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GESTÃO de compras e fornecedores flavianna casella galli -carolina casella galli carolina CASELLA GALLI flaviana CASELLA GALLI Esta obra busca construir conhecimentos a respeito dos principais aspectos que envolvem a gestão de compras e for- necedores, de modo a contribuir nos estudos sobre a gestão da cadeia de suprimentos e, também, na prática de profissionais da área de compras. Ao longo dos capítulos, alguns conceitos, definições, ferra- mentas, técnicas e estratégias sobre compras empresariais são discutidos, buscando explicar os principais aspectos do geren- ciamento de compras e fornecedores presentes no dia a dia das empresas. O estudo em relação às compras empresariais, bem como ao contexto organizacional em que estão presentes, faz-se importante para o entendimento acerca da competitividade e do posicionamento da empresa no mercado. Código Logístico 59479 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6656-8 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 5 6 8 Gestão de compras e fornecedores Flaviana Casella Galli Carolina Casella Galli IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito das autoras e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: nexusby/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ G16g Galli, Flaviana Casella Gestão de compras e fornecedores / Flaviana Casella Galli, Carolina Casella Galli. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2020. 92 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6656-8 1. Compras. 2. Consumidores - Educação. I. Galli, Carolina Casella. II. Título. 20-64876 CDD: 658.7 CDU: 658.7 Flaviana Casella Galli Carolina Casella Galli Mestranda em Engenharia de Produção e Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), desenvolvendo pesquisa em Gestão de Operações relacionada a operações sustentáveis e transformação digital. Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tem experiência em: gestão de projetos, planejamento e controle da produção, logística e suprimentos, gestão de processos e gestão da qualidade total. Doutoranda em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Gestão Empresarial e graduada em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tem experiência em tutoria e docência para graduação a distância. É professora conteudista e consultora em gestão financeira, de negócios, de pessoas e estratégica. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Fundamentos de compras 9 1.1 A função compras 9 1.2 Estratégia de compras 15 1.3 Aspectos de compras 17 2 Gestão de compras 23 2.1 Planejamento de compras 23 2.2 Solicitação de compras 28 2.3 Orçamento de compras 31 2.4 Compra e gerenciamento de pedidos de compras 35 2.5 Compras e sustentabilidade: o caso da The North Face 37 3 Gestão de fornecedores 40 3.1 Relacionamento com fornecedores 40 3.2 Seleção e cadastro de fornecedores 45 3.3 Avaliação e acompanhamento de fornecedores 49 3.4 Alianças estratégicas 51 4 Negociação em compras 57 4.1 Negociação 57 4.2 Estratégias de negociação 63 4.3 Táticas e técnicas de negociação 66 4.4 Negociação internacional 68 5 Tecnologias em compras 72 5.1 Tecnologia em compras 72 5.2 Sistemas de gestão em compras 74 5.3 Compras eletrônicas 79 5.4 Compras e a Indústria 4.0 85 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! Nesta obra são apresentados os elementos que envolvem a gestão de compras e fornecedores. Ao longo dos capítulos, alguns conceitos, definições, ferramentas, técnicas e estratégias sobre compras empresariais são discutidos, buscando explicar os principais aspectos do gerenciamento de compras e fornecedores presentes no dia a dia das empresas. O estudo em relação às compras empresariais, bem como ao contexto organizacional em que estão presentes, faz-se importante para o entendimento acerca da competitividade e do posicionamento da empresa no mercado. Assim, no primeiro capítulo, apresentamos os fundamentos de compras no que tange à função compras, às estratégias de compras e aos aspectos de compras. Nele, abordamos os conceitos da função compras, o que envolve o departamento de compras, os objetivos e a importância dessa função, bem como o perfil do profissional de compras. As estratégias de compras também são discutidas, destacando suas vantagens e desvantagens. Além disso, falamos sobre os aspectos de compras no que se refere ao processo, às políticas e à decisão de compras. No segundo capítulo, conhecemos o que envolve a gestão de compras, que pode ser contextualizada no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Aqui, a gestão de compras pode ser entendida como um conjunto de atividades que compõe o processo de compras. Nesse sentido, o capítulo apresenta cada uma das etapas desse processo, que são: planejamento de compras; solicitação de compras; orçamento de compras; e compra e gerenciamento de pedidos de compras. No terceiro capítulo, trabalhamos com a gestão de fornecedores, entendida como a parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos responsável pelo relacionamento entre a empresa e os seus fornecedores. Nesse capítulo, apresentamos os aspectos e as fases do relacionamento entre cliente e fornecedor. São abordados, também, o processo de seleção e cadastro de fornecedores, destacando a importância da escolha desses, a atividade de avaliação e acompanhamento de fornecedores, as alianças estratégicas e relações de parceiras. No quarto capítulo, tratamos sobre negociação em compras, em que são abordados os aspectos, os conceitos e as características da negociação, relacionando-os com a gestão de compras e dando ênfase à importância da APRESENTAÇÃO habilidade de se conduzir uma negociação para a empresa. Apresentamos estratégias, táticas e técnicas de negociação e os seus usos pela área de compras. Além disso, falamos sobre negociação internacional, envolvendo compras e comércio internacional. No quinto capítulo, procuramos entender a relação entre a tecnologia e a área de compras. Assim, conhecemos o uso de tecnologia da informação, bem como os sistemas de informações gerenciais, em compras. Abordamos o sistema ERP, mais conhecido e utilizado pelas organizações, destacando suas funcionalidades para o gerenciamento de compras. Apresentamos os conceitos e as definições a respeito de compras e comércio eletrônicos, explicando a relação entre sistemas eletrônicos de compras e o gerenciamento de compras. A área de compras inserida no contexto da Indústria 4.0 também ganha destaque, a fim de elucidar o cenário atual da transformação digital e o seu impacto na gestão de compras nas organizações. Nesta obra, portanto, buscamos construir conhecimentos a respeito dos principais aspectos que envolvem a gestão de compras e fornecedores, de modoa contribuir nos estudos sobre a gestão da cadeia de suprimentos e, também, na prática de profissionais da área de compras. Bons estudos! Fundamentos de compras 9 1 Fundamentos de compras Quando pensamos em comprar, automaticamente associamos essa ação à necessidade de adquirir algo que supra a nossa carên- cia em um dado momento. Além disso, podemos dizer que o ato de comprar é uma tarefa simples, mas que pode exigir uma boa negociação. No mundo empresarial, a área de compras, responsável pelas aquisições da empresa, não deve ser reconhecida como um setor que realiza tarefas de compras e negociação. Ela desempenha um papel crítico nos negócios de uma organização e envolve atividades estratégicas que influenciam na competitividade da empresa no mercado. A função compras e os aspectos do seu processo são conceitos fundamentais para o gerenciamento de compras. Neste capítulo, serão apresentados os fundamentos de compras, contemplando os conceitos e os objetivos dessa função, bem como a sua importância; destacaremos, também, o perfil do profissional que atua nessa área. Serão apresentadas, ainda, as estratégias de compras, suas vantagens e desvantagens e as relações desta com as demais es- tratégias organizacionais. Além disso, você conhecerá os aspectos relativos ao processo de compras, às políticas de compras e à deci- são de compras. 1.1 A função compras Vídeo Conhecida também como aquisições e suprimentos, a função compras é vista como parte integrante da cadeia de suprimentos. Ela possui um papel estratégico nos negócios, uma vez que o volu- me e o valor das compras crescem de acordo com a demanda dos processos centrais de uma organização (MARTINS, CAMPOS, 2009; SLACK, CHAMBERS, JOHNSTON, 2009). 10 Gestão de compras e fornecedores Nesse contexto, podemos chamar de cadeia de suprimentos os vários ramos de unidades produtivas que estão ligados para for- necer o suprimento de bens e serviços aos clientes finais (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Segundo Handfield e Nichols (1999, p. 2), “a cadeia de suprimentos abrange todas as atividades relacio- nadas ao fluxo e à transformação de mercadorias, desde o estágio da matéria-prima (extração) até o usuário final, bem como os res- pectivos fluxos de informação”. Dessa forma, podemos entender a função compras como par- te da cadeia de suprimentos, sendo a responsável pela interface da empresa com os mercados de suprimentos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). A Figura 1 apresenta os componentes que confi- guram a cadeia de suprimentos. Figura 1 Componentes da cadeia de suprimentos Lado do suprimento Lado da demanda Fornecedor de segunda camada Cliente de primeira camada Fluxo de informação Fluxo físico Logística Gestão de materiais Gestão da cadeia de suprimentos Gestão de suprimentos e compras Gestão da distribuição física Consumidor final Cliente de primeira camada Cliente de segunda camada Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2009, p. 392. Fundamentos de compras 11 Para Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 392-393), “a gestão da cadeia de suprimentos coordena todas as operações no lado do supri- mento e da demanda [...] no lado do suprimento da empresa, a função compras adquire materiais e serviços de fornecedores”. A aquisição de suprimentos, ou seja, matérias-primas, embalagens, materiais, componentes e serviços, para uma determinada organiza- ção caracteriza a função compras. De acordo com Ballou (2007, p. 356- 357), as atividades associadas à função compras correspondem a: selecionar e qualificar fornecedores; avaliar desempenho de fornecedores; negociar contratos; comparar preço, qualidade e serviço; pesquisar bens e serviços; programar as compras; estabelecer os termos das vendas; avaliar o valor recebido; mensurar a qualidade recebida, quando esta não estiver in- cluída entre as responsabilidades do controle de qualidade; prever mudanças de preços, serviços e, às vezes, da demanda; especificar a forma em que os produtos devem ser recebidos. 1.1.1 O departamento de compras Agora que já entendemos a abrangência das atividades de compras, podemos visualizar como o departamento responsável por essa função faz o elo entre a empresa e os seus fornecedores, conforme a Figura 2. Figura 2 Elo entre a empresa e seus fornecedores Produz produtos e serviços Fornecedores Função de compras Seleciona fornecedores Prepara pedidos de compras Recebe produtos e serviços Requisita produtos e serviços Cotações Pedidos Unidade produtiva Entrega Ligação entre compras e a operação Fornecimento aos consumidores Requisições Requisita cotações Demanda dos consumidores Prepara cotações para especificação, preço, entrega etc. Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2009, p. 393. 12 Gestão de compras e fornecedores O departamento de compras é o responsável pelas aquisições realizadas dentro de uma empresa. Conforme vimos na Figura 2, é o elo entre a empresa e os seus fornecedores, os quais devem en- tender os requisitos de uma determinada unidade produtiva da em- presa, devendo, assim, identificar os fornecedores potenciais para, então, realizar os procedimentos de compra (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Nesse sentido, podemos perceber que a coordenação interna entre o departamento de compras e as unidades produtivas da empresa é essencial para que sejam definidos os fornecedores mais adequados para atender às exigências do pedido de compras e, assim, entregar um produto conforme o solicitado. 1.1.2 Objetivos da função compras Podemos dizer que o objetivo geral de compras é conseguir, si- multaneamente, qualidade, quantidade, prazo de entrega e preço (CAMPOS, 2015). Figura 3 Objetivo geral de compras Objetivo de compras Qualidade Quantidade Prazo de entrega Preço Fonte: Elaborada pelas autoras. Sendo assim, podemos pontuar alguns objetivos específicos, de acordo com Alto, Pinheiro e Alves (2009): Fundamentos de compras 13 • garantir um fluxo contínuo de suprimentos que atenda às necessidades da empresa; • comprar materiais e insumos com os menores preços e compatí- veis com os padrões de qualidade exigidos; • analisar a capacidade de armazenamento e as condições finan- ceiras da empresa antes da compra; • procurar as melhores condições para a empresa, destacando as formas de pagamento, dentro de negociações honestas; • manter relações e alianças com fornecedores mediante a coope- ração e o respeito; • pesquisar o mercado fornecedor, bem como os novos produtos, serviços e as novas tecnologias; • desenvolver análises de custos x benefícios; • considerar o impacto do processo de compras nas decisões da cadeia de suprimentos da empresa; • buscar sempre a integração e a cooperação com as outras áreas da empresa. 1.1.3 A importância da função compras Na maioria das organizações, a importância da função compras se deve ao fato de que os materiais e os suprimentos comprados repre- sentam, em média, de 40% a 60% do valor final das vendas de qualquer produto (BALLOU, 2007). Segundo Alto, Pinheiro e Alves (2009), há alguns fatores que influen- ciam nas compras empresariais, como a globalização da economia, da produção e dos sistemas comerciais; a redução do tempo disponível; o aumento da competitividade; as novas técnicas administrativas, co- merciais e de produção; a importância do cliente; e o avanço tecnológi- co. Sendo assim, as compras podem trazer resultados positivos para a empresa, levando os gerentes a se aterem aos gastos com as compras empresariais. Contribuindo para o entendimento do quanto a função compras é importante, temos os princípios básicos da organização de compras, que são os seguintes: autoridade para compra; registro de compra; re- gistro de preço; registro de estoque e consumo; registro de fornecedo- 14 Gestão de compras e fornecedores res; arquivo e especificações; e arquivo de catálogos, considerando que tais princípios são de fundamental importânciana gestão de compras e na seleção de fornecedores (CAMPOS, 2015). 1.1.4 O profissional de compras Depois de vermos as principais conceituações acerca da função compras, vamos conhecer o perfil do profissional dessa área, uma vez que o comprador tem importante papel no direcionamento da toma- das de decisões estratégicas da empresa. Dada a importância do departamento de compras nas empresas, o profissional da área possui a função tanto operacional quanto estraté- gica. Ele aplica os seus conhecimentos a fim de conseguir uma redução de custos na aquisição de bens e/ou serviços, além de possuir uma per- cepção geral das necessidades das áreas da empresa, acompanhando, assim, o seu planejamento estratégico (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Nesse sentido, compete ao comprador as responsabilidades de: • comprar com critério e transparência; • pesquisar e interpretar os sinais do mercado; • conhecer o produto que compra; • utilizar indicadores de desempenho para medir a eficiência em compras; • estudar, a fim de desenvolver habilidade em compras, atualizan- do-se quanto a novas técnicas; • conhecer os processos das áreas da empresa para entender as suas necessidades; • negociar considerando os aspectos envolvidos na cadeia de suprimentos; • procurar se integrar com o pessoal da cadeia de suprimentos, principalmente com estoque e logística; e • adotar um comportamento ético e profissional. (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009) Diante disso, podemos perceber que, ao cumprir com as suas responsabilidades, o comprador colabora para a lucratividade da empresa, reforçando, desse modo, o papel estratégico do depar- tamento de compras no sucesso dos negócios da empresa (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Ética em compras A conduta ética em compras é extremamente importante para os compradores, o que leva empresas a estabelecerem um código de conduta ético, cujo objetivo é determinar os limites de forma clara para seus colabo- radores e fornecedores. Martins e Campos (2009) definem diretri- zes visando ao comportamento ético em compras: desencorajar o recebimento de presentes de fornecedores; definir um valor monetário, tanto para brindes que o setor de vendas possa oferecer quanto para presentes que o setor de compras possa receber, considerando isso uma forma estratégica para a empresa; pagamento bilateral para almoços de negócios; e informar os colaboradores sobre o impacto ao oferecer e receber materiais promocionais de valor elevado (MARTINS; CAMPOS, 2009). Saiba mais Qual é a importância da função compras para as empresas? Atividade 1 Fundamentos de compras 15 1.2 Estratégia de compras Vídeo Antigamente, a área de compras se restringia às questões burocrá- ticas, desempenhando atividades administrativas. No entanto, a partir da década de 1960, após a crise do petróleo, muitos insumos se tor- naram escassos, e os preços dispararam no mercado (CAMPOS, 2015; MARTINS; CAMPOS, 2009). Diante disso, o departamento de compras se tornou fundamental para as empresas, pois saber o que, quanto, quando e onde comprar passou a ser extremamente necessário para que uma melhor gestão das receitas fosse feita. Assim eram evitados os possíveis desperdícios, de modo que a área de compras passou a ser considerada uma área es- tratégica para os negócios (CAMPOS, 2015; MARTINS, CAMPOS, 2009). Alto, Pinheiro e Alves (2009) esquematizaram o relacionamento en- tre as principais estratégias de uma organização, já que, considerando compras como fator estratégico, há a necessidade de integração e de comunicação com as demais áreas estratégicas da empresa. A Figura 4 apresenta esses relacionamentos. Figura 4 Relação entre as estratégias organizacionais Estratégia empresarial Planejar metas, valores e objetivos da empresa. Estratégia de produção Planejar de acordo com a demanda do mercado e com a disposição das instalações da empresa. Estratégia de logística Planejar o transporte nos diversos modais. Estratégia de distribuição Integração do marketing da empresa para planejar a distribuição. Estratégia de compras Planejar as compras da empresa. Estratégia de suprimentos Planejar os recursos de materiais e estoques. Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 21. 16 Gestão de compras e fornecedores Com a compreensão correta de estratégia de compras, uma em- presa passa a ganhar vantagem competitiva. Se uma empresa decidir comprar mais de terceiros em vez de produzir certos componentes, por exemplo, pode se tornar dependente e, nesse caso, deve estabele- cer qual é o grau de relacionamento desejável com os seus parceiros. Já quando há uma demanda alta e estável por determinado compo- nente, a melhor opção poderia ser fabricar internamente os materiais necessários para o produto final (MARTINS; CAMPOS, 2009). Nesse sentido, a percepção de fabricar internamente componentes essenciais para a fabricação do produto final está mudando na medida do desenvolvimento de parcerias estratégicas; isso a fim de otimizar os processos de fabricação, reduzir os custos e melhorar a qualidade do produto oferecido (CAMPOS, 2015; MARTINS; CAMPOS, 2009). Para Martins e Campos (2009), há duas estratégias operacionais que podem definir as estratégias de compras: a verticalização e a horizonta- lização. Veremos elas a seguir. 