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PERÍCIA CONTÁBIL I Tatiane Antonovz Tópicos contemporâneos de perícia contábil Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: De� nir os trabalhos inerentes à perícia contábil que constituem prer- rogativas dos contadores. Descrever o processo eletrônico e as mudanças práticas para o perito contábil. Identi� car os desa� os da perícia contábil no mercado de trabalho atual. Introdução A perícia contábil é um dos trabalhos, assim como a auditoria, com prer- rogativa exclusiva dos bacharéis em ciências contábeis. Esses profissionais precisam de amplo conhecimento dos diferentes tipos de legislação. Também precisam conhecer intimamente a matéria julgada e atender a outras exigências que irão consolidar o seu perfil para atuar em uma área tão específica. Adicionalmente, esses profissionais devem estar atentos a diversas mudanças do ambiente em que se inserem. O Processo Judicial Eletrônico (PJe), por exemplo, traz mais agilidade aos litígios e moderni- dade à Justiça brasileira. No contexto da modernidade, outros desafios se apresentam à carreira da perícia. Esses desafios estão ligados não somente ao uso da tecnologia, mas à busca pelo conhecimento e pela atualização constantes. Em síntese, o perito contábil precisa ser cada vez mais dinâmico e completo. Neste texto, você vai acompanhar os trabalhos inerentes à perícia e que constituem prerrogativas dos contadores. Aprenderá sobre a questão dos processos eletrônicos e as mudanças para esses profissionais, bem como sobre os desafios e o mercado de trabalho da profissão. Os trabalhos inerentes à perícia contábil Antes de compreender os trabalhos inerentes à perícia contábil, você precisa entender o ambiente em que essa área se insere. A perícia contábil é formada por um conjunto de procedimentos técnico-científi cos. Estes são destinados principalmente à instância decisória. Assim, a perícia busca elementos de prova necessários para subsidiar a solução de um litígio, ou ainda a constatação de determinado fato. Isso deve ser feito mediante o laudo pericial, ou ainda o parecer técnico contábil. Esses documentos devem seguir as normas jurídicas e profi ssionais, bem como a legislação pertinente, podendo ela ser tributária, trabalhista, comercial ou ainda ligada à matéria julgada (CONSELHO RE- GIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016). O perito é o profissional especializado em perícia contábil. Ele é especialista em deter- minado ramo do conhecimento, atividade ou assunto. É chamado, pelo juiz ou pelas partes, para prestar conhecimentos do ponto de vista técnico ou científico, para os quais tem as qualificações necessárias. O perito-contador é um profissional devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade. Ele irá exercer a atividade pericial de forma pessoal. Para isso, é necessário que possua profundos conhecimentos na área e experi- ência na matéria periciada. Mas você sabe como definir esses conhecimentos técnicos e essa experiência na área? Quais são as prerrogativas esperadas dos contadores ligados à perícia? Inicialmente, é preciso observar o Decreto-lei nº 9.295, de 1946. Entre outras providências, ele define as atribuições do contador. Observe (BRASIL, 1946): CAPÍTULO IV DAS ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade: a) [...]; b) [...]; c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de con- tas em geral, verificação de haveres, revisão permanente ou periódica 317Tópicos contemporâneos de perícia contábil de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade. Art. 26. Salvo direitos adquiridos ex-vi do disposto no art. 2º do Decreto nº 21.033, de 8 de Fevereiro de 1932, as atribuições definidas na alínea c do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados. Esses profissionais possuem como prerrogativa a formação como bacharéis em ciências contábeis. Também devem ser devidamente aprovados no exame do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e registrados no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Além disso, também é preciso observar outros requisitos do ponto de vista técnico. Veja, a seguir, o que exige o CRCBA (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016): Atualização constante sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade e legislação inerente à matéria julgada. Conhecimento amplo das Normas referentes à Perícia Contábil (NBC TP 01 e NBC PP 01). Entretanto, no ano de 2016, os peritos passaram a ter mais uma obrigação. É o registro no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), que possui vinculação com o CFC. Essa obrigação tem prazo para validação até o final do ano de 2017, para que todos os profissionais possam se