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Direito de Propriedade: Evolução e Características

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02/06/2023, 16:12 Propriedade
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Propriedade
Prof. Filipe José Medon Affonso
Descrição
A análise da evolução histórica do direito real de propriedade, suas principais características e modos de
aquisição e perda.
Propósito
Compreender as principais noções e regras acerca do direito real de propriedade é extremamente
importante para a formação e, principalmente, a atuação profissional futura, uma vez que essa temática é
central para a compreensão do estudo não apenas do Direito Civil como de outros ramos do Direito, dada a
importância da propriedade no ordenamento.
Preparação
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o Código Civil (Lei Nº. 10.406/2002), a Constituição
da República e o Código de Águas (Decreto Nº 24.643/1934).
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Objetivos
Módulo 1
Direito de propriedade
Identificar as principais noções gerais que envolvem o direito real de propriedade.
Módulo 2
Modos de aquisição e perda da propriedade
Reconhecer os principais modos de aquisição e perda da propriedade.
Módulo 3
Instituto da desapropriação
Identificar aspectos gerais sobre o instituto da desapropriação.
Pode o proprietário fazer o que quiser dentro dos limites do seu direito?
Neste conteúdo, vamos enfrentar um dos assuntos mais tradicionais e clássicos no estudo do Direito
Civil: o direito de propriedade. A origem da propriedade privada relaciona-se à própria origem das
constituições sociais e é um assunto central nas principais discussões políticas que marcaram o
avanço das civilizações. No entanto, precisamos conferir a este tema uma abordagem mais
Introdução
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1 - Direito de propriedade
Ao �nal deste módulo, esperamos que você identi�que as principais noções gerais que
envolvem o direito real de propriedade.
contemporânea e consentânea com os valores da Constituição da República, que se irradia sobre
todo o ordenamento, transformando, também, o direito à propriedade. Como veremos em nosso
estudo, hoje não tutelamos mais a propriedade por si mesma: ela precisa cumprir uma função social
dentro do ordenamento para receber a sua adequada proteção jurídica.
É assim que vamos, em primeiro lugar, esmiuçar aspectos históricos, constitucionais e
terminológicos do direito de propriedade para, em seguida, aprofundarmo-nos nos seus modos de
aquisição e perda. Por fim, vamos analisar o assunto da desapropriação, que gera muitas
controvérsias na jurisprudência.
É importante ressaltarmos, desde já, que o estudo do direito de propriedade é bastante permeado por
uma interseção com outros ramos do Direito, especialmente os Direitos Constitucional, Urbanístico e
Administrativo. Quanto a este último, basta pensarmos nas desapropriações feitas pelo poder
público, cujos limites são cotidianamente definidos pela jurisprudência a partir da interpretação das
normas constitucionais e infralegais aplicáveis.
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O direito de propriedade
Antes de iniciarmos, vamos discorrer sobre o conceito de propriedade e seus principais aspectos
constitucionais e terminológicos no vídeo a seguir, apresentado pelo professor Filipe Medon.
Aspectos introdutórios
Iniciamos o estudo deste tema buscando, em primeiro lugar, definir o objeto da nossa análise: o direito real
de propriedade. Para isso, nada melhor que uma definição clássica, que colhemos de Clóvis Beviláqua, para
quem a propriedade é “o poder assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida física e moral”
(BEVILÁQUA, 2003, p. 127).
Como já esclarecia Orlando Gomes, podemos conceituar esse direito a partir de três critérios, de modo que
cada um trará elementos essenciais à sua compreensão.Os critérios, segundo (GOMES, 2012, p. 103), são:

Sintético
Sinteticamente, como já definia Windscheid, a propriedade é “a submissão de uma coisa, em todas as suas
relações, a uma pessoa”.

Analítico

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“Analiticamente, o direito de usar, fruir e dispor de um bem, e de reavê-lo de quem injustamente o possua”.

