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VITOR PIVOTTO MT103 JEJUNO, ÍLEO E INTESTINO GROSSO 01 – DESCREVA A EMBRIOLOGIA DO JEJUNO, ÍLIO E INTESTINO GROSSO HERNIAÇÃO DA ALÇA DO INTESTINO MÉDIO Enquanto o intestino médio se alonga, ele forma uma alça intestinal ventral em forma de U, a alça do intestino médio, na parte proximal do cordão umbilical. A alça é uma herniação umbilical que ocorre no início da sexta semana e se comunica com a vesícula umbilical pelo ducto onfaloentérico até a décima semana. Essa herniação ocorre pela falta de espaço na cavidade abdominal para o intestino médio em rápido crescimento. A alça é suspensa a partir da parede abdominal dorsal por um mesentério alongado, o mesogástrio dorsal. O ducto onfaloentérico está ligado ao ápice do intestino médio onde porção cranial e caudal se unem. A cranial formará alças do intestino delgado, a caudal sofre poucas mudanças e desenvolve dilatação cecal, primórdio do ceco e apêndice. Enquanto a alça está no cordão umbilical, ela gira 90 graus ao redor do eixo da artéria mesentérica superior. Isso, traz a porção cranial (delgado) da alça para a direita e a caudal (grosso) para a esquerda. Nessa rotação, porção cranial alonga e forma alças intestinais (jejuno e íleo primitivos). RETRAÇÃO DAS ALÇAS INTESTINAIS Durante a décima semana, ocorre diminuição da hérnia do intestino médio, assim, ele retorna ao abdome. O alargamento da cavidade abdominal e relativa diminuição do fígado e rins podem ser fatores importantes para o retorno. Intestino delgado (parte cranial) retorna primeiro e ocupa a parte central do abdome. Quando o intestino grosso retorna, sofre rotação de 180 graus no sentido anti-horário. O colo descendente e o sigmoide se movem para a direita do abdome. O colo ascendente torna-se reconhecível com o alongamento da parede abdominal posterior. CECO E APÊNDICE O primórdio do ceco e do apêndice, a dilatação cecal (divertículo), aparece na sexta semana como elevação na margem antimesentérica do ramo caudal da alça do intestino médio. O apêndice, inicialmente é uma pequena bolsa abrindo do ceco, ele aumenta rapidamente em comprimento. Após o nascimento, o crescimento desigual das paredes do ceco faz com que o apêndice se posicione em seu lado medial. INTESTINO POSTERIOR Todos os derivados do intestino posterior são supridos pela artéria mesentérica inferior. A junção entre segmento do colo transverso derivado do intestino médio e que se origina do intestino posterior é indicada pela mudança de suprimento sanguíneo de um ramo da mesentérica superior para um da mesentérica inferior. CLOACA No início, é uma câmara dentro da qual intestino posterior e alantoide desembocam. Revestida por endoderma que fica em contato com o ectoderma superficial na membrana cloacal. Essa membrana é constituída pelo endoderma da cloaca e o ectoderma da fosseta anal. Cloaca recebe o alantoide ventralmente. A cloaca é dividida em dorsal e ventral pelo septo urorretal, que se desenvolve entre alantoide e intestino posterior. À medida que se desenvolve, o septo forma bifurcações que produzem invaginações nas paredes laterais da cloaca. Essas pregas crescem e se fundem, formando partição que divide cloaca em reto, parte cranial do canal anal e seio urogenital. Após a ruptura da membrana cloacal por apoptose, a luz anorretal é temporariamente fechada por um tampão epitelial. A recanalização do canal ocorre por morte celular do tampão anal e forma a fosseta anal. CANAL ANAL Dois terços superiores do canal anal adulto são derivados do intestino posterior, o terço inferior se desenvolve a partir da fosseta anal. A junção entre ectoderma da fosseta anal e endoderma do intestino posterior é indicada por uma linha pectínea irregular, no limite inferior das válvulas anais. 2 cm acima do ânus, está a linha anocutânea (linha branca), que é aproximadamente o local onde a composição do epitélio anal muda de células colunares para pavimentosa estratificadas. No ânus, o epitélio é queratinizado e contínuo com a pele ao redor do ânus. Devido à sua origem no intestino posterior, os dois terços superiores do canal anal são supridos principalmente pela artéria retal superior, a continuação da artéria mesentérica inferior. A drenagem venosa dessa porção superior se dá pela veia retal superior, ramificação da veia mesentérica inferior. Pela sua origem na fosseta anal, o terço inferior do canal anal é suprido pelas artérias retais inferiores, uma ramificação da artéria pudenda interna. A drenagem venosa se dá pela veia retal inferior, ramificação da veia pudenda interna que drena para a veia ilíaca interna. Suprimento nervoso se dá pelo nervo retal inferior. 