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CADERNO DIREITO ADMINISTRATIVO - CPIII

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CADERNO DIREITO ADMINISTRATIVO - CPIII
Intervenção do Estado na propriedade
Quando a propriedade foi consagrada era considerada um direito inviolável, sem restrições. com o amadurecimento do direito, novas gerações de direitos fundamentais surgiram e passou-se a reconhecer que os de primeira geração não são absolutos em sua essência, mas seu conteúdo tem que se conformar ao restante do ordenamento jurídico (ideia de funcionalização de direitos). O conteúdo do direito de liberdade e propriedade ganha novo conteúdo através das limitações da ordem jurídica. 
Diversos doutrinadores trazem semelhanças entre limitações e poder de polícia, já que esse último restringe a liberdade do particular. Existe, portanto, uma estreita relação. Sustentam estes doutrinadores que o poder de polícia em acepção ampla corresponde a um dos fundamentos de todas as modalidades de intervenção do Estado na propriedade. Em sua acepção estrita, corresponderia a limitações administrativas. 
As limitações administrativas são normas gerais e abstratas que conformam, dão conteúdo ao direito de propriedade. A partir dessa ideia, Alexandre Aragão trabalha com a distinção entre poder de polícia e limitação administrativa, sustentando que representam aspectos diferentes da ponderação dos direitos. Enquanto as limitações adm correspondem a aspectos mais gerais e constitucionais, o poder de polícia denota os aspectos operacionais e administrativos. Através do poder de polícia, o Estado implementa as limitações adm. 
Moraes Salles trabalha a distinção entre limitação, restrição e ablação, tratando-se de gradações da intervenção:
1) A limitação adm é a modalidade mais branda, por meio da qual exige a conformação da propriedade à sua função social, ou seja, a mera limitação vai dar concretude ao direito. 
2) Nas restrições administrativas o conteúdo do direito vai ser atingido em algum de seus aspectos essenciais. Vai atingir alguma das faculdades do direito de propriedade(usar, gozar e fruir). Algumas intervenções restringem esses direitos. 
3) A ablação é a perda do direito. É a desapropriação por excelência. 
As modalidades restritivas e a limitação, em regra, não dão ensejo à indenização. Se esvaziar o conteúdo econômico da propriedade, caberá a indenização. A ablação é o contrário, em regra confere indenização.
Caso concreto: por meio das limitações, o Poder Público conforma o direito de propriedade à uma função social. Deixa de ser tido como direito sagrado e passa a ser ponderado com outros direitos. A limitação administrativa, enquanto modalidade, é uma norma que condiciona o exercício da propriedade. Eventualmente pode recair sobre uma única propriedade, mas em regra atingirá mais de uma. 
Em regra não tem indenização porque não há apossamento administrativo, que só ocorre quando o Estado invade um bem e lhe dá finalidade pública (afeta o bem). Assim, o proprietário não pode mais reivindicar o bem, dando ensejo à desapropriação indireta. 
A desapropriação indireta, portanto, decorre de uma atuação ilícita do Poder Público, sem observar o devido processo administrativo. Há o sacrifício do direito de propriedade. Na limitação, portanto, há o condicionamento. No apossamento, há a desapropriação indireta, que importa na ablação do direito. 
Existe uma tese de que o esvaziamento do conteúdo econômico do direito corresponderia a uma desapropriação indireta. Porém, o STJ tem exigido o esbulho por parte do Poder Público. 
Aragão divide a desapropriação indireta em esbulho e regulatória, dizendo que a primeira decorre da ilicitude do Poder Público e a regulatória seria o esvaziamento do conteúdo econômico em razão de uma limitação adm. O STJ exige o esbulho, o apossamento, para caracterizar a desapropriação indireta. 
A desapropriação indireta regulatória é uma atitude lícita, já que é uma limitação. Se ocorrer o esvaziamento e causar um prejuízo individualizado, haverá responsabilidade civil do Estado por conduta lícita. 
A prescrição do esbulho é de 10 anos (usucapião extraordinária) e da regulatória é de 5 anos (art. 10 do DL 3365/41)
No caso dos parques, não tem desapropriação indireta, é uma mera limitação porque não houve esbulho. Em decorrência dessa limitação administrativa, não tem indenização, só se houver esvaziamento econômico da propriedade. Tem que haver um prejuízo desproporcional para o particular para se caracterizar esse esvaziamento econômico. 
De acordo com a doutrina clássica, costumam ser apontados como fundamentos de todas as modalidades de intervenção do Estado na propriedade o domínio iminente, a função social da propriedade e o princípio da supremacia do interesse público. 
Domínio iminente: não é a mesma coisa que domínio público, cuja expressão tem diversas acepções. Para distinguir de domínio iminente, domínio público refere-se aos bens públicos. O domínio iminente decorre da soberania, o poder político que permite ao Estado, de forma geral, submeter à sua vontade todos os bens situados em seu território. O domínio iminente, portanto, é o poder exercido sobre todos os bens do território, sejam eles públicos ou privados. 
	A doutrina moderna contesta essa visão e passa a trabalhar com a atividade de polícia (suprime a expressão “poder”). Questiona-se a imposição do Estado, o caráter de império. 
Caso concreto: o fundamento comum é o poder de polícia em sentido amplo, conforme doutrina moderna, e função social, supremacia do interesse público e domínio iminente para a doutrina clássica. De qualquer modo, é de suma relevância destacar a função social. Diferença entre interesse público primário e secundário. 
	As modalidades de intervenção restritiva são requisição (art. 5º, XXV da CRFB/88), ocupação (art. 36 do DL 3365/41), servidão (art. 40 do DL 3365/41), tombamento (DL 25/1937) e limitações. Há uma baixa densidade normativa dessas modalidades. Em regra, não dão ensejo à indenização. 
	A desapropriação é modalidade de intervenção supressiva, subdividida em outras espécies, todas reguladas pelo DL 3365/41. É possível que leis específicas tragam mais instrumentos, como ocorre no Estatuto da Cidade. 
Aspectos gerais:
1) Requisição adm: o Estado se utiliza de bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente. A distinção está nessa situação de perigo público, que gera a necessidade de utilização dos bens particulares. Ex: desastres naturais, uso de escolas para abrigar pessoas desalojadas. 
Se inicia como uma intervenção restritiva, mas pode deixar de ser e se tornar repressiva, caso haja o perecimento do bem requisitado. Nesse caso, haverá direito à indenização, com prazo prescricional de 5 anos da pretensão indenizatória. É uma medida auto-executória, não tem um procedimento ou decisão judicial em razão do caráter de urgência. 
2) Ocupação: é a modalidade pela qual o Poder Público usa transitoriamente imóveis privados como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos.
3) Servidão:é o direito real público que autoriza o Poder Público a usar a propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de interesse coletivo. Não há necessariamente um imóvel dominante para as servidões adm. Ex: passagem de fiação de energia elétrica. Em regra, não é autoexecutória, se submete a um procedimento de desapropriação. Pode ser determinada por lei, em situações excepcionais.
4) Tombamento: é voltada para a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.
5) Limitações administrativas (sentido estrito): são determinações de caráter geral que conformam o conteúdo da propriedade.
	São temporárias a requisição administrativa e a ocupação temporária, enquanto servidão, tombamento e limitações são consideradas definitivas. Direito de propriedade é absoluto, pleno, exclusivo e perpétuo. Com relação a essas características, as três primeiras irão afetar a exclusividade. O tombamento e as limitações afetam o caráter absoluto. A desapropriação afeta o caráter perpétuo, já que é o sacrifício do direito. 
Competência legislativa: Desapropriação e requisiçãosão de competência exclusiva da União, enquanto as demais são de competência concorrente entre os entes. 
Competência administrativa é, em regra, comum. Desapropriação confisco e para fins de reforma agrária é de competência da União. Não está expresso na CRFB/88, mas decorre da interpretação dos artigos 142 e 143. A desapropriação urbanística e sancionatória é do Município (art. 182 da CRFB/88). O Município pode desapropriar imóvel rural por interesse social (Lei 4132/62), pois estaria sendo feito a desapropriação ordinária, mas não pode fazer para fins de reforma agrária.
