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Tópicos contemporâneos de perícia contábil

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PERÍCIA 
CONTÁBIL I 
Tatiane Antonovz
Tópicos contemporâneos 
de perícia contábil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  De� nir os trabalhos inerentes à perícia contábil que constituem prer-
rogativas dos contadores.
  Descrever o processo eletrônico e as mudanças práticas para o perito 
contábil.
  Identi� car os desa� os da perícia contábil no mercado de trabalho atual.
Introdução
A perícia contábil é um dos trabalhos, assim como a auditoria, com prer-
rogativa exclusiva dos bacharéis em ciências contábeis. Esses profissionais 
precisam de amplo conhecimento dos diferentes tipos de legislação. 
Também precisam conhecer intimamente a matéria julgada e atender a 
outras exigências que irão consolidar o seu perfil para atuar em uma área 
tão específica. Adicionalmente, esses profissionais devem estar atentos a 
diversas mudanças do ambiente em que se inserem. O Processo Judicial 
Eletrônico (PJe), por exemplo, traz mais agilidade aos litígios e moderni-
dade à Justiça brasileira. No contexto da modernidade, outros desafios 
se apresentam à carreira da perícia. Esses desafios estão ligados não 
somente ao uso da tecnologia, mas à busca pelo conhecimento e pela 
atualização constantes. Em síntese, o perito contábil precisa ser cada vez 
mais dinâmico e completo.
Neste texto, você vai acompanhar os trabalhos inerentes à perícia e 
que constituem prerrogativas dos contadores. Aprenderá sobre a questão 
dos processos eletrônicos e as mudanças para esses profissionais, bem 
como sobre os desafios e o mercado de trabalho da profissão.
Os trabalhos inerentes à perícia contábil
Antes de compreender os trabalhos inerentes à perícia contábil, você precisa 
entender o ambiente em que essa área se insere. A perícia contábil é formada 
por um conjunto de procedimentos técnico-científi cos. Estes são destinados 
principalmente à instância decisória. Assim, a perícia busca elementos de prova 
necessários para subsidiar a solução de um litígio, ou ainda a constatação de 
determinado fato. Isso deve ser feito mediante o laudo pericial, ou ainda o 
parecer técnico contábil. Esses documentos devem seguir as normas jurídicas 
e profi ssionais, bem como a legislação pertinente, podendo ela ser tributária, 
trabalhista, comercial ou ainda ligada à matéria julgada (CONSELHO RE-
GIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016). 
O perito é o profissional especializado em perícia contábil. Ele é especialista em deter-
minado ramo do conhecimento, atividade ou assunto. É chamado, pelo juiz ou pelas 
partes, para prestar conhecimentos do ponto de vista técnico ou científico, para os 
quais tem as qualificações necessárias.
O perito-contador é um profissional devidamente registrado no Conselho 
Regional de Contabilidade. Ele irá exercer a atividade pericial de forma pessoal. 
Para isso, é necessário que possua profundos conhecimentos na área e experi-
ência na matéria periciada. Mas você sabe como definir esses conhecimentos 
técnicos e essa experiência na área? Quais são as prerrogativas esperadas dos 
contadores ligados à perícia?
Inicialmente, é preciso observar o Decreto-lei nº 9.295, de 1946. Entre outras 
providências, ele define as atribuições do contador. Observe (BRASIL, 1946):
CAPÍTULO IV
DAS ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS
Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade:
a) [...];
b) [...];
c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de con-
tas em geral, verificação de haveres, revisão permanente ou periódica 
317Tópicos contemporâneos de perícia contábil
de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou 
comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e 
quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos 
profissionais de contabilidade.
Art. 26. Salvo direitos adquiridos ex-vi do disposto no art. 2º do Decreto 
nº 21.033, de 8 de Fevereiro de 1932, as atribuições definidas na alínea c 
do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados.
Esses profissionais possuem como prerrogativa a formação como bacharéis 
em ciências contábeis. Também devem ser devidamente aprovados no exame do 
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e registrados no Conselho Regional 
de Contabilidade (CRC).
Além disso, também é preciso observar outros requisitos do ponto de vista 
técnico. Veja, a seguir, o que exige o CRCBA (CONSELHO REGIONAL DE 
CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016):
  Atualização constante sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade e 
legislação inerente à matéria julgada.
  Conhecimento amplo das Normas referentes à Perícia Contábil (NBC 
TP 01 e NBC PP 01).
Entretanto, no ano de 2016, os peritos passaram a ter mais uma obrigação. 
