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ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL

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ÉTICA NO SERVIÇO SOCIAL: questões e
dilemas para o exercício profissional
janeiro/2012
Marisaura dos Santos Cardoso
1
2
 Marisaura dos Santos Cardoso
 
Tesoureira do CRESS-MG, onde também atua nas Comissões de 
Direitos Humanos e Comunicação. Graduada em Serviço Social 
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). 
Pós-graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de 
Brasília (UNB) e em Seguridade Social pelo Instituto de Educação 
Continuada da PUC Minas.
INTRODUÇÃO
Este texto é fruto de estudos e discussões acerca dos fundamentos 
éticos do Serviço Social trabalhados na Unidade II, denominada 
“O Serviço Social no contexto das transformações societárias”, 
no Curso de Especialização: Serviço Social - Direitos Sociais e 
Competências Profissionais (UNB). Ele tem como finalidade 
apresentar algumas questões aprofundadas sobre o tema ao longo 
da disciplina, à luz do artigo da professora Maria Lúcia Barroco, 
“Fundamentos éticos do Serviço Social”, e seu livro “Ética e 
Serviço Social: fundamentos ontológicos”, bem como o artigo da 
professora Joaquina Barata, intitulado “Projeto ético-político do 
Serviço Social”, também trabalhado na mesma disciplina.
 
Um ponto relevante a ser destacado, antes de iniciarmos a 
discussão, é o fato de que o tema da ética, de maneira geral, restrito 
à filosofia, tem se enveredado para outras áreas do conhecimento, 
dentre elas a do Serviço Social. 
Portanto, a discussão que será realizada pretende extrapolar o seu 
viés moralista e conservador, incentivada pelo senso comum, 
AUTORA
3
e que muitas vezes preserva e reforça valores como o preconceito, 
a discriminação e a desigualdade entre as classes sociais. 
O objetivo é trazer ao debate o tema da ética numa perspectiva 
crítica e objetiva, que contemple a universalidade e a totalidade 
que essa temática abrange, mas sem desconsiderar o gênero 
humano como um sujeito ativo, capaz de construir e reconstruir a 
história e o futuro.
 
Ética no Serviço Social: questões e 
dilemas para o exercício profissional 
A ética, entendida como um “modo de ser do ser socialmente 
determinado”, tem sua origem na autoconstrução deste que se 
desenvolve como um ser consciente, universal e livre, capaz de 
reproduzir-se sem que esteja atrelado apenas às necessidades 
físicas. Essa proposição, em Marx, refere-se às capacidades 
desenvolvidas pelo trabalho, em que o gênero humano ao 
transformar a natureza, produz e se reproduz enquanto tal. Dessa 
forma, o homem carece de uma necessidade natural e eterna 
de efetivar o intercâmbio material entre si e a natureza para 
manter a vida humana (Marx, 1980, apud, Barroco, 2008, p 21). 
Ao criar novas alternativas, o homem vai em busca de novas 
respostas para suas interrogações. Com essa busca incessante, ele 
se recria, renova-se e suas relações sociais se complexificam e 
criam novas possibilidades, a ponto da generalidade humana exigir 
meios mais sofisticados para supressão de novos carecimentos. 
O homem conseguiu ultrapassar as barreiras da natureza 
4
meramente física e se transpôs para uma existência social e aberta 
às novas possibilidades. Portanto, ao romper com as necessidades 
meramente objetivas, ele se autoconstrói enquanto ser genérico 
(Barroco, 2009).
A autora destaca, ainda, que a sociabilidade é mediação imanente 
da objetivação humana, uma vez que é por meio da cooperação que 
o indivíduo reproduz sua existência genérico-humana. Com isso, 
entende-se que a essência do gênero humano está intercambiada 
pela reciprocidade, pelo reconhecimento dos homens entre si 
como seres de uma mesma espécie, dependentes uns dos outros, 
partilhando da mesma atividade para se alcançar determinados 
objetivos (Barroco, 2009).
 
Barroco diz ainda que: “A interação entre o indivíduo e a sociedade 
se faz de modo tal que a consciência do ‘eu’ e a do ‘nós’ não se 
constituem em antíteses; isto porque as motivações do ‘eu’ são 
sociais; sempre se referem a um grupo, a um quadro de valores 
socialmente legitimados...” (Barroco, 2008, p 38).
A liberdade como um princípio ético permite ao homem escolher 
entre as possibilidades de valor ético ou não, ou seja, o homem é 
capaz de agir eticamente, podendo anteriormente, refletir sobre 
suas ações, com a consciência de que suas escolhas podem ou 
não estar baseadas em fundamentos éticos. Tais escolhas são 
direcionadas para finalidades eleitas pelo próprio homem, que 
para alcançá-las, objetivar-se-á na realidade social, de acordo 
com seus princípios, valores e motivações que envolvem a 
consciência, as formas de sociabilidade e as suas capacidades 
teleológicas (objetivos). É importante destacar também que 
5
“a gênese das escolhas e alternativas de valor são indissociáveis 
da práxis, por isso são categorias objetivas e históricas” 
(Barroco, 2008, p 30).
 
