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aula 09 E 10 dir esp extr - trafico e organização crim - 2022

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DIREITO PENAL ESPECIAL EXTRAVAGANTE – CCJ0242
Aula 9 e 10 – Lei de Drogas II. Lei n.11343/2006
Organização Criminosa. Lei n. 12.850/2013 
Professora Ana Rute de Castro Bertolaso
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Objetivos
Reconhecer os diferenciados modelos de política criminal adotados para as condutas típicas de uso indevido e tráfico ilícito de drogas.
Identificar as condutas típicas de tráfico ilícito de drogas. 
Identificar a incidência dos institutos repressores previstos na Lei n.8072/1990 às condutas de tráfico ilícito de drogas.
Tráfico de Drogas 
A saúde pública continua a ser o Bem Jurídico de tutela imediata, tratando-se de crime comum quanto ao sujeito ativo, qualquer pessoa pode se afigurar neste polo. 
Perceba que na modalidade “prescrever” e “ministrar”, ou seja, receitar para alguém, o crime só pode ser praticado por determinados profissionais da área médica, notadamente médicos e dentistas, nesse particular o crime passa a ser próprio. 
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Tráfico de Drogas
O sujeito passivo é a sociedade; observe aqui que a doutrina aponta com sujeito passivo primário, isso porque as crianças, os adolescentes e pessoas sem capacidade de discernimento e autodeterminação são etiquetadas como sujeitos passivos secundários desse delito. 
No que se refere especificamente à criança e ao adolescente, a conduta de fornecer substância causadora de dependência a esses tipos de pessoas enseja um conflito aparente de normas em que o quadro a seguir soluciona ao diferenciar suas peculiaridades.
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Conduta: Delito composto de dezoito núcleos, portanto um exemplo clássico de crime plurinuclear. Considerado um tipo misto alternativo ou crime de ação múltipla ou conteúdo variado, o que na prática indica que o agente, mesmo que pratique dois ou mais núcleos do tipo, ou seja, mais de uma ação típica, responderá por crime único em observância ao princípio da alternatividade. 
Veja que a inexistência de proximidade comportamental entre as várias condutas por ausência de mesmo contexto fático implicará concurso de crimes. Exemplo clássico é o fato de o agente ser pego com cocaína em depósito e vendendo maconha. 
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Tráfico de Drogas
• Fornecimento gratuito de drogas para consumo em conjunto: Nos termos da Lei 11.343/06, a referida conduta pode configurar tanto o tráfico propriamente dito que se estar a estudar (artigo 33 caput), assim como uma forma mais branda de tutela prevista no artigo 33 §3o , isso porque a pena em abstrato é inquestionavelmente mais branda – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no artigo. 28. (meio termo entre o uso e o tráfico de drogas). Os requisitos do §3o do artigo 33 são: 
Oferecimento eventual (se for habitual, configura o caput); 
Sem objetivo de lucro (se tiver objetivo de lucro, configura o caput);
Fornecimento à pessoa de seu relacionamento (se for pessoa estranha, configura o caput); 
4. Para juntos consumirem (elemento subjetivo. Se quem forneceu não consumiu configura o caput).
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Tráfico de Drogas
Retomando o artigo 33 caput, veja que o referido crime só é punido a título de dolo e da leitura de seus núcleos fica evidente que não é requisito necessário o animus de venda. 
Há a consumação com a prática de qualquer desses núcleos trazidos pelo tipo penal, chamando atenção de que os núcleos “guardar”, “ter em depósito”, “trazer consigo” são modalidades permanentes. 
Quanto à tentativa, doutrina e jurisprudência divergem e produzem dois entendimentos, a saber: 
1ª corrente: a multiplicidade de núcleos (dezoito) inviabiliza a tentativa. 
2ª corrente: é admissível a tentativa, como por exemplo, tentar adquirir.
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Condutas equiparadas ao tráfico Artigo 33 §1º 
Preparatórias ou acessórias 
• Tráfico de matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de droga (artigo. 33, §1o I) Veja que, enquanto o objeto material do artigo 33 caput é a droga pronta, aqui no inciso I do parágrafo primeiro o objeto material é o insumo ou produto químico destinado à preparação das drogas, ou seja, a sua matéria-prima. Exemplo clássico da doutrina é o éter sulfúrico que serve para o refino da cocaína
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Compreende não só as substancias destinadas exclusivamente à preparação da droga, como as que, eventualmente, prestem-se a essa finalidade, sendo imprescindível perícia. Desnecessário, também, que os produtos tenham, por si só, os pertinentes efeitos farmacológicos da droga que será produzida. Essa situação particular traz uma discussão no elemento subjetivo do agente, qual seja a dúvida se a caracterização do delito está subordinada à simples prática dos núcleos junto com a ciência de que essas substâncias servem para produzir a droga ou se, além disso, o agente também deve querer produzir a droga.