É o registro no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), que possui 
vinculação com o CFC. Essa obrigação tem prazo para validação até o final 
do ano de 2017, para que todos os profissionais possam se regularizar junto 
ao órgão. 
Esse cadastro foi criado pela Resolução nº 1.502/16 (CONSELHO FEDE-
RAL DE CONTABILIDADE, 2016b). Tal iniciativa visa a oferecer ao judiciário 
brasileiro e também à sociedade – já que estas são as duas partes interessadas 
e que podem indicar peritos – uma lista de profissionais qualificados e que 
estão atuantes na área. 
Veja, a seguir, os primeiros artigos da Resolução nº 1.502/16 (CONSELHO 
FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016b).
Art. 1° Criar o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho 
Federal de Contabilidade (CFC).
Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil 
terão até 31 de dezembro de 2016 para se cadastrarem no Cadastro Na-
cional de Peritos Contábeis do CFC, por meio dos portais dos Conselhos 
Tópicos contemporâneos de perícia contábil318
Regionais de Contabilidade (CRCs) e no portal do CFC, inserindo todas 
as informações requeridas.
O CNPC permite ao sistema CFC/CRC identificar os profissionais e promover uma 
maior objetividade dentro do Poder Judiciário. Ele reconhece os profissionais de forma 
geográfica e também de acordo com a especialidade de cada um. Dessa forma, garante 
sua atuação adequada nas causas (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017).
Também é necessário, para a própria possibilidade de atuação, que esses 
profissionais estejam devidamente cadastrados nos tribunais a que se vinculam 
os juízes. Isso é importante especialmente para aqueles casos de perícia judicial.
Agora você já compreende o que se exige do perito contábil. Mas você sabe 
quais são os trabalhos que esses profissionais devem desempenhar? A Resolução 
nº 560/83, em seu artigo 5º, permite uma visão ampla das funções do perito-
-contador. Observe (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1983):
  Análise e avaliação de valores patrimoniais, além de verificação de 
haveres e obrigações, sejam elas para quaisquer finalidades, incluindo 
a natureza fiscal.
  Avaliação e determinação do valor do fundo de comércio.
  Apuração do valor patrimonial correto de participações em empresas, 
quotas ou ações.
  Regulações judiciais ou extrajudiciais.
  Revisões de balanços, contas ou demonstrações contábeis em geral.
  Apuração de haveres no caso de liquidação, fusão, cisão, ou ainda 
expropriação, transformação ou incorporação, ou ainda naqueles casos 
envolvendo a retirada de qualquer natureza de um sócio.
  Levantamento de balanços especiais para determinação do patrimônio 
líquido, ligado ao trabalho pericial.
  Assistência ao administrador no caso de recuperação judicial, extrajudi-
cial ou ainda falência, e também auxílio aos liquidantes da massa falida.
Ainda é possível que, nos dias de hoje, o contador atue em outras áreas. 
Estas estarão ligadas à expertise e aos conhecimentos técnicos específicos 
319Tópicos contemporâneos de perícia contábil
do perito. Esses profissionais são muito necessários e farão toda a diferença 
ao atuarem em determinada causa.
O processo eletrônico e as mudanças práticas 
para o perito contábilO Processo Judicial Eletrônico (PJe) é um sistema de automação do judici-
ário brasileiro disponível de maneira digital (CONSELHO REGIONAL DE 
CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016). É responsável por 
reproduzir todo o procedimento que antes ocorria de forma usual, em papel, e 
que ocorre agora em meio eletrônico. Com isso, houve a substituição dos atos 
que eram realizados no papel por um processo que passou a ser armazenado 
e totalmente manuseado de forma digital.
A inserção do PJe faz parte da modernização do próprio judiciário. Este 
vem, de forma gradativa, aderindo às novas tecnologias. Assim, o processo que 
antes era bastante limitado ao papel passou a utilizar a internet. Dessa forma, 
busca usufruir de todos os benefícios desta, resultando no que se apresenta 
como o processo judicial eletrônico. 
Essa revolução demandou investimento em novas tecnologias. Isso tanto na 
área de informação quanto na de comunicação. Além disso, tem ocasionado a 
implementação de sistemas que tornam possível a prática dos atos processuais 
com maior agilidade, segurança e objetividade. Outro ponto é a acessibilidade 
oferecida a todos os interessados, entre eles juízes, servidores que trabalham 
no judiciário, advogados das partes, as próprias partes e os peritos. Isso tudo 
é facilitado pelo uso da internet como veículo de difusão das informações. Ou 
seja, os dados são acessíveis em todos os lugares, a qualquer tempo. E você 
sabe como esse processo todo começou?
