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“Qualquer ocorrência médica adversa que se apresente durante o tratamento com um produto farmacêutico, mas que não necessariamente guarda uma relação causal (atos não intencionais) com o tratamento. Portanto é um acontecimento imprevisto que traga prejuízo ou danos o paciente”. Exemplos de reações adversas: erupções cutâneas, icterícia, anemia, redução na contagem de glóbulos brancos, lesão renal e lesão nervosa que pode prejudicar a visão ou a audição. Os eventos adversos impactam em diferentes níveis • Econômico: aumento dos custos, variando na razão direta dos danos e da quantidade dos mesmos. • Clínico: os resultados em saúde afastam-se do esperado, com consequências diretas na qualidade dos cuidados prestados. • Social: tema muito valorizado pela sociedade e tratado como sensacionalismo pela comunicação social. Pode contribuir para perda de confiança nas organizações de saúde e seus profissionais por parte dos pacientes. Histórico Desde a década de 70 começaram a procura por indenização (as companhias de seguros americanas) por danos à saúde provocadas por eventos adversos. • Ex: prolongamento do tempo de internação, não produtividade do paciente. • Suspeita de auxiliar injetar leite na veia de bebê. • Aposentado teria recebido glicerina na veia em vez de soro. • Outros - erros de administração, automedicação, queda de um leito, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, reações adversas, uso off- label (risco de efeitos adversos e inefetividade), interações e intoxicações medicamentosas (diarreia, vômitos, tontura, mudança de comportamento e também pode ser letal), entre outros. Como o sistema de saúde lida? • Em geral os serviços de saúde usam uma abordagem pessoal para resolver essas falhas. • Busca identificar as falhas por motivos como; desatenção, negligência, descuido, falta de conhecimento, desmotivação e depois puni-lo. • Em função disso a tendência do profissional que cometeu o erro é esconde-lo. Soluções para minimizar os eventos adversos • Medicamentos com sons e grafias parecidas (evitar) • Identificação do paciente • Comunicação durante a transmissão do caso (handovers) • Procedimento correto e local do corpo correto • Evitar má conexões de tubos, cateteres, seringas • Usar seringas descartáveis • Melhorar higiene das mãos para prevenir infecções • Administração correta da medicação (via de administração, horário, período) Como mitigar as EAs em hospitais Um programa hospitalar deve ter: • Hospitais Sentinela • Comitê de qualidade e Cultura de segurança • Métodos de avaliação retrospectivos e prospectivos • Programas de educação de pacientes • Integração de ações da gestão de risco (prontuários, comissão de análise de óbitos, comissão de farmácia e terapêutica). • Dose unitária de medicamentos Outros Classificação das reações adversas Classificação que auxilia o entendimento dos principais mecanismos de produção de reações indesejáveis: • Efeitos colaterais • Superdosagem relativa • Efeitos secundários • Idiossincrasia • Hipersensibilidade alérgica • Tolerância • Efeitos colaterais (adversos ou benéficos) – Inerentes à própria ação farmacológica do medicamento, porém, o aparecimento é indesejável num momento indeterminado. Ex: bronco espasmo produzido pelos bloqueadores beta-adrenérgico, sonolência pelos benzodiazepínicos e anti-histamínicos, que podem ser benéficos ou adversos dependendo da situação. ***Embora efeito colateral seja comumente utilizado como sinônimo de reação adversa, ele é apenas uma subcategoria de reação adversa. • Superdosagem relativa – quando o fármaco é administrado em doses terapêuticas, mas apesar disso, suas concentrações são superiores aos habituais. Se deve a alterações funcionais, que podem aumentar o risco de concentrações elevadas do fármaco no organismo. • Efeitos secundários – Consequência do efeito desejado do medicamento. Ex: tetraciclina se deposita nos dentes e descolorem o esmalte dos mesmos. • Idiossincrasia – Reações nocivas e as vezes fatais, ocorrendo em minoria dos indivíduos; sensibilidade peculiar a um determinado produto; envolve polimorfismo genético; • Hipersensibilidade alérgica – É necessária sensibilização prévia do indivíduo; não é relacionada a dose administrada; anafilaxia; • Tolerância - É fenômeno pelo qual a administração repetida, contínua ou crônica de um fármaco ou droga na mesma dose, diminui progressivamente a intensidade dos efeitos farmacológicos, sendo necessário aumentar gradualmente a dose para poder manter os efeitos na mesma intensidade. A principal diferença entre o efeito colateral e o efeito adverso (também conhecido por RAM - Reação Adversa ao Medicamento) é que neste último caso, as consequências são consideradas sempre prejudiciais, enquanto que um efeito colateral, dependendo da situação, pode ser benéfico. Quanto ao mecanismo Classificação de Rawlins e Thompson Reação adversa tipo A São