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CONTROLADORIA
AULA 6
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Edenise Aparecida dos Anjos
CONVERSA INICIAL
Esta aula tem o objetivo de apresentar como a criação de valor é gerada nas empresas e
suas técnicas de avaliação. Para isso, vamos estudar os seguintes temas:
1. O processo empresarial de criação de valor;
2. Mensuração da criação de valor de uma companhia;
3. Técnicas de avaliação global;
4. EVA (Economic Value Added);
5. MVA (Market Value Added).
CONTEXTUALIZANDO
A criação de valor para a empresa, agregando riquezas ao acionista, é uma das novidades de
gestão que tem aparecido nos últimos anos e que vem seduzindo as empresas a adotarem
mecanismos para medir a geração de valor (Schmidt et al., 2014). No entanto, adotar conceitos e
princípios da criação de valor baseados na gestão de valor não é suficiente; é necessário avaliar
se as técnicas e estratégias adotadas surtem os efeitos desejados.
Esta aula tem como objetivo apresentar os conceitos, técnicas e modelos de avaliação
utilizando a gestão baseada em valor sob o enfoque da controladoria.
TEMA 1 – O PROCESSO EMPRESARIAL DE CRIAÇÃO DE VALOR
Para entendermos o processo de criação de valor nas empresas, vamos inicialmente
apresentar conceitos e definições de criação de valor e aspectos introdutórios da gestão baseada
em valor.
1.1 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE VALOR
A criação de valor ou adição de valor corresponde ao processo de geração de lucro para os
acionistas (Padoveze, 2012). Neste contexto, as empresas criam valor pela obtenção de lucro na
realização de suas transações de produção e vendas de bens e serviços. Do ponto de vista de
finanças, todo empreendimento é financiado; desse modo, o lucro auferido nessas transações
deve ser superior ao custo dos financiamentos obtidos (Padoveze, 2012).
Em adição, Assaf Neto (2017) discorre que a empresa cria valor para seus acionistas quando
consegue apurar um retorno de seus investimentos superior ao custo de oportunidade do capital
aplicado. Ou seja, a criação de valor é reconhecida, após a dedução de todas as despesas
incorridas nas operações, inclusive o custo de oportunidade dos acionistas.
Assim, se o resultado econômico for positivo, entende-se que há criação de valor; quando
negativo, ocorre destruição de valor.
Em outras palavras, o valor econômico é criado quando o retorno dos investimentos é maior
que a remuneração exigida pelos fornecedores de capital. O excesso de lucro em relação ao
custo de oportunidade é o que se denomina valor econômico agregado (Assaf Neto, 2017).
Em relação à geração de riquezas para os acionistas, a riqueza é o valor do capital próprio,
representado pelo capital investido e pelos lucros retidos (Padoveze, 2016). Em termos contábeis,
esse valor é expresso pela figura do Patrimônio Líquido (PL) representado nas demonstrações
financeiras.
Na visão de Padoveze (2012), o processo empresarial clássico de criação de valor é resumido
em duas vertentes:
Quadro 1 – Criação de valor: modelo contábil
Ativo Passivo
Criação de valor pela empresa por meio da apropriação
do valor agregado dado pelos produtos e serviços
(atividades produtivas)
Criação de valor para o acionista por meio da adoção do
custo de oportunidade de capital
 
Fonte: Padoveze, 2016.
1.1.1 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE VALOR POR MEIO DAS ATIVIDADES
PRODUTIVAS
Sob a luz da teoria econômica, o conceito de adição ou agregação de valor, por meio dos
produtos e serviços produzidos e vendidos, é visto como um processo contínuo de entradas
(inputs) e saídas (outputs). Neste contexto, para produzir e entregar os produtos e serviços, a
empresa necessita desenvolver uma série de atividades internas, que, por sua vez, também têm
um preço de venda e, portanto, um valor agregado (Padoveze, 2016).
A criação de valor pode ser melhor entendida por meio do desenvolvimento das atividades
produtivas internas, de modo que o lucro obtido na venda dos produtos e serviços decorra da
máxima apropriação do valor agregado dado por eles, a preços de mercado. A Figura 1 apresenta
um exemplo da criação de valor por meio das atividades de produção de produtos e serviços:
Figura 1 – Valor agregado do produto e processo de apropriação do valor
Fonte: Padoveze, 2016.
Para melhor entender a adição de valor por meio da atividade produtiva, vamos utilizar
como exemplo uma indústria madeireira e seus processos primários de manejo e beneficiamento,
como segue:
Atividade 1: compreende a atividade primária, na qual a madeira é retirada da floresta. Na
serraria, as toras são cortadas por um processo mecânico, transformando-se em blocos ou
pranchas. Neste processo tem-se a madeira bruta, serrada, em que o valor adicionando
ainda não pode ser percebido pelo cliente.
Atividade 2: compreende o processo de beneficiamento: armazenamento em estufas
industriais para secagem. Este processo adiciona valor ao produto, pois prepara a madeira
para as próximas etapas.
Figura 2 – Representação do valor adicionado da madeireira
Atividade 3: após o beneficiamento, a madeira é aplainada e preparada para receber os
primeiros tratamentos: camadas de verniz, fumigamento ou outros tratamentos específicos
de acordo com a destinação do produto acabado, para o consumidor final ou indústria.
Perceba que, na atividade 3, embora o cliente não tenha conhecimento dos processos que
adicionaram valor ao produto por meio do processo produtivo, tem a percepção de
qualidade do produto, que justifica o preço a ser pago, gerando valor ao produto.
No entanto, cabe ressaltar que as adições de valor interno a um produto ou serviço têm um
limite, que é o valor do produto final entregue ao mercado. Nas palavras de Padoveze (2012, p.
61), “todas as adições dentro da cadeia interna de atividades da empresa não conseguem
exceder ao valor do produto final vendido aos clientes, que é o preço de mercado.”
Em síntese, a adição de valor por meio das atividades e processos internos, por mais
eficiente que seja o produto ou serviço final, não pode ultrapassar o valor de mercado. Entende-
se, desse modo, que o valor adicionado por meio da atividades compreende a diferença dos
preços de mercado dos materiais e serviços adquiridos de terceiros e o valor do produto final
entregue aos clientes (Padoveze, 2012).