regularizar junto ao órgão. Esse cadastro foi criado pela Resolução nº 1.502/16 (CONSELHO FEDE- RAL DE CONTABILIDADE, 2016b). Tal iniciativa visa a oferecer ao judiciário brasileiro e também à sociedade – já que estas são as duas partes interessadas e que podem indicar peritos – uma lista de profissionais qualificados e que estão atuantes na área. Veja, a seguir, os primeiros artigos da Resolução nº 1.502/16 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016b). Art. 1° Criar o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Art. 2º Os contadores que exercem atividades de perícia contábil terão até 31 de dezembro de 2016 para se cadastrarem no Cadastro Na- cional de Peritos Contábeis do CFC, por meio dos portais dos Conselhos Tópicos contemporâneos de perícia contábil318 Regionais de Contabilidade (CRCs) e no portal do CFC, inserindo todas as informações requeridas. O CNPC permite ao sistema CFC/CRC identificar os profissionais e promover uma maior objetividade dentro do Poder Judiciário. Ele reconhece os profissionais de forma geográfica e também de acordo com a especialidade de cada um. Dessa forma, garante sua atuação adequada nas causas (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2017). Também é necessário, para a própria possibilidade de atuação, que esses profissionais estejam devidamente cadastrados nos tribunais a que se vinculam os juízes. Isso é importante especialmente para aqueles casos de perícia judicial. Agora você já compreende o que se exige do perito contábil. Mas você sabe quais são os trabalhos que esses profissionais devem desempenhar? A Resolução nº 560/83, em seu artigo 5º, permite uma visão ampla das funções do perito- -contador. Observe (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1983): Análise e avaliação de valores patrimoniais, além de verificação de haveres e obrigações, sejam elas para quaisquer finalidades, incluindo a natureza fiscal. Avaliação e determinação do valor do fundo de comércio. Apuração do valor patrimonial correto de participações em empresas, quotas ou ações. Regulações judiciais ou extrajudiciais. Revisões de balanços, contas ou demonstrações contábeis em geral. Apuração de haveres no caso de liquidação, fusão, cisão, ou ainda expropriação, transformação ou incorporação, ou ainda naqueles casos envolvendo a retirada de qualquer natureza de um sócio. Levantamento de balanços especiais para determinação do patrimônio líquido, ligado ao trabalho pericial. Assistência ao administrador no caso de recuperação judicial, extrajudi- cial ou ainda falência, e também auxílio aos liquidantes da massa falida. Ainda é possível que, nos dias de hoje, o contador atue em outras áreas. Estas estarão ligadas à expertise e aos conhecimentos técnicos específicos 319Tópicos contemporâneos de perícia contábil do perito. Esses profissionais são muito necessários e farão toda a diferença ao atuarem em determinada causa. O processo eletrônico e as mudanças práticas para o perito contábilO Processo Judicial Eletrônico (PJe) é um sistema de automação do judici- ário brasileiro disponível de maneira digital (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016). É responsável por reproduzir todo o procedimento que antes ocorria de forma usual, em papel, e que ocorre agora em meio eletrônico. Com isso, houve a substituição dos atos que eram realizados no papel por um processo que passou a ser armazenado e totalmente manuseado de forma digital. A inserção do PJe faz parte da modernização do próprio judiciário. Este vem, de forma gradativa, aderindo às novas tecnologias. Assim, o processo que antes era bastante limitado ao papel passou a utilizar a internet. Dessa forma, busca usufruir de todos os benefícios desta, resultando no que se apresenta como o processo judicial eletrônico. Essa revolução demandou investimento em novas tecnologias. Isso tanto na área de informação quanto na de comunicação. Além disso, tem ocasionado a implementação de sistemas que tornam possível a prática dos atos processuais com maior agilidade, segurança e objetividade. Outro ponto é a acessibilidade oferecida a todos os interessados, entre eles juízes, servidores que trabalham no judiciário, advogados das partes, as próprias partes e os peritos. Isso tudo é facilitado pelo uso da internet como veículo de difusão das informações. Ou seja, os dados são acessíveis em todos os lugares, a qualquer tempo. E você sabe como esse processo todo começou? A Emenda Constitucional 45, de 2004, em seu artigo 5º, trouxe uma das primeiras menções à necessidade de agilidade na Justiça brasileira. Veja (BRASIL, 2004): “[...] a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação [...]”