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Tráfico de Drogas
Vem prevalecido o entendimento de que o agente não precisa ter a vontade de produzir a droga para que o crime aqui em referência seja realizado. 
Assim, fica evidenciado que o crime se consuma com a prática de qualquer um dos núcleos, dispensando a efetiva preparação da droga. A tentativa é perfeitamente admissível.
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• Semear, cultivar ou colher plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas (artigo. 33, §1o , II) 
Perceba que é no objeto material do referido crime que este se distingue das figuras anteriores. Aqui são as plantas (semeadas, cultivadas ou colhidas) que se constituem em matéria-prima, não importando para a caracterização da presente conduta delitiva a apresentação ou não do princípio ativo da droga.
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Plantio equiparado ao tráfico X plantio para uso próprio: Questão que sempre gerou polêmica na legislação anterior, atualmente vem consolidada na lei vigente objeto deste estudo, quando o seu artigo 28 §1o traz os critérios caracterizadores do plantio para uso próprio. Dessa maneira, quando se depara com um caso concreto, necessário analisar se há uma adequação aos seguintes requisitos cumulativos:
Subjetivo: plantar para uso próprio. 
Objetivo: pequena quantidade. 
Na falta de qualquer um desses, caracteriza equiparação ao tráfico. 
Exemplo: plantar para vender ou para uso de terceiros ou, ainda que seja para uso próprio, plantar média ou grande quantidade.
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• Utilização de local ou qualquer bem para o tráfico (artigo. 33, §1o , III) 
Observe que o referido dispositivo traz a hipótese da conduta de se utilizar um determinado local (bem imóvel ou móvel. Exemplos: carro, apartamento, terreno) para o tráfico de drogas. Essa utilização é realizada por pessoa que tem propriedade – ou por outra razão legal (posse, administração, guarda, vigilância etc.) – desses bens. Possível também não ser a própria pessoa, a que se fez referência, quem usa para esse destino, mas terceiros com a concessão dela para este especial uso, qual seja o tráfico de drogas.
Repare que se o sujeito ativo realiza a conduta de conceder a terceiros esse tipo de localidade não para a traficância, mas somente para o uso de drogas, o crime passará a ser caracterizado como induzimento, instigação ou auxílio ao uso de drogas previsto no artigo 33 §2º. 
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“Tráfico privilegiado”, “traficância menor”, “traficância eventual”, “traficância anã” (artigo 33, §4o ) 
Observe que havia um entendimento sumulado (súmula 512 do STJ) entendo de que se tratava de crime hediondo. Os tribunais superiores reviram seus posicionamentos no sentido de afasta a hediondez para essa figura típica, culminando no cancelamento da referida súmula.
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A incidência do referido privilégio está subordinada pela lei ao caput e ao seu respectivo parágrafo primeiro do artigo 33. 
Há também previsão legal de vedação à substituição de pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, no entanto esta referida imposição legal foi declarada inconstitucional pelo STF, sob o argumento de violação ao princípio da proporcionalidadeno seu desdobramento do princípio da individualização da pena, além da violação também ao princípio da suficiência das penas alternativas. Concluiu o STF, nessa decisão de inconstitucionalidade, que a referida vedação à substituição se dava somente com base na gravidade em abstrato do crime, o que retira do juiz a sua capacidade de análise ao caso concreto.
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Tráfico de Drogas
Para admissão da referida forma privilegiada, a lei traz os seguintes requisitos que devem ser cumpridos de forma cumulativa: 
Agente primário de bons antecedentes; 
Que não se dedique às atividades criminosas (deve-se destacar a esse requisito o fato da inaplicabilidade da súmula 444 do STJ, verbete que preconiza o não agravamento da pena por inquéritos policiais ou ações penais em andamento. Assim, no caso de avaliação acerca de dedicação a atividades criminosas, ações penais em andamento ou inquéritos policiais podem ser considerados sim.); 
Não integre organização criminosa (perceba neste requisito que o STF entende a atuação de agente como “mula” do tráfico uma não presunção de integração à organização criminosa, uma vez que, em elevada proporção, são pessoas recrutadas de forma única ou eventual).
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Presentes os referidos requisitos o réu terá sua pena diminuída por se tratar de direito subjetivo. No critério de redução da pena o juiz deverá considerar o tipo e a quantidade de droga. Por se tratar de circunstância de diminuição de pena, nos termos do artigo 68 do código penal, é fato a ser avaliado na terceira fase da aplicação da pena criminal. Acontece que na lei de drogas, o seu artigo 42 preconiza que critérios de tipo e quantidade de drogas são considerados na primeira fase da aplicação da pena criminal (código penal, art. 59).
