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Direito Tributário1

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Direito Tributário
25-8
Constituição dos artigos 145 à 162
Direito financeiro é gênero. Direito Tributário é espécie do gênero.
Direito financeiro é tudo. Direito tributário é parte desse tudo.
Direito financeiro – é o ramo do direito público que através de um conjunto de normas busca regulamentar a atividade financeira do estado, essa que compreende os ingressos públicos, as receitas públicas, as despesas públicas e os orçamentos públicos. No Brasil a lei 4320/64 estabelece normas gerais em matéria de direito financeiro.
Ingressos públicos – são todos os valores que ingressam nos cofres públicos, agregando ou não riqueza nova, deixando ou não o Estado mais rico.
Receitas públicas – são valores que ingressam nos cofres públicos, deixando o ente mais rico, agregando riqueza nova, agregando o vulto patrimonial. (Toda receita vai ser um ingresso) Se classificam em originárias e derivadas.
· Originárias – são aquelas que decorrem da exploração do patrimônio do próprio Estado. Ex.: Valor obtido a título de aluguel pela locação de um bem público.
· Derivadas – são aquelas que advém da exploração do patrimônio de um particular. Ex.: Tributos
1- Impostos
2- Taxas
3- Contribuição de melhoria
4- Contribuições sociais
5- Empréstimo compulsório (Para o direito financeiro, o empréstimo compulsório é o ingresso público. Para o direito tributário a natureza jurídica é espécie tributária autônoma, segundo o STF)
Rio, 01/9/2021
Despesas públicas – são todos os gastos realizados pelo Estado. Se classificam em corrente e de capital.
· Correntes – são aquelas consideradas habituais, rotineiras.
Ex: pagamento das folhas de salários dos servidores públicos
· Capital – são gastos considerados não habituais, gastos com investimentos, com obras públicas.
Ex.: Construção de creche, hospital
Orçamento público – é o equilíbrio que se busca entre as receitas públicas e as despesas públicas. No Brasil se dará mediante lei de iniciativa do chefe do poder executivo.
Instrumentos de planejamento orçamentário 
· PPA (Plano Plurianual) – Trata – se de um orçamento de longo prazo, prevê as receitas e fixa as despesas por um prazo de 4 anos.
· LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) – Trata – se de um orçamento de médio prazo, estabelece/ajusta o orçamento no ano anterior para o ano seguinte.
· LOA (Lei Orçamentária Anual) – Trata – se de um orçamento de curto prazo, estabelece as contas para o exercício financeiro vigente para o ano atual.
Princípios Orçamentários
· Universalidade – estabelece que o orçamento deverá conter todas as contas de toda a administração pública, tanto da administração direta quanto da indireta.
· Unidade – estabelece que o orçamento deverá ser previsto em um único documento.
· Transparência – estabelece que o orçamento deverá ser intelegível (de fácil entendimento) pelo homem médio (uma pessoa comum) e também deverá ser público.
· Exclusividade Orçamentária – estabelece que o orçamento não poderá conter matéria estranha as receitas e despesas públicas
Direito Tributário
	É um ramo do direito público que busca através de um conjunto de normas regulamentar as relações jurídicas tributárias. No Brasil a sua codificação e inauguração como ramo autônomo se deu com a emenda constitucional 18/1965 que autorizou a criação de normas gerais em matéria de direito tributário.
	Atualmente, no Brasil temos como fontes formais e diretas do Direito Tributário a CRFB/88 e o CTN (Lei 5172/66).
· Natureza jurídica do CTN – é uma lei ordinária recepcionada com força de lei complementar .(Art.146,III, CRFB) Formalmente é lei ordinária, materialmente é lei complementar.
Para alterar o CTN atualmente é preciso uma lei complementar.
Rio, 08/9/2021
Relação jurídica tributária
	É aquela que envolve um sujeito ativo (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) e um sujeito passivo (contribuinte – pessoa que paga o tributo para o ente competente). Essa relação tem como objetivo o tributo.