1.1.2 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE VALOR PARA OS ACIONISTAS
As empresas vêm revelando importantes avanços em sua forma de atuação, saindo de um
posicionamento conservador em busca do lucro e rentabilidade para um enfoque
preferencialmente voltado à riqueza dos acionistas (Assaf Neto, 2017). Neste contexto, o objetivo
de criar valor aos acionistas demanda estratégias e ferramentas voltadas à criação de riquezas de
seus proprietários. Nas palavras de Assaf Neto (2017):
Criar valor para uma empresa ultrapassa o objetivo de cobrir os custos explícitos identificados
nas vendas. Incorpora a remuneração dos custos implícitos (custo de oportunidade do capital
próprio investido), não cotejados pela contabilidade tradicional na apuração dos
demonstrativos de resultados, e consequentemente a quantificação da riqueza dos acionistas.
Em virtude do exposto, observa-se que a gestão das empresas modernas, voltadas à criação
de valor aos proprietários, demanda uma atuação mais abrangente e sofisticada da
contabilidade, evidenciando assim a importância da controladoria no desenvolvimento de
modelos teóricos e práticos para o processo de tomada de decisão. Para melhor entender a
criação de valor, vamos estudar o modelo de gestão baseada em valor.
1.2 GESTÃO BASEADA EM VALOR
A gestão baseada em valor exige uma mudança de postura da empresa e de sua
administração quanto à orientação, para que todos os agentes participem do processo de criação
de valor (Assaf Neto, 2017). Desse modo, deve conciliar os interesses dos acionistas com seus
stakeholders (funcionários, fornecedores, credores, clientes etc.), para orientar as decisões da
empresa no sentido de criação de valor (aumento de riqueza) aos acionistas.
Uma empresa agregavalor quando produz um resultado que supera o seu custo de capital.
Sob esta ótica, Assaf Neto (2017) explica que o valor é criado quando o retorno dos
investimentos é maior que a remuneração mínima exigida pelos fornecedores de capital, ou seja,
o custo de oportunidade. Assim, o excesso de lucro em relação ao custo de oportunidade é o
que se chama de valor econômico agregado.
Custo de oportunidade é a medida de quanto se deixou de ganhar por não se aproveitar
outras oportunidades disponíveis, ao decidir por determinada alternativa financeira de mesmo
risco. Equivale à remuneração mínima exigida por um investidor que remunera adequadamente o
risco do capital aplicado.
Isto posto, o objetivo de criação de valor deve estar presente em todos os níveis
organizacionais, priorizando as decisões que interferem no valor econômico da empresa e
privilegiando a gestão a partir de direcionadores de valor (Assaf Neto, 2017). Neste
entendimento, a criação de valor de uma empresa é formada por uma combinação de diversos
fatores, tais como estratégias e suas capacidades diferenciadoras e direcionadores de valor.
Direcionadores de valor são as variáveis que afetam o valor da empresa. A escolha dos
direcionadores é um processo dinâmico e exige reavaliação constante da correlação existente
entre as variáveis (Assaf Neto, 2017). São exemplos de direcionadores de valor: margem de lucro,
retorno sobre o investimento, giro dos ativos, alavancagem financeira, entre outros.
As capacidades diferenciadoras podem ser entendidas como estratégias adotadas pelas
empresas para atuar em um nível de diferenciação frente aos seus concorrentes de mercado,
gerando vantagem competitiva e maior agregação de valor aos seus proprietários (Assaf Neto,
2017). O quadro 2 apresenta exemplos de capacidades diferenciadoras versus os direcionadores
de valor (medidas não financeiras) que agregam valor à empresa.
Quadro 2 – Capacidades diferenciadoras e direcionadores de valor
Capacidades
diferenciadoras
Objetivo estratégico Direcionadores de valor
Relações de
negócios
Conhecer a capacidade de relacionamento da
empresa com o mercado financeiro,
fornecedores, clientes e empregados, como
fundamento diferenciador do sucesso
empresarial
Fidelidade dos clientes
Satisfação dos empregados
Atendimento dos fornecedores
Alternativas de financiamento
Conhecimento do
negócio
Ter a visão ampla da empresa, a sinergia do
negócio. Visa o efetivo conhecimento de suas
oportunidades e mais eficientes estratégias
de agregar valor
Necessidades dos clientes
Dimensão e potencial do mercado
Ganhos de escala
Ganhos de eficiência operacional
Qualidade
Desenvolver o produto que o consumidor
deseja adquirir pelo preço que se mostra
disposto a pagar
Preço de venda mais baixo
Produtos com maior giro
Medidas de redução de custos
Satisfação dos clientes com novos
produtos
Inovação
Atuar com vantagem competitiva em
mercado de forte concorrência, criando
alternativas inovadoras em atendimento,
distribuição, vendas, produção etc.
Rapidez no atendimento
Redução na falta de estoques
Tempo de produção
Valor da marca
Tempo de lançamento de novos
produtos
Fonte: Assaf Neto, 2017.
Já as estratégias financeiras, assim como as capacidades diferenciadoras, são voltadas ao
objetivo da empresa de criar valor aos acionistas. São identificadas em três dimensões:
operacionais, de financiamento e de investimento. Veja no Quadro 3, a seguir, as estratégias
financeiras e os direcionadores de valor (medidas financeiras).
Quadro 3 – Estratégias financeiras e direcionadores de valor
Estratégias
financeiras
Objetivo estratégico Direcionadores de valor
Operacionais
Maximizar a eficiência das decisões
operacionais, estabelecendo políticas de
preços, compras, vendas, estoques etc.
voltadas a criar valor
Crescimento das vendas
Prazos operacionais de cobrança e
pagamentos
Giro dos estoques
Margem de lucro
Financiamento
Por meio das decisões de financiamento,
procura-se minimizar o custo de capital da
empresa, promovendo o incremento do valor
de mercado
Estrutura de capital
Custo do capital próprio
Custo do capital de terceiros
Risco financeiro
Investimento Implementar estratégias de investimento
voltadas a agregar valor aos acionistas, por
Investimento em capital de giro
investimento em capital fixo
Oportunidades de investimentos
meio da obtenção de uma taxa de retorno
maior que o custo de capital
Análise giro × margem
Risco operacional
Fonte: Assaf Neto, 2017.
Neste contexto, é de extrema importância que a empresa reconheça claramente suas
estratégias financeiras e suas capacidades diferenciadoras, de maneira a atingir o objetivo de
maximização da riqueza de seus proprietários.
1.3 PONTOS IMPORTANTES PARA O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE VALOR
Na visão de Padoveze (2012, p. 64), existem dois pontos referenciais na análise do processo
de criação de valor:
Valor agregado: expresso pelo valor de mercado do produto final entregue aos clientes
menos o valor dos insumos adquiridos de terceiros, também a preço de mercado – conceito
de valor adicionado adotado pela ciência contábil.