1.2.1 Verticalização De acordo com a estratégia de verticalização, predominante no iní- cio do século XX, a empresa, para fabricar o produto final, deve produ- zir internamente tudo, ou o que conseguir (MARTINS; CAMPOS, 2009). A empresa Ford, por exemplo, produzia muitos componentes para a fabricação dos seus automóveis, como aço, vidro e borracha. O Quadro 1 mostra as vantagens e as desvantagens dessa estratégia. Quadro 1 Vantagens e desvantagens da estratégia de verticalização Vantagens Desvantagens Independência de terceiros – maior li- berdade em alterar políticas, prazos e qualidade. Maior investimento – recursos para investir em instalações industriais e equipamentos. Maiores lucros – não há repasse para os fornecedores. Menor flexibilidade – em alterações nos processos produtivos. Domínio sobre a tecnologia própria para fabricação. Prejuízos financeiros – quando há baixa demanda ou em períodos incertos de alta demanda. Maior autonomia. Aumento da estrutura da empresa. Fonte: Adaptado de Martins; Campos, 2009, p. 94. Fundamentos de compras 17 1.2.2 Horizontalização A estratégia de horizontalização é preferível por empresas moder- nas, haja vista a expansão do setor de terceirização. A estratégia consis- te em comprar de terceiros a maioria dos componentes para fabricar o produto final ou realizar o serviço (MARTINS; CAMPOS, 2009). Vale ressaltar que essa estratégia não se aplica para tudo, pois, de modo geral, não se terceirizam os processos fundamentais devido a questões de tecnologia e qualidade do produto. O Quadro 2 apresenta as vanta- gens e as desvantagens dessa estratégia. Quadro 2 Vantagens e desvantagens da estratégia de horizontalização Vantagens Desvantagens Redução de custos – não precisa de novos investimentos em instalações in- dustriais. Menor controle tecnológico – pode perder o controle sobre a tecnologia aplicada ao seu produto. Maior flexibilidade e eficiência – em al- terações de volumes de produção e de quando e quanto comprar do fornece- dor. Deixar de auferir o lucro do fornecedor – em relação ao serviço ou à fabricação que está sendo repassada. Incorporação de novas tecnologias – engenharia simultânea. Maior exposição da empresa em relação a seus processos produtivos. Foco no negócio principal da empresa. Fonte: Adaptado de Martins; Campos, 2009, p. 95. Os questionamentos e as dúvidas em relação a comprar ou fabricar vêm aumentando nas empresas mediante as decisões a serem tomadas quanto à terceirização de serviços, como os de limpeza, manutenção e, também, compras. Essas questões só poderão ser compreendidas por meio do alinhamento dos fatoresenvolvidos em cada situação com a estratégia corporativa da empresa (MARTINS; CAMPOS, 2009). Para aprofundar seus estudos sobre as estratégias de compras, indicamos a leitura do livro Compras estratégicas: construa parcerias com fornecedores e gere valor para seus negócios. Com essa leitura, você terá um olhar estratégico sobre a gestão de compras, passando a conhecer as estratégias empresariais e suas implicações. Você também conhecerá a importância dos modelos organizacionais para as compras estratégicas, e o relacionamento entre compradores e forne- cedores. Além disso, o livro contextualiza o tema da sustentabilidade na gestão de compras. MITSUTANI, C. et al. São Paulo: Saraiva, 2014. Livro Em compras, qual é a diferença entre as estratégias de verticali- zação e horizontalização? Atividade 2 1.3 Aspectos de compras Vídeo Quando falamos em gestão de compras, os aspectos referentes ao processo de compras são considerados primários para o entendimen- to do gerenciamento. Esse processo inclui as fases de planejamento de compras, solicitação de compras, orçamento de compras, compra e gerenciamento do pedido de compras. 18 Gestão de compras e fornecedores O ponto de partida para realizar o processo de compras é o pla- nejamento, que guiará os próximos passos do processo. No entanto, não é somente o departamento de compras que realiza esse plane- jamento, ele conta com as diversas outras áreas da empresa, como as áreas comercial, de produção, de engenharia, de contabilidade, de planejamento e controle da produção, de controle de qualidade, entre outras (CAMPOS, 2015). Figura 5 Compras e as demais áreas da empresa Engenharia de produtos e processos Qualidade Marketing Jurídico Almoxarifado e Logística Produção e planejamento e Controle da produção Tecnologia da informação Contabilidade e Financeiro Comercial Compras Fonte: Elaborada pelas autoras. Compras deve contar com as demais áreas da empresa para planejar as aquisições. Dessa forma, podemos perceber que o planejamento de com- pras impacta diretamente a lucratividade da empresa, tendo re- sultados positivos quando é bem realizado, com a participação de outras áreas da empresa, ou tendo resultados negativos quando não é bem-feito e não incorpora os interesses das outras áreas. Os resultados também podem ser negativos quando a própria empresa não dá muita importância para o planejamento de compras (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). De que forma o planejamento de compras impacta a lucratividade de uma empresa? Atividade 3 Fundamentos de compras 19 Alto, Pinheiro e Alves (2009) elaboraram um fluxograma que repre- senta o processo de compras desde a emissão do pedido de compra pelo requisitante, conforme mostra a Figura 6. Figura 6 Fluxograma que representa um processo de compras Requisitante Compras Fornecedores Almoxarifado Tesouraria Ordem de compra OC 5 3 2 1 Aviso de re- cebimento de material3 2 Solicitação de compra1 Início 2 SCM 1 n 3 2 Proposta de venda 1 5 Ordem de compra 2 4 3 2 Ordem de compra 1 Ordem de compra 1 Quadro comparativo de proposta 4 3 6 5 7 2 1 ARM n 3 2 Pedido de cotação 1 n 3 2 Pedido de cotação 1 n 3 2 Proposta de venda 1 Fim T D D T T T T T D ARM NF OC QCP Prop. venda SCM 1 Processo de compra NF fatura ARM 2 OC 5 Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 61. 20 Gestão de compras e fornecedores O requisitante do pedido de compra emite a solicitação de compra para o departamento de compras. Em seguida, o comprador seleciona os fornecedores e elabora o pedido de cotação. Após receber o retorno dos orçamentos, o comprador insere as informações em um quadro comparativo de propostas para analisar e escolher a melhor proposta. Feito isso, o comprador efetua o contrato de compra com o fornecedor e informa a ordem de compra para o requisitante do pedido, para o almoxarifado e para a tesouraria (área contábil/financeira da empresa). Nesse período entre a compra e a entrega do pedido, o setor de com- pras realiza o gerenciamento do pedido de compra. Após o recebimen- to do material, o almoxarifado confere a mercadoria e envia o aviso de recebimento ao setor compras e à tesouraria. Assim, o setor financeiro segue com o pagamento, de acordo com as condições estabelecidas no contrato de compra. Por fim, o comprador encerra o pedido de compra e arquiva o processo. É importante, ainda, ter conhecimento a respeito das políticas de compras – um conjunto de princípios e diretrizes que orientam o re- lacionamento tanto com clientes internos quanto externos (fornece- dores) – e das responsabilidades para compras gerais de insumos e serviços (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Segundo Alto, Pinheiro e Alves (2009), algumas políticas de compras podem incluir: • a realização das compras de acordo com as normas de cotação previstas no manual de compras; • a negociação, após a cotação, preferencialmente com o fornece- dor que apresentou o menor preço; • a avaliação das propostas, seguindo a ordem: qualidade, preço e prazo de entrega; • a comparação dos insumos e serviços de fornecedores idôneos, que ofereçam condições vantajosas além do preço, como quali- dade, durabilidade, prazo de entrega, custo de transporte e con- dições de pagamento; e • o princípio de que é proibida qualquer solicitação de compra de caráter particular por parte do comprador. Além disso, outro ponto que pode levar a empresa a aumentar a sua efi- cácia nas compras, minimizar custos e gerar lucratividade é o tipo de orga- Fundamentos de compras 21 nização das compras. Nesse sentido, de acordo com Alto, Pinheiro e Alves, (2009), podemos ter os seguintes tipos para a organização das compras: • centralização total: todas as compras são feitas pela unidade central de compras. • descentralização total: as unidades do sistema da empresa pos- suem autonomia para comprar, de acordo com as suas necessi- dades; e • organização mista: combinação dos dois tipos de organização, variando de acordo com os interesses da empresa. A decisão de compras se operacionaliza na fase de solicitação, que é considerada como uma das mais importantes etapas do processo de compras, já que é preciso entender e esclarecer todos os detalhes perti- nentes ao pedido para que a compra atenda aos requisitos estabelecidos. Com a globalização do fornecimento, houve aumento na complexi- dade das etapas de compras, bem como na tomada de decisão. Uma das estratégias da decisão de compras que vem tomando espaço nas médias e grandes empresas é a criação de um centro de compras, o qual possui funções de compras que podem ser desempenhadas por diferentes indivíduos pertencentes a diferentes setores da empresa, tais como: financeiro, comercial, logístico, de produção, de qualidade, entre outros (CAMPOS, 2015). Além disso, algumas etapas podem ser decisivas para se realizar uma decisão de compras: definir o responsável pela decisão de com- pra; buscar a melhor opção atual e futura de compras; e tratar com um vendedor que atue como consultor. Decisão de compra sob a ótica do consumidor De acordo com a ótica do consumidor final, a decisão de compra se inicia com alguma necessidade. Para que o consumidor efetue a compra, há vários fatores que influenciam o seu comportamento; assim, as empresas precisam estabelecer uma visão estratégica e estudar de forma profunda o compor- tamento do consumidor nas compras, bem como entender quais são os principais requisitos dos clientes (CAMPOS, 2015). Saiba mais CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, você conheceu os principais fundamentos de com- pras: sua função, suas estratégias e seus aspectos. A função compras abrange as atividades pelas quais o departamento de compras deve ser responsável, tendo uma importância significativa para os negócios de uma empresa. Além disso, conhecemos o perfil do profissional de compras, bem como suas responsabilidades.Passamos a conhecer também as estratégias de compras, as suas vantagens e desvantagens, assim como as suas relações com as demais estratégias organizacionais. Por fim, apresentamos os as- pectos de compras: seu processo, suas políticas e a decisão de compras. 22 Gestão de compras e fornecedores REFERÊNCIAS ALTO, C. F. M.; PINHEIRO, A. M.; ALVES, P. C. Técnicas de compras. Rio de Janeiro: FGV, 2009. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. CAMPOS, A. Gestão de compras e negociação: processos, uso da tecnologia da informação, licitações e aquisições no terceiro setor. São Paulo: Érica, 2015. HANDFIELD, R. B.; NICHOLS, E. L. Jr. Introduction to Supply Chain Management. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1999. MARTINS, P. G.; CAMPOS, P. R. A. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. GABARITO 1. A função compras é importante para as empresas porque os materiais e os supri- mentos comprados impactam o valor final das vendas de qualquer produto, o que leva gerentes a se aterem aos gastos com as compras empresariais. Além disso, o comprador reforça o papel estratégico do departamento de compras para o sucesso dos negócios da empresa. 2. A diferença entre as estratégias de verticalização e horizontalização está no conceito e nas vantagens e desvantagens de cada uma para as compras. Na estratégia de vertica- lização, a empresa deve produzir tudo internamente ou o que conseguir, para fabricar o produto final. Já a horizontalização consiste em comprar de terceiros a maioria dos componentes para fabricar o produto final ou realizar o serviço. Ambas as estratégias possuem vantagens e desvantagens, com a vantagem de uma sendo a desvantagem da outra e vice-versa. 3. O planejamento de compras impacta diretamente a lucratividade da empresa, tendo resultados positivos quando é bem realizado, com a participação de outras áreas da empresa, ou negativos, quando não é bem-feito, não incorporando os interesses das outras áreas, ou quando a própria empresa não dá muita importância para o plane- jamento de compras. Gestão de compras 23 2 Gestão de compras A gestão de compras pode ser entendida como parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos, sendo a responsável pela integração entre a empresa e seus fornecedores. Nesse sentido, ela não se restringe somente ao ato de negociar e com- prar, deixando de ser vista como um gerenciamento operacional para passar a desempenhar um papel estratégico para os negó- cios da empresa. A estratégia, nesse contexto, é essencial para a competitividade da empresa, sendo colocada em prática em atividades como aquisi- ção de itens a menor custo, redução do tempo de entrega, garantia da compra de acordo com os padrões de qualidade da empresa, cooperação com os fornecedores e alinhamento do planejamento das atividades de compra com as metas organizacionais. A gestão de compras, portanto, pode ser considerada um con- junto de atividades que compõe o processo de compras e vai desde o planejamento de compras e até o gerenciamento do pedido de compras. Com base nesses conceitos, conheceremos, neste capí- tulo, o planejamento de compras, a solicitação de compras, o or- çamento de compras, bem como a compra e o gerenciamento de pedidos de compras, que são etapas do processo de compras. 2.1 Planejamento de compras Vídeo O departamento de compras é considerado o elo entre as ope- rações da empresa e seus fornecedores. Ele deve entender as ne- cessidades e exigências das operações de cada área da empresa, para, então, selecionar os fornecedores mais capacitados a suprir 24 Gestão de compras e fornecedores os materiais e/ou serviços, gerenciando, assim, os relacionamentos com os fornecedores (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). A gestão da cadeia de suprimentos pode ser definida como “a gestão dos relacio- namentos e fluxos entre a sequência de operações e processos que produzem valor na forma de produtos e serviços ao consumidor final” (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018, p. 446). Importante Planejar o futuro é um esforço necessário e, além de tudo, es- sencial para conduzir um negócio. Independentemente da área da empresa à qual o departamento de compras esteja subordinado, o planejamento de compras deve ser olhado como um fator estraté- gico, sendo fundamental a participação de outras áreas da organi- zação durante essa etapa. A ideia inicial para se elaborar um planejamento de compras é seguir o plano estratégico do negócio de uma empresa, consi- derando o alinhamento com seus objetivos organizacionais, a fim de que o setor de compras possa estabelecer um diálogo com os demais setores. Plano Estratégico Ta sh at uv an go /S hu tte rs to ck O planejamento de compras deve seguir o plano estratégico do negócio de uma empresa. O planejamento de compras é a etapa inicial do processo de com- pras e, geralmente, é feito por ano, devendo contar com a participação Gestão de compras 25 de outras áreas da empresa, como produção, engenharia, contabilida- de, comercial, planejamento e controle da produção bem como contro- le da qualidade (CAMPOS, 2015). A participação das demais áreas da empresa é importante para que sejam discutidos e inseridos os interes- ses delas no planejamento (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Além disso, um bom planejamento de compras deve levar em con- sideração o histórico de compras dos períodos anteriores ou de um pe- ríodo específico. A previsão com base em metas e os saldos de estoque também devem ser considerados. Com esses aspectos ponderados, é possível diminuir as incertezas em relação à compra de um determina- do item, prevenir possíveis prejuízos em relação a altos custos com o armazenamento de produtos no estoque de insumos ou prevenir pos- síveis perdas de vendas por falta de insumos no estoque para a produ- ção (CAMPOS, 2015). Ra wp ixe l.c om //S hu tte rs to ck Um bom planejamento de compras deve contar com as demais áreas da empresa para que sejam incorporados ao planejamento os interesses de compras de cada área. O processo de elaboração do planejamento de compras deve ser guiado pela equipe de compras e, como em qualquer outro plane- jamento para um determinado processo de um negócio, é preciso 26 Gestão de compras e fornecedores prestar atenção nos fatores contingentes que podem vir a aconte- cer. Dessa forma, Alto, Pinheiro e Alves (2009) pontuam algumas vantagens e desvantagens de um planejamento de compras, confor- me mostra o Quadro 1. Quadro 1 Vantagens e desvantagens de um planejamento de compras Vantagens Desvantagens Os interesses de compras podem ser considerados em conjunto, para atender às diversas áreas da empresa. Pode haver um aumento indesejável dos níveis de estoque de insumos, gerando um alto custo de armazenamento e, assim, imo- bilização de capital. Podem ser obtidas as melhores condi- ções de mercado, principalmente as con- dições de preços. Pode garantir a disponibilidade do insumo para a produção quando for necessário. Alterações imprevisíveis no mercado po- dem trazer péssimas consequências para as compras de produtos de estoque. Aproxima e promove o diálogo entre os departamentos da empresa. Pode correr riscos de perdas de alguns in- sumos para produtos especiais por conta de obsolescência. Possibilita a realização de pesquisa de mercado com antecedência. Possibilita minimizar possíveis compras emergenciais. Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 32-33. Diante do exposto, podemos perceber que há mais vantagens do que desvantagens em relação ao planejamento de compras, o que nos faz refletir que um bom planejamento impacta diretamente a lucrativi- dade da empresa, já que deve contribuir para que cada área alcance os seus objetivos. Segundo Campos (2015), alguns passos são importantes paraelabo- rar um planejamento de compras. São eles: prever vendas do período; alinhar a previsão de vendas com a capacidade de produção da empre- sa; decidir quais itens serão adquiridos; verificar a verba prevista no orçamento da empresa. A seguir, com base em Campos (2015), apro- fundamos cada um desses passos. • Prever vendas do período: as previsões de vendas, geralmen- te, são realizadas considerando um determinado período, sendo possível, assim, adequar as necessidades de compras. Ressalta- mos que evitar atribuir a previsão de vendas à área de compras Qual é a importância do planejamento de compras para a empresa? Atividade 1 Gestão de compras 27 é indicado. O ideal é que cada departamento realize a previsão de suas necessidades para que, depois, ela seja incorporada ao planejamento de compras, realizando, assim, um lote único de compras, a fim de se conseguir maiores ganhos na negociação. Dessa forma, a área de compras terá condições de se planejar para atender às demandas previstas para os clientes, sem gerar grandes estoques. • Alinhar a previsão de vendas com a capacidade de produção da empresa: após realizada a previsão de vendas, é importante checar e discutir o que ficou estabelecido em conjunto com os responsáveis das demais áreas. Desse modo, os valores/custos para as aquisições devem ser definidos com a equipe da área fi- nanceira. Nessa fase, é necessário ressaltar que a capacidade de venda e de produção de uma empresa devem estar alinhadas antes de se efetuar uma compra. • Decidir quais itens serão adquiridos: nessa fase, o departamen- to de compras deve decidir o que vai ser adquirido, consideran- do os critérios de compras e o desembolso mensal da empresa. Também, a quantidade de recursos e os desembolsos necessá- rios para as compras devem ser aqueles definidos previamente pelo departamento financeiro. • Verificar a verba prevista no orçamento da empresa: o orça- mento da empresa corresponde ao planejamento financeiro que considera os gastos e as receitas previstos para cada área da em- presa em um determinado período. O departamento de compras deverá verificar se há recurso disponível no orçamento da em- presa antes de realizar as compras previstas no planejamento de compras. Planejar não é uma tarefa simples e depende do trabalho em equi- pe, principalmente na troca de informações, além de clareza nas dis- cussões, para que todos os envolvidos tenham connhecimento dos assuntos tratados. Podemos considerar o planejamento de compras como essencial à competitividade da empresa, tornando os processos mais eficientes, reduzindo custo e tempo bem como voltando-se para a qualidade de produtos e de serviços comprados (CAMPOS, 2015). 28 Gestão de compras e fornecedores 2.2 Solicitação de compras Vídeo Uma das fases mais importantes do processo de compras, é na solicitação de compras que constam as especificações e a descrição dos dados sobre o item a ser adquirido. No entanto, um dos proble- mas mais frequentes com o qual os compradores se deparam nessa etapa é a dificuldade de receber dos requisitantes uma solicitação de compras clara e com as informações corretas sobre os requisitos de um pedido. O comprador precisa entender com clareza o que será comprado para conseguir agilizar com o fornecedor a compra de um item de acordo com as especificações do pedido (ALTO; PI- NHEIRO; ALVES, 2009). Ju lia L az eb na ya /S hu tte rs to ck A solicitação de compras deve apresentar todas as informações pertinentes ao item a ser comprado de forma clara e correta. Caso a solicitação de compras não esteja bem elaborada, alguns fatos indesejáveis podem ocorrer, dentre eles: entrega fora do prazo solicitado pelo requisitante; recebimento de material fora das especi- ficações necessárias; adição de custos não previstos relacionados ao transporte, estocagem e aquisição; problemas desnecessários gerados com o fornecedor a respeito de impostos, faturamento e devolução de mercadoria (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Gestão de compras 29 As empresas, de modo geral, possuem sistemas integrados, em que é possível registrar e consultar o catálogo de materiais com pa- drões de descrição para a maioria dos produtos. Dessa forma, o re- quisitante da compra poderá preencher facilmente a solicitação de compra com as informações necessárias. Para se chegar a essas des- crições dos materiais, é necessária uma análise criteriosa de certos parâmetros que embasarão as decisões de compras (ALTO; PINHEI- RO; ALVES, 2009). O Quadro 2 apresenta alguns desses parâmetros sobre as decisões de compras. Quadro 2 Parâmetros sobre as decisões de compras Qualidade: adéqua ao uso. Corresponde à especificação, ao desenho, à planta, à marca e à aplicação para um determinado material e/ou serviço. Descrição: descreve a especificação completa e avalia se todos os dados necessários estão presentes no pedido. Unidade de compra: verifica se a unidade de uso interno de um determinado item está compatível com a unidade de compra utilizada pelo fornecedor. Quantidade: verifica se a quantidade descrita no pedido é realmente aquela infor- mada, para evitar enganos e erros na compra. Embalagem: analisa a embalagem, verifica as embalagens que constam no estoque e, se for necessário, sugere embalagem padrão. Prazo de entrega do requisitante: avalia se será possível atender ao pedido den- tro do prazo solicitado e, caso não seja possível, sugere alternativas. Condições de pagamento: verifica com o setor financeiro as orientações sobre o pagamento das compras. Aplicação: verifica qual será o uso e/ou a aplicação do item a ser comprado, a fim de avaliar a qualidade que atenda às necessidades. Garantia: verifica a garantia do produto sugerida pelo requisitante e avalia a garantia oferecida pelo mercado fornecedor. Referência de fabricante: verifica se há alguma referência quanto ao fabricante es- pecífico de um determinado item (código contido na peça, no equipamento ou nome do fabricante do produto, por exemplo). Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 44-45. Diante dessas informações, a área de compras terá condições de elaborar um formulário de solicitação de compras reunindo os principais dados que devem constar em uma recomendação de compras. A Figura 1 mostra um formulário de pedido de compra. 30 Gestão de compras e fornecedores Figura 1 Formulário de solicitação de compras Prazo de entrega Local de entrega Data emissão __/__/___ Nº SCM Item Nº estoque Descrição do material Quant. UF Observações (aplicação) Solicitado por Órgão solicitante Autorizado por Área de material Comprador __/__/____ ____________ Data Rubrica Recebido por __/__/___ ___________ Data Rubrica Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 65. Nesse sentido, podemos considerar como requisitos básicos para a realização de um pedido de compras a especificação completa do item a ser adquirido, a emissão da ordem de compra pelo requisitante, por meio do formulário de solicitação de compra, a instrução do processo de compra por parte do setor de compras e o esclarecimento de outras informações que julguem relevantes, de acordo com cada pedido de compra (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Além disso, é importante entendermos que a solicitação de com- pras pode ter diferentes origens. São elas: área de estoque, que solicita a reposição de materiais de estoque; área de planejamento e controle da produção, que solicita os itens de acordo com o planejamento da produção; usuário, que geralmente é o pessoal da manutenção ou de projetos que necessita de um material e/ou serviço não disponível ou qualquer requisitante que precise adquirir um item em falta no esto- que (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Fica claro, então, que devemos compreender quais são as condi- ções necessárias para a realização de uma compra segura e que atenda corretamente às necessidades do requisitante do pedido de compra. Quais sãoas implicações quando uma solicitação de compra não é bem elaborada? Atividade 2 2.3 Orçamento de compras Vídeo Também chamado de cotação, o orçamento é a fase do processo de compras em que são realizadas as solicitações de propostas dire- cionadas aos fornecedores, cujo procedimento administrativo, que é considerado um processo moral e ético, busca obter a proposta mais vantajosa para a empresa contratar a aquisição de materiais e/ou ser- viços (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). A elaboração do orçamento visa atender às aquisições de produtos e/ou serviços previstas para um determinado período, ou de acordo com a necessidade de uma área/departamento da empresa (CAMPOS, 2015). É importante considerar que a cotação deve estar de acordo com o planejamento financeiro da empresa. Em alguns casos, a cotação é estabelecida segundo um cronograma de compras acordado entre a empresa e o fornecedor. Além disso, vale ressaltar que os orçamentos na área pública são chamados de licitações (CAMPOS, 2015). A cotação de compras deve estar de acordo com o orçamento financeiro da empresa. Ke m al T an er /S hu tte rs to ck Gestão de compras 31 32 Gestão de compras e fornecedores Durante a cotação, os fornecedores participam do processo competitivo para fornecimento de materiais e/ou serviços. Nele, são apresentadas as propostas e informados os preços, os prazos e as condições de pagamentos. A consulta aos fornecedores pode ser realizada verbalmente, por meio de contato pessoal ou telefô- nico, ou de maneira escrita, com a elaboração de carta ou e-mail (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). A Figura 2 apresenta um exemplo de formulário para pedido de cotação. Figura 2 Formulário para pedido de cotação Fornecedor Endereço Nome da empresa Endereço Pedido de cotação nº:___ __/__/__ Prazo previsto para entrega: __ dias Data-limite para devolução deste pedido de cotação: Até as __ horas do dia __/__/__ Solicitamos cotação para os materiais abaixo indicados Condições de pagamento: Indicar o nº deste pedido em toda correspondência a respeito Item Quant. Unid. Descrição do produto Preço unit. Preço total (%) IPI Valor total do item Valor total da proposta Observações: Comprador: Contato: Telefone: E-mail: Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 48. O orçamento financeiro da empresa, chamado de budget, é o planejamento financeiro que contém os valores de gastos previstos para cada área da empresa (CAMPOS, 2015). Saiba mais Gestão de compras 33 Após essa fase de coleta das cotações, o departamento de compras analisará as propostas, envolvendo o julgamento crítico para a escolha do orçamento. Durante essa análise, o setor de compras fará a compa- ração, bem como a escolha das condições técnicas e comerciais ofere- cidas no orçamento para o fornecimento de um determinado material e/ou serviço (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). A fase de análise das propostas de orçamento dos fornecedores envolve atividades como consolidação, análise, comparação, cálculo, equalização, julgamento e escolha. É importante que os dados dos orçamentos sejam inseridos em um quadro comparativo de propos- tas, a fim de que o pessoal de compras consiga mapear as informa- ções de forma mais apurada, levando em consideração os pontos pertinentes de todos os orçamentos (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). A Figura 3 apresenta um quadro comparativo de propostas. Figura 3 Quadro comparativo de propostas orçadas Logo da empresa QUADRO COMPARATIVO DE PROPOSTAS QCP nº Data Órgão comprador Órgão requisitante PCM nº Prazo requerido Divisão de compras Código Firmas proponentes Condições de pagamento A B C D E F Item Unidade Descrição resumida Quant. Preço unitário e preço total A B C D E F 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 (Continua) 34 Gestão de compras e fornecedores O processo de negociação em compras é importante, pois é o momento em que comprador pode conseguir vantagens para a empresa ou para ambas as partes: empresa e fornecedor.naum/Shutterstock 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Subtotal Despesas (IPI, embalagem) Descontos e bonificações Valor total 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Prazo e modalidade de entrega Validade da proposta Justificativas de escolha Comprador Aprovação Fonte: Adaptado de Alto; Pinheiro; Alves, 2009, p. 51. Diante desse quadro de comparação das propostas orçadas, o com- prador terá condições suficientes para analisar as cotações e ques- tionar se os pontos pertinentes contidos nos orçamentos estão de acordo com as especificações solicitadas ou se é preciso en- volver o requisitante do pedido de compra para a dis- cussão de algum ponto específico, como qualidade e prazo de entrega, se é preciso contatar o departamento financeiro para auxiliar em certas questões envolvendo preços e condições de pagamento, por exemplo, ou se, dependendo das condições de entrega apresentadas nas propostas, há a necessidade de envolver o setor de logística da empresa para a retirada do material no fornecedor. Após a solicitação dos orçamentos de compras, segui- da da fase de análise das propostas dos fornecedores, o próximo passo a ser realizado é a negociação entre o com- prador e o fornecedor. Esse processo é muito importante, pois é nele que o comprador precisa demonstrar suas habi- Qual é a relação entre o orçamento de compras e o planejamento financeiro da empresa? Atividade 3 Gestão de compras 35 lidades em negociar diversos fatores, como preço e prazo de entrega; além de conseguir também vantagens para a empresa ou para ambas as partes, sempre dentro dos padrões éticos e morais, além de manter a colaboração com os seus parceiros (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). 2.4 Compra e gerenciamento de pedidos de compras Vídeo Quando a área de compras finaliza o processo de negociação de um determinado material e/ou serviço com o respectivo fornecedor, a compra poderá ser efetuada. Com isso, inicia-se a fase de contratação do fornecedor, ou seja, o contrato de compra com o fornecedor será elaborado, sendo necessário deixar as condições de frete e de seguro da mercadoria claras (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). O contrato de compra com o fornecedor corresponde à penúltima etapa do processo de compra. O gerencia- mento de pedi- dos de compra é a última etapa do processo de com- pra, sendo consi- derada relevante, pois é nessa fase que ocorre o acompanha- mento dos pedidos e, caso ocorra alguma divergência com o pedido de compra solicitado, é possível corrigir antes da entrega do material e/ou serviço. Nesse sentido, é de responsabilidade do setor de compras monitorar os pedidos em trânsito, os prazos de entrega e as especificações acerca do pedido (CAMPOS, 2015). O acompanhamento das informações de fornecimento é obtido, geralmente, mediante contato telefônico, carta, e-mail, sistema corpo- rativo e contato com o representante do fornecedor (CAMPOS, 2015; ALTO, PINHEIRO, ALVES, 2009). mojo cp/Shutterstock Gestão de contratos de aquisição A gestão de contratos de aquisição objetiva o equilíbrio econômico e financeiro, em que o contra- to de aquisição consiste no acordo de vontades entre empresas (contratante ou contratada), de acordo com os limites permitidos pela Constituição Federal e, caso ocorra o descumpri- mento, independente de qual das partes, de alguma condição acordada, será passível de penalidade (CAMPOS, 2015). Saiba mais 36 Gestão de compras e fornecedores As atividades de controle e monitoramento dos pedidos de com- pra são de responsabilidade do administrador do fornecimento, que, geralmente, é a área de compras. Segundo Alto, Pinheiro e Al- ves (2009), essas atividades são: • diligência: acompanhar o prazo de entrega e o recebimento do pedido de compra; • administração do contrato: garantir o cumprimento das condi-ções acordadas; • cobrança: verificar o documento de cobrança, liberar a nota fis- cal ou fatura para pagamento; • análise de reajuste de preço: verificar o reajuste do preço da mercadoria e/ou serviço, caso necessário; • análise de alteração nas especificações: verificar com o re- quisitante do pedido de compra se é aceitável alguma altera- ção nas especificações do material e/ou serviço, caso solicitado pelo fornecedor; • análise de acréscimo de despesas: verificar a situação que ge- rou algum acréscimo de despesa; por exemplo: transporte, em- balagem e instalação; • aplicação de multa ou penalidade: aplicar multa se houver des- cumprimento de alguma cláusula do contrato, caso necessário. VD OV IN A EL EN A/ Sh ut te rs to ck O controle e o monitoramento dos pedidos de compras são realizados pela área de compras da empresa. Gestão de compras 37 A última fase do processo de compras, o gerenciamento do pedido de compras, finaliza-se após o recebimento do material e/ou serviço. O com- prador poderá encerrar esse pedido de compras documentando-o no histórico de compras em arquivos físicos ou via sistema. Após o recebimento da mercadoria pelo setor de almoxarifado da empresa, algumas amostras são retiradas do material re- cebido para serem enviadas à área de controle de qualidade da empresa. A equipe de qualidade é a responsável por realizar os procedimentos de verificação das condições e conformidades do material recebido, conforme os padrões de qualidade específicos para esse material estabelecidos pela empresa. Caso o controle de qualidade constate alguma inconformidade, a área de compras será contatada e informada sobre a situação do material. Assim, o comprador responsável pelo processo de compra daquele material entrará em contato com o fornecedor para explicar a situação ocorrida e, caso seja necessário, colocará o inspetor de qualidade da empresa em contato com o fornecedor para que seja esclarecida a inconformidade encontrada no material. Dessa forma, a área de compras fará as mediações necessárias entre a área de qualidade da empresa e o fornecedor para que o problema seja solucionado de forma rápida e eficaz. Esse procedimento pós-recebimento é extremamente importante para que a qualidade dos produtos adquiridos se mantenha dentro dos padrões estabelecidos pela empresa e, também, para manter a cooperação e a colaboração entre a empresa e seus fornecedores. Saiba mais No que consiste o gerenciamen- to de pedidos de compras? Atividade 4 2.5 Compras e sustentabilidade: o caso da The North Face Vídeo A The North Face, empresa norte-americana de vestuário, acessó- rios e equipamentos esportivos, fundada em 1966, na cidade de São Francisco, Califórnia, tem como missão “fornecer o melhor equipa- mento para nossos atletas e exploradores modernos, apoiar a pre- servação de atividades outdoor e inspirar um movimento global de exploração” (THE NORTH FACE, 2020). A empresa buscou promover a sustentabilidade em sua gestão da cadeia de suprimentos por meio de compras sustentáveis, pois seu compromisso é proteger as paisagens naturais associadas à utiliza- ção de seus produtos e à sua preocupação com os efeitos da mudan- ça climática (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). Para promover as compras sustentáveis, a The North Face se uniu à Bluesign, empresa suíça que de soluções em processamento e fabri- cação sustentáveis para indústrias e marcas. A Bluesign “representa a visão e a mentalidade da fabricação responsável e sustentável de pro- dutos de consumo têxteis [...] traça o caminho de cada têxtil ao longo 38 Gestão de compras e fornecedores do processo de fabricação, fazendo melhorias em todas as etapas, desde o chão de fábrica até o produto acabado” (BLUESIGN, 2020). Para ser selecionado como fornecedor da The North Face, o fabri- cante deve seguir os padrões rigorosos e independentes da Bluesign, os quais evitam o uso de produtos químicos perigosos, a fim de aten- der às exigências de segurança, tanto dos consumidores quanto dos trabalhadores; além disso, assegura o uso eficiente dos recursos e a proteção ambiental (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). Além do monitoramento dos seus fornecedores, a The North Face procura atender às questões sustentáveis por meio de inovação em seus produtos e processos (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). As operações da empresa realizadas nos EUA são feitas com energia 100% renovável e há um esforço para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa em todas as atividades; outro fato interessante é que a maior parte de seus produtos possui composição de materiais reciclados (THE NORTH FACE, 2020). As práticas sustentáveis nas empresas, atualmente, vão além de um diferencial competitivo, sendo consideradas também uma exigência do mercado. Assim, realizar compras sustentáveis pode ser um ponto de partida para a empresa praticar a coordenação dos pilares da susten- tabilidade – econômico, social e ambiental – e atender às exigências do mercado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, você conheceu as principais etapas do processo de compras, o qual configura a gestão de compras. O planejamento de com- pras inicia o processo de compras e é guiado pela equipe de compras. Deve contar com a participação das demais áreas da empresa para a ela- boração do planejamento, considerando o alinhamento aos objetivos or- ganizacionais da empresa. Em seguida, foi apresentada a etapa de solicitação de compras, a qual reúne os requisitos básicos para a realização de um pedido de compra, devendo o requisitante do pedido inserir em um formulário, de forma clara e correta, todas as informações pertinentes ao item a ser comprado. Passamos a conhecer, também, a etapa que envolve o orça- mento de compras, em que são realizadas as solicitações de propostas direcionadas aos fornecedores, seguida da fase de análise das propos- tas e negociação com os fornecedores. Gestão de compras 39 Por fim, conhecemos o gerenciamento de pedidos de compras, que ocorre após a contratação do fornecedor, ou seja, quando se efetiva a compra do material e/ou serviço. O acompanhamento das informações do pedido de compra é feito pela área de compra e se encerra após o recebimento do material e/ou serviço. REFERÊNCIAS ALTO, C. F. M.; PINHEIRO, A. M.; ALVES, P. C. Técnicas de compras. Rio de Janeiro: FGV, 2009. BLUESIGN. Follow the blue way. 2020. Disponível em: https://www.bluesign.com/en. Acesso em: 12 jun. 2020. CAMPOS, A. Gestão de compras e negociação: processos, uso da tecnologia da informação, licitações e aquisições no terceiro setor. São Paulo: Érica, 2015. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. THE NORTH FACE. Sobre nós. 2020. Disponível em: https://www.thenorthface.com.br/ institucional/sobre-nos. Acesso em: 12 jun. 2020. THE NORTH FACE. Sustentabilidade. 2020. Disponível em: https://www.thenorthface.com. br/sustentabilidades. Acesso em: 12 jun. 2020. GABARITO 1. O planejamento de compras é importante, pois deve ser considerado como um fa- tor estratégico, sendo essencial para a competitividade da empresa, já que torna os processos mais eficientes, reduzindo custo e tempo, além de focar a qualidade de produtos e serviços comprados. 2. Quando uma solicitação de compra não é bem elaborada, pode trazer algumas im- plicações, como: entrega fora do prazo solicitado pelo requisitante; recebimento de material fora das especificações necessárias; adição de custos não previstos relacio- nados a transporte, estocagem e aquisição; problemas desnecessários gerados com o fornecedor a respeito de impostos, faturamento e devolução de mercadoria. 3. O orçamento de compras deve estar de acordo com o planejamento financeiro da em- presa, pois é o planejamento financeiro (budget) que contém os valores de gastos pre- vistos para cada área da empresa. O valor orçado para a compra de um determinado material e/ou serviço deve estar dentro dos parâmetrosprevistos pelo planejamento financeiro para cada área/departamento da empresa. 4. O gerenciamento de pedidos de compra é a última etapa do processo de compra, consistindo no acompanhamento dos pedidos e, caso ocorra alguma divergência com o pedido de compra solicitado, será possível corrigir antes da entrega do material e/ou serviço. Além disso, o departamento de compras é o responsável por monitorar os pe- didos em trânsito, bem como os prazos de entrega e especificações acerca do pedido. https://www.bluesign.com/en 40 Gestão de compras e fornecedores 3 Gestão de fornecedores A gestão de fornecedores pode ser entendida como a parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos responsável pelo rela- cionamento cliente-fornecedor, ou seja, a relação entre a empresa e os seus fornecedores. Nesse sentido, a gestão de fornecedores e a gestão de compras caminham juntas em uma organização, de- sempenhando papéis estratégicos para os negócios da empresa. O objetivo deste capítulo é apresentar a importância de geren- ciar a relação cliente-fornecedor, além de selecionar e acompanhar os fornecedores. Além disso, abordamos as formas de alianças es- tratégicas com fornecedores. 