Sendo assim, entende-se que a ética é uma categoria histórica 
e social, que em relação às formas diferenciadas de cultura e 
princípios valorativos de épocas e grupos sociais diferentes, 
efetiva-se segundo o conjunto de valores e princípios éticos 
diferenciados. A práxis, como categoria da sociabilidade humana, 
também se configura enquanto elemento produzido histórico e 
socialmente. A ação ético-política do gênero humano constitui-se 
de determinações que estão fora do âmbito intencional subjetivo, 
mas esta é motivada pela moralidade objetiva, constituída com 
bases valorativas distintas. No caso da sociedade capitalista, 
têm-se como fundamentos éticos a acumulação de capital e 
expropriação de mão-de-obra. Em tal lógica, não há espaço para 
se desenvolver uma práxis que objetive a emancipação do 
indivíduo enquanto ser social, uma vez que é necessária uma 
sociabilidade que leve em consideração a promoção desse 
indivíduo enquanto ser genérico. Logo é impensável, na sociedade 
capitalista, em que as relações sociais estão alicerçadas na 
acumulação da riqueza, na exploração da força de trabalho e na 
reificação da mercadoria, que haja condições favoráveis para tal 
emancipação.
A ação humana deve estar pautada por princípios éticos e morais 
que busquem emancipar o gênero humano, logo, a liberdade, 
a universalidade e a dignidade do homem devem iluminar 
as reflexões, os projetos e a própria práxis humana. Essa deve 
configurar-se não só pelo aspecto objetivo de transformação 
6
da natureza por meio do trabalho, mas também pelos aspectos 
valorativos do comportamento singular e social do gênero humano 
(Barroco, 2009).
A ética permite compreender a singularidade do indivíduo 
e sua dimensão social. Sendo assim, o campo dos projetos 
coletivos, nos quais se vinculam as ações e práticas dos atores 
sociais, correspondem às finalidades de grupos sociopolíticos 
diferenciados. Pode-se afirmar, então, que as práticas e atividades 
do gênero humano correspondem a interesses diversos e 
conflituosos, e por isso elas possuem um caráter político, uma 
vez que para atender a esses interesses, reproduzem-se enquanto 
processo transformador ou de alienação do gênero humano 
(Teixeira, 2009). Se as necessidades humanas são desenvolvidas 
ao longo do desenvolvimento sócio-histórico do homem, 
a constituição desse mundo prático material-ideal permite 
visualizar como o desenvolvimento do ser social transcende a 
esfera das objetivações materiais, a qual se autonomiza para as 
esferas do valor, da ética, da arte, da ciência e etc. “Desta forma, 
temos diversas formas de prática: prática política, prática artística, 
prática produtiva e as diversas formas de prática profissional” 
(Teixeira, 2009, p 3).
Esta se materializa com a instituição de um projeto profissional 
que se concretiza no exercício da profissão, os ideais e os 
princípios éticos da categoria, além disso, a “materialidade 
e organicidade” da consciência ética dos profissionais não 
se objetiva apenas no plano legal. O Código de ÉticaProfissional 
direciona o exercício do profissional, dirige as relações deste 
no espaço sócio-ocupacional e orienta sua postura, logo 
7
trata-se de uma questão de consciência ético-política motivada 
pela categoria profissional, no sentido de mobilizar a 
participação, a capacitação e a ampliação do debate acerca da 
postura profissional, segundo os princípios éticos e políticos da 
profissão (Teixeira, 2009).
 