Custo de oportunidade de capital dos acionistas: criação de valor, ou seja, o lucro
empresarial que excede o custo de oportunidade do capital sobre o valor dos investimentos
do negócio.
Neste sentido, Padoveze (2012) expõe os pontos referenciais como o foco da controladoria,
principalmente quanto ao monitoramento da criação de valor mediante a adoção dos conceitos
de lucro econômico (lucro empresarial) e o apoio às atividades operacionais no processo de
geração de valor.
Entende-se o fundamento do lucro econômico como:
O resultado da empresa é obtido pela diferença entre o patrimônio final menos o inicial,
excluídos os aumentos e reduções de capital durante o período;
Ativos avaliados ao valor presente dos fluxos futuros de benefícios e, consequentemente,
incorporação do conceito de goodwill;
Adoção do custo de oportunidade de capital para mensuração dos resultados dos
produtos, atividades e divisões da empresa;
Adoção do custo de oportunidade para remuneração dos proprietários do capital em forma
de dividendos e a manutenção do capital da empresa.
Em síntese, entende-se que, para a criação de valor de uma empresa, toda a estrutura deve
estar concentrada de forma congruente sob as duas perspectivas (valor agregado e custo de
oportunidade), com o objetivo de cumprir sua missão, prezando pela continuidade do
empreendimento. Na sequência vamos estudar os critérios para mensurar o valor de uma
empresa.
TEMA 2 – MENSURAÇÃO DA CRIAÇÃO DE VALOR DE UMA
COMPANHIA
Entendido o processo empresarial de criação de valor, vamos agora estudar as medidas de
avaliação da criação de valor.
2.1 MENSURAÇÃO DA CRIAÇÃO DE VALOR
A geração de valor de uma empresa deve ter como foco o acompanhamento do retorno
sobre o capital investido e do custo médio ponderado de capital. Dessa maneira, procura-se
identificar se a empresa está gerando, no mínimo, um lucro capaz de remunerar o capital total
investido.
Uma gestão voltada à criação de valor demanda estratégias financeiras e medidas de
desempenho que agreguem riqueza a seus proprietários. Demanda o desenvolvimento de
medidas econômicas de valor que possam revelar o valor criado ou destruído para os acionistas.
Neste contexto, apresentam-se as medidas de lucro e valor na tomada de decisão. A
medida do lucro é dada pela contabilidade nas demonstrações financeiras, já o valor requer
medidas de desempenho focadas na geração de valor econômico agregado (EVA) e valor de
mercado agregado (MVA), que têm a capacidade de geração de valor sob a perspectiva de lucro
econômico.
Assaf Neto (2017) pondera que nem sempre essas medidas são fáceis de serem mensuradas,
visto que o lucro de determinado período pode agregar valor mesmo sem apresentar “lucro”
para a empresa, sendo essa uma das limitações de medidas econômica de desempenho. Ele
evidencia ainda as críticas quanto àmedida do lucro na agregação de valor econômico, por:
Não incorporar o risco do negócio;
Não incluir o custo de capital do acionista (custo de oportunidade);
Ser apurado pelo regime de competência, não equivalendo a um resultado disponível de
caixa;
Ignorar o valor do dinheiro no tempo.
No que tange ao valor, sua criação surge das expectativas futuras de desempenho em uma
perspectiva de longo prazo, proveniente da capacidade da empresa em produzir um retorno
superior ao rendimento mínimo desejado pelos acionistas (Assaf Neto, 2017). Neste contexto, é
formada pela combinação de diversos fatores e estratégias acionadas pela empresa, como:
Giro Dos Investimentos;
Planejamento Tributário;
Margens De Lucro E Desempenho Operacional;
Retorno Dos Investimentos, Estrutura De Capital;
Entre outros direcionadores de valor.
Neste sentido, Assaf Neto (2017, p. 6) destaca que para focar o valor como objetivo de sua
gestão, as empresas costumam adotar algumas ações diferenciadoras:
Prioridade na geração de maiores retornos de caixa da empresa (fluxos de caixa),
reduzindo a importância dos lucros medidos segundo os critérios contábeis;
Visão estratégica de longo prazo voltada para a criação de valor; o lucro por ação
trimestral, por exemplo, deixa de revelar maior importância na avaliação econômica do
desempenho;
Definição de estratégias financeiras voltadas à valorização do negócio, ou seja,
desenvolver uma visão da empresa de “fora para dentro” orientada pela maximização da
riqueza dos acionistas;
Foco principal da gestão da empresa no valor econômico que pode gerar, buscando
oportunidades de negócios que produzem retornos superiores ao custo de oportunidade
do capital (quanto maior a diferença entre esses dois valores – retorno esperado e custo de
oportunidade –, mais elevado é o valor criado);
Disseminação em toda a empresa do conceito de valor, motivando o pessoal para a
criação de riqueza. O objetivo de valor do acionista é de responsabilidade de toda a
organização, de todos os stakeholders (ou “partes interessadas”), e deve ser perseguido de
maneira contínua;
Adoção de um sistema de remuneração variável, no qual os pagamentos aos
funcionários sejam estabelecidos a partir do valor criado. Um sistema de remuneração
variável deve oferecer aos administradores motivação para que as estratégias sejam focadas
na criação de valor aos acionistas; remuneração adequada, suficiente para mobilizar as
pessoas a dedicar maiores esforços ao trabalho; e perspectivas de realização profissional
que as motivem a permanecer na empresa, mesmo em momentos de recessão dos
negócios.
2.2 EXEMPLO PARA EXPLICAR O CONFLITO ENTRE VALOR E LUCRO
A empresa Prestes S.A. está avaliando a venda de um ativo (unidade de negócio) avaliado
pela contabilidade em $70,0 milhões. O lucro operacional decorrente desse investimento (lucro
antes das despesas de juros) é de $9,8 milhões. O ROI (retorno sobre o investimento) corporativo,
calculado pela relação entre o resultado operacional líquido e o capital investido, está fixado num
padrão de 12%, e o custo de capital identificado com esse ativo atinge 16%.
Resumindo, tem-se os seguintes valores da empresa e da unidade de negócio (ativo):
Valor contábil do ativo (unidade de negócio) = $70,0 milhões;
lucro operacional gerado pelo ativo = $9,8 milhões;
custo de capital aplicado no ativo = 16,0%;
ROI corporativo = 12,0%.