3.1 Relacionamento com fornecedores Vídeo O bom relacionamento com os fornecedores carrega importância significativa para o sucesso de projetos realizados entre a empresa e o fornecedor. É importante ressaltar que as relações entre a empresa e o fornecedor não devem ser gerenciadas apenas pela concorrência de preços, pois também é necessária uma medida da qualidade de produ- tos e/ou serviços oferecidos pelos fornecedores (AMATO et al., 2014). De acordo com Campos (2015), a falta de um bom relacionamento com os fornecedores pode gerar problemas de confiança entre ambas as partes, resultando, por exemplo, na omissão, ou, até mesmo, nega- ção de informações por parte do fornecedor para a empresa. Nesse caso, a empresa, também, pode deixar de realizar determinados pro- cedimentos necessários que envolvam o fornecedor (CAMPOS, 2015). Essa falta de integração entre cliente (empresa) e fornecedor pode di- minuir o sucesso de programas que visam a melhorias nos níveis de qualidade, produtividade e sustentabilidade, o que gera consequências na competitividade da empresa (AMATO et al., 2014). PureSolution/Shutterstock Na estratégia de aquisição tradicional o fornecedor é visto como adversário, mantendo uma relação do tipo jogo ganha-perde. A abordagem comum nas empresas sobre o relaciona- mento com fornecedores, conhecida como estratégia de aquisição tradicional, pautava-se em consi- derar o fornecedor como um adver- sário. Este era visto com desconfiança, pois, de modo geral, a ideia era de que o fornecedor estaria sempre mal-inten- cionado quanto às suas ações, objetivando obter o máximo de lucro em virtude de qualquer descuido do seu cliente (AMATO et al., 2014; MAR- TINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). Nesse tipo de relação, em que a suspeita e a desconfiança domi- nam, geralmente chamada de jogo ganha-perde, uma das partes ganha e a outra perde, então não há margem para uma assistência recíproca, para projetos conjuntos ou para outras formas de colaboração (AMATO et al., 2014). Dessa forma, a empresa, para garantir e proteger os seus negócios em compras, efetuava cotações com vários fornecedores con- correntes, procurando realizar os procedimentos com o máximo de cuidado, com inspeções detalhadas de recebimento das mercadorias e evitando uma relação de médio e longo prazo com o fornecedor, por exemplo, de modo a restringir o contato com ele (MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). Em virtude da revolução da qualidade em âmbito global, a partir da década de 1980, novas formas de olhar para o relacionamento cliente- -fornecedor foram disseminadas e adotadas nas empresas (MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). Den- tre essas formas, a estratégia contratual, contrária à es- tratégia tradicional de aquisição, baseia-se em um acordo de fornecimento no qual ambas as partes são obriga- das a cumprir determinadas cláusulas contratuais, aten- dendo às determinações do Gestão de fornecedores 41 Um bom relacionamento com os fornecedores pode trazer benefícios, tanto para a empresa quanto para o fornecedor. PureSolution/Shutterstock 42 Gestão de compras e fornecedores contrato até o prazo final. Isso ocorre com o intuito de que ambas as partes tenham um certo grau de colaboração (AMATO et al., 2014). Nos últimos anos, devido à globaliza- ção, a busca por lucratividade, mediante a redução de custos e tempo e a competição acirrada de mercado, levou ao surgimento de um novo paradigma de aquisição, o qual visa o esta- belecimento de parcerias como a única forma de se obter vantagens competitivas (CAMPOS, 2015; AMATO et al., 2014). Sendo assim, na estratégia de parceria há o trabalho em conjunto, entre a empresa e o fornecedor, como se ambos fizessem parte de uma mesma organi- zação, em que se preconiza a cooperação, a colaboração e o compar- tilhamento, resultando em um relacionamento baseado na confiança mútua (AMATO et al., 2014). Amato et al. (2014, p.106) caracterizam a parceria como: o processo no qual duas ou mais empresas se associam para a consecução de objetivos comuns ou complementares, basea- das em um relacionamento de longo prazo, ético, transparente e cooperativo, com canais de comunicação abertos de modo a possibilitar a clara definição de expectativas e dos critérios de avaliação dos resultados. Tais resultados devem enfatizar a im- portância da qualidade e da sustentabilidade como fato gerador de competitividade em tecnologia, serviços e em custos. A par- ceria exige um envolvimento entre compradores e fornecedo- res que vai além de um contrato que defina preço, quantidade e prazo de entrega. Os interesses entre empresa origem e em- presa destino devem ser comuns e, além disso, compartilhados e discutidos francamente. No momento em que a relação de parceria atinge um grau eleva- do de evolução, as alianças estratégicas são reforçadas, assegurando confiança mútua, colaboração e fornecimento com qualidade e, assim, chega-se ao comakership (AMATO et al., 2014; MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). O comakership pode ser entendido como programas de parcerias que requerem tempo de amadurecimento, bem como conhecimento sobre a capacidade do fornecedor e a confiabilidade do cliente, tendo de ser cons- tantemente aperfeiçoado, já que a troca de interesses para o benefício A estratégia contratual se baseia em um acordo de fornecimento, mediante a assinatura de um contrato. Korawat photo shoot/Shutterstock Gestão de fornecedores 43 de todos os parceiros é o objetivo final, gerando, assim, lucro para todos (AMATO et al., 2014; MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). Agora que já temos o entendimento sobre o relacionamento entre empresa e fornecedor, podemos visualizar a sua evolução, de acordo com o que mostra o Quadro 1. Quadro 1 Evolução do relacionamento cliente-fornecedor Fases do relacionamento cliente-fornecedor Abordagem convencional Ambas as partes são vistas como adversárias, e a prioridade é o preço. O cliente desconfia da qualidade, inspecionando, no recebimento, os materiais. Melhoria da qualidade Relacionamento propício a ser de médio a longo prazo, com certa con- fiança recíproca; a prioridade é a qualidade. Há a redução da quan- tidade de fornecedores, descartando, previamente, aqueles que não apresentam qualidade. Integração operacional Possibilidade de projetos em conjunto. A prioridade é o controle dos processos; ambas as partes fazem investimentos comuns em pesquisa e desenvolvimento, bem como em programas de garantia e melhoria da qualidade. Integração estratégica Relacionamento de parceria e gerenciamento comum dos negócios, como o desenvolvimento de engenharia simultânea, produtos, proces- sos e qualidade. Início de relacionamento do tipo comakership.Fonte: Adaptado de Martins; Campos, 2009, p. 136 e Martins; Laugeni, 2005, p. 293-294. Vale lembrar que, atualmente, não significa que as empresas este- jam na fase de integração estratégica, pois a evolução do relaciona- mento cliente-fornecedor não necessariamente acompanha o avanço no tempo; isso depende da estratégia organizacional de cada empresa, o que influencia nas formas de abordagem estratégica que a empresa irá utilizar para se relacionar com os fornecedores. Conforme aponta Campos (2015), diante desse novo ambiente com- petitivo, a gestão dos negócios depende da capacidade da empresa para gerenciar a integração da sua rede de relacionamento. Nesse sen- tido, podemos entender que o relacionamento com fornecedores está inserido na gestão da cadeia de suprimentos, ou seja, é reconhecido como gestão do relacionamento com os fornecedores (CAMPOS, 2015). A gestão da cadeia de suprimentos pode ser definida como “a gestão dos relacionamentos e fluxos entre a sequência de operações e processos que produzem valor na forma de produtos e os serviços ao consumidor final” (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018, p. 446). 44 Gestão de compras e fornecedores A gestão do relacionamento com os fornecedores, desenvolvida com base nos estudos de Dwyer et al. (1987) Davenport e Short (1990), consiste no desenvolvimento e manutenção do relacionamento entre empresa e fornecedor, em que deve haver o estabelecimento de re- lações mais estreitas com um grupo de fornecedores que possuem prioridades; estes são chamados de fornecedores-chave e, com os de- mais fornecedores, a empresa deve manter uma relação mais tradi- cional (CAMPOS, 2015). A gestão do relacionamento com os fornecedores envolve processos estratégicos e operacionais. Os primeiros se referem ao modo como será desenvolvida e administrada a relação com os fornecedores; já os segundos consistem em lidar com desenvolvimento e implementação dos acordos de produtos e/ou serviços, promovendo diretrizes de acor- do com as exigências da empresa (CAMPOS, 2015). Assim, é possível melhorar o relacionamento e a interatividade dos processos, implementando melhorias no desempenho e nas práticas de trabalho (CAMPOS, 2015). No entanto, para o autor, pode haver al- gumas barreiras no que tange à implementação da gestão do relacio- namento com os fornecedores, como: • falta de critérios de classificação de fornecedores, gerando uma grande base de dados; • falta de coordenação nos relacionamentos entre fornecedores e representantes da empresa; • falta de regras claras de mensuração do desempenho, resultan- do em relatórios de desempenho limitados; • falta de programas de reconhecimento e premiação para forne- cedores; e • falta de definição de papéis e responsabilidades na gestão dos fornecedores. Esses pontos de atenção acerca da implementação da gestão do re- lacionamento com os fornecedores mostram o quanto é necessário ter uma estratégia que promova a estruturação dos processos de compras da empresa, a organização do pessoal, bem como a escolha e a aplica- ção de sistemas de tecnologia (CAMPOS, 2015). Empresas onde há um bom relacionamento com fornecedores têm um fluxo de mercadorias facilitado, gerando fluxos de caixa mais estáveis, promoção da eficiência na cadeia produtiva e, consequentemente, o aumento no giro dos estoques, resultando na geração de caixa operacional (REIS, 2019). No texto Analisando as forças e fraquezas de uma empresa – parte II, Tiago Reis discute sobre aspectos que devem ser fomentados ou evitados pelas empresas. Vale a leitura! Disponível em: https://www. sunoresearch.com.br/artigos/ analisando-as-forcas-e-fraquezas- de-uma-empresa-parte-ii/. Acesso em: 1 jul. 2020. Leitura Qual é a importância do relacio- namento com fornecedores? Atividade 1 https://www.sunoresearch.com.br/artigos/analisando-as-forcas-e-fraquezas-de-uma-empresa-parte-ii/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/analisando-as-forcas-e-fraquezas-de-uma-empresa-parte-ii/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/analisando-as-forcas-e-fraquezas-de-uma-empresa-parte-ii/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/analisando-as-forcas-e-fraquezas-de-uma-empresa-parte-ii/ Gestão de fornecedores 45 3.2 Seleção e cadastro de fornecedores Vídeo A seleção de fornecedores representa a escolha daqueles mais adequados para atender às necessidades de suprimento da empre- sa. Alto, Pinheiro e Alves (2009, p. 77-78) definem fornecedor como “qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, que desenvolva atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distri- buição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. A importância dada na escolha dos fornecedores reside em con- siderar os fornecedores como parceiros que são ligados direta ou indiretamente ao negócio da empresa (CAMPO, 2015). A seleção dos fornecedores é considerada uma das tarefas mais difíceis no que se refere à gestão de fornecedores, pois, para que a compra seja satisfató- ria, é preciso que a mercadoria entregue atenda aos requisitos de qua- lidade estabelecidos pela empresa, sendo o comprador o responsável por realizar as negociações com o fornecedor (AMATO et al., 2014). Alguns aspectos na escolha dos fornecedores devem ser analisa- dos a fim de se evitar possíveis problemas, como prejuízos financeiros. Campos (2015) pontuou alguns desses aspectos. São eles: • competências: habilidades e recursos exclusivos de um fornece- dor. Deve-se identificar os seus pontos fortes e estratégicos; • qualidade dos produtos e/ou serviços: conhecimento e medi- ção do nível de qualidade do fornecedor antes de efetuar qual- quer contrato. Nesse sentido, o benchmarking, ou seja, a pesquisa com outras empresas que já contrataram o mesmo fornecedor, é uma boa técnica; • habilidade técnica: verificação da capacidade técnica do forne- cedor em produzir ou fornecer o produto requerido. Pode ser medida por meio da verificação dos treinamentos realizados pe- los profissionais desse fornecedor; • capacidade de produção: capacidade do fornecedor para produzir o produto e satisfazer às suas especificações, cumprindo os prazos estabelecidos e com a qualidade esperada; • reputação: verificação, no mercado, da reputação e da confiabilida- de do fornecedor selecionado, para que a empresa evite problemas; 46 Gestão de compras e fornecedores • pós-venda: disponibilidade do serviço de pós-venda, pois, em certos casos, peças de reposição ou eventuais manutenções po- dem ser necessárias; • logística: localização dos fornecedores, fator que pode ser um diferencial na escolha, devido à redução do tempo e do custo de entrega. Além disso, em casos de falta de produtos, a entrega pode ser feita de forma rápida. Ainda, é válido que a empresa aplique as seguinte etapas: sempre consulte o fornecedor da última compra; evite fornecedores com histó- rico de atrasos na entrega; consulte os grandes grupos de fornecedo- res; priorize consultas aos fabricantes; e selecione para a consulta os fornecedores com alto índice de cotação (CAMPOS, 2015). Outra forma de analisar a escolha dos fornecedores ocorre por meio da adoção de algum tipo de classificação de fornecedores por nota ou procedimentos de avaliação, sendo capaz de ranquear fornecedores alternativos, segundo certos fatores que podem ser vistos no Quadro 2. Quadro 2 Fatores para ranquear fornecedores alternativos Habilidade de fornecer a curto prazo Habilidade de fornecer a longo prazo Gama de produtos e serviços fornecidos Potencial para inovação Qualidade de produtos e serviços Facilidade de fazer negócio Capacidade de resposta Disponibilidade de assumir risco Confiabilidade de suprimento Comprometimento de longo prazo com suprimento Flexibilidade de entrega e volume Habilidade de transferir conhecimento, assim como produtos e serviços Custo total suprido Capacidade técnica Habilidadede suprir na quantidade requerida Capacidade operacional Capacidade financeira Capacidade gerencial Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2009, p. 395. Para facilitar esse processo de seleção de fornecedores, as empre- sas, em sua maioria, realizam o cadastro. Dessa forma, é possível me- lhorar as condições de escolha dos fornecedores, contratando aqueles que atendam às principais condições de compra: preço, qualidade, pra- zo de entrega e condições de pagamento (CAMPOS, 2015). Gestão de fornecedores 47 De acordo com Alto, Pinheiro e Alves (2009, p. 78), o cadastro de fornecedores “é o conjunto de informações relativas à identificação, codificação e classificação de algumas empresas (fornecedores) que mantêm relações de compra e venda com a nossa empresa”. De modo geral, as empresas procuram manter um cadastro reduzido, somente com fornecedores qualificados para atender à empresa, além de que, é necessário atualizar, permanentemente, os dados no cadastro de cada fornecedor (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). A identificação de fornecedores diz respeito ao registro dos dados cadastrais; por exemplo: razão social da empresa, CNPJ ou CPF, endere- ço, contato etc. Já a classificação de fornecedores compreende o regis- tro dos dados acerca da categoria, do porte ou do tipo de empresa; por exemplo: comerciante, industrial, prestador de serviços entre outros. Além disso, também é importante informar no cadastro a linha de pro- dutos que compreende o fornecimento, ou seja, quais materiais, servi- ços ou família de produtos o fornecedor oferece. A Figura 1 exemplifica o cadastro de um fornecedor. Figura 1 Exemplo de um cadastro de fornecedor Número de fornecedor: 00088 Razão social: Distribuidora Brasileira de Alimentos e Bebidas Ltda. Nome de fantasia: Paraíso Distribuidora Inscrição no CNPJ: 88.666.555/0001-33 Endereço: Rua Otto de Almeida, 550 – Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20200-000 Inscrição estadual: 88.888.888 Inscrição municipal: 888.888-8 E-mail: vendas@paraiso.com.br Telefone: (21) 2222-6666 Telefax: (21) 2222-8888 Contato: Sérgio Costa Telefone do contato: (21) 2233-2233 E-mail do contato: scosta@paraiso.com.br Telefax do contato: (21) 2277-2277 Filiais, distribuidores, atacadistas, representantes ou agentes vendedores mais próximos: não tem Validade do registro cadastral: 31.12.8888 Dados da linha de produtos Produtos a fornecer: Grupo 60 – alimentos e bebidas (classes 6010 – carnes e pescados; 6020 – ovos e laticínios; 6030 – frutas, legumes e hortaliças; 6040 – cereais, farinhas e massas; 6050 – açúcar e café; 6060 – alimentos industrializados; 6070 – óleos, gorduras e condimentos; 6080 – produtos dietéticos; 6090 – be- bidas alcoólicas; 6095 – bebidas não alcoólicas) Fonte: Adaptado de Alto, Pinheiro e Alves, 2009, p. 82-83. O cadastro de fornecedores deve compreender todas as informa- ções pertinentes ao fornecedor, devendo-se atualizá-lo, quando necessário. Importante 48 Gestão de compras e fornecedores O contratante, isto é, a empresa que realizará o cadastro, deve se ater aos critérios políticos, técnicos e legais que são adotados no mer- cado durante o cadastramento de fornecedores (CAMPOS, 2015). Esses critérios são: • critérios políticos: são estabelecidos pelo contratante, segundo as diretrizes da alta administração da empresa, com o objetivo de determinar prioridades, tanto para o cadastramento de em- presas da região ou do estado, mas também para consultas a empresas de pequeno a médio porte; • critérios técnicos: referem-se às qualificações técnicas e às ca- rências de fornecimento do fornecedor; e • critérios legais: são utilizados, principalmente, na área pública, sendo fundamentados de acordo com a estabilidade econômica, a idoneidade e as capacidades técnicas e de produção do fornecedor (CAMPOS, 2015. Dessa forma, a empresa contratante terá condições de analisar to- das as informações referentes ao fornecedor para, então, decidir se o fornecedor será homologado ou não. As vantagens e desvantagens do fornecimento de fonte única ou múltipla são mostradas no Quadro 3. Quadro 3 Vantagens e desvantagens de fornecimento de fonte única ou múltipla Fonte única Fonte múltipla Vantagens Qualidade potencialmente melhor, devi- do a maiores possibilidades de sistema de garantia de qualidade. Comprador pode forçar preço baixo atra- vés da concorrência de fornecedores. Relações mais fortes e mais duráveis. Possibilidade de mudar de fornecedor, caso ocorram falhas no fornecimento. Maior dependência favorece maior com- prometimento e esforço. Várias fontes de conhecimento e especiali- zação disponíveis. Melhor comunicação. Cooperação mais fácil no desenvolvi- mento de novos produtos e serviços. Mais economias de escala. Maior confidencialidade. Desvantagens Maior vulnerabilidade a problemas caso ocorram falhas no fornecimento. Dificuldade para encorajar o comprometi- mento do fornecedor. Fornecedor individual mais afetado por flutuações no volume de demanda. Mais difícil desenvolver sistemas eficazes de garantia da qualidade. Um ponto de decisão com o qual os compradores se deparam quanto ao abastecimento de um produto ou serviço é se devem adquirir sua compra por meio de um único fornecedor ou de mais de um (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Saiba mais (Continuam) Gestão de fornecedores 49 Fonte única Fonte múltipla Desvantagens Fornecedor pode forçar preços para cima, caso não haja alternativas de for- necimento Maior esforço requerido para comunicação. Fornecedores tendem a investir menos em novos processos. Maior dificuldade de obter economias de escala. Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2009, p. 396. 3.3 Avaliação e acompanhamento de fornecedores Vídeo A avaliação e o acompanhamento de fornecedores são atividades necessárias após a seleção e o cadastramento de fornecedores. Essas atividades são importantes para a empresa verificar como cada forne- cedor se comportou ao longo do tempo em relação aos compromissos assumidos, principalmente em relação à qualidade, ao preço e ao pra- zo de entrega (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Essas atividades podem ser realizadas por meio da atualização das informações dos fornecedores e das mercadorias e/ou dos serviços, de modo a monitorar as respostas dos fornecedores, além de com- parar as respostas com as consultas anteriores, adotando critérios de análise, como desempenho comercial, prazo de entrega, qualidade e desempenho do produto (CAMPOS, 2015). Além disso, essas atividades são importantes para que, de modo ge- ral, o comprador evite qualquer embaraço com o fornecedor, principal- mente quando vai analisar uma cotação de compra (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Durante esse processo de avaliação de fornecedores, os seguintes aspectos podem ser analisados: percentual de entregas realizadas sem atraso; margem de preço; qualidade da documentação; quantidade de produtos entregues com defeitos; capacidade de solu- cionar problemas técnicos; condições de pagamento; formas de frete; seguro da mercadoria; formas de reajuste; bonificações em produtos O comprador deve analisar, individualmente, o tipo de abasteci- mento, ou seja, o fornecimento de fonte única ou múltipla dos ma- teriais, serviços ou famílias de produtos. Para isso, o departamento de compras deve estar alinhado com as diretrizes estratégicas cor- porativas da empresa. Em que consiste a seleção de fornecedores? Atividade 2 50 Gestão de compras e fornecedores e/ou serviços; e interesse em desenvolver parcerias (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Nesse sentido, em meio a diversas for- mas para proceder à avaliação de fornece- dores, as empresas podem adotar como parâmetro alguns critérios, como pode- mos ver a seguir, segundo Campos (2015): • desempenho comercial: a empresa deve observar se a margem de custo oferecida pelo fornecedor está dentro dos custos do mercado, bem como o cumprimento das condições de pagamento, dos reajus-tes de preços acordados e das propostas de preço; • respeito aos prazos de entrega: a empresa deve verificar o cum- primento dos prazos de entrega estabelecidos, principalmente em casos de emergências solicitadas, o que pode gerar uma pos- sível fidelização, criando laços de confiança com o fornecedor; • qualidade do produto: a empresa deve avaliar a qualidade dos produtos, bem como dos serviços prestados; por exem- plo: atendimento prestado, quantidade de produtos devolvi- dos ou defeituosos; e • desempenho do produto em serviço: a empresa avalia o for- necedor por meio das ocorrências de desempenho satisfatório no serviço, ou seja, quantas falhas – que podem variar de leves a graves – o fornecedor cometeu em um determinado período. As empresas devem acompanhar, permanentemente, os sistemas de qualidade de seus fornecedores, a capacidade produtiva e a capa- cidade tecnológica (AMATO et al., 2014). Para conseguir realizar a ava- liação de certos critérios, as empresas, geralmente, utilizam sistemas de medição de desempenho, ou seja, medem o desempenho de seus fornecedores por meio de indicadores específicos. A utilidade das informações geradas pela medição de desempenho depende das dimensões que serão consideradas, ou seja, coleta, medi- ção e avaliação dos dados referentes a determinados critérios, como os que foram apresentados anteriormente, são essenciais para garantir um desempenho satisfatório dos fornecedores (AMATO et al., 2014). Travelerpix/Shutterstock O monitoramento de fornecedores é uma atividade importante na gestão de fornecedores. A empresa deve acompanhar o comportamento do fornecedor ao longo do tempo. Gestão de fornecedores 51 Dessa forma, de acordo com Amato et al. (2014), a empresa poderá garantir alguns benefícios na tratativa das informações, como: • disponibilização de medidas de desempenho - incluir índices de produtividade, refugo, retrabalho, lead time, entre outros; • identificação de tendências de desempenho - identificar áreas específicas que precisam de atenção direta; • subsídio ao processo de seleção de fornecedores - tomar deci- sões de compras mais consistentes; • subsídio ao processo de “compensação” do fornecedor - infor- mar ao fornecedor os altos níveis de desempenho, para garantir a sua manutenção; • aprimoramento do sistema de informações - determinar, após estabelecer uma base de dados, o que deve ser relatado, de que forma, para quem e com que frequência. Com essa sistemática de acompanhamento, a empresa pode- rá avaliar quantitativa e qualitativamente o desempenho de seus fornecedores. Os critérios de avaliação de fornecedores, como aqueles que foram citados anteriormente, poderão dar origem aos indicadores de desempenho de fornecedores, sendo que alguns consistem em, segundo Amato et al. (2014), pontualidade na entre- ga, correção na quantidade de entrega, qualidade e conformidade da documentação. As empresas, em sua maioria, estabelecem um sistema de medição de desempenho pau- tado em indicadores-chave de desempenho, isto é, os chama- dos Key Performance Indicators (KPIs). Cabe aos gestores de cada área da empresa defini-los, de acordo com os objetivos estratégicos da empresa (AMATO et al., 2014). Saiba mais Qual é a importância da avalia- ção e do acompanhamento de fornecedores? Atividade 3 3.4 Alianças estratégicas Vídeo As organizações, geralmente as grandes corporações, desenvol- vem vários tipos de alianças estratégicas com fornecedores, governos, ONGs e, até mesmo, com seus concorrentes. O intuito é ganhar vanta- gens competitivas. É importante ressaltar, também, que as empresas de pequeno e médio porte podem ganhar muitos benefícios ao prati- carem alianças estratégicas (AMATO et al., 2014). As alianças estratégicas são estabelecidas por meio de parcerias, que, para Alto, Pinheiro e Alves (2009, p. 121), são “uma relação especí- fica de negócios, baseada na confiança, na transparência, nos riscos e recompensas compartilhados, resultantes de um desempenho melhor do que seria obtido individualmente por cada parceiro”. 