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Classificação de reações adversas e problemas relacionado a medicamentos Prof. Dr. Rogério Grando É uma prática do farmacêutico: • Responsabiliza-se das necessidades do paciente relacionado com os medicamentos (identifica RNM e buscar qual é o PRM); • Continuada, sistematizada e documentada; • Colaboração com o paciente e outros profissionais da saúde; • Alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Seguimento Farmacoterapêutico (Segundo Consenso de Granada, 2002) Seguimento Farmacoterapêutico BASEIA-SE EM TRÊS ABORDAGENS RELACIONADAS A MEDICAMENTOS: NECESSIDADE EFETIVIDADE SEGURANÇA (Deve existir um problema de saúde que justifique o seu uso), (Deve atingir os objetivos terapêuticos planejados) (Não deve produzir nem agravar outros problemas de saúde) (Terceiro Consenso de Granada, 2007) Resultados negativos associados à medicamentos (RNM) (Terceiro Consenso de Granada, 2007) Resultados negativos associados a medicamentos (RNM) (Terceiro Consenso de Granada, 2007) POSSO ASSEGURAR QUE SERÃO ATINGIDOS RESULTADOS SOMENTE RESULTADOS POSITIVOS REFERENTE A FARMACOTERAPIA???? (Terceiro Consenso de Granada, 2007) (Terceiro Consenso de Granada, 2007) GARANTIR O USO ADEQUADO DE UM MEDICAMENTO NÃO ASSEGURA QUE SE ATINJAM RESULTADOS POSITIVOS NO PACIENTE. Evento adverso a medicamento Evento Adverso a Medicamento • O que é? “É qualquer dano causado pelo uso de um ou mais medicamentos com finalidade terapêutica, abrangendo, portanto, reações adversas aos medicamentos e erros de medicação.” EAM e RAM EAM Uma injúria sofrida pelo paciente resultante de erros no uso de medicamentos e que resultam em falha terapêutica RAM Resposta ao medicamento que seja prejudicial, não intencional, ocorrendo em doses normalmente usadas EAM e RAM EAM Uma injúria sofrida pelo paciente resultante de erros no uso de medicamentos e que resultam em falha terapêutica RAM Resposta ao medicamento que seja prejudicial, não intencional, ocorrendo em doses normalmente usadas Superdose pode ser considerada uma reação adversa ao medicamento????? Reação adversa ao medicamento • O que é? É uma resposta ao medicamento que seja prejudicial, não intencional, ocorrendo em doses normalmente usadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento de doenças, ou para modificação de uma função fisiológica. RAM: Consequências A ocorrência de eventos adversos tem impacto em diferentes níveis: • Econômico - aumento dos custos, variando na razão direta dos “danos” e da quantidade dos mesmos • Clínico - os resultados (Outcomes) em saúde afastam-se do esperado, com consequências diretas na qualidade dos cuidados prestados • Social - tema muito valorizado pela sociedade e tratado com sensacionalismo pela comunicação social. Podem contribuir para a perda de confiança dos pacientes nos profissionais e nas organizações de saúde RAM: Classificação Quanto à expectativa: Esperado (ou descrito ou conhecido): É aquela cuja descrição consta na bula do medicamento. Inesperado (não descrito ou desconhecido): É aquela cuja descrição NÃO consta na bula do medicamento. Pode ser raro ou desconhecido. RAM: Classificação Quanto à frequência: Exemplo: Bula da Amoxicilina RAM: Classificação Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown : • Tipo F • Tipo G • Tipo H • Tipo U • Tipo A • Tipo B • Tipo C • Tipo D • Tipo E Tipo A Reações adversas relacionadas com a dose do medicamento Ocorrem enquanto faz uso do medicamento Ex: Taquicardia por broncodilatador agonista beta não-seletivo Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo B Reações farmacologicamente previsíveis, envolvem interação do medicamento com os micro-organismos do hospedeiro e desaparecem com a retirada do medicamento. -Cáries causadas pelos açúcares -Seleção de cepas resistentes por antibióticos Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo C Causada por características químicas e concentração do agente agressor e não por efeito farmacológico Flebite com injetáveis, lesão gastrointestinal por irritante local Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo D Reações em consequência do método de administração da droga ou natureza física da formulação Infecção no local de uma injeção Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo E Reações que ocorrem após retirada da medicação (suspensão ou ajuste de