfundidadas: o Para cada unidade subsequente de sangue transfundida: PFC: 1 unidade (± 2mL/kg); Plaquetas: 1 unidade (1aférese/6unidades); Crioprecipitado/fibrinogênio: 1 unidades (não responsivos); 1:1:1 Reduz a necessidade de sangue; Reduz a mortalidade; Reverte a coagulopatia associada ao trauma; o Primeira anormalidade que se desenvolve no traumatizado é a trombocitopenia; Reversão da trombocitopenia: → PCF → fatores de coagulação (mesmo sangue total): usar após 2 unidades de CH; → Crioprecipitado contém níveis elevados de fibrinogênio; Adjuntos Ácido tranexâmico: o Evidência limitada para uso de rotina em trauma; o Pode ser considerado em sangramentos prolongados com evidência de hiperfibrinólise (10mg/kg 6hrs); Desmopressina (DDAVP): o Sem evidência para uso de rotina em trauma; o Deve ser considerada: Distúrbios funcionais plaquetários (AAS); Falência renal ou hepática; Hemofilia A; Doença de Von Willebrand; Metas Ausência de sangramento ativo ou de necessidade para mais CH; Temperatura >35ºC; pH > 7,3; Hemoglobina 8-10 g/dL (5-6 mmol/L); Cálcio > 1mmol/L; Fibrinogênio > 1 mg/L; INR < 1,5; TEG ou ROTEM dentro dos limites da normalidade; Autotransfusão Traumatismo torácicos → filtragem “duplo filtro” → máximo 1500 mL antes de CIVD; Controverso se for trauma abdominal → contaminação; o Vantagens: Sem prova cruzada (mas perde fatores de coagulação); Evita transmissão de doença que o paciente não tenha; Sem reação transfusional; Conclusões Sangue e fatores de coagulação são a reserva da vida; Desenvolver protocolo de transfusão miciça; Associada a sérias complicações; Uso racional é uma decisão clínica; Mantém o volume circulatório suficiente para garantir pressão de perfusão sistêmica, DC e oxigenação adequada; Pode produzir efeitos nocivos; Complicações Sobrecarga hídrica; ↑ edema intersticial; ↓ refluxo venoso; Dificulta a troca celular; Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 Disfunção orgânica → atelectasia; pneumonia; edema intestinal; íleo paralítico; síndrome compartimental abdominal; cicatrização de feridas; Complicações de fluidos específicos: o Cristalóides → hemodiluição; o Colóides: Amidos → ↑ coagulopatia; Gelatinas → alergias; o Sangue → incompatibilidade; infecções; Soluções cristaloides Ringer lactato: → Solução preferida na maioria das situações; o Hipo-osmolar (260 mosmol/L); o Hipo-sódico (130 mmol/L); o Solução balanceada cristaloide; o Contém K+, Mg2+ e Ca2+; Solução fisiológica: o Iso-osmolar (285 mosmol/L); o Cloreto de sódio (150mmol/L); o Efeitos adversos: Acidose hiperclorêmica; Vasoconstrição renal; Disfunção cerebral; Soluções colóides → Hidroxietilamido a 6%: Colóide semi-sintético; Quanto maior a massa molecular (MW), maior a relação de substituição (em comparação aos cristaloides); o Maior o efeito de volume e maior duração; o Maior o efeito negativo sobra a coagulação; → Amidos podem contribuir para a coagulopatia; → EVITAR no paciente com sangramento ativo; → Gelatinas - HISOCEL / HAEMACEL: Poligelina (polipeptídeos de gelatina degradada ligadas a pontes de ureia); Eficácia → volume 1:1 durante 2-5h (critalóides são em torno de 1 h); Efeitos adversos: aumento da inflamação endotelial; pode afetar função renal; → Dextran 10%: Polissacarídeos de cadeia ramificada; MW 40-70 kDa; Mais potente expansor plasmático isotônico; Efeitos negativos sobre a coagulação; → Albumina: Derivada a partir de plasma humano; Sem efeito comprovado; aumento da mortalidade; Efeito antihemostasia; Possibilidade de transmissão de doenças contagiosas; Custo elevado; Objetivos Tolerar níveis pressóricos baixos até o controle da hemorragia; o Limites de perda de sangue; o Limite da destruição dos coágulos formados; Evitar hiper-hidratação, minimizando: o Diluição de eritrócitos; o Diluição dos fatores de coagulação; o Síndrome de compartimento abdominal; Sob condições controladas, ressuscitação hipotensiva reduz a mortalidade → estudos animais; Estudos em humanos, não se demonstra melhores resultados e efeitos adversos; Indicações Sangramento cirúrgico não compressível; Contraindicações Extremos de idade; Gravidez; TCE → ressuscitação hipovolêmica pode causar lesão cerebral secundária por hipofluxo; Paciente sem TCE PAS 80-90mmHg ou PAM >70 mmHg; Indicadores de ressuscitação volêmica adequada: o FC <110 bpm; o Perfusão tecidual; o Qualquer volume urinário e qualquer grau de consciência são aceitos em caso de sangramento descontrolado; Paciente com TCE PAS >110 mmHg ou PAM >75 mmHg; Indicadores de ressuscitação volêmica adequada: Ana Luiza Spiassi Sampaio Medicina UFSM – Turma 109 o FC <110 bpm; o Perfusão tecidual; o Qualquer volume urinário e qualquer grau de consciência são aceitos em caso de sangramento descontrolado; Esquema recomendado → Fase de ressuscitação → Estancar sangramento = PADRÃO-OURO!!! Cristalóide: Ringer lactato; o Máximo de 2000mL em porções de 500 mL para atingir o objetivo da PAS ou PAM; Colóides: o Evitar todos os amigos (piora da coagulopatia); o Usar sangue cedo + adjuntos: Seguir um protocolo de hemorragia maciça; Usar plasma fresco congelado; Plaquetas; Reposição volêmica salva vida, mas tem complicações; Usar precocemente sangue e seus derivados; Lesão penetrante → ressuscitação hipotensiva; TCE → PA próxima da normalidade (115 mmHg);
Compartilhar