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PERÍCIA CONTÁBIL- Unidade 01 ( Conceito de perícia ; Normas relacionadas à Perícia Contábil ; Irregularidades contábeis que ensejam a perícia ; Motivos para nomeação do perito e a importância dos ques

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IMPORTÂNCIA E FUNDAMENTOS 
DA PERÍCIA CONTÁBIL: FUNÇÕES 
DO PERITO, TIPOS DE PERÍCIA
Professor
Dr. Ademir M. Moribe
DIREÇÃO
Reitor Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin 
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
As imagens utilizadas neste livro foram 
obtidas a partir do site shutterstock.com
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação 
a Distância; MORIBE, Ademir M. 
 
 Perícia Contábil. Ademir M. Moribe.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 57 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
 1. Contábil. 2. Perícia. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0092-4
CDD - 22 ed. 657
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Diretoria de Design Educacional Débora Leite
Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho
Diretoria de Permanência Leonardo Spaine 
Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho
Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba
Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Projeto Gráfico Thayla Guimarães 
Editoração Ellen Jeane da Silva 
Designer Educacional Produção de Materiais 
Qualidade Textual Produção de Materiais 
Revisor Técnico Jovi Barboza
01
02
03
04
sumário
07| CONCEITO DE PERÍCIA
16| NORMAS RELACIONADAS À PERÍCIA CONTÁBIL
27| IRREGULARIDADES CONTÁBEIS QUE ENSEJAM A PERÍCIA
38| MOTIVOS PARA NOMEAÇÃO DO PERITO E IMPORTÂNCIA 
 DOS QUESITOS, QUESITOS SUPLEMENTARES E 
 COMPLEMENTARES DA PERÍCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 • Ensinar as fundamentações gerais para a atuação como perito contador e 
assistente técnico. 
 • Familiarizar o aluno sobre a atuação do perito em litígios judiciais em dife-
rentes áreas da justiça, como família, tributos, trabalho, previdência, cíveis, 
empresariais etc.
 • Explicar sobre as bases legais da perícia, quem pode realizar o trabalho, as 
responsabilidades e o zelo com o trabalho.
 • Apresentar situações comuns com as quais o perito irá se deparar, como 
adulterações, infrações cometidas por profissionais, erros técnicos, fraudes, 
negligências profissionais, simulações de fatos etc.
 • Explicar as motivações que levam à nomeação do perito e o foco do tra-
balho do perito.
 • Entender a importância do trabalho pericial como auxílio nas resoluções 
de conflitos.
 • Relacionar algumas situações comuns de irregularidades com que o perito 
irá se deparar no seu campo de atuação durante os trabalhos. Cada situa-
ção tem uma particularidade que precisa ser investigada.
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 • Conceito de perícia
 • Normas relacionadas à Perícia Contábil
 • Irregularidades contábeis que ensejam a perícia
 • Motivos para nomeação do perito e a importância dos quesitos, quesitos 
suplementares e quesitos complementares da perícia
IMPORTÂNCIA E FUNDAMENTOS DA PERÍCIA CONTÁBIL: 
FUNÇÕES DO PERITO, TIPOS DE PERÍCIA
INTRODUÇÃO
introdução
Olá! Seja bem-vindo(a) ao estudo do contexto da Perícia Contábil! 
A Contabilidade tem por objetivo gerar informações a partir da elaboração 
e análise das diversas demonstrações que disponham sobre a composição de 
ativos, passivos, receitas, despesas, lucros, prejuízo, patrimônio líquido, além de 
possibilitar indicadores de rentabilidade, atividades, produtividade e capacida-
de financeira das entidades. 
Entenda que, no estudo da perícia, encontramos um ambiente focado na 
investigação de fatos específicos decorrentes de divergências e/ou litígios, seja 
por motivo de interpretação das aplicações de técnicas, problemas de fraudes, 
indícios de erros e imperfeições técnicas ou por negligências etc. Nas resolu-
ções desses problemas, torna-se necessário o uso de serviços de profissionais 
de notório saber que possam aferir, certificar, avaliar e emitir uma opinião ob-
jetiva acerca do problema.
Você vai perceber novos termos, pouco usuais no ambiente da contabilida-
de geral, como são os casos de laudos e pareceres periciais, quesitos, diligências, 
provas periciais, exibição de documentos, procedimentos de investigação, man-
datos de intimação etc.
De início, buscaremos desmistificar o que significa ser um perito. O signifi-
cado da palavra perícia é bastante abrangente e trata de uma atividade voltada 
para realçar habilidade ou talento exercido por um profissional com conheci-
mento especializado, que seja um expert legalmente habilitado para vistoriar, 
avaliar, examinar temas de sua área de formação.
A perícia é aplicável não somente à contabilidade, mas a todos os campos 
de atividades profissionais, desde que preencha os requisitos legais, como, por 
exemplo, às áreas de medicina, engenharia etc. ou qualquer campo do conheci-
mento humano. O perito atua em situações como, por exemplo, na engenharia, 
para vistoriar as especificações de materiais efetivamente utilizados em obras, 
para identificar a causa de problemas em construções civis, para identificar a 
real dimensão de prejuízos causados em lavouras devido a problemas ambien-
tais, como excesso de chuvas, secas, chuvas de granizo sobre lavouras etc.
INTRODUÇÃO
introdução
Veja, por exemplo, o perito médico que atua no Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS) para avaliar contribuintes que solicitam benefícios como aposen-
tadoria por invalidez ou, então, o perito criminal da polícia encarregado de 
produzir provas que elucidem um determinado crime.
A perícia contábil é uma especialidade que requer competência técnico-
-científica. O perito contador deve, com o uso de metodologias científicas e 
observando-se os ritos legais, constatar, provar, demonstrar e certificar a vera-
cidade dos fatos ou objetos em litígio, constituindo, assim, a prova necessária 
para o deslinde da questão.
Portanto, venha com vontade para o estudo do contexto da perícia. Assim 
iniciamos os estudos apresentando os fundamentos em cada parte do conteú-
do, o qual esperamos que seja do seu agrado, para seu melhor entendimento.
Bom estudo! Boa sorte!
Olá! Vamos começar, então?
Destacaremos alguns pontos acerca da origem e da regulamentação desta pro-
fissão, visando melhor contextualizar o assunto e facilitar sua compreensão.
Segundo diversos historiadores da teoria da contabilidade, o termo perícia vem 
do Latim peritia e quer dizer “conhecimento, experiência hábil, ciência”. Abandonando 
despretensiosamente a profundidade epistemológica, perito significa, especifica-
mente na linguagem do Direito, a pessoa que, nomeada pelo juiz ou escolhida pelas 
partes, em uma demanda ou litígio, vai participar ou realizar um procedimento téc-
nico-científico, denominado perícia, produzindo provas que ajudarão na decisão do 
magistrado ou juiz, autenticando o objeto periciado como prova.
A origem da atividade de perícia está associada ao árbitro ou magistrado que, nos 
primórdios do Direito, recorria a especialistas nas resoluções de conflitos. No Brasil, 
o primeiro indicativo do trabalho pericial surgiu em 04 de julho de 1930, quando foi 
CONCEITO DE PERÍCIA
Pós-Universo 8
organizada a Câmara de Peritos Contadores do Instituto Brasileiro de Contadores. 
Perícia é a diligência efetuada por especialista habilitado profissionalmente para es-
clarecer ou evidenciar fatos.
De acordo com a Resolução nº 1.243 da NBC TP 01, do Conselho Federal de 
Contabilidade – CFC (BRASIL, 2009a), a Perícia Contábil constitui 
 “
o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instân-
cia decisória (juiz) elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução 
do litígio, mediantelaudo pericial contábil, e ou parecer pericial contábil, em 
conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação especí-
fica no que for pertinente. 
Em uma situação de conflito de interesses em uma determinada socieda-
de, em que estejam envolvidos fatores econômicos ou financeiros, seja em 
ambientes de empresas ou em famílias, estarão presentes três espécies de 
verdade: 
a. a verdade na visão do autor, ou quem faz a reclamação (reclamante), de-
vidamente fundamentada pelo patrono; 
b. a verdade na visão do réu (reclamada), que contesta as alegações do pri-
meiro e tenta redirecionar os fatos em caminhos divergentes; 
c. a verdade verdadeira, ou seja, aquela que deverá prevalecer por ocasião 
da decisão judicial; resulta(ndo) aqui, portanto, a importância do Laudo 
Pericial, documento por meio do qual o perito designado se manifesta 
acerca dos trabalhos e conclusões que lhes foram conferidas.
Veja, como exemplo, situações de dúvidas sobre juros do cheque especial, 
faturas de cartão de crédito, contratos de empréstimos bancários, financia-
mentos de bens, direitos em rescisão de contratos de trabalho, compra e 
venda de produtos diferentes das especificações, brigas entre sócios, dis-
solução de casamentos, partilha de herança etc. 
Fonte: os autores.
saiba mais 
Pós-Universo 9
Para Valder Luiz Palombo Alberto (2012, p. 19), perícia é “um instrumento especial 
de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica, da veracidade de si-
tuações, fatos ou coisas”. A perícia é um instrumento da prova, a qual, por meio do 
laudo, demonstra a verdade sobre o objeto para o qual foi solicitada. É um instrumen-
to técnico-científico de constatação, de prova ou de demonstração da veracidade 
de situações, de coisas ou de fatos oriundos das relações, dos efeitos e dos haveres 
que fluem do patrimônio de quaisquer entidades ou pessoas. 
Observe que a perícia judicial contábil é um dos instrumentos de prova que ad-
vogados e juízes utilizam para identificar a verdade legítima dos fatos, aproximando 
a verdade formal dos autos (processo, ação), dos quais constam os fatos narrados 
pelas partes. O perito deve buscar a verdade dos fatos proporcionando provas obje-
tivas para a autoridade julgadora, mediante laudo e/ou parecer.