Descritivo
É “o direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo, pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma
pessoa, com as limitações da lei”.
A propriedade é marcada, portanto, por dois aspectos principais:
Aspecto interno
O aspecto interno é a chamada senhoria, ou seja, a dominação da coisa pelo seu titular, que pode fazer
com ela o que lhe aprouver dentro dos limites da sua vontade (cf. DANTAS, 1979, p. 93) e dentro dos
limites impostos pelo ordenamento, como é o caso dos direitos de vizinhança e da função social.
Aspecto externo
O aspecto externo, por sua vez, considera, sobretudo, a relação havida entre o proprietário e os não
proprietários, ou seja, revela-se a propriedade como um direito de exclusão em relação a terceiros que, em
princípio, não podem ter ingerência sobre o exercício do seu titular, havendo, por isso, um dever geral de
abstenção (cf. DANTAS, 1979, pp. 93-94).
De um modo geral, essas definições se relacionam de forma direta com o Art. 1.228 do Código Civil (CC),
que assim dispõe em seu caput: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito
de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”.
Diante disso, a doutrina costuma delimitar o direito de propriedade em quatro poderes/faculdades, que nada
mais são do que os aspectos das posições jurídicas de vantagem conferidas aos proprietários. São,
portanto, os elementos da propriedade enquanto um direito subjetivo, que são expressos em alguns verbos:
Usar (jus utendi)
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O uso representa a ideia de que o proprietário pode retirar da coisa os serviços e utilidades que ela pode
oferecer.
Fruir/gozar (jus fruendi)
A fruição/gozo permite que o proprietário aufira da coisa principal os frutos que ela pode produzir, sejam
eles naturais, industriais ou civis.
Dispor (jus abutendi)
A disposição é o poder de alienar e transformar o bem, fazendo com que ele seja mais útil para o seu
proprietário.
Reivindicar (rei vindicatio).
Finalmente, o poder de reivindicar, também conhecido como poder externo, garante que o titular do direito
real de propriedade reivindique a coisa de quem a injustamente a possua ou detenha.
Como características principais, tradicionalmente a doutrina costuma afirmar que a propriedade é um direito
absoluto, exclusivo e irrevogável/perpétuo. Ainda que haja temperos a cada uma dessas noções em virtude
da funcionalização dos direitos, a ideia geral é que o direito de propriedade pode ser oponível contra todas
as demais pessoas (absoluto). Além disso, em princípio, salvo exceções pontuais como é o caso do
condomínio, duas pessoas não poderiam ser titulares da propriedade de um mesmo bem (exclusividade).
Por fim, não haveria, em princípio, limitação no tempo para a sua duração ( irrevogabilidade/caráter
perpétuo/perpetuidade).
Quanto ao seu objeto, há controvérsia na doutrina para saber se o direito de propriedade poderia incidir
também sobre bens incorpóreos, como é o caso das produções do espírito humano, tais como obras
literárias, artísticas e científicas. Apesar de não ser totalmente pacífico, parece haver um entendimento
majoritário no sentido de que somente poderiam ser objeto do direito de propriedade os bens corpóreos,
como defendia Orlando Gomes (cf. GOMES, 2012, pp. 106-107).
Finalmente, o Art. 1.229 do CC dispõe o seguinte:
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A propriedade do solo abrange a do espaçoaéreo e subsolo correspondentes,
em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário
opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou
profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
( Art. 1.229 do CC).
Já o Art. 1.230 estabelece o seguinte:
“A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia
hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. O proprietário do solo
tem o direito de explorar, porém, os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, se não
submetidos à transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.”
Aspectos históricos
No que diz respeito aos aspectos históricos do direito de propriedade, não há dúvidas de que a evolução do
tema se confunde com o próprio percurso histórico e o desenvolvimento da disciplina do Direito das Coisas.
É difícil precisar a origem desse direito na sociedade, mas em termos de legislação escrita e codificada,
Clóvis Beviláqua identifica, por exemplo, registros da propriedade já desde o longínquo Código de
Hammurabi, na Mesopotâmia (cf. BEVILÁQUA, 2003, p. 117).
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Não há dúvidas, no entanto, de que as noções desse direito, tal como o conhecemos hoje, remontam em
larga medida ao Direito Romano, tendo sido fortemente marcado por uma concepção altamente
individualista.
Vejamos:
Revolução Francesa
Com a Revolução Francesa e a ascensão da burguesia, a liberdade foi alçada a uma posição
tão central, que se chegou a considerar legítima até mesmo “a possibilidade de o proprietário
abusar do seu direito de propriedade, colocando, destarte, a propriedade num verdadeiro altar,
cujo sacerdote era o proprietário” (GONÇALVES, 2016, p. 22). A propriedade gozava, então, de
ares de sacralidade.
Defesa da propriedade
Todavia, gradativamente, essa concepção egoística e individualista acabou sendo modificada,
trazendo ao centro do debate com mais frequência o aspecto da função social, sobretudo a
