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Plantas hepatoprotetoras Apresentação Você já ouviu falar em plantas hepatoprotetoras? Plantas medicinais têm sido utilizadas ao longo dos séculos como protetoras do fígado. Muitas são as evidências de uso efetivo e seguro dessas espécies durante todo esse tempo. Por outro lado, a medicina convencional avançou pouco no desenvolvimento de fármacos para suprirem a urgente necessidade mundial por agentes terapêuticos para doenças hepáticas. Pesquisadores estão investindo, cada vez mais, em estudar e compreender melhor como essas plantas atuam. Estudos têm confirmado os benefícios delas com potencial para tratar casos severos e agudos de intoxicação hepática pelo cogumelo mais tóxico do mundo e quadros de doenças hepáticas crônicas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer plantas utilizadas como hepatoprotetoras, incluindo aquelas com o uso já estabelecido, como o cardo-mariano, e outras que ainda precisam ser estudadas um pouco mais. Você terá a oportunidade de entender como elas agem no organismo, quais são as substâncias responsáveis pelos efeitos terapêuticos e como é possível garantir que elas tenham a qualidade esperada de qualquer medicamento. A compreensão desses aspectos é fundamental para contribuir com a promoção do uso racional e seguro das plantas hepatoprotetoras. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os efeitos terapêuticos e tóxicos de plantas hepatoprotetoras. • Descrever a fitoquímica associada às atividades terapêuticas de plantas hepatoprotetoras.• Reconhecer técnicas quantitativas e qualitativas na química de compostos hepatoprotetores.• Desafio As hepatites virais são consideradas um problema de saúde pública mundial, sendo as principais causas de transplante de fígado, com destaque para a hepatite C. Os pacientes são submetidos a tratamento para combater o vírus, mas, muitas vezes, mesmo após sucesso do tratamento antiviral, os problemas no fígado permanecem. Não existem muitos tratamentos disponíveis para curar os danos hepáticos causados por agentes tóxicos (como o vírus da hepatite), mas algumas plantas medicinais têm sido utilizadas com sucesso. Imagine que você faz parte de uma equipe de saúde como farmacêutico e recebeu uma paciente para avaliação da sua farmacoterapia. Considere as seguintes informações: Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/02f6273d-bdcb-4b5d-ad66-91fc5c3341ca/73a2c135-e5b3-4bc6-b0ac-02f100de7696.jpg Considerando o caso clínico apresentado, responda as seguintes perguntas: a) Você recomendaria que a paciente continuasse tomando chá de boldo regularmente? Justifique sua resposta, apontando a possível racionalidade ou os problemas dessa utilização e as orientações que devem ser feitas à paciente em relação ao uso do boldo. b) Sugira outra planta medicinal que a paciente possa utilizar para proteção do fígado, incluindo a forma farmacêutica, a posologia e a forma de utilização. Infográfico Você sabe o que é extração? Na farmacognosia, extração é a separação de determinadas substâncias de um material vegetal. Dessa forma, obtêm-se os chamados derivados vegetais, cuja constituição pode ser controlada por meio do desenvolvimento de um processo de extração adequado. Para obtenção de extratos de cardo-mariano, por exemplo, espera-se que ele tenha altas concentrações de seu princípio ativo, a silimarina. Neste Infográfico, você verá as condições utilizadas para obtenção de um extrato de cardo-mariano com qualidade satisfatória para sua utilização medicinal. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/a417dc24-9f75-47e9-96cf-3953a3a3447d/3dd0e93d-e9ae-47f8-a996-ec0ff6dfc874.jpg Conteúdo do livro O fígado é considerado um dos órgãos mais importantes do corpo humano, desempenhando funções relacionadas a metabolismo, digestão, armazenamento e excreção de substâncias endógenas (produzidas pelo organismo) ou exógenas (como medicamentos, por exemplo). Justamente por atuar no metabolismo de várias substâncias estranhas no corpo, o fígado está exposto à intoxicação por diferentes agentes. O papel de medicamentos hepatoprotetoras é, justamente, proteger as células hepáticas desses perigos, o que diversas plantas tem feito com sucesso. Em geral, as plantas hepatoprotetoras são indicadas para prevenção e/ou tratamento de intoxicações hepáticas, hepatites virais e doenças inflamatórias crônicas do fígado. Elas fazem isso por meio de vários mecanismos e substâncias. Para entender mais sobre esse assunto, leia o capítulo Plantas hepatoprotetoras, da obra Farmacognosia aplicada, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. FARMACOGNOSIA APLICADA Annaline Stiegert Cid Plantas hepatoprotetoras Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os efeitos terapêuticos e tóxicos de plantas hepatoprotetoras. � Descrever a fitoquímica associada às atividades terapêuticas de plantas hepatoprotetoras. � Reconhecer técnicas quantitativas e qualitativas na química de com- postos hepatoprotetores. Introdução Há séculos plantas medicinais são utilizadas, tradicionalmente, para o tratamento de doenças hepáticas em vários lugares do mundo. Entretanto, nas últimas duas décadas, plantas hepatoprotetoras têm despertado maior interesse de pesquisadores e especialistas, o que pode ser ex- plicado pela necessidade de se investigar novos agentes terapêuticos para doenças hepáticas, devido a sua alta gravidade e pelo fato de os tratamentos disponíveis serem limitados, além de apresentarem muito efeitos adversos. Os estudos científicos, por sua vez, estão confirmando que muitas plantas medicinais têm alto potencial hepatoprotetor. Essa atividade está relacionada, principalmente, às atividades anti-inflamatória, antioxidante, antifibrótica e antiviral de diferentes substâncias químicas presentes nessas plantas (VARGAS-POZADA; MURIEL, 2020). Esses estudos são importantes porque, além de promoverem o uso seguro e racional dessas plantas, contribuem para o desenvolvimento de fitoterápicos hepatoprotetores. Os fitoterápicos são produtos obtidos a partir de plantas medicinais, que, como qualquer medicamento, devem ter sua eficácia ou efetividade, segurança e qualidade demonstradas (BRASIL, 2014a). Neste capítulo você irá estudar as principais plantas consideradas hepatoprotetoras e as substâncias químicas presentes nessas espécies vegetais que estão relacionadas ao efeito terapêutico observado. Por fim, verá as técnicas analíticas qualitativas e quantitativas que podem ser empregadas para a determinação dessas substâncias, o que permite avaliar a qualidade das plantas hepatoprotetoras e fitoterápicos derivados. 