Se o objetivo da empresa é focado na geração de lucro, a unidade de negócio pode ser
considerada atraente, contribuindo de forma positiva na formação do resultado operacional da
empresa.
A rentabilidade do ativo (lucro operacional gerado pelo ativo/valor contábil do ativo = $9,8
/ $70,0 = 14%) é atraente para a média do negócio, superando os 12% de taxa de retorno
calculada para a empresa.
A venda desse ativo acarretaria uma redução no lucro da sociedade, com repercussões
negativas sobre os indicadores tradicionais de desempenho financeiro, fluxos de dividendos
e participação sobre os lucros.
Se a prioridade da empresa é o retorno sobre o investimento (ROI), a decisão de manter o
ativo é reforçada pela presença de um ROI superior ao da corporação.
Eliminando a unidade de negócio, a taxa de retorno total do investimento se reduz,
gerando dúvidas sobre a qualidade da decisão e o desempenho da empresa, uma vez mais,
que o ROI da unidade de negócio de 14% é superior ao da empresa, de 12%.
Se o objetivo da empresa é a criação de valor, a manutenção do investimento é um
indicativo de desvalorização do valor de mercado da empresa.
O retorno de 14,0% é insuficiente para remunerar os proprietários de capital em sua
rentabilidade mínima exigida no ativo de 16%, ou seja:
Lucro operacional: $9,8 milhões
Custo de capital (valor contábil do ativo x % taxa do custo do capital aplicado
no ativo ($ 70,0 milhões x 16%):
($11,2 milhões)
Valor criado: ($1,4 milhão)
Fonte: Adaptado de Assaf Neto, 2017, p. 17.
Pelo exemplo exposto, observa-se que a mensuração do valor de uma empresa está
diretamente associada à geração de resultados, usando o lucro como medida de valor por meios
indicadores de rentabilidade:
ROI – retorno sobre o investimento: traduz o quociente entre o lucro (excedente
monetário mínimo exigido pelo investidor para manter o negócio atrativo) proporcionado
pelo negócio e o investimento (na forma de aplicação de capital em meios de produção, no
âmbito da economia, ou na forma de compra de ativos financeiros, no âmbito das finanças).
ROA – retorno sobre o ativo: traduz o quociente entre o lucro operacional e o ativo total.
Mostra como os ativos estão a ser rentabilizados pelo negócio.
ROE – retorno sobre o patrimônio líquido: traduz o quociente entre o lucro líquido e o
patrimônio líquido. Indica a rentabilidade dos recursos investidos pelos proprietários.
LPA – lucro por ação: representa o quociente entre o lucro líquido e o número de ações da
empresa.
Os indicadores de rentabilidade e lucratividade são para a sobrevivência das empresas
(Padoveze, 2012). Proporcionam a análise da geração da margem de lucro pelo desempenho
operacional, por meio dos conceitos giro dos ativos e alavancagem do capital de terceiros para a
rentabilidade do capital próprio. No entanto, são indicadores de desempenho contábeis, não
expressam a real criação de riqueza para a empresa (Saurin, 2000).
Assim, para mensurar a criação de valor de uma empresa, além dos indicadores de
rentabilidade, devem ser considerados o Economic Value Added (EVA®), que mensura a criação
de valor proporcionada pela empresa, e o Market Value Added (MVA®), que dá informações do
valor de mercado.
TEMA 3 – TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO GLOBAL
A fim de explorar a potencialidade do modelo de gestão baseado na criação de valor para
melhorar o desempenho, as empresas devolvem técnicas ou critérios para avaliar o seu valor. A
capacidade global do negócio, ou a atividade desenvolvida pela empresa, é vista sob duas
perspectivas de geração de valor, a do proprietário (acionistas) e a das atividades do negócio
(empresa).
3.1 VALOR DA EMPRESA
É o valor que será obtido pela venda da empresa a seus novos proprietários (Padoveze,
2012). Logo, o processo de criação de valor de uma empresa deve ser de avaliação permanente,
usando como referência os sistemas de informações contábeis.
Neste contexto, a contabilidade deve mensurar adequadamente o valor da empresa e
orientar os gestores para que possam ajustar o planejamento quanto ao direcionamento dos
investimentos, ou seja, se estes devem ou não ser mantidos a partir da análise da criação ou
destruição de valor. A Figura 3 apresenta o papel da controladoria na criação de valor da
empresa.
Figura 3 – Controladoria e a criação de valor de uma empresa
Fonte: Padoveze, 2012.
3.2 PRINCIPAIS CRITÉRIOS PARA AVALIAR O VALOR DE UMA EMPRESA
Em um primeiro momento, na avaliação do valor de uma empresa, deve-se observar
algumas questões básicas: a criação de valor, descontinuidade do negócio ou estabelecerum
valor-base para venda.
Estabelecer o valor-base para a negociação é ponto fundamental na decisão de comprar ou
não uma empresa, na participação acionária ou até mesmo para avaliar a continuidade do
investimento (Padoveze 2012). No caso de negociação, o valor da empresa se situará entre os
principais critérios a serem aplicados: valor contábil, de mercado, cotação da ação e valor
econômico.
De acordo com Padoveze (2012), apresentaremos os critérios utilizados para calcular e
avaliar a capacidade global do negócio em criar valor:
3.2.1 VALOR CONTÁBIL
Valor do patrimônio líquido (ativos e passivos) registrado contabilmente, segundo os
princípios e normas. Fundamenta-se no princípio do custo como base de valor e no regime de
competência (os ativos são avaliados a custos de aquisição ou produção, e os direitos e
obrigações avaliados com encargos até a data do balanço patrimonial). Neste entendimento, o
“valor da empresa” corresponde ao valor total do patrimônio líquido.
3.2.2 VALOR DE MERCADO
Corresponde à avaliação da empresa ao valor de mercado (ativos e passivos ajustados a
preço de mercado). Neste conceito, se a empresa estiver em descontinuidade, os valores dos
ativos serão avaliados a valor de mercado, equiparados ao preço de um bem usado. Se a
empresa estiver em condições de continuidade, os ativos e passivos serão avaliados
individualmente de acordo com os critérios básicos observáveis de valor de mercado: valor justo,
valor presente, preços de reposição ou de realização, valor de mercado ou potencial de benefício
futuro, valor em uso, entre outros.
(Valor de mercado dos bens e direitos avaliados individualmente (-)Valor de mercado das
dívidas avaliadas individualmente)
O Quadro 4 apresenta de forma resumida as diferenças dos valores contábeis e de mercado,
assim como os critérios-base do valor de mercado.
