Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Eliane Dalla Coletta Concepção do desenvolvimento humano Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o conceito de desenvolvimento humano e as suas fases. Listar os processos envolvidos no desenvolvimento humano. Reconhecer como os aspectos do desenvolvimento humano devem nortear a tarefa da educação. Introdução A concepção do desenvolvimento humano é um campo de estudos científicos interdisciplinares, que envolve as ciências de Psicologia, Antropologia, Sociologia, Biologia, Genética, Educação e História, que estudam o ser humano no decurso de todas as suas fases de vida. Esse desenvolvimento é formado e constituído no contexto em que ocorre (ambiente), e, nas sociedades ocidentais, o ciclo é dividido em faixas etárias, outorgando uma instituição (família, escola) que o acompanhe a sua trajetória de desenvolvimento e profissional. Os principais domínios de investigação são os processos físico e biológico, cognitivo e psicosso- cial, que ocorrem inter-relacionados nessas fases de desenvolvimento e suportam as mudanças e a estabilidade do crescimento do ser humano. Nesse complexo processo de desenvolvimento, muitas questões devem ser levadas em conta em função do poder de sua influência, como a hereditariedade, o ambiente social, a maturação e os momentos históricos que estiverem inseridos. Neste capítulo, você estudará as fases do desenvolvimento humano, baseado na tipologia apresentada por Papalia e Feldman (2013), com a análise dos processos que estão acontecendo em cada uma, as principais perspectivas teóricas do desenvolvimento humano (psicanalítica, de aprendizagem e a cognitiva), como, também, o objeto de estudo da Psicologia Educacional, que são as diferenças individuais — a meto- dologia de ensino deve atentar para as faixas etárias e o seu estágio de desenvolvimento, do maternal até a educação de adultos, bem como a articulação dos conhecimentos científicos às experiências. Desenvolvimento humano e suas fases O desenvolvimento do ser humano é uma das áreas de estudo da Psicologia, interdisciplinarmente, com as áreas de Medicina, Antropologia, Sociologia, Biologia, Genética, Educação e História. Desde o momento da concepção até o fi nal de sua vida, o ser humano passa por uma transformação que é objeto de estudos científi cos, com o objetivo de conhecer os processos sistemáticos que ocorrem e os cientistas denominam de “desenvolvimento do ciclo de vida”. Segundo Papalia e Feldman (2013, p. 32): [...] os cientistas do desenvolvimento estudam os processos de mudança e estabilidade em todos os domínios, ou aspectos [...] do eu: físico, cognitivo e psicossocial. O crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e à saúde fazem parte do desenvolvimento físico. Aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade compõem o desenvolvimento cognitivo. Emoções, personalidade e relações sociais são aspectos do desenvolvimento psicossocial. Alguns autores, como Santrock (2009), denominam de processos biológicos, cognitivos e socioemocionais. Esses domínios, ou processos, ocorrem inter-relacionados nas fases do desenvolvimento humano, e uma alteração significativa em um aspecto acarretará prejuízo ou afetará, também, significativamente os outros, de acordo com o estágio de desenvolvimento em que as pessoas se encontram. As fases ou os períodos do ciclo da vida podem variar de cultura ou socie- dade. Em algumas sociedades, a adolescência é considerada como parte da vida adulta e, em outras, como no Quênia, não existe o conceito de meia-idade. Nas sociedades industriais ocidentais, segundo Papalia e Feldman (2013), podem ser encontradas as seguintes fases de desenvolvimento: primeira infância (do nascimento aos 3 anos), segunda infância (dos 3 aos 6 anos), terceira infância Concepção do desenvolvimento humano2 (dos 6 aos 11 anos), adolescência (dos 11 aos 20), início da vida adulta (dos 20 aos 40 anos), vida adulta intermediária (dos 40 aos 65 anos) e vida adulta tardia (65 anos em diante), que é comumente chamada de