. Assim, já existia naquela época uma indicação sobre a possível melhoria nos prazos e a maior objetividade para a tramitação dos processos, garantindo acesso à Justiça a todos os cidadãos brasileiros. Outra lei que possui destaque na evolução do processo eletrônico é a 11.280, de 2006 (BRASIL, 2006a). Ela possibilitou a comunicação de atos judiciais mediante certificação judicial. Para isso, modificou o artigo 154 do CPC, o que permitiu aos tribunais o uso da certificação digital para comunicação de seus atos. Tópicos contemporâneos de perícia contábil320 Você pode compreender, dessa forma, que houve uma pequena evolução normativa em relação ao processo eletrônico. Entretanto, o marco histórico dessa questão no Brasil é considerado a Lei nº 11.419/06 (BRASIL, 2006b), que destaca em seu artigo primeiro: CAPÍTULO I DA INFORMATIZAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL Art. 1º. O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei. § 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de jurisdição. § 2º Para o disposto nesta Lei, considera-se: I – meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais; II – transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial de computadores; III – assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação ine- quívoca do signatário: a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Auto- ridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica; b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme dis- ciplinado pelos órgãos respectivos. Tal legislação revolucionou o sistema judiciário brasileiro. Porém, muitas das mudanças não foram vistas e acabaram sendo praticadas somente em instâncias inferiores. Isso não confere à população o verdadeiro acesso à in- formação que era o objetivo inicial da transformação do processo para virtual. Somente com o Novo Código do Processo Civil (BRASIL, 2015) é que a questão foi novamente discutida no Brasil, conforme você pode observar a seguir. Seção II Da Prática Eletrônica de Atos Processuais Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei. 321Tópicos contemporâneos de perícia contábil Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de atos notariais e de registro. Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publici- dade dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional, acessi- bilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de autenticidade, integri- dade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei. Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos tribunais, regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas fundamentais deste Código. Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de seu sistema de automação em página própria na rede mundial de computa- dores, gozando a divulgação de presunção de veracidade e confiabilidade. Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamen- tos, poderá ser configurada a justa causa prevista no art. 223, caput e § 1º. Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratui- tamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele constantes. Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não ele- trônico no local onde não estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no caput. Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computa- dores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica. O CRCBA (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ES- TADO DA BAHIA, 2016) observa que, apesar dessas discussões, não houve Tópicos contemporâneos de perícia contábil322 uma evolução no NCPC (BRASIL, 2015) em relação à Lei nº 11.419/06 (BRA- SIL, 2006b). O código não define, de forma específica, como deverá ocorrer a transmissão dos atos processuais. Afinal, esses sistemas acabam mudando de forma bastante constante. Entre os sistemas informatizados, alguns se destacam e já são conhecidos por peritos e no meio judicial, conforme destaca o CRCBA (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA, 2016): Processo Judicial Digital (PROJUDI): é um processo virtual ou eletrônico. Consiste num software que realiza o procedimento judicial em meio eletrônico, substituindo o processo que era realizado em papel. Sistema de Automação da Justiça (E-SAJ): é uma ferramenta para automatização das rotinas jurisdicionais e administrativas. Auxilia na implantação do processo digital da justiça brasileira. Processo Judicial Eletrônico (PJe): é um sistema de informática responsável por reproduzir todo o procedimento que antes ocorria de forma usual, em papel,e que agora ocorre em meio eletrônico. E-Proc: é um sistemaque proporciona funcionamento do processo digital no âmbito da Justiça Federal. Ainda não existe unanimidade em relação ao uso dos sistemas e à própria questão da