resultado de uma ação farmacológica exagerada de um fármaco utilizado em doses terapêuticas. São consideradas farmacologicamente previsíveis e normalmente dependem da dose, portanto podem ser tratadas com o ajuste de dose. Reação adversa tipo B (bizarra) Apresentam efeitos farmacológicos completamente inesperados e anormais e não dependem da dose, portanto o tratamento consiste em suspender a administração do fármaco. Possíveis causas para a ocorrência destas reações são alterações na formulação farmacêutica, como a decomposição dos princípios ativos ou outros componentes da fórmula. É incomum, e apresenta alta mortalidade. Reação adversa tipo C (crônica) detectada em estudos farmacoepidemiológicos • Quando o medicamento apresenta efeitos que só são visíveis a longo prazo. • Relacionado à dose e ao tempo de uso • Relacionada ao efeito cumulativo do fármaco • Incomum Reação adversa tipo D (delayed) atraso • Efeitos secundários que só aparecem algum tempo depois de ter parado com a medicação • Incomum • Normalmente relacionado com o tempo de uso • Tendem a surgir algum tempo depois da finalização do tratamento Reação adversa tipo E (end of use) – fim do uso • Efeitos secundários que aparecem ao parar a medicação • Incomum • Ocorre logo após a suspensão do medicamento Reação adversa tipo F (falha) • É quando o medicamento apresenta um efeito inferior ao esperado • Comum • Relacionado com a dose • Relacionado com a falha inesperada da terapêutica • Ocorre por aumento ou diminuição indesejada da eficácia de um medicamento • Relacionado com a interação de medicamentos Classificação das reações de acordo com a gravidade Leve - Não requer tratamentos específicos ou antídotos e não é necessária a suspensão do fármaco. Moderada - Exige modificação da terapêutica medicamentosa, apesar de não ser necessária a suspensão da droga agressora. Pode prolongar a hospitalização e exigir tratamento específico. Grave - Potencialmente fatal, requer a interrupção da administração do medicamento e tratamento específico da reação adversa, requer hospitalização ou prolonga a estadia de pacientes já internados. Letal - Contribui direta ou indiretamente para a morte do paciente. Fatores de risco/incidência das RAM’s Extremos de idade: neonatos e idosos são grandes riscos de experiências com RAMs, em virtude da imaturidade de enzimas hepáticas (neonatos) e da grande exposição de idosos a medicamentos; Gênero: as mulheres apresentam porcentagem de RAMs maiores do que nos homens. Isso é relatado pelas diferenças corpóreas e pela distribuição, mas alguns refletem em polimorfismo farmacocinético e farmacodinâmico; Múltipla medicação: existe uma relação direta entre o número de medicamentos que um pacientetoma e o risco de uma RAM; Estado patológico: do fígado, rins e coração podem afetar a depuração, resultando em acúmulo do medicamento; Histórico passado de RAMs ou alergias: RAMs são mais frequentemente encontradas em pacientes que sofreram anteriormente RAMs ou alergias; Fatores genéticos: existe um número de polimorfismo genético na população que aponta certos pacientes com maiores riscos de experiências com RAMs; Grandes doses: há uma relação direta entre o risco de experiências com RAMs e as doses administradas do medicamento. Classificação dos medicamentos quanto ao risco na gravidez Risco A - Não há evidência de risco em mulheres. Estudos controlados não revelam problemas no primeiro trimestre de gravidez e não há evidências de problemas nos segundo e terceiro trimestres. Exemplos: Ácido fólico, Piridoxina, Vitamina D3. Risco B - Não há estudos adequados em mulheres. Em experiência em animais não foram encontrados riscos, mas foram encontrados efeitos colaterais que não foram confirmados nas mulheres, especialmente durante o último trimestre de gravidez. Exemplos: Gamax, Sinvastatina, Busonid, Antibióticos (azitromicina, Eritromicina, Clindamicina, Amoxicilina, Cefalexina), Ibuprofeno, Metoclopramida Risco C - Não há estudos adequados em mulheres. Em experiências animais ocorreram alguns efeitos colaterais no feto, mas o benefício do produto pode justificar o risco potencial durante a gravidez. Exemplos: Nimesulida, AAS, Simeticona, Haloperidol, Omeprazol, Norfloxacina Risco D - Há evidências de risco em fetos humanos. Só usar se o benefício justificar o risco potencial. Em situação de risco de vida ou em caso de doenças graves para as quais não se possa utilizar drogas mais seguras, ou se estas drogas não forem eficazes. Exemplos: Amitriptilina; Espironolactona, Ibuprofeno, Fenitoína, Benzodiazepinas, Fenobarbital, Hidroclorotiazida, Imipramina,Atenolol, Cortisona, Enalapril. Risco X - Estudos revelaram má formação fetal ou aborto. Os riscos durante a gravidez são superiores aos potenciais benefícios. Não usar em hipótese alguma durante a gravidez. Exemplos: Tetraciclinas, Metotrexato, Talidomida, Metronidazol, Isotretinoína
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