dose) Reintrodução da droga melhora sintomas Opióides, benzodiazepínicos, antidepressivos, nicotina, beta-bloqueadores Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo F Reações em indivíduos geneticamente susceptíveis e retirada do medicamento melhora os sintomas Hemólise por sulfonamidas (antibióticos) Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo G Reações adversas genotóxicas causadas por medicamentos que promovem danos irreversíveis Talidomida (focomelia), Captopril Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo H Reações decorrentes da ativação do sistema imune Não previsíveis Não relacionadas a dose Choque anafilático por penicilina Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Tipo U Classificação com o mecanismo: Autores: Simon Wills e David Brown RAM: Classificação Reações adversas não classificadas em nenhum dos outros grupos Mecanismos não entendidos Distúrbios de paladar, náuseas e vômitos após anestesia Alguns grupos são mais susceptíveis as RAM, para esses grupos: • Monitoração clínica no uso de medicação • Relação risco/benefício • Possíveis reações adversas • Grau comprometimento do paciente Fatores que predispõe a RAM Alguns grupos são mais susceptíveis as RAM, para esses grupos: Fatores que predispõe a RAM Grupo I – Extremos de idade Grupo II – Gênero Grupo III – Gestantes Grupo IV – Patologias Grupo V – Hipersensibilidade Grupo VI – Variação genética Grupo VII – Polimedicação Grupo I – Extremos de idade Fatores que predispõe a RAM Neonatos e crianças Drogas podem afetar padrões de crescimento e desenvolvimento (ósseo por tetraciclina, erosão em cartilagem por quinolonas); Alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Idosos Não obediência ao tratamento Terapia de múltiplas drogas Reações de hipersensibilidade Alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas Grupo II – Gênero Fatores que predispõe a RAM Mulheres mais susceptíveis a reações • Complicações obstétricas • Dismenorréia que precisa de medicamentos • Uso de contraceptivos por muitos anos • Mais tecido adiposo (depósito) • Fatores hormonais Grupo III – Gestantes Fatores que predispõe a RAM Uso de medicamentos deve ser avaliado considerando-se variações farmacocinéticas durante gravidez, alterações fisiológicas e possíveis efeitos sobre o feto • Aumento do volume sanguíneo em 50% • Metabolismo alterado (hormônios) • Aumento excreção urinária Grupo IV – Patologias Fatores que predispõe a RAM Insuficiência Renal Alterações de distribuição e excreção Retenção de água e sódio Hipercalemia Insuficiência Hepática Funções metabólicas alteradas Mudanças farmacocinéticas Considerar: Biodisponibilidade Margem de segurança Via de eliminação Atividade dos metabólitos Fígado Rins Grupo V – Hipersensibilidade Fatores que predispõe a RAM Variação da reatividaderesultante da exposição a um alérgeno (droga intacta ou fragmento) Reconhece-se por: • Exposição anterior ao agente • Independência da dose administrada • Recorrência • Reação não associada a atividade da droga • Sintomas característicos Grupo VI – Variabilidade genética Fatores que predispõe a RAM Respostas anormais a medicamentos incidentes em uma população específica Alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas Grupo VII – Polimedicação Fatores que predispõe a RAM Reações adversas causadas por interações medicamentosas • Pacientes hospitalizados • Doentes crônicos • Disfunções renais e hepáticas • Idosos • OTC’s • Automedicação • Produtos naturais Como identificar uma RAM Critérios para diferenciar as RAMS dos mecanismos fisiológicos e patológicos de diferentes doenças. i) certificar-se de que o paciente utilizou o medicamento prescrito e na dose recomendada; ii) questionar se a RAM suspeita ocorreu após a administração do medicamento; iii) determinar se o intervalo de tempo entre o início do tratamento com o medicamento e o início do evento é plausível; iv) avaliar o que ocorreu com a suspeita RAM após a descontinuidade do uso do medicamento e, se reiniciado, monitorar a ocorrência de quaisquer eventos adversos; v) analisar as causas alternativas que poderiam explicar a reação; vi) verificar, na literatura e na experiência profissional, a existência de reações prévias descritas sobre essa reação. Prevenção RAM dose- dependentes podem ser evitadas pelo uso de menores doses possíveis, considerando o quadro do paciente (função