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FISIOPATOLOGIAS DA PELE E ANAMNESE CURSO: ESTÉTICA E COSMÉTICA PROFESSORA: CAROLINE BAYER 2023/1º SEMESTRE 2 Fisiopatologia é um ramo da medicina que se ocupa em estudar os fenômenos que provocam alterações anormais no organismo durante as doenças, com o objetivo de identificar as origens e as etapas de formações das patologias. 3 Anamnese é o diálogo estabelecido entre o profissional e o paciente com o objetivo de entender as suas dores, ajudá-lo a lembrar de situações e fatos que podem estar relacionados a sua queixa principal e entender a situação atual e reconstituir a história clínica daquele paciente. UNIDADE I ▪ Anatomofisiologia da Pele; ▪ Sistema tegumentar: pele e anexos; ▪ Fisiologia dos anexos cutâneos; ▪ Tipos de pele. A pele é o órgão que recobre todo o corpo humano, revestindo nosso organismo e protegendo de patógenos externos. É o órgão mais acessível à observação e, por estar tão exposta, sofre diversos danos ao longo da vida, apresentando marcas do tempo/idade. Além disso, a pele não é apenas um órgão funcional, ela está intimamente ligada à estética e à autoimagem de cada um. 5 Maior órgão do corpo humano, corresponde a cerca de 16% do peso corporal, formada por inúmeras células e estruturas e é constituída por camadas. 6 A pele cumpre funções importantes, como: Proteção mecânica e contra as radiações, barreira hídrica, regulação da temperatura corporal, defesa contra micro-organismos, excreção de sais, síntese de vitamina D, etc., e tem continuidade nas mucosas que revestem os sistemas digestório, respiratório, urogenital, etc. A pele isola as vísceras do exterior e mantém um complexo sensorial que leva ao sistema nervoso central informação sobre diferentes variáveis fisiológicas e ambientais (temperatura, pressão, tato, dor). 7 A pele tem uma estrutura estratificada, é composta de três grandes camadas de tecidos: a epiderme (camada superior), a derme (camada intermediária) e a hipoderme ou tecido celular subcutâneo (camada profunda) (KIERSZENBAUM; TRES, 2016). ESSA CAMADA É CONSTITUÍDA POR QUATRO TIPOS CELULARES DISTINTOS: • QUERATINÓCITOS, que correspondem a 80% da população de células e são responsáveis pela constante renovação (descamação) da epiderme. • CÉLULAS DE LANGERHANS, encontrada na camada espinhosa, são células de imunidade e proteção, células sinalizadoras de antígenos que indicam invasores celulares, ativando o sistema imune. • CÉLULAS DE MERKEL, encontrada nas camadas basal ou germinativa, funcionam como receptor tátil. Ardor, rubor, calor e edema são sensações de inflamação sinalizadas por essas células. • MELANÓCITOS, encontrado na camada basal, são responsáveis pela produção de melanina. A partir de um estímulo, principalmente pelas rediações solares. 8 A epiderme é a camada mais superficial, formada por tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado com 0,07 mm a 1,6 mm de espessura, e tem função de proteger a pele e controlar agentes externos, como microorganismos, radiação UV, agentes químicos e físicos. 9 AS CÉLULAS DA EPIDERME ESTÃO ORGANIZADAS EM CINCO CAMADAS OU ESTRATOS: • Estrato Córneo, (Camada de queratina), possui muitas camadas de células mortas (achatadas) além de ser uma barreira de proteção dos tecidos subjacentes contra lesões e infecções. • Estrato Lúcido, essa região é composta por células mortas ou em fase de degeneração. Não é possível verificar essa camada em peles pouco espessadas. • Estrato Granuloso, camada formada por células que acumulam grânulos. • Estrato Espinhoso, tem grande resistência ao tecido, pois apresenta células ligadas por desmossomos. Tem um aspecto espinhoso. • Estrato Germinativo / Camada Basal, camada mais profunda e em contato com a derme. Os queratinócitos produzidos são empurrados para as camadas superiores, responsável pela renovação celular da epiderme. 