Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SERIE EDUARDO PRADO PARA MELHOR SE CONHECER O BRASIL PRIMEIRA VISITAÇÃO DO SANTC) ÜFFICICl ÁS PARTES DO BRASIL Pelo lieeneiado H.eitott Furrtado de )VIendo~a C:tpellão fidalgo de! rey nosso :::ienlwr e do seu desemha•·go, deputado do Santo Officio "1591- 92 ,v, -·-~,, SÃO PAULO HOMENf'iGEM DE PoGto PRll DO 1922 o f--t z >-O mo-.= o A f-~ o:· ·• r 't., ''': () >-- CC .... ...... r. i ......-! -l .. . . o . . z . : L.iJ . . > : . - . f- . .. j . vf Li] ..9: 7 o: - o: a:: ::r: cs: L.iJ . ~ . . ~ . . • . . : .- • Inutihnentc procurou D. lVIanot'l, rd de Portugal, introduzir a Inquisição enl seus donlinios, a exenlplo ,{e Isabel de Castella e Fernando de Aragão. Coube a ventura a seu filho e successor in1n1E'diato, que de Clemente VII obteve em 17 .de Dezetnhro de 1531 a bulia Cun1 ad nihil Jnagis nmneando utn inquisidor geral para o reino, e anno5 tnais hwUJe viu o Santo Officio constituído .de n1odo a desafiar a ac-ção dos seculos pela bulia ~Ieditatio cordis nostri de Paulo III. Entre as duas datas. ·ex tren1as ooc.orreran1 v a rios n1oviinentos de rccúo c de avanço. "Revogada por Clen1ente VII en1 brev·e de 17 •d!e Outubro de 15::\2 a concessão por elle feita no anno anterior. pos- ta novamente en1 vigor no Inez de Abril de 133-1, para ser outra vez· retirada ein ~oven1bro ·desse anno por Paulo III; restabelecida en1 Maio de 1336 e suspensa e1n Setembro de 154-l, só foi afinal confirn1ada a 16 de Junho de 1547 por bulia do n1esmo papa" 1) - sunr n1aria Lucio de Azevedo. Ao desvairado e qua.;:i deserto te~ritorio brasilico chegavam estas noticias vagas e incompletas. Etn Lisboa a 13 de Setembro de 1543 João Bar- bosa Paes .denunciou Pero do Campo Tourinho, do- natario de Porto Seguro, por se diz.er p3'pa e rei e fa~ zC'r. trabalhar aos donlingos 2) . En1 2-t de Noven1hro de 1546, quSJndo o tribunal estaYa suspenso por Paulo III, clerigos e seculares captura:1 un1 Tourinho, rurvorarm}l-se em jtiizt's. e pre- 1) ReL'. de historia, 2", 144. 2) .4.rch. Aist. pDrt., 6.0 1 171. - • 2 so. a f<•ITos. n·Iucllt.'Jram o potentado para alt'·m-nw•·· onde em 1 ;);)(} ainda 1·espondia n in terrogatorio. ~en1 Gandavo, tu·m (;abl'Ít'l Soares, nen1 fn•i Vicente do Salvador alludt·m ao s·uccesso. Narra-o nos seguinlt.-s len!ws o st·xagt'n:u·io Gaspm· Dias Barbosa. denunciante na prest•uh• visila<;âo: .. lia capitania de Porto Seguro .An·dré do Cmnpo e Gaspar Fernandes, escrivão. e. uns fnuks da ordem rlc S. Francisco t' outras pes~oas que lhe não lenllJrain, ordrnaran1 au- tos e _tirararn testt·numhas e pr•·ndernn1 a Pero do C:.unpo. C·<~-pitüo c goyernado1· da dita capitania, pai do dHo Andrt.'· do Cmnpo. l' o enviarmn preso ao reino por parte da Santa Inquisição, dizendo que era he- reje e depois ouviu dizer que fora aquillo inventado para o oito André do Campo ficar em logar do pai cmno ficou''. Com esll'S não concordmn e1u tudo os dizeres do processo ainda existente: rlclle divulgarmn excerp'los en1 1917 o abaixo assignado na revista Sciencias e Lettra-s de A., C. BPvilaqua desta cidade e Borges de BatTOIS. nos Annues do .:lrclzivo Publico da Bahia en1 1919. l\luito conviria a publicação integral: iniciaes seguidas de reticencias bastariam para ate- nuar os palavrões e r<"sguardar as pudicicias dos mais a riscos. Pouco preoccupavam-IS{' cmn o Santo Officio os tnamalucos de Santo André ,(]ia borda do campo, a jul- gar por tuna carta .de José de Anehieta, escrita da ca- pitania de S. Vicente en1 1554. {Tnl deUes, tendo usado de CPI~tas praticas gentilicas. Sl'IHlo advertido duas vezes se acautelasse con1 ;a Santa Inquisição, respondeu: acabaremos as iiHtuisiçôes a frexas 3) . Ao nmne de Anchieta te1n andado injustmnente ligado o de João Cointa, senhor de Boult'-s, fidalg8 francez vindo ao Rio de Janeiro en1 153i com os hU·· guenotes trazidos por. Bois-le-Comte. Nas lutas theo.; 3) .1wt. du B i bl. .\'li.C., 1°, 7 t,. 3 logica!i que agitaram a colonia decidiu-se por Villegai- gnon c pelo- catholicisnto; desertou Inais ta-rde para S. Yicente e nessa villa, ein Santos, na Bahia, en1 Per- nambuco andou soltando palavras hupias e senteando doutrinas heterodoxas. Entrou na expediçãrn .contra os • francezes partida da Uahia en1 · 1560, gaba-1.se de ter fàcilitado a tmnada do inexpugnavel forte Coligny. Por este serviço contra seus cmnpatriotas julgava-se cmn direi to a recmnpensas do governo portuguez. A reclantalas entbarcou con1 Estacio de Sá en1 S. Yicen- te para alén1-1nar. Casual ou propositahnente Estacio ue Sá aportou á bahia de Todos os Santos; de bordo foi arrancado o transfuga, incurso en1 peçonhentas he- resias, segundo depunhan1 contestes varias testenur nhas. Ren1ettido para o reino. submettido a processo, foi afinal degredado para a India, de onde não se sabe cmno tenninou a carreira accidentada. Não podia. portanto, ser suppliciado quando se fundou a cülade de S. Sebastião, IWill Anchieta representar o papel de victiiuario con1 qul' procurant transfigurai-o panegy- ristas indiscretos l). José de Anchieta e Fernao Cardin1 Inencionain. sen1 lhe declarar o nome, u1n varão magico ou nigro- ) n1atico, de acção preponderante nas guerras de Duar- te Coelho II contra os indígenas da ~ova Lusitani·1. Chmna-o o- padre do Ouro a historia do Brasil de fret { Vicente do Salvador, que narra seus feitos como os llleinorava a tradição perna1nhucana meio seculo de- pois. O processo, publicado pelo erlldito Pedro de Azevedo no .. 4rchivo Historico Portuyuez, desvenda ·o tnysterio: as denmninações vagas identifican1 o aven- tureiro com Antonio de Gouvêa, ilheu da T ~rcetra, 4) O processo de Boulés foi impresso nos .4nn. da Bib. Xac., 25°. Sua ida forçada ou vo~ntaria para a India, pri- meiro indicada pelo proprio José de Anchieta, é confirmada nas denunciações da presente yisitação pelo padTe Luis· de Grã. - 4 rh·rig.l) ,}e missu. perlt·rH'l'nle algum kmpo ú C:ompa- nhin. viajado pot· din·t~sos paizcs f'lll'OJH'US, alehilllico e outras cousas Inais ({lll' o levarant pela prinll'ira v<·z ao pn•torio inquisitorial. Degredado para o BrasiL obten· do hispo a n·int<.•graçào uas orden'\ sacras, fir- nwu-Sl' nu sympalhia de Duarte de Alhuqut>r((lll' Cot·- ;ho e OJH'rou li\"lTill'l'llle em Per·namlHJcn. Suas fa~·anhas clwgar:lm ao velho mt111do: :w- cusavmn-no de dizer missa com pan.uw:·nlo~ luTelicos em sitio-.- vedados pelo eoncilio lridPnlino. d<> rnatar ou Ít'rrar· n:1 cara indios tomados <.'lll combate, dl• ar·- ranear as cunhüs a seus donos ou amantes. df' desafiar para duellos, .. ·de difamar o~ jesuítas attrihuindo-lh<'s pensanwntos suspl·itos, doutrinas hereticas, ele. Preso na rua ~ova de- Olinda, nas pousadas de Anrique Affonso, JUiz ordinario, a 23 de Abril de 1571, foi internado a 10 de Selctnbro no careere de Lisboa, aonde ent 30 de Dczen1bro de 1375 pedia e1n au~liencia aos nietnbros do tribunal que o quizcssen1 despachar ou lhe dar culpas que contra elle tiYesseiu para se defender e livrar dellas 5). Etn 1573 foi {jUeimado un1 francez heretico na 1:1a- hia ti). As -cireun1stancias não viermn a no~so conheci- Inento Estava na~ attribuições episcgpaes velar p ... la pureza da fé, dar con1bate ás heresias, castigar os he- rejes. Quando as heresias 1nedievaes apparecermu sob as fonnas ruais diversas, reclmnando especialistas theologos para as desn1ascaran·n1, e surgiran1 nos pon- tos 1nais afastad~•s, exigindo unidade de acção para debellalas, a autoridade episcopal foi di;rninuindu, en1- 5) P. de _\zevetlu, .\ntonio de Gouveia, alchimista do se- ~u!a XYI, Arcll. llist. purt., 3u, Ct'. Porto Seguro, Hist ger , 3ft ed., nota K, ps. 45 148. Alfredo de Carvalho, Rev. do lnsl . . -!rch. Pern., 11 o, que uimprimiu o segundo processo do padre do Om·o, concorda com a illentificação proposta pelo autor desta nota. t)) A.Illl. da Bib. Nac., 19°, 9~. 5 hora não desapnarecessp de todo, diantP da autoridade dos inquisido!·es.A pena de fogo rPservada primeiro a nigrmnantcs e aos Iuanicheus. tornou-se dP praxe depois das con- stituições do in1perador Frederico II. a que a igreja se conf onnou 7) . A que1n cahia na sua alçada, a Inquisição podia infligir todos os castigos até a prisão perpetua. Si esta parecia insufficientc. o crinlinoso ia entregue ao braço secular. qae se cncarrc_,gava do resto: o resto era a fogtwira. ~a Bahia representa .. :mn-no Men de Sá e o ouYidor geral, quando foi queitnado o francez. Existiria qualquc·1r relação entre a quein1a do fran- cez heretico e a connnissão ao bispo do Brasil e aos padres da Cmnpanhia ,passada en1 12 d·:> Feyereiro de 1379 por D. Henrique 8). ao n1esn1o ten1po rei c in- quisidor geral? En1 15S5 assiln se expritnia Anchieta nas Infor- mações, 9: "Officio de Inquisição não houYe até agora. posto que os bispos usam delle quando é necessario por conl- Inissão que tên1. tnas dando a]>pellação ]>ara o Santo Officio de Portugal e co1n isso se ftueinHnt já na Bahia um francez hereje. Agora te1n o hispo D. Antonio Bar- reiros este officio para cmn os !ndios smncn te e é no·· n1eado seu coadjuctor o padre Luis (irâ. da Conlpa- nhia, que é agora rei!or do collegio de Pernan1buco." "Con1 isso". é an1higuo: 1pode ·significar por isso ou apesar disso. Esta situação foi n1odificada pelo cai,deal .Alberto de quem n1n forte da hahia ·de Todos os. Santos rece- beu o nome. i) Cf. A. S. TurberYille, .lledi~eva' heres.lT & the ln'}uisi- tion, London, 1920, que, no dizer éle um critico competente. cortou muito t, pingou muito i e forceja por ser imparcin t 8) .4rch. hist. port., 5o, 423; 424. 6 Filho do sobrinho e g<'nro de Carlos V 1\faxitni- liano II. impl'rador da .Alll'ntanha. o archiduqn<' .\1- Ll'rto d'Au~tria. nascido ern l:lfH. educou-sP na Espa- nha. seguiu a carreira ecdesiastica. logrou o l'anlina- lato em 1;)7:~. v arcehi•pado d~· Tol··do em 1:>81. Con- quistado Pot·tugal. Philippe I I. s<'ll tio. nonH'ou-o vic<'- rcL e no posto o rnantrYe durante dez annos até ;'l'IHO\'l'IO para os Paizcs naL\:OS a guPrrear contra f ra•u·ezt's e hollandczes. Quando o real tio assignou o tratado de Ycrvins ·COlll HPnrique IV. t.