A objetivação do ser social opera-se nas relações materiais, num 
processo mais abrangente de reprodução da vida em sociedade, 
em que relações mais ou menos complexas são produzidas e 
reproduzidas para supressão de necessidades sociais concretas. 
Assim, dá-se a incessante dinâmica histórico-social de um 
projeto profissional, cujos produtos resultantes de uma práxis que 
ao se objetivarem, materialmente e espiritualmente, consigam 
desenvolver sujeitos individuais e coletivos. Nesse caso, o projeto 
ético-político profissional intervém nessa dinâmica para 
corresponder a interesses coletivos diversos, ou seja, ele afirma-se 
pelos valores, diretrizes profissionais que expressam as dimensões 
coletivas e interesses de segmentos distintos (Teixeira, 2009). 
Numa sociedade hierarquizada, ele carrega em sua dimensão 
política, as contradições de uma sociedade marcada por relações 
antagônicas entre classes distintas. Nesse sentido, a prática 
profissional, definida na divisão sociotécnica do trabalho é 
determinada por uma direção sociopolítica que baliza as ações 
socioprofissionais em favor de um projeto societário mais amplo, 
qual seja a transformação ou a perpetuação de uma dada ordem 
social (Teixeira, 2009).
O projeto ético-político do Serviço Social brasileiro está 
balizado por uma concepção societária mais ampla, que se 
8
pauta pela transformação social, pela garantia dos direitos 
sociais e pela emancipação do indivíduo. No entanto, ele sofre 
influências dos movimentos contraditórios que se operam na 
sociedade e suas ações favorecem a um ou a outro projeto. Isso 
significa que as ações e intervenções profissionais nos espaços 
sócio-ocupacionais são determinadas por valores específicos 
de reconhecimento da liberdade como valor ético central, 
quais sejam: o compromisso com a autonomia, a emancipação 
e a plena expansão dos indivíduos enquanto seres humanos 
genéricos. Em outros termos, o nosso projeto ético-político 
se propõe à construção de uma nova ordem social, sem dominação 
e sem exploração de uma classe sobre a outra (Teixeira, 2009). 
Mas, também, ele é marcado constantemente pelos desafios do 
cotidiano que aliena o exercício profissional, desvia a atenção para 
questões corriqueiras e para viabilização de projetos contrários 
àquilo que defendemos.
Nesta perspectiva, Amaral destaca que “a alienação produzida 
na vida cotidiana atinge os/as assistentes sociais nos seus 
processos de trabalho”. Sendo assim, é importante pensar 
o processo de alienação no espaço sócio-ocupacional; 
as rotinas institucionais são profundamente alienantes, 
muitas vezes acabam por esgotar a disposição política 
do profissional que precisa do vínculo empregatício e sofre, 
cotidianamente, o controle institucional acerca dos prazos e metas 
de produção, o que reflete inevitavelmente em sua capacidade 
teleológica (reflexão do Fórum da Unidade II, em 28/06/2009)1. 
Frente a essas reflexões, Teixeira (2009), afirma que o 
 
