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MED101 - LOCOMOTOR CRÂNIO O crânio é o esqueleto da cabeça. Uma série de 22 ossos, sem contar os ossículos da orelha, forma suas duas partes: neurocrânio e viscerocrânio. Funções principais: proteção e estabilização do encéfalo; fixação e estabilização de vasos, nervos, músculos; proteção e suporte dos órgãos dos sentidos (e equilíbrio). NEUROCRÂNIO: É a caixa óssea do encéfalo e das meninges. Também contém as partes proximais dos nervos cranianos e a vasculatura do encéfalo. Em adultos, é formado por uma série de oito ossos: quatro ossos ímpares centralizados na linha mediana (frontal, etmoide, esfenoide e occipital) e dois pares de ossos bilaterais (temporal e parietal). Tem um teto em forma de cúpula, a calvária, e um assoalho ou base do crânio. - Neurocrânio membranoso: Os ossos que formam a calvária/cúpula/teto do crânio são basicamente planos (frontal, temporal e parietal) e formados por ossificação intramembranosa do mesênquima da cabeça a partir da crista neural, e dos somitos (mesoderma paraxial). Os ossos são separados por suturas (tecido conjuntivo fibroso). Nos recém-nascidos há a existência de fontículos/fontanelas, membranas fibrosas que separam os ossos e permitem o crescimento do crânio (e encéfalo) após o nascimento e a remodelação no parto normal. Os fontículos são: 1. Anterior (encontro das suturas frontal, sagital e coronais – futuro bregma) 2. Posterior (encontro das suturas lambdóidea e sagital – futuro lambda) 3. Posterolateral (esfenoidal) 4. Anterolateral (mastóideo) Até os 18 meses de idade, os ossos adjacentes já se fundiram e o fontículo anterior não é mais palpável ao exame clínico. Ao nascimento, o frontal é dividido em duas metades, cuja união começa no 2º ano. Na maioria dos casos, a sutura frontal se fecha por volta do 8º ano. Entretanto, cerca de 8% das pessoas têm um remanescente da sutura frontal, a sutura metópica. Em um número muito menor de casos, há persistência de toda a sutura. O fontículo posterior começa a se fechar durante os primeiros meses depois do nascimento; e, ao fim do 1º ano, é pequeno e impalpável ao exame clínico. Os fontículos anterolateral e posterolateral, fundem-se durante o primeiro ano de vida e são menos importantes clinicamente, A palpação dos fontículos durante a lactância, sobretudo do anterior e do posterior, permite ao médico determinar: O progresso do crescimento do frontal e dos parietais; O grau de hidratação de um lactente (a depressão do fontículo indica desidratação). O nível de pressão intracraniana (a saliência do fontículo indica aumento da pressão sobre o encéfalo). ALERTA! Neurocrânio Catilaginoso: Os ossos da base do crânio são basicamente irregulares e têm grandes partes planas (esfenoide e temporal) formadas por ossificação endocondral da cartilagem (condrocrânio) ou por mais de um tipo de ossificação. O etmoide é um osso irregular que forma uma parte mediana pequena do neurocrânio, mas faz parte principalmente do viscerocrânio. Os chamados ossos planos e as partes planas dos ossos que formam o neurocrânio são, na verdade, curvos, com faces externas convexas e faces internas côncavas. A maioria dos ossos da calvária é unida por suturas entrelaçadas fibrosas; entretanto, durante a infância, alguns ossos (esfenoide e occipital) são unidos por cartilagem hialina (sincondroses). A medula espinal mantém a continuidade com o encéfalo através do forame magno, uma grande abertura na base do crânio. VISCEROCRÂNIO (esqueleto facial): Compreende os ossos da face que se desenvolvem principalmente no mesênquima dos arcos faríngeos embrionários. Forma a parte anterior do crânio e consiste nos ossos que circundam a boca (maxila e mandíbula), nariz/cavidade nasal, e a maior parte das órbitas (cavidades orbitais). O viscerocrânio é formado por 15 ossos irregulares: três ossos ímpares centralizados ou situados na linha mediana (mandíbula, etmoide e vômer) e seis ossos pares bilaterais (maxilas; conchas nasais inferiores; e zigomáticos, palatinos, ossos nasais e lacrimais). Viscerocrânio cartilaginoso: células derivadas da crista neural; para os Arcos faríngeos, arco mandibular e arco hióide. Viscerocrânio membranoso: derivado do primeiro arco faríngeo; porção escamosa do osso temporal, maxila e osso zigomático; proeminência mandibular - mandíbula. ● Malformações: - Acrania: ausência de abóbada craniana; - Meroanencefalia: formação parcial do encéfalo; - Anencefalia: não há desenvolvimento do encéfalo (incompatível com a vida). - Microcefalia: o desenvolvimento do encéfalo é prejudicado e os ossos acompanham; associada à atrasos neurológicos; causada pelo zica vírus; APLICAÇÃO: Craniossinostose/ cranioestenose: fechamento prematuro das fontanelas. Pode ser: - Escafocefalia: fechamento prematuro da sutura sagital, no qual o fontículo anterior é pequeno ou está ausente, resulta em um crânio longo, estreito e cuneiforme; - Plagiocefalia: fechamento prematuro da sutura coronal ou lambdóidea é unilateral, há torção e assimetria do crânio; - Braquicefalia: fechamento prematuro das suturas coronais; - Trigonocefalia: fechamento prematuro da sutura frontal/metópica; A maxila e a mandíbula abrigam os dentes — isto é, propiciam as cavidades e o osso de sustentação para os dentes maxilares e mandibulares. As maxilas representam a maior parte do esqueleto facial superior, formando o esqueleto da arcada dentária superior, que está fixada à base do crânio. A mandíbula forma o esqueleto da arcada dentária inferior, que é móvel porque se articula com a base do crânio nas articulações temporomandibulares. Vários ossos do crânio (frontal, temporal, esfenoide e etmoide) são ossos pneumáticos, contendo espaços aéreos (células aéreas ou seios maiores), provavelmente para reduzir seu peso. O volume total dos espaços aéreos nesses ossos aumenta com a idade. Esses ossos não são completamente pneumáticos - apenas uma parte. Na posição anatômica, o crânio está orientado de modo que a margem inferior da órbita e a margem superior do poro acústico externo do meato acústico externo de ambos os lados se situam no mesmo plano horizontal. Essa referência craniométrica padrão é o plano orbitomeático (plano horizontal de Frankfort). Obs: Díploe: osso esponjoso da calota craniana. VISTAS/ NORMAS ● Vista frontal do crânio (facial/anterior) Formada pelos ossos frontal e zigomático, órbitas, região nasal, maxila e mandíbula. O osso frontal, especificamente sua escama (parte plana), forma o esqueleto da fronte, articulando-se na porção inferior com o osso nasal e o zigomático. Em alguns adultos pode-se ver a sutura frontal (sutura metópica) persistente ou remanescente, na linha mediana da glabela, a área lisa e ligeiramente deprimida situada entre os arcos superciliares. A sutura frontal divide os ossos frontais do crânio fetal. A interseção dos ossos frontal e nasal é o násio que, na maioria das pessoas, está relacionada a uma área visivelmente deprimida (ponte do nariz). O násio é um dos muitos pontos craniométricos radiológicos usados pela medicina. O osso frontal também se articula com o lacrimal, etmoide e esfenoide; uma parte horizontal do osso (parte orbital) forma o teto da órbita e uma porção do assoalho da parte anterior da cavidade do crânio. Em alguns crânios, a margem supra orbital do osso frontal, o limite angular entre a escama e a parte orbital, tem um forame ou incisura supraorbital que dá passagem ao nervo e aos vasos supraorbitais. Logo acima da margem supraorbital há uma crista, o arco superciliar, que se estende lateralmente de cada lado da glabela. Em geral, essa crista, situada profundamente aos supercílios, é mais proeminente nos homens. Os zigomáticos (ossos da bochecha, malares), que formam as proeminências das bochechas, situam-se nas paredes inferior e lateral das órbitas, apoiados sobre as maxilas. Anteriormente eram chamados de malares, por isso, uma condição clínica ainda é chamada de rubor malar. As margens anterolaterais, as paredes, o assoalho e grande parte das margens infraorbitais das órbitassão formados por esses ossos quadriláteros. Um pequeno forame zigomaticofacial perfura a face lateral de cada