Tributo (art. 3°, CTN) – definição
“É toda prestação pecuniária” – tributo no Brasil tem que ser pago em pecúnia (em dinheiro), dessa forma não poderá ser pago “in labore” (com o trabalho) e nem “in natura” (com bens diversos do dinheiro)
“Compulsória” – é a ausência do elemento vontade, trata-se de uma obrigação que decorre da vontade da lei. É uma obrigação “ex lege” (pela força da lei).
“Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir” – tributo no Brasil tem que ser pago em dinheiro, moeda corrente, nacional, qual seja o real.
“Que não constitua sanção de ato ilícito” – tributo no Brasil não pode servir para punir o contribuinte, isso não quer dizer que ao praticar um ato ilícito o sujeito não possa se enquadrar em fato gerador lícito.
OBS.: O Princípio da Pecúnia “non olet” (o dinheiro não tem cheiro) estabelece que o Estado fixo não está preocupado com a origem do dinheiro, apenas está preocupado se o sujeito se enquadrou em um fato legal de incidência tributária.
“Instituída em lei” – art. 150,I, CF – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Precisa de lei em sentido estrito. No Brasil só poderá ser instituído em sentido estrito, em regra, lei ordinária. Está relacionada ao princípio da legalidade.
Rio, 15/9/2021
Leis em sentido estrito – art. 59,CF
Temos mais ou menos 90 tributos no Brasil. Para mais ou menos 86, precisa de lei ordinária.
Temos 4 exceções que precisam de lei complementar – art. 148, CF – empréstimo compulsório/ art.153,VII, CF – Imposto sobre grandes fortunas/art. 154, I, CF – Impostos residuais/art. 195, §4°, CF - Contribuições sociais residuais. Exceções a leis ordinárias.
Medida provisória substitui lei ordinária. Posso ter medida provisória aumentando e instituindo tributo. 
Medida provisória não substitui lei complementar. (art.62 §1°, III, CF)
Supondo que o Estado X elegeu 50 deputados federais, quantos votos serão necessários no mínimo na Assembleia Legislativa do referido Estado para aprovação do aumento do IPVA? 
IPVA depende de lei ordinária. Tenho 74 deputados estaduais. Precisa iniciar com maioria absoluta simples (38). Vou precisar de 20 votos para aumentar o IPVA.
Art. 27, CF - 
De 8 a 12 federais – multiplica por 3 (para achar o número de estaduais)
De 13 a 70 federais – soma 24 (para achar o número de estaduais)
“E cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” – o ato de lançamento e cobrança de um tributo é vinculado, o administrador público tem o poder/dever de observar os termos da lei sob pena de responsabilidade funcional.
Tributos em espécie 
	Atualmente no Brasil o STF adota a “teoria pentapartite” acerca das espécies tributárias, ou seja, entende que temos 5 espécies de tributos, quais sejam:
1) Impostos 
2) Taxas 
3) Contribuição de melhoria 
4) Contribuições sociais 
5) Empréstimo compulsório
Competência tributária X Capacidade tributária – art. 7°, CTN
Competência tributária – é o poder conferido pela Constituição para um ente instituir ou regulamentar um tributo. Competência tributária é indelegável.
Capacidade tributária – é o poder conferido pela Constituição para um ente fiscalizar e arrecadar tributos. É delegável.
Rio,22/9/2021
Espécies de Competências Tributárias
Competência tributária privativa – é aquela que estabelece tributos próprios para determinado ente da federação. Se dará em relação aos impostos, em relação ao empréstimo compulsório e também em relação as contribuições sociais (Só a União pode).
Competência tributária comum – é aquela que estabelece tributos comuns a todos os entes. Se dará em relação as taxas e contribuição de melhoria. (Todos os estados podem)
Competência tributária cumulativa – é aquela que estabelece a possibilidade de um ente acumular competência tributária de outro. Se dará em relação ao Distrito Federal (DF vai instituir e regulamentar todos os tributos estaduais e municipais), se dará também em favor da União no caso da criação de um território federal (art. 18,§2°, CF), sendo esse territórioindiviso (não dividido em municípios) caberá a União instituir e regulamentar todos os tributos estaduais e municipais. Sendo esse território diviso (território federal dividido em municípios) caberá a União instituir e regulamentar apenas os tributos estaduais, pois caberá aos municípios os tributos municipais.