Via de regra, a declaração é por meio do decreto expropriatório, mas pode ser feito por lei. Isso não se confunde com regra para legislar, já que a lei referida iria ser de efeito concreto. 
BENS PÚBLICOS
	O conceito legal de bens públicos está no art. 98 do Código Civil. A legislação utiliza o critério de domínio para definir os bens públicos. Ou seja, bem público é o que pertence à PJ de direito público, seja administração direta ou indireta. 
Os bens das estatais (SEM e empresa pública) são considerados bens privados, mas podem ter tratamento de bens públicos, principalmente se afetados a prestação de serviços públicos. Não é a mesma coisa que dizer que é bem público, mas sim, conferir determinadas garantias que são próprias de bens públicos, sem retirar o seu caráter de privado.
No regime jurídico dos bens públicos, as características são inalienabilidade (ou alienabilidade condicionada), impenhorabilidade, não onerabilidade e imprescritibilidade. A impenhorabilidade decorre do princípio da continuidade do serviço público. 
Há um entendimento (Bandeira de Mello) de que bens afetados a serviços públicos são bens públicos, só que essa tese contraria a disposição legal do CC. 
Classificação quanto à titularidade: federais, estaduais ou municipais. O uso dos bens federais é regulamentado pelo DL 9760/46. Art. 20 e 26 da CRFB/88. 
· Terras devolutas: pela CF (art. 20, II c/c art. 26, IV), as terras devolutas pertencem aos estados, pois as pertencentes à União estão especificadas. Tem esse nome porque foram terras devolvidas à Coroa Real. Lei 6383/76 trata do processo discriminatório das terras devolutas, havendo uma controvérsia quanto ao fato de existir ou não uma presunção de ser terra devoluta quando o bem não possui registro. Para os administrativistas, essa presunção existe e é relativa, sendo, em princípio do estado, se não estiver na fronteira. O STJ rechaça essa teoria, aduzindo que não pode haver essa presunção, a União tem o encargo de provar a sua titularidade sobre terras devolutas de fronteira.
 Art. 225, §5º. 
· Terras indígenas: são bens da União (art. 20, XI c/c art. 231 da CF). As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são terras da União, cuja posse é da população indígena. Serão demarcadas pela União, que se submete a um procedimento com estudos sociológicos e culturais. 
Art. 231, §6º diz que são nulos e extintos os atos que tenham por objeto ocupação, domínio e posse das terras ou exploração dos recursos naturais, ressalvados interesse público. Se é considerado terra indígena, o particular que perde a terra não sofre a desapropriação, mas a sua titularidade é considerada nula. Assim, não perde a propriedade, mas nunca sequer teve a propriedade. Por isso, não há direito de indenização.
Quanto à destinação: uso comum do povo, uso especial ou dominicais (art. 99 do CC).
	Afetar o bem é dar-lhe uma finalidade pública. Desafetar é retirar essa finalidade pública. Via de regra, a desafetação é por lei, mas pode se dar de forma tácita (ex: por evento natural). 
	Os bens de uso comum e especial são afetados, enquanto os dominicais são desafetados. Os bens de uso comum do povo são aqueles que sua utilização é franqueada em igualdade de condições a todos os membros da coletividade. Em geral, o uso comum é gratuito, mas excepcionalmente pode ser remunerado (ex: pedágio). O fato de ser de uso comum não significa impossibilidade de restrição de acesso. 
	Os bens de uso especial são aqueles utilizados pela adm pública para a execução de suas atividades. Geralmente destinam-se à realização de serviços públicos. Dividem-se em direto (serviços públicos e atividades estatais) e indireto (diz respeito à garantia de um interesse da coletividade).
As terras ocupadas pelos indígenas são de uso especial, já que protege o interesse de uma coletividade. Cemitério é bem municipal, mas o jazigo é bem de uso especial. 
AULA 02
Bens públicos
A fundamentação normativa é tanto constitucional quanto legal. Na CF, a menção abens públicos está no art. 20, ao tratar de bens da União; no art. 26, sobre bens dos estados; art. 176 trata da ordem econômica e no art. 16, §3º do ADCT. No CC, artigos 98 a 103. 
O conceito de bem público é o bem de qualquer natureza pertencente à pessoa jurídica de direito público, da administração pública direta (U, E, DF e M) e indireta (autarquia e fundação pública autárquica ou de direito público), sob regime jurídico próprio. 
A natureza do bem é irrelevante, o que é determinante é a titularidade. Info 1085 reconhece que é possível a fundação pública de direito privado. 
1) Bem pertencente a estatais (SEM e empresa pública):
A PJ pertence ao direito privado, mas integra a adm. pública. Há controvérsia na doutrina sobre bens que pertencem às estatais. Hely Lopes Meirelles e Toshio Mukai defendem que estes bens são públicos, pois há reversão em favor da adm pública direta em caso de extinção da estatal, então sempre houve vínculo entre o bem e o Estado. 
A posição dominante (Celso Bandeira de Mello e Di Pietro) é de que os bens pertencentes às estatais são bem privados. O argumento é que esses bens são penhoráveis, mesmo quando o objeto for serviço público, então não possuem característica própria de bens públicos (impenhorabilidade).
A primeira posição foi vencida porque, apesar de haver essa reversão, isso decorre de um princípio de direito empresarial, e não de direito público. O bem não é revertido para o Estado, mas para o sócio, que no caso é o Estado. Se fosse qualquer outra pessoa física ou jurídica, iria ocorrer a mesma coisa. O beneficiário da reversão é a pessoa do sócio. 
O argumento que confirma a segunda posição é de que, de fato, o bem da estatal sempre sofre penhora. A estatal presta serviço público ou exerce atividade econômica. O serviço público tem princípios próprios, dentre os quais a continuidade. Mesmo quando for serviço público haverá penhora, mas poderá haver restrição quantitativa dos bens penhoráveis. 
A regra geral, portanto, é de que se houver bem estatal e o objeto for serviço público, tem que saber o limite da responsabilidade para que não haja prejuízo do serviço público. Até esse limite, que não compromete o serviço público, responde diretamente a empresa estatal; a partir do limite, responde de modo subsidiário (e não solidário) o ente que a criou. 
· ECT: caso peculiar. A lei que autorizou sua criação é pré-constitucional (DL 509/69) diz que seus bens são impenhoráveis e garante outras prerrogativas dos bens públicos. Essa disposição foi recepcionada pela CF. Isso não significa que é bem público, permanece sendo bem particular, mas é impenhorável por previsão legal. O CC prevê expressamente que é bem privado. Julgamento do RE 220.906 (2000). 
· ADPF 588 (Info 1014 STF): estendeu a toda estatal a regra de que os bens não responderão mediante penhora e sim por precatório, se satisfeitas três condições: tem que prestar serviço público essencial, em monopólio, que não tenha por fim imediato a obtenção de lucro. STF confere, portanto, característica de bem público a bem privado. A tendência do STF é estender precatório para além da Fazenda Pública, como já feito com relação a ECT, Infraero e metrô de SP. 
Classificação dos bens públicos
· Uso comum do povo
· Uso especial
· Dominical
Bem público de uso comum do povo é o bem afetado, ou seja, ao qual é atribuído um fim público a ser cumprido. Essa afetação se dá por três modos: destinação natural,por ato legislativo ou por ato administrativo. É destinado a uso e fruição geral da coletividade. 
Bem de uso especial é afetado por ato legislativo ou administrativo para a prestação de serviço público. 
Bem dominical não tem afetação, seja por nunca ter tido ou por ter perdido por alguma razão. Há 4 exemplos: terra devoluta, terreno de Marinha (destinado a aforamento, atividade privada), moeda corrente (destina-se a transações financeiras) e dívida ativa (por força de lei é bem móvel e não tem fim público vinculado).
· Utilização
1) de uso comum do povo: a regra é a utilização por pessoas indeterminadas. Há cinco ressalvas possíveis: a) independentemente do consentimento do Poder Público; b) desde que em conformidade com a sua destinação natural; c) não lhe causando sobrecarga invulgar (uso excessivo); d) ainda que de forma remunerada; e) admitindo restrições por motivo de segurança, higiene ou preservação ambiental. 