2 – DESCREVA A ANATOMIA E HISTOLOGIA DO JEJUNO, ÍLEO E INTESTINO GROSSO JEJUNO ANATOMIA A flexura duodenojejunal marca o limite entre duodeno e jejuno. Nesta junção, o intestino delgado proemina novamente em direção a cavidade peritoneal, tornando-se peritonizado e sendo sustentado por uma dupla lâmina de mesentério. Apresenta aproximadamente 2,5 metros de comprimento. A maior parte dele situa-se no quadrante superior esquerdo do compartimento infracólico. Irrigado pela artéria mesentérica superior via 5 artérias jejunais. Drenado pela veia mesentérica superior. Inervação simpática pelo plexo celíaco e plexo mesentérico superior. Parassimpática pelo nervo vago. HISTOLOGIA Possui pregas circulares. A mucosa é revestida por epitélio colunar simples na superfície luminal. Ela contem enterócitos e células calciformes. Achados característicos são as criptas de Lieberkuhn e vilosidades digitiformes que se projetam no lúmen. Camada epitelial é seguida por camada de tecido conectivo e uma camada muscular. Submucosa consiste em tecido conectivo frouxo com vasos sanguíneos, linfonodos e o plexo submucoso. Camada muscular possui interna circular e externa longitudinal de musculatura lisa entre as quais está o plexo mioentérico. Externamente, é coberto por serosa, que consiste em epitélio pavimentoso simples e uma camada de tecido conectivo subjacente (lâmina própria serosa). Se diferencia do restante do delgado pela ausência das células de Brunner do duodeno e placas de Peyer do íleo. ÍLEO ANATOMIA Também é peritonizado; é o mais longo, medindo cerca de 3,5 metros. O íleo termina como um esfíncter, a valva ileocecal, que controla o fluxo de materiais do íleo ao ceco do intestino grosso. Irrigado por 12 artérias ileais, ramos da artéria mesentérica superior. Drenado por 12 veias ileais, que drenam para a veia mesentérica inferior. Inervação simpática pelo plexo celíaco e plexo mesentérico superior. Parassimpática pelo nervo vago. HISTOLOGIA Próximo ao íleo, as pregas e vilosidades tornam- se menores e diminuem em número até a parte terminal do íleo. Essa redução determina menor atividade de absorção. Restante é igual ao jejuno. Achado característico são as placas de Peyer situadas na mucosa. Essas são importante parte do tecido linfático associado ao intestino (GALT). Uma placa tem de 2 a 5 cm de extensão e consiste em cerca de 300 folículos linfóides agregados a tecido parafolicular linfoide. O abaulamento em forma de domo sobre cada folículo é o domo folicular. Células M (micropregas) são encontradas no epitélio do domo, que são contadas dentre as células epiteliais associadas ao folículo (FAE). Sua função é capturar antígenos do lúmen intestinal e manda-los para células apresentadoras de antígenos (APC). INTESTINO GROSSO O intestino grosso apresenta um formato de ferradura, inicia-se junto à parte terminal do íleo e estende-se até o ânus. Está localizado inferior ao estômago e fígado, e circunda quase completamente o intestino delgado. Tem comprimento médio de 1,5 metros e largura de 7,5 centímetros. Pode ser subdividido em três partes: ceco, colo e reto. CECO ANATOMIA Ao deixaro íleo, o material invade uma bolsa expandida em fundo cego, o ceco. O íleo está ligado a superfície medial do ceco e se abre na sua cavidade pelo óstio ileal na papila ileal. Os músculos que circundam esta abertura constituem a válvula ileocecal, que regula a passagem de materiais. O apêndice vermiforme, oco e delgado, está conectado à superfície póstero-medial do ceco. Ele apresenta cerca de 9 centímetros. Uma faixa de peritônio, o mesoapêndice, liga o apêndice ao íleo e ao ceco. Sua função como órgão do sistema linfático é similar às tonsilas. COLO ANATOMIA Possui diâmetro maior e parede mais delgada que o intestino delgado. A parede do colo forma uma série de bolsas, denominadas saculações do colo (haustros), que permitem distensão e alongamento. Possui pregas no revestimento mucoso, que se formam entre