A Emenda Constitucional 45, de 2004, em seu artigo 5º, trouxe uma das 
primeiras menções à necessidade de agilidade na Justiça brasileira. Veja 
(BRASIL, 2004): “[...] a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse-
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade 
de sua tramitação [...]”. Assim, já existia naquela época uma indicação sobre 
a possível melhoria nos prazos e a maior objetividade para a tramitação dos 
processos, garantindo acesso à Justiça a todos os cidadãos brasileiros.
Outra lei que possui destaque na evolução do processo eletrônico é a 11.280, 
de 2006 (BRASIL, 2006a). Ela possibilitou a comunicação de atos judiciais 
mediante certificação judicial. Para isso, modificou o artigo 154 do CPC, o que 
permitiu aos tribunais o uso da certificação digital para comunicação de seus atos.
Tópicos contemporâneos de perícia contábil320
Você pode compreender, dessa forma, que houve uma pequena evolução 
normativa em relação ao processo eletrônico. Entretanto, o marco histórico 
dessa questão no Brasil é considerado a Lei nº 11.419/06 (BRASIL, 2006b), 
que destaca em seu artigo primeiro:
CAPÍTULO I
DA INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL
Art. 1º. O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, 
comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido 
nos termos desta Lei.
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos 
civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer 
grau de jurisdição.
§ 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se:
I – meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de 
documentos e arquivos digitais;
II – transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância 
com a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede 
mundial de computadores;
III – assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação ine-
quívoca do signatário:
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Auto-
ridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica;
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme dis-
ciplinado pelos órgãos respectivos.
Tal legislação revolucionou o sistema judiciário brasileiro. Porém, muitas 
das mudanças não foram vistas e acabaram sendo praticadas somente em 
instâncias inferiores. Isso não confere à população o verdadeiro acesso à in-
formação que era o objetivo inicial da transformação do processo para virtual. 
Somente com o Novo Código do Processo Civil (BRASIL, 2015) é que 
a questão foi novamente discutida no Brasil, conforme você pode observar 
a seguir.
Seção II
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, 
de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados 
e validados por meio eletrônico, na forma da lei.
321Tópicos contemporâneos de perícia contábil
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, 
à prática de atos notariais e de registro.
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publici-
dade dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, 
inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias 
da disponibilidade, independência da plataforma computacional, acessi-
bilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações 
que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções.
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em 
padrões abertos, que atenderão aos requisitos de autenticidade, integri-
dade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem 
em segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de 
chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.
Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, 
aos tribunais, regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos 
processuais por meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, 
disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos 
e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as 
normas fundamentais deste Código.
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de seu 
sistema de automação em página própria na rede mundial de computa-
dores, gozando a divulgação de presunção de veracidade e confiabilidade.
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro 
ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamen-
tos, poderá ser configurada a justa causa prevista no art. 223, caput e § 1º.
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratui-
tamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessários à 
prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e aos 
documentos dele constantes.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não ele-
trônico no local onde não estiverem disponibilizados os equipamentos 
previstos no caput.
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com 
deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computa-
dores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à comunicação 
eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica.
O CRCBA (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ES-
TADO DA BAHIA, 2016) observa que, apesar dessas discussões, não houve 
Tópicos contemporâneos de perícia contábil322
uma evolução no NCPC (BRASIL, 2015) em relação à Lei nº 11.419/06 (BRA-
SIL, 2006b). O código não define, de forma específica, como deverá ocorrer 
a transmissão dos atos processuais. Afinal, esses sistemas acabam mudando 
de forma bastante constante. Entre os sistemas informatizados, alguns se 
destacam e já são conhecidos por peritos e no meio judicial, conforme destaca 
o CRCBA (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO 
DA BAHIA, 2016):
  Processo Judicial Digital (PROJUDI): é um processo virtual ou 
eletrônico. Consiste num software que realiza o procedimento judicial 
em meio eletrônico, substituindo o processo que era realizado em papel. 
  Sistema de Automação da Justiça (E-SAJ): é uma ferramenta para 
automatização das rotinas jurisdicionais e administrativas. Auxilia na 
implantação do processo digital da justiça brasileira.
  Processo Judicial Eletrônico (PJe): é um sistema de informática 
responsável por reproduzir todo o procedimento que antes ocorria de 
forma usual, em papel,e que agora ocorre em meio eletrônico.