	Se o bem for usado em desconformidade com a destinação natural ou a gerar um uso excessivo, o bem continuará sendo de uso comum do povo, mas precisará de consentimento do Poder Público.
	A remuneração, por si só, não desqualifica a condição de uso comum, desde que seja proporcional ou uma contraprestação igualitária. 
	A restrição deve ser devidamente formalizada, sob pena de cabimento de remédios constitucionais, dentro dos três tópicos. A formalidade vai depender de quem emitirá, podendo ser decreto (chefe do Executivo), deliberação (órgão colegiado) ou resolução (órgão singular). 
2) uso especial: a regra é a utilização por pessoas determinadas, atendidas as condições para prestação do serviço público. Pode ser restringido, se for uma condição imposta para a eficiência daquele serviço. Pontualmente, pode ser questionada a forma como a restrição se dá. 
3) dominical: não há como precisar uma regra. 
 
· Alienação 
	É possível a alienação de bens públicos, desde que observado o pressuposto inafastável de não afetação. O bem necessariamente tem que estar desafetado. Em regra, a desafetação deve ocorrer da mesma forma que a afetação, pela simetria das formas (ato administrativo ou legislativo) Fica ressalvada a desafetação natural ou fática, ou seja, pode ser que um evento fático, por si só, retira do bem o seu fim público. Ex: praça afetada por lei para ser de uso comum do povo, mas por uma explosão de tubulação a praça foi desafetada; queda de prédio onde funcionava uma prefeitura.
	Estando o bem desafetado, há requisitos formais:
1) Sendo bem móvel: deve haver avaliação prévia; demonstração de interesse público em alienar o bem; licitação (salvo se a lei dispensar ou não exigir). 
2) Sendo bem imóvel: além das três anteriores, exige-se autorização legislativa. Essa exigência decorre do sistema de freios e contrapesos. Como o valor é maior, o controle deve ser reforçado, por meio da atuação legislativa. 
· Registro
	A lei 6015/73 não fala sobre bem público. Não há regra legal, é um costume cartorário. O bem público de uso comum do povo não costuma ser registrado, mas os de uso especial ou dominical costumam ser registrados. O de uso comum decorre da impossibilidade fática. 
 Características
· Inalienabilidade: os bens de uso comum e especial, enquanto afetados, não podem ser alienados. Quando desafetados, podem ser alienados. 
· Imprescritibilidade: o bem público não pode sofrer prescrição aquisitiva ou usucapião. 
*Há usucapião em bem público? Sim, em caso de aforamento de terreno de Marinha. O bem público não é usucapido e continua público e federal, mas há a usucapião do domínio útil que incide sobre o bem. Semelhante à enfiteuse do direito civil. 
*Tribunal de Contas pode apreciar a inconstitucionalidade, mas não pode declarar por não órgão do PJ.
*Não há usucapião contra o Estado, mas pode ter em favor ou imposto pelo Estado. 
*Terra devoluta: não tem fim a ser cumprido, então pode ser usucapida? De um lado há uma posição minoritária de Silvio Rodrigues e Álvaro de Aquino, que dizem que é possível a usucapião (forma de dar função social, semelhante a legitimação da posse; não pode usucapir apenas a terra coletiva). Marco Aurélio Bezerra de Mello diz que é possível, enquanto não for discriminada (formalização da terra), porque só é bem público a partir desse ato. A posição majoritária é no sentido de que nenhum bem público pode ser usucapido (Orlando Gomes, Caio Mário, jurisprudência de todos os tribunais). Art. 183, §3º e art. 191, § único da CF. Art. 200 do DL 9760/46.
O imóvel vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação deve ser tratado como bem público, porque está afetado à prestação de serviço público, sendo, assim, imprescritível (STJ. Terceira Turma. Resp. 1874632/AL. Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/11/2021)
Legitimação da posse.
Investidura está no art. 188, para alienar bem público. 
Caso concreto: ação cabível é o MS. REsp 1725385 sobre bem público não há posse, seja de boa-fé ou má-fé. Há apenas detenção do bem. Indenização de benfeitoria (art. 1219 do CC) ocorrerá se houver posse de boa-fé. 
· Impenhorabilidade
	Via de regra, a execução patrimonial é feita por penhora. Como não pode ter penhora de bem público, criou-se o precatório. Na penhora, a garantia é real, enquanto o precatório incide sobre o orçamento e por isso perde o grau de efetividade. Essa é a origem do precatório.
· Inonerosidade
	Bem público não pode ser dado em garantia, ou seja, não se constitui direito real de garantia sobre bem público. Isso porque no orçamento público há uma característica de previsibilidade. 
Gestão de bem público
É o consentimento do bem público para uso especial de bem público. 
DL 9760/46, artigos 87 e 99. Não se usa a lei de locação. 
· Locação
· Comodato
· Aforamento
Quatro institutos (de competência do Município): 
1) Concessão de uso: contrato adm por meio do qual a AP consente no uso especial de bem público independentemente do maior ou menor interesse das partes contratantes. Prazo determinado por lei. Ato bilateral. 
	
2) Permissão de uso: ato administrativo por meio do qual a AP consente no uso especial de bem público para atendimento de interesses concorrentes do permitente, permissionário e usuário. Permissão de serviço público é contrato, mas não se confunde. Ato unilateral que interessa a todos. 
3) Autorização de uso: ato administrativo por meio do qual a AP consente no uso especial de bem público para atendimento de interesse exclusivo ou preponderante do autorizatário. É um ato precário.
4) Cessão de uso: ato administrativo por meio do qual a AP consente no uso especial de bem público para outro órgão ou entidade da administração pública. 
Caso concreto: havia autorização, mas com prazo esgotado. STJ entende que deve ser rejeitado, porque havia apenas a detenção. Os atos adm são autoexecutórios, independentemente de haver ou não decisão judicial, sendo um de interdição de atividade e outro de destruição de coisa. O Estado exerce o poder de polícia de forma regular, nesse caso. Não há aplicação da confiança legítima, pois para aplicá-lo tem que ter um ato defeituoso do Poder Público. No caso, a pretensão é ilegítima, não há defeito na atividade estatal, então não há confiança. 
Princípio da confiança: é um princípio alemão que define que todos os administrados têm confiança na validade dos atos do Poder Público. Se for possível manter o ato, deve ser mantido, se não for possível, deve-se manter no mínimo os efeitos por ele produzidos. Modulação de efeitos é uma manifestação do princípio da confiança. Só é aplicável quando houver um ato viciado do Estado.
Intervenção do Estado na propriedade
1) Requisição
	Fundamento no art. 5º, XXV, art. 22, III e art. 139, VII da CRFB/88 e DL 4812/42.
 
Conceito: é um direito pessoal (natureza jurídica), consistente na utilização provisória e bem imóvel, móvel ou serviço alheio (objeto), para o atendimento de situação de perigo público iminente, mediante ulterior indenização dos prejuízos efetivamente ocorridos. 
Rigor técnico:	Se houvesse ato ilícito, não haveria indenização,porque havendo dano há ressarcimento ou reparação. O prejuízo gera indenização. 
Requisição pressupõe risco.
 
MS 25295: acórdão de 2003 que foi citado diversas vezes durante a pandemia. A União em 2003 decretou intervenção federal no RJ por calamidade pública de saúde solicitando requisição de hospitais municipais para administrá-los e gerir a situação. Era uma requisição de bem que substancialmente era uma intervenção. STF deu a ordem pelos seguintes argumentos: não há intervenção federal sobre município (intervenção per saltum não é permitida) e só é possível a requisição de bem público desde que haja estado de sítio decretado (art. 15 da Lei 8080/90). 
O requisito do estado de sítio foi invocado no caso de respiradores mecânicos. 
2) Ocupação 
	Fundamentação no art. 136, §1º da CF, art. 36 do DL 3365/41 e art. 13 a 16 da Lei 3924/61.
Conceito: é um direito pessoal, consistente na utilização provisória de bem imóvel, para a execução de obra pública ou prestação de serviço público, mediante ulterior indenização dos prejuízos efetivamente ocorridos. 
