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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIII A 12023 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Sessão: 06 - Dia 08/03/2023 - 08:00 às 09:50 Professor: FLAVIA BAHIA MARTINS 06 Tema: Municípios. Origem. Competências. Organização. 1ª QUESTÃO: Determinada instituição financeira propõe demanda em face do município, em que visa a infirmar multa que o município lhe aplicou em razão de os usuários de seus serviços permanecerem em fila por tempo superior ao estipulado em lei local. Em sua inicial, alega que a lei municipal não pode legislar sobre os serviços prestados pelas instituições financeiras, motivo pelo qual a multa é incabível. Responda, fundamentadamente, se o município tem razão. RESPOSTA: 0039763-05.2020.8.19.0001 - APELAÇÃO Des(a). ALCIDES DA FONSECA NETO - Julgamento: 07/04/2022 - DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. MULTA. PROCON. INFRAÇÃO AO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR. PROCESSO ADMINISTRATIVO HÍGIDO. PROPORCIONALIDADE DA SANÇÃO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ATACADA. Sentença que julgou improcedentes os embargos à execução fiscal, mantida a multa administrativa executada pelo Estado, condenado o executado ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o valor da causa. Apelo do executado-embargante. Desnecessidade de apresentação do processo administrativo. Súmula nº 125, do TJRJ. Matéria que envolve direito do consumidor. Competência concorrente e de interesse local. Precedente do STJ. Instituição financeira que se limitou a afirmar a impossibilidade fática de cumprimento da legislação municipal que prevê tempo máximo de espera em fila e a instalação de biombos, sem apresentar qualquer documentação para tanto. Regularidade da sanção aplicada. Proporcionalidade no arbitramento da multa de R$23.768,89 (vinte e três mil setecentos e sessenta e oito reais e oitenta e nove centavos) e que, somada aos acréscimos decorrentes da mora, totalizou R$32.137,13 (trinta e dois mil cento e trinta e sete reais e treze centavos) quando do ajuizamento da execução). Penalidade que deve ser calculada de acordo com a gravidade das infrações, vantagem auferida e condição econômica do fornecedor, observadas as balizas estipuladas no parágrafo único do artigo 57, do CDC. Valor arbitrado conforme patamares normalmente aplicados em infrações semelhantes. Majoração dos honorários advocatícios para 15% (quinze por cento), nos termos do artigo 85, §11º, do CPC. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 2ª QUESTÃO: A fim de beneficiar os empresários da capital fluminense, o prefeito envia projeto de lei que exige que os veículos utilizados para atender contratos estabelecidos com a Administração Municipal Direta e Indireta devem, obrigatoriamente, ter seus respectivos Certificados de Registro de Veículos expedidos no Município do Rio de Janeiro. Após regular processo legislativo, a lei é aprovada no parlamento e devidamente sancionada pelo Chefe do Executivo. Analise, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, a validade da lei. 08/03/2023 - Página 1 de 6DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RE 668810 AgR / São Paulo, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI Julgamento: 30/06/2017 Órgão Julgador: Segunda Turma Publicação ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-176 DIVULG 09-08-2017 PUBLIC 10-08-2017 Parte(s) AGTE.(S) : CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO AGTE.(S) : PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO ADV.(A/S) : DJENANE FERREIRA CARDOSO AGDO.(A/S) : SINDICATO DAS EMPRESAS DE MANUTENÇÃO E EXECUÇÃO DE ÁREAS VERDES PÚBLICAS E PRIVADAS DO ESTADO DE SÃO PAULO- SINDVERDE ADV.(A/S) : RUY PEREIRA CAMILO JÚNIOR AGDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Ementa EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Ação direta de inconstitucionalidade movida na origem. Lei do Município de São Paulo nº 13.959/05, a qual exige que "os veículos utilizados para atender contratos estabelecidos com a Administração Municipal, Direta e Indireta, devem, obrigatoriamente, ter seus respectivos Certificados de Registro de Veículos expedidos no Município de São Paulo". Exigência que não se coaduna com os arts. 19, inciso III, e 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Precedentes. 1. A exigência constante da Lei nº 13.959/05 do Município de São Paulo, além de malferir a legítima expectativa individual de quem queira participar de certame público, ofendendo direito individual, vulnera o interesse público, direito da coletividade, pois, com a redução do universo de interessados em contratar, não se garante à Administração a oferta mais vantajosa. 2. É certo que as desigualações entre sujeitos ou situações jurídicas no campo das licitações e contratos somente se justificam quando voltadas ao melhor e mais eficiente cumprimento do objeto licitado/contratado e, ainda assim, desde que não sejam desarrazoadas e estejam em conformidade com o sistema jurídico-constitucional, sob pena de restar vulnerado o princípio da isonomia. 3. Consoante a jurisprudência firmada na Corte no exame de situações similares, o diploma em epígrafe ofende, ainda, a vedação a que sejam criadas distinções entre brasileiros ou preferências entre os entes da Federação constante do art. 19, inciso III, da CF/88. 