tecnologia no sistema judiciário brasileiro. Entretanto, o uso do processo eletrônico avança na Justiça brasileira. Nesse sentido, ele trouxe al- gumas vantagens e desafios para os peritos e todos os profissionais envolvidos. A questão da celeridade se destaca, já que o acesso é facilitado, rápido e eficiente. Entretanto, os sistemas podem sofrer a ação de hackers e estão sujeitos aos eventuais problemas que existem em outros sites na internet, como vírus, queda no servidor, lentidão, entre outros. Uma importante consequência do uso do processo eletrônico é a preservação do meio ambiente. Afinal, os processos consumiam um volume gigantesco de papel, que também tinha de ser devidamente arquivado, o que gerava custos. Assim, com a adoção do processo eletrônico, haverá uma diminuição contínua nos custos e impactos relativos à impressão e à armazenagem do papel gerado pelos processos impressos. Entretanto, ainda se verifica muita resistência à tecnologia. Essa resistência, por vezes, é ligada à falta de treinamento e, até mesmo, ao desinteresse na adesão a esse tipo de ferramenta nos processos judiciais. Atualmente, com as mudanças em relação ao uso do processo eletrônico, o perito perde menos tempo. Isso ocorre pois ele não precisa se deslocar até a vara em que foi indicado para trabalhar. Outra mudança é a assinatura eletrônica 323Tópicos contemporâneos de perícia contábil feita com o certificado digital, mudança inserida pela Lei nº 11.419/2006. Ela deixou todo o processo mais rápido e ágil. Além disso, o perito pode consultar, de maneira eletrônica, vários processos de maneira simultânea. Isso também agiliza os trabalhos para esse profissional. Assim, se observa um dinamismo não só na Justiça, mas na própria profissão de perito contábil. Os desafios da perícia contábil no atual mercado de trabalho O mercado da perícia contábil, assim como o próprio mercado da contabilidade e do mundo dos negócios como um todo, tem se apresentado cada vez mais dinâmico e competitivo. Isso exige dos profi ssionais um perfi l cada vez mais arrojado, além de diferentes habilidades, competências e, é claro, compreensão de novas tecno- logias. Mas você sabe quais são os principais desafi os inerentes à perícia contábil e ao atual mercado de trabalho? O que o perito pode fazer para estar preparado? A perícia contábil sempre foi considerada essencial, principalmente no que diz respeito à resolução de litígios. Ela auxilia o juiz de acordo com as especialidades do perito. Estas podem ser ligadas às áreas tributária, contábil, trabalhista, comercial, entre outras. Um dos grandes desafios enfrentados pelos profissionais da área foi a adoção do Processo Judicial Eletrônico. A partir de sua instalação, esses profissionais passaram a executar todo o seu trabalho e também a apresentar seus resultados em meio eletrônico. Isso, como você deve imaginar, exige adaptação. Como você viu, existem dificuldades relacionadas à atuação virtual. Afinal, se exige que os peritos tenham certificação digital e cadastro junto ao sistema. Eles também precisam do vínculo junto à unidade judiciária em que atuam como peritos, especificando a sua especialidade. Além disso, necessitam de equipamentos adequados para a geração e o envio do processo eletrônico. Em alguns casos, os passos iniciais relativos ao cadastro e à inserção do profissional não são claros. Assim, o perito ainda fica com dúvidas em relação Tópicos contemporâneos de perícia contábil324 aos procedimentos que precisa fazer para que possa atuar de maneira eletrô- nica. Mas, depois da adesão, ficam evidentes para os profissionais algumas vantagens, como: Elaboração e envio eletrônicos, ou seja, não existe mais necessidade de deslocamento do profissional até a unidade judiciária para cada movimentação do processo. Acesso facilitado para os interessados (no momento devido que estes poderão fazer suas consultas), via web. Redução do tempo de tramitação. Portanto, há vantagens em relação ao processo em si. Contudo, os pro- fissionais já cadastrados e que atuam no meio eletrônico ainda encontram dificuldades. Entre elas, está o fato de que a internet precisa ser de boa qua- lidade, o que ainda não acontece em certas regiões do País. Existem também alguns erros nos processos. Isso pode levar a dificuldades na leitura por parte do sistema, impedindo o bom andamento do trabalho do perito. Além disso, outras questões ainda ocorrem de maneira pontual. Entretanto, o PJe, assim como todo o processo de informatização do sistema judiciário no Brasil, ainda está em evolução. Isso leva os usuários a identificar divergências pontuais, que são corrigidas diariamente. O PJe, assim como a evolução da própria função do perito, criou mais uma obrigação para a