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Biogeografia (1)

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Prévia do material em texto

2012
Biogeografia
Prof.a Ângela da Veiga Beltrame 
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame 
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 910
B546p Beltrame , Ângela da Veiga.
 Biogeografia/ Ângela da Veiga Beltrame [e]
 Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado. Centro 
 Universitário Leonardo da Vinci –: Indaial, Grupo 
 UNIASSELVI, 2012.x ; 308.p.: il
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-334-1
 1. Geografia 2. Geografia Política 3. Biogeografia 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
III
apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)!
A ideia da elaboração deste caderno por nós, autores, derivou 
da necessidade de uma melhor organização e sistematização de sínteses 
elaboradas sobre os temas das três grandes unidades que compõem o estudo 
desta disciplina:
- a primeira compreende a introdução à Biogeografia, seus conceitos, objeto 
de estudo e objetivo, a biosfera, a atmosfera e o solo, onde há condições 
para o desenvolvimento da vida; 
- a segunda aborda a história evolutiva da vida sobre a Terra, denominada 
aqui de Paleobiogeografia, e também as razões da distribuição e adaptação 
dos organismos na biosfera;
- a terceira e última unidade abrange os territórios biogeográficos, os grandes 
biomas e a ação do homem sobre eles, de forma a se poder “viajar” através 
dos textos.
Há o cuidado, na orientação deste estudo, no sentido de sempre se 
considerar a integração dos diferentes aspectos biogeográficos. Com isso, 
queremos enfatizar que a vida pode se desenvolver ou se adaptar ou se 
extinguir por um conjunto de fatores bióticos e abióticos, que agem sobre uma 
população ou comunidade de forma correlacionada, nunca isoladamente. 
Não temos intenção de esgotarmos os assuntos aqui colocados. 
Pretendemos que o conteúdo deste caderno seja uma boa introdução aos 
seus estudos em Biogeografia e que, a partir dele, possa desenvolver outras 
leituras sobre esta fascinante disciplina.
Este caderno é dedicado a todos os estudiosos iniciantes em 
Biogeografia e a todos os interessados pela temática.
Desejamos uma boa leitura.
Prof.ª Ângela da Veiga Beltrame
Prof. Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO 
 E OS SERES VIVOS ..................................................................................................... 1
TÓPICO 1 – OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA ................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 OBJETO E OBJETIVOS ....................................................................................................................... 3
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 11
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 13
TÓPICO 2 – A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA ....................... 15
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 15
2 ECOSSISTEMA E GEOSSISTEMA .................................................................................................. 15
3 O ENFOQUE SISTÊMICO .................................................................................................................. 16
3.1 O GEOSSISTEMA: A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL ................................................................. 18
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 20
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21
TÓPICO 3 – A BIOSFERA ...................................................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23
2 CONCEITO E LIMITES DA BIOSFERA .......................................................................................... 23
3 AS FONTES DE ENERGIA DA BIOSFERA .................................................................................... 24
4 OS FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA BIOSFERA: 
 OS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS .................................................................................................... 25
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 31
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33
TÓPICO 4 – A ATMOSFERA ................................................................................................................. 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 O SIGNIFICADO DO CLIMA ........................................................................................................... 35
3 OS PADRÕES CLIMÁTICOS E AS PLANTAS .............................................................................. 36
4 OS EFEITOS DO CLIMA SOBRE OS SERES VIVOS .................................................................. 38
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................41
TÓPICO 5 – O SOLO E OS SERES VIVOS ........................................................................................ 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO ........................................................................................... 44
3 MECANISMOS E PROCESSOS PEDOGENÉTICOS ................................................................... 45
4 O PERFIL DE SOLO ............................................................................................................................. 47
5 DESCRIÇÕES DO PERFIL EM CAMPO ......................................................................................... 49
5.1 DESCRIÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 49
5.2 DESCRIÇÕES ESPECÍFICAS DO PERFIL ................................................................................... 50
5.3 OUTROS ATRIBUTOS DOS HORIZONTES, ANALISADOS EM LABORATÓRIO ............. 53
6 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE SOLOS ................................................................................... 54
sumário
VIII
6.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DO MUNDO ............................................................................ 54
6.2 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DO BRASIL ............................................................................. 56
6.2.1 Horizontes diagnósticos ........................................................................................................ 57
6.2.2 Tipos de Solos do Brasil ........................................................................................................ 59
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 62
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 64
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 66
UNIDADE 2 – A PALEOBIOGEOGRAFIA, EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO 
 DOS SERES VIVOS ..................................................................................................... 67
TÓPICO 1 – A PALEOBIOGEOGRAFIA ............................................................................................ 69
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 69
2 O ESTUDO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A SUA IMPLICAÇÃO
 NA BIOGEOGRAFIA .......................................................................................................................... 69
3 ELEMENTOS DE APOIO PARA A RECONSTITUIÇÃO DE ÉPOCAS PASSADAS ............. 71
3.1 PALEOSSOLOS E SEDIMENTOS ................................................................................................. 72
3.2 ANÁLISE POLÍNICA OU PALINOLOGIA ................................................................................. 72
3.3 DATAÇÃO RADIOMÉTRICA ...................................................................................................... 73
3.4 PALEONTOLOGIA ......................................................................................................................... 73
3.5 DENDROCRONOLOGIA .............................................................................................................. 74
3.6 VARVES EM VARVITOS ................................................................................................................ 74
3.7 REFÚGIOS FLORESTAIS ................................................................................................................ 74
3.8 PALEOMAGNETISMO .................................................................................................................. 74
3.9 FÓSSEIS VIVOS ............................................................................................................................... 74
4 A DERIVA CONTINENTAL E O SEU SIGNIFICADO BIOGEOGRÁFICO ........................... 75
5 BREVE DESCRIÇÃO DA EVOLUÇÃOBIOGEOGRÁFICA NAS ERAS GEOLÓGICAS .... 76
5.1 O ARQUENO ................................................................................................................................... 76
5.2 PROTEROZOICO OU PRÉ-CAMBRIANO ................................................................................ 77
5.3 A ERA PALEOZOICA ..................................................................................................................... 79
5.3.1 Cambriano ............................................................................................................................... 79
5.3.2 Ordoviciano ............................................................................................................................ 80
5.3.3 Siluriano .................................................................................................................................. 81
5.3.4 Devoniano ............................................................................................................................... 82
5.3.5 Carbonífero ............................................................................................................................. 85
5.3.6 Permiano ................................................................................................................................. 87
5.4 A ERA MESOZOICA ....................................................................................................................... 89
5.4.1 Triássico ................................................................................................................................... 90
5.4.2 Jurássico ................................................................................................................................... 92
5.4.3 Cretáceo ................................................................................................................................... 94
5.5 A ERA CENOZOICA ...................................................................................................................... 98
5.5.1 Terciário ................................................................................................................................... 98
5.5.2 Paleoceno ................................................................................................................................ 98
5.5.3 Eoceno ..................................................................................................................................... 98
5.5.4 Oligoceno ................................................................................................................................ 99
5.5.5 Mioceno .................................................................................................................................100
5.5.6 Plioceno .................................................................................................................................100
5.5.7 Pleistoceno ............................................................................................................................101
5.5.8 Holoceno ..............................................................................................................................103
RESUMO DO TÓPICO 1 .....................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................107