4. Considerando que, no corpo da decisão agravada, afastou-se a inconstitucionalidade formal afirmada pela Corte de origem, mantendo a inconstitucionalidade material, constata-se erro material na parte dispositiva da decisão, que negou seguimento ao recurso extraordinário. 5. Agravo regimental parcialmente provido tão somente para corrigir erro material na decisão agravada, fazendo constar na parte dispositiva que "dou parcial provimento ao recurso extraordinário". 08/03/2023 - Página 2 de 6DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIII A 12023 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Sessão: 07 - Dia 08/03/2023 - 10:10 às 12:00 Professor: FLAVIA BAHIA MARTINS 07 Tema: Federalismo cooperativo. Direitos humanos e Federação. Direitos sociais e regime federativo. 1ª QUESTÃO: FULANO propõe demanda em face do Município em que visa ao fornecimento de cadeira de rodas para sua locomoção diária, uma vez que não dispõe de recursos financeiros para adquiri-la. Em sua defesa, o município requer extinção do feito por não ser parte legítima na demanda, uma vez que o art. 196 da CRFB88 determina ser essa obrigação do Estado, não cabendo a qualquer outro ente da federação a responsabilidade pela pretensão do autor. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgada o pedido. 08/03/2023 - Página 3 de 6DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: 0403827-92.2013.8.19.0001 - APELAÇÃO, Des(a). MÔNICA MARIA COSTA DI PIERO - Julgamento: 08/02/2017 - OITAVA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FORNECIMENTO DE APARELHO. CADEIRA DE RODA. DIREITO À SAÚDE. SOLIDARIEDADE DOS ENTES DA FEDERAÇÃO. REDUÇÃO DO VALOR FIXADO PARA OS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS. 1. Ação objetivando o autor o fornecimento de cadeira de rodas motorizada. Sentença de procedência do pedido autoral que foi alvo do apelo do município réu. 2. Não merece guarida preliminar suscitada pelo município réu de falta de interesse de agir, já que o Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, esculpido no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal de 1988, só pode ser excepcionado em casos previstos legalmente ou pela própria Carta Política, o que não é o caso. 3. O direito à saúde é garantido pela Constituição da República. Prestação do serviço de saúde é um direito genérico de todos e obrigação do Estado, conforme disposto no artigo 196, da CRFB. 4. O caráter meramente programático não impede a aplicação imediatada regra ínsita no art.196, da CRFB/88, diante do cunho cogente e vinculante das normas constitucionais que veiculam diretrizes de política pública destinadas a todos os entes políticos. Direito assegurado também através das Leis 8080/90 e 9313/96. 5. A Constituição Federal, no seu artigo 23, II, dispõe ser da competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios o ato de cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. Matéria sumulada no verbete 65 do Tribunal de Justiça. 6. A existência de alternativas terapêuticas ofertadas pela rede pública não se presta a eximir o ente público de fornecer os medicamentos e insumos necessários ao restabelecimento da saúde do autor, na forma prescrita pelo médico que o assiste e de sua confiança, não cabendo ao Poder Judiciário imiscuir-se em questões atinentes ao exercício da medicina. 7. A ausência de dotação orçamentária não pode servir de empecilho jurídico para a propositura de demanda que visa a assegurar o fornecimento de medicamentos, por se tratar de direito fundamental, notadamente quando a alegação vem desacompanhada de prova objetiva da incapacidade financeira do ente estatal. Enunciado sumulado nº 241, do TJERJ. 8. É facultado ao Poder Público substituir medicamentos e insumos por genéricos, de forma a tornar a prestação menos dispendiosa ao erário público, na forma do enunciado nº 116, deste Egrégio Tribunal. 9. Esta Corte de Justiça firmou entendimento no sentido de que a verba honorária, nas ações que versem sobre a prestação unificada de saúde, não deve exceder ao valor correspondente a meio salário mínimo nacional, segundo Enunciado 27, aprovado no Encontro de Desembargadores de Câmaras Cíveis deste Tribunal. Súmula 182 desta Corte de Justiça. Redução da verba honorária fixada na sentença que se impõe. 10. Parcial provimento ao apelo do município 2ª QUESTÃO: Determinado legitimado propõe ação direta de inconstitucionalidade em face do previsto no art. 3°, VII, da Lei 13.979/2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019. A requerente sustenta que o texto impugnado, ao permitir a todos os entes federados a requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, viola o sistema federativo, uma vez que cabe ao Ministério da Saúde coordenar as medidas de requisições administrativas previstas, as quais não podem ser levadas a efeito pelos entes subnacionais antes da realização de estudos e do consentimento daquela Pasta. Responda, fundamentadamente, levando em consideração o princípio federativo, como deve ser resolvida a causa. 