Portanto, perícia contábil é um mecanismo muito utilizado em litígios, entre 
pessoas físicas ou jurídicas, como parâmetro da razoabilidade das motivações das 
partes envolvidas, tendo em vista que tanto reclamante quanto reclamado possuem 
motivos e provas para se acharem corretos.
Para atuar no mercado de perícia contábil, devem-se observar as normas 
da profissão contábil e também as normas específicas para o exercício pe-
ricial. Um trabalho pericial, sem a observância das normas da profissão ou 
das normas de competência técnica, pode acarretar na anulação do traba-
lho pericial.
Sobre normas do exercício profissional, destacamos o Decreto-lei nº. 
9.295/1946 e as suas atualizações, principalmente a Lei nº. 12.249/2010.
Sobre perícia contábil, destacamos atenção especial às Resoluções nº. 1243 
e 1244, publicadas em 2009 pelo Conselho Federal de Contabilidade, que 
aprovaram as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Perícia Contábil 
e ao Perito. 
Para ter acesso às normas completas, consulte o site disponível em: <www.
cfc.org.br/legislação>. Acesso em: 27 jul. 2015.
Fonte: os autores.
fatos e dados
Pós-Universo 10
Principais características da perícia 
contábil
1) Objetividade: consiste no cuidado que o perito precisa ter: estar atento para 
não desviar-se da matéria em diligência nem avaliar superficialmente os fatos, nem 
pré-julgar pessoas envolvidas ou o problema em foco com bases “pessoais” ou “emo-
cionais”, demonstrando parcialidade na execução do seu mister. A opinião do perito 
não pode ser inspirada no que ele “supõe”, mas, sim, no que ele absorveu de co-
nhecimento durante a diligência acerca da matéria periciada, pois trata-se de um 
procedimento técnico-científico.
Exemplos da falta de objetividade: fazer juízos de valor motivado por culpa apa-
rente de uma das partes em separações de casais e conduzir os trabalhos de apuração, 
avaliação e partilha dos bens sob essa premissa. Ao perceber o envolvimento emo-
cional do perito na causa, o laudo pode ser impugnado a pedido da parte que se 
sentir lesada. 
2) Precisão: deve oferecer respostas pertinentes e adequadas às questões formuladas. 
Não deve “supor” nem “presumir” uma situação investigada, mas afirmar com con-
vicção. A precisão de um laudo é obtida quando as provas que conduzem à opinião 
posta nas respostas dos questionamentos são consistentes e obtidas por metodo-
logias de pesquisa coerentes e corretas. Caso o perito não consiga responder com 
convicção o que se pede nos questionamentos, deve relatar e apresentar as circuns-
tâncias verificadas para o juiz.
Exemplo que enseja falta de precisão: “determine, o senhor perito, quanto foi 
gasto com o banco para negociar a liquidação do empréstimo” (o montante gasto 
pode incluir o valor dos juros, principal, bem como outros gastos, como honorários 
advocatícios e tarifas bancárias). Assim, a resposta pode não corresponder à verdade 
necessária ao deslinde da questão judicial.
Outro exemplo: “determine, o senhor perito, se a empresa ganhou ou perdeu di-
nheiro durante o mês” (para isso, seria necessário definir se a apuração seria por meio 
do regime de caixa ou de competência para computar as receitas, despesas, recebi-
mentos, pagamentos etc.). Assim a pergunta não está feita para ter como resultado 
a precisão.
Pós-Universo 11
3) Clareza: consiste no uso de linguagem clara e acessível para quem vai utilizar-se 
do trabalho do perito. Quando for necessário definir conceitualmente assuntos ou 
matérias de que está tratando, o perito deve evitar termos confusos que possibilitam 
duplas interpretações ou duplo sentido. Nesse sentido, algumas perguntas, formu-
ladas pelas partes, de forma incompleta, por desconhecimento técnico-contábil do 
que se pretende perguntar, podem gerar respostas inconclusas. 
Exemplo que enseja a falta de clareza: “pede-se, ao perito, que determine o valor 
gasto pela empresa”. Trata-se de uma pergunta genérica, que não define o que seja 
gasto e o período que se quer apurar. Um gasto, para ser apurado com clareza, precisa 
ser qualificado como Investimento ou Despesa ou se gera desembolso financeiro ou 
não e, ainda, deve ser indicado o período de tempo limitado.
4) Fidelidade: caracteriza-se por não deixar-se influenciar ou ser induzido por opi-
niões de pessoas que deixam transparecer conhecimento ou informações acerca da 
matéria, como bases confiáveis, mas sem competência profissional ou fundamentos 
confiáveis que podem não ter materialidade e consistência suficiente.
Cuidado com receitas prontas! Tenha muito cuidado com receitas prontas, 
publicadas em artigos, revistas ou divulgadas nos meios de comunicação, 
de apelos populares, sem caráter científico. Em ciências sociais aplicadas, 
modelos válidos e aplicados em um dado contexto dificilmente podem ser 
replicados em outras situações, mesmo que aparentemente iguais.
atenção
Confiabilidade: o laudo deve estar apoiado em elementos de prova inequívocos e 
com validade legal e metodologias corretas que possibilitem apresentar expressa-
mente os elementos que permitiram sua conclusão ou opinião.
Atenção à atualização de normas! Muito cuidado na aplicação dos princípios 
contábeis, quando se tratar de bens de massa falida. Nessa situação, não se aplica o 
princípio da continuidade das operações, o que implica em buscar outras formas de 
avaliação, abandonando o custo histórico como base de valor.
Pós-Universo 12
Cuidado também com o fim da reavaliação e com outras técnicas adotadas pela 
contabilidade a partir da adoção das normas internacionais. A norma tributária não 
reconhece tais normas. Assim o cálculo da depreciação, provisão e outras técnicas 
aplicáveisna contabilidade societária precisa ser ajustado para fins tributários, o que 
significa ajustes no lucro e no valor do ativo, passivo e patrimônio líquido.
Rigor metodológico e tecnológico: o perito não deve se ater a afirmações sub-
jetivas ou definições confusas, divagando por exclamações e afirmações pessoais, 
mas, sim, deve buscar fundamentos na ciência contábil, com foco na matéria objeto, 
respeitando sua disciplina de conhecimento. Deve limitar-se ao que é reconhecido 
como científico no campo da especialidade. Em contabilidade, há um número ex-
pressivo de doutrinas e de normas em que o perito pode basear-se para emitir suas 
opiniões.
Exemplo de falta de rigor metodológico: utilizar o conceito de lucro real para des-
crever o resultado da performance da empresa em um dado período. O termo lucro 
real é amplamente utilizado pelo fisco como uma opção de tributação das empre-
sas, junto com lucro arbitrado e lucro presumido. Assim, caso não se determine qual 
o lucro contábil desejado, a resposta fornecida pelo perito pode ser impugnada por 
falta de rigor metodológico. O lucro contábil pode ser o lucro bruto, o lucro opera-
cional antes dos impostos ou o lucro líquido, considerando o imposto de renda e a 
contribuição social sobre o lucro.
Tipos de perícia
As formas em que se originam uma solicitação de perícia podem ser qualificadas em:
 • Perícias judiciais
 • Perícias extrajudiciais
 • Perícias arbitrais
Pós-Universo 13
Perícia Judicial
É a perícia realizada com o amparo do poder judiciário, executada de acordo com as 
formalidades jurídicas por profissionais indicados pelo magistrado.
Uma pericia judicial é aquela em que há a necessidade de investigações e dili-
gências para produção da prova pericial, para responder as questões técnicas, por 
se tratar de assunto que apresenta divergências de entendimento entre as partes, 
devendo ser decidido pelo juiz.
As perícias judiciais podem ser:
 • Perícias Oficiais (ou “de ofício”, “ex officio”): são determinadas pelo juiz, que 
solicita a opinião de especialistas acerca de determinado assunto, sem que 
haja qualquer requerimento das partes envolvidas. Veja alguns exemplos:
Quais os efeitos do fim da correção monetária das demonstrações contá-
beis sobre o lucro e os tributos das empresas, mesmo que a economia do 
país conviva com inflação?
Quais os efeitos tributários e econômicos, diretos e indiretos da remunera-
ção dos juros sobre o capital próprio? 
Quais os impactos para os acionistas dos efeitos sobre o lucro originado 
pela implantação das mudanças das Leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009?
 • Perícias Requeridas: são determinadas pelo juiz, com requerimento da 
parte do Reclamante e/ou da Reclamada. Veja alguns exemplos:
Entendimento e interpretação sobre os pontos de vista da Receita Federal 
e da Empresa acerca da base de cálculo correta dos tributos PIS/COFINS.
Direitos sobre a verba rescisória (horas extras, adicionais, trabalho de res-
ponsabilidade etc.) entre o empregado demitido e a empresa.
Nível de culpa do gerente para caracterização da demissão “por justa causa” 
ou “sem justa causa”, decorrente de fraude descoberta pela auditoria na área 
de atuação do gerente.
Pós-Universo 14
 • Perícias Necessárias: tornam se necessárias quando a lei ou a natureza 
do fato impõe sua realização. Exemplos:
Quais os impactos sobre o mercado (preços, concorrência, fornecedores) 
da fusão entre duas grandes empresas do cenário econômico nacional?
Quais os prejuízos sobre a produção esperada, causados pelo grande volume 
de chuva, dos cereais (soja, milho, feijão etc.) cultivados (plantados) em uma 
propriedade de uma região agrícola específica, com a lavoura financiada 
pelo banco? 
Perícia Extrajudicial
É a perícia realizada fora do âmbito do poder judiciário, mas seguindo o mesmo rigor 
metodológico, as mesmas leis e regras das perícias judiciais. Em geral, é realizada 
antes que uma situação se torne litigiosa, isto é, uma contenda judicial. Em outras 
circunstâncias, pode ser originada de uma situação em litígio, mas que, independen-
temente da decisão do juiz, busca esclarecer melhor o assunto, extrajudicialmente. 