IX
TÓPICO 2 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS SERES VIVOS .......................................................1091 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109
2 AS PRIMEIRAS IDEIAS SOBRE O APARECIMENTO DA VIDA .........................................109
3 A QUIMIOSSÍNTESE: UMA TEORIA MODERNA SOBRE A ORIGEM DA VIDA ...........114
3.1 A ATMOSFERA PRIMITIVA ........................................................................................................114
3.2 O AMBIENTE NA TERRA PRIMITIVA .....................................................................................115
3.3 SURGE A FOTOSSÍNTESE ...........................................................................................................116
3.4 A TEORIA DA EVOLUÇÃO: O DARWINISMO E O NEODARWINISMO - 
 A SELEÇÃO NATURAL E A ORIGEM DAS ESPÉCIES ..........................................................117
3.5 O DARWINISMO, O NEODARWINISMO E AS IDEIAS MODERNAS 
 DA EVOLUÇÃO ............................................................................................................................118
3.6 A ADAPTAÇÃO ............................................................................................................................120
3.7 O ISOLAMENTO GENÉTICO E GEOGRÁFICO .....................................................................123
RESUMO DO TÓPICO 2 .....................................................................................................................126
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
TÓPICO 3 – A DISTRIBUIÇÃO DOS SERES VIVOS ...................................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES ........................................................................131
3 AS FORMAS DE DISPERSÃO DAS ESPÉCIES ...........................................................................134
4 ESPÉCIES EXÓTICAS OU ESTRANGEIRAS .............................................................................138
5 OS MOVIMENTOS DOS SERES VIVOS .....................................................................................140
6 AS INTERAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS .............................................................................141
7 O RELEVO COMO BARREIRA OU PONTE BIOGEOGRÁFICA ...........................................145
8 POPULAÇÕES ISOLADAS: A TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS ..........................146
9 A TEORIA DOS REFÚGIOS ...........................................................................................................148
10 CICLOS CLIMÁTICOS, PALEOCLIMAS E OS REFÚGIOS ...................................................151
11 A TEORIA DOS REFÚGIOS E A ESPECIAÇÃO. OS CENTROS DE ORIGEM, 
 DE DISPERSÃO E DE DIVERSIFICAÇÃO ................................................................................153
12 REFÚGIOS BRASILEIROS ATUAIS ............................................................................................155
13 IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DOS REFÚGIOS ATUAIS ........................................157
RESUMO DO TÓPICO 3 .....................................................................................................................160
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
UNIDADE 3 – TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS, BIOMAS E A AÇÃO DO HOMEM ...163
TÓPICO 1 – OS REINOS BIOGEOGRÁFICOS E OS BIOMAS ..................................................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 TERRITÓRIOS BIOGEOGRÁFICOS ............................................................................................165
2.1 REINO HOLÁRTICO ....................................................................................................................170
2.2 REINO PALEOTROPICAL ...........................................................................................................170
2.3 REINO AUSTRALIANO ...............................................................................................................171
2.4 REINO ARQUINÓTICO ..............................................................................................................176
2.5 REINO NEOTROPICAL ...............................................................................................................182
3 OS BIOMAS .........................................................................................................................................185
3.1 BIOMA DE TUNDRA ..................................................................................................................185
3.2 BIOMA DE TAIGA - FLORESTA BOREAL DE CONÍFERAS ...............................................189
3.3 FLORESTA TEMPERADA SEMIDECÍDUA OU MISTA .........................................................195
3.4 BIOMA DE ESTEPES, PRADARIAS OU CAMPOS .................................................................198
3.5 BIOMA DE DESERTOS E SEMIDESERTOS .............................................................................201
3.6 VEGETAÇÃO MEDITERRÂNEA .............................................................................................208
3.7 BIOMA DE SAVANAS ..................................................................................................................211
X
3.8 BIOMA DE FLORESTAS PLUVIAIS EQUATORIAIS .............................................................215
RESUMO DO TÓPICO 1 .....................................................................................................................221
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................224
TÓPICO 2 – AS PAISAGENS FITOGEOGRÁFICAS DO REINO NEOTROPICAL ...............227
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................227
2 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS .................................................................227
2.1 DOMÍNIO DOS CHAPADÕES TROPICAIS COM DUAS ESTAÇÕES, 
 RECOBERTOS POR CERRADOS E COM FLORESTAS-GALERIA .......................................228
2.2 DOMÍNIO DAS REGIÕES SERRANAS TROPICAIS ÚMIDAS OU DOS 
 "MARES DE MORROS", RECOBERTOS POR FLORESTAS PLUVIAIS ................................231
2.3 DOMÍNIO DAS DEPRESSÕES INTERMONTANAS SEMIÁRIDAS, COM INSELBERGS
 E DRENAGEM INTERMITENTE E RECOBERTAS POR CAATINGAS ...............................235
2.4 DOMÍNIO DAS TERRAS BAIXAS EQUATORIAIS, EXTENSIVAMENTE 
 FLORESTADAS DA AMAZÔNIA ..............................................................................................237
2.5 DOMÍNIO DOS PLANALTOS DAS ARAUCÁRIAS ..............................................................240
2.6 DOMÍNIO DAS PRADARIAS MISTAS DO SUDESTE DO RIO GRANDE DO SUL .........243
RESUMO DO TÓPICO 2 .....................................................................................................................247
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................250
TÓPICO 3 – DINÂMICA DA VEGETAÇÃO: SUCESSÃO E CLÍMAX ......................................253
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................253
2 A COMUNIDADE VEGETAL E COMUNIDADES VEGETAIS .............................................254
3 ESTRUTURA DAS COMUNIDADES ...........................................................................................2584 O DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE. SUCESSÃO, CLÍMAX
 E HIERARQUIA DAS COMUNIDADES .....................................................................................261
RESUMO DO TÓPICO 3 .....................................................................................................................270
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................272
TÓPICO 4 – A SOCIEDADE HUMANA...........................................................................................275
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................275
2 O IMPACTO DA SOCIEDADE NOS SISTEMAS NATURAIS ................................................276
3 MODIFICAÇÕES NOS ECOSSISTEMAS E NOS GEOSSISTEMAS .....................................280
4 A GEOGRAFIA MÉDICA .................................................................................................................286
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................290
RESUMO DO TÓPICO 4 .....................................................................................................................292
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................294
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................295
1
UNIDADE 1
A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O 
CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Ao final desta unidade você será capaz de:
• compreender os fundamentos históricos, conceituais e metodológicos da 
Biogeografia;
• identificar a posição da Biogeografia na ciência geográfica, bem como o 
funcionamento dos ecossistemas e geossistemas;
• entender o funcionamento da biosfera e sua dinâmica de sustentação da vida;
• compreender os padrões climáticos e sua relação com as plantas, bem 
como os efeitos do clima sobre os seres vivos;
• conhecer os diferentes tipos de solos, os processos que o originaram e sua 
importância na sustentação da vida.
Esta Unidade está organizada em cinco tópicos, sendo que em cada 
um deles você encontrará atividades para uma maior compreensão das 
informações apresentadas.
TÓPICO 1 – OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
TÓPICO 2 – A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
TÓPICO 3 – A BIOSFERA
TÓPICO 4 – A ATMOSFERA
TÓPICO 5 – O SOLO E OS SERES VIVOS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
A Biogeografia ocupou, durante certo tempo, um lugar secundário 
na Geografia. As primeiras abordagens biogeográficas, desde o século XIX até 
meados do século XX, apoiavam-se na Biologia e na Ecologia.
No entanto, em meados do século XX a Biogeografia firmou-se como 
uma ciência geográfica, porque, ao contrário da Ecologia, que não considera 
o espaço, mas apenas o hábitat, desenvolveu-se uma visão espacial, que 
a integrava definitivamente no seio da Geografia. Com o uso do modelo 
sistêmico, os estudos biogeográficos foram ampliados e pôde-se determinar 
com maior exatidão o campo de estudo biogeográfico dentro de uma 
perspectiva espacial integrada.
A Biogeografia explica a distribuição dos seres vivos no espaço 
organizado. O dinamismo da expansão e distribuição das espécies na biosfera é 
muito complexo e envolve conceitos da Geografia, da Ecologia, da Biologia, da 
Climatologia, da Hidrologia e muitas outras disciplinas, inclusive as ligadas à 
Geografia Humana.
2 OBJETO E OBJETIVOS
O termo Biogeografia causa alguma confusão ainda hoje – é muito 
comum confundir-se Biogeografia com Ecologia – e vice-versa. Camargo (1988, 
p.98) aponta que “[...] muitos trabalhos, apesar de se referirem ou terem por 
tema “Biogeografia”, apresentam uma abordagem completamente diferente 
da dos geógrafos, em função da formação profissional destes cientistas e, 
principalmente, por causa dos objetivos diferentes”. 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
4
Dansereau (1957, p. 323 e 1999, p.128) definiu a Ecologia como “o estudo das 
reações das plantas e animais ao seu ambiente imediato, o seu hábitat (e não à sua 
localização geográfica)”. Em 1966, com base nesta mesma definição, argumentou 
que, “de acordo com este enunciado, a ecologia não chega a abranger o estudo do 
ambiente como um todo, assumindo em suas dimensões últimas o que constituiria 
o domínio da Biogeografia. Esta última integra neste sentido a geografia das plantas 
e animais históricos + bioclimatologia + autoecologia + sinecologia + uso do solo [...]. 
Mas valorizo a distinção entre Ecologia e Biogeografia, e mantenho pelo menos que 
necessitamos desta sólida estrutura conceitual para fazer avançar a ciência ambiental. 
Vejo-me também compelido a enfatizar que a ecologia forma o seu pivô [...]”.