partir da chamada “Encíclica do Quadragésimo Ano”, por meio da qual o Papa Pio XI traz a
necessidade de que o Estado reconheça e defenda a propriedade, mas que o faça em função
do bem comum.
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Socialização
E, de fato, “[o] sopro da socialização acabou impregnando o século XX, influenciando a
concepção da propriedade e o direito das coisas. Restrições foram impostas à onipotência do
proprietário, proclamando-se o predomínio do interesse público sobre o privado”
(GONÇALVES, 2016, p. 22).
Leis restritivas
Com o passar do tempo, foram surgindo ao redor do mundo diversas leis que impunham
algum tipo de restrição aos poderes absolutos dos proprietários, especialmente em razão da
necessidade de eventualmente se atender a algum interesse público tido como predominante.
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Nessa mesma direção, o Código Civil de 2002, no parágrafo primeiro do seu Art. 1.228, dispôs o seguinte:
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.
(CÓDIGO CIVIL, 2002).
Art. 5º da Constituição da República
O apogeu desse processo de abrandamento dos poderes dominiais se dá com o
reconhecimento de que a propriedade deverá atender a sua função social, o que, no Brasil, foi
consagrado no inciso XXIII do Art. 5º da Constituição da República.
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Trata-se, portanto, de uma perspectiva funcionalizada: deixa-se de tutelar a propriedade por si mesma; é
preciso, antes, que ela concretize alguma função relevante para a sociedade.
O não cumprimento desse comando implica, então, uma série de consequências gravosas para os
proprietários (previstas pelo ordenamento), culminando até mesmo na perda da propriedade em situações
mais limítrofes.
Aspectos constitucionais
A Constituição da República de 1988, como vimos, protegeu a propriedade privada, mas também deixou
claro que a sua função social deve ser preservada. Ou seja: como fez em diversos outros aspectos, a Carta
abraçou valores aparentemente opostos e buscou equilibrá-los. Aqui, garante a propriedade, enquanto signo
máximo do voluntarismo e do liberalismo, mas impõe que sejam respeitados os valores sociais e
existenciais, expressos na perspectiva funcional que foi conferida a esse direito tão essencial à autonomia
privada.
A título de exemplo, no que diz respeito à propriedade urbana, o cumprimento de tal função social encontra-
se condicionado:
[...] à observância das exigências fundamentais de ordenação da cidade,
expressas no plano diretor. A regra corrobora os princípios gerais da tutela da
pessoa, do trabalho e da dignidade humana, a demonstrar a preocupação do
legislador constituinte com os dramáticos conflitos sociais.
(TEPEDINO; MONTEIRO FILHO; RENTERIA, 2020, p. 96).
Como esclarecem Gustavo Tepedino, Carlos Edison do Rêgo Monteiro Filho e Pablo Renteria, a Constituição
de 1988, em meio a importante evolução legislativa:
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[…] atinge barreiras seculares erguidas pelo direito civil em torno do conceito de
propriedade, e consagra a função social não apenas como alicerce da ordem
econômica (CR, art. 170, II e III), a exemplo de sua predecessora, mas como
direito fundamental, nos termos do artigo 5º, inciso XXIII – ao lado, portanto, da
cláusula pétrea relativa à garantia fundamental de proteção da propriedade
privada, prevista no inciso XXII. Paralelamente, são inseridos, no texto
constitucional, dispositivos que conferem conteúdo específico à função social
da propriedade.
(TEPEDINO; MONTEIRO FILHO; RENTERIA, 2020, p. 94).
E são diversos os dispositivos que cuidam, em alguma medida, da disciplina da propriedade na
Constituição. Podemos citar, por exemplo, os seguintes: 182, 183, 184, 185 e 186. E a presença de tantos
dispositivos tem uma razão de ser: de tão fundamentais ao desenvolvimento da pessoa humana, tais
direitos precisariam gozar de hierarquia constitucional, a fim de se assegurar ainda mais a sua proteção no
ordenamento. Em última análise, o direito fundamental à propriedade revela-se também como uma
oportunidade de acesso ao mínimo existencial (cf. FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 1025).
Aspectos terminológicos
Para finalizarmos este módulo, é importante tecer alguns breves comentários quanto à terminologia
adequada, porque é comum que haja confusão. Essa dúvida reside, sobretudo, quanto ao emprego dos
vocábulos “domínio” e “propriedade”.
Vamos entender um pouco mais:
Dominum x Dominus
A origem dessa controvérsia remonta ao Direito Romano, que empregava o termo dominum
para se referir à propriedade e dominus para designar o proprietário.
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Em razão disso, é possível afirmarmos “que todo o domínio é propriedade, mas nem
toda propriedade é domínio, já que o primeiro vocábulo encerra uma ideia de direito
patrimonial, enquanto o segundo abrange mais coisas móveis e imóveis”
(RIZZARDO, 2012, p. 181).
Como arremata Arnaldo Rizzardo:
No Direito romano, os termos eram considerados como sinônimos. Nos
códigos vigentes, ‘propriedade’ compreende todo o gênero de direitos
Proprietas
Mais tarde, passaram a empregar o termo proprietas, que tinha “o significado de referência à
qualidade de ser própria acoisa, de pertencer de modo exclusivo e absoluto ao proprietário.
Dominum
O termo dominium passou a exprimir o poder do proprietário sobre a coisa que lhe pertencia,