Exemplo: utilização de terreno baldio para guardar maquinário de obra pública. Encerrada a obra, devolve o terreno e paga eventual indenização por prejuízos sofridos. 
	A indenização é um procedimento administrativo em que a própria AP estipula qual foi o prejuízo sofrido, nada impedindo que haja impugnação do particular para discussão do valor. 
RE 84986: envolve distinção entre ocupação e desapropriação indireta. A segunda é a consequência do apossamento administrativo, que é qualquer situação em que o Poder Público tem a posse sobre bem particular. Quando esse bem particular se incorpora ao domínio público de forma irreversível, ocorre a desapropriação indireta. O apossamento ainda permite a reversão. Se houver apossamento formalizado, será ocupação temporária. Porém, a ocupação pressupõe a formalização desde o princípio. 
3) Limitação administrativa
	Fundamentação no art. 5º, XXIII e art. 170 da CF, Lei 10257/01. 
Conceito: ato administrativo ou legislativo (natureza jurídica), veiculado por decreto executivo ou lei ordinária, praticado no exercício do poder de polícia, mediante a imposição de obrigação de fazer, não fazer ou permitir, consistente na limitação permanente à utilização da propriedade de bem imóvel, para a adequação da propriedade à sua função social (pressuposto), sem indenização dos prejuízos ocorridos. 
Ex: gabarito de prédio. Decorre da polícia edilícia. Impõe-se ao proprietário a obrigação de não fazer, havendo uma limitação permanente para atender sua função social, com repercussão ambiental, inclusive. Recuo de prédio também é exemplo. 
RE 140436: teoria do aniquilamento da propriedade privada ou esvaziamento do conteúdo econômico do bem. Qualquer situação na qual o PP que seja desproporcional, aniquilando a propriedade ou esvaziando o conteúdo, cabe ação de perdas e danos sobre quem interviu sobre a sua propriedade. A intensidade do ato é desproporcional, mas não o torna ilícito. Essa desproporcionalidade que pode ser submetida ao controle judicial. Nunca será o controle direto do mérito, não vai discutir se cabe ou não a limitação.
ADPF 45, voto Celso de Mello. 
4) Parcelamento e edificação compulsórios
	Fundamentação no art. 182, §4º, I e Lei 6766/79. 
Conceito: é ato legislativo (municipal e vinculada ao plano diretor), veiculado por lei específica para área incluída pelo plano diretor, consistente na sanção imposta ao proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, para a adequação da propriedade à sua função social, sem indenização dos prejuízos ocorridos (já que se trata de sanção). 
Caso concreto: plano diretor está no art. 182, §1º da CF e Estatuto da Cidade. 
5) Tombamento
	Fundamento no art. 23, III, art. 24, VII e art. 216 da CF, DL 25/37 e Decreto 3866/41.
Conceito: procedimento administrativo, consistente na restrição permanente ao uso e disposição de bem imóvel ou bem móvel, para a tutela do patrimônio histórico-cultural, sem indenização dos prejuízos ocorridos. Há casos práticos em que há tombamento de bem imaterial. Pode haver ajuda de custo, mas não é indenização. É possível ter destombamento. 
Exemplo: FND. 
Caso concreto: Lei 10257, art. 35. 
Direito de construir: há a revogação de ato vinculado no Brasil? A licença para construir é ato vinculado. Se quiser extinguir esse ato, aparentemente não há solução. De acordo com o professor Hely Lopes Meirelles, seria uma exceção que permitiria a revogação de ato vinculado, por inexistência de outra saída. STF utiliza isso. Há outra possível solução que é a desapropriação do direito real de construção, que é um pouco mais técnico (Lucia Figueiredo) e importaria em pagamento pelo Município. 
6) Servidão
	Fundamento no art. 40 do DL 3365/41.
Conceito: é um direito real de gozo ou fruição, consistente na utilização permanente de bem imóvel alheio, para a execução de obra pública, prestação de serviço público ou trânsito de agente público no exercício de suas atribuições, mediante prévia indenização de prejuízos aferíveis. 
Ex: terreno entre duas ruas e é necessário o trânsito de policiais para garantir a segurança. 
Terreno reservado ou marginal: discussão se existe ou não servidão por lei. Código de Águas fala em terreno reservado. Di Pietro diz que não é servidão legal, mas afetação, já que não é bem particular e sim público. STF tem súmula 479 que resolve essa questão ao dizer que terreno reservado é bem público, porém bem público afetado. 
AULA 03
Noções gerais
	A regra é não haver indenização pelas intervenções mais brandas, salvo se houver dano devidamente comprovado pelo particular.
	A intervenção branda que com maior frequência gera indenização é a servidão adm, porque traz, dependendo docaso, severas restrições ao exercício do direito da propriedade. O maior exemplo é a passagem de oleoduto. Uma servidão gratuita é a colocação de placa com o nome de rua em um prédio. 
	A intervenção branda que menos traz indenização é a limitação adm, porque é criada por lei. Não há prejuízo individualizado. Exemplo: toda propriedade rural sofre uma restrição destinada à mata nativa (área de reserva legal). Não afeta um proprietário específico.
	O STF confirma a tese de, se o tombamento gerar esvaziamento econômico, poderá gerar indenização. O tombamento também pode gerar valorização do bem. 
	Para todas as intervenções brandas, as diferenças serão com relação à forma, sujeito passivo e objeto. O sujeito ativo para todas será todos os entes federados. 
Servidão administrativa
· Forma
	Em regra, tem a forma de decreto. A desapropriação começa da mesma forma. Art. 40 c/c art. 6º do DL 3365/41. É o decreto que declara a utilidade pública do bem para se tornar a coisa serviente (que sofrerá a servidão). A competência, portanto, é do chefe do Executivo. É a principal diferença entre servidão e limitação, que tem a forma da lei. A limitação é criada por lei, mas precisa de um decreto regulamentar. A limitação não pode ser criada por decreto, sob pena de violar o art.5º, II da CF.
Servidão -> decreto		Limitação -> lei
	Existem servidões criadas por lei (nenhuma delas usa o termo servidão expressamente):
1) O código do ar (aeronáutica), que cria uma zona de proteção (art. 43 da Lei 7565/86). A coisa dominante é o serviço público de navegação aérea que justifica a criação da servidão. A coisa serviante é o imóvel no entorno do aeroporto. Apesar de limitar o gabarito do prédio, não é uma limitação, já que existe uma coisa dominante e coisa serviente. A limitação nesse caso é por causa da navegação aérea, então tem uma especificidade que a torna servidão. A limitação administrativa geralmente está ligada a questões urbanísticas. 
2) No DL 25/37, que é a lei de tombamento, no artigo 18 há uma servidão, em que a coisa dominante é o patrimônio histórico, artístico e cultural e a coisa serviente são os imóveis em torno do bem tombado. Os tombamentos promovidos pelo IFAM definem em todos os casos qual a dimensão da zonade proteção, fazendo um convênio com os municípios. O alvará de licença é competência municipal, a lei só exige que no entorno dos bens haja a observância do limite de construção. 
3) Na lei do SNUC, o artigo 25 da Lei 9985/00 prevê a zona de amortecimento. É obrigatória e está fora da unidade de conservação. A coisa dominante é a defesa da preservação ambiental. A coisa serviente são os imóveis ao redor da unidade de conservação. Manuais não costumam usar esse exemplo. Toda zona de amortecimento é servidão. 
	Uma unidade de conservação pode ter sua gestão conferida a OSCIP. Uma resolução da OSCIP ou qualquer outro ato pode prevalecer sobre a lei municipal? O §1º do mesmo artigo 25 leva à conclusão de que o parecer do órgão gestor é o que prevalece, ainda que sobre a legislação municipal. Isso porque compete ao órgão gestor definir a zona de amortecimento. 
	Terrenos marginais só são encontrados em localidade ribeirinha que tenha rio navegável. Originalmente, havia a discussão de se eram servidão, já que apesar de ser bem da União o artigo 4º do DL 9760/46 definia que era servidão. O art. 20, III da CF diz que é bem da União, encerrando a discussão. Diogo de Figueiredo defendia a tese de que era servidão e a CF gerou uma expropriação constitucional confiscatória. 