A Biogeografia considera o espaço geográfico organizado para explicar 
as causas e as consequências da distribuição das espécies. Para isso, tem que 
considerar o passado e, com ele, explicar o presente.
O homem é um elemento primordial na distribuição das espécies, papel 
que é, muitas vezes, ignorado por muitos biogeógrafos, que se preocupam 
apenas com os fatores naturais. Não podemos esquecer que o homem sempre 
exerceu participação fundamental na repartição das espécies. Causas naturais e 
antropogênicas se misturam no decorrer do tempo.
Os processos evolutivos são importantes: “[...] o geógrafo precisa saber 
como apareceram e porque se extinguiram as espécies. A distribuição geográfica 
das espécies, assim como a respectiva fisionomia, dependem das condições das 
épocas passadas [...]”. 
O número de indivíduos por espécie também era preocupação de De 
Martone, que afirmava que “[...] Os processos de multiplicação e de dispersão 
[...] são fatores primordiais da distribuição geográfica [...]”. A competição e a 
adaptação ao meio também eram objeto de preocupação de De Martone, porque 
contribuem para a fisionomia das regiões geográficas. De Martone escreveu 
também um capítulo sobre as modificações que o homem impunha à natureza.
As definições modernas da Biogeografia são semelhantes e seguem, em 
geral, a linha de De Martone.
Dansereau (1959) define a Biogeografia como “a ciência que estuda a 
distribuição, a adaptação, a expansão e a associação das plantas e dos animais”. 
Lemée (1967, apud KUHLMANN, 1977) a define como “a ciência da repartição 
dos seres vivos, de suas causas e de suas modificações”. (FURON apud 
KUHLMANN) afirma que a Biogeografia “é a ciência que estuda a repartição 
dos seres vivos na superfície dos continentes e no seio dos oceanos e as causas 
dessa repartição no espaço e no tempo”. Elhai (1968, apud QUINTANILLA, 1981) 
destaca a inter-relação da natureza com o homem e sintetiza o objeto e o objetivo 
da Biogeografia: “A Biogeografia estuda os organismos vivos, as plantas e os 
animais na superfície do globo, na sua repartição, em seu agrupamento e em suas 
relações com outros elementos do mundo físico e humano.” 
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
5
Para Mielke (1988, p.1), a Biogeografia “é o estudo científico dos 
padrões globais dos animais e das plantas”. Margalef (1989, p. 238) compara a 
Biogeografia com a Ecologia e sua definição mostra que ele se preocupa com o 
espaço geográfico, um conceito importante na Geografia, mas que a Ecologia não 
leva em conta: a Biogeografia é “[...] o estudo dos fenômenos biológicos em sua 
manifestação espacial [...]”. 
Troppmair (1989, p.1) defende a Biogeografia como parte integrante da 
Geografia e, pois, “estuda as interações,a organização e os processos espaciais” 
nos quais os seres vivos, inclusive o homem, têm participação fundamental. Por 
isso, ele diz (2006, p.1) que a Biogeografia estuda “as interações, a organização e 
os processos espaciais do presente e do passado, dando ênfase aos seres vivos – 
biocenoses – que habitam determinado local: o biótopo”. 
Cox & Moore (1994, p.1) definem a Biogeografia como “o estudo das 
coisas vivas num contexto espacial e temporal”. 
A ocupação de um biótopo é gradual, segundo a capacidade de adaptação 
e de dispersão das espécies. O tempo é importante, porque muitos fatos e fatores 
mudarão e evoluirão, enquanto as espécies organizam o espaço em que vão viver. 
Margalef (1989, p.235) reconhece que o tempo tem influência nas distribuições 
dos seres vivos do passado, com reflexos nos ecossistemas atuais.
Müeller (1976, apud TROPPMAIR, 2006, p.1) delimita os objetivos e o campo 
de atuação da Biogeografia e dá importância ao espaço ocupado pelas espécies: 
Biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, das 
comunidades vivas (biocenoses) e dos ecossistemas nas paisagens, países e 
continentes do mundo. A estrutura, a função, a história e os fatos indicadores 
sobre espaços são o objetivo dos estudos biogeográficos.
Cox & Moore (1994, p.1) enumeram várias questões básicas que os 
biogeógrafos procuram responder: por que há tantos seres vivos? Por que eles se 
encontram distribuídos segundo os padrões atuais? Ocuparam eles, no passado, 
os mesmos padrões de distribuição de hoje? As atividades humanas alteram esses 
padrões e, se os alteram, o que acontecerá no futuro?
A tarefa do biogeógrafo é buscar respostas para essas indagações e 
procurar regras gerais que as expliquem e, dessa forma, construir uma rede de 
conhecimentos que possa ser usada em predições para o futuro das espécies, 
incluindo a humana.
A Geografia é antropocêntrica. O homem pode desequilibrar algumas 
variáveis do meio físico e acelerar e desequilibrar esses mecanismos e, pois, 
transformar a organização espacial. Por esta razão, Cox & Moore (1994, p. 1) 
afirmam que “[...] seria irreal fazer uma síntese da Biogeografia sem considerar o 
impacto causado pela espécie humana”. E Quintanilla (1981) confere fundamental 
importância à atuação do homem como modificador do meio natural. 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
6
Dansereau (1999, p. 37), comentou seu livro de 1957 (ver bibliografia) e 
disse que “Na verdade, meu esforço só chegaria a ser superado muito tempo 
depois, na medida em que ‘Biogeography’ permaneceu como sendo o único tratado 
geral de ecologia onde a dimensão humana era colocada em destaque” (p. 37). 
Ele foi um dos primeiros ecólogos a tentar construir uma ponte entre Ecologia e 
Biogeografia, ao enfocar a participação humana no meio natural. 
Dansereau mostrou que a Biogeografia busca auxílio em muitas outras 
ciências, tal qual faz a própria Geografia. Ele chamou essas disciplinas auxiliares 
de níveis de integração: “Os planos da Biogeografia representam, então, as várias 
limitações que o meio impõe sucessivamente aos seres vivos no tempo e no 
espaço”. (1999, p. 70).
Contudo, o pilar principal da Biogeografia é a Geografia, onde se tem a 
base do estudo representada pela noção de espaço, de organização espacial. A 
distribuição dos seres vivos se faz no espaço geográfico e altera, com a dinâmica, 
a organização espacial. 
As disciplinas auxiliares da Biogeografia – Climatologia, Geologia, 
Pedologia, Fisiologia, Etologia, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Ecologia, 
Biologia, Química, Física, Botânica, Zoologia, Paleontologia, Matemática, 
Estatística, Bioquímica e tantas outras – são integradas sob um único ponto de 
vista – o geossistema, que, de acordo com Monteiro (1994), é o “elemento de 
integração da síntese geográfica”.
Os estudos geográficos e biogeográficos integram-se nos pontos de vista do 
geossistema e do ecossistema, embora sejam conceitos diferentes, que não devem 
ser confundidos. Orellana (1985, p.130) explica: “[...] no ecossistema a ênfase é 
toda para o componente vivo (biocenose) e o físico é acessório e muito variável 
[...]. No geossistema o elemento básico para a classificação é o espaço e tudo o que 
nele está contido em integração funcional”. O geossistema é a integração do meio 
físico, que constitui a sua base, com o meio biótico, que vive nele.
O tempo é importante na Biogeografia. Ele tem duas escalas diferentes 
– a escala do homem e a escala dos tempos geológicos. Gould (1991) chama esta 
última de tempo profundo, para definir um tempo difícil de ser assimilado na 
escala cronológica.
Conhecer a distribuição atual das espécies implica no estudo da sua evolução. 
Não apenas situar as espécies em uma determinada época geológica, mas, sobretudo, 
compreender o papel delas nos biótopos pretéritos. Da mesma forma, entender como 
as espécies atuais derivaram das suas ancestrais e que participações elas têm, hoje, 
nos biótopos. Então, a noção de tempo volta-se para outro ponto de vista – quanto 
tempo ainda viverão as espécies atuais que se encontram em estado de extinção? 
Quanto tempo levará para que essas espécies, ao invés de se extinguirem, se adaptem 
às transformações dos biótopos? São perguntas feitas por Cox & Moore (1994, p. 2) 
para as quais os biogeógrafos precisam encontrar a resposta.
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
7
As populações e comunidades são outro rico campo de estudo da 
Biogeografia. A complexa rede de inter-relacionamento dos seres vivos nas 
comunidades pode permitir a coexistência de espécies diferentes no mesmo 
biótopo, selecionando as bem adaptadas, mas também pode eliminar populações 
pouco adaptadas.