Competência tributária residual – É aquela que estabelece a possibilidade da União instituir um novo imposto mediante lei complementar nos termos do art. 154,I, CF.
Competência tributária extraordinária – somente a União tem e estabelece a possibilidade da criação de um imposto extraordinário de guerra, nos termos do artigo 154,II,CF.
	A Federação brasileira tem como característica ser assimétrica, não existe uma equivalência na distribuição de competências.
Repartição de receitas tributárias – arts. 157 á 162, CF - Pelo fato da nossa federação ser assimétrica a União concentra um maior número de competências, inclusive tributárias. Por esse motivo se faz necessária a repartição das receitas tributárias.
27/10/2021
Imunidade tributária – art. 150, VI, CF (chamadas de guarda chuva constitucional porque não sofrem incidência de um tributo)
	São hipóteses de não incidência constitucionalmente qualificada, segundo Ricardo Lobo Torres trata-se de uma intributabilidade absoluta das liberdades individuais. Se dará toda vez que a Constituição dispensar o pagamento de um tributo.
· Art.150,VI, a, CF – Imunidade recíproca – é uma imunidade subjetiva (concedida em favor de pessoas) que visa proteger o pacto federativo.
· Art.150,VI, b, CF – Imunidade religiosa – trata-se de uma imunidade subjetiva que visa proteger o direito fundamental liberdade de crença.
Ver Súmula 724,STF
· Art. 150, VI, c, CF – trata-se de uma imunidade subjetiva que afasta a incidência de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos, dos sindicatos dos trabalhadores e das entidades de assistência social de educação sem fins lucrativos
Ver Súmula 724, STF
· Art.150, VI, d, CF – Imunidade cultural – trata – se de uma imunidade objetiva (concedida em favor de bens) que afasta a incidência de impostos sobre o processo de fabricação de livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. Visa resguardar direito fundamental a cultura/informação.
· Art.150, VI, e, CF – Imunidade fonográfica – trata-se de uma imunidade objetiva que afasta a incidência de impostos sobre o processo de fabricação de cds e dvds de artistas brasileiros produzidos no Brasil. Tem como fundamento a proteção ao direito fundamental a cultura.
Não confundir imunidade tributária com isenção, imunidade decorre da Constituição já a isenção decorre da lei.
Rio,03/11/2021
Obrigações tributárias – art.113, CTN
	Surgem com a ocorrência do fato gerador e são consideradas não exigíveis pois dependem do lançamento para serem liquidadas.
	Possuem natureza jurídica de obrigações ex legis, pois decorrem da vontade da lei, do poder de império do estado, diferentemente do direito civil onde as obrigações possuem natureza jurídica de natureza ex voluntati, pois decorrem da vontade das partes.
	Por fim as obrigações tributárias se classificam em:
· Principais – art.113 §1°, CTN – é aquela que se comparada ao direito civil será considerada uma obrigação de dar coisa certa, em matéria tributária se traduz em uma obrigação de pagar. Dependerá necessariamente de uma lei em sentido estrito (aquela que se submete a processo legislativo) nos termos do art.97, III, CTN.
· Acessórias – é aquela que se comparada ao direito civil será considerada de fazer, não fazer ou tolerar (exemplos: emitir nota fiscal, não receber mercadorias sem nota fiscal e tolerar a visita dos fiscais nas empresas). Dependerá apenas da legislação tributária nos termos do artigo 113,§2° c/c 96, CTN.
OBS: Em matéria tributária, diferentemente do direito civil não se aplica teoria da gravitação jurídica, ou seja, a obrigação tributária acessória poderá existir independentemente da principal.
OBS 2: art.113, §3°, CTN

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