ou a soma dos poderes que lhe competia” (RIZZARDO, 2012, p. 181).
Dominus proprietatis
Com isso, passou-se a admitir ao lado da figura do dominus proprietatis, a figura do dominus
usufructus. De modo geral, no presente há sinonímia no emprego dos dois termos, embora,
tecnicamente, o vocábulo “propriedade” seja mais genérico e abrangente que o “domínio”.
Basta pensar que ele é aplicado a variados setores em que o termo “domínio” não é
empregado, como é o caso da propriedade industrial, artística, literária e científica (cf.
RIZZARDO, 2012, p. 181).
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suscetíveis de apreciação pecuniária; o termo ‘domínio’ restringe-se a coisas
móveis e imóveis, ou seja, aos bens corpóreos. Em suma, o vocábulo ‘domínio’
encerra um conteúdo que se encontra na palavra ‘propriedade’; esta, porém,
além de ser aplicável aos móveis e imóveis, compreende também as coisas
incorpóreas, desdobradas na propriedade intelectual, que se subdivide em
propriedade literária, artística, científica e industrial.
(RIZZARDO, 2012).
Concluído este módulo de teor mais introdutório, passaremos ao estudo das múltiplas formas de aquisição
e perda da propriedade.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Estudamos, neste módulo, noções introdutórias sobre o direito real de propriedade.
A esse respeito, é correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa D está correta.
A São poderes dominiais o abuso, o gozo e a reivindicação.
B Sua origem histórica remonta às codificações do século XIX.
C Pode ter como objeto tanto bens incorpóreos quanto corpóreos.
D Seu aspecto interno é designado senhoria.
E A nomenclatura “domínio” não está correta.
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A propriedade é representada por dois aspectos fulcrais: interno e externo. O aspecto interno,
designado de senhoria, reporta à livre vontade do proprietário em relação ao seu bem, em relação à sua
propriedade. Conquanto haja esta livre dominação do bem, tal poder não é ilimitado, visto que a
legislação traz como limite a função social da propriedade e o respeito ao direito de vizinhança.
Questão 2
Sobre os poderes dominiais, é correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa D está correta.
O direito de gozar ou usufruir (jus fruendi) consiste no poder de perceber os frutos naturais e civis da
coisa e de aproveitar economicamente os seus produtos.
A O uso permite que o proprietário aufira os frutos da coisa.
B O poder de fruição permite que o proprietário aliene a coisa.
C O poder de reivindicar permite que o proprietário retome a coisa do seu locatário.
D O poder de gozo permite que o proprietário retire frutos naturais da coisa.
E
O poder de disposição permite que o proprietário retire da coisa as utilidades que ela
pode oferecer.
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2 - Modos de aquisição e perda da propriedade
Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça os principais modos de aquisição e
perda da propriedade.
Primeiras palavras
Antes de entrarmos propriamente no estudo das diversas modalidades de aquisição e perda da propriedade,
precisamos fazer um alerta inicial: não há unanimidade na doutrina quanto a essas classificações. O que
existe é um consenso mínimo, que procuraremos reproduzir didaticamente neste módulo, apesar de a
nomenclatura variar entre os autores, que muitas vezes misturam os termos.
A segunda observação é que há modos peculiares à propriedade imobiliária e à mobiliária. Dito
diversamente: quando o objeto do direito de propriedade for um bem imóvel haverá modos de aquisição
distintos em relação à propriedade de bens móveis.
Modos de aquisição da propriedade móvel
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A doutrina costuma dividi-los em dois modos:
Comuns
De que é exemplo a usucapião.
Peculiares
Tradição, ocupação, achado do tesouro, especificação, comistão, confusão e adjunção.
Falaremos um pouco mais sobre esses itens:
Tradição
A tradição é o modo mais frequente. Isso porque, no Direito Brasileiro, a celebração do contrato de compra e
venda não tem o condão, por si mesma, de transferir a propriedade. O contrato só tem, portanto, efeitos
meramente obrigacionais, conferindo ao adquirente apenas o direito de exigir da contraparte o cumprimento
da obrigação específica que se qualifica como de “dar coisa certa”. Para que os efeitos sejam produzidos, é
preciso que se confira publicidade ao negócio translativo, porque é isso que vai garantir segurança jurídica à
relação estabelecida entre as partes.
De acordo com Tepedino, Monteiro Filho e Renteria (2020, pp. 167-168):
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Exige-se, portanto, a prática de um ato jurídico solene posterior à celebração do negócio, que vai variar
a depender da natureza do bem jurídico objeto da avença. Assim, se estivermos diante de bens
imóveis, exige o Código Civil (nos seus Arts. 1.245 a 1.247) a transcrição do título aquisitivo no
respectivo cartório do registro de imóveis.
Por outro lado, na hipótese de transferência de bens móveis, a lei dispensa maiores formalidades,
sendo suficiente a tradição, que consiste no efetivo ato de entrega da coisa pelo transmitente ou
tradent ao adquirente ou accipiens, que terá o condão de transformar a declaração translatícia de
vontade num direito real de propriedade.
A tradição pode-se operar por três modalidades:
Real
Entrega física/material do bem.
Ficta/jurídica