A espécie humana tem muita flexibilidade de se adaptar às mudanças 
ambientais, tanto por sua própria capacidade fisiológica, quanto por dispor 
de técnicas.
O meio abiótico exerce enorme influência nas espécies, inclusive a humana. 
Os fatores físicos possuem uma dinâmica complexa, mas previsível, que se dá em 
ciclos – os ciclos biogeoquímicos.
A noção de ecossistema é capital para a Geografia. Entretanto, o 
ecossistema não tem escala. Mas isto não impede que possa ser abordado 
convenientemente pelos estudos geográficos. No entanto, deve-se tomar o devido 
cuidado, exatamente pela falta da escala. 
As diferenças entre o ecossistema e o geossistema começam aqui – a 
escala. O ecossistema não é um lugar físico na natureza, mas, sim, um conjunto de 
relações ecológicas, que não pode ser mapeado, porque não tem dimensão espacial, 
muito embora essas relações de deem no espaço geográfico. O geossistema tem 
dimensão e pode ser representado cartograficamente. 
As relações dos organismos com o meio em que vivem e com os outros seres 
vivos se dão no campo sociológico e biológico, daí, a dificuldade de mapeá-las. 
Consideremos, por exemplo, a polinização das flores por pássaros, insetos ou pelo 
vento. O mecanismo da polinização é biológico, mas também implica num aspecto 
geográfico – graças a ele, a planta pode se expandir e ocupar o espaço geográfico. A 
polinização não pode ser mapeada, mas seus resultados podem ser colocados em 
tabelas e gráficos. A expansão da vegetação, por seu lado, pode ser mapeada. Este 
fato evidencia a interligação da Ecologia com a Biogeografia e com a Geografia, o 
que mostra que as noções de ecossistema e de geossistema se completam.
A Biogeografia não estuda apenas a distribuição das espécies, mas, 
também, as interações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, tal 
como se faz na Ecologia. Contudo, com a diferença de que o espaço organizado 
tem que ser levado em conta, o que representa o estudo da organização do espaço, 
em que interagem elementos bióticos e abióticos, incluindo o homem.
Quando uma população se estabelece num biótopo provocaráalterações, 
que alterarão a organização espacial do geossistema. É o caso dos cupins (insetos 
da ordem Isoptera), que mudam a paisagem natural do cerrado brasileiro quando 
erigem seus ninhos. O número elevado de cupinzeiros dificulta o uso para 
pastagem e para a agricultura. Na África, os elefantes devastam as florestas de 
acácias, das quais usam apenas a casca para se alimentar. 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
8
O homem é o principal transformador das paisagens. Além das modificações 
que ele introduz nos biótopos e nos ecossistemas, um fato que não desperta muita 
atenção, a proliferação de doenças, é um dos mais importantes efeitos do mau 
planejamento regional. Muitas epidemias, que se julgavam controladas ou até 
erradicadas, voltaram com muita força desde o final do século passado.
A dengue e a febre amarela transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, 
a malária protagonizada pelo mosquito Anopheles darlingi, que introduz o 
protozoário do gênero Plasmodium, o cólera, trazido pelo bacilo Vibrio comma, 
que vive em águas contaminadas por esgotos, são exemplos mais recentes de 
endemias típicas do século XIX e anteriores. A geografia médica presta ao homem 
um inestimável serviço no conhecimento e localização de focos de epidemias.
O estudo das enfermidades tem um vasto campo de pesquisa na Biogeografia. 
Conhecer os hábitos de vetores transmissores de moléstias, saber quais são os seus 
predadores, por exemplo, é um decisivo passo para combatê-los. 
A organização do espaço não se refere apenas à estrutura visível 
da paisagem do geossistema. As microformas, quase invisíveis e pouco 
observadas, são um importante componente da organização do espaço. Restos 
de comida, simples farelos de pão, por exemplo, esquecidos no canto da sala 
e que nos passam despercebidos, são excelentes fontes de alimentos para uma 
população inteira de baratas. As simpáticas lagartixas, que habitam os cantos 
invisíveis das casas, são um grande e útil predador de baratas e mosquitos. 
A organização do espaço doméstico é fortemente influenciada pelos insetos e 
outros animais, como os ratos.
A organização do espaço tem uma vertente natural – não é só o homem 
que cria a paisagem. Há fatores físicos que interferem na distribuição das 
espécies e na organização do espaço. Por exemplo, nas altas montanhas, a 
distribuição das plantas está diretamente ligada às faixas de temperatura. 
Podemos observar isso nas serras de Santa Catarina, que não são tão altas, mas 
que mostram essa distribuição claramente. Outro exemplo é a distribuição das 
temperaturas segundo as latitudes. 
Em Santa Catarina, podemos ver uma clara distribuição natural da 
vegetação – a floresta ombrófila densa no litoral e nos morros e serras litorâneas, 
a floresta de araucária e os campos no planalto, com as suas respectivas 
particularidades. O homem não intervém nessa repartição.
Há incontáveis maneiras de estudar a Biogeografia, tanto em excursões 
programadas nos cursos de Geografia e Ecologia, como um simples passeio num 
jardim e em um quintal. Os jardins e os quintais apresentam uma organização 
social e espacial muitíssimo variada e, por isto, são excelentes locais para se 
observar pequenos animais e insetos nas relações que travam entre si e com o 
ambiente. As comunidades dos jardins e quintais dependem integralmente do 
arranjo dos elementos componentes. 
TÓPICO 1 | OBJETO, OBJETIVOS E CONCEITO DA BIOGEOGRAFIA
9
A sombra de um arbusto, por exemplo, abriga seres vivos que preferem 
locais frescos e com alguma umidade, desde pequenos insetos, como aranhas, e 
animais, como minhocas, lesmas e centopeias, e plantas, como os musgos. Durrel 
(1989, p. 31) explora o ambiente doméstico numa observação criteriosa e assinala: 
“um quintal é um bom lugar para se estudar a história das plantas, uma vez 
que estamos, por assim dizer, ‘in situ’ e podemos observar as suas condições 
de crescimento, a forma como florescem e dão sementes e quais os animais que 
as ajudam ou prejudicam”. Quanto menos perturbação sofreu esse quintal ou 
jardim, maior será a diversidade de seres vivos nele abrigada.
As populações em um quintal mudam com as horas do dia, porque 
cada ser vivo tem o seu próprio relógio biológico, que interfere no seu 
comportamento. Há espécies que preferem as horas mais frescas da manhã e 
da tarde, outras aparecem no final da tarde e outras, ainda, só vêm à noite. Nas 
horas mais quentes, os indivíduos, normalmente, permanecem em repouso a 
fim de resguardar a energia. Nisso inclui-se o homem, com a sua tradicional 
sesta após o almoço. No interior das residências também podemos encontrar 
padrões biogeográficos bem distintos.
A busca do conhecimento em Biogeografia passa indubitavelmente 
pela observação in situ das inter-relações entre os seres vivos e destes com o 
ambiente: “a observação do ambiente natural faz parte do cotidiano do ser 
humano, de forma mais ou menos consciente. Todavia, no contexto acadêmico, 
esta operação deve ser cada vez melhor registrada, organizada e sistematizada” 
(BELTRAME, 1999, p. 519).
A Biogeografia é dividida em dois ramos: a Fitogeografia, que estuda 
a distribuição espacial e as formas de dispersão das plantas na biosfera; e a 
Zoogeografia, que analisa as formas de distribuição e dispersão dos animais. 
Esse estudo deveria ser integrado, mas a complexidade dos dois campos 
e a preferência do biogeógrafo por um ou outro direcionam as pesquisas, o que 
não invalida o outro campo.
No Brasil, de um modo geral, tem-se dispensado mais atenção à 
Fitogeografia. 
Camargo (1993) aponta várias dificuldades por que a Zoogeografia é 
menos estudada: a mobilidade constante dos animais à procura de comida e de 
abrigo, a competição entre as populações e dentro delas, os hábitos específicos 
de cada espécie, como a vida noturna, o pequeno porte dos animais brasileiros 
– com a única exceção da onça. Também podemos juntar aí o pequeno número 
de indivíduos por espécie, o que torna uma floresta, por exemplo, quase vazia, 
sobretudo de mamíferos. 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
10
Não é constante a aproximação do homem de um animal – ou ele foge ou 
está bem escondido. O pesquisador tem que acompanhar durante vários dias as 
pegadas, as fezes e todos os traços deixados pelo animal no hábitat até encontrá-
lo. Há lugares específicos frequentados pelos animais, como locais em que vão 
dessedentar-se em rios. E eles têm períodos próprios para ir a esses lugares, 
geralmente, ao cair da noite.