osso. Os zigomáticos articulam-se com o frontal, o esfenóide, o temporal e a maxila. Inferiormente aos ossos nasais está a abertura piriforme, a abertura nasal anterior no crânio. O septo nasal ósseo pode ser observado através dessa abertura, dividindo a cavidade nasal em partes direita e esquerda. Na parede lateral de cada cavidade nasal há lâminas ósseas curvas, as conchas nasais. As conchas nasais inferiores têm como função a filtragem do ar, enquanto a concha nasal superior se relaciona ao olfato. As maxilas formam o esqueleto do arco dental superior; seus processos alveolares incluem as cavidades (alvéolos) dos dentes e constituem o osso que sustenta os dentes maxilares. As duas maxilas são unidas pela sutura intermaxilar no plano mediano. As maxilas circundam a maior parte da abertura piriforme e formam as margens infraorbitais medialmente. Elas têm uma ampla conexão com os zigomáticos lateralmente e um forame infraorbital, inferior a cada órbita, que dá passagem ao nervo e aos vasos infraorbitais. Também possui um seio maxilar. A mandíbula é um osso móvel em formato de U que tem um processo alveolar que sustenta os dentes mandibulares. Consiste em uma parte horizontal, o corpo, e uma parte vertical, o ramo. Inferiormente aos segundos dentes pré-molares estão os forames mentuais para os nervos e vasos mentuais. A protuberância mentual, que forma a proeminência do queixo, é uma elevação óssea triangular situada em posição inferior à sínfise da mandíbula, a união óssea onde se fundem as metades da mandíbula do lactente. ● Vista lateral do crânio Formada pelo neurocrânio (principais constituintes: fossa temporal, o poro acústico externo do meato acústico externo e o processo mastóide do temporal) e pelo viscerocrânio (que possui como principais constituintes a fossa infratemporal, o arco zigomático e as faces laterais da maxila e mandíbula). Os limites superior e posterior da fossa temporal são as linhas temporais superior e inferior; o limite anterior é representado pelo frontal e pelo zigomático; e o limite inferior é o arco zigomático. A margem superior desse arco corresponde ao limite inferior do hemisfério cerebral. O arco zigomático é formado pela união do processo temporal do zigomático com o processo zigomático do temporal. Na parte anterior da fossa temporal, 3 a 4 cm acima do ponto médio do arco zigomático, há uma área clinicamente importante de junções ósseas: o ptério. Em geral, ele é indicado por suturas que formam um H e unem o frontal, o parietal, o esfenóide (asa maior) e o temporal. Menos comum é a articulação de frontal e temporal; às vezes há um ponto de encontro dos quatro ossos. O poro acústico externo é a entrada do meato acústico externo, que leva à membrana timpânica (tímpano). O processo mastóide do temporal situa-se posteroinferiormente ao poro acústico externo do meato. Anteromedialmente ao processo mastoide há o processo estiloide do temporal, uma projeção fina, pontiaguda, semelhante a uma agulha. A fossa infratemporal é um espaço irregular situado inferior e profundamente ao arco zigomático e à mandíbula e posteriormente à maxila. Obs: processo mastóide do temporal: mastoidite (inflamação - antibióticos e/ou drenagem como tratamento) Obs: temporal: parte escamosa + parte petrosa ● Vista occipital do crânio A vista occipital ou posterior do crânio é formada pelo occipital, partes dos parietais e partes mastóideas dos temporais. Em geral, a protuberância occipital externa é palpada com facilidade no plano mediano, mas, às vezes (sobretudo nas mulheres), é imperceptível. Um ponto craniométrico definido pela extremidade da protuberância externa é o ínio. A crista occipital externa desce da protuberância em direção ao forame magno, a grande abertura na parte basilar do occipital onde passa o tronco encefálico - ligação entre encéfalo e coluna vertebral. A linha nucal superior, que forma o limite superior do pescoço, estende-se lateralmente a partir de cada lado da protuberância; a linha nucal inferior é menos evidente. No centro do occipital, o lambda indica a junção das suturas sagital