52 Gestão de compras e fornecedores O centro da parceria se encontra na proximidade do relacionamen- to, em que o grau de relacionamento pode ser influenciado por diver- sos fatores (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Esses fatores são: • compartilhar o sucesso - os parceiros trabalham juntos para au- mentar o total de benefícios para ambos; • expectativas de longo prazo - a parceria implica um tipo de re- lacionamento a longo prazo, mas não permanente; • múltiplos pontos de contato - a comunicação entre os parceiros pode ocorrer por diversos meios e entre muitos indivíduos, de ambas as empresas; • aprendizagem conjunta - os parceiros estão comprometidos com o aprendizado das percepções de cada um e com a troca de experiências; • poucos relacionamentos - limite no número de parcerias, pois é difícil manter relacionamentos próximos com muitos parceiros diferentes; • coordenação conjunta das atividades - coordenação das ativi- dades entre ambos os parceiros, como pagamento e fluxo de ma- teriais e serviços; • transparência de informações - troca aberta e eficiente de in- formações, para garantir confiança mútua; • resolução conjunta dos problemas - tratamento dos proble- mas, bem como sua resolução em conjunto pode aumentar a proximidade do relacionamento; • confiança - elemento-chave para parcerias de sucesso, sendo difícil de ser desenvolvido e mantido entre os parceiros (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). O primeiro passo para se estabelecer uma parceria é decidir com quem fazê-la. Ela pode ser realiza- da por meio de uma análise estratégica de negócios e processos, sendo que, no caso da gestão de fornecedores, será necessá- rio identificar quais são os fornecedores estratégicos com os quais seria interes- sante intensificar o relacionamento para se obter benefícios mútuos nos negócios (AMATO et al., 2014). AlexLMX/Shutterstock As alianças estratégicas são estabelecidas por meio de parcerias. AliançaEstratégica Gestão de fornecedores 53 Sendo assim, a parceria exige um forte comprometimento entre compradores e fornecedores, resultando na formação de uma socie- dade que atenda às exigências de ambas as partes. O fornecedor deve se atentar à qualidade, à sustentabilidade, ao preço, à tecnologia e ao cumprimento de prazos; a empresa deve assegurar a confiança em uma relação rica e estável (AMATO et al., 2014). Os pré-requisitos para o estabelecimento de alianças estratégicas são apresentados a seguir. Pré-requisitos para estabelecer alianças estratégicas • Integração de objetivos e de ações entre os parceiros (compradores e fornecedores). • Estabelecimento de objetivos e metas comuns, com alto nível de reconhecimento da interdepen- dência e do comprometimento entre os parceiros. • Compartilhamento de informações; ou seja, a utilização das tecnologias de informação e comuni- cação potencializam tal compartilhamento, pois a própria consistência de uma aliança estratégica é controlada por meio de uma complexa rede de conexões interpessoais (de caráter formal e in- formal), por sistemas compartilhados de informações (banco de dados) e de uma infraestrutura comum que, no seu conjunto, potencializam o aprendizado mútuo. • Compartilhamento de riscos e de ganhos entre os parceiros. • Elevado espírito de cooperação, sendo que potenciais conflitos de interesse e problemas devem ser tratados de forma aberta, e as soluções devem ser buscadas em conjunto, identificando a causa de tais conflitos e problemas. • Estabelecimento de objetivos comuns e o mesmo foco no cliente. • Integração dos processos internos dos parceiros. • Parceria para criar e manter relacionamento de longo prazo. • Compartilhamento da visão de futuro nas áreas de interface da parceria. • Predomínio da ética nas relações entre os parceiros. • Flexibilidade dos parceiros para as adaptações necessárias diante das mudanças macroeconômi-cas, tecnológicas, sociais e no ambiente de negócios de forma geral. • Negociações e renegociações devem ocorrer permanentemente, para viabilizar uma verdadeira relação ganha-ganha entre os parceiros. Fonte: Adaptado de Amato et al., 2014, p. 111-112. Vamos, agora, relembrar o relacionamento cliente-fornecedor do tipo comakership, mencionado na seção 3.1. As relações do tipo coma- kership, por serem caracterizadas como uma parceria nos negócios, po- dem ser consideradas alianças estratégicas. 54 Gestão de compras e fornecedores Durante o processo de conhecimento entre ambas as partes, a fim de se atingir um grau de entendimento e confiança mútua, o cliente, mediante seus interesses em obter vantagem competitiva, realizará uma avaliação de seus fornecedores para, então, chegar à fase de nego- ciação de uma parceria (MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). Assim, há alguns aspectos que devem ser levados em considera- ção para as empresas avaliarem os seus fornecedores. São eles: • custo: o cliente deve verificar se os custos orçados pelo forne- cedor estão compatíveis com o mercado, considerando que eles sempre devem ser reduzidos; • qualidade: o relacionamento se consolidará caso o fornecedor ofereça qualidade, mostrando-se disposto a atuar com progra- mas de melhoria contínua; • pontualidade: o fornecedor deve se mostrar pontual em suas entregas, cumprindo os prazos estabelecidos, pois, caso contrá- rio, a relação não será firmada; • inovação: o fornecedor que possui projetos de inovação se des- taca, sendo um aspecto favorável para que a relação seja firmada; • flexibilidade: ambas as partes devem ser capazes de, rapida- mente, adaptarem-se às alterações do mercado, sendo que o for- necedor deve ter agilidade tanto quanto o seu cliente, pois, caso contrário, estaria prejudicando-o; • produtividade: ambas as partes devem estar preparadas para imple- mentar programas de melhoria de produtividade, de forma contínua; • instalações: o cliente deve avaliar as condições das instalações produtivas do fornecedor em relação às condições mínimas de fabricação de produtos com qualidade; e • capacitação administrativa e financeira: o cliente deve verificar a estrutura organizacional do fornecedor, bem como identificar os responsáveis pelas decisões, além de averiguar a situação financeira do fornecedor (MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). Com a avaliação feita, a empresa compradora terá condições de se- guir para a negociação da parceria do tipo comakership, ou, se preciso, poderá investir no desenvolvimento do fornecedor, ou seja, mediante as não conformidades identificadas na avaliação, o cliente estabelece- rá um programa de treinamento e acompanhamento do fornecedor (MARTINS, CAMPOS, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). A empresa química alemã BASF, em parceria com outras empresas do setor químico, criou um projeto para incentivar os seus fornecedores a adotarem ações sustentáveis, promovendo, dessa forma, sustentabilidade na cadeia de suprimentos da indústria química. Disponível em: https://exame. com/revista-exame/em-busca- dos-pontos-fracos/. Acesso em: 1 jul. 2020. Leitura Em que são baseadas as alianças estratégicas? Atividade 4 https://exame.com/revista-exame/em-busca-dos-pontos-fracos/ https://exame.com/revista-exame/em-busca-dos-pontos-fracos/ https://exame.com/revista-exame/em-busca-dos-pontos-fracos/ Gestão de fornecedores 55 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, você conheceu os aspectos que envolvem a gestão de fornecedores, isto é, o gerenciamento responsável pelo relacionamento cliente-fornecedor. Aqui, foram apresentados o relacionamento com for- necedores, a seleção e o cadastro de fornecedores, a avaliação e o moni- toramento de fornecedores e as alianças estratégicas. Tratamos desse assunto neste capítulo para que você conhecesse a importância do relacionamento entre empresa e fornecedor, a fim de compreender os tipos de relações que ocorrem entre as organizações. As atividades de seleção e acompanhamento de fornecedores, que fazem parte da gestão de fornecedores, foram abordadas a fim de dar destaque ao conceito de alianças estratégicas. REFERÊNCIAS ALTO, C. F. M.; PINHEIRO, A. M.; ALVES, P. C. Técnicas de compras. Rio de Janeiro: FGV, 2009. AMATO, J.; et al. Gestão estratégica de fornecedores e contratos: uma visão integrada. São Paulo: Saraiva, 2014. CAMPOS, A. Gestão de compras e negociação: processos, uso da tecnologia da informação, licitações e aquisições no terceiro setor. São Paulo: Érica, 2015. MARTINS, P. G.; CAMPOS, P. R. A. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. REIS, T. Analisando as forças e fraquezas de uma empresa – Parte II. Suno. 2019. Disponível em: https://www.sunoresearch.com.br/artigos/analisando-as-forcas-e-fraquezas-de-uma- empresa-parte-ii/. Acesso em: 1 jul. 2020. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. GABARITO 1. O relacionamento com os fornecedores pode gerar benefícios para a empresa e para o fornecedor. A relação cliente-fornecedor permite que ambas as partes firmem par- cerias estratégicas, visando a resultados financeiros e contribuindo para melhorar a qualidade, a produtividade e a sustentabilidade em ambas as partes. 2. A seleção de fornecedores consiste na escolha do fornecedor mais adequado para atender às necessidades da empresa, ou seja, as solicitações de compras. 56 Gestão de compras e fornecedores 3. A avaliação e o acompanhamento de fornecedores são atividades importantes para a empresa verificar como cada fornecedor se comportou ao longo do tempo, em relação aos compromissos assumidos, principalmente, com a qualidade, o pre- ço e o prazo de entrega. 4. As alianças estratégicas são baseadas em parcerias, ou seja, em relacionamentos de negócios que preconizam a confiança e a transparência de informações. O objetivo é obter um melhor desempenho do que seria alcançado individualmente por cada parceiro, na busca por vantagem competitiva. Negociação em compras 57 4 Negociação em compras A negociação é considerada um dos processos mais importantes para o gerenciamento de compras e fornecedores, e a habilidade de conduzi-la é essencial para garantir vantagens à empresa. Ela opor- tuniza, também, os melhores resultados, contribuindo para que a empresa se torne mais competitiva no mercado. O aspecto da negociação com fornecedores deve ser visto, de modo geral, como uma forma de o comprador conseguir reduzir os custos das aquisições, para garantir, essencialmente, qualidade nos produtos e/ou serviços, além de gerenciar o relacionamento com os fornecedores. Uma boa negociação, mediante o uso de estratégias e técnicas adequadas para uma determinada empresa, trará bons resultados, gerando valor para as partes envolvidas. Neste capítulo, portanto, abordaremos os conceitos de ne- gociação, descrevendo suas características com destaque para a negociação em compras. Apresentaremos, ainda, as estratégias básicas de negociação, bem como as táticas e técnicas envolvidas, além de alguns pontos sobre negociação internacional. 4.1 Negociação Vídeo O significado da palavra negociação, segundo a definição que cons- ta no dicionário Michaelis, refere-se ao “ato ou efeito de negociar [...] transação comercial [...] conversa que ocorre entre duas ou mais pes- soas, com o fim de se chegar a um acordo em um assunto qualquer” (MICHAELIS, 2020). Para Alto, Pinheiro e Alves (2009), a negociação “é o processo dinâmico por meio do qual duas partes buscam um acordo mutuamente satisfatório, em que cada parte procura obter um grau ótimo de satisfação” (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009, p. 155). 58 Gestão de compras e fornecedores De acordo com Amatoet al. (2014) necessidade de se realizar uma negociação ocorre quando há um conflito de interesses entre duas ou mais partes interdependentes, sendo que tal conflito será solucionado por meio de um acordo resultante de um processo de ajuste mútuo de concessões e de obtenções. A condução de um conflito é realizada pelas partes envolvidas, podendo ser feita de diversas maneiras, por exemplo: evitando o conflito; submissão de uma das partes; domina- ção de uma parte sobre a outra; estabelecimento de um compromisso que deixe claro os ganhos e as perdas; e colaboração para aumentar os benefícios do acordo mútuo entre as partes (AMATO et al., 2014). A habilidade de conduzir uma negociação envolve as característi- cas pessoais de cada indivíduo, sendo assim possível desenvolvê-las. Dentre elas estão a competência, a sagacidade, a esperteza, a aptidão, a sutileza, a observação, a concentração, a ousadia, a compreensão, a comunicação e o bom senso (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Nesse sentido, Amato et al. (2014), ainda apontam que na área de compras, em que se gerencia as aquisições de uma empresa, a habili- dade de negociar é fundamental, pois, para atender às necessidades de produtos e/ou serviços, bem como aos interesses da empresa, pode surgir, em muitas das vezes, um conflito entre comprador e fornece- dor. Tal situação pode ser solucionada por meio de uma negociação (AMATO et al., 2014). Dessa forma, a negociação tem tanta importância por ser o mo- mento em que o comprador precisa demonstrar as suas habilida- des em negociar diversos fatores, como preço e prazo de entrega. Assim é possível conseguir vantagens para a empresa ou para am- bas as partes, sempre dentro dos padrões éticos e morais, além de manter o espírito de colaboração com os seus fornecedores (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Percebemos, então, que a relação entre comprador e fornecedor tem evoluído para um tipo de vínculo em que há cooperação técnico- -econômica, a qual pode ser considerada como resultado de negocia- ções entre as partes. Assim, as possibilidades de negociar em compras podem ser muitas; por exemplo: necessidade de reajustes em preços e nas condições de pagamentos; determinação de pontos da cotação de algum produto e/ou serviço; e acordos sobre as condições em contra- tos vigentes (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Negociação em compras 59 Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck Durante a negociação, o comprador pode conseguir vantagens tanto para a empresa quanto para ambas as partes: empresa e fornecedor. Algumas características são essenciais para que a negociação seja eficiente e eficaz. Observe-as na Figura 1. Figura 1 Características da negociação Interesses diversos do comprador Comprador Vendedor Interdependência Interesses diversos do vendedor Objeto do conflito Estratégia cooperativa ganha-ganha (um ajuda o outro a ganhar juntos) Estratégia competitiva ganha-perde (um ganha mais que o outro) Comunicação Poder Processos de negociação tynyuk/Shutterstock Fonte: Adaptado de Amato et al., 2014, p. 191. 60 Gestão de compras e fornecedores De acordo com Amato et al. (2014), a relação de interdependência entre os negociadores é exclusiva e necessária para que se chegue a uma solução de um conflito já estabelecido. Considerando que ele in- terliga os negociadores, pode ter diversas dimensões, como conflito intrapessoal (nível I), conflito com relacionamentos interpessoais (nível II), conflito com relacionamentos intragrupais (nível III) ou conflito com relacionamentos intergrupais (nível IV). A Figura 2 apresenta esses ní- veis de conflitos entre as partes envolvidas (AMATO et al., 2014). Figura 2 Níveis de conflitos entre as partes envolvidas em uma negociação Ca sp er .K /V ec to rfa ir. co m /P us hn ov a/ S tu di o_ G/ Sh ut te rs to ck Interações complexas que combinam as interações intragrupais para atingir as metas individuais dentro de cada grupo, com as interações entre os grupos para que um atinja suas metas com relação ao outro. Nível IV Intergrupal Interpessoal Nível II Intragrupal Nível III Interações combinadas entre os componentes do grupo para atingir suas metas individuais dentro das metas do grupo Reflexão Íntima e pessoal abordada na psicologia Intrapessoal Nível I Interação direta com apenas dois envolvidos para atingir suas metas Fonte: Adaptado de Amato et al., 2014, p. 191. Negociação em compras 61 Os elementos que constituem uma negociação são: informação, tempo e poder. São considerados fundamentais, pois estão estrita- mente relacionados às estratégias e às técnicas utilizadas durante o processo de negociação (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). NegociaçãoTempo Informação Poder A informação é responsável por reduzir a incerteza em uma nego- ciação, uma vez que é necessário conhecer o máximo possível sobre a outra parte, como suas necessidades e expectativas (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). A informação é conduzida por meio da comunicação, sendo que, quanto mais informações uma parte obtiver sobre a outra, melhor será o resultado da negociação. A forma para se obter infor- mações sobre uma parte em uma negociação é feita, geralmente, por meio de observações e questionários. O tempo é considerado essencial porque pode favorecer ambos os lados, dependendo das circunstâncias (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Em uma negociação, não há um tempo definido para início e fim, pois é um processo contínuo, em que há um momento certo para se tomar uma decisão, fazer uma oferta, uma concessão, para falar ou argumentar, por exemplo. A boa condução do tempo de uma negocia- ção pode ser feita dando atenção a pontos, como ser paciente, já que a maioria das decisões e concessões ocorrem no final da negociação; O conflito é considerado um conjunto de vários interesses estimados pelas partes nego- ciadoras e o grau de divergência correspondente a cada um desses interesses. Vale ressaltar que compra e venda compõem um conflito, pois o interesse do comprador é adquirir a mercadoria a um menor preço, e o vendedor tem o interesse de vender pelo maior preço (AMATO et al., 2014). Importante 62 Gestão de compras e fornecedores ter em mente que os prazos podem ser alterados ou até mesmo eli- minados; e, se houver vantagens para ambos os lados, apresentar a ideia para a outra parte (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). O poder é a capacidade de influenciar pensamentos e comporta- mentos, de exercer controle sobre alguém e/ou situações (ALTO; PI- NHEIRO; ALVES, 2009). A estrutura de poder pode ser muito complexa e, em negociação de compra e venda, há algumas fontes de poder en- volvidas, dentre elas: • poder da informação: quem obtiver mais informações na nego- ciação terá mais argumentos de persuasão; • poder de recompensa: um possível grande contrato de com- pras pode representar um grande poder do comprador em relação ao vendedor; • poder de coerção: representa a pressão que, tanto o comprador quanto o vendedor, podem impor na negociação, aproveitando- -se de certas circunstâncias, o que pode trazer consequências ne- gativas para a empresa; • poder legal: representa a posição hierárquica do comprador e do vendedor na negociação, isto é, quem ocupar a posição hierár- quica mais alta possuirá maior poder para a tomada de decisão; • poder de especialista: é muito parecido com o poder da infor- mação, mas, nesse caso, a informação é específica e representa um domínio de conhecimento sobre o objeto da negociação; • poder de referência: representa a reputação do comprador