1 Efeitos terapêuticos e segurança de plantas hepatoprotetoras Hepatoprotetores são substâncias que têm a capacidade de proteger as células do fígado contra agentes tóxicos. Essa proteção pode ocorrer por meio de vários mecanismos, como estabilização da membrana do hepatócito, redução do estresse oxidativo, aumento dos níveis de glutationa, proteção dos hepa- tócitos (células hepáticas) da penetração de substâncias tóxicas, diminuição dos processos inflamatórios no fígado e estímulo da síntese proteica no fígado (BRASIL, 2003). Um grande número de agentes pode gerar lesões hepáticas, incluindo o etanol, medicamentos, o vírus da hepatite e uma extensa lista de substâncias tóxicas, como o tetracloreto de carbono, por exemplo. Além do contato com esses compostos, a desnutrição e o acúmulo de gordura no fígado também são danosos ao órgão. Na presença desses fatores, os hepatócitos sofrem danos, o que leva a um aumento na produção de radicais livres e, portanto, a um processo de estresse oxidativo.Os radicais livres, por sua vez, atacam lipídeos presentes nas membranas e no DNA das células hepáticas, levando à morte e à lise (ruptura da membrana) celular, além de gerarem aumento da peroxidação lipídica e liberação de citocinas pró-inflamatórias. Os hepatócitos danificados são fagocitados por macrófagos, desencadeando a produção de moléculas pró-fibrogênicas e, dessa forma, levando à fibrose hepática. Se o dano hepá- tico persistir, a fibrose pode progredir para um quadro de cirrose, em que as funções do fígado estão significativamente comprometidas, podendo evoluir para insuficiência hepática e até para um carcinoma hepatocelular (VARGAS- -POZADA; MURIEL, 2020). Plantas hepatoprotetoras2 Infelizmente, os tratamentos disponíveis para o tratamento da fibrose e da cirrose hepática são limitados e, em geral, os resultados obtidos são inconsistentes. A melhor alternativa disponível é o transplante de fígado, mas existe uma grande dificuldade em encontrar doadores compatíveis, há a possibilidade de rejeição do tecido e o custo do processo é muito alto. Esses fatores justificam a investigação de novas e múltiplas abordagens terapêuticas para o manejo desses quadros, principalmente, de forma preventiva ou em seus estágios iniciais (BEDI et al., 2016; GIRISH; PRADHAN, 2017). Nesse contexto, a investigação de plantas com propriedades hepatoproteto- ras é extremamente interessante, uma vez que os fitoterápicos, em geral, são relativamente mais disponíveis, baratos e bem tolerados do que os medicamen- tos convencionais. Essa maior segurança é especialmente importante no caso de doenças hepáticas, uma vez que o fígado é um órgão altamente sensível a substâncias tóxicas, devido a sua função no metabolismo de xenobióticos — substâncias que não são produzidas pelo organismo humano. Além disso, uma vez que as doenças hepáticas envolvem diferentes e complexas vias, a presença de várias substâncias ativas em uma mesma planta, que podem atuar de diferentes formas sinergicamente, é uma vantagem adicional e pode levar a um melhor resultado clínico (BEDI et al., 2016; GIRISH; PRADHAN, 2017). Um exemplo de xenobióticos são os fármacos. A grande maioria deles é metaboli- zada, predominantemente, no fígado e, por isso mesmo, eles podem ser altamente hepatotóxicos. O paracetamol, por exemplo, quando utilizado em altas doses, pode levar a um quadro de insuficiência hepática aguda. Em geral, as plantas que são conhecidas como hepatoprotetoras atenuam ou interrompem o processo de dano hepático, impedindo que as substâncias tóxicas penetrem nos hepatócitos, inibindo a produção ou neutralizando radicais livres e bloqueando a ativação de moléculas pró-inflamatórias e pró-fibrogênicas. 3Plantas hepatoprotetoras Entre essas plantas, destaca-se, principalmente, a espécie Silybum maria- num (L.) Gaertn, popularmente conhecida como cardo-mariano ou cardo- -santo. Outras espécies que apresentam vasta utilização popular e potencial protetor, e que serão abordadas neste capítulo, são o boldo-do-chile (Peumus boldus), a alcachofra (Cynara scolymus), a soja (Glycine max) e a cúrcuma (Cur- cuma longa) (SAAD et al., 2016; SIMÕES et al., 2017; VARGAS-POZADA; MURIEL, 2020). Cardo-mariano O cardo-mariano — Silybum marianum (L.) Gaertn — é uma espécie da família Asteraceae, sendo uma das plantas mais antigas e amplamente estudadas em relação às suas propriedades hepatoprotetoras. É uma erva nativa da Europa e adaptada no Brasil, o que significa que é possível cultivá-la em nosso país, onde, inclusive, ela é comumente utilizada em saladas. A droga vegetal, ou seja, a parte da planta medicinal utilizada com finalidade terapêutica, são os frutos secos, nos quais encontramos teores aproximados entre 1,5 e 3,0% do seu principal princípio ativo: uma mistura de flavolignanas, chamada de silimarina (GIRISH; PRADHAN, 2017; SIMÕES et al., 2017). Fitoterápicos à base de extrato dos frutos de cardo-mariano padronizado em silimarina estão sujeitos a registro simplificado no Brasil como produtos tradicionais fitoterápicos (PTF) para a utilização como hepatoprotetores. Isso significa que o Ministério da Saúde (MS) entende que existem dados suficientes na literatura cientifica que demonstraram o uso efetivo e seguro de extratos do fruto da espécie por um período superior a 30 anos e, portanto, a sua utilização pode ser considerada racional e segura (BRASIL, 2014a; 2014b). Esse é um posicionamento semelhante ao da Agência de Medicamentos Europeia (EMA), que preconiza a utilização do extrato padronizado ou do chá dos frutos para doenças do trato gastrointestinal, e como medicamento de suporte a função hepática (EMA, 2018a). No Brasil, o Primeiro Suplemento do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (FFFB) preconiza a utilização de cápsulas contendo ex- trato de cardo-mariano em quantidade que corresponda a 200 mg de silimarina por, pelo menos, três semanas, para indicação como hepatoprotetor (BRASIL, 2018). Uma monografia da espécie também foi elaborada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em que a utilização como hepatoprotetor é descrita. Plantas hepatoprotetoras4 As monografias da OMS são documentos que orientam a utilização de plantas medici- nais de uso tradicional ao redor do mundo (OMS, 2004). A inclusão do cardo-mariano nos compêndios oficiais citados demonstra como sua utilização é bem fundamentada, tanto pelo extenso uso ao longo dos anos quanto por estudos científicos. Mais de 700 estudos pré-clínicos, em que são utilizadas células (estudos in vitro) e animais (estudos in vivo) e dezenas de estudos clínicos já foram conduzidos com extratos de Silybum marianum ou com as flavolignanas presentes na espécie. Os extratos de cardo-mariano apresentaram atividade hepatoprotetora em estudos in vitro e in vivo em diferentes modelos em que foi induzida toxicidade hepática aguda e crônica. Os resultados mostraram que o cardo-mariano é capaz de proteger o fígado de uma infinidade de agentes tóxicos, provavelmente, por meio de diferentes mecanismos, que incluem os seguintes: � Proteção direta das células hepáticas devido à regulação da permea- bilidade e à estabilização das membranas plasmáticas, diminuindo o contato com os agentes tóxicos e, consequentemente, o dano celular. � Inibição da ação e da produção de substâncias que desencadeiam proces- sos inflamatórios e fibróticos. Verificou-se a diminuição da deposição de colágeno no fígado, retardando a progressão para fibrose e cirrose no fígado. � Regulação da expressão de DNA e indução da síntese de proteínas, diminuindo o processo de necrose celular. � Redução do estresse oxidativo. � Atividade antiviral, no caso de hepatites virais, principalmente hepatite C. � Atividade imunomoduladora, promovendo aumento da resposta do sistema imunológico contra agentes tóxicos. 