  E-Proc: é um sistemaque proporciona funcionamento do processo 
digital no âmbito da Justiça Federal.
Ainda não existe unanimidade em relação ao uso dos sistemas e à própria 
questão da tecnologia no sistema judiciário brasileiro. Entretanto, o uso do 
processo eletrônico avança na Justiça brasileira. Nesse sentido, ele trouxe al-
gumas vantagens e desafios para os peritos e todos os profissionais envolvidos.
A questão da celeridade se destaca, já que o acesso é facilitado, rápido 
e eficiente. Entretanto, os sistemas podem sofrer a ação de hackers e estão 
sujeitos aos eventuais problemas que existem em outros sites na internet, como 
vírus, queda no servidor, lentidão, entre outros. Uma importante consequência 
do uso do processo eletrônico é a preservação do meio ambiente. Afinal, os 
processos consumiam um volume gigantesco de papel, que também tinha de ser 
devidamente arquivado, o que gerava custos. Assim, com a adoção do processo 
eletrônico, haverá uma diminuição contínua nos custos e impactos relativos 
à impressão e à armazenagem do papel gerado pelos processos impressos. 
Entretanto, ainda se verifica muita resistência à tecnologia. Essa resistência, 
por vezes, é ligada à falta de treinamento e, até mesmo, ao desinteresse na 
adesão a esse tipo de ferramenta nos processos judiciais. 
Atualmente, com as mudanças em relação ao uso do processo eletrônico, o 
perito perde menos tempo. Isso ocorre pois ele não precisa se deslocar até a vara 
em que foi indicado para trabalhar. Outra mudança é a assinatura eletrônica 
323Tópicos contemporâneos de perícia contábil
feita com o certificado digital, mudança inserida pela Lei nº 11.419/2006. Ela 
deixou todo o processo mais rápido e ágil.
Além disso, o perito pode consultar, de maneira eletrônica, vários processos 
de maneira simultânea. Isso também agiliza os trabalhos para esse profissional. 
Assim, se observa um dinamismo não só na Justiça, mas na própria profissão 
de perito contábil.
Os desafios da perícia contábil no atual 
mercado de trabalho
O mercado da perícia contábil, assim como o próprio mercado da contabilidade e 
do mundo dos negócios como um todo, tem se apresentado cada vez mais dinâmico 
e competitivo. Isso exige dos profi ssionais um perfi l cada vez mais arrojado, além 
de diferentes habilidades, competências e, é claro, compreensão de novas tecno-
logias. Mas você sabe quais são os principais desafi os inerentes à perícia contábil 
e ao atual mercado de trabalho? O que o perito pode fazer para estar preparado?
A perícia contábil sempre foi considerada essencial, principalmente no 
que diz respeito à resolução de litígios. Ela auxilia o juiz de acordo com as 
especialidades do perito. Estas podem ser ligadas às áreas tributária, contábil, 
trabalhista, comercial, entre outras. 
Um dos grandes desafios enfrentados pelos profissionais da área foi a adoção 
do Processo Judicial Eletrônico. A partir de sua instalação, esses profissionais 
passaram a executar todo o seu trabalho e também a apresentar seus resultados 
em meio eletrônico. Isso, como você deve imaginar, exige adaptação. 
Como você viu, existem dificuldades relacionadas à atuação virtual. Afinal, se exige que 
os peritos tenham certificação digital e cadastro junto ao sistema. Eles também precisam 
do vínculo junto à unidade judiciária em que atuam como peritos, especificando a sua 
especialidade. Além disso, necessitam de equipamentos adequados para a geração e 
o envio do processo eletrônico.
Em alguns casos, os passos iniciais relativos ao cadastro e à inserção do 
profissional não são claros. Assim, o perito ainda fica com dúvidas em relação 
Tópicos contemporâneos de perícia contábil324
aos procedimentos que precisa fazer para que possa atuar de maneira eletrô-
nica. Mas, depois da adesão, ficam evidentes para os profissionais algumas 
vantagens, como:
  Elaboração e envio eletrônicos, ou seja, não existe mais necessidade 
de deslocamento do profissional até a unidade judiciária para cada 
movimentação do processo.
  Acesso facilitado para os interessados (no momento devido que estes 
poderão fazer suas consultas), via web.
  Redução do tempo de tramitação. 