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Ocorre pelo efeito previsto em lei, como é o caso do direito de saisine, que transmite aos herdeiros a
propriedade do de cujus automaticamente com a morte.
Consensual
Consiste em formas de entrega não física, que pode se manifestar por meio de comportamento
simbólico, constituto possessório, tradição brevi manu, dentre outras.
O Art. 1.267 prevê o seguinte:
A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da
tradição. Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente
continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o
direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando
o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
(CÓDIGO CIVIL, 2002).
Ocupação
A ocupação está prevista no artigo 1.263: “Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a
propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei”. A ideia aqui é que alguém encontra uma coisa sem
dono e dela se torna proprietário. Importante ressaltarmos que não é toda coisa sem um titular presente que
permite a ocupação.
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Há, assim, três tipos de coisas:
Coisa de ninguém/res nullius
Não se sabe quem é o dono.
ex.: uma concha do mar.
Coisa abandonada/res derelictae
Alguém se desfez voluntariamente da coisa.
ex.: sofá deixado na lixeira da rua.
Coisa perdida
Alguém perdeu, então não houve intenção de se desfazer do bem.
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Diante disso, apenas os dois primeiros tipos de coisas induzem ocupação. Na hipótese de coisa perdida, há
um dever jurídico de restituição por parte de quem a encontra.
Achado do tesouro
O achado do tesouroé, segundo a primeira parte do Art. 1.264, “o depósito antigo de coisas preciosas,
oculto e de cujo dono não haja memória”. De acordo com a parte final desse dispositivo, ele “será dividido
por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”. O Código Civil ainda traz dois
outros artigos para disciplinar a matéria.
O Art. 1.265 dispõe o seguinte: “O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por
ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado”. Já no Art. 1.266 lê-se: “Achando-se em
terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro
quando ele mesmo seja o descobridor”.
Especi�cação
A especificação ocorre quando coisa móvel pertencente a alguém (matéria-prima) for transformada em
espécie nova em razão do trabalho de outrem. O exemplo clássico é o da tela nua que é transformada numa
pintura.
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São requisitos para a especificação:

Que a matéria-prima não pertença total ou parcialmente ao especificador.

Que a matéria-prima seja transformada em espécie nova com o esforço do especificador.
Os Arts. 1.269 a 1.271 disciplinam a matéria, assim dispondo:
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será
proprietário, se não se puder restituir à forma anterior;
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de
boa-fé a espécie nova;
§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé,
pertencerá ao dono da matéria-prima;
§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro
qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu
valor exceder consideravelmente o da matéria-prima;
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem,
menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1 o do artigo antecedente, quando irredutível a
especificação.
Confusão, comistão e adjunção
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A confusão, a comistão e a adjunção são tratadas pelo Código Civil numa mesma seção. Apesar de serem
muito parecidas com a especificação, dela se diferenciam porque, aqui, não há espécie nova. Ocorre
justaposição de coisas, mas sem que isso gere coisa nova. O exemplo mais claro é o de barras de ouro que
se fundem.
A diferença entre essas três modalidades residirá:

No tipo de bem a ser misturado/reunido (líquido ou sólido).

Se há uma mistura ou, se ao revés, ocorre justaposição.
Diante disso podemos entender cada uma dessas três modalidades da seguinte forma:
A comistão é a mistura de coisas sólidas pertencentes a diferentes donos, sem que se possam
separar e sem que se produza coisa nova, porque se o fizesse, a hipótese seria de especificação.
Ressalte-se que, apesar de o Código ter escrito “comissão”, a doutrina entende ter havido aqui um
equívoco, referindo-se à modalidade como “comistão”.
Comistão 
Confusão 
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A confusão, por seu turno, é a mistura de coisas líquidas nas mesmas condições da comistão.
Finalmente, a adjunção é a justaposição de uma coisa à outra, de tal modo que elas não possam ser
separadas sem que haja deterioração.
Os Arts. 1.272 a 1.274 trazem regras particulares para essas modalidades, a saber:
Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o
consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração;
§ 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o
todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a
mistura ou agregado;
§ 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros;
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre
adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou
renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado;
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão ou
adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273.
Usucapião
Adjunção 
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Finalmente, a usucapião, que veremos melhor ao tratarmos dos modos de aquisição da propriedade imóvel,
pode ser de duas modalidades distintas quando se referir a bens móveis:
Usucapião ordinária
Conforme o artigo 1.260 — “Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade”.
Usucapião extraordinária
Conforme o artigo 1.261 — “Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,
independentemente de título ou boa-fé”.
A diferença entre as modalidades é a presença de justo título e boa-fé. O Art. 1.262
ainda dispõe o seguinte: “Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos
Arts. 1.243 e 1.244”.
Modos de aquisição da propriedade imóvel
Você conhece os modos de aquisição da propriedade imóvel? Neste vídeo, o professor Filipe Medon nos
esclarece sobre a temática, com exemplos para facilitar o entendimento.
Diferentemente do Código Civil de 1916, que enumerava taxativamente no Art. 530 os modos de aquisição
da propriedade imóvel (transcrição do título de transferência no Registro do Imóvel; acessão; usucapião; e
direito hereditário), o Código atual não os especificou, tendo se limitado a disciplinar em capítulo próprio
(“Da aquisição da propriedade imóvel”), do Art. 1.238 a ao 1.259, a usucapião, o registro do título e a
acessão. Além disso, apesar de não constar desse capítulo, entende-se que o direito hereditário também é
um modo de aquisição da propriedade imóvel, pois, como disposto no Art. 1.784 do Código atual, “aberta a

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sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. Trata-se do
princípio da saisine (GONÇALVES, 2016, p. 249).
Os modos de aquisição da propriedade imobiliária podem ser:
Originários
Nesse modo de aquisição da propriedade não há transmissão entre os sujeitos, como se opera na acessão
natural e na usucapião.
Derivados
Aqui, a aquisição é resultado de uma relação negocial entre o antigo e o novo proprietário, como se dá com
o registro do título translativo (cf. GONÇALVES, 2016, p. 249).
Comecemos, então, pela usucapião:
Segundo ensina Orlando Gomes, trata-se, no clássico conceito de Modestino, do “modo de adquirir a
propriedade pela posse continuada durante certo lapso de tempo, com os requisitos estabelecidos na lei”
(GOMES, 2012, p. 180). No Direito Brasileiro, há diversas formas de usucapião, como, por exemplo: ordinária;
extraordinária; especial; especial rural; especial urbana; urbana individual do Estatuto da Cidade; urbana
coletiva do Estatuto da Cidade; imobiliária administrativa; familiar; indígena e extrajudicial.
Cada uma delas traz requisitos particulares e, sobretudo, lapsos temporais distintos.
Abordaremos, para os fins da nossa análise, a extraordinária e a ordinária:
No caso da extraordinária, o caput do Art. 1.238 dispõe o seguinte:
“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-
lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qualservirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis."
A principal característica dessa modalidade é a desnecessidade de o possuidor ter para si qualquer
título justificador, não sendo preciso tampouco que tenha boa-fé, isto é, que desconheça a existência
de vícios à aquisição da propriedade. O parágrafo único desse artigo permite uma redução do prazo
Extraordinária 
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para dez anos, “se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele
realizado obras ou serviços de caráter produtivo”.
Por outro lado, a usucapião ordinária encontra previsão no Art. 1.242, que assim dispõe no seu caput:
“Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo
título e boa-fé, o possuir por dez anos”. A principal diferença para as espécies anteriores é que o
legislador exige a presença de justo título e de boa-fé.
Quanto ao justo título, Orlando Gomes condena, inicialmente, essa expressão, por entender que ela enseja
confusão, já que o vocábulo “título” pode dar a impressão equivocada de que se trata de um instrumento, ou
seja, de um escrito. E o sentido não é esse: no caso, título é sinônimo de ato jurídico.
Mas a confusão não para por aí, como o autor adverte, didaticamente:
Ainda assim, teria compreensão muito ampla, porque nem todo ato jurídico
serve de causa à posse. O título, a que se referem os Códigos, corresponde aos
atos jurídicos cuja função econômica consiste em justificar a transferência do
domínio. Numa palavra, os atos translativos. Por outro lado, a qualificação do
título é imprópria. O título deve ser justo no sentido de idoneidade para
transferir. Melhor fora, assim, dizer-se título hábil, para significar o negócio
jurídico que habilita qualquer pessoa a tomar-se proprietária de um bem.
(GOMES, 2012, pp. 186-187).
Conclui o civilista que, em verdade, o que se quer dizer por justo título “é o ato
jurídico cujo fim, abstratamente considerado, é habilitar alguém a adquirir a
propriedade de uma coisa.
Todo negócio jurídico apto a transferir o domínio considera-se justo título” (GOMES, 2012, p. 187).
O parágrafo único do Art. 1.242 reduz o prazo para cinco anos se, na sua dicção literal, “o imóvel houver sido
Ordinária 
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adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente,
desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse
social e econômico”.
Outro modo de aquisição bastante interessante é a acessão, que, conforme dispõe o Art. 1.248, pode-se dar
por:

