Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO AO SISTEMA REPRODUTOR, EMBRIOLOGIA E MALFORMAÇÕES • Desenvolvimento embriológico sexual 3 processos sequenciais relacionados: - Estabelecimento do sexo cromossômico na fertilização - Determinação do sexo gonadal (da 5ª a 8ª semana); gônadas indiferenciadas se desenvolvem em ovários ou testículos - Desenvolvimento dos fenótipos sexuais (origem das estruturas caracteristicamente femininas ou masculinas) O processo se completa por volta de 12 semanas nos fetos masculinos (exceto descida do testículo pelo canal inguinal) e um pouco mais tarde no feminino. O sexo cromossômico determina o sexo gonadal, que determina o sexo fenotípico. Se o testículo se desenvolve, e é funcionante, o trato urogenital dará origem a órgãos masculinos. Se um ovário, ou nenhuma gônada se desenvolver, o trato urogenital será feminino. (O QUE DETERMINA CARACTER MASCULINO É O TESTÍCULO) Em torno da 4ª a 6ª semana, ocorre a migração das células germinativas, originadas no endoderma da vesícula vitelina, para próximo das protuberâncias da crista genital (medial ao ducto mesonéfrico - de Wolff) MASCULINO: O cromossomo Y causa o desenvolvimento dos testículos (gene SRY leva a gônada indiferenciada a se desenvolver em testículo) O testículo inicia a secreção hormonal: ducto de Wolff se desenvolve e de Miller atrofia - Hormônio antimulleriano (pelas células de sertoli); testosterona (cél. De Leydig) e di-hidrotestosterona. Efeitos: regressão dos ductos de Muller (AMH - 6ª semana) e promoção do desenvolvimento da genitália interna (testosterona - 8ª semana) e externa masculina (di-hidrotestosterona) FEMININO: Na ausência de testículos (mulheres ou ausência de gônadas), o desenvolvimento fenotípico será feminino. É independente de hormônios fetais ovarianos! Os ductos de Muller não se atrofiam e se desenvolvem levando à formação de uma genitália interna feminina. Desenvolvimento: O trato urogenital interno se deriva de 2 conjuntos de ductos: (ambos presentes inicialmente em ambos os sexos) - Ductos de Wolff (mesonéfricos) - Ductos de Muller (paramesonéfricos) No sexo feminino, o ducto de Muller dá origem ao útero, às trompas e a parte superior da vagina (2/3). Os ductos de Wolff podem persistir na forma vestigial podendo originar cistos de Gartner (na vagina). No sexo masculino, os ductos de Wolff originam o epidídimo, ducto deferente, vesícula seminal e ducto ejaculatório. Os ductos de Muller regridem. Genitália externa: os precursores são comuns para ambos os sexos Estrutura embrionária Feminino Masculino Seio urogenital Uretra e 1/3 inferior da vagina Próstata e uretra prostática Tubérculo genital Clitóris Glande Eminências/protuberâncias urogenitais Grandes lábios Bolsa escrotal Pregas/ dobras urogenitais Pequenos lábios Corpo do pênis APLICAÇÕES: 1. Deficiência de AMH (Hormônio anti-Mulleriano) Em homens com essa deficiência é possível persistir os ductos de Muller, assim como haver útero e trompas que podem se localizar em um saco herniário (hérnia uterina). Geralmente são inférteis devido a anormalidades nas células de Sertoli. 2. Malformações Mullerianas: agenesia ou hipoplasia das estruturas derivadas Exemplos: - Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser Defeito na fusão dos ductos; o cariótipo é feminino; há ausência ou hipoplasia uterina, da porção superior da vagina e tubas anômalas. Ovários são normais, portanto, tem desenvolvimento secundário sexual completo. - Útero didelfo: formação em dobro (2 úteros, 2 vaginas): imagem abaixo - Útero unicorno: apenas um ducto se desenvolveu - Útero bicorno: parcial ou completo; não houve a fusão adequada (mas tem um só colo e 1 vagina) - Útero septado: parcial ou completo (não há reabsorção completa da estrutura) 3. Malformações