e lambdóide. Às vezes o lambda é palpado como uma depressão. Pode haver um ou mais ossos suturais (ossos acessórios) no lambda ou perto do processo mastóide. ● Vista superior (vertical) do crânio A vista superior (vertical) do crânio, em geral um pouco oval, alarga-se em sentido posterolateral nas eminências parietais. Em algumas pessoas as eminências frontais também são visíveis, conferindo à calvária uma aparência quase quadrada. A sutura coronal separa o frontal e os parietais, a sutura sagital separa os parietais e a sutura lambdóide separa os parietais e temporais do occipital. O bregma é o ponto de referência craniométrico formado pela interseção das suturas sagital e coronal. O vértice, ponto mais alto da calvária, está perto do ponto médio da sutura sagital. O forame parietal é uma abertura pequena e inconstante localizada na região posterior do parietal, perto da sutura sagital; pode haver dois forames parietais. A maioria dos forames irregulares e muito variáveis encontrados no neurocrânio consiste em forames emissários que dão passagem às veias emissárias, responsáveis pela conexão entre as veias do couro cabeludo e os seios venosos da dura-máter. ● Vista inferior da base do crânio A base do crânio é a parte inferior do neurocrânio (assoalho da cavidade do crânio) e o viscerocrânio, menos a mandíbula. A vista inferior da base do crânio é constituída pelo arco alveolar da maxila (a margem livre dos processos alveolares que circundam e sustentam os dentes maxilares); pelos processos palatinos das maxilas; e pelo palatino, esfenoide, vômer, temporal e occipital. A parte anterior do palato duro (palato ósseo) é formada pelos processos palatinos da maxila e a parte posterior, pelas lâminas horizontais dos palatinos. A margem posterior livre do palato duro projeta-se posteriormente no plano mediano como a espinha nasal posterior. Posteriormente aos dentes incisivos centrais está a fossa incisiva, uma depressão na linha mediana do palato duro na qual se abrem os canais incisivos. Os nervos nasopalatinos direito e esquerdo partem do nariz através de um número variável de canais incisivos e forames (podem ser bilaterais ou fundidos em uma única estrutura). Na região posterolateral estão situados os forames palatinos maior e menor. Superiormente à margem posterior do palato há duas grandes aberturas: os cóanos (aberturas nasais posteriores), separados pelo vômer, um osso plano ímpar trapezóide que constitui uma grande parte do septo nasal ósseo. Encaixado entre o frontal, o temporal e o occipital está o esfenóide, um osso ímpar irregular formado por um corpo e três pares de processos: asas maiores, asas menores e processos pterigóides. As asas maiores e menores do esfenóide estendem-se lateralmente a partir das faces laterais do corpo do osso. As asas maiores têm faces orbital, temporal e infratemporal observadas nas vistas facial, lateral e inferior do exterior do crânio e as faces cerebrais são observadas nas vistas internas da base do crânio. Os processos pterigóides, formados pelas lâminas lateral e medial, estendem-se em sentido inferior, de cada lado do esfenóide, a partir da junção do corpo e das asas maiores. O sulco para a parte cartilaginosa da tuba auditiva situa-se medial à espinha do esfenóide, abaixo da junção da asa maior do esfenóide com a parte petrosa do temporal. As depressões na parte escamosa do temporal, denominadas fossas mandibulares, acomodam os côndilos mandibulares quando a boca está fechada. A parte posterior da base do crânio é formada pelo occipital, que se articula com o esfenóide anteriormente. As quatro partes do occipital são dispostas ao redor do forame magno, o elemento mais visível da base do crânio. As principais estruturas que atravessam esse grande forame são: a medula espinal (onde se torna contínua com o bulbodo encéfalo); as meninges do encéfalo e da medula espinal; as artérias vertebrais; as artérias espinais anteriores e posteriores; e a raiz espinal do nervo acessório (NC XI). Nas partes laterais do occipital há duas grandes protuberâncias, os côndilos occipitais, por