terceira idade. Em cada fase, o ser humano precisa suplantar suas necessidades básicas e dominar aspectos para que ocorra a sua independência (PAPALIA; FELDMAN, 2013): na primeira infância, há uma grande dependência dos pais para ajudar a comer, se vestir, ser acalentado; na segunda infância, as crianças começam a ter mais autocontrole e se relacionar com outras crianças; na terceira infância, o controle do comportamento se desloca dos pais para os educadores; na adolescência, o foco é na formação da identidade e no amadureci- mento físico; no início da vida adulta, ocorre o estabelecimento dos estilos de vida inde- pendente, com os aspectos ocupacional e familiar (formação de sua família); na vida adulta-intermediária, há o desenvolvimento pleno da carreira, o convívio com filhos adultos e o cuidado dos pais idosos; na vida adulta-tardia, ocorre a perda de aspectos físicos, aposentadoria e oportunidade de cuidar de interesses diversos. Os fatores, como hereditariedade, ambiente social e maturação, influenciam o desenvolvimento humano e, ainda, são estudados no sentido de se obter respostas mais precisas a respeito de como esses processos se desenvolvem e influenciam nas fases seguintes, e como esses períodos se relacionam. Para Santrock (2009, p. 30): [...] as questões mais importantes no estudo do desenvolvimento das crianças incluem o que é inato e aprendido, continuidade e descontinuidade e experiên- cias iniciais e tardias. A questão inato-aprendido envolve o debate: o desenvol- vimento é essencialmente influenciado pela natureza inata ou pela aquisição através da aprendizagem? Inato se refere à herança biológica do organismo; aprendido se refere às experiências ambientais [...] A questão continuidade- -descontinuidade discute se o desenvolvimento envolve mudanças gradativas e cumulativas (continuidade) ou estágios distintos (descontinuidade) [...] A questão da experiência inicial-posterior enfoca em que grau as experiências iniciais (especialmente na infância) e as experiências posteriores determinam o desenvolvimento da criança. Isto é, se a criança passa por experiências preju- diciais, ela pode superá-las com experiências positivas mais tarde? Todas estas questões ainda continuam a ser muito debatidas pelos desenvolvimentistas. 3Concepção do desenvolvimento humano A hereditariedade e o ambiente são fatores em que os cientistas mais evolu- íram nas suas pesquisas e encontraram meios de medi-los com maior precisão na influência de traços específicos de determinada população ou uma pessoa. Um exemplo é a inteligência, que tem forte ligação com a hereditariedade, mas, com a estimulação dos pais, da educação e do meio em que se vive, também será mais ou menos desenvolvida. O que ainda está em discussão é saber qual fator é mais importante no desenvolvimento. E é por meio desta busca pelo entendimento da hereditariedade e de fatores ambientais ou ex- periências, como nos contextos da família, sociedade, nível socioeconômico, raça/etnia, cultura e suas interações, que entenderemos o desenvolvimento humano. Do mesmo modo, também será necessário verificar a influência da maturação que afeta o organismo durante toda a sua vida, principalmente o desenvolvimento do cérebro. Outras questões deverão também ser levadas em consideração, em função de como ocorrem nos diversos momentos da vida, numa determinada idade e nos momentos históricos do desenvolvimento da sociedade estudada. As influências podem ser normativas, como a idade ou faixa etária, que são fortes traços característicos da idade, como a aquisição da fala, a puberdade e a menopausa; ou normativas reguladas pela história, com as influências de eventos marcantes, como a Grande Depressão ou a Segunda Guerra Mundial, que marcaram gerações, ouos avanços tecnológicos da atualidade, onde o computador e a Internet revolucionaram o modo de vida e, consequentemente, influenciaram no desenvolvimento de características e outros traços peculiares. O ciclo de vida também pode ser influenciado por eventos não normativos, que são típicos de