Veja o exemplo:
Perícia Administrativo-Tributária é um exemplo de Perícia Extrajudicial que 
trata do entendimento divergente entre contribuinte e o fisco, sobre a aplicação da 
legislação tributária ou divergência na interpretação sobre a incidência de tributos 
como ICMS, IPI, PIS/COFINS em determinados tipos de operações comerciais, como 
a transferência de mercadorias da matriz para a filial ou a remessa de produtos para 
conserto ou manutenção. 
Perícia Arbitral
Arbitragem consiste numa alternativa para resoluções de conflitos sem que haja a 
atuação ou intervenção do Poder Judiciário. Atualmente, muitos processos judiciais 
demoram muito tempo para serem julgados e, assim, a solução de conflitos por meio 
da arbitragem é uma atividade jurisdicional particular (quem manda são as partes), 
com maior rapidez para solução dos conflitos. A arbitragem foi instituída no Brasil 
pela Lei 9.307 e rege “a convenção através da qual as partes submetem um litígio à 
arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo (a convenção) ser judicial ou extra-
judicial” (BRASIL, 1996).
Pós-Universo 15
Segundo Carrera Alvim (2005, p. 14), “arbitragem é a instituição pela qual as 
pessoas capazes de contratar confiam a árbitros, por elas indicados ou não, o julga-
mento de seus litígios relativos a direitos transigíveis”.
Perícia Arbitral é aquela em que os peritos executam seu trabalho nos Juízos 
Arbitrais. Apesar de não ser judicialmente determinada, tem valor de perícia judi-
cial de natureza extrajudicial, pois as partes litigantes escolhem as regras que serão 
aplicadas na arbitragem. A arbitragem é, portanto, um método extrajudicial para a 
solução de conflitos, cujo árbitro, que, segundo a lei, exerce a função de juiz, desem-
penha função semelhante à do juiz estatal, proferindo sentença que não está sujeita 
a recurso nem à homologação pelo Poder Judiciário.
Juízo Arbitral é aquele em que figuram como juízes pessoas capazes, e que, 
mesmo não possuindo vínculo com o Poder Judiciário, não sendo juízes togados, são 
juízes de fato e de direito, conforme o artigo 18 da Lei de Arbitragem (BRASIL, 1996).
Perguntas motivadoras para o estudo da perícia contábil 
Por se tratar de uma especialidade diferenciada por algumas particularida-
des, é interessante refletir e perguntar a si mesmo: 
1) Por que estudar perícia contábil? 
2) O que é necessário saber para atuar na perícia contábil?
3) Qual o mercado de trabalho do perito contador? 
Fonte os autores.
reflita
Pós-Universo 16
Olá! Espero que você esteja gostando de estudar sobre Perícia Contábil.
Saiba que essa é uma função muito importante para o profissional da contabili-
dade, pois o perito deve fundamentar sua atuação ciente das suas responsabilidades, 
com postura ética e comportamento institucional, tendo como referência o ambien-
te em que está inserido. 
A sustentação de suas afirmações e convicções postas nos laudos deve estar pautada 
em conhecimentos técnicos e em normas legais, especialmente na Constituição 
Federal e nas leis específicas do campo de conhecimento compreendido no proble-
ma tratado, como o Código de Processo Civil, a Legislação Processual Trabalhista, o 
Código Civil, entre outras.
NORMAS RELACIONADAS À 
PERÍCIA CONTÁBIL
Pós-Universo 17
Não se pode esquecer ainda das duas normas periciais aprovadas pelo 
Conselho Federal de Contabilidade para o exercício da profissão, que são 
as NBC TP 01 e a NBC PP 01, de 2009. Essas normas tiveram nova redação 
dada pelas Resoluções CFC de mesmos números respectivos, editadas em 
fevereiro de 2015.
A norma contábil designada NBC TP 01 foi aprovada inicialmente pelo 
Conselho Federal de Contabilidade, mediante a Resolução nº. 1.243/2009. 
O Órgão estabeleceu regras e procedimentos técnico-científicos a serem 
observados peloperito contador, na elaboração de perícia, no âmbito ju-
dicial, extrajudicial, arbitral, para esclarecer aspectos e fatos do litígio, por 
meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação 
ou certificação.
Já a norma denominada NBC PP 01, também aprovada pelo Conselho Federal 
de Contabilidade, inicialmente, mediante a Resolução nº. 1.244/2009, esta-
beleceu procedimentos inerentes à atuação do contador na condição de 
perito. Em 27 de fevereiro de 2015, o CFC emitiu as duas normas novamen-
te, com os mesmos números, porém com nova redação.
Fonte: baseado em Conselho Federal de Contabilidade. Disponível em: 
<www.cfc.org.br>. Acesso em: 28 jul. 2015.
saiba mais 
Observe o regramento estabelecido pelo Código de Processo Civil (Lei 5.869, de 11 
de janeiro de 1973), que dispõe no art. 145 sobre a necessidade de um perito para 
subsidiar o magistrado no momento da decisão, quando houver necessidade de pro-
dução de prova que dependa de conhecimento técnico ou científico especializado.
Como já é de conhecimento geral, o Código de Processo Civil acima citado será 
substituído por um novo Código de Processo Civil a partir de 16 de março de 2016, 
já que, após essa data, vigorará a Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, denomina-
da Código de Processo Civil. 
Observe a pequena diferença de expressão legal. O art. 145, do CPC (BRASIL, 
1973) diz: 
“Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz 
será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421”. E o art. 421 (BRASIL, 1973) 
diz: “O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.”. 
Pós-Universo 18
O novo CPC (BRASIL, 2015), em seu art. 156, trata a questão assim: “o juiz será as-
sistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou 
científico.”. Observe, portanto, que não há nenhuma “remessa” a outro artigo do novo 
Código. Isso é um indício de que o novo Código é mais direto, simples e tende a 
ajudar a diminuir o marasmo judiciário, com trâmites processuais mais rápidos. Aliás, 
é exatamente isso que a classe atuante e toda a sociedade deseja e espera. 
Advogados, juristas e magistrados são experts e doutos em assuntos relacionados 
ao Direito. Porém, não se pode esperar que sejam cientistas ou técnicos em todos os 
assuntos que irão se manifestar, cobrindo todas as áreas do conhecimento humano. 
Assim há diversas matérias que ensejam assessoramento de profissionais de outras 
áreas, como engenharia, medicina, contabilidade, química, física etc.
A perícia tem o status de “conhecimento notório” para, por exemplo, apurar os 
fatos, tratados pela Lei 9.457/1997, que introduziu diversos regramentos na Lei das 
Sociedades Anônimas (Lei das S/As), Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. O 
Código de Processo Civil atual, art. 145 (BRASIL, 1973), assim como o novo Código, 
art. 156 (BRASIL, 2015), tratam o perito como sendo um “cientista” para assistir o Juízo 
em matérias de conhecimento científico.
Competência técnico-profissional 
para o exercício da perícia
Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade NBC PP 01, aprovada por meio da 
Resolução no. 1244/2009 do Conselho Federal de Contabilidade e reeditada em 2015, 
competência técnico-científica pressupõe ao perito contador um nível de conhe-
cimento da Ciência Contábil, das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas 
contábeis, da legislação relativa à profissão contábil e daquelas aplicáveis à atividade 
pericial e ao objeto da perícia, atualizando-se, permanentemente, mediante progra-
mas de capacitação, treinamento, educação continuada e especialização (novo CPC, 
art. 156, § 3o) (BRASIL, 2015).
A condição básica que não gera desconfiança das partes em um processo liti-
gioso é que os peritos sejam escolhidos, pelo magistrado, entre profissionais de nível 
superior, devidamente inscritos em órgãos de classe competente. 
Pós-Universo 19
A única possibilidade de que essa regra não seja observada é para localidades 
onde não hajam profissionais de nível superior da área em litígio. Nesses casos, o 
Código de Processo Civil admite que o magistrado indique pessoas por sua livre 
escolha - Art. 145, do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973), novo Código, art. 156, 
§ 5º (BRASIL, 2015).
A comprovação da regularidade do profissional se dá mediante a apresentação 
do registro profissional no respectivo conselho da classe. 
É preciso que o profissional esteja atento a quando da contratação do serviço, 
pois o Artigo 186 do Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002) estatui que “aquele que, por 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano 
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Trata-se da responsa-
bilidade civil, resultante da prática de uma infração a um dever, legal ou contratual, 
causando-se danos a terceiros. O causador do dano fica obrigado a reparar o prejuí-
zo causado (novo Código de Processo Civil, art. 158).
Por sua vez, o parágrafo único do art. 1.177 do Código Civil (BRASIL, 2002) estabele-
ce que, no exercício de suas funções, os contabilistas são pessoalmente responsáveis, 
perante os empresários-clientes, pelos atos culposos, isto é, sem a intenção de causar 
danos; e, perante terceiros, solidariamente com o cliente, pelos atos dolosos, ou seja, 
com intenção de causar danos. Para a responsabilização civil do contador, há de se 
observar três requisitos preliminares: a conduta antijurídica (ilegal), a existência de 
um dano e a relação de causalidade entre a conduta e o dano.
Aspectos deontológicos da função 
do perito
Observe você que algumas situações ou circunstâncias podem impossibilitar o perito 
de exercer com independência suas atribuições em processo judicial, extrajudicial 
ou arbitral para o qual seja designado. O Código de Processo Civil, o Código de Ética 
Profissional do Contabilista e a NBC PP 01 (CFC) destacam os conflitos de interesse 
motivadores dos impedimentos e das suspeições aos quais está sujeito o perito. São 
aspectos deontológicos do exercício da profissão, isto é, a aplicação dos preceitos 
morais e éticos na conduta profissional.