Quadro 4 – Valor da empresa: valor contábil e valor de mercado
Elementos
patrimoniais
Valor
contábil
(R$)
Valor de
mercado
(R$)
Critério básico de valor de mercado
ATIVO
CIRCULANTE
11.480 12.860
Caixa e bancos 200 200 Não há ajuste
Aplicações
financeiras
2.200 2.180
Ajuste pelo valor justo, se disponível para venda ou negociação
(1)
Clientes 3.350 3.280
Ajuste a valor presente – dedução dos juros adicionados nas
vendas a prazo
Estoques 5.730 7.200
Ajuste a preços de reposição (materiais) ou preço de venda
realizável liquido (produtos acabados)
ATIVO NÃO
CIRCULANTE
7.880 9.780
Realizável a longo
prazo
110 10 Ajuste a valor de mercado ou provável realização (valor justo)
Investimentos 1.200 1.330 Avaliação a valor de mercado ou potencial de benefício futuro
Imobilizado 9.800 8.140
Preço de mercado ou de construção (Imóveis), Valor de mercado
no estado ou valor em uso (máquinas e equipamentos) (2)
(-) Depreciação
acumulada
-2.430 0 Os preços de mercado já́ evidenciam os bens depreciados
(-) Perdas do valor
recuperável
-1.000 0
Os preços de mercado já́ evidenciam o valor da desvalorização
dos bens
Intangível 350 300 Avaliação a valor de mercado ou potencial de benefício futuro
(-) Amortização
acumulada
-100 0 Os preços de mercado já́ evidenciam os intangíveis amortizados
(-) ) Perdas do valor
recuperável
-50 0
Os preços de mercado já́ evidenciam o valor da desvalorização
dos intangíveis
ATIVO TOTAL 19.360 22.640
PASSIVO
CIRCULANTE
6.270 6.330
Fornecedores 2.280 2.260
Ajuste a valor presente - dedução dos juros adicionados nas
compras a prazo
Salários a pagar 2.740 2.740
Dificilmente há ajustes, salvo se existirem compromissos
atrasados
Impostos a recolher 1.250 1.330 Ajustes por possíveis multas e juros por atraso
PASSIVO NÃO
CIRCULANTE
4.560 4.610
Empréstimos e
financiamentos
4.560 4.610
Ajustes por contratos de hedge cambial, contratos de swap etc.,
se houver, ao valor justo
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
8.530 11.700
Capital social 5.000 5.000 Valor de mercado residual, obtido por diferença
Reservas e lucros
acumulados
3.530 6.700
PASSIVO TOTAL +
PL
19.360 22.640
Fonte: Padoveze, 2012, p. 66.
Observe o valor do patrimônio líquido (PL): o valor contábil do PL é de R$8.530 registrados
de acordo com as normas e princípios contábeis. Já o valor de mercado é ajustado de acordo
com os critérios de avaliação individual de cada elemento do balanço a preços de mercado,
apurando neste exemplo um valor de R$11.700.
3.2.3 COTAÇÃO DA AÇÃO OU COTA
Neste critério, a empresa vale a cotação da ação ou cota de mercado negociadas nas bolsas
de valores e de balcão. O Quadro 5 evidencia o cálculo do valor de uma empresa por meio da
integralização de suas ações.
Quadro 5 – Valor da empresa por cota/ação
Cotação da ação Ordinárias Preferenciais Total
Quantidade integralizada 3.200.000 4.500.000 7.700.000
Cotação unitária da ação no mercado R$ 1,20 R$ 1,40  
Valor da empresa R$ 3.840.000 R$ 6.300.000 R$ 10.140.000
Fonte: Padoveze, 2012.
Normalmente, este critério atende aos princípios de criação de valor econômico, por estar
atrelado à expectativa de fluxos futuros de lucros e dividendos.
3.2.4 VALOR ECONÔMICO
Neste conceito, o valor atual da empresa é decorrente de sua rentabilidade futura, ou seja,
incorpora os conceitos de fluxos de benefícios futuros. Os lucros da empresa são projetados
considerando os produtos e mercados atuais e os futuros, avaliando sua rentabilidade e trazendo
esses valores ao valor presente por uma taxa de desconto (veja exemplo do quadro 6).
Inclui nesse entendimento:
Fluxo futuro de benefícios;
Fluxo futuro de dividendos;
Fluxo futuro de lucros;
Fluxo futuro de caixa ou fluxo de caixa descontado.
Quadro 6 – Apuração do valor econômico
A = Valor da empresa pelo critério de potencial de rentabilidade R$ 13.127.022
B = Valor da empresa pelos ativos e passivos avaliados individualmente R$ 11.700,000
C = Valor do goodwill (A – B) R$ 1. 427,022
Fonte: Padoveze, 2012.
Esse critério é considerado o mais adequado para avaliação de uma empresa, por
representar, além da capacidade de geração de lucros, a análise de risco e retorno de um
investimento e a geração de caixa (Padoveze, 2012).
Outros elementos, devem ser considerados na avaliação da criação de valor, como os ativos
intangíveis (goodwill) e o custo de oportunidade.
Ativos intangíveis: elementos patrimoniais que adicionam valor a uma empresa, mas
caracterizam-se como elementos de difícil mensuração por não existirem fisicamente
(Padoveze, 2012). Exemplos: goodwill, fundos de comércio, marca da empresa ou de
produtos etc.
Goodwill: é entendido como a diferença entre o valor econômico da empresa, calculado
pelo valor presente de seus rendimentos esperados futuros, e o montante do capital
investido no negócio. O goodwill favorável é formado sempre que a empresa remunera os
seus investidores acima de suas expectativas mínimas de retorno, produzindo uma
valorização no preço de negociação de suas ações (Assaf Neto, 2017).
Custo de oportunidade: é um conceito econômico indispensável a todo processo de
decisão. É entendido como uma oportunidade renunciada em detrimento de outra de igual
risco. Isto é, o custo de oportunidade nada mais é do que atribuir um custo de capital ao
retorno produzido por um investimento.
Diante do exposto, Padoveze (2012, p. 69) conclui: “o valor da empresa deve ser calculado
segundo a melhor competência dos gestores empresariais, lembrando sempre que a importância
do valor da empresa está́ em ter o melhor parâmetro para a gestão de controladoria, que é o
processo de criação de valor”.
Neste contexto, a apuração de valor econômico exige ajustes nos ativos e resultados da
empresa, como medidas de valor contábil e econômico. Por sua vez, a criação de valor pode ser
obtida pela medida de desempenho EVA.