acorrem num momento atípico da vida, como a morte de um dos pais quando a criança é pequena, sobreviver a um acidente grave de carro, etc. Todas essas influências contribuem para a complexidade do desenvolvimento humano (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Como perspectivas teóricas mais significativas sobre o desenvolvimento humano, encontraremos as seguintes: psicanalítica — que tem o enfoque nos impulsos inconscientes e no desenvolvimento psicossexual; aprendizagem — com a observação do comportamento manifesto, e não como as pessoas podem ser influenciadas pelo condicionamento operante, onde, em 1954, surgiu pela primeira vez o conceito de fee- dback, que era a resposta que o aluno poderia obter após a execução de uma tarefa, o que confirmaria imediatamente a correção de sua resposta, antevendo um reforço positivo com um contributo importante Concepção do desenvolvimento humano4 na concepção de ambientes instrutivos e a sua influência nas primeiras aplicações dos computadores ao ensino; cognitiva — que estuda o desenvolvimento cognitivo, os processos mentais envolvidos na percepção e no tratamento da informação, inves- tigando o processo de compreensão da informação recebida e desenvol- vimento eficaz das tarefas: processos de atenção, memória, estratégias de planejamento, tomadas de decisão e estabelecimento de metas. As teorias mais importantes e os princípios básicos dessas perspectivas estão apresentados no Quadro 1, a seguir. Perspectiva Teorias importantes Princípios básicos Psicanalítica Teoria Psicossexual de Freud O comportamento é controlado por poderosos impulsos inconscientes. Teoria Psicossocial de Erikson A personalidade é influenciada pela sociedade e se desenvolve por meio de uma série de crises. Aprendizagem Behaviorismo ou Teoria Tradicional da Aprendizagem (Pavlov, Watson e Skinner) As pessoas são reativas, o ambiente controla o comportamento. Teoria da Aprendizagem Social (Social cognitiva) (Bandura) As crianças aprendem em um contexto social por meio da observação e imitação de modelos. As crianças contribuem ativamente para a aprendizagem. Quadro 1. Principais teorias e princípios básicos (Continua) 5Concepção do desenvolvimento humano Fonte: Papalia e Feldman (2013, p. 60). Quadro 1. Principais teorias e princípios básicos Perspectiva Teorias importantes Princípios básicos Cognitiva Teoria dos Estágios Cognitivos de Piaget Mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre a primeira infância e a adolescência. As crianças desencadeiam ativamente o desenvolvimento. Teoria Sociocultural de Vygotsky A interação social é central para o desenvolvimento cognitivo. Teoria do Processamento da Informação Seres humanos são processadores de símbolos. (Continuação) Processos envolvidos no desenvolvimento humano Os processos envolvidos no desenvolvimento humano são os que suportam as mudanças e a estabilidade no crescimento do ser humano, como o físico e biológico, o cognitivo e psicossocial. No processo físico e biológico, temos os aspectos de hereditariedade, o desenvolvimento físico do corpo e do cérebro, as habilidades motoras e as mudanças hormonais na adolescência. No processo cognitivo, ocorre o desenvolvimento de aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade. E, no processo psicossocial, temos as emoções, a personalidade e as relações sociais. O Quadro 2 demonstra como esses processos se desenvolvem ao longo do ciclo de vida. Concepção do desenvolvimento humano6 Fa ix a et ár ia D es en vo lv im en to fí si co D es en vo lv im en to co gn it iv o D es en vo lv im en to p si co ss oc ia l Pe rí od o pr é- -n at al (d a co nc ep çã o ao na sc im en to ) O co rr e a co nc ep çã o. A s es tr ut ur as e o s ór gã os c or po ra is bá si co s sã o fo rm ad os . T em in íc io o cr es ci m en to d o cé re br o. Cr es ci m en to fí sic o é o m ai s a ce le ra do do c ic lo d a vi da . D es en vo lv em -s e as c a- pa ci da de s d e ap re nd er e le m br ar , b em c om o as d e re sp on de r a os e st ím ul os se ns or ia is. O fe to re sp on