•levou a pl"inci- pado autonorno os Paizes Baixos, o Franco-Condado. ,> Charolais, doou-o á infanta Clara Isabel Eugenia sua filha e ao futuro esposo, o crnr.deal archiduque. Este renunciou ás dignidades ec·clesiasticas. O papa · C:lentente VIII concedeu licença para o esteril 1na tri- ntmlio celebrado en1 1398 . .Tá \·ice-rei ·d~ Pot·tugal e legado de latere, o papa Sixto Y con~tituiu-o por bulia de 25 de Janeiro de 1586 inquisidor geral dos reinos e senhorios portugue- zes. ~este caradcr ordenou a .prinl<'ira visitação do Santo Officio its partes .rl·o Brasil. O facto ficou desconhecido até reYclalo a hisro- ria do capucho Vicente do Salvador, in1pressa em 1888, :\lais tarde Antonio Baião. o iHush·e director da Torrf: do Ton1bo, ·descobriu alguns dos livros da visitação e sobre ell_es começou na Revista de historia de HH2 uma noticia ·que não foi ~oncluida. Agora s-ai com esta a printcira parte dos docnnwntos relativos á Yisitação rlP Heitor Furtado de Mendoça. Os Iivro.5. da visitação ermn noYc: tres de eo.n fis- sões, quatro de denunCiações, dois de ratificações. Estes estão ·coníplctos: da•.,. confis·sões falta o yoltai1e de :Pcrnainb?JCo, que era o sfgundo; de denuneiaçõc>s restmn o prinwiro ·da Bahia e o terceiro, n1uito de~r- - ganisado,- s-em or.dem geagraphica~ sén1 ordem chrono- logica, incluindo Bahia e Pernambuco, a julgar _pelos sumntarios de Antonio Baião. E'- pc:lssh·el que .ainda 7 appareçmn os tres que falhnn. :X a Torre do Tombv os processos do Santo Officio andam por dezenas de nlilhares. Heitor Furtado dC' l\Iendoça. a 2 de l\tlarço de 1591 nmneado pPlo inquisidor geral para visita~lor dos bispa- dos de Ca-bo-Verde, São Thotné, Brasil e athnini~tra ção de S. YicC'nte ou Rio de Janeiro, elu-gou á capitãl Lahiana l"Olll o goYernador D _ Francisc_o ·de Sousa en1 U de Junho, domingo da SantissÍina Trindade. Publi- cou suas patentes a 28 de Julho, concedendo trinta dia!'õ <le graça para a ci•dadC' e un1a legua en1 roda; a 12 de Janeiro ·do anno seguinte concedeu outros tantos dias ue graça, encerrados a 11 rle FeYereiro. para os mora- dores do reconca,o . .A 29 de Julho rl'cebeu a prüneira confissão. infra 23,27; no n1esn1o dia fez-se prin1eiro denunciante João Serrao, que a 2~ de Agosto Yeiu pedir pevdão do per- jurio por se diz.er chrislào Yelho sendo christão novo, infra 55';)6. As ratificações cmneçarmn a 4 de Setem- bro, tudo (](' 1591. E1n 2 de Sctetnbro de 1593 o Yisi- tador geral partiu da Bahia para a capitania de Pl'r- nambuco, a bordo da nau Sâo .1liguPI. de qtu• era mestre Bartolmneu Fernandes. Da sua estada na Bahia. contén1 ligeiras noticias un1a carta de .Anchieta. escrita da cidade do SalYador en1 1 de Dezetnbro de 15H2, iJnpressa em 1897 no vol. 19" dos A.nnaes da Bib. Nac., sC'gundo C'llpia nuiito ilnper feita. Infortna Anchieta que Fernão Cabral ·ck Tayde, infra 35j36, sahira agora com sua sent{'nç;a, misericor- diosa, segundo todos affirtnaYanl c o proprio Cabral reconhecia, .dando graças ao inquisidor e a todos os adjuntos pela mercê que lhe fizeran1, n1ereeendo mui- to tnais suas culpas, e isto de joelhos con1 n1uita hu- nlildade 9) . • 9) Ann. da Bib. Xac., 19°, 67. F. C. ·de Tayde foi sen· teneiado a dois annos de desterro para fora do Brasil, in- 8 Anchil'la aecresc<'nta ouh·o easo dil"fil'il <lt• escla- recer. Tra1a-sc de certo Roch3. n1orador. segundo pa- rece. da capitania do Espirita Santo. que agraYa<h~ ·do visitador lhe atirou duas noites com urn arcabuz a sua janella ... Foi preso c, si os padn.·s {JUC súo adjun- tos do inqui;idor nüo trabalharam muito nisso~ ellc não Pscapava de n1ort(' de fogo c.onfo1·me a bulla do Papa, mas elles a interpretararn de n1o.neira que pn- recero (sic) ben1 ao inquisidor dar-lhe a vida, n1a~ con1tudo sahiu con1 degredo para as galés por doi~ annos e prin1ciro cinco domingos na Sé con1 grilhão e baraço e no cabo d.dles pregão por toda a cidade com baraço e cumprir un1 anno de cadeia e depois o degredo. - I. c. 68j69. A chronologia da visitação a P.ernmnhuco e c.api- tanias visinhas não pode pre·cisar-~~e na falta de li- vro·s essenciaes. Sabe-se apenas que tcrnlinaram a 8 de Fevereiro de 139-t os trinta dias de gr.aça para vi- rem confpssar-se cm Olinda os habitantes da fregue- zia .dos santos Cos1ne c Dmnião tlc lgaraçú; de S. Lou- r-enço con1 a capella annexa de S. l\liguel e1n Camara- - gipe; de S. Amaro (cujo vigario Antonio André estava cego) com as capellas de ~- S. das Candeas e :N. S. da Graça; de S. Antonio no cabo de S. Agostinho com as capellas de S. João e N. S. da Annuociação; de S. Miguel de Pojuca, com a cape lia de s~nta Luzia. A 21 de DezembPo tcrminaran1 os doze dias da graça concedidos a N. S. da Conceiç.ão de Tamaracâ; a 24 de Janeiro de 1595 os de ~- S. das Neves da Parahi- bt1.. Em fins de Junho o vi~itador continuava en1 Olinda, aonde chegara de volta da Parahiba em 1 de FevereirC>. forma Lucio de Azeved~. llisl. dos Chr. nov. porl., 227, que nas ps. 225:229 dá um3 idéa exacta das duas visitações do Santo Officio ás partes do Brasil. A 21 rle Agosto rte 1599, H. F. de ~Iendoça funccionava em Lisbo:J., ib, · 458. . ,. ... . . 9 Nas pesquisas feitas por Lucio de A.zev.edo para tnandar proceder a copia do prcsenté voltnne, surgiu rnna novida•d'e inteiramente desconhlcida: houve ou- tra visitação na Bahia realisada en1 1618, ordenada pelo inquisidor geral Fernão Martins :Masçarenhas! Os poderes do incun1bido da visitação.. protonotario apos- tolico, deputado do Santo Officio, inquisidor ·e visi- tador, limitavam-se a cidade do Salvador e seus rec()n- cavos e a Angola. Haveria outros agentes para Per- nambuco e para as capitanias de baixo? O visitador chamava-se MarTas Teixeira. Seria o met~mo bispo •d'a Bahia que, depois de tomada.a ~ida de pelos Hollandezes. encabeçou o Inovitnento de re- · conquista? Varnhagen identificou o bispo do Bra'iil con1 u1n inquisidor homonyn1o, que devia orçar por oitenta annos, pois fora nmneado no seculo anterior. Segundo frei Yicente ao morrer o bispo não tinha ainda cincoenta. E' bcn1 possivel. certo quasi, que o guerrilheiro de 162-t fosse o visitador de 1618; o solio episcopal seria co1no reconhecimento rle seu zelo na -com1nissão rlo Santo Officio. Da visitação de :Mareos Teixeira conhece-se u1n c<Jdi~ de 322 folhas; nas primeiras ven1 a lista da.s pessoas denunciadas. cento trinta e quatro ao todo; ~té a f. 81, de que já foi extrahida copia, falaram cin- coenta denunciantes. No livro figur.an1 algumas pessoas autoadrus na visitação de Heitor Furtado de i\lendoça; 1t~-se neUe que fora qucitnada a octoge- naria Anna Roiz, cuja confissão occupa infra as pags. 177j181. Cn1 manuscritú jesuitico ·da bibliotheC'a nacional de Na-poles informa que o governador Antonio Telles da Silva, a ahna ardente ~ apaixonada. o grande ateador do incendio que n1ando:u os hollandezes paTa fora do Brasil, empenhaya-se por introduzir o Santo Officio em terras de sua governança, disposto a sacri- 10 ficar lodos os seus bens a <'lsl<' proposilo. Que l<'ria fei lo sern o I ragico naufragio de H na rcos e ln 16-H) '! Problen1a ainda in lacto é o moi i v o por que o go- n·rno portuguez, que· desde t:l60 introduziu o Santo ( Hfil'io ern Gcw, dt>ixou de fazer o nwsmo no Brasil . . \ distanl'ia dt•n• t·er· eoncorrido para esk resul- tado: co1nparado {'0111 o Jll'riplo do cabo da Bôa Espe- ran~·a atran~s do Indico até as terras de Can1baya, as \'iagens de longo de Portugal ao Brasil podian1 consi- derar-se de recreio. O Atlantico entre Lisboa e o Rio beru n1erecia chanmr-se oceano Pacifico, disse unHt vez o beneinerito H. Gorccix. na ultitna viagen1 a este paiz. a que sacrificou sua tnocidad€ e seu futuro scientifico. A distancia ainda podia influir por outro modo. O arnplo litond. navegavel segundo a;; n1onções. que ora sopravan1 nun1. ora en1 outro sentido, csta- belrc':'·ndo as,sinl um hloqndo nloYel, não .apresen- tava centro nahu·al; rnuito n1enos o interior: assin1 não hnstaria um só. e varios trihunaes. quer de primeira quer de ultiina instancia, offerecian1 desvan- tagens pa ten tcs. Estas considerações forarn frequen- tenlenk invocadas nas Cortes Constituintes de 1R21 e 1822, quando s.c tratou dar~J rc laçõcs entre o reino unido do Brasil e Portugal. Accrescc que Inquisição só con1 frades podia prosperar, ·c a n1etropole desde os coincços do· se- culo XYII con1eçou a oppor difficnldadrs á creação de novos conYentos na colonia. Tamben1 poderia alçar enrharaças a novas creações a propria Santa Sé, de- pois de ter visto perdidos, no reinado de D. Pedro II, todos os esforços feitos para abreviar as liberalidades p.rodigalisa·das por Paulo III e alguns de ~eus ·tsucces- sores. ~estas le'lltatiYas para tnrlhorar· a sorte dos Christãos noYos poz to(Jas as forças -de sua intelligen- cia, todo o a'rdor de seu ten1peranrento e foi quasi t-·snwgac!o o padi·e Antoni.o Yieira, da Coil1lpanhia- de 11 Jesus. portuguez de nascença, brasileilfo l(}e forma- ção lO). Os escritores que negatn a participação da igreja na estrutura inquisitorial e tudo attribuen1 ao estado avido de prea, poderimn ainda affirn1ar ,que ao fisco não conYinlta repartir os bens dos conden1nados entre a n1etropole e e. colonia: a n1etropole queria a fa- zenda inteira p-ara seu proYeito exclusiYo. C01n a falta de tribunaes no Brasil não folgou nen1 lucrou o gado humano 1narcado •para a Inquisi- ção. Suppria-os pelo seu ferYor e por sua ubiquidade o fanliliar do Santo Officio, titulo n1uito cobiçado po1· que explicitan1ente affinnaYa a lin1peza de sangue e implicaYa numerosos priYilegios. Basta citar a C·- R. •d'e D. Sebastião. datada de lA de Dezembro de 1562. Por e lia o familiar ficaYa isento de pagar fin- tas, talhas, etc .