O EVA mensura o retorno mínimo exigido, considerando o nível de risco do negócio para
apuração do resultado econômico, o qual será ganho ou perda do empreendimento após
remuneração de todo o capital aplicado (o lucro líquido contábil só considera o custo do capital
de terceiros)(Martins et al., 2017).
TEMA 4 – EVA (ECONOMIC VALUE ADDED)
EVA (Economic Value Added), traduzido como valor econômico adicionado, é marca
registrada da empresa de consultoria Stern Stewart & Co. desde os anos 1980. Trata-se de um
instrumento de gestão empresarial que tem como base de cálculo a mensuração do lucro
residual com retorno sobre as taxas (custo de oportunidade) e capital investido (Oliveira et al.,
2015).
4.1 DEFINIÇÃO
EVA é uma medida de valor que tem como objetivo a maximização dos lucros dos
detentores de capital, isto é, remunerar os donos do dinheiro (Oliveira et al., 2015). Portanto, é
uma medida de desempenho ligada diretamente à criação de riqueza ao acionista. É o indicador
para a tomada de decisão e criação de valores para o dono do capital.
Para Assaf Neto (2017, p. 113) “o fundamento do conceito de EVA é o lucro residual, lucro
que resta após serem deduzidos todos os custos e encargos de capital, inclusive o custo do
capital próprio. É o lucro na visão dos acionistas”, o que evidencia o custo de oportunidade dos
investimentos.
Já para Padoveze (2012, p. 62) “o conceito de EVA nada mais é do que a aplicação do
conceito de custo de oportunidade do capital e do conceito de manutenção do capital financeiro
da empresa”. Sob esta ótica, uma das contribuições do EVA é o esclarecimento quanto ao fato de
que o capital próprio tem um custo, embora não tão aparente quanto o custo do capital de
terceiros.
Segundo Oliveira et al., (2015), obter lucro positivo ou certo nível de lucro por ação já não é
suficiente para a empresa. É preciso obter resultados suficientes para cobrir os custos do capital
de terceiros e o custo de oportunidade do capital próprio, antes que ela comece a criar valor.
4.2 VALOR ECONÔMICO AGREGADO
O conceito de EVA deve ser aplicado na avaliação de desempenho global de uma empresa,
de modo que cada operação possa ser medida pelo EVA, subtraindo do lucro operacional
ajustado o custo do capital. Nesse contexto, o valor econômico agregado seria, então, o lucro
econômico (e não apenas um valor contábil) que restou depois de ter sido subtraído o custo de
todo o capital empregado no negócio (Oliveira et al., 2015).
Por exemplo, se a taxa mínima de retorno exigida pelos investidores de uma empresa é de
12%, ganhos acima desse percentual indicam agregação de valor econômico. Assim, se o capital
investido é de $100,0 milhões e o custo de oportunidade de 8%, o EVA atinge:
Retorno: 12% × $ 100,0 = $ 12,0 milhões
Custo de Capital: 8% × $ 100,0 = ($ 8,0 milhões)
 EVA = $ 4,0 milhões
Um EVA maior que zero indica a presença de uma taxa de retorno superior ao seu custo de
oportunidade (remuneração mínima exigida pelos proprietários de capital). Pode-se concluir,
portanto, que o seu valor econômico (valor justo) supera o capital investido em seus ativos,
criando uma riqueza econômica conhecida por goodwill (Assaf Neto, 2017).
Um resultado de EVA igual a zero não indica que a empresa nada ganhou; neste caso, a
conclusão é de que o retorno auferido foi exatamente igual ao exigido pelos investidores, isto é,
a empresa cumpriu as expectativas de ganho de seus credores e acionistas ao remunerar os
capitais investidos pelos custo de oportunidade requerido (Assaf Neto, 2017).
Já o EVA negativo revela que os lucros da empresa ficaram abaixo de seu custo de capital,
indicando destruição de valor. Em outras palavras, o capital investido não gerou um retorno que
justificasse o risco, devendo ser entendido como um alerta para a empresa identificar as causas
desse desempenho (Assaf Neto, 2017). Veja exemplos a seguir.
Quadro 7 – Casos possíveis de EVA
EVA > 0 EVA < 0 EVA = 0
Ativos Capital
investido
Valor
econômico da
empresa
Ativos Capital
investido
Valor econômico
da empresa Ativos
Capital investido
Valor econômico
da empresa
Goodwill
favorável
Goodwill
desfavorável
Fonte: Assaf Neto, 2017.
4.3 FORMULAÇÃO DO EVA
O cálculo do EVA exige algumas adaptações nos demonstrativos de resultados, procurando,
entre outras medidas, evidenciar sua parte operacional legítima, a segmentação do imposto de
renda sobre os resultados da atividade e os benefícios fiscais provenientes do uso de capital de
terceiros (Assaf Neto, 2017). A medida de valor econômico agregado pode ser determinada a
partir do lucro operacional (NOPAT) e do lucro líquido, expressa como:
EVA = NOPAT – ((C% X (TC)
NOPAT = resultado operacional após imposto de renda;
C% = custo médio ponderado do capital da empresa (%);
TC% = capital total ou investimento.
A estrutura básica de cálculo do EVA apresenta-se da seguinte maneira:
Lucro operacional líquido do IR (NOPAT) XXX
(-) Custo total de capital  
(K0% x TC) XX
(=) Valor econômico agregado XXXX
O EVA pode ainda ser apurado por meio de uma formulação mais analítica:
EVA = (ROI - WACC) x INVESTIMENTO
Estratégias
operacionais
Estratégias financeiras Estratégias de Investimento
(Giro x Margem)
Custo e estrutura de
capital
Oportunidade de Crescimento com EVA
positivo
ROI =   retorno sobre o capital investido, formado pelo produto do giro do investimento e
margem operacional;
WACC = custo total de capital exigido pelas diversas fontes de financiamentos, próprias e de
terceiros;
INVESTIMENTO = total dos recursos próprios e de terceiros deliberadamente levantados
pela empresa e aplicados em seu negócio (capital de giro mais capital fixo).
Exemplo de formulação básica do EVA (adaptado de Oliveira et al., 2015):
Considere que um investidor tem $50.000,00 disponível, sendo duas as opções de
investimento:
Investir no mercado financeiro e ganhar 10% ao ano;
Abrir um pequeno negócio.