Portanto, há vantagens em relação ao processo em si. Contudo, os pro-
fissionais já cadastrados e que atuam no meio eletrônico ainda encontram 
dificuldades. Entre elas, está o fato de que a internet precisa ser de boa qua-
lidade, o que ainda não acontece em certas regiões do País. Existem também 
alguns erros nos processos. Isso pode levar a dificuldades na leitura por parte 
do sistema, impedindo o bom andamento do trabalho do perito. Além disso, 
outras questões ainda ocorrem de maneira pontual. Entretanto, o PJe, assim 
como todo o processo de informatização do sistema judiciário no Brasil, ainda 
está em evolução. Isso leva os usuários a identificar divergências pontuais, 
que são corrigidas diariamente.
O PJe, assim como a evolução da própria função do perito, criou mais uma 
obrigação para a profissão. É a inscrição no Cadastro Nacional de Peritos 
Contábeis (CNPC), do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o que deve 
ocorrer até 31/12/17. Para isso, é preciso indicar experiência, especificação 
da área, do estado e do município de atuação. 
Aqueles profissionais que não possuem experiência poderão ingressar 
no CNPC mediante a aprovação em um exame. O Exame de Qualificação 
Técnica (EQT) foi aprovado pela NBC PP 02, de 2016. Ele teve como maior 
objetivo garantir conhecimento e competência técnica a esses profissionais.
Aos profissionais com registro no CNPC, outro desafio surge. Este é uma 
forma de manutenção dos conhecimentos tão necessários à área de perícia: 
o cumprimento do PEPC (Programa de Educação Profissional Continuada). 
Ele irá ocorrer a partir de 1º de janeiro de 2018, de acordo com o que a NBC 
PG 12 (R2) define (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016a):
Educação Profissional Continuada (EPC) é a atividade que visa manter, 
atualizar e expandir os conhecimentos e competências técnicas e profis-
sionais, as habilidades multidisciplinares e a elevação do comportamento 
325Tópicos contemporâneos de perícia contábil
social, moral e ético dos profissionais da contabilidade, como caracte-
rísticas indispensáveis à qualidade dos serviços prestados e ao pleno 
atendimento das normas que regem o exercício da profissão contábil. 
(Alterado e renumerado de 1 para 2 pela NBC PG 12 [R2])
Observando o disposto na norma, esses profissionais devem cumprir, no 
mínimo, 40 pontos de EPC por ano calendário. 
As atividades do PEPC estão dispostas no item 39 
da NBC PG 12 (R2). São atividades que visam a en-
riquecer e preparar o profissional do ponto de vista 
técnico, científico e ético, necessários para a atuação 
no meio pericial. Você pode acessar esse documento 
no link ou no código a seguir (CONSELHO FEDERAL 
DE CONTABILIDADE, 2016a).
https://goo.gl/nvxL4k
Apesar dos desafios, o panorama para os peritos se mostra bastante favo-
rável. Afinal, há a adoção e o uso de novas tecnologias, a inserção no CNPC, 
o exame de qualificação técnica e o Programa de Educação Profissional
Continuada. Esses profissionais têm se destacado cada vez mais com seus
conhecimentos técnicos e científicos, com seu perfil dinâmico e de auxílio
à Justiça. Eles demonstram à sociedade o papel essencial que desempenham
na resolução de diferentes tipos de litígios. Além disso, atuam como suporte
em operações que necessitam de comprovação das movimentações contábeis,
tendo como objetivo identificar se a origem de capitais é licita ou ilícita.
Tópicos contemporâneos de perícia contábil326
BRASIL. Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Brasília, DF, 1946. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9295.htm>. Acesso em: 16 set. 2017. 
BRASIL. Emenda constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Brasília, DF, 2004. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
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BRASIL. Lei no 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Brasília, DF, 2006b. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11280.htm>. Acesso em: 16 set. 2017.
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planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jul. 2017.
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CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 1.502/16. Brasília, DF: 
CFC, 2016b. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1502.doc>. 
Acesso em: 16 set. 2017.
CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA. Cartilha de perícia 
contábil, mediação e arbitragem: orientações para profissionais e estudantes interes-
sados na atividade pericial contábil e de mediação, conciliação e arbitragem. 2. ed. 
Salvador: CRCBA, 2016. Disponível em: <http://www.crcba.org.br/new/wp-content/
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Leitura recomendada
BRASIL. Lei nº 7.270, de 10 de dezembro de 1984. Brasília, DF, 1984. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7270.htm>. Acesso em: 16 set. 2017.
329Tópicos contemporâneos de perícia contábil

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