Pós-Universo 20
Conforme a NBC PP 01 (BRASIL, 2009b), impedimento e suspeição “são situações 
fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer, regularmente, suas 
funções ou realizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive 
arbitral”.
Os motivos que impedem a nomeação ou a aceitação do trabalho pericial são de 
ordem legal, moral e ético. Esses fatores estão relacionados no Código de Processo 
Civil (BRASIL, 1973), art. 134 a 135 (novo CPC, art. 144, I). 
Por outro lado, o perito pode, por iniciativa própria, recusar uma nomeação, desde 
que alegue motivo legítimo, conforme art. 146 do CPC (BRASIL, 1973) (novo CPC, art. 
157 e 467). Porém, se alegar, por dolo ou culpa, informações inverídicas acerca de 
sua recusa, poderá ficar inabilitado por até dois anos, além de estar sujeito a outras 
sansões penais. Sobre esse assunto, o art. 424 do CPC (BRASIL, 1973) (novo CPC, art. 
468) dispõe que o perito pode ser substituído quando: “I - carecer de conhecimento 
técnico ou científico; II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo 
que Ihe foi assinado”. 
Nesse caso, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, 
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada conforme o valor da causa, e o possí-
vel prejuízo decorrente do atraso no processo. 
Desdobrando alguns aspectos deontológicos da função pericial, temos os se-
guintes tópicos a considerar:
Impedimento legal
O perito nomeado ou escolhido deve se declarar impedido quando não puder exercer 
suas atividades com imparcialidade ou quando ocorrerem algumas das seguintes si-
tuações a seguir: 
a. for parte do processo ou do problema;
b. tiver atuado como Perito-Contador contratado ou prestado depoimento 
como testemunha noprocesso;
c. tiver mantido, nos últimos dois anos, ou mantenha com alguma das partes 
ou seus procuradores, relação de trabalho como empregado, administra-
dor ou colaborador assalariado;
Pós-Universo 21
d. tiver cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colate-
ral até o terceiro grau, postulando no processo ou entidade da qual esses 
façam parte de seu quadro societário ou de direção;
e. tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu 
cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até 
o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;
f. exercer cargo ou função incompatível com a atividade de Perito-Contador, 
em função de impedimentos legais ou estatutários;
g. receber presentes, brindes ou outras dádivas de interessados no processo;
h. receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem autorização ou 
conhecimento do juiz ou árbitro.
Impedimento técnico-científico
O impedimento para a aceitação do trabalho, por motivos técnico-científicos, deve 
ser declarado pelo perito quando afetar sua autonomia, estrutura profissional e inde-
pendência, podendo afetar a isenção de seu trabalho. São motivos de impedimento 
técnico-científico:
a. a matéria em litígio não ser de sua especialidade;
b. a constatação de que os recursos humanos e materiais de sua estrutura pro-
fissional não o permitem assumir o encargo ou impedem o cumprimento 
dos prazos dos trabalhos em que o Perito-Contador foi nomeado, contra-
tado ou escolhido, ou em que o Perito-Contador Assistente for indicado;
c. ter o Perito-Contador de uma das partes atuado para a outra parte litigante 
na condição de consultor técnico ou contador responsável, direto ou indireto, 
em atividade contábil ou em processo no qual o objeto de perícia seja se-
melhante àquele da discussão, sem previamente comunicar ao contratante.
Pós-Universo 22
Suspeição
O perito deve declarar-se suspeito quando perceber que irá incorrer em situações que 
possam suscitar suspeição de sua imparcialidade ou independência, que venham a 
comprometer o resultado do seu trabalho.
Os casos de suspeição são os seguintes:
a. ser amigo íntimo de qualquer das partes;
b. ser inimigo de qualquer das partes;
c. ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônju-
ges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro 
grau ou de entidades das quais esses façam parte de seu quadro societá-
rio ou de direção;
d. ser possível herdeiro ou beneficiário de alguma das partes ou dos seus 
cônjuges;
e. ser parceiro, empregador ou empregado de alguma das partes;
f. aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto 
da discussão; 
g. se houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma 
das partes.
h. o perito pode ainda declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Ética no trabalho pericial – 
princípios deontológicos
Em algumas situações, o Contador, no exercício da profissão, atua em uma área sensí-
vel e suscetível a riscos, uma vez que pode enfrentar um dilema dicotômico: cumprir 
a norma legal ou cumprir o mandamento de quem o contratou.
Pós-Universo 23
Ninguém pode obrigar alguém a ser ético, pois isso depende dos valores morais 
de cada pessoa. Entretanto, o esclarecimento do que seja certo ou errado, bom ou 
mau, ajuda a servir de guia, de referência para a racionalidade de todo indivíduo 
dentro da sociedade, seja na vida pessoal ou profissional, uma vez que se vislumbram 
os limites de cada um no tocante aos direitos e deveres, aos seus valores e crenças, 
aos seus princípios de liberdade, honestidade e responsabilidade. Assim a percepção 
da ética está na sua capacidade de atuar de forma íntegra na vida pessoal e profis-
sional. A esse aspecto dá-se a denominação deontológico.
A honestidade está relacionada com a confiança que é depositada, com a res-
ponsabilidade perante o bem de terceiros e manutenção de seus direitos. É uma 
atitude que não admite meio termo, relatividade ou tolerância. Ao atuar como perito, 
é importante sempre lembrar que a serenidade da personalidade deve estar presen-
te na índole de cada um e que o falso pretexto de respeito a princípios éticos será 
facilmente desmascarado pela sociedade, caso se perceba desvios de conduta, de 
postura e de atitude.
Em toda profissão, o indivíduo se compromete com o agregado de deveres 
éticos pertinentes à classe profissional à que pertence, visando à manutenção do 
“status quo” desejado do profissional, indispensável para o desempenho eficaz de 
suas tarefas. Além disso, deve-se observar a conduta a ser seguida. Assim capacida-
de e conduta têm como resultado o conceito do profissional perante seus clientes, 
colegas, sociedade, família e sua própria consciência. 
Os códigos de ética são criados para regulamentar as práticas profissionais, elen-
cando os comportamentos permitidos e os proibidos, no exercício da profissão, 
visando-se ao bem-estar da sociedade e assegurando-se a honestidade de procedi-
mentos adequados à manutenção das instituições e ao respeito em geral.
O Código de Ética define as obrigações e proibições, os deveres perante os colegas 
e a classe e as penalidades a serem aplicadas, caso necessário, pelos Conselhos 
Regionais de Contabilidade. 
A contabilidade consiste no registro de fatos comerciais que geram informações 
para fins de controle das operações de uma entidade. Essas informações servem para 
diversas finalidades, como a apuração de resultados (lucro, prejuízo, superávit, déficit) 
ou, ainda, para avaliar performance, como crescimento patrimonial, competitivida-
de, rentabilidade, lucratividade, produtividade etc. 
Pós-Universo 24
A regulamentação da profissão contábil com a efetiva fiscalização pelos Conselhos 
Regionais demonstra a importância da observância das normas pertinentes à profis-
são e do respeito às leis na prestação dos serviços pelos profissionais da área.
Um ato de suborno consiste em oferecer dinheiro a alguém ou o(a) cor-
romper com o objetivo de conseguir algum benefício em condições de 
privilégio. Diante dessa condição, oferecer uma gorjeta a um garçom para 
conseguir uma mesa antes de outros clientes que também aguardam na 
fila a sua frente para almoçar em um restaurante é um ato ilegal? A reflexão 
é importante e pertinente porque, em muitos casos, o comportamento do 
ser humano, fora do exercício profissional, acaba fortalecendo o hábito da 
prática daquilo que não é ético: subornar o garçom ou o guarda de trânsi-
to, para evitar a multa, tem alguma diferença?
Fonte: os autores.
reflita
Ocorre que, no universo de profissionais corretos, sempre haverá aquele que se utiliza 
de meios obscuros ou criativos, que fogem ao bom senso, para registro das transa-
ções, bem como há profissionais que prestam serviços a empreendimentos ilícitos. 
Nesses casos ilegais, estão os crimes de lavagem de dinheiro, contrabandos diver-
sos, venda de produtos ilegais etc., que também requerem serviços contábeis para 
regularizar ou dar ares de legalidade a essas operações escusas e que, portanto, se 
utilizam de serviços de profissionais para essa finalidade. Até mesmo em algumas 
empresas é comum surgirem notícias veiculadas pela mídia sobre atos de corrupção 
e fraudes comerciais e contábeis, o que demonstra que nem sempre os princípios 
éticos e morais são respeitados por todos os profissionais. 
Portanto, alguns referenciais que servem de parâmetro para o exercício da pro-
fissão contábil devem ser atentamente observados no exercício da atividade pericial. 
Realçamos novamente que o perito é tratado como um profissional “expert” e diferen-
ciado perante a classe jurídica, o que denota a importância de estar sempre atento 
à conduta pessoal e profissional.
Pós-Universo 25
Abordagens éticas para o profissional contábil
Ética deriva do grego “ethikós” e do latim “ethica”. Significa o estudo dos 
juízos de apreciação que se referemà conduta humana. Já a ética profissional 
representa “o estudo dos direitos, a emissão de juízos de valor, compreenden-
do a ética como condição essencial para o exercício de qualquer profissão” 
(PIRES, 2012, p. 45).
Os peritos contadores devem desenvolver suas atividades de acordo com o 
grau de competência, confidencialidade, integridade e objetividade (BRASIL, 
2003).
O comportamento ético, adequado, pelo profissional da Contabilidade, leva à:
Competência em:
 - Manter um nível adequado de competência profissional por meio do de-
senvolvimento contínuo de seus conhecimentos e habilidades.