obstrutivas: septo vaginal transverso e hímen imperfurado (a menstruação não tem por onde sair – gera muita cólica; necessário procedimento cirúrgico) - imagem abaixo 4. Disgenesia gonadal: Há falha na migração das células germinativas e a gônada não se forma da maneira correta – fica difícil/impossível diferenciar Quando não há gônada, há desenvolvimento de uma mulher. A paciente apresenta amenorreia primária (não menstrua), não tem caracteres secundários femininos, FSH e LH altos (para estimulação), ovários em fita. Conduta: laparoscopia com biópsia (gonadectomia é padrão ouro para diagnóstico de hermafroditismo verdadeiro - gônada mista, masculina e feminina). OBS: gonadectomia necessária pois há tendência de neoplasias 5. Genitália ambígua: Pseudo-hermafroditismo (falso, ambas as características sexuais). Conduta: cariótipo 6. Síndrome de Morris: Fenótipo feminino, cariótipo masculino; Insensibilidade periférica aos androgênios Os testículos são funcionantes e produzem AMH, ou seja, a genitália feminina não se desenvolve. Porém, não há ação da testosterona, então não há estruturas derivadas dos ductos de Wolff. Ocorre feminilização parcial: genitália externa feminina, pelos escassos, mama Obs: conversão periférica da testosterona em um estrogênio (estrona – mais fraco) 7. Síndrome de Savage É rara; determinada pela resistência ou ausência dos receptores ovarianos à ação das gonadotrofinas. Não há desenvolvimento de caracteres sexuais secundários (porque o ovário não produz estrogênio e progesterona). Uma vez que não ocorre produção ovariana adequada, não há feedback negativo exercido pelos produtos de síntese ovariana. Assim, gonadotrofinas estão aumentadas. Os folículos estão presentes, mas não amadurecem em resposta ao FSH, porque os receptores estão ausentes (ou há um defeito pós receptor) Conduta: terapia de reposição hormonal estroprogestínica Videolaparoscopia: 8. Hidrocele e cistos de cordão O testículo é guiado pelo gubernáculo em sua descida até a bolsa escrotal. Nessa descida ele leva um conduto de peritônio (conduto peritônio vaginal). O conduto inicialmente está aberto, mas fecha com o tempo formando o processo vaginal. Na hidrocele (líquido na bolsa), o conduto permanece aberto. - Comunicante: chega líquido continuamente devido à comunicação com a cavidade abdominal - Não comunicante: o liquido desce, em grande quantidade, e após, o canal oblitera. - Cisto de cordão: forma-se um cisto, com obliteração do conduto acima e abaixo Exame físico: manobra de transiluminação (já que é líquido, brilha tudo) Conduta: Hidrocele – expectante, pois pode resolver até 1 ano (após cirurgia). Cisto de cordão: cirúrgico 9. Criptorquidia: Falha na descida do testículo ao escroto. Ocorre principalmente em crianças prematuras e aproximadamente 2% dos RN a termo. - 50%: direito; 25% bilateral; 25% esquerdo Pode estar; - Palpável (retrátil, ectópico ou inguinal) - Não palpável (intra-abdominal ou ausente) A permanência da gônada em uma temperatura mais elevada promove alterações histológicas observadas após 6-12 meses: atraso na maturação e redução das cél. Germinativas, diminuição das cél. De Leydig. Essas alterações são progressivas e comprometem a fertilidade. Possui risco aumentado de degeneração neoplásica. Exame físico: palpação. Se não palpável: lapaoscopia Criptorquidia bilateral: teste de cariótico Tratamento: cirúrgico na maioria dos casos, entre 9 e 15 meses por acesso inguinal (espera para ver se se posiciona naturalmente). Tratamento hormonal em casos de testículos retráteis ou inguinais. OBS: Cistos de Gardner: formados pela persistência de vestígios do ducto de Wolff, que forma cistos na vagina Diagnóstico diferencial: inflamação/obstrução das glândulas de Bartholin (bartolinite), muito mais comum
Compartilhar