• de ser constrangido a ir con1 pn'sos e dinheiros. de ser tutor ou curador. excepto si as tu- torias fosse1u lidhnas, de oexercer contra .a Yontade of- ficios de concelho. de lhe seren1 tomados para a apo- sentadoria a casa de 1norada, caYallariças, etc., de lhe tonu1ren1 pão, Yinho. roupa, palha. ceYadas. lenhas. gallinhas, ovos. bestas- de sella ou albarda; podia trazer annas offen:sivas; a Inulher, o filho e a filha do familiar einquanto sob o patrio poder, podian1 usar .seda ent seus vestidos 11 ). Cmn o tempo os p!rivile- gios fora1n accrescidos .. Xo co1neço do seculo XYIII a Inquisição la,Tou sobre tudo nas terras flutninenses e suas visinhas, já porque a proxiinidadc das n1inas de ouro para cllas attrahisse gentes das n1ais diversas procedenciasl já porque, cmno suggere Yat~nhagen, frei Francisco S. J erouyn1o; bi-spo- diocesano de 11 de Janeiro de 10) LÚcio de .-\.zen•do, llistoria .de .lntnnio lrieira.- His- toria dos Christãos novos portuguezes. 11) Informação_ geral de Pernambuco, 48. se-p. dos Jnn. da Bib. Xacional,- -28''. - 12 1/(l:! a 7 dl' l\laio d<' 1721. ct•deu ú nostalgia do ton·es- mu iol que se avesara como qualificador· do Sanlo Offi- cio etn E v ora. ·· .\ perseguição foi progredindo por tal artr. rs- creve o au tyr da 11 (sloria yrral, que de 1707 a 1711 houve anno cru que se prenderam mai~ <1<· ecnto e s·cs senta pesstm~. ús vezes famílias inteiras sem excrpção ·da~ crian~·as ~o~ autos rle fé de 1709 t•nt Lisboa ap- part'ClTanl já ·n1gumas d<'sgrac;ad:Js filhas do Brasil... :\"o anno de 1713 se contou o nunwro maior df' con- den1nações e1n gen lP ida do Brasil; fonun sc·•sc>nb~ {' seis os sentenciados. incluindo trinta P non! mulhP · res. . . As ou h·as e a pi l~tnias rln Brasil foran1 la1nben1 m·1is ou Inenos pf'rsPguidas por este flagcllo. porém não tanto co1no a do Rio". Op. cif. 835. 8:-l7. _\ Inquisição, observa Turherville, para prospi'rar precisava do apoio da opinião publica e da força ar- Jnada. Quando em Portugal a protPeção dPsta (limi- nuiu. a !Pressão darpw'lia afronrou,, UH"Ülcipalnt·..'ntc con1 o cerceio das immnnidades ecelPsiasticas qup pu- nham o clPro acima das leis eivis até> o reinado dP D. José I. O marquez de Pmnbal. (lt'pois dt cevar no jcsuita Gabriel de Malagrida tod::1s as ruins paixões de seu coração inexoravel, mandou o cardeal João Cosn1e da Cunha elaborar ou, ntais proYavehnente. •a,penas assi- nar un1 no,·o rPgilnPnto do Santo Officio. SPria o quarto: o priineiro feito em 1552 p0r D. Henrique. eardeal ÜÜJuisidor geral. e só r('cent{'nwnte intpresso por Antonio Baião no fio volume do Archivo histnri~n portugue::; o sc.gundo .de D. Pedro de Castilho em 1613; o terceiro de D. Françi':co de Castro Pm 1640 Bem dignas d~ leitura as naginas rle que o lasti- mavel cardeal precedeu o r€gin1ento de 1774. A Inqui.•ição. talequal a in1petrou D. João 111 l' a concedeu o ·papa Paulo III. era um tdbunal regio, como o patenteia o fado .do prüneiro -inquisidor .geral v ter sido -de nmneação dei rei. independente da Se Apostolica . .A praYidadc dos jesuítas rurrancou a pre- rogativa da Coroa, que só a re-houve c1n 1771, quando nmneou a clle cardca I para o cargo. ~o tl"ibLtnal inlroduzinun-se ~inco en·os capitaes: negarem-se aos réus os nmnes das testenu1nhas quP os accusav<.un; proct·tkr-se ú relaxação, que t'~ a n1ortc natural, confiscação de bens e infanlia até a segun- da geração p'or testen1unhos singulares; en1pregarcn1 torn1entos, que aliás "porlian1 e deviam ser applica- do~ aos sdsmaticos e heresiarchas até declararen1 to- tias as pesso<.!s que pervcrtcrmn para se extinguirPtn cslas vent-nosas plantas da vinha do Senhor até as ul- tiinas raizes" - allusão clara a 1\'lalagrida, chamado :\loxsTRO ·cin mn artigo; fieat· infmnado en1 sua pessoa e na de seus ·des-cendenteJs qualquer u1n, ainda depois de cu1npridas as penas in1postas posto que lcve~s; pre-~ teriren1-se e .u·Landonarein-se as lei1s •do reino pela siinples autoridade do inquisirlor.O reginwnto po1nbalino deve ter elintinado todos estes errJs; Inesino assün seria muito superior aos que o precedermn? Duvida-o Hippolyto e autoridade al- gtuna podia c01nparar-se á sua. Hippolyto Joseph da Custa Pereira Furtado de Mendonça nasceu na fmnosa colonia do Sacrainento, 110 riu da Prata, pouco antes dos portuguezes perde- reio-na -definitivantente. X o reino forn1ou-se ent di- reito t.· sdt.·ncias naturaes ou philol5ophia; alen1 das duas línguas classicas estudou allen1ão, francez c in- glez. Sabia naturahnente espanhol e italiano. \ iajot~ :pPlos Estados lTnidos e diversos paizes europeus. Era u1n dos nwinbro.s da cohncia intellectual agremiad::t ' por Conceição Yelloso em torno do Arco do Cego. En1 Julho de 1802 contava 28 annr.s, quando foi preso ~ dtpois levado aos carceres da Inqui,3.ição pelo cr11ne de ser pc-dreirú lhTL • 14 Sua S arralioa clt~ llllla ]Jt'I'.H'Y"'~:ao conta a lu ta trenwntla de mn homem contra uma instituição. sem- pre aniinoso, ünpellido IWia aud.aeia, sustentado lida pres<>nça de espírito. dominando pela sagaeidatle e pelo sangue ,frio. ~ unca negou l(UC fosse n1açon; sohre seus confrades, sobre os recUlrsos pe-cuniarios de qtH' dispunhan1 nüo houve llH'Ío de exton1uir-lhe revela- ções; nunca se considerou Y<'ncido ou deixou intinli- dar. Y eja-se o seguinte trecho da ... Y arral iva: "l\landou-nw o Inquisidor que ajo ... ·lhasse diante delle para dizer a doutrina (do cateeisn1o); 1nas eu retorqui-lhe que um dos pontos que Illt' havian1 ensi- nado na nwsma doutrina christà era que dos tres cul- tos de latria, hiperdulia e dulia se devia dar só a Deus o culto de latria. no que se comprehende ajoelhar com antbos os joelhos e que era uni dos n1aiores peccados tributar este culto á creatura; e por n1ais que ellc instou não 1ne resolvi a fazei-o, dando-lhe por escusa que tenlia ser aquillo artificio delle Inquisidor, para experiinentar a n1inha fé vendo se eu era capaz de ido- lu trar adorando-o a elle; nào obstante asseverar-n1e que este era o costtnne do Tribunal, não só quando os réus ermn examinados da doutrina, na audiencia, 1nas tatnben1 quando eram levados á me'5ta do tribunal no te1npo que os nlinistros estavmn ao ponto -de delibe- rar para dat· .a sentença, offercce:ndo esta occasião ao réu ·de iinpetrar con1 a luuniliação a ntisericoruia de SeUS juizes, ·e aO depois quando Se lhe prOft'J'Í.a a Sf'll- tença. que tainbcn1 de joelhos se costmna ouvir·'. Este pequeno incident·e ntostrarú a sobl'rha <' or- gulho das pessoas .que contf·n1 este tribunal, conunen- ta o prisioneiro. Cmn n1ais razão diz Nietzsche que só pode falar en1 orgulho quen1 soffre o torn1ento e não revela seu scgrerd'o. Os trer3 annos de prisão cellular para te1npermnento t~,o vibratil como o de Hippolyto deverian1 doer 1nais que o potro e a polé ~ Hipj1olyto :não soffreu a pena nen1 o perdão .Uo 15 San lo_ Officio. Logrou fugi r pant a Inglaterra, aondE sci·viu de :.-iecrdario a Augusto FredC'·rico, filho de Jorge III, duq LH~ de Sussex, grüo-Inestrc -d.a lllaçona- ria. Da<lo o rcgifugio, prcYiu a iinportancia do facto e iniciou o Correiu lhasillense, u priineiro vulgarisa- • dot· de idt~as politicas na l'Oionia Iuso-aml'ricana; ain- da assistiu aos alhures da i ndependenl'ia; provavel- Inente tornaria ú patria lhTl'. honrado e engrandeci- do, si não fallecessc a 11 de Setctnbro de 1823, con1 1nenos de 50 annos. Seu livro acon1panhado de dois regiine-ntos da Inquisição teve tatnbctu utna -ediç:lo ingleza. Tudo inclina a sUJppor que directa ou inchrecta 1nente se deve á suggestào de Hippolyto o artigo do tratado entre Portugal c a Inglaterra ([Ue prohihiu para o futuro o est.abclecitncnto da InquiL~ição en1 tf'r- ras brasileiras. Xo ·dia 31 de :Março de 1821 foi expedido mn dt'- creto ·das Cortes Constituintes de Portugal abolindo en1 todo o reino e ,seus ;d'mninios o tribunal do Santo Officio da Inquisiç{ío ~ O ultüno inquisidor geral foi um brasileiro natural do Hio: Azered1a. Coutinho, pri- Ineirmnente bispo de Pernan1buco, aonde exer~eu, pela fundação de un1 seminario inspirado en1 idi·as n1odcrnas, extraordinaria influenda sobre a tnentali- dade patria. Seul Azercdu Coutinho não surgiria a gc:- ração idealista e pura de 1817. Ainda persiste t'lll Roma unut l'ongregação do - Santo Officio, da qual os não iniciados 1nal conheecn1 a existencia. Alph. Viktor Müller, que depois de vinte annos de assistcncia na capital do calholicisn1o aca- ba de Ílnpriinir em Go-tha uiua obra sobre o Papa e a Curia, affinna que não só o objecto de suas pesqui- sas é desconhecido corno tamben1 o seu nwdo de pro- ceder ... " O silencio sobre os r,t~ocessos do Santo Offi- cio é tão scveran1ente guardado que nem n1esn1o se conhece a fonuula ·do juratn':'nto prestado ao as11u- 16 nlit· o cargo. Salwmos nwis qtH' o infractor deste se- gredo incorrt: nunHl cxconununhão de que nem o car- deal penitenciaria pode absolver, e qtH' só ao P.apa t' reservada: •s.abe-se qu<.' o infral'lur c-slá sujeito aju- da a outras pi.' nas. - ignor·a-s(' qu~H's." · " Para paular suas acções o visit.ador dispunha -do' nwnitorio de 1536. fonuuhulo por D. Diogo da Silva, inquisidor 1nor, e do regin1en to dt> 1 ;);)2. promulgado pelo cardeal infante D. Henrique, inquisidor geral. O Inonitorio d~ D. Diogo scn·ia ao duplo fün de facilitar o exan1e de conscicncia dos confitent<>s e de indicar o cantinho aos espiões e delatores. Está Íln- presso no Colleclorio de 1()~ 1, prova de que ainda en- tão vigorava. Entre elle c os depointentos da presente visitação IWni sempre se nota correspondenda exacta: pode ser houvesse n1onitorios parciaes que não conhe- cenlos. Vai adiante transcrito o n1onitorio de D. Diogo. Os cento ·quarenta e un1 capitulos do seu regi- Inento reforçou lJ. Henrique COill vinte e trez audi- ções e declarações cn1 136-1; o cardeal Alberto modi- ficou algun~, não consta quacs. l\luito poucos basta1n para o fiin 1nirado n€sta nota prelinlinar. A