5Plantas hepatoprotetoras Os resultados dos estudos pré-clínicos são coerentes com os obtidos em estudos clínicos, que mostraram efeitos benéficos do cardo-mariano em pa- cientes com fibrose e cirrose hepáticas, hepatite crônica, doença hepática alcoólica e hepatites tóxicas. Porém, ainda existem muitas dúvidas sobre a eficácia do tratamento e seus mecanismos de ação, porque os resultados dos estudos são muito variáveis. Esperamos que estudos futuros nos ajudem a entender ainda mais os efeitos terapêuticos dessa planta com tanto potencial (SIMÕES et al., 2017; EMA, 2018a; DANIYAL et al., 2019). Já em relação à segurança, também foram realizados muitos estudos pré- -clínicos e clínicos, e eles confirmaram a baixa toxicidade dos extratos de cardo-mariano, mesmo em pacientes altamente fragilizados devido a doenças hepáticas. Entretanto, alguns trabalhos mostraram evidências de possível efeito teratogênico, embora os resultados não tenham sido conclusivos. De toda forma, o uso da planta não é recomendado para gestantes e mulheres que estão amamentando, já que não existe certeza da segurança do seu usonessas situações. Os efeitos adversos observados em humanos foram raros e leves. Em geral, podemos citar efeitos comuns a qualquer medicamento, principalmente pro- blemas no trato gastrointestinal, como boca seca, náuseas, dor de estômago, irritação gástrica e diarreia, além de dor de cabeça e reações alérgicas. A Ema recomenda que pacientes em tratamento com cardo-mariano procurem um médico em caso de piora dos sintomas ou possibilidade de doenças hepáticas muito graves (BRASIL, 2018; EMA, 2018a). As monografias elaboradas pela Agência de Medicamentos Europeia (EMA, European Medicines Agency) estão disponíveis on-line gratuitamente, em inglês. Nos documentos você encontra quais são as formas farmacêuticas e indicações de uso preconizadas, efeitos adversos, contraindicações além de outras informações. Você pode acessar a monografia do cardo-mariano e de outras plantas medicinais pelo link a seguir. https://qrgo.page.link/hfuLe Plantas hepatoprotetoras6 Embora mais estudos sejam recomendados, o uso do cardo-mariano é, sem dúvidas, um dos tratamentos com maior potencial para a abordagem de doenças hepáticas, sendo preconizado por várias agências reguladoras. Diversos produtos à base dessa planta são comercializados pelo mundo. A utilização dessa espécie como hepatoprotetor é um exemplo de uso racional e seguro de plantas medicinais, que deve ser cada vez mais incentivado. Boldo-do-chile A espécie Peumus boldus Molina é popularmente conhecida como boldo-do- -chile ou boldo-verdadeiro. Seu nome popular já indica sua origem: é nativa do Chile. No Brasil é considerada uma espécie importada, o que significa que ela não se adaptou as nossas condições de solo e clima, e não pode ser cultivada em território brasileiro. O Chile, inclusive, exporta toneladas da planta para vários países, incluindo o Brasil. Existem outras espécies conhecidas popularmente como boldo, mas, com certeza, a espécie Peumus boldus é a mais famosa e a que já foi mais estudada (SIMÕES et al., 2017). Assim como o cardo-mariano, medicamentos à base de extratos da espécie podem ser registrados de forma simplificada no Brasil como PTF, e ela é recomendada pela OMS e pela EMA. Além disso, a espécie foi incluída no Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira (MFFB) e no FFFB. Porém, as indicações, neste caso, incluem o tratamento de dispepsias funcionais e distúrbios gastrointestinais espasmódicos, e também como colagogo e coleré- tico, ou seja, que estimulam a secreção de bile e aumentam a secreção de bile, respectivamente, ajudando na digestão de alimentos gordurosos (BRASIL, 2014b; EMA, 2016; SAAD et al., 2016). O uso para essas indicações é feito na forma do chá das folhas ou de com- primidos e cápsulas contendo seu extrato. A forma de preparo do chá é muito importante para que ele contenha os princípios ativos na quantidade adequada. Nesse caso, segundo o FFFB , o chá de boldo-do-chile deve ser feito na forma de infuso, ou seja, a água fervida é colocada sobre o material vegetal, e não as folhas são fervidas junto com água, o que recebe o nome de decocto. Outra opção seria utilizar a técnica de maceração, colocando a droga vegetal em contato com água a temperatura ambiente, como preconizado na monografia da espécie elaborada pela EMA. Embora os compêndios oficiais não tragam a indicação de uso como hepatoprotetor, as folhas secas da espécie têm sido utilizadas tradicionalmente para esse fim há mais de um século (BRASIL, 2011; EMA, 2016; SAAD et al., 2016; SIMÕES et al., 2017 ). 7Plantas hepatoprotetoras O uso popular já foi confirmado por estudos pré-clínicos que demonstraram suas atividades hepatoprotetoras e antioxidante. Porém, estudos clínicos ainda não foram realizados em relação ao seu efeito na proteção no fígado. Em relação à segurança, existem poucos estudos publicados, mas seu uso é contraindicado por mulheres grávidas e em fase de amamentação, porque existem indícios de toxicidade para o bebê. O Ministério da Saúde recomenda ainda que produtos à base de boldo-do-chile não sejam utilizados em pacientes com obstruções das vias biliares, infecções severas ou câncer no pâncreas. Além disso, existe uma preocupação com o uso por pacientes com quadros mais graves de hepatite viral e tóxica e cirrose hepática. Dessa forma, seu uso seria mais indicado na prevenção de lesões hepáticas e em fases iniciais de doenças do fígado. O uso do boldo-do-chile não é recomendado por período superior a quatro semanas consecutivas, e as doses devem ser as que estão preconizadas nos compêndios oficiais, incluindo o MFFB e o FFFB, disponíveis on-line (BRASIL, 2011; 2016; EMA, 2016). Embora o boldo-do-chile seja isento de prescrição no Brasil, em casos de pacientes com doenças graves, o acompanhamento por um profissional de saúde é sempre muito importante. Esperamos que mais estudos sejam conduzidos e possamos compreender melhor os efeitos do boldo-do-chile na proteção do fígado. Outras plantas utilizadas como hepatoprotetores Uma infinidade de plantas medicinais são