e/ ou do vendedor, construída durante o tempo de atuação nas ne- gociações, representando a credibilidade pessoal como negocia- dor ético e confiável (AMATO et al., 2014). O processo de negociação pode ser realizado pessoalmente, por te- lefone ou e-mail, em equipe e, até mesmo, através de um mediador. As principais fases do processo de negociação envolvem: • preparação: levantamento das informações; • discussão:encontro das partes envolvidas; • proposição: elaboração de propostas; • barganha: discussão de cada ponto; efetivação do acordo – fe- char o que ficou acordado; • acompanhamento: monitorar o cumprimento do acordo (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). O livro Como chegar ao sim: como negociar acordos sem fazer conces- sões oferece métodos, técnicas e dicas acerca da resolução de conflitos. A obra tem por base o Projeto de Negociação de Harvard, realizado por um grupo de pesqui- sadores que atua em negociações. FISCHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. Livro Leitura Uma boa negociação com fornecedores é essencial para a empresa garan- tir competitividade no mercado. Nesse sentido, o planejamento da negocia- ção é fundamental para que o negociador esteja preparado para enfrentar certas situações e conseguir atingir o seu objetivo. Saiba mais na reportagem 8 dicas para negociar bem com fornecedores, publicada no site da revista Exame. Disponível em: https://exame.com/ pme/8-dicas-para-negociar-bem- com-fornecedores/ Acesso em: 20 jul. 2020. Discorra sobre o conceito de negociação. Atividade 1 ter em mente que os prazos podem ser alterados ou até mesmo eli- minados; e, se houver vantagens para ambos os lados, apresentar a ideia para a outra parte (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). O poder é a capacidade de influenciar pensamentos e comporta- mentos, de exercer controle sobre alguém e/ou situações (ALTO; PI- NHEIRO; ALVES, 2009). A estrutura de poder pode ser muito complexa e, em negociação de compra e venda, há algumas fontes de poder en- volvidas, dentre elas: • poder da informação: quem obtiver mais informações na nego- ciação terá mais argumentos de persuasão; • poder de recompensa: um possível grande contrato de com- pras pode representar um grande poder do comprador em relação ao vendedor; • poder de coerção: representa a pressão que, tanto o comprador quanto o vendedor, podem impor na negociação, aproveitando- -se de certas circunstâncias, o que pode trazer consequências ne- gativas para a empresa; • poder legal: representa a posição hierárquica do comprador e do vendedor na negociação, isto é, quem ocupar a posição hierár- quica mais alta possuirá maior poder para a tomada de decisão; • poder de especialista: é muito parecido com o poder da infor- mação, mas, nesse caso, a informação é específica e representa um domínio de conhecimento sobre o objeto da negociação; • poder de referência: representa a reputação do comprador e/ ou do vendedor, construída durante o tempo de atuação nas ne- gociações, representando a credibilidade pessoal como negocia- dor ético e confiável (AMATO et al., 2014). O processo de negociação pode ser realizado pessoalmente, por te- lefone ou e-mail, em equipe e, até mesmo, através de um mediador. As principais fases do processo de negociação envolvem: • preparação: levantamento das informações; • discussão: encontro das partes envolvidas; • proposição: elaboração de propostas; • barganha: discussão de cada ponto; efetivação do acordo – fe- char o que ficou acordado; • acompanhamento: monitorar o cumprimento do acordo (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). O livro Como chegar ao sim: como negociar acordos sem fazer conces- sões oferece métodos, técnicas e dicas acerca da resolução de conflitos. A obra tem por base o Projeto de Negociação de Harvard, realizado por um grupo de pesqui- sadores que atua em negociações. FISCHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. Livro Leitura Uma boa negociação com fornecedores é essencial para a empresa garan- tir competitividade no mercado. Nesse sentido, o planejamento da negocia- ção é fundamental para que o negociador esteja preparado para enfrentar certas situações e conseguir atingir o seu objetivo. Saiba mais na reportagem 8 dicas para negociar bem com fornecedores, publicada no site da revista Exame. Disponível em: https://exame.com/ pme/8-dicas-para-negociar-bem- com-fornecedores/ Acesso em: 20 jul. 2020. Discorra sobre o conceito de negociação. Atividade 1 4.2 Estratégias de negociação Vídeo Estratégia pode ser entendida como “a arte de estabelecer e explorar condições favoráveis para al- cançar objetivos específicos [...] um plano de ação abrangente e amplo para negociar com eficácia, do início até o final do processo” (ALTO; PINHEIRO; AL- VES, 2009, p. 162). Na negociação em compras, as estratégias devem ser compatíveis com os objetivos da negociação, bem como devem estar alinhadas à alta direção da empresa. Algumas atividades estratégicas de negociação que o profissional de compras deve desempenhar são: • prospectar o mercado em relação a tendên- cias, produtos e fornecedores; • organizar uma equipe com especialistas na área em questão; • sugerir alternativas; • ter conhecimento prévio sobre a equipe da outra parte envolvida; • determinar objetivos que possam ser alcançados; • estudar as possíveis concessões a serem feitas ou aceitas; • definir o seu escritório como local da reunião de negociação (ge- ralmente, as reuniões são feitas no local onde está a parte com- pradora) (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck A equipe de compras deverá planejar a estratégia de negociação para guiar os passos seguintes do processo de negociação. Negociação em compras 63 64 Gestão de compras e fornecedores Em negociação, há duas estratégias básicas: ganha-ganha e ganha- -perde. A primeira está voltada para o máximo de ganho, para ambas as partes da negociação; já a segunda tem por objetivo obter o máximo de ganho somente para uma delas (AMATO et al., 2014). O Quadro 1 apresenta as diferenças entre essas duas estratégias básicas de negociação em relação a certos fatores. Quadro 1 Diferenças entre as estratégias básicas de negociação Fator Estratégia ganha-ganha Estratégia ganha-perde Objetivo básico da negociação Aumentar ganho total Aumentar ganho próprio Troca de informações entre os negociadores Máxima; troca honesta Mínima; somente o necessário Finalidade da comunicação entre os negociadores Ajuda mútua; criar alternativas Definir exigências; persuadir, distância Flexibilidade dos negociado- res para mudanças Máxima; soluções são tentativas Mínima; é exigida uma única solução Relacionamento entre os negociadores Informal, próximo; com confiança Formal, distante; respeitoso Foco de atenção dos negociadores Problema comum Vencer; não perder Fonte: Adaptado de Amato et al. 2014, p. 193. Na estratégia de negociação ganha-perde, há um confronto com- petitivo se desenvolvendo durante o processo de negociação, incluin- do posições muito rígidas, discussões e o uso imprescindível do poder na argumentação e da comunicação de ambas as partes negociado- ras (AMATO et al., 2014). De modo geral, essa estratégia é utilizada em compras quando não se tem interesse em manter o relacionamento entre comprador e fornecedor a longo prazo. Na estratégia de negociação ganha-ganha, a visão de negócio considera que bons vendedores contribuem para o crescimento contínuo da empresa compradora, levando em conta que o resulta- do das transações deve gerar ganho para ambas as partes, ou seja, deve-se negociar um acordo benéfico para a empresa compradora e para a vendedora e, assim, proporcionar um compartilhamento de ganhos (AMATO et al., 2014). O desenvolvimento da estratégia de negociação ganha-ganha ocor- re melhor quando se tem um alto grau de confiança mútua entre am- Negociação em compras 65 bas as partes negociadoras, sendo a confiança desenvolvida por meio do conhecimento das reais necessidades de cada parte, em que deve haver um trabalho conjunto para que cada parte colabore para atender às necessidades da outra e vice-versa (AMATO et al., 2014). A escolha da abordagem estratégica em negociação deve estar de acordo com os interesses das partes envolvidas. Nas negociações em compras, há um conjunto de cinco estratégias paraviabilizar a estratégia da empresa de forma eficiente. Segundo Amato et al. (2014), são elas: • estratégia da indiferença: um fornecedor se apresenta a um comprador como um possível fornecedor, em que não há um in- teresse imediato nem de comprar e nem de vender. A negociação é realizada de forma rápida, com um acordo que considera esse fornecedor em eventuais necessidades do comprador; • estratégia de concessão: o comprador tem um grande interesse em estabelecer um relacionamento duradouro com o fornecedor, mas sem a preocupação imediata de resultados, a negociação ocorre com alto grau de concessões do comprador e baixo grau de concessões do fornecedor, formalizando um acordo de longo prazo e com apoio da assessoria jurídica de ambas as partes; • estratégia dominadora: o comprador possui um grande in- teresse em resultados de alto desempenho sem ter o interes- se de estabelecer um relacionamento de longo prazo com o fornecedor. A negociação ocorre com alto grau de exigências e obtenções do comprador e com alto grau de concessões do fornecedor, formalizando o acordo com apoio da assessoria jurídica de ambas as partes; • estratégia integradora: ambas as partes possuem um grande in- teresse em resultados contínuos de alto desempenho, com base em um relacionamento permanente de longo prazo (vendedor e comprador estão preocupados com os resultados). Caracterizan- do parcerias estratégicas, a negociação ocorre em longo prazo e com alto grau de concessões mútuas, formalizando o acordo com apoio da assessoria jurídica de ambas as partes; • estratégia de compromisso: o comprador tem um interesse imediato e de médio prazo em resultados de alto desempe- nho sem ter, necessariamente, o interesse em um relaciona- mento de longo prazo com o fornecedor. A negociação ocorre Os compradores, em sua maioria, consideram o processo de negociação uma atividade-chave, uma vez que a habilidade de negociação se tornou fundamental no desempenho da função, levando em conta os relacionamentos de médio e longo prazos com fornecedores (AMATO et al., 2014). Importante 66 Gestão de compras e fornecedores com variados graus de concessão e de obtenção pelo com- prador, formalizando o acordo mediante uma autorização de fornecimento preparada pela assessoria jurídica da empresa compradora (AMATO et al., 2014). 4.3 Táticas e técnicas de negociação Vídeo As táticas em negociação têm por objetivo definir a organização, isto é, a preparação para que se atinja os objetivos já estabelecidos duran- te o planejamento estratégico e, por isso, estão diretamente ligadas à capacidade de negociação da equipe (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Algumas táticas de negociação que podem ser desenvolvidas são: • definir uma agenda que esteja alinhada com a outra parte negociadora; • iniciar a sessão de negociação fornecendo e solicitando informações; • estabelecer prazos para decisões; • permitir que o interlocutor fale a maior parte do tempo; • ser empático; • explicar e justificar, quando tiver de discordar da outra parte; • ser cuidadoso quando apresentar documentos; • manter o clima estável durante a sessão de negociação; • evitar fugir do que foi estabelecido na agenda; • deixar preparado um plano de saída para a outra parte, caso ela tenha que recuar; • evitar impasses; • solicitar ajuda, a fim de que seus objetivos sejam atendidos; • deixar claro que suas necessidades não estão sendo atendidas, caso seja necessário (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Após elaborar as táticas de negociação, o passo seguinte é estabe- lecer as ações práticas para a negociação, ou seja, devem ser definidas as técnicas de negociação, as quais estabelecem o que deve ser feito durante o processo de negociação, podendo ser de caráter pessoal, muita das vezes (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Algumas técnicas de negociação são: Cite ao menos três atividades estratégicas de negociação em compras. Atividade 2 A comunicação na negociação se dá por meio da interação entre os indivíduos para expli- citar as concessões e obtenções durante uma negociação, depen- dendo de códigos, mensagens e canais de comunicação. Assim, os negociadores devem possuir um conjunto de habilidades e características que permitam desenvolver o processo de negociação com eficiência e eficácia na solução de conflitos (AMATO et al., 2014). Saiba mais Negociação em compras 67 • exercitar a paciência e não cair em provocações; • evitar fazer muitas críticas e pré-julgamentos; • ser pontual e atencioso; • tentar demonstrar otimismo; • trabalhar em equipe; • cuidar com os elogios; • reconhecer seus erros; • prestar atenção nos pontos interessantes durante a sessão de negociação para posterior utilização das informações; • desenvolver a observação, a concentração e a capacidade de es- cutar (interpretando as informações implícitas); • deixar que a outra parte fale na maior parte do tempo; • preferir fazer sugestões a acusações; • permitir que a outra parte faça alguma concessão; • observar e não interromper a outra parte, caso ela esteja usando alguma tática para atingir um determinado objetivo; • reconhecer a outra parte como uma boa negociadora, caso a ne- gociação finalize a seu favor (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Além das táticas e técnicas de negociação, podemos perceber o comportamento de cada indivíduo durante um processo de negocia- ção. Dessa forma, é possível estabelecer quatro estilos de negociado- res, conforme mostra o Quadro 2. Quadro 2 Características dos estilos de negociadores Estilo catalisador Estilo apoiador Estilo controlador Estilo analítico Orientado para ideais e conquistas, tem mais clareza e menos credibilidade. Orientado para re- lacionamentos, tem mais receptividade e menos coerência. Orientado para re- sultados, tem mais coerência e menos receptividade. Orientado para informações, tem mais credibilidade e menos clareza. Visto como criativo, entusiasmado e persuasivo. Visto como com- preensivo, prestati- vo e bom ouvinte. Visto como decidi- do, eficiente, rápido, realista, objetivo e prático. Visto como sério, organizado, equili- brado, justo, contro- lado e disciplinado. Para ter apoio, faz uso de habilidades sociais, persuasão e ideias novas. Para ter apoio, faz amizade, busca har- monia e trabalha para o grupo. Para ter apoio, confia na eficiência e no trabalho feito a tempo e hora. Para ter apoio, conhece o trabalho, busca se especiali- zar e se atualizar. (Continua) Estilo catalisador Estilo apoiador Estilo controlador Estilo analítico Valoriza cumpri- mentos recebidos e reconhecimento. Valoriza ser aceito pelas pessoas e a atenção que recebe. Valoriza resultados, cumprimento de metas e redução de custos. Valoriza a seguran- ça, a racionalidade e a disciplina, procurando evitar riscos. Pode ser visto como impulsivo, manipulador, ego- cêntrico e super- ficial. Pode ser visto como passivo, ine- ficiente, fácil de ser enganado e avesso a conflito. Pode ser visto como exigente, crítico, im- paciente, autoritário e intimidador. Pode ser visto como teimoso, in- seguro, resistente a mudanças e muito detalhista. Precisa aprender autodisciplina e moderação. Precisa aprender a fixar metas, cumprir prazos e cuidar do excesso de bondade. Precisa aprender a ter mais humildade, mais paciência e a escutar os outros. Precisa aprender a arriscar mais, ser mais conciso e to- mar decisões mais rápidas. Fonte: Adaptado de Alto, Pinheiro e Alves, 2009, p. 169-170. 4.4 Negociação internacional Vídeo As compras internacionais são uma atividade presente no dia a dia das pessoas e das empresas. É comum que os países adotem práticas estratégicas de compra e venda por meio de políticas eco- nômicas, fazendo com que os produtos fiquem mais competitivos no mercado internacional. O comércio internacional proporciona diversas vantagens aos gover- nos, àsempresas e aos clientes. À medida que os governos aumentam sua arrecadação com impostos e melhoram os resultados da balança comercial, as empresas aumentam seu faturamento, e os clientes têm mais opções e ganhos de qualidade e preço (CAMPOS, 2015). Sm ile -S ky Z tu di o/ Sh ut te rs to ck Qual é a relação entre táticas e técnicas de negociação? Atividade 3 68 Gestão de compras e fornecedores As compras internacionais integram as conexões de comércio internacional e a rede de logística global. Negociação em compras 69 É fundamental, tanto no processo de exportação quanto de impor- tação, que um planejamento seja elaborado. A fase de planejamento é importante para que se tenha um maior conhecimento sobre o merca- do em que será operado e para que se conheça os potenciais fornece- dores ou clientes (CAMPOS, 2015). O planejamento se inicia com a pesquisa de mercado, isto é, um es- tudo para obter informações sobre um determinado mercado em que se atua ou no qual se pretender atuar. Esse estudo envolve conhecer as características gerais do país-alvo: geografia, população, cultura, econo- mia, transporte, comunicação, entre outros (CAMPOS, 2015). Nesse sentido, a pesquisa de mercado tem como principais obje- tivos selecionar mercados para a venda do produto, identificar ten- dências e expectativas, reconhecer a concorrência e conhecer e avaliar oportunidades e ameaças (CAMPOS, 2015). Além disso, no caso do pro- cesso de exportação, devem ser considerados cinco critérios básicos que ajudam na seleção de potenciais mercados: • fatores geográficos: estuda as semelhanças entre o mercado doméstico e o mercado-alvo, possibilitando a expansão com um mínimo de necessidade de adaptação; • fatores sociopolíticos: considera que, em exportações para paí- ses com os quais já há acordos comerciais, pode-se obter vanta- gens frente aos concorrentes; • fatores econômicos: estuda como está a situação econômica do país-alvo, analisando qual é o poder de compra do consumidor; • fatores socioculturais: estuda as diferenças entre os hábitos das pessoas do mercado-alvo e do mercado doméstico; se há restrições religiosas ou práticas comerciais muito diferentes; e a imagem que o mercado-alvo tem sobre o mercado doméstico; • fatores tecnológicos: estuda sobre o atendimento aos padrões tecnológicos do mercado-alvo (CAMPOS, 2015). O passo seguinte consiste em estabelecer as diretrizes da política comercial para o produto a ser exportado. Há algumas instituições que podem ser consultadas para ajudar durante a fase de pesquisa de mer- cado. Por exemplo: Brasil Global Net; Setor de Promoção Comercial (SECOM); embaixadas; e escritórios de representação do Ministério das 70 Gestão de compras e fornecedores Relações Exteriores (MRE) no Brasil (CAMPOS, 2015). Sobre isso, ainda destacamos mais duas ferramentas. São elas: INCOTERMS Os Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS) possuem papel fundamental nas negociações internacionais, pois definem, dentro de um contrato de compra e venda internacional, os di- reitos e as obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto padronizado de definições, regras e práticas neutras, como o local onde o exportador deve entregar a mercadoria; o pagador do frete; e o responsável pela contratação do seguro (CAMPOS, 2015). SISCOMEX O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) é uma fer- ramenta de controle do governo voltado para o comércio exterior brasileiro. Ele permite a adoção de um fluxo único de informações, eliminando controles paralelos e diminuindo, de forma significativa, o volume de documentos envolvidos nas operações (CAMPOS, 2015). Os usuários do SISCOMEX são os importadores, os exportadores, os transportadores, a Receita Federal do Brasil (RFB), a Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, os Órgãos Anuentes, as Secretarias de Fazenda ou de Finanças dos Estados e do Distrito Federal, as instituições financeiras autorizadas pela SECEX e o Banco Central do Brasil – BACEN (CAMPOS, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, os seguintes tópicos foram abordados: negociação, en- volvendo os conceitos e as características da negociação, estratégias de negociação, abordando as estratégias básicas ganha-ganha e ganha-per- de, táticas e técnicas de negociação e, por fim, negociação internacional. Aqui, você conheceu os aspectos que envolvem a negociação, relacio- nando-os com a gestão de compras. A habilidade de conduzir uma ne- gociação é importante para garantir vantagens para a empresa, sendo fundamental no desempenho da função compras. Dessa forma, uma boa negociação, mediante o uso de estratégias e técnicas que estejam alinha- das com os objetivos da empresa, garantirá bons resultados, agregando valor para ambas as partes envolvidas. Os INCOTERMS não impõem regras, mas propõem um enten- dimento, de forma harmoniosa, entre o vendedor e o comprador (CAMPOS, 2015). Importante O Portal SISCOMEX é uma iniciativa do Governo Federal que visa reduzir burocracia, custo e tempo, aumentando a transparência e a eficiência nas exportações e importações brasileiras. Saiba mais no site. Disponível em: http:// www.siscomex.gov.br/ conheca-o-programa/sobre-o- -programa-portal-unico-de-co- mercio-exterior/. Acesso em: 23 jul. 2020. Saiba mais O que são INCOTERMS em negociações internacionais? Atividade 4 http://www.siscomex.gov.br/conheca-o-programa/sobre-o-programa-portal-unico-de-comercio-exterior/ http://www.siscomex.gov.br/conheca-o-programa/sobre-o-programa-portal-unico-de-comercio-exterior/ http://www.siscomex.gov.br/conheca-o-programa/sobre-o-programa-portal-unico-de-comercio-exterior/ http://www.siscomex.gov.br/conheca-o-programa/sobre-o-programa-portal-unico-de-comercio-exterior/ http://www.siscomex.gov.br/conheca-o-programa/sobre-o-programa-portal-unico-de-comercio-exterior/ Negociação em compras 71 REFERÊNCIAS ALTO, C. F. M.; PINHEIRO, A. M.; ALVES, P. C. Técnicas de compras. Rio de Janeiro: FGV, 2009. AMATO, J.; et al. Gestão estratégica de fornecedores e contratos: uma visão integrada. São Paulo: Saraiva, 2014. CAMPOS, A. Gestão de compras e negociação: processos, uso da tecnologia da informação, licitações e aquisições no terceiro setor. São Paulo: Érica, 2015. MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 2020. Disponível em: https:// michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/. Acesso em: 14 ago. 2020. GABARITO 1. Negociação pode ser entendida como o ato de negociar, isto é, a conversa, reunião e/ou discussão que ocorre entre duas ou mais partes, cujo objetivo é chegar a um acordo final, que seja mutuamente satisfatório, sobre um determinado assunto. Além disso, a negociação é necessária quando há um conflito de interesses entre duas ou mais partes envolvidas, sendo solucionado mediante um acordo final com concessões e obtenções. 