intermédio dos quais o crânio articula-se com a coluna vertebral. A grande abertura entre o occipital e a parte petrosa do temporal é o forame jugular, por onde emergem do crânio a veia jugular interna (VJI) e vários nervos cranianos (NC IX ao NC XI). A entrada da artéria carótida interna no canal carótico situa-se imediatamente anterior ao forame jugular. Os processos mastóides são locais de fixação muscular. O forame estilomastóideo, que dá passagem ao nervo facial (NC VII) e à artéria estilomastoidea, situa-se posteriormente à base do processo estilóide. ● Vista superior da base do crânio A face superior da base do crânio tem três grandes depressões situadas em diferentes níveis: as fossas anterior, média e posterior do crânio, que formam o assoalho côncavo da cavidade do crânio. A fossa anterior do crânio está situada no nível mais alto, e a fossa posterior está no nível mais baixo. FOSSA ANTERIOR DO CRÂNIO As partes inferior e anterior dos lobos frontais do encéfalo ocupam a fossa anterior do crânio, a mais superficial das três fossas do crânio. Essa fossa é formada pelo frontal anteriormente, o etmóide no meio, e o corpo e as asas menores do esfenoide posteriormente. A parte maior da fossa é formada pelas partes orbitais do frontal, que sustentam os lobos frontais do encéfalo e formam os tetos das órbitas. Essa superfície tem impressões sinuosas (impressões encefálicas) dos giros (cristas) orbitais dos lobos frontais. A crista frontal é uma extensão óssea mediana do frontal. Em sua base está o forame cego do frontal, que dá passagem a vasos durante o desenvolvimento fetal, mas se torna insignificante depois do nascimento. A crista etmoidal é uma crista óssea mediana e espessa, situada posteriormente ao forame cego, que se projeta superiormente a partir do etmoide. De cada lado dessa crista está a lâmina cribriforme do osso etmoide, semelhante a uma peneira. Seus muitos forames pequenos dão passagem aos nervos olfatórios (NC I), que seguem das áreas olfatórias das cavidades nasais até os bulbos olfatórios do encéfalo, situados sobre essa lâmina. FOSSA MÉDIA DO CRÂNIO A fossa média do crânio, em forma de borboleta, tem uma parte central formada pela sela turca no corpo do esfenoide e grandes partes laterais deprimidas de cada lado. A fossa média do crânio situa-se posteroinferiormente à fossa anterior do crânio, separada dela pelas cristas esfenoidais salientes lateralmente e o limbo esfenoidal no centro. As cristas esfenoidais são formadas principalmente pelas margens posteriores salientes das asas menores dos esfenoides, que se projetam sobre as partes laterais das fossas anteriormente. Os limites mediais das cristas esfenoidais são os processos clinoides anteriores, duas projeções ósseas pontiagudas. Uma crista com proeminência variável, o limbo esfenoidal, é o limite anterior do sulco pré-quiasmático transversal, que se estende entre os canais ópticos direito e esquerdo. Os ossos que formam as partes laterais da fossa são as asas maiores do esfenoide e as partes escamosas dos temporais lateralmente, e as partes petrosas dos temporais posteriormente. As partes laterais da fossa média do crânio sustentam os lobos temporais do encéfalo. O limite entre as fossas média e posterior do crânio é a margem superior da parte petrosa do temporal lateralmente, e uma lâmina plana de osso, o dorso da sela do esfenoide, medialmente. A sela turca é a formação óssea em formato de sela situada sobre a face superior do corpo do esfenoide, que é circundada pelos processos clinoides anteriores e posteriores. Clinoide significa “pé de cama”, e os quatro processos (dois anteriores e dois posteriores) circundam a fossa hipofisial, o “leito” da hipófise, como os quatro pés de uma cama. A sela turca tem três partes: - O tubérculo da sela: uma elevação mediana, que varia de pequena a proeminente e forma o limite posterior do sulco pré-quiasmático e o limite anterior da fossa hipofisial. - A fossa hipofisial: uma depressão mediana no corpo do esfenoide que acomoda a hipófise. - O dorso da sela: uma lâmina quadrada de osso que