de à v oz d a m ãe e d es en vo lv e pr ef er ên ci a po r e la . Pr im ei ra in fâ nc ia (d o na sc im en to ao s 3 an os ) N o na sc im en to , t od os o s se nt id os e sis te m as c or po ra is fu nc io na m e m gr au s v ar ia do s. O cé re br o au m en ta e m co m pl ex id ad e e é al ta m en te s en sí ve l à in flu ên ci a am bi en ta l. Rá pi do c re sc im en to fí si co e d es en - vo lv im en to d as h ab ili da de s m ot or as . O c om po rt am en to é re fle xo n a m ai o- ria d as v ez es . C o m eç a o es tá g io se ns ór io -m ot or . A s c ap ac id ad es d e ap re n- de r e le m br ar e st ão p re - se nt es , m es m o na s pr i- m ei ra s s em an as . Po r v ol ta d o fin al d os d oi s an os , a c ria nç a co m eç a a us ar s ím b ol os e d es en - vo lv er a c ap ac id ad e de re so lv er p ro bl em as . A co m pr ee ns ão e o u so d a lin gu ag em s e de se nv ol - ve m ra pi da m en te . Fo rm am -s e os v ín cu lo s a fe tiv os c om o s p ai s e co m o ut ra s p es so as . A au to co ns ci ên ci a se d es en vo lv e. O co rre a pa ss ag em d a d ep en dê nc ia p ar a a au to - no m ia . A um en ta o in te re ss e po r o ut ra s c ria nç as . Pa ra a P si ca ná lis e: N as ci m en to a té o s 18 m es es — fa se o ra l — vi ve nc ia o p ra ze r e a d or p or m ei o da s at isf a- çã o (o u fru st ra çã o) d e pu lsõ es o ra is. A du lto s fix ad os n es ta fa se p od em c om er , f um ar o u be be r p ar a lid ar c om a a ns ie da de . 18 m es es a té o s 3 an os — fa se a na l — e ne r- gi a lib id in al fo ca da n o ân us , a pr en di za do d e co nt ro la r o s e sf ín ct er es . A o bs es siv id ad e ou a co m pu lsã o de m on st ra m a fi xa çã o ne st a fa se . Q ua dr o 2. P ro ce ss os d e de se nv ol vi m en to h um an o (C on tin ua ) 7Concepção do desenvolvimento humano Q ua dr o 2. P ro ce ss os d e de se nv ol vi m en to h um an o Fa ix a et ár ia D es en vo lv im en to fí si co D es en vo lv im en to co gn it iv o D es en vo lv im en to p si co ss oc ia l Se gu nd a in fâ nc ia (3 ao s 6 an os ) O c re sc im en to é co nt ín uo , a a pa rê nc ia se to rn a m ai s a lo ng ad a. H á di m in ui çã o do a pe tit e e ap ar ec em os d ist úr bi os d o so no . Su rg e a pr ef er ên ci a pe lo u so d e um a da s m ão s. Ap rim or am -s e as h ab ili da - de s m ot or as fi na s e g er ai s e a um en ta a fo rç a fís ic a. O c ér eb ro a tin ge q ua se o s eu t a- m an ho a du lto , m as a in da e st á se de se nv ol ve nd o. O p en sa m en to é u m ta nt o eg o cê nt ri co , m as au - m en ta a co m pr ee ns ão d o po nt o de v ist a do s o ut ro s. A im at ur id ad e cogn iti va re su lta e m a lg um as id ei as ló gi ca s s ob re o m un do . A m em ór ia e a lin gu ag em sã o ap rim or ad as . A i nt el ig ên ci a se t or na m ai s p re vi sív el . É co m um a e xp er iê nc ia d a pr é- es co la , m ai s a in da d o ja rd im d e in fâ nc ia . O a ut oc on ce ito e a co m pr ee ns ão d as e m oç õe s se to rn am m ai s co m pl ex os , a a ut oe st im a é gl ob al . A um en ta a in de pe nd ên ci a, a in ic ia tiv a e o au to co nt ro le . D es en vo lv e- se a id en tid ad e de g ên er o. O b rin ca r s e to rn a m ai s i m ag in at iv o, m ai s e la - bo ra do e , g er al m en te m ai s s oc ia l. A fa m íli a ai nd a é o fo co d a vi da s oc ia l, m as ou tr as c ria nç as s e to rn am m ai s i m po rt an te s. Pa ra a p si ca ná lis e: D os 3 a os 5 a no s — fa se fá lic a — d es co be rt a da s di fe re nç as d e se xo (p re se nç a e au sê nc ia do fa lo o u pê ni s). C om pl ex o de É di po . M en in os se a pr ox im am m ai s da s m ãe s, e as m en in as , do s p ai s. (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) Concepção do desenvolvimento humano8 Q ua dr o 2. P ro ce ss os d e de se nv ol vi m en to h um an o Fa ix a et ár ia D es en vo lv im en to fí si co D es en vo lv im en to co gn it iv o D es en vo lv im en to p si co ss oc ia l Te rc ei ra in fâ nc ia (6 ao s 11 a no s) O c re sc im en to s e to rn a m ai s l en to . A fo rç a