profissão. É a inscrição no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC), do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o que deve ocorrer até 31/12/17. Para isso, é preciso indicar experiência, especificação da área, do estado e do município de atuação. Aqueles profissionais que não possuem experiência poderão ingressar no CNPC mediante a aprovação em um exame. O Exame de Qualificação Técnica (EQT) foi aprovado pela NBC PP 02, de 2016. Ele teve como maior objetivo garantir conhecimento e competência técnica a esses profissionais. Aos profissionais com registro no CNPC, outro desafio surge. Este é uma forma de manutenção dos conhecimentos tão necessários à área de perícia: o cumprimento do PEPC (Programa de Educação Profissional Continuada). Ele irá ocorrer a partir de 1º de janeiro de 2018, de acordo com o que a NBC PG 12 (R2) define (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016a): Educação Profissional Continuada (EPC) é a atividade que visa manter, atualizar e expandir os conhecimentos e competências técnicas e profis- sionais, as habilidades multidisciplinares e a elevação do comportamento 325Tópicos contemporâneos de perícia contábil social, moral e ético dos profissionais da contabilidade, como caracte- rísticas indispensáveis à qualidade dos serviços prestados e ao pleno atendimento das normas que regem o exercício da profissão contábil. (Alterado e renumerado de 1 para 2 pela NBC PG 12 [R2]) Observando o disposto na norma, esses profissionais devem cumprir, no mínimo, 40 pontos de EPC por ano calendário. As atividades do PEPC estão dispostas no item 39 da NBC PG 12 (R2). São atividades que visam a en- riquecer e preparar o profissional do ponto de vista técnico, científico e ético, necessários para a atuação no meio pericial. Você pode acessar esse documento no link ou no código a seguir (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016a). https://goo.gl/nvxL4k Apesar dos desafios, o panorama para os peritos se mostra bastante favo- rável. Afinal, há a adoção e o uso de novas tecnologias, a inserção no CNPC, o exame de qualificação técnica e o Programa de Educação Profissional Continuada. Esses profissionais têm se destacado cada vez mais com seus conhecimentos técnicos e científicos, com seu perfil dinâmico e de auxílio à Justiça. Eles demonstram à sociedade o papel essencial que desempenham na resolução de diferentes tipos de litígios. Além disso, atuam como suporte em operações que necessitam de comprovação das movimentações contábeis, tendo como objetivo identificar se a origem de capitais é licita ou ilícita. Tópicos contemporâneos de perícia contábil326 BRASIL. Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Brasília, DF, 1946. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del9295.htm>. Acesso em: 16 set. 2017. BRASIL. Emenda constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/ emc45.htm>. Acesso em: 16 set. 2017. BRASIL. Lei nº 11.280, de 16 de fevereiro de2006. Brasília, DF, 2006a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11280.htm>. Acesso em: 16 set. 2017. BRASIL. Lei no 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Brasília, DF, 2006b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11280.htm>. Acesso em: 16 set. 2017. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 14 jul. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CNPC. Brasília, DF: CFC, 2017. Disponível em: <http://cfc.org.br/registro/cnpc/>. Acesso em: 16 set. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC PG 12 (R2): Educação profissional continuada. Brasília, DF: CFC, 2016a. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/ sre/docs/RES_1502.doc>. Acesso em: 16 set. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 560/83. Brasília, DF: CFC, 1983. Disponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_560.doc>. Acesso em: 16 set. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 1.502/16. Brasília, DF: CFC, 2016b. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_1502.doc>. Acesso em: 16 set. 2017. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DA BAHIA. Cartilha de perícia contábil, mediação e arbitragem: orientações para profissionais e estudantes interes- sados na atividade pericial contábil e de mediação, conciliação e arbitragem. 2. ed. Salvador: CRCBA, 2016. Disponível em: <http://www.crcba.org.br/new/wp-content/ uploads/2016/11/cartilha-perito-contabil-2016.pdf>. Acesso em: 16 set. 2017. Leitura recomendada BRASIL. Lei nº 7.270, de 10 de dezembro de 1984. Brasília, DF, 1984. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7270.htm>. Acesso em: 16 set. 2017. 329Tópicos contemporâneos de perícia contábil
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