visitação e-xigia apenas tres pessoas: visitador. notario, nwirinho. Do visitador se occupan1 os capi- tulos 3;8, do notaria os 80j8-1, do meirinho os 95!98. Sahindo para tão longe, o visitador recebeu do car- 1 deal Albm·to autoridade de prender os culpados e scn- tenc.ialos ·enl final, ·confonne ao regünento e á instru- eão (•ue trazia. Sobre as attribuições do notaria e do .. l Ineirinho devia ter influido de qualquer nwdo o novo n1eio a .que vinhmn transferidos. Do regitnento de D. Henrique são caracteristicos o segredo c a tortura. • O San to Officio surgiu en1 terra:s. de hei'{'jes no- ta veis pelo nun1ero e pelo I,oderio; os denunciantes 18 arriseaY<llll a Yida no l'USO de serem ideutiril'ados; 1nais de un1 ÜHJllisidor sueu1nhiu ú viutlida popular; urgia o 1naior segredo. Agora a si tuaçüo nnulara; os ri-tas era ln os C~l'orruçados e os i ndefesus. Apesar disto o n'gÍml.'Hio In.:.tnlinha o st•gn·do originario, n:.io ~ú ea- landu os nontt•·s dos denuneianll's, como t•ueohrindo a"i eir~umstandas por onde se poderia atinar l'OIH elJcs; os réus se l'l[llÍ paranun para o fim do sigillo absoluto c iu,·iolavel a pl'ssoas Jn·epotenll'S l' regulas f'l'l'igosos. O u•u das torlunts aeouipanha a sociedade hutna- ua desde os incunabulds e t'Oill nwis ou 1nenos hy- pocrisia h a de eseoltala até o dia do juizo. Mesn1o aqui, Hl'st.a pretensa ou real niCtropolc de cultura, con- tra as 1nais insophisnta veis prcsoriçõcs legaes vén1 it luz mna vez por outra factos horrorosos; }H' lo que transpira pocle inmginar-se quanto fica abafado. N•o San lo Offieio o tormento cra tradil"ional ·e legi tilno, pois aLoitaYa-se l'OIH a autoridade supren1a desde 1252. desde a bulia Ad e.rlirpanda dt• Innoceneio lY. Xüo se eonhccent cuin preeisà10 os inslrunwntos ue tortura no te1npo do cardeal Alberto: o regiinento dP 16-10 estabelec-e o potro e a pole, "o potro, espeeie de cu1na de ripas onde. ligado o paeiente cmn differen- tes voltas de corda nas pernas e braços. seapertaYain nqtwllas eon1 un1 arrocho, cortando-lhe as carnes; e a polé, n1oitâo Sl'guro no tecto, onde era snspensn a vietinw, com IWSOS a'os lH~s. -deixando-a cahir en1 brus- l'O arranco sem tuear no ehão". explica Lueio de Aze- vedo 1). Celebrmn varias escritos a clen1•enria e a hran- ' dura droos inquisidores. Cle1nencia e brandura são possiveis, Inas pouco prova veis: a omnipotencia ir- resposavel ão se linüta espontaneamente; o con- tacto diario e diutur11p cmn o soffrimenttO- embot:ava a sensibilid·ule; tinha-se con1o caso smnenos deixar o 1) H islol'ia dos chl"istãos novos pol'tuguezes, 140. í9 réu apodrecer nas Inasn1orras durante annos c an- nos sem i.ntcrrogalo siquer; 'O·s autos de fé pom- peavanl con1o rnarchas triunlJ>haes. A relaxação ao braço secular, a creruação na. fogueira d'ahi decor- 1 ente, esta, siln, foi rara e ntais rareou -ainda quando o tribun.a:l comprehendeu que importava uma decla- ração de fallencia, nn1 gesto de desespero impotente de sua parte 2) . Tudo isto, si -disfarça, não attenua a missão preci- pua do Santo Officio: obter confissão voluntaria c sincera, prov,ncar arrependinten tos e abj u.rações. Obe- decendo á praxe secular, o rcgin1ento de D. Henrique estabelecia dias de graça en1 que os confitentes, si es- pontaneamente vinhant confessar-se, si convencimn ao inquisidor de sua sinceridade, de seu arrependiinen to. e si o peccado não fora testen1unhado, eran1 reconci- liados sununarimnenle e conservavan1 a fazenda. O caso complicava-se si havia teste1nunhas; ainda mais si coincidia a confissão cont a denuncia, porque esta podia annular aquella, ·conto succedeu a Fernão Cabral de Thaide já citado. A confissão mera e sirnples neu1 a toJos aterrava. ~o capitulo 15° de seu regimento D. Henrique provi- dencia sobre o reconciliado no tempo da graça e depois que se jactar ou gabar em publico "dizendo que elle não commettia nen1 con1nwtieu os hereticos erron's por elle confessados ou que não errou tanto como con- fessou". Das cento e vinte uma confissões a·diante impres- sas fique de part·e o referente ao pecca1d'o sexual con- tra a natureza. O assunl'o melindroso exige habilidade singular en1 quem o aborda. Basta indicar as paginas inquinadas: 23, 2-t, 25, 26, 50, 51, 59, 60, 61, 62, 67, 70, 71, 78, 79, 80, 89, 90, 93, 9~ 95, 122, 132, 133, 142, 2) TurbeviJle, Op. cil. 20 11-1, 130, 131. 15:.!, 1 ô2, tt;:l, 1()8, Hm, 170, 17~. J 76, 19B~ 200, 201' 20:!. 20:_\. 20ô. :!07' 20~. :!1 o . Depois deste aviso pode cada um evitai-as ou pro- curul-as ca. seu lalantl'. Co1n a s'exualidade andanun scntJH'P t.'lll estreito antplexo as fcitieeiras. cap.azcs de produziren1 intpo- tenci'a ou esterilidade. ~eu1 unia contpareceu perante o visitador: tres citmn-se .c·on1 maior insistt:·ncia: Isa- bel Rodrigues, ·de .alcunha Bocca torta, Antonia Fer- nandes, de aleunha ~obrcga, ~laria Gonçalves, de al-· cunha ... \.rele-lhe o rabo. Bocca tor.ta. a nwis modesta, apenas fornecia Cl't·- to~ pós nlit·ificos e t.'nsinaY:.l oraçôes fortes . .A Nnhrc- ga, proxeneta de gostos torpes c sacrilegos, iinp<.l\·a tle pacto con1 o diabo; l>ussuia nun1 vidro certa cousa que falava e respondia quant·o lhe perguntav·mn, cou- .sa anliga de cebolas c Yinagre, que gostava lhe dessen1 nina vez por se1uana. Arde-lhe o rabo ·dez annos an- tes, degre-dada por feiticeira, dcse1nharcara de Pt·r- nmnbucu, aonde estivera de caroeha á porta de igreja. A alguen1 tjUe se tlueixava de pouca efficacia dP suas feitiçarias, respouden segundo un1a denunciante: 4 ' por n1uito que ella n1e de, muito 1nais lhe n1ereço, por que t'U punho rne a nwi.a noite no nH·u quintal corn a ca- beça ao- ar<' l'Ulll a porta aberta para o mar e enlt"ITO t• tlt''>Pntei·ro umas botijas e estou nua da cinta par:a cima e con1 os cabellos e falo cun1 os .diab~ e os chan1o e estou cmn clles ('lll 1nuito perigo." A estas não se emparelha a yf'lhinha Leonor Soa- res, chegada à terra hahiana en1 1530, na contpanhia do seu niaritd'u Sitnão da Gan1a de Andrade, capitão- rnor da prilncira urinada de soccorro a Thomé -de Sousa. Grande republico da cidade, senhol"' de ~nge nho no Pirajit, Siinão de Andrade deixou un1 .epita- - phio ·en1 verso, d>nservadu p01r . frei Vieente do Salvador. Seu eunhado Sebastião da Ponte pos~uiu utn engenho em Cotegipe, currais de gado· em Ti- 21 nharé. prestou serviço a l\fen de Sá na guerra ·contra o~ in(lios de Paraguaçú. O futuro parecia auspicioso ([Uando foi BlaiHlado ir preso para o •·eino, por unia ordern regia expressa, q uc quasi resolucionou a po- pulação, pondo ern alvoroto seininaristas. fmnulos do bispo e representantes do poder civil. • A viuvez, a perda do irrnão, qtH' no Lin1oriro ex- pirou e~piando suas culpas, a idade devia1n dar a Leo- nor Soares un1 ar estranho e a aura popular. sem que Pila o iinaginassC', envolveu-a no bruxedo. Depõe un1a dt>nunciante: quando nesta cidade houve nn1 di_a gran- des brigas C' reYol~as f'Hln' o bispo e o goyernador Luis de Brito. esta na n1esn1a noite foi a Portugal dar ·aquella nova. Alen1 dos Pyrineus a Inquisição guerreou e extin- • guiu varias heresias .n1edieva·s indígenas ou adventici:1s: na península iherica e resp·rctivas colonias os ini1nigos capitaes forarn os judeus batisados á força. marranos, ehtistãos novos. gente da nação, que, cedendo á vio- lencia quanto ás exterioridades, gnardavan1 no foro intiino as crenças da v('lha lei e praticavan1 os ritos hC'reditarios. Dos christãos novos da Bahia reclaman1 o pri- nieiro loga•r os de :\latoim, onde exi~tia un1a synagoga (ou esnoga, cmno então se dizhr). - assoalhava a voz publica, sempre Inakvola para a gente da nação.· Heitor Antunes. fundador da parentela, pode ter sido o Inesino partido de Belem •a 30 de Abril ~ che- gad0 a Ba'hia en1 28 de Dcze1nbro de 1557, con1 o go- Yernador ~len de Sá, cm cujo instruJnento de servi- ços jurou cmno teste1nunha 3) . Pma sua filha de qua- rPnta f' tres annns jurou que tinha seis un sete quand0 a fmnilia inlnligrou. o· pai "já não existia no tenlpo da ·dsitação:c 3) Ann. da Bibl. Xac .. 27°. 1-t-1'14~. Outro Heitor ~-\ntunes menciona a Rev. Trim., 57°, I, 228; não pode !'ler o mesmo dt"stA visit_!;lção, que era mercador_, 22 lll'itor \ntunl's. l'hrist:io novo. casara no reino t'Oill .\nna Roiz, c.hristã nova. t' houveram lsahd. ntâi de .\!lna .-\koforado, casada, con1 '27 annos; YiolantC'. jú defunta. nüii de Lucas Escohar de 21 c Isabel de 18 Beatriz, ntulher de Bastião de Faria, ntãi de Custodia. de '23 annos. casada com n('rnanlo Pitnenll'l de Almei- da. (senhor do eng<'nhu de que era la\Tador o s<'xagc- nario .João RodriguPs Palha, pai de frei Vic<'nlC' do Sal- vador, infra 158); Leonor de 32 annos, nntlher de 1-Ien· rique l\luniz; Jorge Antunes já fallecülo. cu,ia viuYa, J oanna de Sá, convolou para o thalmuo d.e Sebastião Cavallo; Alvaro Lopes Antunes. casado; Nuno Fernan- des, solteiro. de trinta annos. Todas estas idades refe- rem-se a 1591 ou 1592. Com os Antunes, parentes dos Maccabeus e por- tanto da n1·ais fina prosapia judaica, não podia cont- petir a prole de Fernão L•apC's. alfaiate do duque de Bragança, e ·de sua ntulher Branca Roiz, atnbos já falecidos quanrlo começou a visitação. Um;a das filhas. Maria Lopes, casou com o ba- charel mestre Affonso ·Mendes, vindo conl'O· cirurgião mor do Brasil ein companhia de Mcn de Sá, de cujoR &t•rviços jurou test-entunho 4). Teve o casal: l\ianoel Affonso, Ineio conego da Sé, já falecido; Anna de Oli- veira duas vezes vi uva; Branca de Leão. já falecida, casada con1 Antonio Lopes Ulhoa; Alvaro Pacheco. Leonor da Rosa, irntã de Maria. casada com João Vaes Serrã•o·, christão novo. c.ini•rgião que entigrou para as colonias espanholas, teve pelo n1enos uma fi- lha, que casou con1 o priino Al\'Jaro Pacheco. Catharina M·cndes. casa.da con1 Antonio Se:r:rão. parece não ter deixado descendcncia. Annra R•odrigues, casada con1 Gaspar Di:as da Vi- digueira, teYe. alem de Antonia de Oliveira,rasad~ con1 Pedro Fernandes. Mathias Roiz e Diogo Affonso. . I 4) Annaes da Bib. Nac., 27°, 1651169. •C.f. Varnhagen, Historia geral, 370, nota da incompleta e exgotada 3a ed. 23 Os outros christãos novos nao constituimn paren- tela consideravel. Xo indice da visitacão de Marcas Teixeira lê-se que Anna Roiz fora queimada pela Inquisição. Con- fessa a n1atriarcha, infra 178. que nmna docnca che- gou a tresvariar c dissera, ·ao que depois· ouyit{, desa- tinos, do que não se len1hrava. Le1nbravmn-se os de- nuneiantes e tudo levarmn aos •ouYidos de Heitor Furtado de Mendoça. Esperentos fosse gat·roteada an- tes da cre1nação. O n1onitorio de D. Diogo facilitava as confissões e denunciações ·dos judaisantcs, 1uas era deficiente. Clat·a Fernandes previne ao inquisidor que a Bocca 'farta a infan1ava de ter unt crueifixo que açoitava. Esta abmninação, a 1nais frequente nas denuncias • contra os christãos novos, não figurava no n1onitorio de D. Diogo. Dos autochtones catechisados confessou-se un1, denunciado por outro: serviu de interprete mn padre da Cmnpanhia. E' de estranhar não se tivesse ainda concertado Intnta nwsnut denotninação geral para os aborígenes; apparece l'Olll frequeneia a de negros, tão prepostera pat·a os eonheeedores de Angola e Guiné conto a de indios, afinal veneedora. para o que vira1n os berços onde nasce o dia. Pn1a vez por outra vem brasil. -.