utilizadas popularmente como hepatoprotetores, especialmente na medicina tradicional chinesa e indiana (GIRISH; PRADHAN, 2017). Para muitas não temos estudos que investigaram seu uso, mas algumas já mostraram que podem ser muito úteis. Pensando no nosso país, entre as plantas utilizadas na medicina popular no Brasil pode- mos citar a alcachofra (Cynara scolymus), a soja (Glycine max) e a cúrcuma (Curcuma longa) como exemplos. A alcachofra é uma planta medicinal de amplo uso no Brasil, tendo sido incluída na Relação Nacional de Medicamento Essenciais (RENAME) (BRASIL, 2020). Ela é indicada, principalmente, como colagogo e colerético, e também para a dispepsia funcional e tratamento da hipercolesterolemia leve Plantas hepatoprotetoras8 a moderada; o efeito hepatoprotetor, entretanto, não é citado em compêndios oficias em que a espécie foi incluída, como o MFFB, o FFFB e a Instrução Normativa nº 2, de 13 de maio de 2014, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2011; 2014b; 2016). Entretanto, o uso popular como hepatoprotetor é bastante difundido, e estudos pré-clínicos já mostraram evidências de que as folhas da espécie realmente apresentam esse efeito terapêutico. Acredita-se que o efeito he- patoprotetor observado nos estudos esteja relacionado com as atividades anti-inflamatória e antioxidante da alcachofra, já bem demonstradas para a espécie (SAAD et al., 2016). Já a soja é muito famosa por seu uso por mulheres no climatério, mas também é utilizada popularmente como hepatoprotetora. Na Europa existem vários produtos à base de soja que são comercializados com essa finalidade. O uso medicinal já foi evidenciado em um estudo clínico com pacientes com hepatite C, que apresentaram melhoras no quadro de saúde após tratamento com um fitoterápico à base da espécie (EMA, 2018b). A cúrcuma já apresentou alguns resultados bastante promissores em estudos pré-clínicos de toxicidade hepática, principalmente a causada pelo fármaco paracetamol e pelo etanol. A parte dessa planta que é utilizada são os rizomas. Os pesquisadores acreditam que a curcumina, o principal princípio ativo da cúrcuma, protege as células do fígado contra a peroxidação lipídica induzida por agentes tóxicos (EMA, 2018c). A alcachofra, a soja e a cúrcuma fazem parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do Sistema Único de Saúde (SUS) (RENISUS), uma lista de espécies nativas do Brasil ou adaptadas ao nosso país que o Ministério da Saúde entende que têm potencial para gerar fitoterápicos para o SUS e, por isso, incentiva que pesquisadores brasileiros as estudem. Essa é a maneira que o Ministério da Saúde encontrou de fomentar a pesquisa das plantas que temos aqui no Brasil. Além das três espécies que vimos nesta seção, outras plantas da RENISUS são utilizadas como hepatoprotetoras. Para saber um pouco mais sobre o assunto leia a revisão sistemática intitulada: “Potencialhepatoprotetor das plantas medicinais da RENISUS: uma revisão sistemática”, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/p1PVi 9Plantas hepatoprotetoras 2 Princípios ativos das plantas hepatoprotetoras Em geral, os efeitos terapêuticos sobre o fígado das plantas hepatoprotetoras são atribuídos aos compostos fenólicos presentes nessas espécies, como é o caso do cardo-mariano, cujo principal princípio ativo é a silimarina. Há, porém, outras substâncias, como alcaloides e polissacarídeos, que também podem apresentar essas atividades. Com certeza a silimarina é um dos produtos mais famosos para a proteção hepática. Ela não é constituída de apenas uma substância, mas é uma mistura de compostos, incluindo as flavolignanas silibina, silidianina e silicristina, além do flavonoide taxifolina — veja a estrutura química dessas substâncias na Figura 1. As flavolignanas são substâncias químicas produzidas por plantas resul- tantes da união entre o esqueleto básico de um flavonoide com uma lignana, fazendo parte dessas duas classes de compostos. Observe na Figura 1 que a silibina, o constituinte em maior proporção da silimarina, é formada pela taxifolina unida a uma segunda substância, no caso, o álcool coniferílico, que você pode visualizar na Figura 2. Flavonoides, em geral, são famosos por serem bons antioxidantes, anti-inflamatórios e antifibróticos. Já as lignanas, além de também presentarem essas atividades, demonstraram também atividades anti-hepatotóxicas. Assim, as flavolignanas podem ser consideras uma mistura muito interessante para proteção do fígado (SIMÕES et al., 2017). Não há dúvidas de que a silimarina é responsável pela atividade hepa- toprotetora do cardo-mariano e que ela atua de acordo com os mecanismos propostos para a espécie, já citados. Dezenas de estudos clínicos realizados com a mistura apresentaram ótimos resultados para tratamento de doenças hepáticas, incluindo a hepatite C, doença hepática não alcoólica, hepatites tóxicas, cirrose alcóolica e intoxicações por agentes tóxicos. Alguns trabalhos também concluíram que a mistura é segura, não apresentando efeitos adversos graves, embora o uso em gestantes não seja recomendado. Plantas hepatoprotetoras10 Figura 1. Estruturas químicas dos principais constituintes da silimarina, principal princípio ativo do cardo-mariano: silibina, silidianina, silicristina e taxifolina. Fonte: Simões et al. (2017, p. 206). Figura 2. Estruturas químicas do álcool coniferílico. 11Plantas hepatoprotetoras Na maioria desses estudos a silimarina foi administrada por via injetável, melhorando sua absorção em relação ao uso por via oral. Metanálises já foram publicadas com conclusões positivas sobre o uso da silimarina, para tratamento de cirrose hepática de origem alcoólica, assim como sua segurança. Metanálises são consideradas as maiores evidências para a análise da eficácia e segurança de tratamentos, indicando que os efeitos terapêuticos da silimarina já estão bem estabelecidos (EMA, 2018a). Além da silimarina, os frutos do cardo-mariano apresentam em sua compo- sição uma grande quantidade de lipídios (cerca de 20 a 30%), polissacarídeos e outros flavonoides. Embora a silimarina seja o principal princípio ativo da espécie, estudos têm mostrado que seus polissacarídeos também podem contribuir para o seu efeito terapêutico, principalmente devido à sua atividade antifibrótica (SIMÕES et al., 2017; FAN et al., 2019) A silimarina isolada não é considerada um fitoterápico no Brasil, uma vez que é cons- tituída apenas de poucas substâncias isoladas. Embora os extratos de cardo-mariano tenham altas concentrações de silimarina, ele contém outras substâncias, portanto sua eficácia e segurança podem ser diferentes da silimarina isolada. No Brasil, a silimarina é classificada como medicamento específico e seu registro é realizado de acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 24, de 15 de junho de 2010, da ANVISA. Já as folhas secas de boldo-do-chile