Formação de ilhas

Aluvião

Avulsão

Abandono de álveo

Plantações ou construções
Atenção
Antes, um esclarecimento necessário: acessão é tudo aquilo que se incorpora permanentemente ao solo.
Subdivide-se, ainda, em acessões naturais (aluvião e avulsão) e acessões industriais, ou seja, nesse último
caso há interferência decisiva da atividade humana. Pensemos, por exemplo, em construções (como uma
casa ou um edifício) e até mesmo plantações. O Código Civil de 1916 tratava ainda das acessões
intelectuais, mas elas foram convertidas no que hoje se compreende como pertenças (Arts. 93 e 94 do
Código Civil atual).
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A disciplina da aluvião está prevista no Art. 1.250 do Código Civil, enquanto a disciplina da avulsão está no
Art. 1.251. Observe a seguir:
Art. 1.250
Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo
das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos
marginais, sem indenização.
Art. 1.251
Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o
dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização,
se, em um ano, ninguém houver reclamado.
A formação de ilhas foi regulada pelo Art. 1.249, que assim dispõe:
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos
fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas
partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos
ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos
proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
Por seu turno, o álveo abandonado é definido pelo artigo 9º do Código de Águas (Decreto nº 24.643/1934):
“Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto”. O
Art. 10 do mesmo diploma estabelece que o álveo “será público de uso comum, ou dominical, conforme a
propriedade das respectivas águas; e será particular no caso das águas comuns ou das águas particulares”.

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Buscando esmiuçar essa disciplina, o Art. 1.252 do Código Civil traz a seguinte regra sobre o álveo
abandonado de corrente: “pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios
marginais se estendem até o meio do álveo”.
Finalmente, quanto às construções e plantações, merece destaque o Art. 1.253 do Código Civil, que dispõe
que “toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa,
até que se prove o contrário”. Trata-se de presunção legal, que pode ser ilidida, por exemplo, diante da
ocorrência das hipóteses previstas pelo Art. 1.254 e pelos que se seguem.
Vejamos, a título de curiosidade, os Arts. 1.254 e 1.255.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de
má-fé.
(CÓDIGO CIVIL, 2002)
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de
boa-fé, terá direito a indenização. Parágrafo único. Se a construção ou a
plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé,
plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da
indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
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(CÓDIGO CIVIL, 2002)
Antes de passarmos aos modos de perda da propriedade, é necessário examinarmos o principal dos modos
de aquisição da propriedade imobiliária: o registro.
Há no Direito Comparado três grandes sistemas para enfrentar essa questão:

Romano

Francês

Alemão
Como aponta a doutrina, o Direito Brasileiro teria se perfilhado ao sistema romano, segundo o qual o título
ou causa, isto é, o ato jurídico por meio do qual alguém manifesta validamente a sua vontade de adquirir um
bem, “não se mostra suficiente para transferir a propriedade, devendo ser complementado pela observância
de um modo (forma de aquisição), que seria o registro” (FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p.
1037).
Isso está previsto no Art. 1.245 do Código Civil, que assim dispõe em seu caput: “Transfere-se entre vivos a
propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. A consequência prática disso é
que, enquanto o títulotranslativo não for registrado, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel,
o que está previsto no parágrafo primeiro desse artigo. Além disso, o parágrafo segundo dispõe o seguinte:
“Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo
cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel”.
O sistema registral é dotado de principiologia própria, prevista tanto no Código Civil como na Lei de
Registros Públicos (Lei nº. 6.015/73).
Merece nosso destaque, sobretudo, o princípio da prioridade ou preferência, contido no Art. 1.246 do
Código Civil: “O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este
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o prenotar no protocolo”. Isso quer dizer: “em regra, a prioridade detém efeito excludente. Isto é, a
prenotação exclui do exame de legalidade do registrador os títulos que sejam posteriores e incompatíveis
com o que foi protocolado inicialmente (art. 186 da LRP)” (FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p.
1039).
Para garantir a especialidade, isto é, que o imóvel objeto do título seja individuado no registro, estando
“precisamente descrito e caracterizado como corpo certo, individual e autônomo” (FARIAS; ROSENVALD;
BRAGA NETTO, 2021, p. 1043), é possível que seja feita a retificação desse registro, o que é assegurado pelo
Art. 1.247 do Código Civil: “Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que
se retifique ou anule. Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel,
independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente”.
Por derradeiro, são princípios relevantes:
Fé pública
Que atribui veracidade às informações apostas pelo oficial do registro, traduzindo o valor probante do
registro, que gera presunção relativa de veracidade até prova em contrário.
Continuidade registral
No entanto, a continuidade registral indica que deve haver uma sequência nos atos do registro para se
observar a “história” daquele imóvel.
Comentário
A continuidade registral se mostra extremamente útil na prática, sobretudo quando há disputa sobre
pessoas que alegam ser proprietárias de determinado bem.
Modos de perda da propriedade
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Traz o Art. 1.275 rol meramente exemplificativo de hipóteses que ensejam a perda da propriedade, seja ela
móvel ou imóvel: alienação, renúncia, abandono, perecimento da coisa, desapropriação. Segundo o
parágrafo único do mesmo artigo, nas duas primeiras hipóteses: “os efeitos da perda da propriedade imóvel
serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis”.
Vamos explorar cada uma dessas hipóteses, com exceção da desapropriação, que será analisada a seguir,
no próximo módulo:
Temos, em primeiro lugar, a alienação, que é a mais simples de se compreender: basta imaginar que,
ao se realizar uma compra e venda, o vendedor perde a propriedade do bem, que passa a ser de
titularidade do comprador.
A renúncia, por seu turno, consiste numa manifestação formal de vontade por meio da qual o titular
abre mão da propriedade. Normalmente se dá em casos de sucessão hereditária, ocasião em que
um herdeiro renuncia à parte que lhe cabe na herança. De acordo com o Art. 1.806 do Código, a
renúncia à sucessão aberta deve constar expressamente de instrumento público ou ser tomada por
termo judicial.
No abandono, há uma manifestação de vontade de que não se deseja mais prosseguir com a coisa,
ainda que isso não precise ser feito de modo formal. O artigo 1.276 traz da peculiar situação da
arrecadação de bem particular pelo poder público:
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar
em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem
vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas
respectivas circunscrições.
§ 1º - O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser
Alienação 
Renúncia 
Abandono 
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arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele
se localize.
§ 2 º - Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os
atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
O perecimento da coisa é, também, de simples apreensão: a coisa deixa de existir e, como não pode
haver direito sem objeto, extingue-se a propriedade. Bom exemplo é o incêndio que destrói uma
edificação.
Além desses modos, a doutrina alude aos modos involuntários de perda da propriedade, isto é, que não
dependem da vontade do titular. São exemplos a adjudicação por parte de eventual credor; a arrematação
em leilão; o implemento de condição resolutiva nos casos de propriedade resolúvel; e, finalmente, a
desapropriação, que - como já dito anteriormente - será analisada no próximo módulo.
Perecimento da coisa 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
É modo de aquisição comum à propriedade imobiliária e mobiliária apenas a:
A Aluvião.
B Avulsão.
C Comistão.
D Especificação.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
A usucapião é um modo de aquisição da propriedade, conforme disposto no Art. 1.238 do CC.
Questão 2
Define-se acessão como:
Parabéns! A alternativa B está correta.
Trata-se da definição clássica de acessão aquilo que se incorpora permanentemente ao solo.
E Usucapião.
A Tudo aquilo que se retira com habitualidade do solo.
B Tudo aquilo que se incorpora permanentemente ao solo.
C Tudo aquilo que se incorpora provisoriamente ao solo.
D Apenas os acréscimos naturais que se incorporam ao solo.
E Apenas os acréscimos industriais que se incorporam ao solo.
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3 - Instituto da desapropriação
Ao �nal deste módulo, esperamos que você identi�que aspectos gerais sobre o instituto da
desapropriação.
Desapropriação
Anteriormente, tratamos da parte introdutória do estudo do direito de propriedade, compreendendo
aspectos históricos, terminológicos e constitucionais. No segundo módulo, analisamos os principais modos
de aquisição da propriedade, tanto mobiliária quanto imobiliária, além dos modos de perda da propriedade.
E, finalmente, neste módulo, vamos aprofundar uma das formas de perda da propriedade mais relevantes: a
desapropriação.
Desapropriação