Para o direito adm, expropriação é a mesma coisa que desapropriação. Para civilistas, expropriação não tem indenização e desapropriação tem. Art. 243 da CF também trata de expropriação de propriedade rural e urbana que tenham cultivo ilegal de drogas ou trabalho escravo, sem qualquer indenização (EC 81/2014). Por conta desse artigo gerou-se essa diferença entre expropriação e desapropriação. 
· Objeto
	O objeto da servidão sempre será o bem imóvel. Tem a natureza de direito real.
Adilson de Abreu Dallari tem um parecer minoritário de que o carteiro uniformizado e o militar fardado, ao usar o transporte coletivo gratuitamente, exerce uma servidão adm. A coisa dominante seria o serviço postal ou a segurança pública. A coisa serviente seria o transporte público. O mesmo raciocínio se aplica ao oficial de justiça. Seria uma exceção ao objeto enquanto bem imóvel. 
	Servidão - bem imóvel 		Limitação - bens variados
· Sujeito passivo
	Nas intervenções brandas, será determinado/concreto/específico (mais comum falar em determinado) ou indeterminado/abstrato/genérico. Na servidão é o primeiro, já que a forma é um decreto e há a obrigação de fazer o registro público. Na limitação é indeterminado, já que é instituída por lei.
	Servidão - determinado		Limitação - indeterminado
Servidão - indenização mais frequente	Limitação - rara indenização
Ocupação temporária
	Possui as mesmas características da servidão. A diferença é que é temporária, enquanto a servidão é permanente (tem registro público e se torna obrigação propter rem). Não há lapso para definir a temporariedade em lei, só o ânimo de devolução. 
	Di Pietro traz ocupação temporária para sítios arqueológicos, de forma a anteceder o tombamento, para averiguar se há os requisitos históricos. Art. 13 da Lei 3924/61. Prevê apenas estudos preliminares para verificar a autenticidade. 
	Existe exemplo de ocupação temporária na CF? No estado de defesa (art. 136, 1º, II) há uma hipótese de ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos diante de calamidade pública. Apesar de falar em ocupação, trata-se na verdade de requisição, já que abrange serviço público e fala em calamidade pública. 
Requisição administrativa
	Pode ocorrer de forma verbal. Não há forma rígida, vai depender de quem emite. Utiliza-se a expressão termo de requisição. 
	Art. 5º, XXV da CF/88 seria um conceito constitucional da requisição, mas gera dúvidas por não utilizar o termo propriamente. Para atender uma situação de urgência, tudo pode ser requisitado. 
	ADI 3454 em 2022 confirma que não é possível fazer a requisição de bem público. Na desapropriação a indenização é prévia, na requisição é posterior. 
Limitação administrativa
APP: área de preservação permanente
ARL: área de reserva legal
AVU: área verde urbana
	Todos os entes podem fazer limitação administrativa, seja na área urbanística ou ambiental. 
A União cria a norma geral no direito ambiental, mas o mesmo não ocorre no direito urbanístico. A CF deixa claro que a principal lei urbanística é uma lei municipal, que é o plano diretor (artigo 24 c/c artigo 182, §1º da CF). No caso do Rio, é a LC 111/2011. 
Dificilmente haverá uma lei trazendo um tratamento especializado. DPERJ já trouxe questão que tratava da responsabilidade civil do Estado por ato lícito em que o exemplo é uma limitação administrativa. Mesmo havendo legalidade e legitimidade, pode haver tratamento anormal. A lei recairá desigualmente sobre os particulares, ainda que seja em conformidade com o interesse social. Exemplo: calçadão que veda a passagem para terreno baldio. 
*Responsabilidade do risco suscitado é trabalhado por Celso Antônio, apesar do STJ rechaçar. 
· Forma
	É a principal característica. É a única intervenção que apenas pode ser criada por lei, pois traz restrições ao direito. Medida provisória ter força de lei, então pode instituir limitação. A criação da unidade de conservação pode ser feita por qualquer ato normativo, mas a desafetação/extinção só pode ser por lei. ADI 4717 (2018) proibiu o uso de MP para desafetar UC. 
Alinhamento divide o bem público do bem particular. O proprietário constrói em área afastada, mas a parte do alinhamento também é propriedade particular. 
Direito de protocolo: o pedido de licença para construir obedecerá à lei vigente na data do protocolo, quando cumpridos todos os requisitos legais. É pautado no princípio da segurança jurídica. PGM Rio tem a convicção de que não há direito de protocolo por falta de previsão legal. 
	Se a forma é via lei, o sujeito passivo, em regra, é indeterminado, já que a lei recai sobre todos de igual forma. 
· Objeto
	É o mais variado possível. Qualquer ato de poder de polícia pode ser rotulado como limitação administrativa -> ”toda limitação individual em prol do interesse coletivo”.
Alvará de licença: é o maior exemplo de limitação. 
No direito urbanístico, é ato vinculado (se cumpre os requisitos legais, adquire o direito de construir). 
No direito ambiental, é ato discricionário, considerando que há um arcabouço principiológico próprio que incidirá na análise do pedido de licença, ainda que os requisitos da lei tenham sido cumpridos. 
Resolução do CONAMA 237/1997 traz, inclusive, prazo da licença, aplicado-se a lei da época da renovação. 
Atenção para a natureza jurídica diferenciada. 
Tombamento
Previsão no artigo 23, III e artigo 24, VII da CF. DL 25/37 é a lei federal. Autarquia estadual é o INEPAC, não o IPHAN, que é autarquia federal. Todos os entes podem legislar.
Em regra, não haverá indenização do tombamento. É uma intervenção branda que não gera perda da propriedade, mas tem que levar ao registro público. A forma do tombamento é a inscrição no livro tombo. Em âmbito municipal, como não há autarquia, geralmente é feito por decreto do prefeito. 
Art. 216 da CF: o sujeito passivo ora é determinado, ora é indeterminado. É possível o tombamento por lei, que será uma lei de efeitos concretos. Independe da forma para ser determinado ou não, mas do valor histórico. O §1º não fala apenas em tombamento, mas tem outros mecanismos (rol exemplificativo). 
Caso concreto: ADI 5670. Pode ter tombamento por lei. Parte do Aterro que abrange a Praia de Botafogo é tombada por lei municipal. 
Crime ambiental pode ser qualificado por ser sobre bem tombado. 
	A única forma de proteger o patrimônio contra o tombamento é a prova de que não há elementos culturais, o que é praticamente impossível de acontecer. É uma intervenção compulsória. 
Tombamento provisório está no DL 25/37. 
	Os efeitos do tombamento estão nos artigos 11 e seguintes, podendo ser sobre positivo (ob. de conservar o bem tombado), negativo ou perante terceiros (servidão do art. 18). A conservação, contudo, é feita mediante um técnicoenviado pelo IPHAN, então haveria na verdade uma obrigação de não fazer. 
	O novo CPC acabou com a preferência de alienação de bem tombado para o Poder Público. 
	Atenção ao artigo 14. 
	DL 3866/41 admite que o chefe do Executivo possa cancelar o tombamento. Não diz se é por revogação ou anulação. Em tese, o tombamento é definitivo, mas pode ter cancelamento para atender interesse público maior do que o existente na época que foi feito. 
APAC (área de proteção do ambiente cultural)
	Pode ser encaixado no artigo 216, §1º da CRFB/88 em “diversas formas de proteção”. Costuma ser veiculada no plano diretor, não em legislações específicas. No PD-Rio, está no artigo 135. 
AULA 04
Desapropriação
· Conceito
	É procedimento através do qual há transferência da propriedade do bem particular para o domínio público, em razão de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. 
A natureza jurídica é de procedimento, que não necessariamente será administrativo. Pode ser judicial. 	
A primeira fase do procedimento é declaratória, na qual há a declaração da ocorrência dos pressupostos da desapropriação. Essa fase é necessariamente administrativa, se traduz uma declaração expropriatória que inaugura o procedimento. Nem sempre será decreto, pode ser por resolução ou deliberação. No caso de DNIT e ANEEL, será por resolução ou deliberação. 