- 1:: Xão Ineuns dt> estranhar no manuscrito agora impresso é a n1ultiplicidadc de graphias para certos non1es geographieos, o de Cotegipe, o de Pirajá, o do .Paraguaçú por -exen1plo. En1 phonetica o notaria l\fa- nu€1 Francisco podia ben1 proc lmnar-se phenomenal e. deixa perplexo quanto a varias identificações. tão ben1 as soube entbuçar no seu proteisnio cacogt·aphieo ou cacophonico. Em mais de uma confissão apparecem as tatua- gens do brasis . ' .Já s·abian1os que nesta heraldica da epidernw -- 24 pndia cscren'r-sc a historia dC' um famanaz: C:land<' d'Ahbeville estampa um tahajat·a cujas cicatrizes nar- ;avam vinte e quatro tnorks < m -conthate singnbr. XoYo agora é o inform<' ·de -que as tatuagens porliam serdr (lc sa lYo conduto: en1 um apuro rlellas soc,cor- reu-se eon1 exilo o fatnoso Tomaea{ma . .. \. santidade ·era festa ex trao'fldinaria dos h1·dios: cnraibn. cousa santa. cai,aimonlwna, santidade dos Tndios. acaraimonhanq, fazer s.a'nlidad-e, a'Ponla mn vocahulario tupi do seculo XYI. incomplC'to. ainda inedilo. de que a Bibliotheca r\acional guarrla a ntaior parte. Descreve-~a Nobrega- na informaçã'Cl d-o Bra~ll jmprC'ssa nas r:npins dr llna!: r(1rfo.~ de 1!1!11. e qnasi nos n1eoc:•n1os tertnos João rle A.spilcu<'ta em sua notavel carta da colleccão castel1hana d·P 1555. Es-nh'lla-a lar- !!anlJente Jean de Lérv C'In um dos tnais interessantes '. . capitulas rlc sua narrativa ·rle viagen1 á França anhrr- tica. -A santidade consistia na chega-da de um feiticeiro ou pronhf'ta. o caraiba. vindo fle longes t€rras. a prP- ~ar a boa nova. Esperavan1-no com anciedade, para rec-f::'h~=>lo limnaY:"Pl1 os c~minhoc;;. cdificavmn nm ti_inná em que se rf'c.olhi::i com ~eus rnaracá~ e outros RPC'tre- chns nrP~1ir1io~o~. O i11hileu norli::t ,lnr~r ~npzp~~ Pm- rnwnto fervin.. n'Denn!; comia-sP. be-hia-sC'. (lan~ava-'\P P. fatahnrntft:-. hrirr:-n'a-"<'. O carniha am·anHa o fn- tnro mais phantastico. Pnr~ rHH' rarar? As frexas dis- nnrarinm n0r !'i. a~ ("aras Yiri ~m fler á ca"a. Para one tr~halhar? a~ en~arlas irinm a c.aYar nnc;; roca~. o~ mantimentos ama.<'lureceriam {'.Onl fartura. ~Jos effpitos 1nateriaes imnwdiatos a santidarle nfio oevia differir muito rle nma nraºa rle ~afanhoto!'. Os effeitos moraes nodian1 ser outrn~. Os carai- bas. nu e iam ·de um a' outro extremo da arca rla linl;fna geral. concorreriam para n1anter ·a unirlade de crenca~ (' ritos. PorlP-se compara los n1al. mC'sn1o nnlÍ to 111.al. 25 coTn nlissionarios co1no l\'lalagrida, que percorreu a pé os sertões do :\!aranhão a Bahia. · Os indios actuaes inseren1 en1 suas tradições n1ais antigas as ultinws novidades percebidas entre os brancos. Os caxinauás fala1n nun1a cm;a-eanoa que singraya apitando entre as aguas do rliluvio. Os hac:aerys contan1 con1o se atravessa o oceano -en1 um grande veado á busca de n1achflldo dP fer.ro: a gentP pode assentar-sr nas ancas, nos t.'hifres. en1 ouh:.~s partes do corpo: asshn carregado o animal podia che- gar perto de terra: não podia ir adiante porque é ex .. c.lusiYamente aqnatiro. ü vatpor é celebrado como 111n jacaré, que pode 1nergnlhar e alimf'ntar-se · dl' pedras. Os indios quinhentistas asshnilaYam tambeni as noddades ultran1arinas e sem repugnancia funõianl- nas con1 os haveres tradidonaes: de sua pendencia para a synchrese a santidad-e não devia escapar. ~a capitania d·e Porto Seguro f'lll 1574 Antonio Dias A-dorno e seus companheiros eneontflaram seis idolos de madeira, ·de forn1a hun1ana e tamanho na- tural; serYianl õe harreira para tiros: os ati"ranorrs que acertavam ("ranl tiõos con1o fortes. os que erra- Yam não Ievantavan1 tnais a cabeoa1. Viam-se rloh ~ paus ·de 50 a 60 pahnos ·de altura, á maneira de mas- tros com suas gaveas. 1\Jandara p1antalos o carHih·~ que se dizia filho de D{'US padre ·e rla virgem I\faria. Yindo de Portugal fugido dos que o queriam crucifi- car; por um subia ao céu, por outro descia; a gaYP?. serYia-lhe de pulpito si queria pregar ~). Toda esta enscenação realisara un1 in<lio do Espi- rita Santo. antigo ·discipulo do-s padres da Compa- nhia. Da aldeia jesuitica do Tinh3ré fugira tamben1 o Pnscenador da santidade descrita nas presentes con- fissões e ainda melhor nas deyunciações ineditas: Aos indios não repugnavan1 us accessorios chris- 11) Ann. da Bibl. Sac., 19°, lOR, 26 lãos accumulados sobre a solidt•z do fundo naliYo. con1o adianll' se vcT'Ú a nwis de um passo. Estra- nho seria que os accessorios chrisl:.'"ies ohscurecesscm l' tornasscn1 aceilavel aos catholiros o gentilismo do fundo. Pois deste svnr•hrelismo apparecC'ram ea- sos ... Confessa Luisa Barbosa que, sendo ele d·ozc an- nos poucos 'lnais ou n1enos, acreditou na santidadl·. infra, 8-1. Gonçalo Fernadcs. infra, 113, confessa que não deixou ·de -crer l'lll Deus todo poderoso c en1 Jesus C h ris to seu filho, c no Espiri to San to. Ires p-essoas mil só deus verdadeiro. e se1nprc teve en1 seu coração a fé catholica; entretanto ctiidara que este n1~sn1o Deus verdadeiro. senhor nosso, ·era aquelloutro que na dita abusão e idolatria se dizia que vinha. Margarida da Costa, mulher de Fernão Cabral de Tayde, un1 dos mais ricos proprietarios da capitania. confessa, infra 101, que durante os dois n1ezes de assistencia da santidade c1n sua fazenda de J aguaripe "tinha para si e dizia que não podia ser aquillo den1onio sinão algun1a c·ousa santa de Deus, pois trazian1 cruzes de que o de1nonio foge e pois fazian1 grandes r:everen- cias ás cruzes e traziam contas c n01neavmn Santa :VIaria." C01n a denmninação vaga ·de blasphenüas, here- sias, infracções dos InaiHlanH:'ntos d~t igreja, etc., ap- parecein confessadas ou denunciadas varias feições da socia'bilidade bahiana. Citam-se livros prohibüdios, ro1no a hiblia em lin- guagem vernarula. referida. nunca vista. pois prova- velmente não existia; a Euphrosina, a Diana, as ~J efa- Jnorphoses de Ovidio. O nome de Lessuartc lembra Lisuarte, protagonista do .. 4madis de Gallia. Aos kigos podem afigurar-se de pequena n1onta certas hlasphemias e heresias adduzidas: os conhe~e - dores julgariam de outrh modo. João Fernandes, cleri- J~O de missa e vigario de Taçuapina, denunciou que • • João Bautista, christão novo, pesando un1 pouco de especiaria, ao freguez, que lhe reprochava não estar justo o 1peso, respondeu: justo só Deus! E diante do enleio de visitador explicou o reverendo denunciante se escandalisara por que a Yirgen1 :\faria é justa, São João Batista é justo e a igreja ten1 o velho Simeão con1o vir justus et timoratus. - Des.toan1como excepção as palavras de Lazaro Aranha, lavrador en1 Capanen1o, junto ao Pruraguaçú. n1am1aluco, de quarenta e cinco annos: in1n1ortal, di- zia, só carvão mettido na terra; l\faf orna era un1 dos. deuses do mundo, ouviu-lhe un1 denunciante. Comparando as confiss·ões agora in1pressas co1n as denunciações que o serão depois tem-se ás vezes idéa de corrida de aposta: o peccador confessa-se a toda pressa para aproveitar os dias de graça; o zelota vai com o mesn1o ímpeto denunc.iar para não ser cum- plice, para apparentar devoção e fervor. Um caso ilhistrará isto. A 19 de Agosto de 91 Ambr~sio Peixoto de Can .. glho. doutor en1 leis, dese1nbargador, prove- dor de defuntos e ausentes, disse em discussão con1 Antonio Soares Reimão que as contas deste es- tavanl erradas e disto não o dissuadiaria nen1 S. João Evangelista. infra 53. Passada a excitação tra- tou no dia seguinte de confessar-se. FPz bem ~m não ren1anchar. A 21 Antonio Soares ia denuncialo con1o blasphen10. A· cxcon1n1unhão incurrida por quen1 "~ndesse arn1as aos infieis. aos peccados cominetUdos por quen1 comia carne e1n dias de preeeito td'evemos inforn1~s relacionados mais ou 1nenos con1 o devassamento dos sertões. Delles constam entraodas compostas de cen- tenas de pessoas ás vezes. Alguns dos sertanistas con1- praziam-se na Yida solta das tabas. e no meio do mulherame farto e facil ficarai~l annos e annos. Certas entradas e certos n•o-me~ já conheciemos desde a divulgação da historia de frei Vicente. .o; ' - • - I :lo . '\ . .... ~ • lle bom grado trocariauws os ponnenores tnera- nicuh· biugraphieos dos serlanistas adiante aponta- dos por nn1 pouco Iltais dt> prP('Ísü,, fiuanlo á g~·ogra phia. As entradas para o sPrtão partiran1 de Pernmn- huco ou da Bahia. motivàdas scntpre p~·la gana de caçar iildios e reduzilos ao cativeiro; as 1prinu,iras procuravan1 a nwrgen1 esquerda. as ultimas a Inat~ grni ·direita do S. Francisco, limite comnnnn. Ao Norte da hahia Ide Todos os Santos, desde o rio