 - Realizar suas obrigações profissionais em consonância com as leis, regu-
lamentações e padrões técnicos.
 - Elaborar demonstrativos completos e transparentes, e, após as devidas 
análises, fazer recomendações.
Confidencialidade em: 
 - Privar-se de evidenciar informações confidenciais obtidas ao longo de 
seus trabalhos, exceto quando autorizadas ou quando forem legalmen-
te obrigados a tal.
 - Informar os subordinados com os devidos cuidados a respeito da confi-
dencialidade da informação obtida na execução dos trabalhos e monitorar 
suas atividades a fim de assegurar o sigilo da informação.
 - Privar-se de utilizar informações confidenciais para obter vantagens ilici-
tamente, sejam elas de interesse pessoal ou de terceiros.
Integridade em:
 - Evitar conflitos de interesses e aconselhar as devidas partes quanto a qual-
quer possível conflito.
 - Privar-se de ingressar em qualquer atividade que prejudique o cumpri-
mento de suas obrigações éticas.
 - Recusar qualquer presente, favor ou hospitalidade que influencie ou venha 
a influenciar suas decisões.
 - Privar-se de corromper os verdadeiros objetivos da organização e da ética.
 - Reconhecer e comunicar as limitações profissionais.
saiba mais 
Pós-Universo 26
Objetividade em:
 - Comunicar informações favoráveis, bem como as desfavoráveis, e suas 
opiniões como profissionais.
 - Comunicar a informação de forma clara e objetiva.
 - Evidenciar aos usuários toda informação relevante que, provavelmente, 
interferiria na compreensão dos demonstrativos, notas explicativas e re-
comendações apresentadas.
Fonte: os autores.
saiba mais 
Finalmente, é importante destacar que o Conselho Federal de Contabilidade estabe-
leceu normas de prevenção à lavagem de dinheiro, chamando a atenção para esse 
fim dos profissionais e Organizações Contábeis que prestem, mesmo que eventual-
mente, serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou 
assistência, de qualquer natureza. 
O Decreto-Lei nº 9.295/46, que regulamenta a profissão contábil, modifi-
cado pela Lei nº 12.249/2010 e pelas Normas Brasileiras de Contabilidade, 
editadas especificamente para a área pericial, considera “leigo ou profis-
sional não habilitado” para a elaboração de laudos e/ou pareceres periciais 
contábeis qualquer profissional que não seja contador habilitado perante 
o Conselho Regional de Contabilidade. Assim, caso o indivíduo nomeado 
não consiga comprovar sua regularidade profissional perante o Conselho 
Regional de Contabilidade e, mesmo assim, elabore e apresente o trabalho 
(laudo) pericial aparentemente perfeito, por não estar devidamente habili-
tado, caracterizará um trabalho nulo.
atenção
Você precisa saber que existem diversas situações de conflito, no meio empresarial, 
pessoal ou familiar, que culminam na falta de acordo entre reclamante e reclamado. 
No meio empresarial, os diversos tipos de problemas que requerem o trabalho do 
perito contábil apresentam nuances mais complexas por envolver diferentes per-
sonagens e interesses, como diretores, empregados, sócios, clientes, fornecedores, 
investidores, agentes financeiros etc.
IRREGULARIDADES CONTÁBEIS 
QUE ENSEJAM A PERÍCIA
Pós-Universo 28
A profissão contábil tem passado por alterações, desde que foi editado, 
em 1946, o Decreto-lei nº 9.295, que regulamentou a profissão, até a mais 
recente inovação feita por meio da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, 
a qual atualizou o contexto de atuação do profissional contábil, inclusive 
com a introdução do exame de suficiência para o ingresso dos recém-gra-
duados no mercado de trabalho.
As Normas Brasileiras de Contabilidade passaram a ser convergidas ao padrão 
internacional a partir de 2007, com as alterações propostas pelas Leis nº 
11.638/2007 e 11.941/2009. 
O primeiro Código de Ética da profissão foi elaborado em 1970, atualizado, 
com nova versão, em 1996, pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
fatos e dados
A maximização dos ganhos em um ambiente competitivo provoca situações que 
levam à ganância, à inveja, a interesses escusos, à busca de vantagens indevidas e 
outras atitudes inconvenientes que são indícios de caminhos para levar a fraudes. 
As fraudes são cometidas nos mais diversos setores das empresas, como também na 
vida das pessoas físicas. Por isso não são fáceis de serem tipificadas ou detectadas.
Especificamente, no caso de irregularidades, as falhas que levam a conflitos entre 
partes envolvidas podem ser intencionais ou ocasionadas por atos de omissão devido 
à ignorância, a negligências, à desorganização, à imprudência, à imperícia ou à inter-
pretação equivocada da realidade. Muitas falhas ocorrem motivadas pela fragilidade 
nos sistemas de controles internos ou no processo de gestão, com danos ou prejuí-
zos para empregados, clientes, sócios, acionistas e demais credores. 
A essência do sistema contábil é o processo de escrituração de todos os fatos 
que se referem a compras, vendas, pagamentos, contratações, rescisões, demissões, 
admissões etc. Para isso, é essencial a observância das formalidades que devem ser 
adotadas no processo de escrituração e geração de informações, que são os aspectos 
relacionados a procedimentos de controle, documentos base para escrituração, co-
nhecimentos técnicos dos profissionais que executam as tarefas, sistemas de geração 
de informação, arquivo, aplicação das normas contábeis, entre outros aspectos que 
variam conforme as particularidades de cada entidade.
Pós-Universo 29
Em geral, pode haver confusão conceitual e prática entre as atividades de au-
ditoria e perícia contábil. Porém, no aspecto prático, prevalecem procedimentos e 
técnicas investigativas diferentes. A perícia é a prova elucidativa dos fatos específicos, 
identificados pela vistoria, enquanto a auditoria é voltada para revisão, certificação e 
verificação, sendo uma necessidade periódica das entidades, podendo ser feita por 
amostragem. A perícia não aceita a amostragem e só trabalha com o universo com-
pleto, em que a opinião é expressa com rigor de cem por cento de análise do fato 
ou problema.
As imperfeições decorrem de falhas no processo de escrituração, que podem 
ser intencionais ou não, ou ainda de vícios contábeis, como são os casos de erros 
propositais de avaliação ou cálculos de depreciações, provisões, estoques e imobili-
zado, atrasos nos fechamentos de relatórios, falta de registro de fatos, classificações 
erradas de fatos etc. 
Desde os tempos antigos, incluindo as mitologias grega e romana, já se tem 
notícias de problemas envolvendo fraudes. Inclusive Hermes era conside-
rado o deus dos ladrões e fraudadores. E, nos tempos atuais, as fraudes se 
sofisticaram ou ganharam novos contornos motivados pela evolução tec-
nológica e evolução das sociedades. As maiores fraudes são cometidas por 
quadrilhas ou grupos organizados em diferentes setores que agem com 
auxílio de recursos tecnológicos, como computadores e internet. Para saber 
mais sobre fraudes, acesse: <www.fraudes.org>. Acesso em: 29 jul. 2015.
Fonte: os autores.
saiba mais 
Os erros são classificados em: negligência, imprudência e imperícia.
a) Negligência: quando o agente deixa de aplicar, por descuido ou displicência, 
uma norma vigente ou um procedimento prescrito que, em face do cargo ou da in-
vestidura social que exerce, deles deveria ter prévio conhecimento.Pós-Universo 30
Exemplos de negligência em contabilidade:
 • Erro no lançamento contábil da provisão para férias e seus encargos, que 
podem aumentar ou diminuir o lucro líquido tributável.
 • Atraso no recolhimento dos tributos por não observar o prazo correto do 
vencimento.
 • Pagamento a maior dos tributos por erro, seja na base de cálculo ou na 
alíquota, ocasionando uma redução do capital de giro líquido, completa-
mente desnecessária.
 • Informação incorreta ou imprecisa dos créditos fiscais e tributários dos im-
postos recuperáveis, com prejuízo na lucratividade do respectivo produto.
b) Imprudência: quando o agente aplica, de forma equivocada, uma norma vigente 
ou um procedimento prescrito que é de seu prévio conhecimento.
Exemplos de imprudência:
 • Não registrar uma venda no momento de sua ocorrência, deixando para 
registrar no mês seguinte, para não aumentar o caixa.
 • Deixar acumular grandes somas de dinheiro do movimento diário da 
empresa, no caixa, sem as devidas precauções com furto, roubo, por exemplo.
 • Contador que, mesmo sabendo quais as taxas de depreciação aplicáveis a 
cada imobilizado, aplica outra taxa, sob a perspectiva gerencial.
c) Imperícia: quando o agente não sabe como deveria ser aplicada a norma vigente 
ou o procedimento prescrito e o faz de qualquer forma, sem capacidade pessoal e/
ou profissional para a execução de tal tarefa.
Exemplos de imperícia:
 • A realização de serviços de auditoria por um profissional com formação de 
“técnico em contabilidade” (equivalente ao ensino médio), que estaria im-
pedido de executar tal serviço.
Pós-Universo 31
 • A execução de uma perícia contábil por um profissional com formação de 
“técnico em contabilidade”. Nesse caso, o laudo pericial é considerado nulo, 
não produzindo quaisquer efeitos jurídicos.
 • Um contador que atua em empresas privadas que se propõe a prestar ser-
viços de consultoria em prefeituras, mesmo sem ter acumulado qualquer 
experiência prática no âmbito de contabilidade pública ao longo da vida 
profissional.
 • Um contador que atua em contabilidade de pequenas e médias empresas 
e que se propõe a executar uma auditoria financeira com sistemas sofisti-
cados em uma grande empresa.
 • Pessoa que, sem estar habilitada ou, ainda, sem conhecer os detalhes do 
veículo, sai dirigindo em vias públicas.