Por esta razão é importante conhecer pessoas que vivam nas proximidades 
desses biótopos. Elas, de modo geral, têm algum conhecimento dos hábitos dos 
animais. Os lugares mais indicados para se encontrar um animal ou ave são os 
ecótonos, uma faixa de transição entre ecossistemas diferentes – que não deve ser 
confundido com zonas de conflito ou de tensão ecológica, quando uma ou mais 
espécies tentam se impor sobre outras, em clara competição pelo espaço.
O estudo da vegetação é facilitado, porque as plantas são fixas e permitem 
melhor observação, que consiste, principalmente, nas suas relações com o clima, 
o relevo e o solo. (CAMARGO, 1993). 
A Fitogeografia estuda as relações das plantas com os fatores físicos e 
bióticos dos biótopos. A flora é um tema da Botânica, mas não pode ser esquecido 
pela Fitogeografia. O enfoque biogeográfico não é biológico, mas procura 
relacionar as espécies de plantas – e de animais – com o meio em que se encontram.
Finalmente, o objetivo da Biogeografia é estudar a repartição dos seres 
vivos na face da Terra e criar as bases conceituais para que a sua compreensão 
possa conduzir ao conhecimento dos hábitos e do comportamento das espécies, 
permitindo que as pesquisas se estendam até o âmbito da qualidade de vida para 
as outras espéciese, por extensão, para o próprio homem.
11
Neste tópico você estudou que:
• A Biogeografia explica a distribuição dos seres vivos no espaço organizado. O 
dinamismo da expansão e distribuição das espécies na biosfera é muito complexo 
e envolve conceitos da Geografia, da Ecologia, da Biologia, da Climatologia, da 
Hidrologia e muitas outras disciplinas, inclusive as ligadas à Geografia Humana.
• A Biogeografia considera o espaço geográfico organizado para explicar as causas 
e as consequências da distribuição das espécies. Para isso, tem que considerar o 
passado e, com ele, explicar o presente.
• Para Mielke (1988, p. 1), a Biogeografia “é o estudo científico dos padrões globais 
dos animais e das plantas”.
• A Biogeografia estuda “as interações, a organização e os processos espaciais do 
presente e do passado, dando ênfase aos seres vivos – biocenoses – que habitam 
determinado local: o biótopo”.
• A Biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, das 
comunidades vivas (biocenoses) e dos ecossistemas nas paisagens, países e 
continentes do mundo. A estrutura, a função, a história e os fatos indicadores 
sobre espaços são o objetivo dos estudos biogeográficos.
• A tarefa do biogeógrafo é buscar respostas para essas indagações e procurar regras 
gerais que as expliquem e, dessa forma, construir uma rede de conhecimentos que 
possa ser usada em predições para o futuro das espécies, incluindo a humana.
• O tempo é importante na Biogeografia. Ele tem duas escalas diferentes – a escala 
do homem e a escala dos tempos geológicos
• Conhecer a distribuição atual das espécies implica no estudo da sua evolução. 
Não apenas situar as espécies em uma determinada época geológica, mas, 
sobretudo, compreender o papel delas nos biótopos pretéritos.
• As diferenças entre o ecossistema e o geossistema começam aqui – a escala. O 
ecossistema não é um lugar físico na natureza, mas, sim, um conjunto de relações 
ecológicas, que não pode ser mapeada, porque não tem dimensão espacial, 
muito embora essas relações se deem no espaço geográfico. O geossistema tem 
dimensão e pode ser representado cartograficamente. 
RESUMO DO TÓPICO 1
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• A Biogeografia é dividida em dois ramos: a Fitogeografia, que estuda a distribuição 
espacial e as formas de dispersão das plantas na biosfera; e a Zoogeografia, que 
analisa as formas de distribuição e dispersão dos animais.
• O enfoque biogeográfico não é biológico, mas procura relacionar as espécies de 
plantas – e de animais – com o meio em que se encontram.
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1 O que estuda a biogeografia e quais os dois principais ramos em que ela 
se divide? 
2 Acerca do objeto, objetivo e conceito da Biogeografia, coloque V para as 
afirmativas verdadeiras e F para as falsas e em seguida assinale a alternativa 
que apresenta a sequência correta.
( ) As primeiras abordagens biogeográficas, desde o século XIX até cerca de 
meados do século XX, apoiavam-se na Biologia e na Ecologia.
( ) A Biogeografia considera o espaço geográfico organizado para explicar as 
causas e as consequências da distribuição das espécies. Para isso, tem que 
considerar o passado e, com ele, explicar o presente.
( ) A Biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, das 
comunidades vivas (biocenoses) e dos ecossistemas nas paisagens, países 
e continentes do mundo. A estrutura, a função, a história e os fatos 
indicadores sobre espaços são o objetivo dos estudos biogeográficos.
( ) A Biogeografia não estuda apenas a distribuição das espécies, mas, 
também, as interações dos seres vivos entre si e com o meio em que vivem, 
tal como se faz na Ecologia.
( ) A Biogeografia é dividida em dois ramos: a Fitogeografia, que estuda a 
distribuição espacial e as formas de dispersão das plantas na biosfera; e a 
Zoogeografia, que analisa as formas de distribuição e dispersão dos animais. 
A sequência CORRETA é:
a) ( ) V – V – V – V – V. 
b) ( ) F – V – F – V – V.
c) ( ) V – F – V – V – F.
d) ( ) V – V – V – F – V.
AUTOATIVIDADE
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TÓPICO 2
A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico estudaremos assuntos relacionados ao ecossistema e ao 
geossistema.
2 ECOSSISTEMA E GEOSSISTEMA
A unidade funcional da biosfera na visão da Ecologia é o ecossistema. 
Na visão geográfica, o espaço acha-se integrado à biosfera e é constituído por 
geossistemas (DUVIGNEAUD, 1980, p. 99; TROPPMAIR, 2002, p.100), formados 
por um mosaico de ecossistemas. 
O termo geobiocenose foi proposto pelo pedólogo russo Soukatchev em 
1947 e é semelhante ao conceito de ecossistema. Subentende uma visão espacial 
do ecossistema, a partir do conceito de paisagem ecológica, expressão criada 
por Berg, em 1931, na Rússia. Berg definiu a paisagem ecológica como “[...] uma 
combinação ou agrupamento de objetos e de fenômenos, em que o relevo, o clima, 
a água, o solo, a cobertura vegetal, a vida animal e, ainda, a atividade humana, se 
combinam num todo harmonioso, repetindo-se de forma típica ao longo de uma 
área territorial”. (DUVIGNEAUD, p. 102).
Troppmair (2002) assevera que as geobiocenoses têm uma componente 
orgânica – os seres vivos – e uma inorgânica – o biótopo, “[...) o elemento espacial, 
suporte da geobiocenose [...]”.
A Ecologia estuda a transferência de matéria e energia no âmbito dos 
ecossistemas e esse movimento cria uma complexa rede de inter-relações. 
A Geografia estuda, por sua vez, a distribuição espacial dos ecossistemas 
no sistema geográfico, ou geossistema. Na verdade, não se pode falar de 
distribuição espacial dos ecossistemas, unicamente, porque eles não têm escala, 
dimensão. Um ecossistema não ocupa lugar no espaço, porque é uma rede de 
inter-relações e não um elemento concreto.
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
16
O homem é um componente da cadeia alimentar do ecossistema. Logo, é 
visto, pela Ecologia, como um produtor e consumidor de energia. Mas sociedade 
humana também é a paisagem geográfica organizada e cria paisagens diferentes.
A cultura é um elemento do desenvolvimento cultural, transmitida 
coletivamente e própria da sociedade humana. É ela que diferencia o homem dos 
demais animais. Para Drew (1994, p.1), “a tradição cultural tem desempenhado 
o seu papel na determinação do comportamento das pessoas em relação ao 
ambiente”. Sem dúvida, é um elemento indispensável na análise da dimensão 
antropocêntrica de um geossistema.
É o homem um componente biótico da cadeia alimentar ou é um 
componente à parte, situado fora do geossistema, mas que o altera? Ou poderá 
ser os dois, simultaneamente? Essas dúvidas foram levantadas na década de 1950 
e, até agora, a Geografia não encontrou uma resposta.