Real. abundante de p'élu hrasil, até o São Francis- co. confederaran1-s·e tupinan1hús ·e franc.t>zes logo -de- pois de descoberto o Brasil e oppozera1u aos p·ortu- guezes resistencia forn1idavPl. Segundo um docun1ento publieado por Felisbello F·r·eire, Hist. de k~·craipe, -118, ainda -depois de fundada a cidade do Salvador francezes P tupinnn1hús reuni· dos pensaram e1n destruila. En1 1587 escrevia Gabriel Soares, Roteiro, 342, a respeito dn~:. francezcs quP "nntitos se an1anceharan1 na terra, onde n1orreram, sen1 se quereren1 tornar para França, e vivermn con1o gentios co1n n1uitas n1ulheres, dos quaes e dos que viúhan1 todos os annos a Bahia e ao rio de Sergipe l'lll naus da França se inçou a ten·a de n1an1elucos que nasceram, viveran1 c n1orreram co- rno gentios; d~s quais ha hoje n1uitos seus descenden- tes, que são louros, alvos e sardos, e haYidos por in- dios tupinan1bás e. s~o mais barbaros qne elles". As terras conhecidas d-epois pelo nome de Sergi- pe, que ain.da cons,erv.am .. constituindo un1 estado da • 29 federação, só foran1 incorporadas ao dominio portu- guez no governo interino que regeu a colonia antes da c1hegada ·de D. Francisco ·df' Sousa com o Visita- tlol· ·apostolico. Poi·tanlo. F1·ius grandt·s, Palnwiras. -compril(las. Sertão dos ninhos das garças e outras localidades va- gmnentc nomeadas nas confissões seguintes, devent procurar-se aqtH'tn do Real, entre este c o Paraguaçú. Nesta zona a:s.sinl reduzida os sertanistas fmnilia- risaratn-se com as catingas e cntabolarmn relaç.ões pacificas con1 os tapuyas, qtH' a Cardoso de Barros sPrviran1 na guerra de Sergip-e. X os tapuyas deposi- tava grandes el!" peranças quanto ás n1inas de salitre o regilncnto passado ao governadnr Francisco GP·· raldes en1 1588 1). Orohó ou Arahó cont suas cercanias, qual off:- cina geutitun, forneceu quantidade extraordina.ria lle escravos da lingu.a geral. hHa seis annos que un1 ho- n1en1 honrado desta cidade e de boa conscieneia c official da Can1ar·a que então era, dis1s.e que ermn des-cidas do sertão do Arabó naqudles -dois annos atraz, vinte n1il ahnas por conta, lê-se na - R. Trim. 57°, I, 2-12, llocunwntu de 1383. Quebrada a barreira do rio Real, a popula\·ão ÜP procedencia hahiana atirou-se pela costa a fora até as divisas da antiga capitania de Francisco Pereir..t. Coutinho. Yiagens entre Bahia e Pernan1buco beiran- do o ntar tornarmn-se frequentes. Na falta de pontes ou canoas aproveitavant-se os vaus. A ·s vezes bastava esperar pela n1aré. Do baixo S. F.t~ancisco foi sendo logo occupado o ]ado ·direito, quasi todo favorave] á criação de g.ado vaccu1n, sen1ovente e por isso o unico produto apro- priado á distancia. A' tnedida qu_e o gado medrava e· progredia a penetração e cre~cia o afastamento d0 1) Rev. Trim., 67 .. , I, 225. 30 mar. hnpunha-se a ncc.essidad<' d.p caminhos ·de v.t- são. catninhos mais directos. o que nas redes ferro- viarias um notavel engenheiro nosso cmnpatriota. C. ~lorsing, chatnava a IH'Ol'Ura das hypotlwnusas. Basta recordar o que antes til' concluirlo o seculo X\'11 atravessava as ft·cguezias de Tapicurú. Lagat·to, lla- bayana, Geretnoalw, e cunlnlunicava os aldcatncntos de SoecoiTO, C:annahrava. Sacco .dos Morc<'gos, etc. 2). E a n1argen1 pe-rnatnhuc.ana? O rio de São Francisco fascinou Duarte Coelho, pritneiro .donatario de Pernambuco, que para d.evas- salo e arrancar-lhe •as riquesas apregoadas apenas es- perava a hora de Deus, segundo sua grave ·expressão Os successores por ali andaran1 e guerrearam. De Ya- rias entradas por suas ribeiras temos noticia. De algu- mas saben1os que. deixando parte da gente cmn as e1nbarcações abaixo das caxoeiras. scguiran1 por ter- ra a seu destino. Isto n1esn1o fez Christovão da Ro.cha, doador dos terrenos onde se fundou 'Penedo, que al- cançou a serra de R a ri ou La ripe, phonetica, porem não geographic_sunente. identica á serra do AraripP no CeaTá 3). Tão bellos principias não foi1an1 por diante. De- pois os pernan1but anos ama.rrarmn-se ao Laixo São Francisco. Aonde fenecia a navegação estacaram, pouco avançando para as terras do No11·te ou Oeste. AJ.é1n a inutil ou pelo tncnos infecunda ·casa da Tor- re, Domingos Affonso .Certão e outro·s muitos, vindos da Bahia ou para lá se norteando, podermn exercitar !!) Inv. dos documentos, etc. 25, sep. dos .4nn. da Bib. Nac., 31°. 3 ) Em A-rari-pe pe é uma posposição, a é prothetico, empregado pelos portuguezes para conservarem o som brando da consoante, unico existente na lingua geral. O mesmo som brando remedava-se com I inicial que não existia em tupi, "sem r (forte) isto é semr-ei, sem l, isto é sem lei, sem f, i~to é sem fé", resava o rifão, talvez inspirado por Gandavo. No sertão bahiano, perto de Orobó, havia lambem uma serra do Rari, donde o jesuita Diogo Nunes foi descer gentes antes de 1585, Rev. Trim., 57o, I, 242. 31 sua bulünia territ01rial na Inaegent esquerda do rio e nos seus sertões. con1 o apoio do governo .de Olinda e a indifferença de seus jurisdiccionados. A transgressão da gente hahiana t>xplica-se pela difficuldade de expandi.--sc para Estt• .do rio, rom- pendo a seiJ'ra do Espinha<_;o, vencendo as ntaltas co- ~neçadas a beira ntar, ardua tarefa legada ao sc- culo XIX. Para os ribeirinhos bahianos as caxoeiras e o su- nlidouro de Paulo .\ffonso, o nec plus ultra para Pernmnbuco, perdian1 a i tnportancia. Não tratavan1 de navegar o rio, Inas de atravressalo, 1nero exercicio de natação, encanto do sertanejo. Os gad·os tmnben1 :iprPnderanl en1 sua escola. Na passagen1 de alguns rios, escrevia .Antonil-Andreoni, un1 dos que guimn a boiada, pondo tuna annação de boi na cabeça e na- dando. mo~•tra ús rezes o vão por onde hão dt· passar. Desde o rio Grande, o rio Grande do Sul, como se cha~tnava antes da capitani·a di! São Pedro avocar-lhe o non1e; desde o rio Grande do Sul até as caxoeiras, a divisora das aguas con1 o Parnahiba ap·roxima-se do São Franci·~·co,pern1ittindo-lhe apenas rios insigni- ficantes, validos só e1nquanto duran1 .a.s chuvas. Da villa de Penedo até a barra do rio Grande, em cujo intcrvallo 013 viajantes conl1Hill aciina de cem le- guas, não sai para o São Franc~s.co un1 só r-egato no tetnpo da secca, - conclue Ayrres ·de Casal. P01r un1 dos ·rios, o Pontal 4) ou outro visinho, deu-se a penetração na bacia contravertente do alto Parnahyba. Os gados •centuplicaram Jnaravilho;sa- Inente na pastaria parna1hyhana. Para o Sul, quando a divisora se afasta do São Francisco, inundarmn as riheiras dos rios Grande e CaTinhanha, chegando quasi ús f1ronteiras de Goyaz, aoude lo~o appareceran1 con~ os de~coberto'3 do Anhanguera. Para o Norte 1nisturaran1-se corn os 32 gados ~Jo Piauhy c ~lantnh:.io c os t}Ul' .do liltoral (lu Ceará, Hio (~rande c Parnhiha denwndavmn o alto sl~lrhio ... De algumas paTll's gastant-SIC dois annos pura conduzire1n boiadas ús twaças da Bahia e Pernmnbu- ('O, por ser· !ll'l'essario refaz<'las no caminho un1 auno'', escrevia-se no l'Omeço do s·Cl'Ulo XYill. En1 sunnna ao findar o seeulo XVII bi:>nl divet·sas apparec.imn acinta e abaixo das caxot>iras as 111argens bahiana e pernmnbucana do São Francisco, já dentar- cadas e repartidas desde beira ntar ao at·raial de Ma- thias Cardoso. Pela direita, acima das eaxoeiras, à ntedida que se encatninhava para o Sui surgia a serra do Espinha- ~·o, restringia-se a arca desbravada, escassca\'ani os ntoradores, a intportaneia da região provinha sobre- tudo do transito e das invernadas dos gados tangidos para a nwrinha. Oont o impulso da minet·ação, ligou- se a bacia ·do São Frand~~co á do alto rio de Contas e esta pela serra do ·Cincorá .e rio Una 'ao Paraguaçú, cantinho .de Caxoeira. Abriu-se apenas u1n con·edor, cmno o prova o relatnrio de Miguel Pereira da Costa; alargalo oen1andou Jnuito t·etnpo C lllUito esforçu do sendo seguinte 5). A' esquerda o territorio, pernan1hucano. por for- ~· a de lei, dih~tava-se até o divorcio das aguas do To- eantjns; nelle ninltiplieavmn-se currais e 1nais ·ctH'- rais; ten Lava-se n1esn1o con1 provei to a industria de extrahir sal, que Jlertnancceu eHHfuanto o pennittiu a concurrencia do vapor; a 1naior desvantagcn1, o S('- gregainento do povoado, ia dilninuir co1n o jorro de aventureiros golfados pela fascinação dos descober- tos auriferos. O non1e de l\Iathias Cardoso len1bra a intervenção dos paulistas na historia ·da Bahia e outras- capitanias rentotas. Eu1 1658, á pedido da autoridade bahiana, partiu de Piratinin~a, ús ordens de Donlinpn~ Barbo- 5) Rev. Trim., 5", 37 e seg. 33 sa CalhciJros, tuna pequena leva destinada a dar guerra aos tapuyas irreprimiveis. Con1 o n1es1no fim em 1671 o governador geral e a ca1nara do Salvador remettermn mil cruzados potr intern1edio da de São Paulo a Estevão Ribeiro Bayão Parente e Braz Rodri- gues Arzão, que nos annos seguintes desempenharam galhardmnente a empreitada. Tanto aquella como esta expedição serviram-se da via marítima, a mais breve e conveniente. assegurava Estevão Ribeiro. Entretanto, iam sendo melhor conhecidos os ser· tões do rio das V e lhas e do alto S. Francisco; verifica· va-se a existencia de centenas e milhares de kilome- tros francamente navegaveis no rio forn1ado pela confluencia de ambos; apurou-se a existencia en1 suas cercanias de madeiras proprias ás construcções na- vais; umas cent famílias paulistas, algumas de gros- sos cabedaes, ali se estabeleceram. A segunda geração de conquistadores, João A1naro, 1\'lathias Cardoso, Do- mingos Jorge, não quiz mais ·saber do n1ar, atir2ram- se todos á navegação sertaneja. Con1paren1-se os seus feitos com os dos que os precederam e ver-se_-á co1no acertada foi sua preferencia: o-s. priJueiros pacifica- ranl apenas part-es do PaTaguaçú e dos Ilheus, os ou- . tros alcançaram ao Piauhy e ao Ceará, canlinho do l\laranhâo. Paulist.as mais ·pacificas repetiran1 e amiudaran1 estas viagens. Quen1 desce o São Francisco deixa atraz ·de si as mattas mais ·po~santes. Nas das n1inas fazimn- se todas as grandes e boas canoas en1pregadas -entre o rio das Velhas· e as caxoeiras; antes de se tirar ouro naquelles distritos ·construir.am-nas os paulistas e por negociação as vinham vender pelo rio abaixo, attesta um contemporaneo 6) . 