Depois há a executória, em que haverá a execução das medidas tendenciosas a consumar a desapropriação. Essa fase pode ser administrativa ou judicial. O que determina a judicialização é acordo entre expropriante e expropriado. Havendo consentimento, a fase será administrativa, formalizada em escritura pública, mesmo que o bem seja móvel. Se for bem imóvel, tem que ser registrado para ser oponível erga omnes. Não havendo acordo, haverá a judicialização. O Estado postula a ação e obtém uma sentença, sendo igualmente necessário o registro. 
Judicializar é sujeitar ao Judiciário algo que inicialmente não lhe é afeto. Ativismo é um comportamento com proatividade, que não significa invasivo.
Esse ato administrativo não tem autoexecutoriedade (heteroexecutáevl, para Diogo de Figueiredo), então a administração pode recorrer ao Judiciário. Esse atributo também falta na servidão, nas sanções administrativas. 
Na ação desapropriatória, a principal característica é a restrição defensiva. O expropriado pode apresentar qualquer alegação formal, mas materialmente só pode discutir preço. Se pudesse discutir outra coisa, entraria no mérito administrativo, que o Judiciário não pode adentrar.
No direito civil, quando se fala em transferência de propriedade, há diferenciação entre originária ou derivada. Se transmite-se propriedade já existente, a transferência é derivada, acompanhada dos vícios já existentes. A originária é desvinculada a título aquisitivo anterior, é uma propriedade nova. 
Entende-se que o Estado adquire propriedade nova, desvinculada de título aquisitivo anterior, sem qualquer tipo de vício. Pode haver desapropriação de bem hipotecado. Afetará o preço a ser pago, subroga-se no preço o valor do crédito hipotecado.
1) Necessidade pública significa situação incomum/anômala. 
2) Utilidade pública é a conveniência da Administração Pública. 
3) Interesse social é o melhor atendimento ao bem-estar social. 
· Classificação
· Desapropriação ordinária por necessidade ou utilidade pública (art. 5º, XXIV, initio da CF c/c DL 3365/41) e desapropriação ordinária por interesse social (art. 5º, XXIV, in fine da CF c/c Lei 4132/62):
Qualquer ente político pode declarar a desapropriação, a competência é concorrente entre União, Estado, DF e Município. Todo ente com autonomia política
	O objeto é bem de qualquer natureza que tenha valor econômico quantificável. Deve ser suscetível de avaliação econômica para aferir a indenização. 
	A indenização deve ser prévia, justa e em dinheiro. 
· Desapropriação extraordinária para fins de urbanização (art. 182, §4º, III da CF c/c art. 8º da Lei 10257/01): a competência é exclusiva do Município. Como o DF acumula competência municipal, também pode. O objeto é bem imóvel urbano que descumpre a sua função social. A indenização é prévia e paga por meio de título da dívida pública (caracteriza uma sanção). 
· Desapropriação extraordinária para fins de reforma agrária (art. 184 e 186 da CF c/c LC 76/93 e Lei 8629/93): competência exclusiva da União. O objeto é bem imóvel rural que descumpre a função social. A indenização é também paga em título da dívida pública na subespécie de dívida agrária. 
· Desapropriação confiscatória (art. 243, CF): a rigor, é um confisco do bem. É uma sanção cível que não exclui a sanção penal. 
· Desapropriação judicial (art. 1228, §§4º e 5º do CC): há três conceitos indeterminados (área extensa, posse em número considerável e com obra relevante) para determinar a essa modalidade. Não é desapropriação por causa de três diferenças:
1) A desapropriação é de atribuição do Poder Executivo. Apesar de ser judicializada, a iniciativa é do Poder Executivo. A competência, na judicial, é do Poder Judiciário.
2) A desapropriação é inaugural de um procedimento administrativo. A desapropriação judicial é incidental em processo judicial. 
3) Quem paga a indenização é o Poder Público. Na judicial, há a discussão de quem deverá pagar. Prevalece na doutrina que é pago pelos possuidores que adquirem a propriedade. 
· Desapropriação indireta (art. 15-A, §3º e art. 35 do DL 3365/41): não há confusão com apossamento, que é o fato do Estado ocupar o bem. Quando se torna irreversível, com a incorporação do bem ao domínio público, há a desapropriação indireta. Não há qualquer grau de formalização. Não gera uma ação petitória, mas ação ressarcitória. Não é ação de direito real, mas ação pessoal
Competência
	Pode ser legislativa, declaratória e executória.
· Legislativa: para legislar sobre a desapropriação. É privativa da União (art. 22, II da CF). Não é exclusiva, pode ser delegada por força do parágrafo único do art. 22 (por LC, em favor de Estado e sobre questões específicas). 
· Declaratória: para declarar a ocorrência dos pressupostos da desapropriação. A regra é que sejam todos os entes políticos competentes concorrentes (art.2º do DL 3365/41). Há duas exceções previstas em lei:
1) Art. 82, IX da Lei 10233/01: DNIT. É uma autarquia federal, declara em relação a questões restritas a estrada de rodagem. 
2) Art. 10 da Lei 9074/95 (redação pela Lei 9648/98): ANEEL (agência reguladora), restrita a energia elétrica. Pode ser chamada de super agência, já que é a única que possui o poder de desapropriação. Nas demais situações, a União que irá declarar. 
(Caso concreto) REsp 1353976. Não cabe desapropriação nesse caso em específico porque não há posse de bem público, só detenção. A desapropriação pressupõe indenização.
· Executória: para executar medidas tendenciosas a consumar a desapropriação. Há uma regra e uma exceção. Art. 3º da DL 3365/41 diz que a competência executória é concorrente a qualquer entidade política e administrativa, ou seja, toda a Adm. Pública direta e indireta. 
A exceção única é o artigo 31, VI e art. 40, § único da Lei 8987/95 (Lei de Concessões e Permissões): a concessionária e a permissionária de serviço público pode executar a desapropriação. Se for de estrada de rodagem ou energia elétrica, haverá dupla exceção (declaratória e executória). Ex: ANEEL declara e concessionária executa. 
· Objeto
Impossibilidade material e jurídica
Impossibilidade material seria direito personalíssimo (pode ser expropriado o bem que corporifica o direito) e moeda corrente (meio pelo qual se paga a indenização, então não pode ser igual ao objeto)
Impossibilidade jurídica seria o artigo 185, II da CF, que é o caso de propriedade rural produtiva para fins de reforma agrária e o artigo 2º, §3º do DL 3365/41, que são bens que representam o capital de empresas cujo funcionamento depende de autorização federal (ex: Vale do Rio Doce trabalha com mineração, precisa de autorização federal -> é uma S/A, não pode expropriaras ações). 
5 questões:
1) Pode haver expropriação de cadáver? 
	Se houver óbito sem reconhecimento do corpo no prazo de 1 mês, há destinação científica. Ex: estudo científico sobre cadáver em caso de pandemia. José Carlos de Moraes Salles diz que há uma impossibilidade moral. Carvalho Filho diz que não há impossibilidade material e jurídica, então havendo as demais condições pode ocorrer. É uma discussão doutrinária.
Fernando de Noronha é bem público imóvel estadual. 
2) Bens que pertencem à entidade pública podem ser expropriados? 
Bem que pertence à entidade política sempre será público, mas o que pertence entidade administrativa pode ser particular ou público, a depender da entidade.
O bem público de entidade política, pelo art. 2º, §2º do DL 3365/41, pode ser expropriado, desde que haja a satisfação de duas condições: 1) autorização legislativa (forma de freios e contrapesos) e 2) respeito à “hierarquia” federativa.
O bem de entidade administrativa, respeitada a hierarquia federativa (ex: União que quer desapropriar bem de autarquia estadual), é possível, havendo a autorização legal. Sendo bem particular de entidade administrativa, sem observar a hierarquia federativa (ex: Município expropriar bem de SEM federal):
a) Carvalho Filho: impossibilidade, já que a norma fala da hierarquia e é aplicada de forma analógica. 
b) Hely Lopes Meirelles: possibilidade, desde que não haja afetação do bem ao serviço público. 
c) Sérgio Ferraz: possibilidade, não há qualquer impedimento. A norma não se aplica ao caso concreto. 