1 0 As camadas da epiderme são constantemente renovadas. À medida que células-tronco presentes na camada basal produzem novos queratinócitos, essas células são empurradas para as camadas mais superficiais da pele, substituindo células antigas por células novas de forma contínua. A produção dos queratinócitos, a transferência deles através das camadas até a morte celular e o desprendimento da camada córnea demoram, em média, um período de quatro semanas. O turnover diminui com o passar dos anos, reduzindo em até 50% na idade avançada. O tecido conjuntivo é constituído, basicamente, por fibroblastos (produtores de colágeno e elastina) e matriz extracelular. Fortemente irrigada e inervada, sua função é dar sustentação e nutrição à epiderme e aos anexos. 1 1 Ela é subdividida em derme papilar ou derme superficial, local em que estão todos os componentes celulares, os fibroblastos responsáveis pela produção das fibras de colágeno, elastina e a matriz extracelular (proteoglicanos, açúcares e água); Camada profunda ou reticular, com tecido conjuntivo denso não modelado, com feixes de fibras de colágeno mais espessas. É formada pela base dos folículos pilosos, além de glândulas, vasos linfáticos e sanguíneos , terminações nervosas, colágeno e elastina; A principal célula do tecido dérmico, encarregada da reparação tecidual, é o fibroblasto, pois ativa a proliferação de proteínas para a cicatrização e remodelação cutânea. Essas fibras colágenas são dispostas em diferentes sentidos, e conferem resistência ao estiramento. Também se encontram nesse tecido os anexos cutâneos, os vasos sanguíneos e linfáticos, ainda, os nervos e terminações nervosas sensoriais, que podem ser livres ou encapsuladas (KIERSZENBAUM; TRES, 2016). A derme é a camada de sustentação da pele, tem a função de nutrição, sustentação, hidratação e elasticidade da pele, sua espessura varia entre 1 a 4 mm, com um valor médio de 2 mm, é formada por tecido conjuntivo propriamente dito e é nesse tecido que a epiderme se fixa. 1 2 A hipoderme ou tecido celular subcutâneo é a camada mais profunda da pele, de espessura variável, constituída por tecido adiposo, que é composta por adipócitos, e tem, como função, a termorregulação e o armazenamento de energia. 1 3 O processo de cicatrização envolve quatro etapas distintas, desde o reconhecimento do dado ao reparo da lesão: 1. COAGULAÇÃO: primeiramente, ocorre a formação de um coágulo temporário, que nada mais é do que várias plaquetas aprisionadas em uma malha fibrosa (fibrina), essas plaquetas liberam fatores de crescimento. 2. INFLAMAÇÃO: ao mesmo tempo, ocorre a migração celular para o local da lesão, produção de óxido nítrico, liberação de citocinas pró-inflamatórias pelos leucócitos e neutrófilos. 3. PROLIFERAÇÃO: essas citocinas provocam a ativação dos fibroblastos na derme e dos queratinócitos na epiderme, juntamente, acontece a vasoconstrição no local. O processo de reepitelização inicia-se quando os queratinócitos do estrato basal migram das bordas da lesão. Os fibroblastos migram do tecido adjacente e depositam colágeno tipo III e outras proteínas da matriz extracelular. Observa-se também a neovascularização e a formação do tecido de granulação. 4. REMODELAÇÃO: após a superfície da lesão ter sido recoberta pelos queratinócitos, um novo epitélio pavimentoso estratificado é formado. A remodelação inicia aproximadamente de 3 a 4 dias após a injúria tecidual. O tecido conjuntivo da derme se contrai, aproximando as bordas da lesão. Juntos, macrófagos e metaloproteinases produzidas pelos fibroblastos removem o tecido de granulação e alinham as fibras de colágeno tipo I para formação do tecido cicatricial. O processo de cicatrização, no entanto, pode produzir uma sensibilidade excessiva e cicatrizes desfigurantes, dependendo da extensão da lesão (KIER-SZENBAUM; TRES, 2016). 1 4 Diferença entre pele grossa (espessa) e pele fina (delgada) quanto às suas camadas e seus anexos: 1 5 pelos, unhas e as glândulas. Os pelos são estruturas delgadas e filamentosas queratinizadas e têm composições desenvolvidaspor células da epiderme queratinizadas que passam por diferentes processos de renovação e se multiplicam constantemente. No corpo humano, há dois tipos de pelos: os macios, delicados curtos e claros, denominados pelos velus, e os duros, grandes, grosseiros, longos e escuros, denominados pelos terminais. Os pelos humanos funcionam recebendo sensações táteis e não dão um isolamento térmico. À medida que as pessoas vão envelhecendo, os pelos tendem a ficar cinzentos, em razão da diminuição na quantidade de pigmentos presentes. Na falta de pigmentação, os