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• Tráfico de Maquinários (artigo 34) Como objeto material nesta modalidade são maquinários, embora haja corrente em sentido contrário, prevalece que este artigo 34 é crime subsidiário, ou seja, caso o agente, dentro de um mesmo contexto fático, seja surpreendido mantendo sob sua guarda drogas e na posse de maquinários para manipular essas respectivas drogas, responderia somente pelo artigo 33 caput ficando absorvido do artigo 34.
Assim, na hipótese de um sujeito surpreendido na posse de cocaína e maquinários para produção de maconha fica evidente não se tratar de mesmo contexto fático, razão pela qual responderia pelos dois crimes em concurso
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Fica manifestamente claro o fato de que não existem aparelhos destinados exclusivamente para fabricação, produção ou transformação da droga, dessa forma qualquer instrumento que, de regra, origina-se ao uso em laboratórios químicos, eventualmente pode vir a ser usado com essa finalidade. A doutrina traz como exemplo clássico a balança de precisão. Essas são as razões pelas quais o entendimento jurisprudencial é no sentido da exigência do exame pericial nos instrumentos para configuração da modalidade delituosa ora estudada
Embora não unânime na doutrina, mas o fato de não se aplicar o tráfico privilegiado à conduta de possuir maquinários advém de uma opção do legislador que consiste numa omissão voluntária nesse sentido, até porque este referido artigo 34 já é punido com pena menos severa do que o tráfico propriamente dito, portanto, já possui tratamento especial próprio.
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Associação para o tráfico (artigo 35) e associação para o financiamento ou custeio para o tráfico (artigo 35 parágrafo único). 
Perceba, de antemão, que a lei de drogas trouxe duas espécies de associação criminosa. A primeira capitulada no seu artigo 35 caput e a segunda no parágrafo único do mesmo dispositivo legal. 
A despeito da posição topográfica legal, trata-se de duas espécies autônomas de associação criminosa. Considerando que o código penal, em seu artigo 288 também traz uma espécie de associação criminosa, este momento é adequado para trazer um quadro comparativo que possa distinguir as peculiaridades de cada uma delas.
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Note que a quantidade de pessoas e a respectiva finalidade da associação são os pontos que distinguem essas espécies. 
Quanto às associações criminosas da lei de drogas (artigo 35 e parágrafo único), a expressão “reiteradamente ou não” está relacionada aos crimes visados pela associação e não diretamente às características da associação em si. 
Trata-se de crimes formais e autônomos, isto é, a sua caracterização não depende da prática de qualquer dos crimes referidos no tipo. Na hipótese de ocorrência de qualquer dos crimes visados pela associação, ocorrerá o concurso material de delitos.
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Cuida-se de crimes permanentes com o imprescindível “animus associativo”, aliado ao fim específico de traficar drogas, maquinários, ou financiar o tráfico. 
Associação eventual: como se observa, caso eventual não se trata de crime de associação, mas dependendo da conduta e do que se pode encontrar com os agentes, algum outro crime na lei de drogas. Na legislação anterior a esse fato era prevista uma circunstância de aumento de pena, em que não se mais observa na lei atual, portanto, deverá ser levada em consideração, no âmbito da aplicação da pena, nas circunstâncias judiciais. 
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Sustento do Tráfico (artigo 36) 
Pune-se a conduta de quem sustentar o tráfico, através do financiamento, que é o sustento em sentido estrito ou do custeio, que consiste no abastecimento do que for necessário. Note, então, que não envolve necessariamente dinheiro, no entanto o dolo tem um fim especial que é de sustentar crimes específicos.
Crime comum, portanto qualquer pessoa pode se afigurar no polo ativo. Sujeito passivo é a coletividade, tratando-se, dessa maneira, de crime vago. Quanto à consumação há divergência doutrinária que se manifesta em duas correntes: 
Primeira corrente: O crime se consuma com qualquer ato indicando sustento. 
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Segunda corrente: O crime se consuma com a reiteração de atos de sustento, logo, trata-se de crime habitual, isso porque “financiar” e “custear” indicam comportamento reiterado, além do parágrafo único do artigo 35 sinalizar que o artigo 36 só pode ser praticado reiteradamente. Os que sustentam esse posicionamento ainda chamam a atenção de que a prática eventual foi prevista, apenas, como circunstância de aumento de pena nos termos do artigo 40, VII.
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Informante Colaborador (artigo. 37) 
A figura do informante colaborador é mais uma equiparada como tráfico com tratamento diferenciado na pena em abstrato. Crime comum, podendo se afigurar como sujeito ativo qualquer pessoa, salientando, todavia, que se o colaborador for funcionário público a sua pena sofre um aumento por força do artigo 40, II.
Mais uma hipótese de crime vago, uma vez que o sujeito passivo é a coletividade. Embora não haja previsão expressa, a conduta do informante colaborador necessariamente precisa ser eventual, porque se for habitual configura o crime de associação para o tráfico do artigo 35.