1 - Fórum da unidade II intitulado: “O Serviço Social no contexto das transformações societárias”, 
realizado em outubro de 2009.
9
projeto ético-político não se efetiva integralmente na sociedade, 
ou seja, não há uma relação entre o que planejamos 
e o que executamos efetivamente, isso se dá principalmente 
porque as incidências objetivas desse projeto não dependem 
exclusivamente de nossas ações, mas da relação com 
um projeto societário mais amplo, cujas expectativas 
deverão ser correspondidas via práticas socioprofissionais. 
Além do mais, devem-se levar em consideração as 
transformações das condicionantes da esfera social, 
dos elementos que a constitui, dos interesses e dos movimentos 
que movem toda a sua dinâmica. 
Todavia, cabe ao assistente social dar ao projeto profissional 
um caráter transformador e não de mantenedor da ordem 
burguesa. Planejar e desenvolver esse projeto exige desse 
profissional atuar e intervir eticamente para que o usuário possa 
trazer até ao atendimento seus anseios e problemas, na certeza do 
seu compromisso ético.
No âmbito do atendimento, explicitar ao usuário os valores 
ético-políticos da nossa profissão é o primeiro passo 
para efetivação e eficácia deste projeto profissional; como 
explicitar isso é outro passo a ser desenvolvido através 
de metodologias. A construção desse projeto na luta 
de classes exige comunicação, mobilização e esforços 
coletivos dos atores sociais (Assistente Social, Usuário)” 
(reflexão de Davylane Valéria da Silva no Fórum da Unidade II, 
em 03/07/2009)2.
2 - Fórum da unidade II intitulado: “O Serviço Social no contexto das transformações societárias”, 
realizado em outubro de 2009.
10
Todos esses aspectos determinam a profissão e sua dimensão 
prática e política. Por isso, o profissional, ao transitar 
num ambiente frágil e marcado por tensões, deve firmar 
a democracia e a liberdade como pressupostos definidores 
dos rumos da atuação profissional. Escolher caminhos, 
construir estratégias político-profissionais demarcadas 
por compromissos claros e princípios coerentes com o projeto 
ético-político, para não cair no assistencialismo, filantropismo 
e no fatalismo, mas que essas escolhas profissionais 
possam colidir com a estrutura social estabelecida pela 
lógica capitalista no cotidiano de trabalho, em meio ao 
imediatismo e à alienação, e assim mesmo diante dessas 
adversidades, sustentar a possibilidade de que um novo projeto 
social e mais justo é possível. Afinal, como diz Barroco: 
“Na relação com os usuários, nos limites da sociedade 
burguesa, a ética profissional se objetiva através de ações 
conscientes e críticas, do alargamento do espaço profissional, 
quando ele é politizado - o que implica no compartilhamento 
coletivo com outros profissionais e no respaldo das entidades e 
dos movimentos sociais organizados. Isso torna possível uma 
ação ético-política articulada ao projeto coletivo, adquirindo 
maiores possibilidades de respaldo nos momentos de 
enfrentamento e de resistência” (p. 21).
Tivemos, a partir da década de 1990, mudanças sociais na 
esfera produtiva, cuja lógica mercantil vem suplantando o papel 
do Estado na condução das políticas sociais e na regulação do 
mercado. Este se torna a força viva que determina as novas 
formas de relação de trabalho, em favor da hegemonia do capital, 
atentando contra o trabalhador (Koike, 2009).
11
O mercado passa a exigir um trabalhador multiprofissional 
que pense e viva, segundo a nova lógica a qual transfere para esse 
trabalhador a responsabilidade pela sua manutenção no mercado 
de trabalho. Portanto, são estabelecidos critérios preferenciais de 
aferição da empregabilidade e do desempenho profissional que 
devem ser adquiridos individualmente como autoinvestimento e 
aferidos por mecanismos de controle de qualidade como os 
exames de proficiência (Koike, 2009, p 4).
Essa nova dinâmica referencia também a reforma educacional, 
com a lógica de que o mercado democratiza o acesso ao ensino de 
qualidade em todos os níveis, assegurando dessa forma a inserção 
social. Para o assistente social, a concepção de que o mercado 
vem requerer do profissional, capacidades para realizar práticas 
meramente tecnicistas, desvaloriza a busca pelo rigor científico, 
trivializa a teoria, fixando-se o aprender no mero praticismo, 
sem fundamentação teórico-metodológica, ético-política e 
crítico-reflexiva. A identidade profissional submete-se às 
características meramentefuncionais ao capital: o pragmatismo; 
a polivalência; a competitividade; o empreendedorismo; a 
adaptabilidade e ao individualismo, reforçando assim, a prática 
predatória da força de trabalho.
O contexto, em que se proliferam os cursos com finalidades 
mercantis, tem incentivado as universidades de ensino superior 
a adequarem seus currículos, para simplificar e acelerar 
o processo formativo. Em decorrência disso, as dimensões que 
potencializam a formação de nível superior, como interlocução 
com a teoria social crítica, as práticas investigativas, a pesquisa 
e a supervisão de estágio ficam comprometidas. Sem uma 
12
formação crítica e qualificada, o profissional vai reproduzir 
modelos conservadores, despolitizados das relações sociais 
e incidentes no exercício profissional também despolitizado, 
o que naturaliza e reforça os processos contraditórios da 
sociedade, como destaca Koike (2009) ao mencionar as 
dissimulações do discurso ideológico que obscurecem mais do 
que revelam essas contradições.
A discussão da ética no âmbito do serviço social, levando-se em 
consideração os seus aspectos ontológicos, políticos e sociais, 
nos leva a acreditar que este debate é essencial para pensar e 
materializar o projeto profissional dos assistentes sociais, bem 
como os desafios impostos, que muitas vezes dificultam 
sua execução. Portanto, o projeto ético-político do 
Serviço Social constitui-se no pilar fundamental 
da categoria profissional, uma vez que ele 
preserva os princípios emancipatórios do gênero humano, 
carrega a luta histórica dos movimentos sociais, os 
quais deram condições sociopolíticas que permitiram 
o profissional de Serviço Social estruturar um projeto 
profissional crítico que buscou romper com suas matrizes 
conservadoras. O marco legal da profissão e as diretrizes 
curriculares são baluartes desse projeto e constituem-se na 
essência da profissão, bem como nossos órgãos representativos 
(ABEPSS, CFESS/CRESS e ENESSO) que têm o compromisso 
com o rigor acadêmico e teórico, balizados nos princípios 
éticos e políticos e nos fundamentos teóricos e metodológicos 
como expressão do avanço profissional, frente a uma 
conjuntura desfavorável e adversa.
13
Com isso, entendemos que a categoria profissional 
precisa ser portadora do direcionamento intelectual 
e ideopolítica, de forma a solidificar ainda mais as 
bases “pedagógico-práticas”, através do rigor teórico, 
histórico-metodológico, no trato da realidade e do Serviço 
Social, mediados pela teoria social crítica, pelas dimensões 
investigativas e interventivas, pela interdisciplinaridade e 
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, entre o 
estágio, supervisão de campo e acadêmica.
14
Ética no Serviço Social: questões e dilemas para o exercício 
profissional. Texto de Marisaura dos Santos Cardoso, escrito em 
julho de 2009.
 