Ao sistema de escrituração são necessários o bom funcionamento da contabi-
lidade, os métodos de trabalho, os conhecimentos técnicos de contabilidade, 
a dedicação profissional às rotinas de identificação de cada tipo de fatos, 
a classificação correta no plano de contas, o registro correto e a dedicação 
para gerar informações de qualidade. As fontes de referência das provas que 
devem ser obtidas pelo perito são: 
1. Os lançamentos contábeis nos livros, diário e razão, para servirem de prova, 
devem estar balizados por documentos fidedignos, originais, legais, idôneos 
e apresentarem-se legítimos em todos seus aspectos formais e intencionais.
2. Os livros da escrituração contábil e da fiscal, desde que corretas, são me-
recedores de fé pública e servem como meios de prova. As operações 
comerciais são fatos registrados no livro Diário. Conforme o Código Civil, 
os atos jurídicos ou contratos para os quais a lei não impõe forma especial 
e compulsória podem ser provados pelos livros de escrituração mercan-
til, porém os documentos suporte que deram origem aos lançamentos, 
devem ser preservados como prova de registros. Para que os livros con-
tábeis e fiscais possam ser admitidos como meio de prova e possam ser 
bem utilizados pelo perito contador, é necessário que estejam revestidos 
das formalidades legais extrínsecas e intrínsecas que lhe são próprias e que 
se apresentem escriturados com observância às regras discriminadas no 
Código Civil, nas Normas Brasileiras de Contabilidade e na Legislação Fiscal 
a qual se vincula a empresa. 
saiba mais 
Pós-Universo 32
3. Os documentos suporte: a autenticidade dos registros e a força proban-
te dos livros contábeis e fiscais somente terão valor se os registros neles 
assentados tiverem sido feitos com base em documentos válidos, idôneos 
e legítimos. Caso não se possa provar que os registros lançados tenham 
suporte documental adequado, a própria escrituração contábil, como um 
todo, será considerada não válida para fins de prova no Judiciário, e sim 
apenas uma mera ficção. 
Caso os três elementos de prova citados não forem encontrados pelo perito 
contador, após usar seu bom-senso, ele poderá desconsiderar (desclassifi-
car) a escrita contábil como meio de prova em juízo. 
saiba mais 
Exemplo de erros comuns em 
contabilidade
Em contabilidade, o erro pode caracterizar uma irregularidade que precisa ser inves-
tigada visando apurar e avaliar o prejuízo causado ao patrimônio. Constatado que 
o erro seja qualificado como relevante, o perito precisa investigar os fatos que lhe 
deram causa e/ou origem. Deve, assim, proceder para certificar-se de que se trata 
de um erro (involuntário) ou uma fraude, com a intenção de prejudicar a outrem. 
Alguns tipos de erros que requerem uma investigação para avaliação de sua exten-
são são os casos de:
 • erro de algarismos, de digitação de datas ou valores;
 • erro de contas (somas, subtrações, divisões e multiplicações);
 • erro na classificação de contas de determinados fatos (classificar a compra 
de um produto como estoque, imobilizado ou despesa);
 • erro por repetição de registros já efetuados anteriormente (lançar duas 
vezes a mesma despesa, com saída de caixa);
Pós-Universo 33
 • erro por omissão de registros (deixar de registrar vendas, compras ou des-
pesas, omitindo as entradas ou saídas de caixa);
 • erro de inversão de números que resultam em valores diferentes. 
Alguns exemplos de fraudes
 • Empregado que busca obter “certidão de visita ao médico” para faltar ao 
trabalho e não ter o dia descontado de seu pagamento. 
 • Pirataria industrial ou falsificação de qualquer produto, marca e de dinheiro, 
com a colocação de marcas, etiquetas, certificados de qualidade, carimbos 
de inspeção etc.
 • Estelionato, clonagem de documentos com modificações de registros de 
originais ou adulteração de documentos. 
 • Apropriação indébita, furto ou roubo de produtos, documentos, dinheiros.
 • Extorsão, mediante chantagem ou ameaça. 
 • Receptação de produtos de furto ou roubo.
 • Sonegação fiscal, mediante subterfúgios para diminuir impostos a pagar.
 • Falsidade de títulos, documentos e papéis públicos.
Alguns exemplos de fraudes através da escrituração contábil:
 • Fazer lançamentos falsos sem suporte de documentos ou utilizando-se de 
documentos inadequados.
 • Erros intencionais nos cálculos de depreciações, provisões, impostos ou 
transposição de saldos das contas (Exemplo: dia 01 encerra com saldo de 
R$ 1.000,00 no caixa e o dia 02 inicia com saldo de R$ 100,00).
 • Usar meios ilícitos para registros, como as notas frias, meias-notas, documen-
tos com valores menores ou maiores que os verdadeiros, cálculos confusos 
e propositadamente equivocados.
Pós-Universo 34
 • Destruir intencionalmente documentos originais ou exibir de cópias 
modificadas.
 • Alterar documentos originais mediante rasuras, manchas e cortes feitos 
com a intenção de esconder indícios e pistas.
 • Emitir duplicatas sem que as operações comerciais que lhe dariam suporte 
fático tivessem ocorrido. São as chamadas “duplicatas frias” negociadas com 
bancos em operações de desconto ou vendidas às empresas de fomento 
mercantil.
 • Não contabilizar depreciações ou fazê-lo por valor inferior, ou calcular irre-
gularmente a depreciação acelerada visando diminuir o lucro distribuível, 
cometendo fraude contra os sócios que não participam da gestão.
 • Criar ou aumentar o valor das provisões de diversos tipos além do razoável 
visando reduzir o lucro tributável para pagar menos impostos, reduzir o lucro 
a ser distribuído aos sócios e depreciar o valorda empresa como um todo.
 • Modificar o valor do inventário dos estoques.
 • Fazer lançamentos de fatos da mesma natureza em diversas contas, de na-
turezas diferentes, com o objetivo de confundir qualquer investigação na 
expectativa de que o perito perca a pista.
 • Errar propositadamente cálculos de encargos financeiros, para falsear a real 
situação da empresa perante credores, sócios e outros interessados.
 • Superfaturar compras, apropriando-se da diferença do valor realmente pago 
ao fornecedor, em conluio entre outros indivíduos, por exemplo: o com-
prador, o pagador e o próprio fornecedor.
 • Simular venda de imobilizado para acertar o saldo credor da conta caixa 
ou ainda simular a venda de um imobilizado em estado de novo como se 
fosse sucata. 
Pós-Universo 35
 • Pagar dívidas antes do vencimento para obter desconto financeiro, mas só 
efetuar o registro na data do vencimento pelo valor total, apropriando-se 
do valor do desconto obtido ou, então, registrar depois do vencimento para 
apropriar-se do valor do desconto recebido, imputando juros de mora ine-
xistentes e ficando com o dinheiro para si.
Uma das irregularidades mais comuns praticadas pelas empresas e entidades é 
a manutenção de contabilidade “paralela” ou popularmente conhecido como 
“Caixa 2”. Entretanto essa prática condenável é prevista pelo Regulamento do 
Imposto de Renda (RIR) (BRASIL, 1999): “Omissão de Receita - Saldo Credor 
de Caixa, Falta de Escrituração de Pagamento, Manutenção no Passivo de 
Obrigações Pagas e Falta de Comprovação do Passivo”.
Vejamos alguns dispositivos do Regulamento:
Art. 281. Caracteriza-se como omissão no registro de receita, ressalvada ao 
contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das se-
guintes hipóteses (Decreto-Lei n 1.598, de 1977, art. 12, § 2 ; e Lei n 9.430, 
de 1996, art. 40):
I. a indicação na escrituração de saldo credor de caixa;
II. a falta de escrituração de pagamentos efetuados;
III. a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou cuja exigibilidade 
não seja comprovada.
Suprimentos de Caixa:
Art. 282. Provada a omissão de receita, por indícios na escrituração do contri-
buinte ou qualquer outro elemento de prova, a autoridade tributária poderá 
arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa 
por administradores, por sócios da sociedade não anônima, por titular da 
empresa individual ou pelo acionista controlador da companhia, se a efeti-
vidade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente 
demonstradas (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 12, §3; Decreto-Lei nº 
1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1, inciso II).
saiba mais 
Pós-Universo 36
Falta de emissão de Nota Fiscal:
Art. 283. Caracteriza omissão de receita ou de rendimentos, inclusive ganhos 
de capital, a falta de emissão de nota fiscal, recibo ou documento equiva-
lente, no momento da efetivação das operações de venda de mercadorias, 
prestação de serviços, operações de alienação de bens móveis, locação de 
bens móveis e imóveis ou quaisquer outras transações realizadas com bens 
ou serviços, bem como a sua emissão com valor inferior ao da operação (Lei 
n 8.846, de 1994, art. 2).
Art. 286. A omissão de receita poderá, também, ser determinada a partir de 
levantamento por espécie de quantidade de matérias-primas e produtos 
intermediários utilizados no processo produtivo da pessoa jurídica (Lei nº 
9.430, de 1996, art. 41).
Art. 287. Caracterizam-se também como omissão de receita os valores credi-
tados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição 
financeira, em relação aos quais o titular, pessoa jurídica, regularmente in-
timado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem 
dos recursos utilizados nessas operações (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42).
Fonte: adaptado de Brasil (1999).
saiba mais 
A importância da contabilidade em uma entidade é percebida na qualidade das in-
formações geradas e utilizadas nos processos de gestão. Quanto melhor organizado 
o processo contábil, mais fiel será a documentação suporte que dá origem à escritu-
ração contábil e fiscal e à observância das bases conceituais da Contabilidade. 
Definições sobre os Regimes de reconhecimentos dos fatos (Caixa x Competência, 
Princípios Contábeis/Resolução 750-CFC), informações sob formatos prescritos nas 
Normas Brasileiras de Contabilidade para registro e elaboração das demonstrações 
contábeis legais, Perfil do Plano de Contas, procedimentos para o processo de escri-
turação contábil e fiscal e sistemas de arquivo de dados, documentos e informações 
representam as bases essenciais para uma boa informação. 