Escolheu a segunda opção, que, após um ano, apresentou este resultado:
$
Receita operacional líquida 129.045
(–) Despesas operacionais (119.954)
Lucro operacional 9.091
(–) Tributação sobre o lucro = 34% (3.091)
Lucro líquido operacional, após a tributação (NOPAT) 6.000
Seu lucro depois dos impostos foi de $6.000. Se tivesse investido no mercado financeiro a
10%, teria ganhado $5.000, igual a $50.000 × 10% ao ano. Comparando o resultado das duas
opções, pode-se apurar o valor econômico agregado:
$
Lucro operacional líquido depois dos impostos (NOPAT) 6.000
Custo do capital (10%) – (50.000 X 10% ao ano) 5.000
EVA 1.000
 
Ganhou, portanto, $1.000 a mais do que esperava, deixando-lhe satisfeito com o pequeno
negócio, que criou valor. O valor de $1.000 é o valor econômico agregado.
Em suma, por meio da análise das medidas financeiras (lucro e rentabilidade), é impossível
identificar se a empresa está criando ou destruindo valor. Neste contexto, o EVA contribui para
evidenciar a eficácia da administração da empresa, ao considerar o custo de oportunidade do
capital ao investimento (Assaf Neto, 2017). As organizações que utilizam o modelo de gestão
baseado em valor possuem uma visão mais direcionada à concepção dos negócios, à
continuidade do empreendimento e ao objetivo de maximização da riqueza de seus acionistas.
4.4 EVA E O SISTEMA DE RECOMPENSA
Para Oliveira et al., (2015) “a verdadeira chave para o sucesso de estrutura do EVA reside na
utilização de suas melhorias num tipo de plano de remuneração variável único, que ativa a
imaginação e a iniciativa de gerentes e funcionários”. O plano de incentivos baseados na criação
de valor tem como objetivo motivar os gerentes a ter pensamentos e atitudes de donos do
negócio. Diferentemente dos planos de incentivo tradicionais, que remuneram seus gestores por
desempenho por meio de metas fixadas em um orçamento, o EVA remunera os gerentes por
meio da criação de valor.
Neste contexto, as empresas possuem em sua estrutura hierárquica diferentes níveis de
gerência, logo, requerem um mix de remuneração diferente, com o bônus de cada gerente
baseado principalmente no EVA que ele pode afetar (Oliveira et al., 2015). Desse modo, de
acordo com a estrutura hierárquica e nível de responsabilidade dos acionistas, executivos
seniores, diretores e outrostomadores de decisões, estes deveriam receber bônus atrelados à
rentabilidade do patrimônio, no intuito de incentivar o desempenho futuro, baseado em medidas
globais da empresa como o EVA.
Já os executivos de nível tático ou segunda linha são tipicamente gerentes-chaves de divisão
e desempenham papel importante na criação de valor, embora tenham pouca responsabilidade
direta perante os acionistas. Para melhor remunerá-los por sua influência na criação de valor, seus
incentivos devem ser baseados em opções de ações (Oliveira et al., 2015).
No entanto, alguns gerentes são responsáveis apenas por alguns dos fatores necessários
para o cálculo do EVA, e medidas relevantes e específicas deveriam ser utilizadas (Oliveira et al.,
2015). Por exemplo, um gerente de materiais pode ser bem avaliado tanto com base no giro dos
estoques como na adequação dos estoques. Neste contexto, Oliveira et al. (2015) elencam
elementos-chave nos planos de bônus de EVA:
Remuneração por EVA crescente: para elevar o EVA, gerentes cortarão custos e levarão o
lucro sem adicionar mais capital, converterão ativos improdutivos em caixa que poderão ser
reinvestidos ou distribuídos a acionistas; investirão capital para impulsionar crescimento
lucrativo; e escolherão estratégias financeiras que minimizem o custo de capital.
Inexistência de chão e tetos: gerentes recebem participação ilimitada da melhoria dessa
medida, mas os bônus também podem ser negativos.
Bônus-alvo: o pagamento do bônus aumenta cadenciado à medida que os lucros chegam
a 100% do alvo em 100% dos lucros orçados, atingindo seu limite máximo em 150% do
bônus-alvo quando os lucros atingem 120% do orçamento. O bônus é zero em qualquer
nível abaixo de 80% do alvo.
Banco de bônus: o objetivo é assegurar que os gerentes recebam bônus apenas por
melhorias sustentadas por EVA. Bônus negativos são sacados e bônus positivos
excepcionais são depositados na conta bancária virtual do indivíduo, e uma parcela,
digamos um terço, de qualquer saldo positivo no banco é também paga a cada ano.
Alvos de desempenho determinados por fórmulas e não por negociação: os gerentes
ganham seus bônus-alvo quando o aumento de EVA em dólares for igual à melhoria
esperada. Isso é semelhante aos alvos de desempenho em planos convencionais, mas com
duas diferenças cruciais:
O montante anual de melhoria esperada é predeterminado por períodos de
aproximadamente cinco anos, em vez de ser negociado ano a ano.
A base à qual a melhoria esperada é somada é automaticamente reajustada para cima
ou para baixo a cada ano, em conformidade com a experiência efetiva.
TEMA 5 – MVA (MARKET VALUE ADDED)
Assim como o EVA, o MVA (Market Value Added – cuja tradução “valor de mercado
adicionado”) é uma marca patenteada por Stern Stewart & Co. O MVA é uma medida de valor
corporativo geral, que envolve o capital total de uma empresa, incluindo ações, empréstimos e
ganhos retidos, e deduz isso do valor de seu capital acionário e dívidas.
5.1 DEFINIÇÃO
O MVA é definido por Oliveira et al. (2015) como a diferença entre o valor de mercado de
uma empresa e o capital investido pelos acionistas-proprietários. O valor de mercado
corresponde a quanto o empresário obteria ao vender todas as suas ações.
Para Schmidt et al. (2014), o MVA pode ser conceituado como “a diferença entre entrada de
caixa e saída de caixa – entre aquilo que investidores colocam na empresa como capital e o que
poderiam receber vendendo pelo preço de mercado corrente”.
Por outro lado, Padoveze (2012) determina que o conceito de MVA é decorrente do conceito
de EVA. Ele mede o resultado de um período, ou seja, o quanto a empresa agregou de lucro para
o acionista naquele período em relação ao custo de oportunidade do mercado. Em outras
palavras, o MVA mede o crescimento do valor total da empresa, resultante do EVA de todos os
períodos – é o valor de mercado de uma empresa menos o valor contábil de seu capital
investido:
MVA = valor de mercado da empresa (–) capital investido
Assim, o MVA é o valor que supera o capital investido no negócio. Essa medida precisa
considerar em seu cálculo o custo de oportunidade do capital investido e também os fluxos de
benefícios de caixa pagos pela empresa no período.