pelos se tornam brancos. As afecções pilosas podem ser: alopecias, que é a diminuição excessiva de pelos; hirsutismo, que é o excesso de pelo em lugares não desejados; e malformações em relação a tamanho, cor, forma, etc. 1 6 As fases de crescimento dos pelos, estão divididas em três momentos: anagênica, catagênica e telogênica. • Anagênica ou anágena: fase de crescimento capilar, de dois a seis anos. • Catagênica ou catágena: fase de regressão ou de migração do pelo, em algumas semanas. É o período ideal para se realizar a depilação, pois o pelo é arrancado com a bainha epitelial, deixando à mostra a camada germinativa para ser destruída pelo laser. • Telogênica ou telógena: fase de descanso, período em que o pelo cai e o outro depósito se forma para o nascimento de um novo pelo, em algumas semanas. 1 7 Unhas são lâminas de ceratina situadas na superfície dorsal das falanges distais dos dedos e dos artelhos. Originam-se na matriz ungueal. Os elementos existentes na unha são: lúmula, eponíquio, lâmina ungueal, leito ungueal e hiponíquio, que crescem de maneira contínua. As unhas são formadas pela camada lúcida e córnea da epiderme. Em regra, exibem uma cor rosada em função da rede capilar que há debaixo delas. Os fungos são os micro-organismos mais comuns que habitam as unhas, se alimentam da queratina da unha, causando a onicomicose. As unhas dos pés são afetadas mais frequentemente do que as das mãos, porque os pés enfrentam ambientes úmidos, escuros e quentes com maior frequência. 1 8 As GLÂNDULAS SUDORÍPARAS E AS GLÂNDULAS SEBÁCEAS têm influência na aparência e na saúde da pele. Estão localizadas na derme e sua secreção é uma mistura de lipídeos, cuja função é a de lubrificação, além da ligeira ação bactericida, protege os pelos e aumenta as características hidrofóbicas da queratina. As glândulas sebáceas é um tipo de glândula exócrina e holócrina, produzem o sebo, que é uma secreção de caráter oleoso, e as glândulas sudoríparas produzem o suor, que é uma secreção de caráter aquoso. Estas secreções (sebo e suor) são lançadas sobre a pele formando a emulsão epicutânea, também chamada de manto hidrolipídico. O número, o tamanho e a atividade das glândulas sebáceas variam de um local para outro dentro da própria pele. Na sola dos pés e na palma das mãos nós temos a presença de pele grossa, que se caracteriza pela grande quantidade de queratina na camada córnea e somente glândulas sudoríparas como anexo. As glândulas sebáceas geralmente desembocam nos folículos pilosos, entretanto, em algumas regiões como no lábio, grande e pequenos lábios da vagina, as glândulas sebáceas abrem-se diretamente sobre a pele. 1 9 TIPOS DE PELE e aspectos anatomofisiológicos 2 1 Para a classificação detalhada dos tipos de pele, é importante considerar parâmetros como a hidratação da pele, que irá interferir na elasticidade; a quantidade de lipídeos, que interfere na nutrição e suavidade; e o nível de sensibilidade, que determinará a resistência da pele. Além disso, o grau de pigmentação e vascularização, que é fundamental para caracterização do tipo de pele e a quantidade e o volume de secreção das glândulas sudoríparas e das glândulas sebáceas têm influência na aparência da pele. Helena Rubenstein, no início do século XX, classificou quatro tipos de pele: 2 2 Pele saudável, característica presente na infância, até os oito anos de idade, porém pode ser encontrada na fase adulta. Nesse tipo de pele, todos os processos fisiológicos estão em equilíbrio; não brilhante e com pH próximo ao neutro, o teor hídrico dessa pele é alto, mas sem a presença de poros dilatados. Hiper funcionamento das glândulas sebáceas, comum entre adolescentes e adultos jovens. Esse tipo de pele, por produzir sebo em excesso, torna-se mais espessa e resistente, apresenta óstios dilatados, aspecto brilhante, com textura áspera, e tem mais tendência a comedões, acne, rosácea e telangiectasias. Possui um pH mais alcalino e, por isso, envelhece mais lentamente. T I P O S D E P E L E 2 3 T I P O S D E P E L E Hiper funcionamento das glândulas sebáceas, comum entre adolescentes e adultos jovens. Esse tipo de pele, por produzir sebo em excesso, torna-se mais espessa e resistente, apresenta óstios dilatados, aspecto brilhante, com