RE 172816. Posição pela impossibilidade. 
3) Bem pertencente a proprietário determinável pode ser desapropriado?
	Pode, porque não há impossibilidade jurídica ou material. Porém, nesse caso, terá duas características próprias: a) a fase executória necessariamente será judicial, porque não há como saber com quem fazer acordo e b) a citação terá que ser ficta/por edital (proprietário do bem x).
4) Terreno reservado
5) Retrocessão 
	É uma forma de alienar bem público. É a alienação do bem ao seu antigo proprietário pelo valor pago a título de indenização em sede de desapropriação. O bem retrocede ao proprietário anterior, que irá pagar de volta a indenização recebida. 
	O pressuposto é a tredestinação ilícita, que é o desvio de finalidade do bem, sem observar o interesse público. Havendo a tredestinação lícita, ou seja, sem ferir o interesse público, não cabe a retrocessão (ex: em vez de construir uma praça, constroi um hospital). 
	A teoria administrativa (Miguel Seabra Fagundes) diz que há direito real, reivindica-se a propriedade por ação petitória. A teoria civilista (Ebert Chamoun) diz que é um direito pessoal, busca-se o ressarcimento ou reparação. A teoria híbrida (Di Pietro e Carlos Maluf) dizem que é um direito híbrido, cabendo a postulação, a princípio, só da propriedade, mas se esta estiver danificada ou modificada substancialmente, caberá o pedido de perdas e danos. 
STF e STJ seguem a tendência de que é direito real, mas não há posição pacífica. Só pode ser discutido na via judicial atende ou não interesse público, sem adentrar o mérito.
· Indenização
É prévia, justa e em dinheiro.
 
· Prévia (RE 184.069): quer dizer que a indenização é inteiramente paga até a consumação da desapropriação, ou seja, quando houver pagamento integral e tradição do bem móvel ou pagamento integral com registro do bem imóvel.
	A lei prevê imissão provisória na posse, com pagamento de 30% para essa admissão. STF entende que a norma é constitucional, pois a CF coloca o pagamento integral como condição para adquirir a propriedade, não a posse. Pode pagar parcialmente, enquanto possuidor.
Desistência: REsp 1809413. Posição pacífica é que a desistência é possível a qualquer momento, enquanto não houver consumação, mesmo com sentença transitada em julgado. Se houvesse pago a indenização integral, com a tradição do bem, não cabe desistência. 
*A autotutela decai em 5 anos, então caso ultrapassado esse prazo, não poderia ter desistência, já que a adm pública não poderia mais rever o ato. 
*Relembrar informativo do STF que diz que o prazo de 5 anos tem que ser igual na esfera estadual e municipal. 
Havendo dano com a imissão na posse, será discutido em ação própria. Não impossibilita a desistência, só exige uma ação específica. 
· Justa (ADI 2332): compreende todo o prejuízo que o particular sofreu, fazendo-o voltar ao status quo anterior, estado patrimonial anterior. 
Fator de redução de preço: critério abstrato e genérico é considerado inconstitucional (ex: por ser área de confronto armado) por não ser justo. 
Juros compensatórios: o artigo 15-A, §2º do DL 3365/41 diz que não serão devidos juros compensatórios se o imóvel tiver grau de uso igual a zero (ex: terreno baldio), sob a alegação de que não há o que se compensar se a terra não tinha utilidade. STF entendeu em liminar que a norma era inconstitucional porque mesmo sem utilizar o proprietário perde a disponibilidade, então tem que compensar. Contudo, o STF reverteu a liminar e deu o mérito da ação afirmando que é constitucional. Então não cabem juros compensatórios porque a lei diz que não e esta é constitucional. Atenção para a mudança de posição, alta chance de cair.
· Em dinheiro:
· Rito (fase executória judicializada)
a) competência de foro: local onde o bem expropriado está situado. Exceção: quando houver interesse da União, a competência será do foro da capital do Estado onde o bem se encontra. Nesse caso, pode ser diverso do local onde o bem se encontra. Art. 11 do DL 3365/41 e Súmula 281 do STJ. 
b) demanda do expropriante: ato que deflagra o procedimento (é a petição inicial). Mesmos critérios do art. 319 do CPC. Tem instrução obrigatória sob pena de rejeição: cópia da declaração expropriatória e planta ou descrição do bem expropriado. Na prática, acaba havendo emenda. A declaração demonstra o interesse de agir.
c) imissão provisória da posse: pode se dar com pagamento parcial, pois não se discute ainda a propriedade. Há dois regimes jurídicos distintos: art. 15 do DL 3365/41 e DL 1075/70. A segunda lei somente se aplica no caso de bem imóvel urbano para fins de moradia habitado pelo proprietário ou promitente comprador (com título registrado para ter efeito erga omnes). Em qualquer outra situação, aplica-se a outra lei geral.
REsp 1638021: não pode usar o valor do IPTU pq não foi atualizado. Pode decretar a revelia mas não dispensar a avaliação. O processo prossegue para os demais termos (caso concreto). 
d) resposta do expropriado: pode ser alegada qualquer questão formal e material, a princípio, só pode ser o preço. A outra questão material que pode ser alegada é o direito de extensão: Estado que expropria parte do bem, mas a área conservada não pode ter destinação econômica pelo particular ou tem sua função social prejudicada. Assim, o proprietário requer a extensão da desapropriação à totalidade do bem. O Estado, contudo, não pode recusar, é um direito potestativo do particular. 
Investidura é adquirir bem público por conta de modificação no alinhamento. 
e) decisão de mérito: fixa a indenização. Servirá como título aquisitivo. Além de eventual indenização, tem que haver registro. Também tem que contemplar ainda cinco elementos: juros moratórios, juros compensatórios, atualização monetária, honorários advocatícios e despesas processuais. Não se sujeita à remessa necessária. Se o juiz não falar de tudo, cabe ED. 
AULA 06
Ações expropriatórias
	Não pode invocar os pressupostos constitucionais (utilidade pública ou interesse social), porque a lei traz essa restrição. Há uma lei própria para desapropriação para fins de reforma agrária (LC 76/93).
	Art. 185 da CF, ao falar da política agrícola e desapropriação para fins de reforma agrária, exclui a propriedade produtiva no inciso II. A competência é da justiça federal. 
Caso concreto: exige-se o registro em nome de quem irá levantar o bem. Art. 34 do DL 3365/41. Havendo dúvida quanto à propriedade, deve esta ser resolvida primeiro. A indenização devecorresponder à área medida e efetivamente desapropriada. 
Levantamento total da quantia: art. 33, §2 do DL 3365/41 diz que pode levantar até 80% do depósito ainda que não concorde com o valor, salvo se havendo dúvida quanto à propriedade. O art. 34-A traz a possibilidade de levantar até 100% se concordar expressamente com a imissão provisória na posse. Logo na imissão prévia já haverá também a definitva. A vantagem para o expropriado é já poder levantar todo o dinheiro e ainda conseguir contestar. Para o Poder Público também é melhor pela celeridade. 
Art. 33 do DL 3365/41: Só haverá a transferência do direito de propriedade (imissão definitiva) quando o direito é inteiramente pago, não sendo suficiente, inclusive, a inscrição no precatório. A sentença não gera a transferência definitiva. Juiz expede o mandado de transcrição imobiliária, para que haja o registro de titularidade. 
Parcelas da indenização
1) Valor venal do bem: também é exigido para a imissão prévia. Tradicionalmente a imissão não gerava a indenização no valor de mercado, porque não retirava a propriedade, mas apenas a posse. Porém, quando a CF defende a indenização justa, entende-se que a retirada da posse retira também os direitos de gozar, usar e dispor. Passou-se a discutir, então, se já não seria devida a indenização total na imissão prévia. Contudo, a Súmula 652 do STF afirma que os parâmetros para definir o valor do depósito nos moldes do art. 15 do DL 3365/41 estão corretos. Porém na prática essa súmula não vem sendo aplicada, porque entende-se que de nada adianta a propriedade sem a posse. Assim, tem sido paga a indenização total com base no valor venal, ainda que seja contrário ao texto legal. A perícia é necessária para a sentença, não para a imissão prévia, já que tem que ser rápido. Na imissão prévia, o art. 15 deixa claro que independe da citação do réu, já que há urgência.