renal, hepática, etc...) Monitoramento de sinais após contato com o medicamento (P.A. após anti-hipertensivos) Monitoramento plasmático Anamnese (hipersensibilidade) Depende do efeito farmacológico e gravidade Suspensão da administração do medicamento Redução da dose Adm. de outros medicamentos (p/efeitos) Ex: Acetilcisteina/paracetamol; Biperideno/Haloperidol; Cloreto de K+/Digitálicos Acelerar eliminação do medicamento Alteração do pH da urina Tratamento das RAM Depende do efeito farmacológico e gravidade Tratamento das RAM Tratamento dos sinais e sintomas Submeter paciente a hemodiálise Medidas de suporte (sinais de vida) Conceitue e relacione, gestão clínica do medicamento, acompanhamento farmacoterapeutico , RAM e farmacovigilância Como identificar uma RAM Critérios para diferenciar as RAMS dos mecanismos fisiológicos e patológicos de diferentes doenças. Perguntas Sim Não Não sabe 1. Existem estudos prévios sobre essa reação? +1 0 0 2. A reação adversa ocorreu após administração do medicamento? +2 -1 0 3. O paciente melhora quando o medicamento é retirado ou quando se administra um antagonista específico? +1 0 0 4. A reação reaparece quando se readministra o medicamento? +2 -1 0 5. Excluindo o uso de medicamentos, existem outras causas capazes de determinar o surgimento da reação? -1 +2 0 6. A reação reaparece ao se administrar placebo? -1 +1 0 7. O medicamento foi detectado em sangue ou outros líquidos orgânicos, em concentrações consideradas tóxicas? +1 0 0 8. A reação foi mais intensa quando se aumentou a dose ou menos intensa quando a dose foi reduzida? +1 0 0 9. O paciente já apresentou alguma reação semelhante ao mesmo medicamento ou a outro similar? +1 0 0 10. A reação adversa foi confirmada Por meio de alguma evidência objetiva? +1 0 0 Como identificar uma RAM DEFINIDA (100 %) Evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, que ocorre em espaço de tempo plausível em relação à administração do medicamento e que não pode ser explicado por doença de base ou por outros medicamentos ou mesmo substâncias químicas. A resposta da suspensão do uso do medicamento (dechallenge) deve ser clinicamente plausível. O evento deve ser farmacológica ou fenomenologicamente definitivo, usando-se um procedimento de re-introdução (rechallenge) satisfatória, se necessário. PROVÁVEL (75 %) Evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, que se apresenta em período de tempo razoável de administração do medicamento, improvável de ser atribuído a uma doença concomitante ou outros medicamentos ou substâncias químicas, e que apresenta uma resposta clinicamente razoável à suspensão do uso do medicamento (dechallenge). Informações sobre a reintrodução (rechallenge) não são necessárias para completar esta definição. POSSÍVEL (50 %) Evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, que se apresenta em período de tempo razoável de administração do medicamento, mas que também pode ser explicado por doença concomitante ou outros medicamentos ou substâncias químicas. Informações sobre a suspensão do uso do medicamento (dechallenge) podem estar ausentes ou obscuras. IMPROVÁVEL (25 %) Evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, que apresenta relação temporal com a administração do medicamento que torna uma relação causal improvável e em que outros medicamentos, substâncias químicas ou doenças subjacentes propiciam explicações plausíveis. CONDICIONAL/NÃO CLASSIFICADA Evento clínico, incluindo-se anormalidades em testes de laboratório, notificado como sendo uma reação adversa, sobre o qual são necessários mais dados para avaliação adequada ou quando os dados adicionais estão sendo analisados. NÃO ACESSÍVEL/NÃO CLASSIFICÁVEL Notificação que sugere uma reação adversa que não pode ser avaliada porque as informações são insuficientes ou contraditórias e que não pode ser completada ou verificada •JBS, 62 anos, foi hospitalizado em 15/09/2015 em uma unidade de terapia intensiva após intensa rigidez e dor muscular com incapacidade de locomoção. •Na triagem hematológica e bioquímica de rotina apresentou: • Hemograma normal • Creatinina de 1,7 mg/ dl (normal < 1,3) • Aspartato aminotransferase 45 U/L (normal <38) • Alanina aminotransferase 55 U/L (normal < 41) • Soro creatinaquinase (CK) 1991 U/L (normal < 190) • Proteinúria •Ao analisar o prontuário deste paciente o médico encontrou que