textura áspera, e tem mais tendência a comedões, acne, rosácea e telangiectasias. Possui um pH mais alcalino e, por isso, envelhece mais lentamente. Deficiência na produção de sebo e suor, levando a pele a ser extremamente ressecada, com tendência a desidratação, descamação e aspereza. Pele sensível, fina, opaca e poros pouco aparente. Essas características tornam esse tipo mais predisposto ao surgimento de rugas e linhas de expressão. segundo aspectos relacionados a condições cutâneas transitórias 2 4 P E L E A C N E I C A : • Hiperprodução sebácea; • Manifestação inflamatória, comedões e cistos sebáceos; • Comum na adolescência, devido a alterações hormonais; • Pode ser causada, além dos fatores hormonais, por fatores hereditários, emocionais e higienização inadequada. P E L E E N V E L H E C I D A / M A D U R A : • Apresenta flacidez, rugas, manchas, ptose das pálpebras e do pescoço; • É opaca e sem elasticidade; • Envelhecimento precoce ou natural; • Idade, saúde, hábitos, tendência hereditárias e dietas também são fatores determinantes. segundo aspectos relacionados a condições cutâneas transitórias 2 5 P E L E D E S I D R A T A D A : • Pele fina, opaca e sem vida; • Áspera e sem elasticidade; • Esticada e repuxada; • Frágil, descama com facilidade; • Manchas avermelhadas; • clima frio, vento, baixa umidade atmosférica, tabagismo, exposição solar excessiva, etilismos, uso de certas drogas e presença de algumas doenças, como psoríase e dermatite, por exemplo, podem tornar a pele desidratada. P E L E S E N S Í V E L : • Pele fina; • Aspecto frágil; • Coloração vermelha, com presença de telangiectasias; • Pode piorar ainda em resposta ao uso de certos produtos ou à exposição solar exagerada, piorando o quadro de eritema tecidual. P E L E D E S V I TA L I Z A D A : • Lipídica ou Alípidica; • Pele “sem vida”; • Sem tonicidade sem viço; • Não descama como a desidratada; • Pele Flácida. Quatro características fundamentais da pele: 1 . G R A U D E H I D R AT A Ç Ã O : Pele seca ou oleosa; 2 . G R A U D E S E N S I B I L I D A D E : Pele sensível ou resistente; 3 . P I G M E N T A Ç Ã O : Hipercromias; 4 . G R A U D E F I R M E Z A : Elasticidade, flacidez, linhas de expressões, rítides e sulcos; Leslie Baumann trouxe a prática profissional o “The Baumann Skin Typing System”, uma metodologia que atribui valores binários a quatro características, definindo dezesseis “personalidades da pele”. 2 6 2 7 CLASSIFICAÇÃO DE FITZPATRICK 2 8 A escala de Fitzpatrick é a classificação numérica para a cor da pele humana, criada em 1975 por Thomas B. Fitzpatrick como forma de estimar a resposta de diferentes tipos de pele à luz ultravioleta (UV). • Tipo I: sempre queima, nunca bronzeia; pele branca pálida; cabelo loiro ou vermelho; olhos azuis; sardas. • Tipo II: geralmente queima, bronzeia minimamente; pele branca; cabelo loiro ou escuro. • Tipo III: às vezes queima, bronzeia uniformemente; pele branca; qualquer cor do cabelo ou dos olhos. • Tipo IV: queima-se minimamente, sempre bronzeia; pele marrom moderada. • Tipo V: muito raramente queima, bronzeia muito facilmente;pele marrom escura. • Tipo VI: nunca queima, nunca bronzeia; pele negra. A escala de Fitzpatrick classifica a pele em fototipos de um a seis, considerando a capacidade de que cada pessoa tem de se bronzear, bem como a sensibilidade e o nível de vermelhidão da pele quando exposta aos raios solares. 2 9 3 0 Slide 1: FISIOPATOLOGIAS DA PELE E ANAMNESE Slide 2: FISIOPATOLOGIAS Slide 3: ANAMNESE Slide 4 Slide 5 Slide 6: A PELE Slide 7 Slide 8: EPIDERME Slide 9 Slide 10: TURNOVER CELULAR Slide 11: DERME Slide 12: HIPODERME Slide 13: Processo de cicatrização da pele Slide 14 Slide 15: ANEXOS DA PELE Slide 16: PELOS Slide 17: Fases de crescimento dos pelos Slide 18: UNHAS Slide 19 Slide 20 Slide 21: CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PELE Slide 22: PELE EUDÉRMICA/NORMAL Slide 23: PELE MISTA/PELE COMBINADA Slide 24: CLASSIFICAÇÃO DA PELE Slide 25: CLASSIFICAÇÃO DA PELE Slide 26: CLASSIFICAÇÃO DO TIPO DE PELE Slide 27 Slide 28: A escala de Fitzpatrick: cor da pele e reatividade ao sol Slide 29: Como identificar o fototipo do seu paciente? Slide 30: ATIVIDADE PRÁTICA!
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