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Percebe, então, que se trata de uma conduta configurada sem estabelecimento de vínculo associativo e que, mesmo mediante remuneração, contribui eventualmente com informações para os referidos destinatários. 
Consumação: Consuma-se com um ato apenas de informação, colaboração. Admite-se a tentativa por escrito. Exemplo: carta interceptada.
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Prescrever ou Ministrar Drogas (artigo 38) 
Trata-se do único crime culposo da lei de drogas. Crime próprio e de menor potencial ofensivo, tendo por competência o juizado especial criminal. 
Observe que a lei antiga (6.368/76) punia o “prescrever” (médico ou dentista) ou o “ministrar” (médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem), enquanto a atual (11.343/06) pune o “prescrever” ou “ministrar”, mas não traz os respectivos profissionais
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Veja também que o artigo 33 (conduta dolosa) possui, entre os seus dezoitos núcleos, o “prescrever”e o “ministrar” e o artigo 38 (conduta culposa) só possui o “prescrever” e o “ministrar”. Dessa maneira, comparando os respectivos núcleos previstos nesses dois artigos, a conclusão fica da seguinte maneira: 
“Prescrever” é sempre próprio, seja na modalidade dolosa ou culposa. – só pode ser praticado por médico ou dentista. 
 “Ministrar” na modalidade dolosa pode ser praticado por qualquer pessoa. 
“Ministrar” na modalidade culposa é próprio, só pode ser praticado por médico, dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem. 
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A interpretação de que é crime próprio, embora não previsto expressamente, e que somente é afeto a esses profissionais vem de modo histórico e legislativo ou autêntico. Histórico porque a revogada lei 6.368/76 previa somente esses profissionais, e legislativo ou autêntico porque o artigo 38 parágrafo único preconiza “categoria profissional que pertença”. 
Sujeito passivo: a coletividade (primário) e o paciente (secundário). A lei prevê as seguintes condutas negligentes: 
Prescrever ou ministrar droga certa, mas na dose errada; 
Prescrever ou ministrar dose certa, mas da droga errada; 
Prescrever ou ministrar dose certa da droga certa, mas na pessoa errada. 
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Consumação: na modalidade prescrever (receitar), consuma-se com a entrega da receita ao paciente. Na modalidade ministrar (aplicar), consuma-se no momento da aplicação. Na modalidade “prescrever”, consumando-se com a simples entrega da receita ao paciente, dispensando qualquer dano a sua saúde, trata-se de crime culposo não material (dispensa resultado naturalístico). 
Caso paciente sofra danos à sua saúde, ou mesmo a morte, haverá concurso formal com lesão culposa ou homicídio culposo.
 Não admite tentativa, pois é crime culposo. 
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Conduzir Embarcação ou Aeronave após o Consumo de Drogas (artigo 39) 
Crime comum, portanto, qualquer pessoa pode se afigurar como sujeito ativo e como sujeito passivo afigura-se a coletividade (primário), assim como a pessoa colocada em perigo pelo comportamento do agente (secundário).
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Tráfico de Drogas
Veja que se o veículo for de transporte coletivo de passageiros, incide o art. 39, parágrafo único. 
Atente para o fato de que esse artigo não abrange veículo automotor, porque se assim o for, o crime passa a ser o do artigo 306 do código de trânsito brasileiro (Lei 9503/97). 
Trata-se de crime de perigo concreto (não presumido), portanto, não havendo prova do perigo, caracteriza-se mera infração administrativa. 
Consumação: consuma-se no momento da condução anormal (leia-se perigosa) do veículo. 
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Tráfico de Drogas
Crime é unisubsistente, portanto não admitida a tentativa. A comprovação do uso da droga se dá através do exame de sangue. 
A mesma discussão que existe no código de trânsito brasileiro quanto ao alcoolismo também se manifesta nesse artigo. 
Nada obstante, há necessidade da existência da comprovação de que o condutor estava sob o efeito da droga. 
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AULA 10 
A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Contextualização histórica e evolução legislativa 
Em 1995, notadamente com a entrada em vigência da Lei 9.034, iniciou-se o combate a um específico crime de organização criminosa no Brasil. A referida lei não elencava um rol específico de crimes que pudessem ser praticados por organização criminosa, também não trazia o que era o crime de organização criminosa e tampouco preconizava o conceito de organização criminosa. Dessa maneira, a doutrina sustentava ser uma lei sem eficácia jurídica. Conforme observa Cláudia Barros Porto Carrero [2010, p. 185]: a presente lei não define crimes, tampouco modifica a redação dos mesmos nos diplomas legais onde são descritos, apenas definindo meio de prova e de investigação para as ações praticas em organizações criminosas.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013)
Observe que foi a própria doutrina, então, que teve que trazer um conceito de organização criminosa, assim, sustentava que organização criminosa seria “uma quadrilha ou bando com plus especializante”. 