fís ic a e as h ab ili da de s a tlé tic as au m en ta m . Sã o co m un s a s d oe nç as re sp ira tó ria s, m as , d e um m od o ge ra l, a sa úd e é m el ho r d o qu e em q ua lq ue r o ut ra fa se . D im in ui o e go ce nt ris m o. A s c ria nç as in ic ia m a p en - sa r co m l óg ic a, p or ém co nc re ta m en te . A s ha b ili da de s de l in - g u ag em e m em ó ri a au m en ta m . G an ho s c og ni tiv os p er m i- te m à c ria nç a se b en ef i- ci ar d a in st ru çã o fo rm al na e sc ol a. A lg um as c ria nç as d e- m on st ra m n ec es si da de s ed uc ac io na is e t al en to s es pe ci ai s. O a ut oc on ce ito s e to rn a m ai s co m pl ex o, a fe - ta nd o a au to es tim a. O s co le g as as su m em im p o rt ân ci a fu nd am en ta l. Pa ra a p sic an ál ise – fa se d a la tê nc ia — a e ne r- gi a lib id in al fi ca m en os a tiv a. O e go e o s u- pe re go e m er ge m . P ou co d es en vo lv im en to ps ic os se xu al . (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) 9Concepção do desenvolvimento humano Q ua dr o 2. P ro ce ss os d e de se nv ol vi m en to h um an o Fa ix a et ár ia D es en vo lv im en to fí si co D es en vo lv im en to co gn it iv o D es en vo lv im en to p si co ss oc ia l A do le sc ên ci a (1 1 a 20 a no s) O c re sc im en to fí sic o e as m ud an ça s d a pu be rd ad e sã o rá pi do s e p ro fu nd os . D á- se a m at ur id ad e re pr od ut iv a. O s pr in ci p ai s ris co s p ar a a sa úd e em er ge m d as q ue st õe s co m po rt a- m en ta is , t ai s co m o tr an st or no s al i- m en ta re s e a bu so d e ál co ol e d ro ga s. O p en sa m en to a bs tr at o e o ra ci oc ín io c ie nt ífi co s e de se nv ol ve m . O p en sa m en to im at ur o pe rs is te e m a lg um as a ti- tu de s e co m po rt am en to s. A ed uc aç ão se c on ce nt ra na p re pa ra çã o pa ra a fa - cu ld ad e ou p ro fis sã o. Fo co n a bu sc a pe la id en tid ad e, in cl ui nd o a id en tid ad e se xu al . O re la ci on am en to c om o s pa is g er al m en te é bo m . O s a m ig os p od em e xe rc er in flu ên ci a po sit iv a ou n eg at iv a. Pa ra a P si ca ná lis e: Fa se g en ita l — a s pu ls õe s se xu ai s se in te n- si fic am e s e di rig em a u m a pe ss oa d o se xo op os to . In íc io d a vi da ad ul ta (2 0 a 40 a no s) A co nd iç ão fí sic a at in ge o a ug e; d e- po is, d ec lin a lig ei ra m en te . O pç õe s d o es til o de v id a in flu en ci am a sa úd e. O p en sa m en to e o s j ul ga - m en to s m or ai s s e to rn am m ai s c om pl ex os . Sã o fe ita s a s e sc ol ha s e du - ca ci on ai s e v oc ac io na is. Tr aç os e e st ilo s de p er so na lid ad e se to rn am re la tiv am en te e st áv ei s. D ec is õe s so br e re la ci on am en to s ín tim os e es til os d e vi da p es so ai s, m as p od em n ão s er du ra do ur as . A m ai or ia d as p es so as s e ca sa e te m fi lh os . (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) Concepção do desenvolvimento humano10 Q ua dr o 2. P ro ce ss os d e de se nv ol vi m en to h um an o Fa ix a et ár ia D es en vo lv im en to fí si co D es en vo lv im en to co gn it iv o D es en vo lv im en to p si co ss oc ia l V id a ad ul ta in te rm ed iá ri a (4 0 a 65 a no s) Po de o co rre r u m a le nt a de te rio ra çã o da s h ab ili da de s s en so ria is, d a sa úd e, do v ig or e d a fo rç a fís ic a, m as a s d ife - re nç as in di vi du ai s s ão g ra nd es . A s m ul he re s e nt ra m n a m en op au sa . A s ca pa ci da de s m en ta is at in ge m o a ug e; a e sp e- ci al iz aç ão e a s h ab ili da de s re la tiv as à s ol uç ão d e pr ob le m as p rá tic os s ão ac en tu ad as . A pr od uç ão c ria tiv a po de de cl in ar , m as m el ho ra e m qu al id ad e. Pa ra a lg un s, o s uc es so na c ar re ira e o fi na nc ei ro at in ge m o s eu m áx im o; p ar a o u tr o s, p o d er á oc or re r e sg ot am en to o u m ud an ça d e ca rr ei ra . O s en so d e id en tid ad e co nt in ua a s e de se n- vo lv er , p od e oc or re r um a tr an si çã o pa ra a m ei a- id ad e. A d up la re sp on sa bi lid ad e pe lo c ui da do d os fil ho s e d os p ai s i do so s p od e ca us ar e st re ss e. A sa íd a do s fil ho s de c as a de ix a um v az io n a fa m íli a. (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) 11Concepção do desenvolvimento humano Fo nt e: P ap al ia e F el dm an (2 01 3, p . 