6) A via fluvial ainda foi seguida algum tempo depois dos descobertos. "Todos aquelles que nãJ tem domicilio ou rasão particu~ar para descerem das minas para S. Paulo ou Rio de Janeiro se retiram dellas pelo rio de S. Francisco embar- 34 Os c a mi n hns lPJTt'sl res m1o fH'rdt•rani eom isto ~ua freguczia. Dl'sdc a harra até onde knninam as fa- zendas, infortna o mPsn1o contf'.tnporant'o, o S. Fran- cisco não lt•tn part<' d<'spovoada ou th·serta cm (fllC os viandantes tenham dt' dormir ou alht'rgar no cam- po. querendo rccollwr-s<' nas l'asas dns \'3((tH•iros, co- tno ordinnrimnente fazen1 pelo bmn acolhimento que Jl('llas aehan1. A baixo das ca:xo('JI'as nao era nwnor o contraste das duas lnargt'ns. Xa Bahia. apl'nas transposta a hatTa. dcsenrola- Sl' largo h·tTeno afci~·o:.ulo prineipalnwntc ao pasto- reio. Por toda a parte viam-se boiadas, apparecian1 va- redas. fneili tavatn-se as comnHmicações, fundindo as trilhas vicinaes <.'lll can1inhos Inaiores. En1 Pernatnhueo q uasi toda a marinha presta v a- se a cannaviaes e a <'ngenhos. Ora •o ·engenho. dando costas ao tsertão, polm-icmva-se para os mercados onde seus productos valiam. polarisava-se para a outra banda do Oceano. ~o São Francisco pernatnbucano nun1erosas S<'r- ras, n1attas fornuuulo mna cinta quasi continua, conto e1u Ilhens e Porto Seguro, eJnbora e1n dilnensões nlui- to n1enores, diffieultavam as <'lltradas e tolhian1 a expansão pernambueana que pouco se afastou do :rio. Os que delle se afastavam. si nao utilisavam canoas cado~ na fonna -.ohredita, por que akm da brevidade e sua- vidade da viagt"m a fazt"m com muito pouco cnsto, porque evitam com pra r c~n-a llos pelo t·xeessivo preço que valem nas ditas minas e acabada sua Yiagl'm vendem as canoas no porto a. que chegam por dobrado. valor do que lhe tem custado nas minas." Estas e outras informações procedem de um manu- scripto anonymo e sem titulo. anterior á guerra dos Emhoa- bas, cod. 51, VI, 2-t fl. -tüO ,-t6/, da bibliotheca da Ajuda. Err: 1 i 48 0 primeiro bispo de_ :\larianna foi embarcado desde o Preto affluente do Gran~. até o rio das Velhas. Com a fa-, . lha de quinze rlias para chrismar, venceu em quarenta e cmco dias mais de duzentas leguas de distancia, navegando contra a correilte do rio. Rn'. do .\rch. Min., 6°, 293;~96. • 35 'rue os levassen1 ao Recife, preferiam a praça· da Ba- hia para \SUas transacções. Coincidencia resultante das n1esmas causas: tanto na n1argem pernaniliucana do baixo São F1ranci.sco COlHO na Inarinha d.e Ilheus e Porto Seguro quasi to- dos os 1povoados eran1 aldeia1nentos de indios catec.hi- sado.s. , Nada prova melhor a fraca penetração .dos per- nambuc-anos, quer de beira-Inar, quer de beira-rio, do qu~e a -resistencia secular da negrada de Palmares, de 'historia n1ais fan1osa do que conhecida. O ataqu€ decisivo contra os Palmares Vleiu do in- terior para a costa. Domingos Jorge Velho, sahindo embarcado túe São Paulo e descendo o São Francisco, passou ao Pia.ncó, donde chegou á terras piauhyenses. Destas voltou, contratou a destruição dos quilon1bos ~ desiruiu-os. Xen1 assüu Pernan11buco se aproxi- mou do S. Francisco, desaffrontada embora no terri- torio do actual estado ·de Alagoa:3 u1ua grande área. Tão pouco desde o rio dos Cmnarões ou Poty 7), aon- de parece ter sido o 1naior centro de suas proesas, Donüngos Jorge conseguiu desviar para o li torai pernan1bucano a exigua corrente rnaranhense que do ltapicurú tendia a passar ao ParnahiLa no logar de n1enor di•5ttancia entre as duas bacias. Cmn suas en- tradas só lucrou a Bahia. Os pern•Hnbucanos preferiam outros recessos. Tt-rnünada a guerra fia1uenga, foran1 proc.urandoas terras ao Norte de Olinda até o Ceará, desannexado afinal do Maranhão, td'e onde todas as condições geo- graphicas o repellian1. ~os rio.~, !alguns de grande vo- lurne durante a invernia, seccos ou cortados en1 poços no verão, no an1plo terri to rio flagellado de sec- cas con1 regularidade mais ou menos periodica, bali- sado pela Borborema, pelos Crrirys e rematando na 7) Pereira dà Costa, Chr. hist. do est. do Piauhy, 6,20 .. • 36 Ihiapaha. se multiplicar·am t' conslituiram um cenh·o de povoanwnto t'Olll para vd a S. Paulo ou Bahia. Mes-- 1110 da h i rom pm·an1 para o São Francist·o: o u·io do Pontal. via dl' peHclra\·úu para o Piauhy. e o 1·iacho de Brigida. via da vasüo para o Ct ... ar·ú. fieava1n a pouca distancia um dt) outro .. \final alu·iu-se a pr·i- nH'ira via de ntsúo gt·nuinamentt• pernamhucana, do Jaguaril>e ao CapibarilH'. ~<lo l('l'lllinou o pl'l'iodo colonial s('m qu(' o pro- lJieina do Sc.io Francisco chamasse a at.t('nçào dos }H'I'- nambuc.anos . ..\zereôo C ou tin h o. bispo e governador in- terino .<fe Pcrnatnhuco. mandou construi1r mna .estrada entre Olinda e os sertões do grande rio. A obTa fez-se, nella trabalharan1 sobretudo Custodio Moreira dos Santos e José de Barros Falcão de Andrade Cavalcan- ti S) Conte·Inpor·aneos deste cmuinho são os que rmn- permn as n1attas ·de Ilheus e Porto Seguro, já citados IHl Chorographia de Ayres de Casal. A estrada de .-\zeredo Coutinho YPiu tarde. Do que algum te1npo foi a capita-nia ge- neral de Pe.rnatnbuco desagregaran1-se Cearáj Rio Grande do N arte, Parahiba, A lagoas. Con1o castigo pela confederação do Equador foram ôesannexadas as fronteiras de Minas e Goyaz, e incorporado a Bahia seu territorio, já bahiano aliás pelas gentes que o povoavan1. 8) Rev. Trim., 46°, I, 105 e seg. Contra o que se assentara e se esper.aya •sai este vohnne da Scrie Eduardo Prado antes da ediÇão fac-sinlile de Cl.aud(' d".\bhcYille, que se está fazendo en1 França. e por onde deYia con1eçar. Foi m·el·hor assim. Eduardo tinha certa predi- lecção pela·s cousas inquisitoriaes. Os dois livros que planejou, sobr-e Antonio Yieira e ~lanuel de Moraes, tratavan1 de processados do Santo Officio. Con1 que prazer leria este! Con1 que alacridade 1uandaria co- pialo si já fosse conhecido! Xo prologo á nova edição de Claude d'Abbeville estão as seguintes linhas que explica1n a presente pu- blicação: "Depois de longo peregrinar, a curiosidade insa- ciavel de Eduardo Prado fixou .... se no Brasil. De li- vros brasileiros ou relativos ás cousas brasileiras, os tnais raros e os Inais preciosos, colligiu grande nu- n1ero. En1 investigaçõe-5· da historia patria contava consumir o resto da sua existencia. O pouco que dei- xou feito mostra o muito qu:~ poderia f;azer. A morte não lhe consentiu ir alen1. "An1igo carinhoso e discipulo amado, Paulo Pra- do quer reatar a tradição do seu saudoso tio. De con- tribuições historicas seria c a paz e é pQissiYel as apre- S<'nte, si sua vida laboriosa lhe conceder as ensan- chas imprescindh-.eis. Por ora lin1ita-se a fornecer instrumentos aos desejosos de trabalhar. A Serie Eduardo Prado destina-se aos 3 que aspiratn conhec<'r melhor o Brasil. " 38 .. \ <·sta nota imprensa ha ·dois ou lres annos folgo de accrescentar a proxinw puhlicação de seu livro so- hre o caminho <lo mar na antiga capitania dl· Martin .\Honso. que é o sytnbolo de dous seculos da historm paulista. * As contas publicadas ncstf' volume foram hon~o sanlenle lidas pdo digno dirf'clor ·da Torre do Tom- bo. Dr .. \ntonio Baião. Sem a dedicaç.à'í} incansavel de I .ueio d(• ~\zPvedo não seria possivel obtt'las. A ·s confissôes faUam as phrases tabellioas cont que comt'çavanl e acaba,·anl: a de Frutuoso AlYt'S vai •~on1.pleta para se ver que o que foi cortarlo não fez falta. A grapthia reproduz a do copif~ta. exoepto num ponto: não havia c, i, u com til e não se pensou em fundilos a tempo. Muitas notas serian1 neccss•arins ao esclarecüuen- to -do texto: ficatn reservadas para o volume das De- nunciações. ~elle s-erá anl·pl.anl•flllt,e aproveita1da a Historia dos Chrisl.ãos novos portugue:es de Lucio doe Azevedo, de que a mnizad.e ·do autor m·e pern1ittiu a leituf1a antes de qualquer outro. O indice alphabetico virá no outro volume, para não den1orar n1ais es!õ:a dt'moradissiina in1pressâo. Rio, Junho, 1922. J. C.-\PISTRA-~Vo DE AnREu. .Uonitorio do Inquisidor Geral, per que manda a f.odas as pessoas que souben·m d'outras. que forem l uipadas no crimt> de hrresia, e apüsfasia, o lll'llhào denunciar cm termo de trin- ta dias. Dom Diogo da Sylua, per mercl- de Deos e da sancta Ign•- ja de 'Roma, Bispo ·ue Septa ·confessor de el Rey nosso Sil.or, e do seu ·Conselho, Inquisidor mór, per auctoridade apostolica, em estes Reynos, ·e senhorios de Portugal, sob1·e os crimes de heresia, eflr. A todas as pessoas, assi homês, como molhere·s, ec- clesiasticos, clerigos oSeculares, religiosos e religiosas, de qualquer estado, dignidade praeminencia -{' .condição que sejão,. isentos, c isentas, não isentos, e não isentas; vezinbos e moradores, estãtes nesta Cidade de Euora, e seus termos. ~ todos em gePal, ·e a cada hum em es·pecial, sande em nosso Sen·hor Jesu Cl1rislo, que ·de todos ·he verdadeira salvação: · lfaz·emos .s.a·ber aos que esta nossa carta .monitoria, e manda- dos Apostolioos virem, ou ouvirem, e lerem, em qualquer mo- do que s·eja, ou della certa noti-cia onuerem. Que nós somos informados. per informa~·ão 1le pessoas fidedignas ·e per fama publica. <Iue nos ditos Reynos, e Se- nhorios de Portugal, ha algumas pessota\S 13Ssi hnmens como J ~·olheres,-,que não t·emendo •O Senhor Deos, nem ?. grande .pe-l r1go de suas ·almas, .apartados de nossa San ela f e Cathohra, tem àitt~, •feito com1!tetidn, e pe~petrado 1delictos, e. ·crimes l de heresia, e apostas1a c:ontra ·a dllta nossa Sancta Fe Catho- lica, tendo, crendo, guard·ando, e seguindo a ley de Moys'e-.5 · e seus ritos, preceitos. e ceremonias. e tendCl outras opiniões, e errores bereticos; querendo nós, como por nosso 'bfficio de Inquisidor 'Mór, somos obrigados, pera gloria, honra, e louvor de N. Senhor, e Salvador Jesu Cbristo, e exalçamento da sanct~ Fe Catho11c.a, 40 reprimir as dittas heresias, e aJTancalas do pn-vo Christão, p('l:t ditta auctoridade Apostolica. a nós nesta parle com- mettida. 