2) Lucros cessantes e danos emergentes: quando houver. Tem que pensar no imóvel rural produtivo, só que fazendo a ressalva do art. 185 da CF. 
3) Juros compensatórios e moratórios.
4) Atualização monetária: é devida desde a enterga do laudo do perito. O §2 do art. 26 não foi recepcionado, por interpretação da doutrina. Não há necessidade de esperar 01 ano para incidir a atualização, por força do artigo 100, §12 da CF, com a taxa Selic. 
5) Honorários advocatícios: a base de cálculo á a difereça entre o valor oferecido e o arbitrado na sentença. Art. 27, §1 do DL. 
Direitos de terceiros não entram no cálculo da indenização. Ex: comerciante que não é proprietário. Fundo de comércio não entra, salvo se o comerciante for proprietário. Se for locatário, não será indenizado. 
Art. 184 diz que benfeitorias úteis e necessárias são pagas em dinheiro. 
Art. 182, §4 trata da sanção urbanística, que é paga em título da dívida pública. Nunca aconteceu no Brasil, só o Município pode fazer. Não se sabe se precisa serjusta porque se trata de uma sanção e o art. 8 do Estatuto da Cidade regula essa desapropriação, dizendo no §2 que retira as parcelas tradicionais da desapropriação, gerando a cocnlusão de que não é justa. Porém, parte da doutrina questiona a constitucionalidade, justamente por contrariar a indenização justa. 
Juros moratórios e compensatórios
	Surgiram por construção jurisprudencial. Medidas provisórias incorporaram ao DL 3365/41 as súmulas que então disciplinavam o tema. ADI 2332 declarou a inconstitucionalidade da margem de 6%. 
Súmula 70 STJ não se aplica mais, pois não é contado mais do TJ da sentença. O Art. 15-B diz que os juros moratórios serão devidos a partir de 1 de janeiro do exercício seguinte ao que deveria ter sido pago o precatório. Como está de acordo com a sistema constitucional de precatório, não tem como questionar a constitucionalidade do art. 15-B. Assim, honrado o precatório, não tem mora. 
	A possibilidade de acumulação vai depender de quem estiver desapropriando. Sendo concessionária estatal prestadora de atividade econômica não há precatório. 
Info 861 STF: juros moratórios são devidos sobre o período compreendido entre a entrega dos cálculos na sentença final até o precatório. 
Lei de licitações (art. 46, §4 da lei 14133/21) traz a possibilidade do empreiteiro promover a desapropriação, apesar de não o colocar no art. 3 do DL 3365/41. Lei 14273/21 também amplia. 
Desapropriação indireta
	É um ato ilícito, é um esbulho possessório. Art. 35 do DL 3365/41 busca legalizar a conduta da adm. Pública. 
	O expropriado utilizará a ação ordinária de indenização. O autor é o expropriado, não tem como ser desapropriação, apesar de ser visto dessa forma. Entende-se, majoritariamente, que seria uma hipótese excepcional de ajuizamento de ação expropriatória pelo particular. 
	O art. 35 fala do momento da incorporação, entendido este como a afetação do bem, conferindo-lhe destinação pública. Pode o particular entrar com ações possessórias aé a afetação do bem invadido.
	Ao entrar com a ação possessória, o Poder Público geralmente procede com a legalização da afetação. 
	Fazer obra de infraestrutura não configura desapropriação indireta. 
Súmula 119 do STJ está prejudicada pelo CC/2002, que não prevê prescrição em 20 anos. Utiliza-se o artigo 1238, parágrafo único do CC. Art. 10, § único do DL 3365/41 tem prazo de 05 anos para a servidão. Não tem relação com o prazo decadencial da Lei 9784/99, pois na servidão o particular busca uma indenização, então é um prazo prescricional. Não se busca a anulação do ato administrativo. DL 20910/32 trata dessa responsabilidade do Estado. 
*Leitura do livro do Celso Antônio sobre prescrição. 
	Na desapropriação direta deve-se verificar que está desapropriando para saber se haverá juros moratórios. Na indireta sempre haverá juros moratórios para PJ de direito público ou privado. Não é necessária a presença do MP na indireta, já que não se discute o interesse público, só valores. A questão é meramente fazendária. Os HA são fixados conforme o CPC. 
	Não há diferença entre apossamento e desapropriação indireta. 
Direito de extensão
	A doutrina reconhece, apesar de não ter previsão legal. O particular solicita que a desapropriação seja total, pois o remanescente não lhe interessa. Na reforma agrária existe previsão legal (art. 4 da LC 76/93). Se a área remanescente foi um minifúndio, não há como subsistir a função social (princípio do dimensionamento eficaz). Contudo, o parâmetro não é mais o minifúndio, mas sim o FMP (fração mínima de parcelamento). 
Art. 12 do DL 4956/1902 prevê o direito de extensão, que não foi revogado pelo DL 3365/41. Sustentado por Carvalhinho e Hely. 
Art. 27, in fine, do DL 3365/41: Diogo de Figueiredo e Sérgio de Andréa dizem que não há direito e sim uma faculdade, podendo ser acrescentada na indenização uma parcela para compensar a depreciação do remanescente, em vez de adquirir. 
	Na desapropriação direta, o direito de extensão é invocado na contestação, enquanto na indireta é feito na petição inicial. 
Retrocessão
	É a possibilidade de devolução do bem expropriado para o antigo proprietário com a devolução da indenização.
Art. 519 do CC, para alguns doutrinadores, regula a retrocessão. No direito civil, o artigo trata que se o Poder Público quiser se livrar do bem, dará preferência ao antigo proprietário. Não leva a crer que o antigo proprietário tem o direito de exigir, mas só que haverá um direito de preferência. A lei 8666/93 exigia concorrência para venda de bem imóvel, mas a lei 14133/21 diz que pode ser por leilão.
	Se houver desvio de finalidade, haverá uma conduta inconstitucional, podendo o particular ter seu bem reavido. Não é desistência, mas desvio de finalidade. Costuma-se chamar isso de tredestinação. 
	É possível, contudo, mudar a destinação e continuar atendendo ao interesse público. Com isso, Carvalhinho passou a chamar essa situação de tredestinação lícita, que não gera a retrocessão. Assim, a situação anterior, em que há desvio de finalidade, é chamada de tredestinação ilícita, que gera a retrocessão. 
	Desapropriado o bem,incorporado o bem público e deixado sem utilidade. A não utilização do bem expropriado não gera a retrocessão, já que o DL 3365/41 não tem prazo fixado para utilidade. Parte da doutrina entende que há um prazo de 5 anos para dar utilidade, sob pena de caducidade, mas não tem previsão legal. 
	Na desapropriação para fins de interesse social, o artigo 3 da lei 4132/62 dá o prazo de 2 anos para utilizar o bem. O prazo de caducidade cai para 2 anos no interesse social. Fazer remição no artigo 10 do DL 3365/41. Esse mesmo artigo dá o mesmo prazo para usar o bem, sob pena de retrocessão. São, portanto, 2 anos para promover e 2 anos para usar. 
	Na desapropriação para fins de reforma agrária o prazo é de 3 anos, previsão na lei própria (art. 16 da Lei 8629/93). 
Natureza jurídica da retrocessão: três posições distintas
1) Direito real de devolução do bem
2) Direito pessoal de indenização
3) Direito misto
	Se houver valorização ou desvalorização, aplica-se o final do art. 519 do CC (valor atual da coisa). As parcelas não serão as mesmas da desapropriação direta, cujos parâmetros não tem previsão legal. Prevalece o entendimento de direto pessoal no direito administrativo. 
Estatuto da Cidade prevê um prazo para a desapropriação sanção urbanística: 5 anos contados da data da incorporação ao patrimônio público (art. 8, §4)
Prescrição da retrocessão: se entende-se que é prazo de direito real, o prazo é de 10 anos (art. 205 ou art. 1238, § único). Entendendo que é direito pessoal, aplica-se o Decreto 20910/32, ou seja, prazo de 5 anos (que é o que prevalece).

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