4 0) . Q ua dr o 2. P ro ce ss os d e de se nv ol vi m en to h um an o Fa ix a et ár ia D es en vo lv im en to fí si co D es en vo lv im en to co gn it iv o D es en vo lv im en to p si co ss oc ia l V id a ad ul ta - ta rd ia (a p ar ti r de 6 5 an os ) A m ai or ia d as p es so as é s au dá ve l e at iv a, e m bo ra g er al m en te h aj a um de cl ín io d a sa úd e e da s c ap ac id ad es fís ic as . O te m po d e ra zã o m ai s le nt o afet a al gu ns a sp ec to s f un ci on ai s. A m ai or ia d as p es so as e st á m en ta lm en te a le rt a. Em b or a a in te lig ên ci a e m em ór ia p os sa m d e- te rio ra r- se e m a lg um as ár ea s, a m ai or ia d as p es - so as e nc on tr a m ei os d e co m pe ns aç ão . A ap os en ta do ria p od e of er ec er n ov as o pç õe s pa ra o a pr ov ei ta m en to d o te m po . A s p es so as d es en vo lv em e st ra té gi as m ai s fle xí ve is p ar a en fre nt ar p er da s pe ss oa is e a m or te im in en te . O re la ci on am en to c om a fa m íli a e os a m ig os ín tim os p od e pr op or ci on ar u m im po rt an te ap oi o. A bu sc a de si gn ifi ca do p ar a a vi da a ss um e um a im po rt ân ci a fu nd am en ta l. (C on tin ua çã o) Concepção do desenvolvimento humano12 Desenvolvimento humano e a educação Pensando no nosso desenvolvimento desde o nascimento, observamos que todo o processo de transformação pelo qual passamos é de aprendizagem, cujos educadores iniciais são os pais, posteriormente a escola, no desenvolvimento do conhecimento formal, e as experiências que vamos tendo com a superação de obstáculos e desafi os são aprendizagens que vamos adquirindo. A criança só começa a andar quando houver o crescimento físico que dê suporte para o desenvolvimento de suas habilidades motoras. É somente em torno dos 6 anos que o cérebro atinge o seu tamanho normal e a memória e a linguagem são aprimoradas, sendo aspectos fundamentais para a aquisição de conhecimento formal na escola. Ou seja, todo o currículo escolar acompanha e necessita levar em consideração o estágio de desenvolvimento físico-motor e cognitivo dos alunos. Do maternal até a educação de adultos, a metodologia de ensino atenta para as diferentes faixas etárias e o seu estágio de desenvolvimento, bem como a articulação dos conhecimentos científi cos às experiências. Segundo Dessen e Polonia (2007, p. 25): [...] a escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e apren- dizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e diferenças. É nesse espaço físico, psicológico, social e cultural que os indivíduos proces- sam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela. O sistema escolar, além de envolver uma gama de pessoas, com características diferenciadas, incluiu um número significativo de interações contínuas e complexas, em função dos estágios de desenvolvimento do aluno. No entanto, na sala de aula, o professor irá, ainda, se deparar com as diferenças individuais no âmbito intelectual e cognitivo e as consequências práticas, ou seja, existe aquele aluno que aprende com maior facilidade, assim como o outro, da mesma faixa etária, que terá dificuldades. Para Salvador et al. (2000, p. 85): [...] o estudo psicológico das diferenças individuais no âmbito intelectual constitui um dos núcleos históricos de conteúdo que contribuirá na própria formação da psicologia da educação e do ensino como uma disciplina científica e pode ser rastreado de maneira permanente ao longo de sua história. Por outro lado, reflete o seu caráter de ser um ponto de confluência de considerações de tipo não somente psicológico, mas também filosófico, ideológico e polí- tico em relação à conceituação das diferenças entre as pessoas; evidencia as 13Concepção do desenvolvimento humano dificuldades