Mais tarde, com o Decreto 5015/2004 (Convenção de Palermo), nasceu um conceito legal de organização criminosa, subordinando ao crime organizado transnacional, portanto não era o conceito interno, também não trazia, assim como a lei 9.034/95, um delito de organização criminosa. Isso continuava a gerar grandes problemas de eficácia no Brasil. Ainda assim, naquela época, sustentava Cláudia Barros Porto Carrero [2010, p. 186]: a definição dada pela Convenção de Palermo sobre crime organizado foi adotada pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, no HC no 77.771.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Um caso contundente no Brasil acerca dos problemas gerados pela lei de organização criminosa chegou ao Supremo Tribunal Federal. Representantes de uma igreja foram acusados de crime de lavagem de dinheiro quando esta lei (9.613/98) era de segunda geração (o que gerava dinheiro sujo era infração penal determinada em um rol taxativo). 
Dentre os crimes incluídos no rol taxativo da lei de crimes de lavagem de dinheiro estava exatamente o crime de organização criminosa, mas o que era crime de organização criminosa naquela época? Usou-se como parâmetro a Convenção de Palermo, trazendo para aqueles integrantes da igreja o crime de “estelionato mediante organização criminosa”.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Dois habeas corpus (HC 96007 e HC 130788/2016) foram impetrados e concedidos pelo Supremo Tribunal Federal nesse referido caso, em que foi negado o uso da Convenção de Palermo para efeito de tipificação penal pela lei 9.034/95 sob o fundamento de ofensa aos Princípios da legalidade e da reserva de parlamento.
Em 2012, foi editada a lei 12.694, que dessa vez trouxe um conceito de organização criminosa, no entanto também não inovou trazendo um tipo penal incriminador específico. Essa lei trata de julgamento - por órgão colegiado de primeiro grau – de crimes perpetrados por organização criminosa. O episódio que deu origem à discussão legislativa para aprovação da referida lei foi o assassinato no Rio de Janeiro, na cidade de Niterói, da juíza criminal Patrícia Lourival Acioli em 12 de agosto de 2011
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Com o julgamento de crimes praticados por organização criminosa de forma colegiada, não mais um juiz assina uma sentença condenatória, mas um grupo de juízes, trazendo assim uma relativização da exposição que havia do membro do poder judiciário perante essas organizações criminosas
Em 2013, foi editada a atual lei de organização criminosa, 12.850, que revogou expressamente a lei 9.034/95, deu nova redação ao artigo 288 do Código Penal, trazendo o crime de “associação criminosa” que agora é composta por pelo menos três pessoas.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Essa lei 12.850/2013 não só trouxe também um conceito de crime de organização criminosa, com também trouxe os tipos penais específicos. 
Perceba que ficaram duas leis (12.694/12 e 12.850/13) trazendo conceito de organização criminosa. Naturalmente não seriam possíveis dois conceitos para um mesmo fenômeno, assim, entende-se que o conceito de organização criminosa que existia na lei 12.694/12 foi tacitamente revogado pela lei 12.850/13.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Atuais aspectos doutrinários e crimes Assim, a lei 12.850/2013 em seu artigo 1o caput trouxe uma espécie de índice dos pontos sobre os quais recaem as regulamentações normativas necessárias a esse tipo de comportamento delitivo. 
Gabriel Habib [2016, p.543]: leciona que a referida lei trouxe cinco objetivos, que são: conceituação, investigação das organizações criminosas, meios de obtenção de prova, criação das infrações penais correlatas e o procedimento criminal aplicável. 
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
O parágrafo primeiro desse mesmo artigo estabelece o conceito de organização criminosa, com as seguintes características:a) necessidade de, pelo menos, quatro pessoas integrantes da organização, em que nesse número também contam os inimputáveis, caso haja. Naturalmente, excluem-se os agentes infiltrados, salientando que não há necessidade de que essas pessoas sejam inicialmente identificadas para que haja denúncia
b) doutrinariamente exige-se que essas pessoas precisem estar associadas de forma instável, estruturada e ordenada. Normalmente se observar nesse modo de conduta delitiva uma estrutura piramidal. 
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
c) a finalidade dessa associação é a obtenção direta ou indireta de vantagem de qualquer natureza que se dá mediante a prática de infrações penais. 
d) não são quaisquer infrações penais. Há de ser infração penal em que a pena máxima seja superior a quatro anos. Caso haja caráter transnacional, basta esta característica, dispensando, assim, a análise da pena máxima em abstrato maior do que quatro anos. 
Perceba que a lei se reportou a “infrações penais”, lembrando que de acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal, o Brasil adotou o critério bipartido ou o sistema dualista ou binário que traz a infração penal como gênero, do qual há duas espécies: 1) crime ou delito e 2) contravenção penal. 