Inicialmente, os estudos biogeográficos foram realizados por biólogos 
– e muitos ainda o são. Mas a Ecologia não estuda a distribuição das espécies, 
mas, apenas, a sua localização, situando-as nos diversos biomas. A Geografia tem 
outra concepção – ela considera a constituição do espaço geográfico, uma vez que 
introduz um componente espacial, que foge aos conceitos ecológicos. (SCHÄFER, 
1984 p. 37; CAMARGO, 1993). 
O ecossistema é a componente biológica do geossistema – que é físico. 
Troppmair (1984, apud CAMARGO, 1993) justifica o estudo dos ecossistemas na 
Geografia "[...] estudando a distribuição, a estrutura e a organização espacial dos 
compoentes bióticos e abióticos. Desse ponto de vista, o ecossistema passa a ser 
um subsistema do geossistema, pois a distribuição e a organização espacial dos 
diferentes ecossistemas, seja na forma, função e estrutura, compõem um mosaico 
que é a própria ‘paisagem’, objeto de pesquisa geográfica”. 
3 O ENFOQUE SISTÊMICO
O objetivo deste tópico é servir como um ponto de partida e apoio para 
a compreensão dos processos e mecanismosintegrados, que se verificam na 
biosfera e que nortearão a linha filosófica do Caderno de Estudos.
A organização espacial dos sistemas naturais e humanos depende 
fundamentalmente da importação e da exportação da energia e da matéria. A 
organização espacial dos geossistemas é fruto dessa importação e exportação de 
energia e matéria. Ela compõe a paisagem geográfica organizada, integrada.
TÓPICO 2 | A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
17
Os estudos da paisagem não são recentes na Geografia. Alexandre von 
Humboldt (1769-1859) e Karl Ritter (1779-1859) afirmavam que o homem e a natureza 
se completavam. Vidal de La Blache (1845-1918) mostrou a interdependência dos 
fatores físicos e do homem na natureza, cujo fundamento está em Humboldt e Ritter 
(BROECK, 1981 p. 37; CHRISTOFOLETTI, org., 1982, p. 43; Moraes, 1986 p. 61; Müller 
Filho, 1988). Para De La Blache, a influência mútua homem-natureza constitui “[...] 
um todo integrado, interagente e interdependente [...], (MÜLLER FILHO, 1988, p. 
1-21). Dessa forma, de La Blache criou as bases do possibilismo geográfico. 
Contudo, na concepção de La Blache, os fatores físicos sobressaíam-se aos 
humanos e deveriam ser tratados em primeiro lugar. Só depois de analisados fatores 
físicos, os humanos seriam incluídos, porque entravam para alterar o quadro físico. 
Por isto, ele separava os aspectos naturais e humanos em dois blocos distintos e 
fechados, que não se comunicavam. Mas, na sua visão, o papel da geografia não era 
estático. A ideia de La Blache era uma sobreposição de fatos e não de integração.
O final da Segunda Guerra Mundial foi um novo renascimento para 
a humanidade. As relações da sociedade com a natureza tornaram-se mais 
complexas e se davam com extrema rapidez. A Geografia Regional de La Blache 
não conseguia acompanhar as mudanças. 
As pesquisas integradas na Geografia foram primeiramente elaboradas 
pelo geógrafo alemão Carl Troll (1899-1975). Firmando-se nos conceitos de troca de 
energia entre sistemas – a sinergia – que a Ecologia já usava desde a década de 30 – 
e que a Geografia só descobriu em fins dos anos 40 e início dos 50, graças aos seus 
trabalhos, ele mostrou como os elementos se interligavam para obter um resultado.
Ele observara, perto de Munique, Alemanha, que, em algumas pequenas áreas, 
havia apenas uma cobertura vegetal de caráter xerófito, que se destacava por completo 
da vegetação de floresta de clima temperado úmido (Troppmair, 2001). Troll constatou 
que a vegetação xerófita nascera num solo pedregoso de origem glacial trazido pelo 
escoamento da água do degelo na primavera. Levados pelo escoamento e rios, os 
sedimentos foram depositados no sopé dos morros nos arredores de Munique. 
O solo formado era pobre em nutrientes e em água e a vegetação era 
um reflexo dessas condições. Levantou ele, então, a hipótese de que quadros 
semelhantes deveriam ocorrer em outras partes do mundo. Suas viagens pelos 
Andes, África e Ásia confirmaram a sua hipótese. 
Em 1939, Troll concluiu de suas pesquisas que: 
"Toda biocenose está vinculada a condições ambientais e tem 
características que dão origem a um tipo de paisagem [...]" e que "[...] toda 
biocenose bem característica e marcante é um sistema ecológico onde clima, solo, 
água, plantas e animais são funcionalmente interligados, formando um sistema 
maravilhosamente integrado" (in Troppmair, Id.). 
UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
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3.1 O GEOSSISTEMA: A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL 
Os elementos constitutivos da paisagem integrada agrupam-se em 
unidades homogêneas em si mesmas, contudo, heterogêneas em relação ao 
conjunto. Essas unidades recebem inúmeras denominações: geossistemas 
geocomplexos, sistemas geográficos, sistemas naturais territoriais, dentre outras. 
Viktor Sochava (1905-1978) empregou o método sistêmico, desenvolvido pelo 
biólogo austríaco Ludwig von Bartalanffy (1901-1972), para desenvolver o conceito 
de geossistema (Monteiro, 1996). O conceito de geossistema é fundamentalmente 
físico (SOCHAVA,1977; ORELLANA, 1985). A análise de sistemas investiga um 
todo unificado, formado por partes integradas, que se completam. Desta forma, é 
um excelente método para o estudo da paisagem geográfica.
O geossistema é estruturado por processos dinâmicos que lhe conferem 
um estado momentâneo e característico. Os processos que dinamizam os 
geossistemas são de ordem biótica e abiótica e sua ação origina arranjos espaciais 
que “[...] formam um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico”. 
(TROPPMAIR, 1989, p. 125).
Troppmair (2002, p. 99) define o geossistema como “[...] um espaço que 
se caracteriza pela homogeneidade dos seus componentes, suas estruturas, 
fluxos e relações que, integrados, formam o sistema do ambiente físico e onde há 
exploração biológica.” 
Sochava define como “[...] sistemas naturais, de nível local, regional ou 
global, nos quais o substrato mineral, o solo, as comunidades de seres vivos, a 
água e as massas de ar, particulares às diversas subdivisões da superfície terrestre, 
acham-se interconectadas por trocas de matéria e energia, em um só conjunto”. 
(ROUGERIE; BEROUTCHACHVILI, 1991, p. 59). 
O trabalho de Troll, em Munique, foi feito com observações de campo e 
com fotografias aéreas, em 1928/29 – ele foi pioneiro no uso da fotointerpretação 
(Troppmair). Em 1937 ele apresentou as suas conclusões na Associação de Ciências 
da Terra, na Alemanha, que tiveram enorme repercussão entre os geógrafos, 
geólogos e outros pesquisadores das geociências. Um ano mais tarde ele publicou 
um trabalho intitulado Fotointerpretação e Pesquisa Ecológica, defendendo o uso 
de fotografias aéreas nos trabalhos ecológicos. Nesse trabalho, Troll utilizou pela 
primeira vez o termo Landschaftsoekologie, ou ecologia da paisagem ou, ainda, 
geoecologia (CHRISTOFOLETTI, 1981; KLINK, 1981, TROPPMAIR, 1985).
TÓPICO 2 | A POSIÇÃO DA BIOGEOGRAFIA NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
19
Para Monteiro (1994), o geossistema é uma organização espacial geográfica, 
que forma um conjunto só entre o homem e o meio biótico e abiótico. Por esta razão, 
Monteiro “[...] evita a consideração das relações entre a natureza e sociedade em 
termos de antagonismo entre sistemas oponentes [...] (1994), pois, na sua opinião, o 
geossistema é um “[...] sistema singular, do tipo complexo, evolutivo e cibernético. 
O homem - parte integrante da natureza – [...] deve ser capaz de ser um elemento 
catalisador do jogo de relações e capaz de introduzir circuitos positivos de ‘feed-
back’ regeneradores e autorreguladores do sistema”. (1994). 
O conceito de geossistema não está fechado – ainda se discutem as suas 
implicações na evolução da paisagem e o seu relacionamento com o homem e 
demais variáveis bióticas. Ao considerá-lo um paradigma da Geografia Física, 
Monteiro (1994) afirma que “[...] mais de três decênios (35 anos de 1960 a 1995) 
são passados e a ideia dos ‘geossistemas’ continua em progressão”.
A estrutura, a hierarquia e o funcionamento do geossistema dependem da 
quantidade e da qualidade da energia importada. Os fluxos de energia organizam 
a distribuição das espécies e, desta forma, a expansão dos seres vivos não se dá ao 
acaso. Há fatores muito complexos (que estudaremos mais tarde) que a governam. 