se projeta superiormente a partir do corpo do esfenoide. Forma o limite posterior da sela turca, e seus ângulos superolaterais proeminentes formam os processos clinoides posteriores. De cada lado do corpo do esfenoide, quatro forames, que formam uma meia-lua, perfuram as raízes das faces cerebrais das asas maiores dos esfenoides Fissura orbital superior: Situada entre as asas maior e menor, abre-se anteriormente para o interior da órbita. Forame redondo: Situado posteriormente à extremidade medial da fissura orbital superior, segue um trajeto horizontal até uma abertura na face anterior da raiz da asa maior do esfenoide para a fossa pterigopalatina, uma estrutura óssea entre o esfenoide, a maxila e os palatinos. Por ele passa o nervo maxilar. Forame oval: Um grande forame posterolateral ao forame redondo; abre-se inferiormente na fossa infratemporal. Por ele passam o nervo mandibular, a artéria meníngea acessória e o nervo petroso menor. Forame espinhoso: Situado posterolateralmente ao forame oval e se abre na fossa infratemporal perto da espinha do esfenoide. Por ele passam a artéria e veia meníngeas médias e o ramo meníngeo do nervo mandibular. O forame lacerado não faz parte da meia-lua de forames. Esse forame irregular situa-se posterolateralmente à fossa hipofisial e é um artefato de um crânio seco. Em vida, é fechado por uma lâmina de cartilagem. Apenas alguns ramos da artéria meníngea e pequenas veias atravessam verticalmente a cartilagem, transpondo este forame. A artéria carótida interna e seus plexos simpático e venoso acompanhantes atravessam a face superior da cartilagem (i. e., passam sobre o forame), e alguns nervos atravessam-na horizontalmente, seguindo até um forame em seu limite inferior. Na face anterossuperior da parte petrosa do temporal há um estreito sulco do nervo petroso maior, que se estende em sentido posterior e lateral a partir do forame lacerado. Também há um pequeno sulco do nervo petroso menor. FOSSA POSTERIOR DO CRÂNIO A fossa posterior do crânio, a maior e mais profunda das três, aloja o cerebelo, a ponte e o bulbo. É formada principalmente pelo occipital, mas o dorso da sela do esfenoide marca seu limite anterior central, e as partes petrosa e mastóidea dos temporais formam as “paredes” anterolaterais. A partir do dorso da sela há uma inclinação acentuada, o clivo, no centro da parte anterior da fossa que leva ao forame magno. Posteriormente a essa grande abertura, a fossa posterior do crânio é parcialmente dividida pela crista occipital interna em grandes impressões côncavas bilaterais, as fossas cerebelares. A crista occipital interna termina na protuberância occipital interna formada em relação à confluência dos seios, uma fusão dos seios venosos durais (discutidos mais adiante). Sulcos largos mostram o trajeto horizontal do seio transverso e do seio sigmóideo em formato de S. Na base da crista petrosa do temporal está o forame jugular, que dá passagem a vários nervos cranianos além do seio sigmóideo que sai do crânio como a veia jugular interna (VJI). Anterossuperiormente ao forame jugular está o meato acústico interno para os nervos facial (NC VII) e vestibulococlear (NC VIII) e a artéria do labirinto. O canal do nervo hipoglosso (NC XII) situa-se superiormente à margem anterolateral do forame magno. Paredes da cavidade do crânio A espessura das paredes da cavidade do crânio varia nas diferentes regiões. Em geral, são mais finas nas mulheres, nas crianças e nos idosos. Os ossos tendem a ser mais finos em áreas bem cobertas por músculos, como a parte escamosa do temporal. As áreas finas de osso podem ser vistas em radiografias ou segurando-se um crânio seco contrauma luz forte. A maioria dos ossos da calvária é formada por lâminas interna e externa de osso compacto, separadas por díploe. A díploe consiste em osso esponjoso, que contém medula óssea vermelha durante a vida, e através dela passam canais formados por veias diploicas. A díploe em uma calvária seca não é vermelha porque a proteína é removida durante o preparo do crânio. A lâmina interna do osso é mais fina do