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Dessa maneira, em tese, seria possível a existência de organização criminosa pela prática de contravenção penal, desde que a pena máxima em abstrato fosse superior a quatro anos. 
Não há contravenção penal, na específica lei que trata do assunto, cuja pena máxima em abstrato seja superior a quatro anos. Acontece que, além da lei das contravenções penais, o decreto lei 6.259/44 que trata de serviços de loteria, também trouxe condutas contravencionais a partir do seu artigo 45.
 Nas condutas contravencionais dos artigos 53 e 54 desse indigitado decreto, há uma expressa remissão às penas dos crimes de Estelionato (CP, art. 171) e Falsificação de Documento Particular (CP, art. 298), cujas penas máximas em abstrato são de cinco anos, portanto, superiores a quatro anos.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Portanto, seriam essas duas condutas dos artigos 53 e 54 do decreto lei 6.259/44 as hipóteses de contravenções penais cuja pena máxima em abstrato possa ser superior a quatros anos? Não há um consenso na doutrina, mas o critério de se estabelecer contravenção penal não é apenas quantitativo, mas também qualitativo. 
Nos termos da lei de introdução ao código penal toda contravenção penal tem como pena privativa de liberdade a prisão simples. Portanto, quando os artigos 53 e 54 do decreto lei 6.259/44 remeteram suas penas aos crimes de Estelionato e Falsificação de Documento Particular, por serem crimes cujas penas são de reclusão, não seriam hipóteses de contravenções penais. 
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Embora não seja, necessariamente, casos que envolvam organização criminosa, o artigo 1º §2º da lei 12.850/13 trouxe como sua aplicação situações que envolvam crimes à distância e organizações terroristas.
Tipos penais de organização criminosa 
O artigo segundo define o tipo de promover, constituir, financiar ou integrar pessoalmente ou por interposta pessoa organização criminosa com pena de 3 a 8 anos “sem prejuízo das infrações penais praticadas”. 
Trata-se de crime vago (sujeito passivo é a coletividade), permanente em que juntamente com as respectivas infrações penais que foram praticadas com o objetivo de angariar vantagem de qualquer natureza pela organização criminosa, apresentar-se-á o respectivo concurso de crimes.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Qualquer pessoa que impeça ou embaraça, de qualquer forma, investigação penal que envolva organização criminosa, também incorre nas mesmas penas do referido artigo segundo. 
O que se entende por investigação penal? Fase inquisitorial somente ou processual também? Há duas correntes doutrinárias a respeito: a primeira corrente entende que somente estará na hipótese aventada se houver impedimento ou embaraço na fase pré-processual, conforme interpretação literal. 
A segunda corrente entende que responderá pelo crime o agente que embaraçar ou impedir investigação não só de inquérito policial ou peças de informações como também de processo criminal, haja vista que em qualquer das modalidades há investigação penal.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Observe que se o impedimento ou embaraço vier por intermédio de grave ameaça ou violência o crime que se apresenta é o de coação ao curso do processo, nos termos do código penal, artigo 344.
No que tange às causas de aumento do artigo 2o §4o , duas destacam-se:
Inciso I – se há participação de criança ou adolescente: aqui não incide a corrupção de menores do Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo. 244B
 Inciso IV – se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização: este, por si só, já é o conceito de organização criminosa, portanto não se aplica esse aumento sob pena de bis in idem
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
O parágrafo sexto desse artigo 2ª preconiza que a condenação transitada em julgado acarretará ao funcionário público que integra organização criminosa a perda do cargo, função ou emprego eletivo, além da interdição para o exercício público pelo prazo de oito anos. Trata-se de efeito automático e obrigatório da sentença criminal. 
O artigo 19 traz o crime de colaboração ou delação caluniosa ou fraudulenta. O referido crime decorre do dever do colaborador de dizer a verdade, renunciando, inclusive o seu direito ao silencio, nos termos do artigo 4° §14º . 
Para finalizar, os crimes do artigo 21 e seu parágrafo único são de menor potencialidade ofensiva, enquanto os crimes dos artigos 18 ao 20 cabem suspensão condicional do processo (sursis processual).