Referências
AMARAL Adriana Ferreira: Reflexão do Fórum da Unidade II em 
28/06/2009
BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética e Serviço Social - Fundamentos 
Ontológicos. 7ª edição. Editora Cortez. São Paulo. 2008.
“Fundamentos éticos do Serviço Social”. Texto aplicado à 2ª disciplina do 
Curso de pós-graduação: Serviço Social - Direitos sociais e competências 
profissionais. CEAD UNB. 2009. p 1-24.
TEIXEIRA, Joaquina Barata. “O projeto ético-político do Serviço Social”. 
Texto aplicado à 2ª disciplina do Curso de pós-graduação: Serviço Social 
- Direitos sociais e competências profissionais. CEAD UNB. 2009. p 1-18.
KOIKE, Maria Marieta. “Formação profissional em Serviço Social: 
exigências atuais”. Texto aplicado à 2ª disciplina do Curso de pós-
graduação: Serviço Social - Direitos sociais e competências profissionais. 
CEAD UNB. 2009. p 1-25.
FERREIRA, Adriana Amaral. Colóquio postado no Fórum da Unidade II 
em 28/06/2009.
SILVA, Davylane Valéria da. Reflexão do Fórum da Unidade II em 
03/07/2009.
15
CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL - CRESS 6ª REGIÃO
Presidente: Leonardo David Rosa Reis
Vice-Presidente: Maíra da Cunha Pinto Colares
Primeira Secretária: Daisy Dias Lopes
Segundo Secretário: Gustavo Henrique Teixeira
Primeira Tesoureira: Marisaura dos Santos Cardoso
Segundo Tesoureiro: Marcelo Armando Rodrigues
Conselho Fiscal
Cristiano Costa de Carvalho 
Darklane Rodrigues Dias
Renata Flávia da Silva
Suplentes
Alexandre Alves Ribeiros 
Fabrícia Cristina de Castro Maciel
Helena Teixeira Magalhães Soares
Janaina Andrade dos Santos
Maria de Fátima Santos Gottschalg
Maria de Lourdes dos Santos Borges
Maura Rodrigues de Miranda
Wagner Maciel Silva
Waldeir Eustáquio dos Santos
Seccional Juiz de Fora
Coordenadora: Ana Maria Arreguy Mourão
Secretária: Raquel Mota Dias Gaio
Tesoureira: Helyene Rose Cruz Silva
Primeira Suplente: Patrícia Teixeira Groppo de Oliveira
Segunda Suplente: Antoniana Dias Defilippo Bigogno
Terceira Suplente: Beatriz Damasceno Touma
Seccional Montes Claros
Coordenadora: Rosilene Aparecida Tavares
Tesoureira: Juliana Davite Fernadino
Secretária: Sarah Edneli Leite Ferreira
Primeira Suplente: Larissa Mônica Sepúlveda 
Segunda Suplente: Érika Liliane Ribeiro Paiva
Terceira Suplente: Carla Alexandra Pereira
Seccional Uberlândia
Coordenadora: Flávia Maria da Silva Santana
Secretária: Vanda Aparecida Frameo Macedo
Tesoureira: Luana Gonçalves de Oliveira Souza
Primeira Suplente: Carmem Guardenho Maywald
Segundo Suplente: Renato Mateus de Santana 
16
DOCUMENTOS ESPECIAIS
A série de Documentos Especiais do CRESS-MG tem como 
objetivo oferecer informações relevantes sobre Serviço Social, 
exercício profissional e políticas públicas sociais. Esses contribuem, 
sobretudo, com a direção social e crítica do Conjunto CFESS/CRESS 
em um cenário de profundas mudanças na sociedade brasileira e 
nos seus rebatimentos nas políticas públicas.
 
É nesse contexto que esperamos que esses materiais sejam 
importantes elementos de difusão dos conteúdos teóricos, 
políticos, éticos e técnicos que fundamentam o nosso projeto 
ético-político.

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