08/03/2023 - Página 4 de 6DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: GABARITO: ADI 6362 / DF - Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 02/09/2020; Publicação: 09/12/2020 Órgão julgador: Tribunal Pleno Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-288 DIVULG 07-12-2020 PUBLIC 09-12-2020 Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 13.979/2020, QUE DISPÕE SOBRE MEDIDAS PARA O ENFRENTAMENTO DA EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICA DECORRENTE DA COVID-19. COMPETÊNCIA COMUM DOS ENTES FEDERADOS PARA CUIDAR DA SAÚDE. ARTS. 23, II, E 196 DA CF. FEDERALISMO COOPERATIVO. REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA VOLTADA PARA O CONFRONTO DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO PRELIMINAR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. INDISPENSABILIDADE, TODAVIA, DO PRÉVIO SOPESAMENTO DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E ANÁLISES SOBRE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS. MEDIDA QUE, ADEMAIS, DEVE OBSERVAR OS CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. FIXAÇÃO DE NOVOS REQUISITOS PARA A REQUISIÇÃO PELO JUDICIÁRIO. IMPOSSIBILIDADE EM FACE DO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA IMPROCEDENTE. I - A Constituição Federal prevê, ao lado do direito subjetivo público à saúde, a obrigação de o Estado dar-lhe efetiva concreção, por meio de “políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (art. 196). II – Esse dever abrange todos os entes federados, inclusive as comunas, os quais, na seara da saúde, exercem uma competência administrativa comum, nos termos do art. 23, II, do Texto Constitucional. III - O federalismo cooperativo, adotado entre nós, exige que a União e as unidades federadas se apoiem mutuamente no enfrentamento da grave crise sanitária e econômica decorrente da pandemia desencadeada pelo novo coronavírus. IV- O Plenário do STF já assentou que a competência específica da União para legislar sobre vigilância epidemiológica, da qual resultou a Lei 13.979/2020, não inibe a competência dos demais entes da federação no tocante à prestação de serviços da saúde (ADI 6.341-MC-Ref/DF, redator para o acórdão Ministro Edson Fachin). V – Dentre as medidas de combate à pandemia, a Lei 13.979/2020 estabelece que qualquer ente federado poderá lançar mão da “requisição de bens e serviços de pessoas naturais e jurídicas, hipótese em que será garantido o pagamento posterior de indenização justa” (art. 3°, VII). VI – Tais requisições independem do prévio consentimento do Ministério da Saúde, sob pena de invasão, pela União, das competências comuns atribuídas aos Estados, Distrito Federal e Municípios, os quais, todavia, precisam levar em consideração evidências científicas e análises sobre as informações estratégicas antes de efetivá-las (art. 3°, § 1°). VII – Como todas as ações estatais, as requisições administrativas precisam balizar-se pelos critérios da razoabilidade e da proporcionalidade, só podendo ser levadas a cabo após a constatação de que 08/03/2023 - Página 5 de 6DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO inexistemoutras alternativas menos gravosas. VIII- Essa fundamentação haverá de estar devidamente explicitada na exposição de motivos dos atos que venham a impor as requisições, de maneira a permitir o crivo judicial. IX – Ao Judiciário, contudo, é vedado substituir-se ao Executivo ou ao Legislativo na definição de políticas públicas, especialmente aquelas que encontrem previsão em lei, considerado o princípio da separação dos poderes. X - A requisição administrativa configura ato discricionário, que não sofre qualquer condicionamento, tendo em conta o seu caráter unilateral e autoexecutório, bastando que fique configurada a necessidade inadiável da utilização de um bem ou serviço pertencente a particular numa situação de perigo público iminente, sendo por isso inexigível a aquiescência da pessoa natural ou jurídica atingida ou a prévia intervenção do Judiciário. XI - A criação de novos requisitos para as requisições administrativas por meio da técnica de interpretação conforme à Constituição (art. 3°, caput, VII, da CF e § 7°, III, da Lei 13.979/2020), não se aplica à espécie, dada a clareza e univocidade da disposição legal impugnada. XII - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. Decisão Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, resolvendo questão de ordem suscitada pelo Ministro Dias Toffoli (Presidente), fixou tese no sentido de que não há impedimento, nem suspeição de Ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado, exceto se o próprio Ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação, vencido o Ministro Edson Fachin. No mérito, por unanimidade, julgou improcedente a ação direta, nos termos do voto do Relator. Falaram: pela requerente, o Dr. Marcelo Lamego Carpenter; pelo interessado Presidente da República, o Dr. Raphael Ramos Monteiro de Souza, Advogado da União; e, pela Procuradoria-Geral da República, o Dr. Humberto Jacques de Medeiros, Vice-Procurador-Geral da República. Ausente, por motivo delicença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, 02.09.2020 (Sessão realizada inteiramente por videoconferência - Resolução 672/2020/STF). Tese Não há impedimento, nem suspeição de Ministro, nos julgamentos de ações de controle concentrado, exceto se o próprio Ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação. 08/03/2023 - Página 6 de 6DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023