2. As atividades estratégicas de negociação em compras podem ser: prospectar o mer- cado em relação a tendências, produtos e fornecedores; organizar uma equipe com especialistas na área em questão; sugerir alternativas; ter conhecimento prévio sobre a equipe da outra parte envolvida; determinar objetivos que possam ser alcançados; estudar as possíveis concessões a serem feitas ou aceitas; e definir o seu escritório como local da reunião de negociação. Geralmente, as reuniões são feitas no local onde está a parte compradora. 3. Táticas e técnicas de negociação se relacionam ao passo que, após a elaboração das táticas de negociação, é necessário estabelecer as ações práticas para a negociação, isto é, devem ser definidas as técnicas de negociação. 4. Os Termos Internacionais de Comércio (INCOTERMS) em negociação internacional, ou seja, em compra e venda internacional, definem direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto padronizado de regras a serem seguidas por ambas as partes envolvidas. 72 Gestão de compras e fornecedores 5 Tecnologiasem compras Quando pensamos em tecnologia, de maneira geral, logo a as- sociamos à internet, aos smartphones e aos computadores. É por meio do uso desses aparelhos eletrônicos que temos o acesso fácil à internet, o que possibilita a busca pelos mais diversos assuntos e conhecimentos de nosso interesse. Atualmente, há vários tipos de dispositivos inteligentes que pos- suem ferramentas e uma infinidade de aplicativos para facilitar nos- sas atividades do dia a dia. Nas organizações, foco de nosso estudo, não é diferente, pois o uso de tecnologias sempre foi imprescindível para o avanço industrial, sendo inerente à vantagem competitiva. Neste capítulo, buscaremos entender a relação entre tecno- logia e a área de compras. Vamos conhecer o uso da Tecnologia da Informação (TI) em compras e os sistemas de informações gerenciais, destacando o sistema ERP e suas implicações para as atividades de compras. Além disso, vamos conhecer e entender as diferenças entre os principais termos que conceituam compras eletrônicas. Por fim, daremos destaque à abordagem sobre com- pras inserida no contexto da Indústria 4.0. 5.1 Tecnologia em compras Vídeo O conceito de tecnologia, segundo a definição que consta no di- cionário Michaelis, é: “conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relativos à arte, indústria, educação etc. [...] conheci- mento técnico e científico e suas aplicações a um campo particular” (MICHAELIS, 2020). Nesse sentido, podemos entender que a tecno- logia envolve o uso e o estudo de técnicas, métodos, instrumentos e conhecimentos científicos para facilitar o trabalho das pessoas e a resolução de problemas em diversas áreas. Tecnologias em compras 73 A evolução tecnológica provoca impactos na sociedade como um todo, resultando em inovações que melhoram o dia a dia das pessoas. A partir da Terceira Revolução Industrial, no século XX, o avanço tecno- lógico ocorreu principalmente nas áreas da informática, da eletrônica e das telecomunicações. A globalização da informação permitiu uma rápida transformação nos ambientes em que as empresas estão inseri- das, dando margem para cenários turbulentos e competitivos, de acor- do com as demandas dos mercados. Dessa forma, surge a necessidade de haver sistemas de informações ágeis para apoiar as empresas em relação a qualquer mudança que possa ocorrer no mercado em que estão inseridas (CAMPOS, 2015). A adoção de novas tecnologias tem sido considerada essencial para as organizações, já que inovações tecnológicas permitem o ga- nho de vantagem competitiva para as empresas (CAMPOS, 2015). Devido à demanda de altos volumes de produção nos últimos anos e à necessidade constante de modernização nos diversos proces- sos e operações nas organizações, foi dado destaque, nos proces- sos organizacionais, ao valor da tecnologia, sendo esta considerada um diferencial de mercado nos negócios (SLACK, BRANDON-JONES, JOHNSTON, 2018; CAMPOS, 2015). Quanto à utilização de novas tecnologias, a Tecnologia da Infor- mação (TI), presente no dia a dia das empresas, vem provocando mu- danças na estrutura das organizações, nas relações de trabalho e na cultura organizacional (CAMPOS, 2015). A TI, considerada o tipo mais comum de tecnologia nas operações, inclui “qualquer dispositivo que colete, manipule, estoque ou distribua informação” (SLACK; BRANDON- -JONES; JOHNSTON, 2018, p. 271), podendo ser definida como “o con- junto de todas as atividades e soluções sistêmicas que visam a permitir a produção, armazenamento, transmissão, acesso, segurança e o uso das informações” (CAMPOS, 2015, p. 77). Nesse escopo, os Sistemas de Informações (SI), que têm por obje- tivo assegurar agilidade das informações com qualidade e segurança, são importantes para os gestores, pois auxiliam nas tomadas de deci- sões. Destacando a área de compras, os SI processam, simultaneamen- te, um grande volume de dados, disponibilizando, de forma rápida, as informações, como cotações de fornecedores e aprovações de pedidos de compras (CAMPOS, 2015). 74 Gestão de compras e fornecedores A gerência da área de compras deve ter uma visão global dos pro- cessos, ou seja, deve trabalhar de forma conjunta com as demais áreas da empresa, a fim de integrar as competências necessárias para a es- truturação dos sistemas de compras, considerando desde o início do processo de vendas até a entrega ao cliente (CAMPOS, 2015). Dessa forma, a implantação de SI na área de compras trará vanta- gens nas relações da empresa, tanto com clientes quanto com fornece- dores, garantindo resultados significativos para a empresa (CAMPOS, 2015). Assim, os impactos internos do uso de TI em compras podem ocorrer nos níveis estratégico e operacional da empresa. • nível estratégico: pode haver um aumento na coerência entre a organização e seus clientes e fornecedores, o que contribui para o cumprimento da missão organizacional (a estratégia define a posição da organização perante o mercado); e • nível operacional: pode haver um aumento da eficiência organi- zacional; por exemplo, a diminuição do tempo de aprovação de compra de matéria-prima (CAMPOS, 2015). Com isso, podemos perceber que a TI em compras proporciona o estreitamento da relação entre empresa e fornecedores, trazendo mu- danças na estrutura organizacional, principalmente quanto ao modo de pensar e agir rapidamente para atender aos requisitos dos clientes e à concorrência no mercado. Vale lembrar que a implementação de SI exige o empenho da alta direção da empresa em conjunto com os gestores de cada área, pois a escolha de um SI deve estar de acordo com as estratégias organizacio- nais. Além disso, questões envolvendo custo de aquisição, qualidade e utilização do SI, por exemplo, devem ser consideradas. A avaliação acerca do impacto que a implementação de um SI proporcionará na rotina das pessoas também deve ser levada em consideração. 5.2 Sistemas de gestão em compras Vídeo A era da informação gera uma grande quantidade de dados e in- formações pelas mais diversas atividades que praticamos no nosso dia a dia. Isso reflete, consideravelmente, também, nas atividades empresariais, já que as áreas da empresa recebem e enviam informa- ções a todo momento. Sendo assim, é importante que as informações O livro Tecnologia da Informação para Gestão: em busca do melhor desempenho estratégico e operacional aborda a tecnologia da informação para gestores, apresentando fundamentos e tendências acerca de sistemas de informação. A obra apresenta casos sobre o uso de TI nos negócios, com foco no desempenho estratégico e operacional. TURBAN, E.; VOLONINO, L. . 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. Livro Quais são as implicações do uso de TI em compras? Atividade 1 Tecnologias em compras 75 relevantes, que estão espalhadas nessas atividades empresariais, se- jam reunidas para apoiar a tomada de decisão dos gestores (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). Nesse caso, há a necessidade de desenvolver sistemas gerenciais que atuem para integrar as informa- ções trocadas dentro e fora da empresa. Para isso, os Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs) criam um ambiente, de acordo com a configuração de qualquer tecnologia de processamento de informação, a fim de modificar, manipular e apre- sentar as informações para que elas possam ser utilizadas no geren- ciamento das empresas (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Dessa forma, os SIGs podem trazer alguns benefícios para as empresas, como: facilitar o fluxo de informações na empresa; possibilitar maior acesso das pessoas a informações; reduzir os custos de processamento; ge- rar relatórios com informações mais precisas; melhorar a prestação de serviços aos clientes; e melhorar o contato e a interação com fornece- dores (CAMPOS, 2015). Para que os SIGs sejam desenvolvidos e implementados nas empre- sas, apresentando resultados confiáveis e melhorando a comunicação entre as áreas da empresa, é importante ter atenção em alguns pontos. São eles: •participação efetiva da alta administração da empresa no proces- so de planejamento e implementação do SIG; • comprometimento das áreas envolvidas e das pessoas com o processo de desenvolvimento do SIG; • posse de um plano de ação pela equipe responsável pelo projeto de desenvolvimento e implementação do SIG; • envolvimento da área de recursos humanos da empresa; • participação das áreas financeira e contábil da empresa para apoiar as ações; • entendimento das funcionalidades do SIG; e • tomada de decisões com base nas informações fornecidas pelo SIG (CAMPOS, 2015). Ainda sobre isso, realizar de forma mal elaborada o projeto e a im- plementação de SIGs pode levar a falhas que geram alguns problemas, como surgimento de informações irrelevantes, causando perda de tempo para a tomada de decisões, falhas na comunicação e conflitos devido à falta de entendimento sobre o SIG (CAMPOS, 2015). 76 Gestão de compras e fornecedores Para que esses requisitos sejam atendidos, é essencial que a organi- zação tenha um modelo de gestão integrada. O modelo mais conheci- do e utilizado pelas organizações é o Enterprise Resource Planning (ERP), isto é, planejamento de recursos empresariais. O ERP pode ser en- tendido como sendo: um modelo de gestão corporativo baseado num sistema de infor- mações, com o objetivo de promover a integração entre os pro- cessos de negócios da organização e fornecer elementos para as decisões estratégicas. O sistema ainda possibilita à empresa auto- matizar e integrar a maioria de seus processos de negócio, com- partilhar dados e práticas em toda a empresa e produzir e acessar as informações em tempo real (MARTINS; LAUGENI, 2005, p. 387). Para entendermos como o ERP se desenvolveu, precisamos conhecer a sua origem. A Figura 1 mostra o desenvolvimento do ERP. Figura 1 Desenvolvimento do ERP Au m en ta nd o o im pa ct o so br e to da a re de d e su pr im en to Enterprise resource planning (ERP) Integrado à web (comércio colaborativo, e-commerce) Enterprise resource planning (ERP) Manufacturing resource planning (MRP II) Material requirements planning (MRP) Aumentando a integração dos sistemas de informação Fonte: Adaptado de Slack; Brandon-Jones; Johnston, 2018, p. 534. O ERP foi desenvolvido a partir dos sistemas MRP (planejamento das necessidades de materiais), ou seja, é a evolução do sistema MRP II, que se desenvolveu do MRP (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Para entendermos melhor sobre isso, vamos falar um pouco sobre es- ses sistemas de planejamento. Tecnologias em compras 77 O MRP se popularizou na década de 1970, época em que o planeja- mento das necessidades de materiais nas empresas era realizado em computadores que rodavam a matemática básica de planejamento e controle. A partir da década de 1980, o MRP evoluiu para o MRP II (pla- nejamento dos recursos de manufatura) devido ao avanço tecnológico, permitindo a inclusão de informações de custos das áreas financeiras e contábil e de informações de engenharia e projetos de produtos. Na década de 1990, o MRP II se desenvolveu para o ERP, ampliando a sua base. Este incluiu outras áreas da empresa, como vendas, suprimentos e recursos humanos, a fim de integrar o gerenciamento de diferentes áreas do negócio, facilitando o fluxo de informações dentro da empre- sa (SLACK, CHAMBERS, JOHNSTON, 2009; MARTINS, LAUGENI, 2005). A Figura 2 mostra a integração das informações de todas as áreas da em- presa, a partir do ERP. Figura 2 Integração das informações da empresa pelo ERP Aplicações financeiras Aplicações de relatório estratégico Aplicações de produção Aplicações de vendas e marketing Aplicações de entrega e logística Aplicações de serviço Aplicações de gestão de recursos humanos Aplicações de compras e suprimento ClientesFornecedores Banco de dados integrado Alta administração e stakeholders Funcionários Fu nc io ná rio s da lin ha d e fr en te Fu nc io ná rio s da re ta gu ar da Fonte: Adaptado de Slack; Brandon-Jones; Johnston, 2018, p. 535. Em relação ao uso do ERP na cadeia de suprimentos, os custos de comunicação entre seus membros podem ser reduzidos significati- vamente, podendo evitar erros, à medida que informações e produ- tos se movem entre os parceiros da cadeia de suprimentos (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2018). 78 Gestão de compras e fornecedores Pa nc he nk o Vl ad im ir/ Sh ut te rs to ck O ERP (planejamento de recursos empresariais) integra os processos de negócios de uma organização. Como já é do nosso conhecimento, a área de compras faz parte da gestão da cadeia de suprimentos. Sendo assim, o uso do ERP facilita a interface da área de compras com os fornecedores e com as demais áreas da empresa, ou seja, o ERP facilita o gerenciamento de compras por meio da informatização e da padronização dos processos de com- pras, como solicitação e aprovação de compras, emissão do pedido de compra e monitoramento do pedido de compra (CAMPOS, 2015). Dessa forma, um sistema ERP pode apresentar algumas funcionali- dades básicas que auxiliam as atividades da área de compras. São elas: • configurações para quantidade de cotações mínimas de acordo com o tipo de compra; • regras de aprovação configuráveis pelo usuário, como número de aprovações necessárias e quem aprova; • regras quanto ao valor de aprovação por usuário (pessoa/função); • regras para permissão de compra de matérias somente por pes- soas de determinado departamento da empresa; • regras para autorização eletrônica em todas as etapas do proces- so de compras; • níveis de autorização com limite de valor por usuário; • envio de e-mails para solicitação de autorização; • análise financeira por contas contábeis, centro de custo e projeto, por exemplo; De acordo com uma pesquisa realizada em 2019 pelo centro de TI da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os sistemas ERP mais utilizados no mercado brasileiro foram: TOTVS, SAP e Oracle, considerando que a TOTVS está mais presen- te em empresas meno- res, e a SAP predomina em empresas maiores (MEIRELLES, 2019). Disponível em: https://eaesp. fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/ noticias2019fgvcia_2019.pdf. Acesso em: 11 ago. 2020. Saiba mais https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/noticias2019fgvcia_2019.pdf https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/noticias2019fgvcia_2019.pdf https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv.br/files/noticias2019fgvcia_2019.pdf Tecnologias em compras 79 • comparação ou escolha da melhor cotação automaticamente; • controle do recebimento de materiais e integração com o setor de estoque; • integração automática com o sistema financeiro; • módulo de exportação de dados (Excel, Texto, CVS); • formas de pagamento configuráveis; • relatórios gerenciais; • realização do inventário do estoque; • controle de acesso por usuário e por grupo de usuários (CAMPOS, 2015). Além disso, é importante deixar claro que, para implementar um sis- tema ERP na empresa, é necessário que se entenda quais são as neces- sidades do negócio. Os gestores de cada área, juntamente com a alta administração da empresa, devem elaborar um estudo que contemple as dificuldades enfrentadas no dia a dia de cada setor, identificando as reais necessidades. Assim, é possível realizar um planejamento que contenha as prioridades do negócio a serem consideradas na escolha de um sistema ERP aderente à empresa. A empresa alemã SAP, uma das maiores empresas de software no mundo, ganhou popularidade por desenvolver sistemas ERP, lançando o seu primeiro sistema, o SAP R/1, em 1973. Presente em mais de 130 países e com cerca de 300.000 clientes, a empresa é reconhecida por criar uma rede de parceiros comerciais para desenvolver novos produtos, fornecer serviços, treinar os usuários finais, entre outras atividades. Entre essas relações de par- ceria, a SAP promove: alianças estratégicas - parceiros estratégicos com presença global significativa; fabricantesde equipamentos originais – fornecedores que incorporam as tecnologias da SAP em seus produtos; provedores de solução – parceiros que oferecem soluções customizadas; parceiros de tecnologia complementar - fornecem soluções de software completas; revendedores de volume – parceiros que revendem o software SAP; e educação autorizada – parceiros autorizados para dar treinamentos aos clientes da SAP. Fonte: Slack; Brandon-Jones; Johnston, 2018, p. 536. Saiba mais Explique como o ERP se desenvolveu. Atividade 2 5.3 Compras eletrônicas Vídeo O comércio eletrônico cresceu amplamente ao longo das últi- mas duas décadas, emergindo em meio à globalização, à rápida disseminação da internet e ao avanço tecnológico. O uso de meios eletrônicos pelas empresas deu margem a mudanças no compor- tamento da área de compras, permitindo o fácil acesso a informa- ções de fornecedores e tornando possível realizar, por exemplo, 80 Gestão de compras e fornecedores a comparação de preços, qualidade, condições de pagamento e prazo de entrega, bem como a troca de informações sobre preços e ofertas de mercadorias entre vendedores e compradores (ALTO, PINHEIRO, ALVES, 2009; SLACK, CHAMBERS, JOHNSTON, 2009).. Nesse sentido, a compra eletrônica pode ser entendida como “todo processo de aquisição de bens e serviços utilizando a internet como meio para selecionar a proposta mais vantajosa para atender às neces- sidades da empresa” (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009, p. 106). Atrelados a compras eletrônicas, sugiram termos que fornecem conceituações, esclarecendo a definição sobre comércio eletrônico. Vamos conhecer e entender mais sobre esses termos a seguir. E-BUSINESS Significa negócio eletrônico e refere-se aos processos de negócios da empresa realizados via internet, ou seja, de modo on-line, envolvendo clientes, fornecedores e outros parceiros. O e-business engloba diversas atividades organizacionais por meio da configuração de um conjunto de sistemas e recursos de tecnologia da informação, cujo objetivo é se ter um modelo de alto desempenho, que pode ter como resultado a redu- ção de custos, a melhoria da produtividade, o aumento da eficiência de processos da cadeia de suprimentos, o aumento das vendas, a propaga- ção e/ou melhoria da imagem da empresa e melhoria da comunicação entre parceiros (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). m et am or wo rk s/ Sh ut te rs to ck Exemplos de empresas que se caracterizam como e-business: Amazon, Google e Netflix. E-COMMERCE Significa comércio eletrônico e refere-se à compra e à venda, realiza- das via internet. É o processo de transação comercial que ocorre de modo Tecnologias em compras 81 on-line, por meio de uma plataforma eletrônica. Isso envolve um proces- so que inclui consumidores, fornecedores e parceiros de negócios, em meio a atividades como vendas, marketing, entrega e recebimento de pedidos, serviços ao consumidor e até programas de fidelidade (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). m et am or wo rk s/ Sh ut te rs to ck As atividades de e-commerce aceleraram consideravelmente nos últimos anos. E-MARKETPLACE Significa mercado eletrônico e refere-se a um portal de negócios, por meio da internet, que oferece produtos e/ou serviços para compras entre empresas e/ou consumidores. É um espaço virtual em que compradores e vendedores realizam transações comerciais, isto é, compras eletrônicas (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). m et am or wo rk s/ Sh ut te rs to ck Empresas que são exemplos de e-marketplace: Mercado Livre, Airbnb e Lojas Americanas. 