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Meios de obtenção da prova (artigo 3o ) Observe que, a seguir, serão elencados os referidos meios de obtenção de provas em crime de organização criminosa, e para cada um apresentado seguem as considerações pertinentes. Assim, são os seguintes previstos no aludido artigo terceiro da lei:
I – Colaboração premiada (artigos 4o ao 7o ): Historicamente no Brasil apresentam-se diversas legislações ainda prevendo ou, caso revogadas, que previram o instituto da colaboração premiada, destacando-se as seguintes: 
a) Lei de crimes hediondos (8.072/90), artigo 2o parágrafo único; 
b) Código Penal, art. 159 §4o (incluído também pela 8.072/90); 
c) Antiga lei de crime organizado (9.034/95) artigo 6o ; 
d) Lavagem de capitais (9.613/98) artigo 1o §5o ; 
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
e) Lei de proteção a vítimas e testemunhas (9.807/99), artigos 13 ao 15; 
f) Lei de drogas (11.343/06) artigo 41; 
g) Lei de crimes contra a ordem tributária, econômica e relação de consumo (8.137/90), artigo 16 parágrafo único; 
h) Lei do sistema financeiro nacional (7.492/86), artigo 25 §2o ; 
i) Lei de organização criminosa (12.850/13), artigo 4o ao 7o . 
Para a colaboração premiada, fica evidenciada a necessidade de, no mínimo, duas pessoas. Só haverá o “prêmio” quando efetivamente existir a “traição” por parte do agente colaborador. Há uma grande crítica na doutrina no sentido de que há aqui um fomento legal à imoralidade. 
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Segundo o Superior Tribunal de Justiça – STJ, o prêmio da colaboração não se confunde com a confissão (atenuante genérica) do agente que colaborou. São absolutamente autônomos, portanto, são benefícios de natureza cumulativa.
Os prêmios previstos na lei de organização criminosa por colaboração são dos seguintes: 
1. Perdão judicial; 
2. Diminuição de pena; 
3. Substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; 
4. Progressão de regime de cumprimento de pena; 
5. Acordo de imunidade (o Ministério Público não denuncia).
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Nos termos do artigo 4o§6o , o juiz não participa das negociações, apenas as homologa (§7o ). Haverá necessidade da presença de um defensor nas referidas negociações (§15).
As declarações do agente colaborador não são por si só suficientes a fundamentar uma condenação penal, haverá sempre a necessidade de, pelo menos outra prova confirmando o alegado. A esse fenômeno se denomina regra de corroboração prevista no artigo 4o §16.
II – Capitação ambiental: Aplicam-se as regras da lei de interceptação telefônica (lei 9.296/96)
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
III – Ação controlada (artigos 8o e 9o ): Trata-se de mitigação da obrigatoriedade da prisão em flagrante, a doutrina denomina esse instituto de flagrante prorrogado ou retardado ou diferido ou postergado. Para esse tipo de ação há necessidade, apenas, de prévia comunicação à autoridade judicial que no âmbito das investigações, caso entenda se tratar de fato ilícito promove a respectiva ordem de cessação. Diferentemente da lei de drogas que, além da comunicação há a necessidade de autorização judicial 
IV – Acesso a registros (artigos 15 ao 17): Perceba, inicialmente, a necessidade de se distinguir o acesso a dados cadastrais, registros, documentos ou informações da interceptação telefônica. Naquele primeiro, trata-se de acesso a situações pretéritas, enquanto neste último, de acesso a situações futuras de necessidade de autorização judicial.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
V – Interceptação telefônica: ação regulada nos exatos termos da lei 9.296/96. 
VI – Afastamento de sigilo financeiro, bancário e fiscal: Nesse particular não houve dúvidas sobre a necessidade expressa de se obedecer aos comandos legais já editados no ordenamento jurídico, restando, portanto, as seguintes previsões legais: 
1) Sigilo financeiro e bancário – Lei Complementar 105/2001. 
2) Sigilo Fiscal – Código Tributário Nacional, artigo 198. 
VII – Infiltração de agentes (artigos 10 ao 14): Agente infiltrado só pode ser agente de polícia e o meio aqui em análise tem natureza eminentemente subsidiária, nos termos do artigo 10 §2o , o que quer dizer que o uso desse meio só será admitido na hipótese de inexistência de outro meio de produção de provas.
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A Lei de Organização Criminosa (12.850/2013):
Não há um prazo máximo para essa modalidade de obtenção de prova, no entanto a lei estipula um prazo mínimo de seis meses. Veja que esse tipo de obtenção de prova foi incluído pela lei 13.441/17 no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) criando os artigos 190 A até o E. Trata-se de infiltração de agentes de polícia para a investigação de crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, notadamente no âmbito da internet. 
Nesse caso há um prazo máximo de noventa dias com renovação até 720 dias. O agente infiltrado não comete os crimes correlacionados (artigo 13 parágrafo único) por exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa
VIII – Cooperação entre instituições: Cuida-se de cooperação entre todos os Entes da República na busca de provas e informações de interesse da investigação ou instrução criminal referidas a essas modalidades de ações criminosas
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Leia a situação hipotética abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas – Aula 9
Policiais militares em patrulhamento de rotina em local conhecido como ponto de traficância, abordaram MATHEUS E WESLEY, o primeiro trazendo consigo quinhentos e noventa e nove pedras de crack (80g), droga que foi apreendida e os segundo, com três pinos de cocaína (0,2g) e vinte e cinco buchas de maconha (28g) e R$395,00 em notas miúdas. em dinheiro. Ambos foram flagrados no exato momento em que tentaram fugir da abordagem policial. Ainda, conforme depoimento em juízo feito pelos policiais militares, havia usuários nas proximidades. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o tema, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas. 