'fãdamos a vós sobr-edit:ts pessoas e a cada hua. em virtude ·d·e ob('diencia, e sob pena dP e:xcommunhão, e ''OS requeremos. e amoestamos que dentro de trinta .dia<; primei- ros seguintes, os 1quaes VJO·s ;damos tpor todas as tr~s canonic-as amccstações, n•partidamente, s. dez dias pola primeira, e dez poJa segunda, e outros dez pola tercei•ra e ultima amoestação, e todos os dittos trinta dias por termo peremplorio, .que vos damos, e assinamos, pera ·que dentro do ditto termo venhaes, e cada hum de vós venha per ante nós pessoalmente, a nos dizer, e notificar qualquer pessoa, ou pessoas de qualquer es- tado, condição, gra,o, e .praeminencia, .que seja, 1ou sejão, pire- sentes ou absentes que n'OIS dittos Reynos, e Senhorios de 'Por- tugal, vistes, 10U ouYistes, que forão. ou são herejes, ou here- je, di.ffamados, ou diffamadas, sos.peitos ou sospeitas de he- resia, ou •que mal sentirão, ou sentem dos .Artigos da 'Sancta Fé, ou do Sancto S:.tcramento, ou que se apartarão, ou apar- tão da vida, e .costumes ·dos fieis christãos; E se virão, ou ou,•irão, ou sabem alguas pessoas, que ap- provarão, ou approvão, seguirfiu ou seguem erros lut·heranos, que ·agora em alguas partes ha, e se sabeis, vistes. ou ou,•istes, Que a·Iguas pessoas, ou pessoa dos dittos 'Reynos, e Senhorios de !Portugal, ou estantes em el'le·s, sendo Ohristão (seguindo ou appro,vãdo -os ritos, e cerimonias Judaicas) -guardarão, ou guardão os sabados em modo, e forma Judaica, não fazendo, nem trabalhand-o ·em elles ·cousa algua, vestindo-se, e ata,•ian- do-se de vestidos, roupas e joy,a.s de festa, e adereçando~se.e alimpando-se ás sestas feiras ante •suas casas, e fazendo de eomer ás ditas seS<tas-feiras p.ara o •sabbado accendendo e mandando acender nas ditas sesta feiras á tarde candieiros limpos com mechas noYas mais cedo qu(' os outros dias. de- xandoos assi acesos toda a noite, até que elles per si mesmo se apaguem, todo por honra. observanda, e guarda do sabbadn. Item, se .degollão a carne, e aues, que ·hão de ·comer, A f"Orma e modo Judaico, '8travessando..1lhe a garganta, provando, e tentãdo primeiro o cutel,o na unha do dedo da mão, e cu- brindo o -sangue com terra por ceremonia Judaica. Item, que não comem toucinho, nem lebre, nem coelho, ne aves afogadas, neril in'guia, polvo nem congro, nem arraya, nPm pescarlo. quE' não tenha es·c-ama. nem outras cousas pro· hibidas aos judeos na ley velha. 41 Item, se sabem, "''irão, ou ouYirão, que JeJuarão, ou JeJuao, o jejum mayor dos Judeos. que cae no mes de Setembro, não comendo ·em todo o dia até noyte, que sayão as estrella~. e estando aquelle dia do jejum mayor, descalços, e comendo aquella noite carne, e tigelladas, pedindo perdão bus aos ou- tros. Outro si, se Yirão, ou ouYirão, ou S:Jbem algua pessoa, ou pessoas jejuarão, ou jejuam o jejum da Ra~·nha Esther por ceremonia Judaica, e outros Jejus que os Judeos soyam e ·cos- tumayão de 'fazer, assi corno os jejus das segundas e quin- tas-feiras de cada semana, não comendo tod;() o dia, até a noHe. Item, se solemnizarã·o, ou solenizão as Pa~choas dos Ju- deos. assi como a Pas.choa do pão asmo, e das Cabanas. e a P::tschoa do corno. comendo o pão asmo na ditta Paschoa do pão asmo, em bacios, e escudellas nova5. por certmonia da ditta Paschoa, e assi se rezarão. •ou rezão, orações Judaicas, assi como sã•o os Psalmos penitenciaes, sem Gloria Patri, et Filio, ·et Spiritu Sancto, e outras orações de Judeos~ fazendo oração contra a parede, sabbadeando, a1baxando ~ ca- ~eça. e ale,·ant:mJo-a, a forma, ,. i.JOdo Judaico, tendo, quan- do as'"i TE'~ão, os A taphalijs, ~·lP são bu~~ corre as atadas nos hraço5, ou postas sobre a cabeça. Item, se por morte dalguns, ou dalgumas, C'Oimerão ou conH'm em mesas baxas. comend·o pescado, ovos, e azeito- nas, por amargura. e •que estão detras da porta, por dó, quan- do ·algum. ou algua morre, e que banhão os de1'untos, e lhes lanção calções de lenço, amortalhandoos com camisa com- prida, pondo-lhe em cima hua mortalha dobrada, á maneira de cappa, enterrandoos t::-rn terra virgem, e em covas muyto fundas, chorandoos, com suas literias cantanrlo. como fazem n._ .Tudeos. e pondo-lhes na boca hu grão de a1jofar ou dinhei- ro douro, ou prata. dizendo <rue he para pagar a primeira pousada, cortando-lhes as unhas, e guardandoas, derramando e mandando derramar ·agoa dos cantaras. e potes, quando al- gum, oH algua morre, dizendo, que as almas dos defuntos se vem ahy banhar. ou que o Anjo percutiente, la·vou a eslp•ada na agoa .. Item, que lançarão, e Ian-ção ás !lOites de Sam Juão Bau- tista. e do Xatal, na a·goa dos cantare~ t potes. ferros~ ou pão, roir vinho, dizendo, que a·quell.as noites, se torna 3 agoa eW. · sangue. llt•m. st• os pays dei hiu a bt·n-.·.to aos filhos. põllolhe as m;'ios sobre a t.·aht•\·a. abaxandolhe a müo pullo rosto abaxo, sem fazer o sinal da Crus, .ú l'o•rma. t~ mollo Jmhtit.·o. llem, llUC lJUando lliH't•rii.u, ou nat'l'lll Sl'lls filhos se O!\ cir<euncid<lo, e lhe post"rào, ou poem secrl'tamentc ntome~s de judeos. Item, se depois que bautizarão, ou bautizão seus rtlhos. lhe ravarão ou rapão •o oleo, e a cbrisma, que lhes pos·e~rão, quando os bantizarão. Item, se algltas pessoas, ou pessoa nos dittos Reynos, e Senhorios de P.ortugal, sendo bautizados, e tornados chistão~. teuerão ou ten: e rezão ou crê, seguirãto ou seguem a se·ct.a de )lafamede, Jt•zerão ou ,fazem ritos preceitos e ceremonia.s )lahométit-as, jPjuantlo o jej-um df'- Rabadmn, ou Rmne- dam, não ·comendo em todo dia, até noite saída a es1.rel- la, banhando todo o corpo, e lavando o rosto, e· os ouvidos, e os pés e as mãos, e os lugares vergonhosos, e fazendo ora- ção, estando descalços. rezando orações de :\louros, guardan- do as sestas feiras, das quintas .feiras á tarde por diante,"ves- tindose, e ataviandose nas dittas sestas feiras, de roupas lim- pas, e joyas de ·festa, não comPndo toucinho, nem bebendo vinho, por rito, e ·ceremonia )lahometica, 'POr guarda, e obser-- vancia da ditta festa: fezerão, ou fazem outros rit-os, c rere;. moneas, assi da ]ey dos Judeus, como da ditta secta de ·~la famede. Item, outrosi. se sabeis, vistes ou ouvistes que algumas pess'Oas, ou pessoa, tenhão ou ajão tido a•lgua opinião here- tica, dizendo. e a.ffirmando, que não ha hy paraíso nem glo- ria, para os bõ::;, nem inferno, nem penas para_ os maos, ou que não ha hy mais, que nac~r, e morrer . .Jtem, que ·não creram, ou não crem no Sanctissimo Sacra- mento do Altar, e .que aquelle pão material, dittas as pala- vras da consagração pello Sacerdote, se torna em o verda- deiro corvo de X'ossu Senhor, e Salvador, Jesu •Cbristo, e o vinho em seu verdadeiro, e precioso sangue. · Item, que não crem os Artigos da Sancta Fê Catholica, e, que negarão, ou negão. algus. ou algu delles. ltei'n, aue os sacrifícios. e lfissas, que lfaze-m na Sancta Igreja não apro,·eitão par·a as almas. Item, se alffirmarão. ou affirmã:o, -que o Sanrto Padre, e Prelados, não te-m pod!er para ligar, nem absoh•er, ou rque a- confissão, se não ha cJ-e faze·r, Rem dizer a Sacerdote, mas que cada hu se ha de confessar em seu coração. - - Item, ·que disserão, ou dizem, que a alma sayda -de seu corpo, entra em outro, e ·que assj ha de andar, até o Q.ia ·d-e Juizo. E assi ~e disserão, ou dizem, que o J udeo, e ~louro, cadahum em sua ley se pode salvar tambem, como o Christão na sua. Item, que negarão, ou negão a virgindade, e pureza de Xossa Senhora dizendo, que não foy Yirgem antes do parte-, no parto e depois do parto. Ou que nosso Senhor Je<>u Christo, não he verdadek•o Deos e homem, e o ~lessias na ley pro- metido. It~m. se sat1eis, viste~, ou ouvistes, que alguas pessoas se casassem duas vezes, sendo o primeiro marido, ou a pri- meira molher, vivos, sentindo mal do Sanamento do ma- tr·imonio. .. Item, se sabeis, vistes ou ouvis_tes. qeu alguas pessoas, ou pessoa, fezerão ou fazem ·certas invocações dos diabos. andan- do çomo bruxas de noite em companhia dos demonios. co- mo os maleficos, feHiceiros, maleficas, feiticeiras, cos- tumão fazer. ·e fazem encommendandose a Belzebut, e a Sa- thamis, e a Barrabás, e renegando a •nossa sa1ncta ·p(> Catho- lica, ó~ferecendo ao diabo a alma, ou algum membro, ou mem- bros de seu corpo, e crendo em elle, e adorandoo, e chaman- doo. ·para· que lhes diga cousas que estão por vir, cujo sa.ber, a sô Deos todo poderoso pertence. ·Item, se alguas pessoas, ou pessoa, tem livros, e -escritu- ras, para fazer os dittos cercos, e invenções dos diabos, como ditto he, ou outros algus livros, ou livro, reprova tlos pela San- cta ~ladre Igreja. Item, se sabeis. vistes, ou ouvistes dizer, ·que alguas pes- soas, ou pessoa, reconciliadas, ou reconciliada peUos dittos crimes de heresia, e apostasia, e cadahu delles, tornarão a reincidir. e errar nos dittos · delittos, e crimes de heresia, e cadahum delles, come ditto ·he. Item, se vistes. ou ou,·istes que algum Judeu de sinal, ou Mouro, neses Reynos, e senhorios de Portugal procuraSISem, ou procurem, de induzir, e provocar algum christão no,·o, ou velho, para o tornar ao judaísmo ou secta :\lahometica. Item. que Slil algua pessoa ou pessoas souberem que algu- mas :pessoas ou pessoa nos dittos Reynos. ·e Senhorios de Por- túgal, tem alguma Bihlh1 em linguagem, que n•o lo venhão outro ~i dizer. e notificar, e os que as teverem, que ·no las ve- nhã·o. otj mamden: mostrar. para se·rern v:islas~ e .examinadas per nós, pera se ver, se são fiel, e verdadeiramente traslada- da~ e corno devem. · :: -· , ·. "~ · - · . . .. _ c . As -'quaes coitsa,
Compartilhar