O estudo da organização espacial é um diagnóstico do estado atual do 
geossistema enfocado. A representação cartográfica é essencial na síntese da 
análise geossistêmica, ao integrar dados obtidos nas diversas fontes utilizadas na 
pesquisa. As técnicas de geoprocessamento são essenciais hoje em dia para dar 
suporte à pesquisa.
 A aplicação do modelo geossistêmico, embora fundamental nos estudos 
geográficos e biogeográficos, especialmente, ainda é um grande desafio na 
sua concepção como na sua aplicação. Monteiro (1994) aponta três grandes 
dificuldadesnesta abordagem, mas que devemos vê-las como desafios da 
Geografia atual. São elas:
• incorporação das ações antropogênicas, sugerindo o levantamento de medidas 
de precaução e a apresentação de medidas preventivas das aptidões do 
geossistema em estudo;
• a prática da interdisciplinaridade, “isto é, quando várias disciplinas interagem 
de modo convergente para um propósito superior a todas elas” (p. 90);
● a comunicação visual dos resultados obtidos, que, em geral, requer mais do que 
a representação cartográfica.
Monteiro (1994) salienta ainda que os componentes naturais podem, muitas 
vezes, ser superados pela “antropização” do geossistema, especialmente em áreas 
urbanizadas e industrializadas, o que representa outro desafio para o geógrafo.
20
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
• Na visão geográfica, o espaço acha-se integrado à biosfera e é constituído por 
geossistemas.
• Inicialmente, os estudos biogeográficos foram realizados por biólogos – e 
muitos ainda o são. Mas a Ecologia não estuda a distribuição das espécies, 
apenas a sua localização, situando-as nos diversos biomas.
• A Geografia tem outra concepção – ela considera a constituição do espaço 
geográfico, uma vez que introduz uma componente espacial, que foge aos 
conceitos ecológicos.
• O ecossistema é a componente biológica do geossistema – que é físico.
• O objetivo do enfoque sistêmico é servir como um ponto de partida e apoio 
para a compreensão dos processos e mecanismos integrados, que se verificam 
na biosfera e que nortearão a linha filosófica do Caderno de Estudos.
• Os elementos constitutivos da paisagem integrada agrupam-se em unidades 
homogêneas em si mesmas, contudo, heterogêneas em relação ao conjunto. 
Essas unidades recebem inúmeras denominações: geossistemas geocomplexos, 
sistemas geográficos, sistemas naturais territoriais, dentre outras.
• O geossistema é estrutura por processos dinâmicos que lhe conferem um estado 
momentâneo e característico. Os processos que dinamizam os geossistemas são 
de ordem biótica e abiótica e sua ação origina arranjos espaciais que “[...] formam 
um mosaico que é a própria organização do espaço geográfico” (TROPPMAIR, 
1989, p. 125).
• O geossistema é uma organização espacial geográfica, que forma um conjunto 
só entre o homem e o meio biótico e abiótico.
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1 Caracterize três grandes desafios em estudos geográficos através da 
abordagem geossistêmica. 
 
2 A unidade funcional da biosfera na visão da Ecologia é o ecossistema. Na 
visão geográfica, o espaço acha-se integrado à biosfera e é constituído por 
geossistemas formados por um mosaico de ecossistemas. Diante do exposto 
e com base no estudo realizado neste tópico, analise as afirmativas a seguir.
I. O termo geobiocenose foi proposto pelo pedólogo russo Soukatchev em 1947 
e é semelhante ao conceito de ecossistema.
II. A Ecologia estuda a transferência de matéria e energia no âmbito dos 
ecossistemas e esse movimento cria uma complexa rede de inter-relações. 
III. A Geografia estuda, por sua vez, a distribuição espacial dos ecossistemas 
no sistema geográfico ou geossistema.
IV. Um ecossistema não ocupa lugar no espaço, porque é uma rede de inter-
relações e não um elemento concreto.
V. O homem é um componente da cadeia alimentar do ecossistema. Logo, é 
visto, pela Ecologia, como um produtor e consumidor de energia.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas I, II, III e IV.
b) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas I, III e V.
c) ( ) Estão corretas apenas as afirmativas III e IV.
d) ( ) Todas as afirmativas estão corretas.
AUTOATIVIDADE
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TÓPICO 3
A BIOSFERA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico abordaremos temas referentes à 
Biosfera, como: conceito, limites, fontes de energia, fluxos de energia e nutrientes 
(ciclos biogeoquímicos).
2 CONCEITO E LIMITES DA BIOSFERA
A biosfera é a camada do planeta capaz de ser habitada por organismos. Divide-
se em hidrosfera, troposfera (camada mais inferior da atmosfera) e a parte superior da 
litosfera, compreendendo uma faixa ou camada do globo terrestre que não ultrapassa 
os 20 quilômetros de espessura.
O termo biosfera foi introduzido na ciência em 1875, pelo geólogo 
austríaco Eduard Suess. O russo Vladimir Ivanovitch Vernadsky usou o termo 
numa conferência em 1929 e, desta forma, o conceito de biosfera chegou ao 
Ocidente (Hutchinson, in Scientific American, 1972, p. 3). 
É quase impossível demarcar os limites da biosfera – traçar esses limites é 
desenhar a própria fronteira da vida. 
É muito difícil demarcar os limites da biosfera. Formas simples de vida, como 
esporos e bactérias, vivem a 8 ou 9 quilômetros de altura, camada em que o oxigênio 
é mínimo e a temperatura está por volta de 60º C abaixo de zero. Nos oceanos, a luz 
alcança cerca de 200 metros de profundidade, o que é o limite para as plantas que fazem 
a fotossíntese. Nas fossas submarinas, a mais de 10 quilômetros de profundidade, 
pequenos organismos vivem no limite da sobrevivência. Na superfície dos continentes, 
os desertos quentes e frios, as crateras de vulcões, as fontes termais, onde a água atinge 
temperaturas de 80º C, são lugares em que a vida está no seu limite. Dentre estes 
lugares, estão os picos de montanhas com "neves perpétuas" e lugares muito quentes 
e áridos. O limite do oxigênio é cerca de 6.000 metros de altitude, o que obriga aos 
alpinistas o uso de equipamento especial. Hutchinson (in Scientific American, 1972, p. 
4) chama essas zonas de parabiosféricas.
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UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
3 AS FONTES DE ENERGIA DA BIOSFERA
A principal fonte de energia para a Terra é o Sol. Sua energia calorífica 
e luminosa espalha-se de forma desigual pela superfície, unicamente devido à 
forma globular do planeta. As latitudes e as altitudes criam variações diárias de 
luz e calor e os distribuem de forma irregular na superfície, e isto é uma das 
condições para a expansão das espécies. 
As leis da Termodinâmica dirigem o papel da energia na biosfera. A 
energia não pode ser criada nem destruída, apenas pode ser convertida para outra 
forma – postula a primeira lei, a Lei da Conservação da Energia. Quando uma 
dada quantidade de energia muda de forma, ocorre uma perda da quantidade 
total de energia usada antes, que se dissipa na forma de calor. A segunda lei, a Lei 
da Dissipação da Energia, explica essa perda.
FIGURA 1 – A BIOSFERA E OS SEUS SUBSISTEMAS
Atmosfera
Hidrosfera
AnimaisPlantas
Litosfera
AnimaisPlantas
HidrosferaAtmosfera
FONTE: Os autores
A luz emitida do Sol compõe-se de vários comprimentos de onda, que 
originam o espectro eletromagnético da luz. Isaac Newton (1643-1727) foi o 
primeiro cientista a observar a luz solar decomposta nas suas diversas faixas de 
luz diferentes. Ele chamou as faixas de espectro. Newton mostrou que a luz não 
era formada apenas por luz branca, como se supunha até então.
Ao atravessar a atmosfera, a radiação solar sofre modificações e perde 
considerável parte da quantidade total com que chega ao topo da atmosfera. As 
moléculas e os íons dos gases, as partículas de poeira, o vapor d'água, as nuvens 
são agentes que modificam a energia incidente.