Pós-Universo 37
Por outro lado, quanto pior a qualidade das bases conceituais adotadas pelas 
entidades ou empresas, mais confuso e obscuro o processo de gestão e qualidade 
das informações, levando ao aumento do risco e vulnerabilidades que ocasionam 
problemas que levam a conflitos e litígios, seja nos aspectos tributários, societários, 
trabalhistas, previdenciários, sociais, ambientais etc. 
Os riscos e vulnerabilidades associados ao processo de gestão negligente ou 
imprudente levam a discórdias e litígios entre atores (sócios, diretores, empregados, 
clientes, fornecedores, investidores etc.) que elevam a intensidade dos problemas 
que chegam facilmente à extensão de fraudes. 
A caracterização de atos de negligências e imprudências em um ambiente de 
conflito ou de litígio leva ao aumento do volume de trabalho em um problema que 
enseja atividade pericial nas diligências para apuração das provas periciais contábeis.
A credibilidade do laudo pericial contábil e sua influência como prova de uma 
situação ou fato ocorrido em uma empresa pesam na mesma proporção da credibi-
lidade e força probante atribuída à qualidade da contabilidade. 
Sempre que houver divergência de avaliação, mensuração qualitativa, análise dos 
dados ou dúvidas acerca de um fato ou objeto, é importante ter a opinião de espe-
cialistas, para elucidar quaisquer circunstâncias ou fatores que provocam o conflito. 
As principais causas que geram necessidade de perícia são:
 • pensão alimentícia ou apuração de haveres em separações de casais ou 
morte de cônjuge; 
MOTIVOS PARA NOMEAÇÃO 
DO PERITO E IMPORTÂNCIA 
DOS QUESITOS, QUESITOS 
SUPLEMENTARES E 
COMPLEMENTARES DA PERÍCIA
Pós-Universo 39
 • liquidação ou dissoluções de sociedades comerciais; 
 • embargos à execução fiscal (cobrança de tributos); 
 • anulação de cobranças mercantis decorrentes de compra ou venda de pro-
dutos ou serviços não realizada; 
 • revisão de empréstimos e financiamentos (capitalização, taxas bancárias); 
 • operações financeiras: desconto de cheque pré-datado, intermediação de 
operações;
 • avaliação de fundo de comércio; 
 • revisão de contratos de representação comercial (extensão dos danos, in-
denização, lucros cessantes etc.).
Para esclarecer as subjetividades que envolvem uma situação, é necessário o rigor 
metodológico, com escolhas de métodos científicos adequados para a construção 
de inferências à criação de premissas que sustentarão a produção da prova e ajuda-
rão a responder os quesitos ou questões formuladas em torno do problema. 
Uma abordagem inadequada no tratamento de dados durante o processo de 
diligência pericial pode desqualificar o tratamento científico. A produção científica 
de provas por meio de pesquisas é uma busca constante de explicações e soluções 
de problemas. 
O perito expõe sua posição, expressando sua opinião em uma única perspectiva 
aceitável, que é o ponto de vista científico. Daí a importância do rigor metodológico.
Na perícia judicial, o art. 145 do Código de Processo Civil (BRASIL, 1973) (novo 
CPC, 156) destaca que “quando a prova do fato depender de conhecimentos técni-
cos ou científicos, o juiz será assistido por perito”. Ou seja, não é a simples produção 
de prova que se requer do perito, e sim a observância do rigor metodológico, queé 
a essência da metodologia e técnica de pesquisa científica.
A perícia judicial pode ser exigida por requerimento das partes ou determinada 
de ofício pelo magistrado - Art. 437 do CPC (BRASIL, 1973) (novo CPC, art. 464).
Pós-Universo 40
Em todo litígio judicial ou extrajudicial em que não há acordo ou conciliação 
entre as partes envolvidas torna-se necessária a elucidação dos pontos controverti-
dos do problema (avaliação de bens, direitos e obrigações, localização ou inspeção 
de objetos, produção de provas, identificação de fatos etc.), para elucidação e sanea-
mento da causa, nas mais diversas áreas, a saber:
 • Na área empresarial: em um ambiente onde convivem diversos atores, 
como sócios, diretores, empregados/subordinados, clientes, fornecedo-
res, agentes de fiscalização, investidores etc., os relacionamentos geram 
discórdias de diversas naturezas, a respeito de gestão, de estratégias e de 
decisões, que resultam em problemas mais graves, chegando aos litígios 
judiciais e resultando em atividades periciais, como as dissoluções de so-
ciedades. Podem ocorrer ainda situações de discórdias em decisões sobre 
avaliações, valorações, para fins de prestação de contas, para levantamento 
da situação financeira ou levantamento das vendas, compras, estoques, mo-
biliários, instalações etc. A perícia é também requerida nos levantamentos 
patrimoniais, para apurar perdas e danos decorrentes de diversos motivos, 
como brigas, acidentes, sabotagens, fraudes etc.
 • Na área trabalhista: quando há reclamações de diferenças de salários em 
direitos do trabalho, como horas extras, plantões, cargos de chefia, auxílios 
alimentação e/ou transporte, situações de periculosidade ou insalubrida-
de e outros benefícios reclamados pelos empregados, que supostamente 
não foram reconhecidos pelos empregadores, principalmente quando das 
demissões ou, ainda, em situações em que se questionam danos por aci-
dentes no local de trabalho ou métodos de esforços físicos que resultam em 
danos físicos ou morais decorrentes do ambiente ou do horário de traba-
lho, ou situações de assédio, ou humilhações de chefes, diretores ou sócios.
 • Na área de família: em que ocorrem discórdias por partilhas de bens e 
direitos entre irmãos ou entre herdeiros de espólios, ou ainda nos critérios 
de apuração de haveres, ou da capacidade econômica para fins de pensão 
alimentícia em casos de separação de casais.
Pós-Universo 41
 • Na área previdenciária: quando o valor dos benefícios não é avaliado a 
contento ou corrigido conforme a expectativa de beneficiários.
 • Nas áreas cíveis: quando ocorrem situações de humilhações ou constran-
gimento sofrido no interior de um estabelecimento comercial (brincadeiras 
de mal gosto, revistas íntimas ou de bolsas, por exemplo); em revisão de 
contratos (aluguel, leasing, financiamentos etc.); em revisão de taxas de 
condomínio ou de administração de contratos de consórcios; em situações 
de execução de contratos de empréstimo ou financiamento com discór-
dias sobre o montante dos encargos de juros e multas. Ainda, na área cível, 
pode ser requerida perícia para apurar a responsabilidade administrativa 
dos atos anormais, praticados por gestores de Fundações, Cooperativas, 
Sindicatos, Associações de Moradores etc., no exercício da função pública.
 • Na área criminal (Código de Processo Penal, Arts. 160, 275 a 278 e 527): em 
situações que envolvem falsificação de assinatura em contratos, cheques e 
outros documentos; também o uso indevido da marca ou nome da empresa; 
o comércio de produto falsificado ou pirateado (contrafação); o desfalque e 
apropriações indébitas de dinheiro, contratos, mercadorias, ferramentas, má-
quinas, veículos, valores recebidos etc.; adulteração de documentos, livros 
contábeis (Diário, Razão, Caixa) e fiscais (Apuração e ICMS e IPI, Entradas e 
Saídas de Mercadorias) ou provas, mediante rasuras, borrões, troca de do-
cumentos etc.; fraudes contra sócios ou herdeiros, como, por exemplo, 
operar com “Caixa 2”, vendas sem nota, vendas com nota “Calçada”, Notas 
“Frias” (Empresas baixadas) etc.; fraudes contra o Fisco, contra Credores, 
contra a Justiça no âmbito do Estado, como Agências de Rendas, Prefeituras 
e Justiças Estaduais etc.
 • Na área de recuperação de empresa: em situações de avaliação da 
confiabilidade e autenticidade dos livros contábeis e fiscais, inventário da 
massa patrimonial, exame da prestação de contas dos gestores median-
te avaliação dos relatórios, como balanço, relatório de compras efetuadas, 
condições em que as vendas foram realizadas, tipos de pagamentos efe-
tuados etc., além de exame das contas dos credores da massa patrimonial.
Pós-Universo 42
 • Na área tributária: para avaliar diferenças nas interpretações de normas 
tributárias que ensejam cobranças dos impostos ou mesmo no descum-
primento de normas fiscais que possam acarretar o recálculo de incidência 
dos tributos como PIS/COFINS, IPI, ICMS etc.; ou, ainda, nas situações que 
possam configurar crimes contra fazenda pública (não recolhimento de 
impostos ou contribuições descontadas de empregados ou prestadores 
de serviço). 
Assim, em um caso concreto, seja em que área for, o magistrado fixará os pontos a 
serem elucidados e determinará a produção de provas, cujas tarefas compreendem 
a busca de informações e documentos, além de oitivas de pessoas mediante decla-
rações. As informações e documentos compreendem fotografias, relatórios, guias e 
recibos de pagamentos, desenhos técnicos de projetos e plantas, e quaisquer outros 
tipos de ilustrações ou peças que auxiliem na compreensão do fato.
Alguns das razões que levam as partes ou o juiz a solicitar a realização da perícia são:
 • Dependência de conhecimento técnico ou científico para a interpretação 
de provas dos fatos, como são os casos de identificação, classificação e 
avaliação de ativos, apuração de haveres, identificação ou constatação da 
veracidade de informações prestadas etc.
 • Inspeção direta de objetos e de pessoas, mediante vistoria “in loco” para 
reconstituir os fatos ou confirmar a efetiva existência de bens ou objetos.