Qual a correta tipificação das condutas de MATHEUS E WESLEY? 
Caso no curso da instrução probatória restasse comprovado que os dois praticavam as condutas em parceria em outras oportunidades, haveria alteração na tipificação da conduta? 
Incidem sobre as condutas os dos institutos repressores da lei n.8072/1990?
Questão objetiva. – Aula 9 
Frederico, primário, mas com maus antecedentes, acorda com grande traficante de Comunidade do Rio de Janeiro, que tinha conhecido naquele dia, de transportar, uma única vez, 500g de maconha, 30g de cocaína e 20g de crack para Comunidade localizada em Minas Gerais. Enquanto estava no interior de uma van com a mala contendo todo aquele material entorpecente, ainda no estado do Rio de Janeiro, vem a ser abordado por policiais militares, que identificam a droga. Em sede policial, observadas as formalidades legais, Frederico confessa o transporte do material, diz que é a primeira vez que adotava aquele tipo de comportamento, que conhecera o traficante no Rio de Janeiro através de um amigo no dia dos fatos e esclarece que o material deveria ser entregue para João em Minas Gerais. Com base nas informações narradas, de acordo com a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que: (CONCURSOS) 
possível o oferecimento de denúncia pelo crime de associação para o tráfico, ainda que a conduta de Frederico e do traficante em comunhão de ações e desígnios fosse eventual; 
possível o reconhecimento do tráfico privilegiado e, consequentemente, a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; 
possível o reconhecimento do tráfico privilegiado, mas não a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos por vedação legal;
aplicável a causa de aumento de pena do tráfico interestadual mesmo sem transposição das fronteiras entre os estados;
Leia a situação hipotética abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas – AULA 10
No interior de um coletivo, Alberto, João, Francisco e Ronaldo, até então desconhecidos, começaram a conversar sobre a crise financeira que assombra o país e sobre as dificuldades financeiras que estavam passando. Em determinado momento da conversa, Alberto informa que tinha um conhecido seu, Lucas, com intenção de importar uma arma de fogo de significativo potencial ofensivo, que seria um fuzil de venda proibida no Brasil, mas que ele precisava da ajuda de outras pessoas para conseguir a importação. Diante da oferta em dinheiro pelo serviço específico, todos concordaram em participar do plano criminoso, sendo que Alberto iria ao exterior adquirir a arma, João alugaria um barco para trazer o material, Francisco auxiliaria junto à imigração brasileira para que a conduta não fosse descoberta e Ronaldo entregaria o material para Lucas, que era o mentor do plano. Após toda a organização do grupo e divisão de tarefas, assustado com as informações veiculadas na mídia sobre as punições de crime de organização criminosa, Francisco comparece ao Ministério Público com seu advogado e indica a intenção de realizar delação premiada. Participaram das negociações do acordo Francisco, sua defesa técnica, o membro do Ministério Público com atribuição e o juiz que seria competente para julgamento, sendo acordada a redução de 1/3 da pena em relação ao crime de organização criminosa. Após ser denunciado junto com Alberto, João, Ronaldo e Lucas pela prática do crime de organização criminosa (Art. 2º, da Lei nº 12.850/2013), Francisco contrata você, como novo(a) advogado(a), para patrocinar seus interesses. 
Na condição de advogado(a) de Francisco, com base apenas nas informações narradas, esclareça o item a seguir. Qual argumento de direito material deve ser apresentado para questionar a capitulação jurídica realizada pelo Ministério Público na denúncia? Justifique.
Questão objetiva. – Aula 10 
Com relação aos dispositivos da lei n.12850/2013, assinale a opção correta: 
A figura típica prevista no art.2º, possui o dolo genérico de promover, constituir, financiar ou integrar organizaçãocriminosa, todavia não há qualquer previsão de especial fim de agir. 
A pena é aumentada de 1/3 a 2/3 nos casos de emprego de arma de fogo. 
A pena é aumentada da metade se há concurso de funcionário público, valendo­se a organização criminosa dessa condição para a prática de infração penal. 
Nos casos em que incidir mais de uma causa de aumento prevista no § 4º do art. 2º, deveremos utilizar a norma geral de interpretação prevista no art. 68, parágrafo único, do Código Penal, segundo o qual pode o juiz limitar­se a um só aumento ou a uma só diminuição.
No caso de restar demonstrada a participação de funcionário público na organização criminosa, a condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

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