apresentam em sua composição alca- loides, flavonoides, taninos, além de óleo essencial. Entre essas substâncias, o alcaloide boldina é apontado como o principal componente da espécie com efeito hepatoprotetor, o que, provavelmente, está relacionado a sua ca- pacidade de inibir o estresse oxidativo gerado no processo de lesão hepática. Estudos mostraram que os flavonoides presentes também contribuem para o efeito terapêutico, devido a sua atividade antioxidante (EMA, 2016; SIMÕES et al. 2017; SAAD et al., 2016). No Quadro 1 você pode conferir a estrutura química da boldina. Plantas hepatoprotetoras12 Em relação às outras plantas hepatoprotetoras que vimos neste capítulo, os efeitos hepatoprotetores da alcachofra provavelmente estão relacionados às substâncias fenólicas presentes na espécie, destacando-se ácidos fenólicos e flavonoides. Substâncias fenólicas são aquelas que têm pelo menos um grupo fenol em sua estrutura, como mostrado na Figura 3, e, em geral, apresentam forte atividade anti-inflamatória e antioxidante (SAAD et al., 2016). Um grupo de polifenóis com conhecida atividade hepatoprotetora são os curcuminoides encontrados na cúrcuma; entre eles, destaca-se a curcumina (Quadro 1), que tem atividade hepatoprotetora, principalmente, em casos de lesões hepáticas induzidas por paracetamol e etanol. Em estudos pré-clínicos, a substância foi capaz de normalizar os níveis de enzimas hepáticas alterados em quadros de intoxicação por esses agentes (EMA, 2018c). Figura 3. Grupo fenol. Por fim, a atividade hepatoprotetora da soja está relaciona à presença da lectina (Quadro 1), um fosfolipídio. Esse efeito terapêutico foi observado em dezenas de estudos em animais, e foi eficaz em prevenir as toxicidades hepáticas de vários agentes tóxicos, como tetracloreto de carbono, ciclospo- rina A e etanol. A substância ainda reduziu os danos hepáticos em modelo de esteatose hepática (EMA, 2018b). A soja também é rica em isoflavonas, que são conhecidas, principalmente, por sua atividade estrogênica, mas que também apresentam propriedades antioxidante e anti-inflamatória (SIMÕES et al., 2017). 13Plantas hepatoprotetoras Substância/planta medicinal Estrutura química Boldina boldo-do-chile H3CO H3CO CH3 HO OH N H Curcumina cúrcuma H3CO OCH3 HO O OH OH Ácido cafeoilquínico alcachofra HO OH OH OH COOH O O HO Lectina soja H3C H3C H3C H3CH3C H3C O O O O O O O P N + Quadro 1. Principais substâncias ativas das plantas hepatoprotetoras Plantas hepatoprotetoras14 3 Controle de qualidade de plantas hepatoprotetoras O controle de qualidade de plantas medicinais e fitoterápicos é realizado por meio da identificação e quantificação dos chamados marcadores. Segundo a RDC nº 26, de 13 de maio de 2014, da ANVISA, marcadores são definidos como a “[...] substância ou classe de substâncias (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos graxos, etc.) utilizada como referência no controle da qualidade da matéria-prima vegetal e do fitoterápico, preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico” (BRASIL, 2014a, documento on-line). Marcadores podem ser do tipo ativo, quando têm relação com a atividade terapêutica, ou analítico, quando essa relação não existe ou ainda não foi provada. A boldina, por exemplo, é um marcador ativo do boldo-do-chile (BRASIL, 2014a). Um marcador, portanto, é uma ou mais substâncias que, se estiverem ausentes ou em quantidade menor do que a recomendada, significa que a qualidade de uma planta ou de um derivado vegetal não está adequada, e ela pode não apresentar o efeito terapêutico ou a segurança avaliada nos estudos já conduzidos. Dessa forma, a definição dos marcadores depende da atividade terapêutica que se espera. 15Plantas hepatoprotetoras No caso do cardo-mariano, para a alegação de uso como hepatoprotetor, a ANVISA recomenda que seja utilizado um extrato padronizado contendo entre 154 a 400mg de silimarina expressos emsilibinina. Essa faixa pode ser menor de acordo com o método analítico escolhido para a quantificação. Há dois pontos aqui que merecem destaque, vejamos (BRASIL, 2014a; SI- MÕES et al., 2017): � Quando dizemos que um extrato é padronizado, isso significa que foi estabelecido um padrão que relaciona certa quantidade dos marcadores a determinado efeito terapêutico. Em geral, os extratos padronizados de cardo-mariano contêm cerca de 60 a 90% da sua composição de silimarina. � O termo miligramas de silimarina expressos em silibina quer dizer que a silimarina é o marcador e deve ser quantificada como um todo, mas que o padrão de referência utilizado na análise química é a subs- tância silibina isolada. A Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, não tem monografia para o cardo- -mariano, porém outros compêndios oficiais reconhecidos pela ANVISA, como a Farmacopeia Britânica, apresentam monografia para análise da droga vegetal (os frutos secos) e extratos da espécie. Também é possível encontrar informações sobre métodos para controle de qualidade em monografia ela- borada pela OMS. Esses documentos descrevem quais são os marcadores e a quantidade em que devem estar presentes, assim como os métodos analíticos que devem ser realizados (OMS, 2014; SIMÕES et al., 2017). Por serrem compostos fenólicos, as flavolignanas e os flavonoides pre- sentes no cardo-mariano podem ser identificadas de maneira qualitativa e quantitativa por meio da sua capacidade de absorver luz ultravioleta (UV), uma característica muito importante dessas classes de substâncias. Devido a essa propriedade, a maioria dos flavonoides são levemente amarelados sob a luz comum e, quando expostos à luz UV, assumem uma fluorescência que varia entre o amarelo, o laranja, o verde e o vermelho, de acordo com a estrutura do flavonoide. As flavolignanas presentes no cardo-mariano, em geral, apresentam máximos de absorção em comprimentos de onda em torno 270–290nm e são amarelas na luz UV (CSUPOR; CSORBA; HOHMANN, 2016; SIMÕES et al., 2017). Plantas hepatoprotetoras16 Para identificação dessas substâncias, o mais comum é empregar a técnica de cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando placas de sílica. Essa técnica permite que substâncias diferentes que estão juntas em uma mesma amostra sejam separadas na placa cromatográfica de acordo com a sua polaridade, formando manchas em sua superfície. As substâncias percorrem a placa arrastadas por um solvente chamado de fase móvel, enquanto a placa cromatográfica, que, em geral, é revestida com sílica, é denominada fase estacionária. Acompanhe uma ilustração desse processo na Figura 4. Para a realização da técnica, soluções da amostra a ser analisada são aplicadas no parte inferior de uma placa de vidro ou alumínio, ou em um papel (fase estacionária). A placa é colocada em um frasco contendo um solvente especifico (fase móvel), que sobe pela placa, arrastando as substâncias da amostra