que, muitas vezes, cabe discriminar e considerar separadamente uma das outras- em relação a isso, é preciso lembrar a polêmica e a notável mistura de argumentos que questões como a origem genética ou o ambiente das diferenças intelectuais entre as pessoas, ou a suposta superioridade ou inferioridade pelo nível de inteligência de determinadas etnias ou grupos culturais, ainda suscitam. A perspectiva psicométrica e os estudos dos educadores sobre a inteligência, o surgimento dos testes de inteligências, as aptidões e os traços de personalidade partiram dessa apreensão em relação às diferenças individuais nos campos científicos e sociais. A perspectiva do processamento da informação, que surgiu no final dos anos 50, é a corrente cognitiva mais atual no estudo do desenvolvimento cognitivo, dos processos mentais envolvidos na percepção e no tratamento da informação, investigando o processo da compreensão da informação recebida, e no desenvolvimento eficaz das tarefas: processo de atenção, memória, estratégias de planejamento, tomadas de decisão e estabe- lecimento de metas (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Segundo Salvador et al. (2000, p. 88) a perspectiva do processamento da informação: [...] tem o objetivo comum aos trabalhos sobre as capacidades intelectuais, dentro dessa perspectiva, é o de tentar elaborar modelos detalhados dos pro- cessos de tratamento da informação implicados na realização de diferentes tarefas intelectuais, especificando os elementos que participam e as funções que realizam [...] os trabalhos constituem o núcleo principal de pesquisa atual no âmbito das capacidades intelectuais. Há um amplo campo de estudo quando se estuda a educação e o desen- volvimento humano, sendo necessário incluir outros aspectos, como a influ- ência da ansiedade, o autoconceito, a autoestima, a motivação, as metas e a autorregulação como fatores determinantes da aprendizagem e do rendimento escolar. Para estimular o potencial do aluno, Dessen e Polonia (2007, p. 26) refere que a escola moderna deve buscar três objetivos: [...] a) estimular e fomentar o desenvolvimento em níveis físico, afetivo, moral, cognitivo, de personalidade, b) desenvolver a consciência cidadã e a capacidade de intervenção no âmbito social; c) promover uma aprendizagem de forma contínua, propiciando, ao aluno, formas diversificadas de aprender e condi- ções de inserção no mercado de trabalho. Isto implica, necessariamente, em promover atividades ligadas aos domínios afetivo, motor, social e cognitivo, de forma integrada à trajetória de vida da pessoa. Concepção do desenvolvimento humano14 Como pudemos estudar neste capítulo, o desenvolvimento humano, a aprendizagem e o ensino se entrelaçam e demandam um estudo que visa a equacionar o tema da regulação do ensino às características individuais dos alunos ou, mais precisamente, que o ensino leve em consideração as carac- terísticas destes, para que as suas diferenças não sejam um problema para a aprendizagem, e a pesquisa da Psicologia Educacional tem como um de seus objetivos estruturar estratégias mais adequadas às diferentes capacidades (SALVADOR et al., 2000). DESSEN, M. A.; POLONIA, A. C. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia, Ribeirão Preto, v. 17, n. 36, p. 21-32, 2007. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a03>. Acesso em: 23 abr. 2018. PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. SALVADOR, C. C. et al. Psicologia do ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000. SANTROCK, J. W. Psicologia educacional.. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2009. Leitura recomendada ASPESI, C. C.; DESSEN, M. A.; CHAGAS, J. F. A ciência do desenvolvimento humano: uma perspectiva interdisciplinar. In: DESSEN, M. A.; COSTA JUNIOR, Á. L. (Org.). A ciência do desenvolvimento humano: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 19-36. Disponível em: <http://www.larpsi.com.br/media/ mconnect_uploadfiles/c/i/cien.pdf>. Acesso em: 23 abr. 2018. 15Concepção do desenvolvimento humano
Compartilhar