 • Produção antecipada de provas, antes da audiência de instrução, tendo em 
vista que o objeto de prova pode, eventualmente, ser perecível ou a teste-
munha a ser inquirida encontra-se em estado terminal.
 • Levantamento de balanço e apuração de haveres, motivados pela dissolu-
ção da sociedade ou falecimento de um dos sócios.
 • Avaliação de bens, indicando as características, o estado de conservação, 
a metodologia de avaliação, principalmente em casos de penhora, aliena-
ção, garantia etc.
Pós-Universo 43
 • Arbitramento do valor da multa, da liquidação e cumprimento de sentença, 
quando deverá ser calculado o valor da responsabilidade, de acordo com a 
avaliação dos bens e objetos, como ocorre em situações de inadimplência 
em empréstimos e financiamentos e atraso no recebimento das vendas a 
crédito com reserva de domínio.
 • As situações mais comuns em que há necessidade de perícia, como nos 
casos de dissolução ou separação de sociedades comerciais, no inventário 
e na partilha de bens nos casos de separações de casais ou entre herdei-
ros do “espólio”.
Uma nova vertente da perícia contábil tem sido a relação com o que, no 
mercado internacional, vem denominando de “Forensic Accounting” ou, na 
versão brasileira, Contabilidade Forense. Trata-se da contabilidade investiga-
tória, decorrente das grandes fraudes contábeis ocorridas nos Estados Unidos 
em empresas renomadas, como a Enron, World Com, Xerox, e também no 
Brasil, em empresas como a Parmalat, Banco Nacional, Banco do Nordeste, 
Banco Panamericano, entre outros divulgados pelas mídias.
Somente é possível atuar como perito o contador que domina as técnicas 
de auditorias e de perícia e com conhecimento específico em assuntos con-
tábeis e noções sobre áreas do Direito como o Direito tributário, bancário, 
comercial, financeiro,administrativo, constitucional, previdenciário, traba-
lhista e processual. 
Assuntos contábeis consistem em temas como Custos, Parceria Público-
Privado, Orçamento Público, Planos de Saúde, Seguros, Concessionárias de 
Serviço Público, Construção Civil etc.; além de contabilidade de áreas como 
Imobiliária, Hospital, Bancos, Aviação Civil, Energia Elétrica etc.
Materiais relacionados à perícia contábil podem ser encontrados em: <http://
www.irpe.com.br/index.php/br/artigos> e <http://www.zappahoog.com.br>.
Fonte: os autores.
saiba mais 
Pós-Universo 44
Importância dos quesitos
Na elucidação de uma causa ou processo, o perito nomeado deverá produzir as 
provas periciais, observando-se os elementos contidos na sentença prolatada, como 
nos casos de “liquidação de sentença por arbitramento” ou então em situações em 
que são apresentados quesitos, antes da sentença.
Quesitos são questionamentos formulados especificamente sobre a causa em 
conflito, que deverão ser elucidados pelo perito, nas causas judiciais, após deferida 
a produção da prova pericial pelo juiz. Assim os quesitos servem para nortear objeti-
vamente o trabalho do perito e atendem primordialmente aos interesses das partes 
e/ou do juiz da causa. 
Para formulação dos quesitos, os advogados são assessorados por “assistentes 
técnicos”, especialistas no assunto, que deverão formular adequadamente cada ques-
tionamento, evitando, assim, respostas imprecisas.
Podem ocorrer situações de formulação de quesitos, pelas partes envolvidas, em 
que o magistrado qualifique como não aplicáveis ou impertinentes para a elucida-
ção da causa.
Veja alguns exemplos de quesitos formulados pelo assistente técnico de uma das 
partes, acatados pelo magistrado para serem respondidos pelo perito:
1. Os Srs. peritos tiveram acesso ao Balanço Patrimonial da empresa Autora 
desde o dia 20 de janeiro de 2007?
2. O Senhor perito teve acesso às Demonstrações dos Resultados dos Exercícios 
– DRE de todos os períodos ou exercícios sociais, ou seja, desde o dia 20 de 
janeiro de 2007?
3. Analisando o balanço patrimonial das empresas, foram constatadas falhas 
como rasuras ou contabilização de documentos inidôneos, não aceitos pela 
escrituração contábil, conforme preconizam as normas de contabilidade? 
Em caso positivo, especificar.
Exemplo de quesito impugnado pelo juiz por expressar juízo de valor de forma 
tendenciosa: 
Pós-Universo 45
Seja apresentado ao Sr. Perito todos os extratos, contratos, operações de des-
contos de cheques e/ou duplicatas e outras operações financeiras realizadas nas 
empresas Autoras, desde a data de suas constituições, a fim de que, após a análise, 
possa o Expert detectar quais operações eram duvidosas ou simuladas. 
Nesse caso, seria necessário, primeiramente, “quebrar” o sigilo bancário da pessoa 
peritada, pois a Constituição Federal protege o denominado “sigilo bancário”.
Se uma das partes não apresentar quesito ordinário, não poderá apresen-
tar quesitos suplementares.
Também não são válidos quesitos impertinentes, assim entendidos aquelas 
perguntas fora do contexto do litígio ou do mérito, assim como aqueles pro-
crastinatórios, feitos somente para ganhar tempo.
Exemplo de questões fora do contexto:
a. Os juros cobrados pelo banco são originados de taxas reais?
b. Existiu prática de Caixa 2 na empresa? 
c. Todos os fatos contábeis ocorridos na empresa foram registrados?
d. Verificar se todos os empregados da empresa estão registrados. 
e. Analisar a documentação fiscal, contábil, tributária, livro razão, movimen-
tação financeira de receita e despesas e proceder uma análise apontando 
todos os erros, gestão inidônea, omissões, falhas ocorridas, mencionan-
do ainda se houve ou não desvio de recursos.
atenção
Quesitos ordinários, suplementares 
e complementares
Na prática jurídica, é necessário o uso correto dos termos, principalmente em litígios. 
Assim a denominação correta do tipo de quesito a ser requerido é essencial para 
obter parecer favorável à solicitação de produção de prova pericial.
Pós-Universo 46
Quesitos ordinários
são gerados a partir do deferimento da prova pericial e podem ser formulados 
somente pelo magistrado ou pelas partes envolvidas.
Quesitos suplementares
são outros quesitos formulados pelas partes durante as diligências, ou seja, 
durante o período em que o perito estiver trabalhando na obtenção da prova pe-
ricial, observando-se a tempestividade da solicitação, ou seja, durante o período 
em que o perito estiver de carga do processo (Art. 425 do CPC) (BRASIL, 1973). 
Ainda assim é necessário que a outra parte do litígio tome ciência da solicita-
ção de quesito suplementar.
Quesitos complementares
ocorrem para complementar os esclarecimentos contidos no laudo pericial, sem 
que isso signifique ampliação do trabalho pericial.
Há ainda situações em que são requeridos pedidos ou quesitos de esclarecimentos 
nas respostas fornecidas pelo perito no laudo pericial, determinados pelas autori-
dades competentes, quando estas, por algum motivo, entenderem a necessidade 
da presença do perito na audiência, para descrever e explicar de maneira ordena-
da e pormenorizada o conteúdo do laudo pericial. Os quesitos de esclarecimentos 
devem ser respondidos pelo perito, conforme a previsão estabelecida na intimação, 
podendo ser respondidos de duas maneiras:
 • de forma escrita: os quesitos de esclarecimentos deferidos e apresenta-
dos ao perito, no prazo legal, podem ser respondidos por escrito e, neste 
caso, deverá ser entregue o original, na audiência, para a juntada aos autos; 
 • de forma oral: os quesitos de esclarecimentos deferidos e apresentados 
ao perito, no prazo legal, podem ser respondidos de forma oral, cuidando 
para sanar as obscuridades, omissões, contradições ou interpretações dis-
tintas daquelas constantes no laudo pericial contábil.
resumo
Ao finalizar este estudo, que podemos considerar uma parte do estudo da Perícia Contábil, des-
tacamos a essência da perícia, que se desemboca na elucidação dos fatos, das dúvidas surgidas 
em conflito entre as partes em um processo judicial. 
No que tange à perícia contábil, as principais dúvidas ou conflitos surgem em questões que en-
volvem benefícios previdenciários, empréstimos bancários, financiamentos de bens, direitos e 
deveres trabalhistas, desavenças entre sócios de empresas, avaliações de bens para partilha de 
herança, disputas patrimoniais entre familiares, dissoluções de sociedades empresariais e outros.
É muito importante o perito estar atento aos aspectos processuais que envolvem uma perícia, 
bem como às normas do Direito do Trabalho, pois a aceitação do trabalho e a produção de provas 
periciais compreendem a aplicação do rigor metodológico em todos os casos. O ambiente da 
perícia é o ambiente da dúvida, do monitoramento, da fiscalização, do acompanhamento pelas 
partes, do andamento da resolução dos problemas e, principalmente, de aferição do patrimônio 
envolvido, sem, é claro, fazer julgamento, já que esta é uma função privativa do juiz da causa, 
quando a perícia for judicial. Por isso os aspectos processuais são importantes como parâmetros 
de referência de atuação e elaboração do laudo pericial. Eventuais restrições motivadas por 
impedimentos em aceitar o trabalho são motivos de suspeição que, observados por uma das 
partes, podem transformar-se em falhas graves por parte do perito, que deve tomar todo o cuidado 
para que tais circunstâncias não afetem negativamente a qualidade do trabalho pericial.
Assim o perito deve, obrigatoriamente, estar atento e observar as normas de contabilidade apli-
cadas à perícia, que são fundamentais para a atuação do perito contador, como regularidade 
profissional e competência técnico-científica.
Perícia contábil é uma especialidade de trabalho derivada da profissão contábil. Por isso o profis-
sional de contabilidade interessado em atuar na área de especialidade pericial deve observar as 
normas da

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