e formando manchas que correspondem a compostos diferentes. Isso acontece porque as substâncias têm características físico-químicas diferentes e, por isso, interagem de forma distinta com a fase móvel e a fase estacionária. Figura 4. Técnica de cromatografia em camada delgada (CCD). Fonte: Adaptado de Paper... ([2020?]a) ; Paper... ([2020?]b). Na identificação de flavonoides, borrifamos sobre as placas soluções de cloreto de alumínio e difenilborato de amino etanol. Essas substâncias formam complexos com os flavonoides, incluindo as flavolignanas, formando manchas de coloração amarelo e laranja fluorescentes sob a luz UV no comprimento de onda de 365nm. 17Plantas hepatoprotetoras Segundo o método da Farmacopeia Britânica, para a comprovação da qualidade de uma amostra de cardo-mariano, devemos observar na placa cromatográfica, ao final da análise, uma zona de fluorescência azul no ponto de aplicação, duas manchas de fluorescência amarelo-esverdeado com fatores de retenção (Rf) aproximados de 0,40 e 0,90 e uma mancha de fluorescência laranja com Rf em torno de 0,50. A fase estacionária utilizada é a sílica, e a fase móvel é uma solução contendo ácido fórmico, acetona e cloreto de metileno na proporção de 8,5:15,6:75 v/v/v (MILK-THISTLE FRUIT, 2019). O fator de retenção (Rf) é um parâmetro que indica a distância da mancha na placa. É calculado pela razão em centímetros da distância entre o ponto de aplicação e a posição da mancha pela distância total percorrida pela fase móvel. Já para quantificação das flavolignanas é possível utilizar um espectro- fotômetro para realizar a análise. Uma vez que elas são capazes de absorver a luz UV, quando colocamos uma solução contendo essas substâncias em espectrofotômetro, temos como resultado um valor de absorbância que é proporcional à concentração das substâncias na amostra e, assim, conseguimos saber o teor de flavolignanas nas amostras de cardo-mariano. Outra possibilidade é utilizar a técnica de cromatografia líquida de ultra eficiência (CLUE) com detecção no ultravioleta. A lógica é semelhante à da CCD, mas, no lugar de uma placa, usamos uma coluna, e a separação das substâncias é muito mais eficiente. Nesse caso, em vez de manchas obtemos gráficos, chamados de cromatogramas, nos quais é possível observar picos referentes a cada substância presente. As áreas dos picos são proporcionais à quantidade das substâncias presen- tes nas amostras e, assim como para a análise no espectrofotômetro, conseguimos quantificar as flavolignanas (SIMÕES et al., 2017; MILK-THISTLE FRUIT, 2019). Essas técnicas e a maneira como devem ser realizas estão explicada no Volume 1 da Farmacopeia Brasileira, 6ª edição (BRASIL, 2019). Plantas hepatoprotetoras18 As mesmas técnicas utilizadas para o controle de qualidade do cardo- -mariano também podem ser utilizadas, com algumas modificações, para a quantificação de marcadores nas outras plantas hepatoprotetoras que conhe- cemos neste capítulo. No Quadro 2 você encontra exemplos das técnicas pre- conizadas na Farmacopeia Brasileira, 6ª edição, para o controle de qualidade dessas plantas. Lembrando que, além do cardo-mariano, as demais espécies citadas neste capítulo não têm indicação oficial como hepatoprotetoras, e as técnicas para seu controle de qualidade foram validadas para outras alegações de uso. Ainda assim, utilizando essas técnicas, podemos confirmar a identidade dessas plantas e sua segurança, o que é fundamental. Planta medicinal Técnicas de análise Boldo-do-chile Identificação: empregar técnica de CCD, utilizando como revelador soluções de iodobismutato de potássio aquoacético e nitrito de sódio. Devem ser observadas pelo menos quatro manchas castanhas (Rfs 0,25; 0,40; 0,45; 0,50*) e uma zona de coloração marrom-amarelado (Rf: 0,75*) sob luz UV em 365 nm. Quantificação: empregar técnica de CLAE com detecção em 304 nm. Cúrcuma Identificação: empregar técnica de CCD. Devem ser observadas pelos menos 3 zonas de fluorescência verde sob luz UV em 365 nm (Rfs: 0,35; 0,60; 0,75*). Quantificação: empregar a técnica de espectrofotometria e medir a absorbância em 530 nm. Alcachofra Identificação: empregar técnica de CCD utilizando como revelador uma solução de difenilborato de aminoetanol. Devem ser observadas 2 zonas de fluorescência azul e 2 zonas de fluorescência amarela (Rf 0,30 e 0,70*) em 365 nm. Quantificação: empregar técnica de CLAE com detecção em 330 nm. *Valores aproximados de Rf. CCD: cromatografia em camada delgada; Rf: fator de retenção; UV: ultravioleta; CLAE: cromatografia líquida de alta eficiência. Quadro 2. Especificações e técnicas para controle de qualidade de plantas hepatoprote- toras segundo a Farmacopeia Brasileira 19Plantas hepatoprotetoras No Quadro 2 você pode observar que, para a alcachofra, pode ser utilizada uma técnica semelhante à utilizada para o cardo-mariano, uma vez que essa espécie apresenta flavonoides em sua composição, além de ácidos fenólicos, que resultam em manchas de fluorescênciaazulada sob luz UV em 365 nm. Já os curcuminoides presentes na cúrcuma, utilizando-se uma lâmpada com esse mesmo comprimento de onda, geram manchas fluorescentes verdes. O boldo, por sua vez, apresenta alcaloides em sua composição, que têm carac- terísticas diferentes dos outros compostos citados. Além do uso da solução de iodobismutato de potássio junto com nitrito sódio, podem ser utilizados como reveladores o reagente de Dragendorff, solução de sulfato cérico e o reagente de Gibbs (SIMÕES et al., 2017). É muito importante conhecer e compreender essas técnicas. Um dos princi- pais fatores que comprometem a utilização de plantas medicinais e fitoterápicos são as adulterações e os problemas na qualidade desses produtos, ainda mais em se tratando de pacientes com doenças hepáticas, sensíveis a possíveis substâncias tóxicas que podem estar presentes em produtos de má qualidade. Dessa forma, empregar as técnicas descritas da maneira adequada para cada espécie é fundamental para a promoção do uso efetivo e seguro de plantas medicinais e fitoterápicos pela população. BEDI, O. et al. Herbal induced hepatoprotection and hepatotoxicity: a critical review. Indian Journal of Physiology and Pharmacology, v. 1, n. 60, p. 6–21, 2016. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. 6. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/farmacopeia- -brasileira. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução normativa nº 2, de 13 de maio de 2014. Publica a “Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplifi- cado” e a “Lista de produtos tradicionais fitoterápicos de registro simplificado”. Brasília, DF, 2014b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/ int0002_13_05_2014.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: http://portal.anvisa.gov. br/documents/33832/2909630/Memento+Fitoterapico/a80ec477-bb36-4ae0-b1d2- e2461217e06b. Acesso em: 14 fev. 2020. Plantas hepatoprotetoras20 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 26 de 13 de maio de 2014. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e o registro e a notifica- ção de produtos tradicionais fitoterápicos. Brasília, DF, 2014a. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/rdc0026_13_05_2014.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada RDC nº 43, de 26 de fevereiro de 2003. Anexo. Brasília, DF, 2003. Disponível em: http://portal. anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_41_2003_COMP.pdf/e8a5e608-80dd- 4c03-a23c-8fc7abfc35ad?version=1.0. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/ Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf/c76283eb-29f6-4b15- 8755-2073e5b4c5bf. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira: primeiro suplemento. Bra- sília, DF: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/docu- ments/33832/259456/Suplemento+FFFB.pdf/478d1f83-7a0d-48aa-9815-37dbc6b29f9a. Acesso em: 14 fev. 2020. BRASIL. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_me- dicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. CSUPOR, D.; CSORBA, A.; HOHMANN, J. Recent advances in the analysis of flavonolig- nans of Silybum marianum. Journal of Pharmaceutical And Biomedical Analysis, v. 130, p. 301–317, out. 2016. DANIYAL, M. et al. Prevalence and current therapy in chronic liver disorders. Inflammo- pharmacology, v. 27, n. 2, p. 213–231, 2019. EMA. Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC). Assessment report on Peumus boldus Molina, folium. London, 2016. Disponível em: https://www.ema.europa.eu/en/ documents/herbal-report/final-assessment-report-peumus-boldus-molina-folium_ en.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. EMA. Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC). Assessment report on Silybum marianum (L.) Gaertn., fructus. London, 2018a. Disponível em: https://www.ema.europa. eu/en/documents/herbal-report/final-assessment-report-silybum-marianum-l-gaertn- -fructus_en.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. EMA. Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC). Assessment report on Glycine max (L.) Merr., lecithinum. London, 2018b. Disponível em: https://www.ema.europa. eu/en/documents/herbal-report/final-assessment-report-glycine-max-l-merr-leci- thinum_en.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. EMA. Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC). Assessment report on Cur- cuma longa L., rhizoma. London, 2018c. Disponível em: https://www.ema.europa.eu/ en/documents/herbal-report/final-assessment-report-curcuma-longa-l-rhizoma- -revision-1_en.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. 21Plantas hepatoprotetoras Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. FAN, H. et al. Extraction optimization, preliminary characterization, and bioactivities of polysaccharides from Silybum marianum meal. Journal of Food Measurement and Characterization, v. 13, n. 2, p. 1031–1039, 2019. GIRISH, C.; PRADHAN, S. C. Herbal drugs on the liver. In: MURIEL, P. (ed.). Liver patho- physiology: therapies and antioxidants. New York: Academic Press, 2017. p. 605–620. MILK-THISTLE FRUIT. In: BRITISH Pharmacopoeia. United Kingdom: MHRA, 2019. OMS. Monographs on selected medicinal plants: fructus silybi mariae. Geneva, 2004. Disponível em: http://apps.who.int/medicinedocs/en/d/Js4927e/29.html#Js4927e.29. Acesso em: 14 fev. 2020. PAPER chromatography. In: SMART Servier Medical Art. [S. l., 2020?]a. Disponível em: https://smart.servier.com/smart_image/chromatography-2/. Acesso em: 14 fev. 2020. PAPER chromatography. In: SMART Servier Medical Art. [S. l., 2020?]b. Disponível em: https://smart.servier.com/smart_image/chromatography-3/. Acesso em: 14 fev. 2020. SAAD, G. A.; LÉDA, P. H. O.; SÁ, I. M.; SEIXLACK, A. C. Fitoterapia Contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2.ed. Guanabara Koogan, 2016. SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. VARGAS-POZADA, E. E.; MURIEL, P. Herbal medicines for the liver. European Journal of Gastroenterology & Hepatology, v. 32, n. 2, p. 148–158, 2020. Leituras recomendadas BRASIL. Ministério da Saúde. RENISUS: Relação Nacional de Plantas Medicinais de Inte- resse ao SUS. Brasília, DF, 2009. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/ images/pdf/2014/maio/07/renisus.pdf. Acesso em: 14 fev. 2020. YUAN, Y. et al. Protective effects of polysaccharides on hepatic injury: a review. Inter- national Journal of Biological Macromolecules, v. 141, p. 822–830, dez. 2019. Plantas hepatoprotetoras22 Dica do professor Talvez você não o conheça, mas o cogumelo Amanita phalloides é considerado o cogumelo mais tóxico do mundo, causando muitos danos ao organismo, especialmente ao fígado. O cardo-mariano é uma planta hepatoprotetora preconizada para o taratamento de quadros de intoxicação por Amanita phalloides, sendo que esse é um dos seus efeitos terapêuticos mais estudados. Na Dica do Professor, você vai conhecer um pouco sobre o cogumelho e como o cardo-mariano pode ajudar em casos de intoxicação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/37f503f45e03817883f792406f58e138Exercícios 1) Um grande número de agentes podem gerar lesões hepáticas. O papel dos hepatoprotetores é, justamente, proteger as células hepáticas desses agentes. Isso pode ocorrer por diferentes mecanismos, incluindo: estabilização da membrana do hepatócito; redução do estresse oxidativo; aumento dos níveis de glutationa; proteção dos hepatócitos (células hepáticas) da penetração de substâncias tóxicas; diminuição dos processos inflamatórios no fígado; e estímulo da síntese proteica no fígado. Sobre os mecanismos de ação pelos quais as plantas hepatoprotetoras atuam, assinale a alternativa correta. A) A curcurmina, principal substância ativa da cúrcuma, exerce seu efeito hepatoprotetor por estimular a síntese proteica nos hepatócitos. B) Os efeitos das plantas hepatoprotetoras na redução do estresse oxidativo diminuem os processos de lise e morte celular no fígado. C) A alcachofra é um exemplo de planta hepatoprotetora, cujo mecanismo de ação envolve o estímulo à síntese proteica no fígado. D) O aumento da produção de glutationa é considerado o principal mecanismo pelo qual as plantas hepatoprotetoras atuam. E) O cardo-mariano é útil em casos de intoxicação por Amanita phalloides, principalmente devido a sua atividade antioxidante. 