o mesmo tinha hipertensão arterial, tratada por mais de 10 anos com os medicamentos: • Losartana 100 mg/dia • Hidroclorotiazida 25 mg/dia. • •Há cerca de 10 dias teve o diagnostico de hiperlipidemia, sendo prescrito rosuvastatina 40 mg/dia por via oral. •Após internação foi suspensa a estatina e o quadro clínico do paciente resultou em melhora. Como identificar uma RAM Resolução sugerida - Caso •Classificação do Evento •Temos 3 reações adversas: dano renal, dano hepático e rabdomiólise. Todos relatados em literatura para a rosuvastatina. A idade do paciente (idoso) aumenta o risco para a ocorrência destas reações. •O dano renal é sugerido pela creatinina aumentada. •A rabdomiólise, pode ser vista pelos sinais/sintomas clínicos e pela CK aumentada em dez vezes. A rabdomiólise grave e persistente pode induzir uma lesão renal, em razão da precipitação da mioglobina ao nível dos túbulos renais. •Os exames de creatinina aumentada e proteinúria indicam dano renal, que é também fator de risco para a rabdomiólise. •A aspartato aminotransferase e a alanina aminotransferase indicam dano hepático. Resolução sugerida - Caso •Informação descritas na bula do medicamento referência rosuvastatina •Efeitos músculo-esqueléticos: Raros casos de rabdomiólise, os quais foram ocasionalmente associados com dano da função renal, foram relatados com rosuvastatina e com outras estatinas •Efeitos laboratoriais: como com outros inibidores da HMG-CoA redutase, foi observado um aumento relacionado à dose das transaminases hepáticas e da CK em um pequeno número de pacientes em tratamento com rosuvastatina. Foi observado aumento da HbA1c em pacientes tratados com rosuvastatina cálcica. Foram observados testes de análise de urina anormais (teste de fita reagentepositivo para proteinúria) em um pequeno número de pacientes tomando rosuvastatina cálcica e outros inibidores da HMG-CoA redutase. A proteína detectada foi principalmente de origem tubular. Na maioria dos casos, a proteinúria diminui ou desaparece espontaneamente com a continuação do tratamento e ela não é um indicativo de doença renal aguda ou progressiva. •Advertências e precauções: deve ser prescrita com precaução em pacientes com fatores de pré-disposição para miopatia, tais como, insuficiência renal, idade avançada e hipotireoidismo, ou situações em que pode ocorrer um aumento nos níveis plasmáticos. •O uso de Rosuvastatina deve ser temporariamente interrompido em qualquer paciente com uma condição aguda grave sugestiva de miopatia ou que predispõe ao desenvolvimento de insuficiência renal secundária à rabdomiólise (por exemplo: sépsis; hipotensão; cirurgia de grande porte; trauma; alterações metabólicas, endócrinas e eletrolíticas graves; ou convulsões não-controladas). http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2202032015&pIdAnexo=2508680 Resolução sugerida - Caso •Avaliação de causalidade por Algoritmo de Naranjo •Rabdomiólise • Perguntas Sim Não Não sabe 1. Existem estudos prévios sobre essa reação? +1 0 0 2. A reação adversa ocorreu após administração do medicamento? +2 -1 0 3. O paciente melhora quando o medicamento é retirado ou quando se administra um antagonista específico? +1 0 0 4. A reação reaparece quando se readministra o medicamento? +2 -1 0 5. Excluindo o uso de medicamentos, existem outras causas capazes de determinar o surgimento da reação? -1 +2 0 6. A reação reaparece ao se administrar placebo? -1 +1 0 7. O medicamento foi detectado em sangue ou outros líquidos orgânicos, em concentrações consideradas tóxicas? +1 0 0 8. A reação foi mais intensa quando se aumentou a dose ou menos intensa quando a dose foi reduzida? +1 0 0 9. O paciente já apresentou alguma reação semelhante ao mesmo medicamento ou a outro similar? +1 0 0 10. A reação adversa foi confirmada por meio de alguma evidência objetiva? +1 0 0 Dados de segurança de registro - bula Reação em 15/09, e uso de rosuvastatina 10 dias antes Melhora do quadro clínico com a suspensão do medicamento Não há informação de re- exposição Não há registro de causas alternativas para a reação Não há uso de placebo Não há informação sobre concentrações tóxicas Não há informação alteração de dose Não há informação sobre uso anterior de estatinas Avaliação clínica do paciente e laboratorial com proteinúria e CK elevados Total = 7 Provável
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