que a externa, e algumas áreas têm apenas uma fina lâmina de osso compacto sem díploe. A substância óssea do crânio é distribuída de modo desigual. Ossos planos e relativamente finos (mas curvos em sua maioria) proporcionam a resistência necessária para manter as cavidades e proteger seu conteúdo. Entretanto, além de abrigar o encéfalo, os ossos do neurocrânio (e os processos que partem dele) são locais de fixação proximal dos fortes músculos da mastigação que se fixam distalmente na mandíbula; logo, grandes forças de tração atravessam a cavidade nasal e as órbitas, situadas entre eles. Assim, partes espessas dos ossos cranianos formam pilares mais fortes ou reforços que conduzem as forças, passando ao largo das órbitas e da cavidade nasal. Os principais são o reforço frontonasal, que se estende da região dos dentes caninos entre as cavidades nasal e orbital até a parte central do frontal, e o reforço arco zigomático – margem orbital lateral, que vai da região dos molares até a parte lateral do frontal e o temporal. Do mesmo modo, reforços occipitais conduzem as forças recebidas lateralmente ao forame magno provenientes da coluna vertebral. Talvez para compensar o osso mais denso necessário nesses reforços, algumas áreas do crânio que não sofrem tanto estresse mecânico são pneumatizadas. APLICAÇÕES: - Lábio leporino: O lábio leporino é uma fissura do lábio superior, normalmente logo abaixo do nariz, causando uma abertura anômala para dentro do nariz. Geralmente ocorre junto com a fenda palatina, uma abertura na parte superior do céu boca. Causas genéticas e ambientais. Tratamento cirúrgico e multiprofissional. - Fraturas da maxila e dos ossos associados: Dr. Léon-Clement Le Fort (cirurgião e ginecologista parisiense, 1829–1893) classificou três tipos comuns de fraturas da maxila: Fratura Le Fort I: uma grande variedade de fraturas horizontais da maxila, que seguem superiormente ao processo alveolar maxilar (i. e., às raízes dos dentes), cruza o septo nasal ósseo e possivelmente as lâminas do processo pterigoide do esfenoide. Fratura Le Fort II: segue das partes posterolaterais dos seios maxilares (cavidades nas maxilas) em sentido superomedial através dos forames infraorbitais, lacrimais ou etmoides até a ponte do nariz. Assim, toda a parte central da face, inclusive o palato duro e os processos alveolares, é separada do restante do crânio Fratura Le Fort III: fratura horizontal que atravessa as fissuras orbitais superiores, o etmoide e os ossos nasais, e segue em direção lateral através das asas maiores do esfenoide e das suturas frontozigomáticas. A fratura concomitante dos arcos zigomáticos separa a maxila e os zigomáticos do restante do crânio. - Traumatismo cranioencefálico: O TCE é uma importante causa de morte e incapacidade. Suas complicações incluem hemorragia, infecção e lesão do encéfalo (p. ex., concussão) e dos nervos cranianos. O comprometimento do nível de consciência é a manifestação mais comum. É responsável por quase 10% das mortes nos Estados Unidos, e cerca de metade das mortes por traumatismo acometem o encéfalo. Os TCE são mais frequentes em jovens, entre 15 e 24 anos. As causas do TCE variam, mas destacam-se os acidentes com automóveis e motocicletas. - Lesão dos arcos superciliares: Os arcos superciliares são cristas ósseas relativamente salientes; logo, um golpe neles (p. ex., durante uma luta de boxe) pode romper a pele e causar sangramento. A contusão da pele ao redor da órbita causa acúmulo de líquido tecidual e sangue no tecido conjuntivo adjacente, que se deposita na pálpebra superior e ao redor do olho (“olho roxo”). - Rubor malar: Antigamente, o zigomático era denominado osso malar; por conta disso, usa-se o termo clínico rubor malar. Esse eritema cutâneo que recobre a proeminência zigomática (eminência malar) está associado à elevação da temperatura que ocorre em algumas doenças, como a tuberculose e o lúpus eritematoso sistêmico (LES). Fontes: MOORE, Anatomia Orientada para a clínica NETTER, Atlas de Anatomia Humana (7 ed.)
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