2) Joana, gestante com 10 semanas de gestação, realizou um exame de sangue de rotina do pré-natal e ficou preocupada com uma pequena alteração nas enzimas hepáticas. Apreciadora de plantas medicinais, comprou um fitoterápico à base de extrato seco de Silybum marianum (cardo-mariano) como prevenção, caso estivesse com alguma doença hepática. Em casa, lendo a bula, ficou na dúvida sobre a quantidade de capsulas que deveria tomar. As seguintes informações estavam contidas na bula: “Cápsula gelatinosa contendo 180mg de extrato seco de Silybum marianum (L.) Gaertn, equivalentes a 140mg de silimarina expressas como silibina”. Considerando as informações fornecidas, avalie as afirmativas a seguir e selecione a opção correta. A) O uso do cardo-mariano não é recomendado para Joana, porque a planta pode ter efeitos teratogênicos, oferecendo risco ao feto. B) Um paciente deve utilizar no máximo uma cápsula desse medicamento, segundo recomendação do Ministério da Saúde. C) O Ministério da Saúde recomenda que a dose mínima diária de silimarina administrada seja 140mg; portanto, um comprimido do medicamento. D) O marcador do extrato seco de cardo mariano é a silibina, e o controle de qualidade desse medicamento é feito pela quantificação da substância. E) O Ministério da Saúde recomenda que sejam administrados, diariamente, no máximo 400mg de extrato seco de Silybum marianum. 3) Um analista de uma indústria produtora de fitoterápicos fez a análise de um lote de boldo- do-chile (Peumus boldus) na forma de droga vegetal pulverizada. Ele realizou uma análise de identificação por cromatografia em camada delgada. Como resultado, não encontrou as manchas castanhas esperadas para a amostra nem para o padrão, conforme descrito na Farmacopeia Brasileira. Ao conferir os reagentes utilizados, notou que utilizou como revelador uma solução de difenilborato de aminoetanol. Considerando as informações fornecidas e o seu conhecimento sobre o assunto, assinale a alternativa correta. A) O analista deveria ter utilizado uma solução de cloreto de alumínio, que reage com os alcaloides presentes no boldo, formando manchas roxas. B) Utilizando o difenilborato de aminoetanol, o analista deveria observar manchas de coloração amarela ao analisar o boldo-do-chile em 365nm. C) O padrão utilizado para análise é o ácido cafeoilquínico, um flavonoide presente no boldo-do- chile responsável por seu efeito terapêutico. D) A cromatografia em camada delgada não é uma técnica adequada para análise do boldo-do- chile, por isso o analista não obteve o resultado esperado. E) O analista deve repetir a análise, pois o revelador adequado, nesse caso, seria o iodobismutato de potássio aquo-acético, seguido do nitrito de sódio. Uma das principais causas de intoxicação hepática se deve ao uso de medicamentos hepatotóxicos, como o paracetamol, por exemplo. Em doses acima da recomendada, o 4) fármaco, ao ser metabolizado no fígado, gera uma grande quantidade da substância tóxica n- acetil-p-benzoquinonaimina. Essa substância causa dano hepático, podendo chegar até a um quadro severo de insuficiência hepática. Considerando essas informações, assinale a alternativa correta. A) O cardo-mariano não seria indicado em caso de intoxicação por paracetamol, porque não é efetivo em casos de doença hepática aguda. B) A cúrcuma inibe a peroxidação lipídica, que aumenta em casos de intoxicação por paracetamol, podendo ser útil nesses casos. C) A alcachofra poderia ser uma opção para o tratamento da insuficiência hepática aguda, uma vez que é rica em alcaloides. D) Os curcuminoides presentes na cúrcuma podem atuar em quadros de intoxicação por paracetamol, porque inibem a produção de glutationa. E) O uso do boldo-do-chile é considerado seguro para tratamento de quadros muito severos de intoxicação hepática por paracetamol. 5) Produtos naturais muitas vezes são comercializados na Internet de forma clandestina, com indicações infundadas e sem controle de qualidade adequado. Esses produtos não estão registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e podem fornecer riscos para os consumidores. Considere que um produto a base de silimarina está sendo comercializado on-line com a seguinte descrição: “Cápsulas do rejuvenecimento. Cápsulas contendo silimarina, 200mg. Produto totalmente natural, que combate os radicais livres e retarda o envelhecimento.” Considerando essas informações e seu conhecimento sobre medicamentos a base de silimarina, assinale a opção correta. A) Medicamentos à base de silimarina devem ser registrados na ANVISA como fitoterápicos, porque a silimarina é isolada de uma planta medicinal. B) A presença de silimarina nas cápsulas do produto poderia ser confirmada utilizando o reagente de Dragendorff. C) A descrição do efeito terapêutico do produto é infundada, porque a silimarina não apresenta atividade contra radicais livres. D) Medicamentos à base de silimarina são preconizados para tratamento de cirrose hepática de origem alcoólica. E) Para registro da silimarina, não são necessários estudos de eficácia e segurança, já que é um produto utilizado há mais de 30 anos. Na prática Você costuma tomar chá de boldo? Se sim, sabe qual boldo que está utilizando? Existem várias espécies conhecidas como boldo, mas o boldo-do-chile é o mais conhecido e o que já foi mais estudado em relação a seu efeito hepatoprotetor. Muitas pessoas acreditam que estão consumindo o boldo-do-chile, quando, na verdade, não estão. Conheça, Na Prática, uma técnica analítica qualitativa que permite diferenciar o boldo-do-chile dos demais, por meio da identificação da principal substância responsável pela atividade hepatoprotetora do boldo-do-chile, a boldina. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/0e3ba4dc-6266-429c-a2ff-c0621151a1a8/9eeaf62c-e165-484d-b35f-ecdde0bc96d5.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Conheça o boldo-baiano, um potencial hepatoprotetor A espécie Vernonia condensata, conhecida no Brasil como boldo-baiano, ainda não foi tão estudada quanto o boldo-do-chile, mas existem evidências de que ela seja útil como hepatoprotor. Conheça mais sobre o boldo-baiano neste vídeo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Uso de plantas medicinais por pacientes com doenças hepáticas e renais Muitos pacientes com problemas hepáticos e renais utilizam plantas medicinais pouco estudadas e sem o acompanhamento adequado. Esses pacientes são especialmente sensíveis a reações adversaspelo uso de plantas medicinais. Conheça o levantamento feito em um município do Maranhão sobre o tema. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Barbatimão e seu efeito na função hepática Muitas plantas medicinais são consideradas hepatoprotetoras, mas muitas podem ser tóxicas para o fígado. Veja um exemplo neste trabalho, que avaliou o efeito de Stryphnodendron rotundifolium (barbatimão) na função hepática. https://www.youtube.com/embed/ssw7SbO0r_0 http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/73303049/Plantasusadasporpacientescomdoenashepticas.pdf?v=1110458436 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://publica.sagah.com.br/publicador/objects/attachment/1946568217/Atividadehepticadobarbatimo.pdf?v=1187350350
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