Considere o seguinte exemplo de Assaf Neto, 2017:
Uma empresa sem dívidas com patrimônio líquido (PL) de $200,0 milhões, cujo capital foi
investido há quatro anos, está atualmente precificada no mercado quanto ao valor corrente de
suas ações, por $ 290,0 milhões.
Assim, com base nessa comparação entre o capital próprio investido há quatro anos e o
valor de mercado atual de suas ações, a riqueza gerada pelo mercado (MVA) atinge:
MVA = $ 290,0 – $ 200,0 = $ 90,0 milhões
Ao se admitir que o acionista exija um retorno mínimo de 14% ao ano, o capital investido
há quatro anos na empresa deve representar na data atual: [$ 200,0 × (1,14)^4 = ] = $
337,79 milhões.
Observe que, pela medida do MVA, a empresa criou $ 90,0 milhões de riqueza para seus
acionistas. Por outro lado, a expectativa do mercado é que a empresa deve valer, no
mínimo, $ 337,79 milhões.
Como o preço de mercado é de somente $ 290,0 milhões, conclui-se que não houve criação
de valor econômico. Ocorreu, em verdade, uma destruição de riqueza no montante de
$47,79 milhões ($337,79 – $290,0).
O MVA captura as estimativas de mercado quanto às perspectivas de crescimento da
empresa. Assim, se o resultado for positivo, pode-se dizer que a empresa realmente criou valor
para quem tiver suas ações. No caso da ocorrência de valor negativo, significa que houve
destruição de valor do acionista, pois o valor de mercado é inferior ao valor gasto no
investimento (Padoveze, 2012).
5.2 EVA E MVA
Outro aspecto acerca da criação de valor é a correlação positiva entre as medidas EVA e
MVA, visto que, se os administradores melhorarem a medida EVA, o MVA da empresa terá uma
probabilidade maior de melhorar também (Oliveira et al., 2015).
Por exemplo, o MVA mede o valor acumulado em toda a trajetória de uma empresa até
determinada data, enquanto o EVA calcula a riqueza criada em determinado espaço de tempo.
Neste contexto, Oliveira et al., (2015 p. 165) cita algumas maneiras para aumentar o valor
econômico agregado:
Cortar custos e reduzir impostos para aumentar o NOPAT (representa o lucro operacional
líquido, deduzido o imposto de renda) sem crescer capital; ou seja, operar de forma mais
eficiente para ganhar maior retorno sobre o capital já investido no negócio;
Empreender todos os investimentos nos quais o aumento de NOPAT será maior do que o
aumento de encargos de capital; ou seja, investir em crescimento lucrativo, empreendendo
todos os projetos com valor líquido presente positivo que prometam produzir um retorno
sobre capital que exceda o custo de capital;
Retirar capital de operações quando as economias decorrentes da redução dos encargos de
capital excedam qualquer redução de NOPAT; ou seja, deixar de investir em – ou liquidar –
ativos e atividades que não estejam gerando retornos iguais ou maiores do que o custo de
capital;
Estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital, algo que
reside exclusivamente nos domínios do departamento financeiro e do conselho de
administração.
TROCANDO IDEIAS
Nesta aula observamos que a realidade dos negócios traz às organizações o desafio de gerar
valor a seus proprietários, motivadas por estratégias corporativas adequadas ao comportamento
do mercado. Neste contexto, discuta no fórum: como um produto ou serviço pode agregar valor
a uma empresa por meios de suas diversas atividades e processos internos?
NA PRÁTICA
Com base no que foi exposto nesta aula, analise as assertivas a seguir (a resposta está ao
final deste documento):
I. Uma gestão voltada à criação de valor demanda estratégias financeiras e medidas de
desempenho ligadas à agregação de riqueza aos seus proprietários.
II. O EVA é uma medida de desempenho econômico que possibilita o desenvolvimentode
sistema de recompensas, no qual os gestores são remunerados com base na criação de
valor agregado.
III. O custo de oportunidade do capital próprio é a remuneração máxima esperada pelos
proprietários de capital em relação ao investimento feito.
IV. O MVA mede o crescimento do valor total da empresa, resultante do EVA de todos os
períodos. É o valor de mercado de uma empresa menos o valor contábil de seu capital
investido.
Assinale a alternativa correta:
1. I, II e III estão corretas.
2. I, II e IV estão corretas.
3. I, III, e IV estão corretas.
4. II, III e IV estão corretas.
5. Todas as sentenças estão corretas.
FINALIZANDO
Nesta aula foram tratados os seguintes temas a respeito da criação de valor nas empresas:
1. O processo empresarial de criação de valor: geração de valor por meio das atividades e
processos internos da empresa e remuneração do capital dos sócios.
2. Mensuração da criação de valor de uma companhia: medidas contábeis de rentabilidade
do lucro e medidas de criação de valor.
3. Técnicas de avaliação global: o valor de uma empresa e os critérios para avaliá-lo (valor
contábil, econômico, ações e valor de mercado).
4. EVA (Economic Value Added): o lucro residual, que resta após serem deduzidos todos os
custos e encargos de capital, inclusive o custo do capital próprio.
5. MVA (Market Value Added): o valor que supera o capital investido no negócio e que
considera em seu cálculo o custo de oportunidade do capital investido e também os fluxos
de benefícios de caixa pagos pela empresa no período.
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Valuation – métricas de valor & avaliação de empresas. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2017.
MARTINS, E.; DINIZ, A.; MIRANDA, J. Análise avançada das demonstrações contábeis: uma
abordagem crítica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
OLIVEIRA, L. M.; PEREZ, J. H.; SILVA, C. A. S. Controladoria estratégica: textos e casos práticos
com solução. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
PADOVEZE, C. Controladoria: estratégica e operacional. São Paulo: Cencage Learning, 2012.
_____. Administração financeira: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2016.
ROSS, S. A. et al. Administração financeira. São Paulo: AMGH, 2015.
ROSSETTI, J. P. Contabilidade social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
SAURIN, V. ; MUSSI, C. C.; CORDIOLI, L. A. Estudo do desempenho econômico das empresas
estatais privatizadas com base no MVA e no EVA®. Caderno de Pesquisas em Administração,
São Paulo, v. 1, n. 11, 2000.
SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L.; SANTOS M. A. Manual de controladoria. São Paulo: Atlas, 2014.
RESPOSTA
b. I, II e IV estão corretas.

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