Eis alguns dados sobre a energia solar (TUBELIS & NASCIMENTO, 1984, 
p. 31; AYOADE, 1994, p. 23):
- 56 x 1026 calorias são irradiadas pelo Sol por minuto nas formas seguintes: 
- radiação ultravioleta (comprimento de onda menor que 0,4 µm) - total de 9% 
recebido pela Terra;
TÓPICO 3 | A BIOSFERA
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- radiação visível (de 0,4 a 0,7 µm) - total de 41%;
- radiação infravermelha (maior que 0,7 µm) - total de 50%;
- a Terra intercepta 2,55 x 1018 cal - meio milionésimo do total, mas cerca de 30 mil 
vezesmais energia do que o total anual que a humanidade produz e consome;
- constante solar: total de energia que incide numa superfície de 1 cm2 do topo da 
atmosfera por minuto. Equivale, aproximadamente, a 2cal/cm2/min. A energia solar 
gasta 9,5 minutos para percorrer os 150 milhões de quilômetros entre a Terra e o Sol.
Cerca de 98% da energia incidente se perdem e a biosfera absorve apenas 
2% deste total, conforme explica a Lei da Conservação da Energia.
A energia radiante que chega à superfície da Terra é formada, num 
dia claro, por 45% de luz visível, 45% de infravermelho e 10% de ultravioleta. 
(ODUM, 1985). 
4 OS FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA BIOSFERA: OS 
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
As formas da matéria na biosfera são pouco variadas – gasosa, sólida ou 
líquida. A matéria transita na biosfera em círculos, ao contrário da energia, que tem 
apenas uma direção. O intemperismo é uma das formas de movimento dos materiais. 
O escoamento superficial transporta grandes quantidades de detritos, 
provenientes do desgaste do solo e das rochas, que são depositadas nos vales e 
nos leitos dos rios. É um processo contínuo de exportação e importação de matéria 
pelos geossistemas. A decomposição orgânica gera uma enorme quantidade 
de elementos e compostos químicos, como nitratos, fosfatos, sulfatos, ácidos 
orgânicos e elementos livres, como o enxofre, o carbono etc., que são prontamente 
absorvidos pelas plantas.
Tudo começa com a absorção da energia solar pelas plantas clorofiladas. 
Esse início determina como a energia solar entra na biosfera e sofre modificações 
na sua forma, qualidade e quantidade. Esse trajeto é denominado cadeia trófica e 
tem várias etapas.
Na fotossíntese, as plantas verdes produzem carboidratos, que, mais 
tarde, são usados como fonte de energia para o metabolismo da planta. As plantas 
verdes são chamadas de produtores primários. São autótrofas, porque produzem 
sua própria fonte de energia.
Os herbívoros alimentam-se das plantas – são os consumidores de primeira 
ordem. Os carnívoros alimentam-se dos herbívoros e são os consumidores de 
segunda ordem. Há também os decompositores, micro e macro-organismos, 
que degradam ou mineralizam os restos orgânicos e compõem um importante 
papel na reciclagem dos nutrientes. Todos esses são heterótrofos, isto é, a fonte 
de energia é externa a eles.
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UNIDADE 1 | A BIOGEOGRAFIA, A BIOSFERA, O CLIMA, O SOLO E OS SERES VIVOS
Na fotossíntese, a energia solar ou energia dispersa é transformada em 
matéria ou energia concentrada. A primeira lei da Termodinâmica explica essa 
transformação. É chamada de Lei da Conservação da Energia. Esse processo 
constitui a primeira etapa da fabricação de matéria na biosfera. Por isto é 
denominada de produção primária. Representa a quantidade de tecidos orgânicos 
produzida pelas plantas.
Apenas 2% da energia solar são absorvidos pela biosfera – 98% se perdem. 
O total absorvido, nada mais que 0,1%, é usado na fotossíntese. Não obstante esse 
valor tão baixo, as plantas produzem de 150 bilhões a 200 bilhões de toneladas de 
matéria orgânica seca por ano.
Esse mecanismo complexo representa a única forma de manter a energia 
nos ecossistemas. A transformação de uma forma de energia – energia solar – para 
outra – a matéria ou energia concentrada – implica numa perda ou dissipação da 
energia, que supera 90% do total. Portanto, apenas 10% da matéria produzida 
num nível trófico são usados no nível trófico seguinte.
Os nutrientes minerais têm outro processo. A energia tem um fluxo 
contínuo numa direção apenas – ele não volta sobre si mesmo. Mas os minerais 
circulam livremente na biosfera. Esse movimento circular permite que os 
nutrientes sejam usados várias vezes pelos seres vivos, antes de se dispersarem 
nos sedimentos, na água ou na atmosfera.
Os nutrientes deixam os ecossistemas na forma de biomassa. A dispersão 
da biomassa é feita por três caminhos:
- como matéria orgânica morta, que vai ser degradada pelos decompositores, 
na forma de restos vegetais, e na forma de outros produtos exportados (pólen, 
sementes, gases, líquidos etc.);
- serapilheira, restos vegetais decompostos, que serão transformados em húmus 
pelos saprófagos – isto constitui o ciclo curto; 
- transformação dessa matéria orgânica em nutrientes por fungos e bactérias. 
As plantas reabsorvem os nutrientes e o ciclo é fechado, para recomeçar 
em seguida.
O ciclo longo inclui todos os consumidores (parasitas, herbívoros, 
onívoros e carnívoros). Embora este ciclo seja menos representativo em termos 
de quantidade de matéria orgânica reciclada, os consumidores são considerados 
os reguladores de todo o sistema: “A sobreposição dos circuitos reguladores 
forma as cadeias alimentares. O ciclo longo é formado por uma sucessão dessas 
cadeias, que garantem, apesar das flutuações, o alto grau de estabilidade média 
do ecossistema”.
O fluxo de gás carbônico proveniente dos processos de decomposição da 
serapilheira e do húmus é conhecido como respiração do solo. 
TÓPICO 3 | A BIOSFERA
27
Os ciclos são relativamente estáveis, mas estão sujeitos a flutuações, 
provocadas pela quantidade de matéria que entra no sistema, por pragas, 
moléstias, queimadas, escoamento superficial, nevascas, vendavais etc. Walter 
(1986, p. 9) cita, por exemplo, que o pastoreio moderado em pradarias “[...] 
também estimula o crescimento vegetativo das gramíneas, a ponto de aumentar 
a produção anual total” de biomassa vegetal (fitomassa), incluindo a quantidade 
consumida pelos animais.
A ciclagem dos elementos é a essência do funcionamento do ecossistema. 
Nos ecossistemas terrestres, elementos essenciais circulam nos detritos que 
recobrem o solo. No meio aquático, as fontes de nutrientes são os sedimentos. 
 Odum (1985, p. 27) ilustra bem a importância desta reciclagem, ao 
afirmar que: 
“(...) a degradação da matéria orgânica é um processo longo e 
complexo, controlando várias funções importantes no ecossistema. 
Por exemplo: (1) recicla os nutrientes através da mineralização da 
matéria orgânica morta; (2) (ligação entre íons metálicos e moléculas 
orgânicas) e complexa (ligação metal-carbono) nutrientes minerais; 
(3) recupera nutrientes e energia por ação microbiana; (4) produz 
alimento para uma sequência de organismos na cadeia alimentar de 
detritos; (5) produz metabólitos secundários que podem ser inibidores 
ou estimuladores e que são, muitas vezes, reguladores; (6) modifica os 
materiais inertes da superfície terrestre, produzindo, e.g., o complexo 
característico da terra que é o ‘solo’; e (7) mantém uma atmosfera que 
permita a vida de aeróbios de grande biomassa, como nós.”
A ciclagem dos nutrientes é mais conhecida como ciclos biogeoquímicos, 
porque deles fazem parte tanto componentes bióticos quanto abióticos. Os ciclos 
biogeoquímicos são de dois tipos: ciclos gasosos, cujo reservatório é a atmosfera, 
e ciclos sedimentares, em que a crosta terrestre é o reservatório. 
Os nutrientes variam em quantidades usadas pelos seres vivos. Por 
esta razão, foram classificados em duas categorias: os macronutrientes e os 
micronutrientes. 
Os macronutrientes existem em maior quantidade, porque as plantas os 
usam em grande quantidade. Os micronutrientes são elementos de que as plantas 
têm menor necessidade – embora, igualmente, sejam imprescindíveis – e, por 
isto, ocorrem em menor quantidade na natureza. 
Esses elementos são de origem natural. Contudo, o homem tem 
introduzido nos ciclos elementos artificiais ou não, que não fazem parte da 
matéria orgânica, que Odum denomina elementos não essenciais (1985, p.132). 
Esses elementos provêm de indústrias, da mineração, da agricultura e contêm 
concentrações mais ou menos elevadas de metais e compostos orgânicos tóxicos 
e, sobretudo, elementos radioativos. 
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