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Neste vídeo, o professor Filipe Medon irá nos explicar sobre o que é a desapropriação, suas principais
características e modalidades, trazendo exemplos para reforçar nosso entendimento.
Conceito
Nas palavras da administrativista Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a desapropriação pode ser compreendida
como “o procedimento administrativo pelo qual o poder público ou seus delegados, mediante prévia
declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de
um bem, substituindo-o em seu patrimônio por justa indenização” (DI PIETRO, 1999, p. 151). As normas
básicas de regulação desse modo de perda da propriedade estão, sobretudo, no Decreto-Lei nº. 3.365/1941,
com as modificações posteriores.
Entre os civilistas, há quem defenda que a desapropriação é, a um só tempo, modo de perdada propriedade
para um sujeito e modo originário para outro, na medida em que a passagem do bem objeto de propriedade
“não se vincula ao título do anterior proprietário, que se vê compelido a transmiti-la ao Poder Público
expropriante, em face de ato administrativo formal resultante da intervenção estatal na propriedade privada”
(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 1073).
Seja por iniciativa do poder público em suas três esferas ou ainda de delegatários, todo bem pode ser
desapropriado, até mesmo os bens públicos – com exceção dos federais –, desde que, nesse caso, seja
promulgada por entidade estatal de superior hierarquia. Além disso, é passível de desapropriação não
apenas o solo, mas também “o subsolo e o espaço aéreo, além de bens incorpóreos, sempre que tal
limitação acarretar prejuízo ao proprietário” (FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 1074).
Modalidades
São inúmeras as modalidades de desapropriação elencadas pela doutrina, a saber:
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(a) por razões de utilidade pública para satisfazer interesses coletivos (art. 5º,
Decreto-Lei nº 3.365/41); (b) necessidade pública, por questões urgentes de
segurança e salubridade pública; (c) interesse social para fins de reforma
agrária (art. 184, CF). Se a desapropriação se dá pela forma regular ou direta,
surge um ato administrativo de desapropriação, contemplada no art. 5º, inciso
XXIV, da Constituição Federal, em regra mediante o pagamento prévio de justa
indenização em dinheiro. Cogita-se ainda da modalidade de desapropriação-
sanção (art. 182, §4º, da CF, e art. 8º da Lei nº. 10.257/01) como pena ao
proprietário inadimplente na função social imposta pelo município. Por último,
temos o confisco como espécie de desapropriação por requisição em que não
incide qualquer indenização, sendo a perda derivada da destinação ao bem
como área de cultivo de psicotrópicos, destinando-se a área expropriada a
assentamento de colonos (art. 243 da CF e Lei º 8.257/91).
(FARIAS; ROSENVALD; BRAGA NETTO, 2021, p. 1074).
Como podemos notar, a desapropriação pode ser motivada por razões públicas (de necessidade, utilidade
pública ou interesse social) e também como forma de sanção ao descumprimento da função social.
Ela constitui, no entanto, forma muito grave de intervenção estatal na esfera privada das pessoas, já que o
Estado coloca em marcha toda a sua força e poder para retirar a propriedade do seu patrimônio, colocando
os particulares em estado de sujeição. Por isso, os seus requisitos legais devem ser corretamente
preenchidos, sob pena de se sacrificar injustamente a propriedade privada. O instituto é, ainda, uma
concretização daquilo que enunciamos nas linhas introdutórias deste tema: um tempero feito pela
Constituição da República à autonomia liberal do sujeito proprietário, que tem a sua propriedade
condicionada a uma função social e a eventuais interesses coletivos que justifiquem a sua perda em favor
do Estado.
Vejamos, por exemplo, o Art. 1.228, que traz no seu parágrafo terceiro norma geral sobre a desapropriação:
“O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade
pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente”. Os parágrafos
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seguintes do mesmo artigo disciplinam outra modalidade de desapropriação, chamada por muitos na
doutrina de desapropriação privada, eis que promovida pelos possuidores:
§ 4º - O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de
interesse social e econômico relevante.
§ 5º - No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização
devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o
registro do imóvel em nome dos possuidores.
Retrocessão
Merece destaque, por derradeiro, o Art. 519 do Código Civil, que prevê a chamada retrocessão:
“Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o
destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado
direito de preferência, pelo preço atual da coisa”.
Trata-se, na prática, de um direito de preferência ou preempção legal conferido aos ex-proprietários de bens
que tenham sido objeto de desapropriação. Discute-se em doutrina e na jurisprudência a respeito da
natureza da retrocessão (se teria caráter pessoal ou real).
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Observe o que Gustavo Tepedino, Carlos Edison do Rêgo Monteiro Filho e Pablo Renteria esclarecem a esse
respeito:
Os Tribunais brasileiros tampouco se mostram uniformes quanto ao tema. O
Supremo Tribunal Federal já adotou ambas as orientações, posicionando-se
inicialmente a favor da natureza pessoal e, mais recentemente, a favor da
natureza real da retrocessão. Oscila igualmente o Superior Tribunal de Justiça,
ora acolhendo a tese da pessoalidade, ora sustentando – em posição que aos
poucos se consolida na Corte –, a realidade do instituto, mas preferindo,
sempre que possível, a resolução em perdas e danos à retomada do bem. O
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por sua vez, tem reconhecido a natureza
real do instituto em sua jurisprudência mais recente. A rigor, a natureza pessoal
da retrocessão parece, de fato, a melhor orientação à luz do ordenamento
jurídico brasileiro, por todas as razões já aventadas. Além disso, o próprio
Código Civil, nos arts. 519 e 520, prevê o direito de preferência do expropriado,
a indicar tratar-se a retrocessão de direito pessoal, e não real. Aliás, antes
mesmo da entrada em vigor do Código Civil de 2002, o artigo 35 do Dec.-Lei
3.365/1941 já determinava não caber reivindicação dos bens que haviam sido
adquiridos pela Fazenda Pública, mas apenas ação indenizatória, a corroborar,
desde então, tal entendimento.
(TEPEDINO; MONTEIRO FILHO; RENTERIA, 2020, pp. 201-202).
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Acerca da desapropriação, é correto afirmar que ela pode ser motivada por:
A Utilidade e discricionariedade coletiva.
B Arbitrariedade estatal.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Trata-se, precisamente, da dicção do Art. 1.228, §3°, ou seja: “O proprietário pode ser privado da coisa,
nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no
de requisição, em caso de perigo público iminente”.
Questão 2
O direito de preferência ou preempção legal conferido aos ex-proprietários de bens que tenham sido
objeto de desapropriação é chamado de:
C Utilidade particular ou coletiva.
D Necessidade ou utilidade pública ou interesse social.
E Interesse particular de grupo de pessoas desabastadas.
A Recuperação administrativa.
B Reversão proprietária.
C Reivindicação possessória.
D Expropriação.
E Retrocessão.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O Art. 519 do Código Civil prevê a chamada retrocessão: “Se a coisa expropriada para fins de
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou,
ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo
preço atual da coisa”.
Considerações �nais
Como vimos,o estudo do direito de propriedade nos acompanha dogmaticamente desde o Direito Romano.
No entanto, ele vem atravessando significativas mudanças, que acabam impondo um olhar mais
consentâneo com os valores da Constituição da República. Observamos isso, por exemplo, quando falamos
sobre as limitações ao direito de propriedade, que não pode mais ser exercitado de modo abusivo: deve,
antes, cumprir uma função social desenhada pelo constituinte.
Exploramos, também, as diversas características distintivas desse direito, além dos principais modos de
aquisição e perda da propriedade, com especial destaque para a desapropriação.
Podcast
Neste podcast, o professor Felipe Medon conceituará propriedade e apresentará as principais hipóteses de
sua aquisição e perda.
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Veja aqui nossa sugestão de vídeos para você assistir. Ambos estão disponíveis no YouTube.
Conceitos Fundamentais Direito Civil, com Nelson Rosenvald;
Multipropriedade imobiliária, uma palestra de Gustavo Tepedino.
Referências
BEVILÁQUA, Clóvis. Direito das coisas. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003.
DANTAS, San Tiago. Programa de Direito Civil III: direito das coisas. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1979.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo brasileiro. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson; BRAGA NETTO, Felipe. Manual de Direito Civil: volume
único. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2021.
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21. ed. Atualizado por Luiz Edson Fachin. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: direito das coisas. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
TEPEDINO, Gustavo; MONTEIRO FILHO, Carlos Edison do Rêgo; RENTERIA, Pablo. Fundamentos do Direito
Civil. vol. 5. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
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