82 Gestão de compras e fornecedores E-PROCUREMENT Significa compra eletrônica e refere-se à automatização do processo de compras da empresa. Desse modo, a empresa usa um sistema ele- trônico para comercializar produtos e/ou serviços. Uma plataforma de e-procurement utiliza métodos e ferramentas eletrônicas em cada fase do processo de compras, desde o pedido de compra até o pagamento, facilitando a gestão de compras. De modo geral, o e-procurement gera alguns benefícios para a empresa, como promover eficiência nos pro- cessos de compras e nos relacionamentos comerciais com fornecedo- res, reduzir custos de transação com fornecedores, manter os preços competitivos por meio da abertura do mercado para maior competi- ção. Ele também ajuda a aprimorar a habilidade da área de compras no gerenciamento dos negócios (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Pa nc he nk o Vl ad im ir/ Sh ut te rs to ck A automatização do processo de compras em uma empresa, por meio de um sistema eletrônico, é chamada de e-procurement. Com o crescimento do comércio eletrônico, foi estabelecida uma categorização dos relacionamentos da cadeia de suprimentos, uma vez que administrar o relacionamento entre fornecedores e clientes é con- siderado um ponto importante para desenvolver as diferentes manei- ras de relacionamentos da cadeia de suprimentos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). A Figura 3 apresenta o quadro de relacionamento entre empresa e consumidor. As plataformas de e-procurement “integram diferentes setores da empresa, aprimorando a colaboração e a segurança de cada processo de compra” (REIS, 2019). Há alguns softwares que disponibilizam em seu sistema a inclusão do e-procurement, como o ERP, o e-sourcing e o e-informing. Para conhecer mais sobre e-procurement, leia o artigo E-procurement: como funciona esse sistema de compra e venda. Disponível em: https:// www.sunoresearch.com.br/ artigos/e-procurement/. Acesso em: 11 ago. 2020. Leitura https://www.sunoresearch.com.br/artigos/e-procurement/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/e-procurement/ https://www.sunoresearch.com.br/artigos/e-procurement/ Tecnologias em compras 83 Figura 3 Quadro de relacionamento entre empresa e consumidor B2B Relacionamento: Mais comum. Está presente em toda a rede, exceto no último elo da cadeia de suprimentos. Exemplo de e-commerce: Redes EDI Troca de informações da Tesco B2C Relacionamento: Operações varejistas. Operações de catálogo etc. Exemplos de e-commerce: Varejistas da internet. Amazon.com etc. C2B Relacionamento: O consumidor “oferece”, a empresa responde. Exemplos de e-commerce: Algumas operadoras de passagens aéreas; Priceline.com etc. C2C Relacionamento: Transações de leilão, “swap” e tranding. Exemplos de e-commerce: Sites especializados de “colecionadores”. Ebay.com etc. Co ns um id or Em pr es a Empresa Consumidor Al le ss /S hu tte rs to ck Fonte: Adaptado de Slack; Chambers; Johnston, 2009, p. 403. • B2B (business to business): o relacionamento de negócio a negó- cio representa as transações comerciais entre empresas, sendo o tipo mais comum em cadeias de suprimentos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). A compra e a venda entre empresas on-line permite o desenvolvimento de e-marketplaces, sistemas de co- tações on-line e leilões virtuais, por exemplo (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). • B2C (business to customer): o relacionamento de negócio a con- sumidor se refere ao comércio entre empresa e consumidor, incluindo operações varejistas (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Esse tipo de relacionamento pode ser, por exemplo, em shoppings virtuais, pedidos on-line para delivery, servidor para banco de dados, entre outros (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). 84 Gestão de compras e fornecedores • C2B (customer to business): o relacionamento de consumidor a negócio envolve a transação comercial do consumidor para a empresa, ou seja, o consumidor envia a sua requisição, incluin- do a proposta de preço para a empresa e, então, esta analisa e decide se aceita a proposta solicitada (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). • C2C (customer to customer): o relacionamento de consumidor a consumidor representa o comércio entre consumidores, sen- do realizado, geralmente, por intermédio de uma empresa. Esta oferece o site para a transação comercial on-line; por exemplo, sites de leilão (ALTO, PINHEIRO, ALVES, 2009; SLACK, CHAMBERS,JOHNSTON, 2009). Além desses, há outros dois tipos de relacionamentos: o B2G (busi- ness to government) e o B2E (business to employee). O B2G, ou relaciona- mento de negócio a governo, refere-se a transações comerciais entre empresa e governo. Um exemplo são as licitações para compra de qualquer produto e/ou serviço. Já o B2E, ou relacionamento de negócio a funcionário, configura o relacionamento entre a empresa e os fun- cionários. É feito, geralmente, em um portal (intranet) que representa a área central de comunicação interna da empresa (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Para a gestão de compras, os sistemas de compras eletrônicas po- dem trazer certas vantagens, como: agilizar o processo de compra por meio da padronização e automatização dos procedimentos de compra; possibilitar uma resposta rápida devido às transformações do merca- do; facilitar a formação de históricos de preços para os produtos e/ou serviços; facilitar o armazenamento e o acesso a informações; e ampliar a competitividade da empresa (ALTO; PINHEIRO; ALVES, 2009). Nesse sentido, podemos ressaltar que os principais benefícios proporciona- dos pelas compras às empresas são em relação às reduções de custos operacionais e tempo de processamentos das informações, bem como ao aumento dos lucros totais da empresa. De acordo com o relatório da 40ª edição do Webshoppers, lançado em 2019 pela empresa Ebit Nielsen, o e-commerce no Brasil faturou R$ 26,4 bilhões no primeiro semestre de 2019 e obteve crescimen- to de 12% em compara- ção ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o estudo apresen- tou que o segundo maior motivador de compras são as redes sociais, mostrando que o índice de satisfação dos consu- midores que compraram por indicações de redes sociais foi de 80%. Fonte: Webshoppers, 40ª edição (2019). Disponível em: https:// www.ebit.com.br/webshoppers. Acesso em: 11 ago. 2020. Saiba mais Qual é a diferença entre e-commerce e e-procurement? Atividade 3 https://www.ebit.com.br/webshoppers https://www.ebit.com.br/webshoppers Tecnologias em compras 85 5.4 Compras e a Indústria 4.0 Vídeo A Indústria 4.0, também chamada de Quarta Revolução Industrial, re- presenta a era atual da industrialização; vivenciamos uma transforma- ção para a digitalização industrial. Ao longo dos anos, a humanidade passou por Revoluções Industriais, que consistiram em períodos mar- cados pelo avanço tecnológico industrial. A Figura 4 a seguir mostra, resumidamente, os quatro períodos da Revolução Industrial. Figura 4 Períodos da Revolução Industrial Indústria 1.0 Fim do século 18 Invenção da produção mecânica alimentada por água e vapor. Gisele Yashar/Shutterstock Indústria 2.0 Começo do século 20 Início da produção em massa. Linhas de montagem e comunicação mais fáceis. popicon/Shutterstock Indústria 3.0 1970 Introdução de automação e robótica individual. Início da era da informação. popicon/Shutterstock Indústria 4.0 2015 Digitização e integração de cadeias de valor e produtos e/ou serviços. TI, máquinas e seres humanos conectados, interagindo em tempo real. Smart Factory. VLADGRIN/Shutterstock Fonte: Adaptado de Geissbauer; Vedso; Schrauf, 2016, p. 8. A Indústria 4.0 “foca na digitização end-to-end de todos os ativos físicos e na integração de ecossistemas digitais com parceiros da ca- deia de valor [...] engloba diversas novas tecnologias para criar valor” (GEISSBAUER; VEDSO; SCHRAUF, 2016, p. 8). Nesse sentido, podemos entender que a Indústria 4.0 representa a inserção de novas tecno- logias, como, por exemplo, big data, computação em nuvem, Internet das Coisas, inteligência artificial e realidade aumentada nos processos produtivos e de negócios, promovendo a automação no controle de dados e informações. 86 Gestão de compras e fornecedores Essa transformação digital está afetando as mais diversas áreas de negócios, gerando impactos significativos nas organizações. No setor de compras, as tecnologias digitais já estão sendo adotadas, de modo a aumentar o valor corporativo da área de compras nas empresas. Isso quer dizer que o setor de compras passará a realizar somente o moni- toramento de atividades operacionais, voltando o foco para atividades estratégicas de inovação e gerenciamento de tempo. Sendo assim, a área de compras ficará responsável por trazer inovação para a empre- sa por meio de vínculos, em relação a conhecimentos e competências, com parceiros de negócios, impulsionando a inovação de seus fornece- dores para garantir liderança em tecnologia e mercado para a empresa (SCHREIBER et al., 2016). Conexão Big data Computação na nuvem Automação Internet of Things (IoT) Integração de sistemas b uf fa lo bo y/ Sh ut te rs to ck A Indústria 4.0 representa a transformação digital, permitindo uma produção mais rápida, responsiva e conectada. De acordo com o relatório Global Chief Procurement Officer Survey 2018, muitas organizações estão redirecionando seu foco, a fim de compreender as inovações digitais atuais e as tendências futuras. Querem entender, também, de que forma ocorrerá a aplicação des- sas tecnologias em seus negócios (UMBENHAUER; YOUNGER, 2018). Segundo esse relatório, o impacto das tecnologias digitais em com- pras se dará quando: • o fornecimento se torna preditivo: gerenciamento de gastos em tempo real; previsão da demanda por inteligência artificial; possibilidade de previsão de fontes para aquisições futuras; Tecnologias em compras 87 • as compras se tornam automatizadas: detectar automatica- mente a demanda e a requisição de material; eliminação de pro- cessos repetitivos; acionamento de pagamentos em tempo real; troca de mercadorias por meio de livros digitais descentralizados; • o gerenciamento de fornecedores se torna proativo: monito- ramento de riscos em tempo real; realização de visitas a fornece- dores utilizando realidade aumentada; realização de auditorias de fornecedores por meio de crowdsourcing (colaboração coletiva para resolução de problemas); monitoramento da sustentabilida- de por meio de relatórios/painéis automatizados; • as operações de compras se tornam inteligentes: plataformas de mídias sociais aproveitadas para conectar funcionários e fornecedo- res; plataformas de compras, ecossistemas e redes são desenvolvi- dos; requisitos do fornecedor e da força de trabalho analisados para garantir otimização (UMBENHAUER; YOUNGER, 2018). Outro estudo sobre a revolução digital em compras, realizado pela PWC em 2016, oferece uma estrutura para o chamado Com- pras 4.0, isto é, uma nova configuração para a área de compras. Em Procurement 4.0: are you ready for the digital revolution?, divulgado em 2016, sugestões acerca desse novo contexto são feitas sob seis perspectivas, conforme veremos a seguir. • Nova proposta de valor para compras Devido às oportunidades que surgem com a digitalização, os ges- tores de compras devem repensar o valor agregado de compras na empresa. O setor de compras pode criar novos modelos de negócios, deixando de ser um centro de custo e passando a ser um centro de lucro, pois possui conhecimento sobre seus fornecedores, materiais e tendências do mercado. Além disso, com o acesso aos dados, o se- tor de compras pode melhorar o gerenciamento de transporte, esto- que, qualidade e outras áreas que envolvem a cadeia de suprimentos (GEISSBAUER; WEISSBARTH; WETZSTEIN, 2016). • Categoria digital e compra de serviços Com a digitalização, o setor de compras deverá capturar, analisar e atuar com dados em tempo real, de modo a tomar decisões de forma mais rápida e que esteja acessível a todos os parceiros da cadeia de va- lor. Pessoas e sistemas estarão mais conectados por meio dos dados, permitindo uma conexão mais integrada entre organizações e pessoas, 88 Gestão de compras e fornecedores o que resulta em benefícios para todas as partes envolvidas. Além dis- so, softwares e serviços digitais serão adquiridos com mais frequência,mudando também a forma como as empresas realizam as compras (GEISSBAUER; WEISSBARTH; WETZSTEIN, 2016). • Cadeia de suprimentos digital e gestão de fornecedores Por meio de novas tecnologias, será possível integrar os dados em tempo real de clientes, distribuidores, fornecedores, entre ou- tros membros de uma cadeia, melhorando, assim, o desempenho da cadeia de suprimentos. Com isso, o setor de compras será importan- te, considerado o ponto central na integração ponta a ponta da ca- deia de suprimentos (GEISSBAUER; WEISSBARTH; WETZSTEIN, 2016). • Uso inovador de dados em compras Com as análises de dados realizadas por meio de novas plataformas digitais, será possível conhecer e acompanhar melhor os fornecedores e as tendências do mercado. Isso é importante porque permite que os tomadores de decisão estejam mais bem informados, sendo pos- sível até conduzir, de forma automática, decisões de compras. Além disso, devido à integração desses dados em tempo real com os demais membros da cadeia, o fornecedor pode receber alguma informação específica e já melhorar ou evitar possíveis falhas em seus produtos e/ou serviços antes de efetivar a entrega para o cliente (GEISSBAUER; WEISSBARTH; WETZSTEIN, 2016). • Processos e ferramentas digitais Por meio de plataformas digitais e uma variedade de ferramentas de suporte, o setor de compras terá condições de otimizar processos que antes eram feitos a nível operacional, como planejamento de com- pras, entrega de pedidos, pagamento, cotações e negociação de con- tratos com fornecedores, por exemplo. Com isso, a área de compras ganhará eficiência nesses processos e mais tempo para se dedicar a ati- vidades estratégicas, a fim de agregar valor aos negócios (GEISSBAUER; WEISSBARTH; WETZSTEIN, 2016). • Organização e competências Em meio à era da digitalização, é de extrema importância que as empresas repensem a sua forma de organização e suas competências, no sentido de criar novos perfis de trabalho que atendam a essa nova dinâmi- ca organizacional. Para isso, a empresa deverá investir em programas de Tecnologias em compras 89 capacitação de seus funcionários, criar parcerias de cooperação em com- pras, com universidades e centros de pesquisas, por exemplo, além de desenvolver e estabelecer treinamentos e programas em conjunto com seus fornecedores (GEISSBAUER; WEISSBARTH; WETZSTEIN, 2016). A Figura 5 mostra a estrutura de Compras 4.0 proposta por Geissbauer, Weissbarth e Wetzstein (2016) e apresentada no relatório da PWC Procurement 4.0: Are you ready for the digital revolution?, que contempla seis perspectivas. Figura 5 Estrutura de Compras 4.0 Tendências e direcionadores 2. Categoria digital e compra de serviços 3. Cadeia de suprimentos digital e gestão de fornecedores 4. Uso inovador de dados em compras 5. Processos e ferramentas digitais 6. Organização e competências Revolução das compras digitais Evolução das compras digitais Base para o sucesso das compras digitais Tecnologia Concorrência Fornecedores Mudança do cenário competitivo Globalização Expectativa dos acionistas Outras funções Outras tendências 1. Nova proposta de valor para compras Fonte: Adaptado de Geissbauer; Weissbarth; Wetzstein, 2016, p. 6. A transformação digital está acontecendo em escala global, mesmo que para alguns países e mercados isso ocorra de forma mais lenta e gradual. Essa quebra com os padrões e modelos já estabelecidos no mercado trará impactos para os negócios, no sentido de promover efi- ciência, agilidade e integração nos processos, tanto intraorganizacio- nais quanto interorganizacionais. Devemos ter em mente que a inserção de novas tecnologias na empresa deverá ocorrer de acordo com as estratégias organizacionais e com o objetivo de resolver problemas e otimizar os processos de negócios, traba- lhando as tecnologias de forma harmônica e integrada. Importante 90 Gestão de compras e fornecedores Ni co El Ni no /S hu tte rs to ck A estrutura de Compras 4.0 representa uma nova abordagem de compras em meio à transformação digital. No aspecto de compras, em consequência das novas demandas do mercado, o atendimento às necessidades das empresas e a integra- ção de dados e informações conectadas com os fornecedores e com os outros membros da cadeia de suprimentos, resultará no desenvol- vimento da abordagem de Compras 4.0. Isso exigirá o uso de sistemas inteligentes, por meio da introdução de tecnologias digitais, além de a gerência desenvolver infraestrutura e competências profissionais, in- serindo essa nova abordagem na cultura organizacional da empresa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, conhecemos alguns tópicos sobre tecnologias em com- pras envolvendo a tecnologia da informação, os sistemas de informações gerenciais, o ERP, o comércio e as compras eletrônicas e indústria 4.0. Além disso, vimos sobre a tecnologia da Informação e os sistemas de in- formações gerenciais, que proporcionam agilidade no processamento das informações, de modo a apoiar a tomada de decisão dos gestores. Sugerimos que você assista ao vídeo [Conexão Compras] Entrevista com Daniela Ferreira, head de compras da Bridgestone. A entrevista sobre Com- pras 4.0 e transformação digital foi feita para o Ca- nal Mercado Eletrônico. Disponível em: http://youtu. be/il2bcDgj5Lg. Acesso em: 11 ago. 2020. Vídeo Discorra sobre compras no contexto da Indústria 4.0. Atividade 4 https://www.youtube.com/watch?v=il2bcDgj5Lg&list=PLHThCkgQeyrEDnI43Q3pXBdcsF9LeMq64&index=7&t=0s Tecnologias em compras 91 O sistema ERP, mais conhecido e utilizado pelas organizações, integra os processos de negócios empresariais, facilitando o gerenciamento de compras. O comércio eletrônico mudou o panorama de compras, sen- do desenvolvidas formas de comprar e de vender produtos e/ou serviços em meio virtual. O destaque dado para a área de compras no contexto da Indústria 4.0 envolve a inserção de novas tecnologias digitais para o gerenciamento e para o processamento de compras, fazendo surgir uma nova abordagem nas empresas, a estrutura Compras 4.0. REFERÊNCIAS ALTO, C. F. M.; PINHEIRO, A. M.; ALVES, P. C. Técnicas de compras. Rio de Janeiro: FGV, 2009. CAMPOS, A. Gestão de compras e negociação: processos, uso da tecnologia da informação, licitações e aquisições no terceiro setor. São Paulo: Érica, 2015. GEISSBAUER, R.; VEDSO, J.; SCHRAUF, S. Pesquisa global Indústria 4.0 - Digitização como vantagem competitiva: Relatório Brasil. PWC, 2016. Disponível em: https://www.pwc.com. br/pt/publicacoes/servicos/assets/consultoria-negocios/2016/pwc-industry-4-survey-16. pdf. Acesso em: 11 ago. 2020. GEISSBAUER, R.; WEISSBARTH, R.; WETZSTEIN, J. Procurement 4.0: Are you ready for the digital revolution? PWC, 2016. Disponível em: https://www.strategyand.pwc.com/gx/en/ insights/2016/procurement-4-digital-revolution/procurement-4.pdf. Acesso em: 11 ago. 2020. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. MEIRELLES, F. S. Mercado brasileiro de TI e uso nas empresas. In: FGV ESESP. 30ª Pesquisa Anual do FGVcia da FGV/EAESP. 2019. Disponível em: https://eaesp.fgv.br/sites/eaesp.fgv. br/files/noticias2019fgvcia_2019.pdf. Acesso em: 11 ago. 2020. REIS, T. E-procurement: como funciona esse sistema de compra e venda. Suno research. 2019. 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Acesso em: 11 ago. 2020. 92 Gestão de compras e fornecedores GABARITO 1. O uso de TI nas empresas tem como objetivo agilizar a troca de informações, com qualidade e segurança, entre as áreas da empresa, apoiando os gestores na tomada de decisão. Na área de compras, isso não é diferente. Os sistemas de TI promovem, nos processos de compras, rapidez e eficiência; por exemplo, a realização de cotações de fornecedores e a aprovação de pedidos de compras. Além disso, o uso de TI pode proporcionar estreitamento da relação entre empresa e fornecedores. 2. O sistema de gestão integrada ERP (planejamento de recursos empresariais) se desenvolveu por meio do sistema MRP II (planejamento dos recursos de manu- fatura). Este se desenvolveu do MRP (planejamento das necessidades de mate- riais). O sistema MRP possibilitou que empresas realizassem o planejamento e o controle de materiais por meio de computadores. Já o MRP II, por sua vez, incluiu no sistema as áreas contábil, financeira e de engenharia. A evolução para o ERP ampliou a base do sistema, permitindo incluir outras áreas da empresa, como vendas, suprimentos e recursos humanos. 3. O e-commerce (comércio eletrônico) se refere à compra e à venda, ou seja, uma transa- ção comercial realizada via internet, de modo on-line, em uma plataforma eletrônica. O e-procurement (compra eletrônica) se refere à automatização do processo de com- pras da empresa, isto é, a empresa utiliza uma plataforma eletrônica para realizar o processo de compras. 4. A Indústria 4.0 (Quarta Revolução Industrial) representa a revolução digital nos ne- gócios, ou seja, a inserção de novas tecnologias nos processos de negócios. Na área de compras, isso se dará por meio da automatização das atividades operacionais, de modo a voltar o foco de compras para desenvolver atividades estratégicas, principal- mente em relação ao relacionamento com fornecedores acerca de inovação e geren- ciamento de tempo. GESTÃO de compras e fornecedores flavianna casella galli -carolina casella galli carolina CASELLA GALLI flaviana CASELLA GALLI Código Logístico 59479 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6656-8 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 5 6 8 Página em branco Página em branco