as saculações, denominadas pregas semilunares do colo. Possui três fitas longitudinais de músculo liso, as tênias do colo, visíveis na superfície externa, subjacentes à túnica serosa. Túnica serosa do colo contém numerosas vesículas lipídicas em formato de gota, os apêndices omentais (adiposos) do colo. O colo é dividido em quatro regiões: - Cólon ascendente: inicia-se na margem superior do ceco e perfaz o trajeto ascendente ao longo da região lateral direita, junto a parede posterior abdominal e segue até a superfície inferior do fígado (face visceral). Nesse ponto, faz uma curva para a esquerda, a flexura direita do colo (flexura hepática). A flexura direita marca a terminação do colo ascendente e inicio do transverso. - Cólon transverso: no nível da flexura direita, o colo transverso curva-se anteriormente e cruza o abdome do lado direito ao esquerdo. Segmento inicial é peritonizado, conforme atinge o lado esquerdo, passa inferior à curvatura do estômago e torna-se secundariamente retroperitoneal. Ligamento gastrocólico fixa o colo transverso à curvatura maior do estômago. Nas proximidades do baço, o colo descreve uma curva em ângulo reto, a flexura esquerda do colo (flexura esplênica). - Cólon descendente: inferiormente ao longo do lado esquerdo do abdome. Secundariamente retroperitoneal, é firmemente fixo à parede abdominal posterior. Na fossa ilíaca esquerda, continua-se com o sigmoide. - Cólon sigmoide: segmento em forma da S, medindo 15 cm de comprimento. Inicia-se na flexura sigmóidea e estende-se até o reto. É peritonizado e no seu trajeto curvo, posteriormente à bexiga, é sustentado pelo mesocolo sigmoide. RETO ANATOMIA Segmento secundariamente retroperitoneal e constitui os últimos 15 cm do trato digestório. É expansível para armazenamento temporário de fezes. Última parte do reto, o canal anal, contém pregas longitudinais, as colunas anais. As margens distais dessas colunas são unidas por pregas transversas que demarcam limites entre epitélio colunar da região proximal do reto e o epitélio escamoso estratificado. A camada circular muscular na região do canal anal constitui o músculo esfíncter interno do ânus. O músculo esfíncter externo do ânus circunda a porção distal do canal anal, controle voluntário. HISTOLOGIA DO INTESTINO GROSSO - Parede reativamente delgada; - Não apresenta vilosidades; - Células caliciformes em número superior em relação ao delgado; - Apresenta glândulas (criptas) intestinais específicas. São mais profundas que as do delgado. Secreção ocorre conforme estímulos locais, produzindo muco para lubrificação durante compactação de resíduos; - Nódulos linfáticos esparsos na lâmina própria e estendem-se para o interior da submucosa; - Túnica muscular difere, pois a camada longitudinal apresenta-se reduzida às fitas musculares das tênias do colo. 3 – EXPLIQUE AS FUNÇÕES MOTORA, SECRETORA, ABSORTIVA E DIGESTIVA DO TRATO INTESTINAL INFERIOR FUNÇÃO MOTORA No intestino delgado, a válvula ileocecal evita o refluxo do conteúdo fecal do cólon para dentro do delgado. Os lábios da válvula fazem protrusão no lúmen do ceco e são forçosamente fechados quando há pressão em excesso no ceco e este tenta empurrar o conteúdo fecal contra os lábios. A parede do íleo próxima à válvula ileocecal apresenta uma camada muscular espessa, o esfíncter ileocecal. Toda vez que o ceco está distendido, existe contração do esfíncter ileocecal intensificada. O peristaltismo no íleo é inibido, retardando o esvaziamento do intestino delgado. Esses reflexos do ceco para o esfíncter ileocecal são mediados pelo plexo mioentérico na parede intestinal, bem como por nervos extrínsecos, especialmente pelos gânglios simpáticos pré-vertebrais. MOVIMENTOS DO CÓLON Contrações musculares no intestino grosso causam desenvolvimento de haustrações, uma projeção para fora formando bolsas. Essas contrações haustrais tem duas funções principais: - Propulsão: contrações haustrais se movem lentamente em direção ao ânus durante período de contração e, assim, fornecem propulsão; - Mistura: essas contrações cavam e rolam o material fecal no intestino grosso, assim, todo o material é exposto para a superfície do intestino grosso e substâncias fluidas e dissolvidas são absorvidas. O aparecimento de movimentos de massa após a refeição é facilitado por reflexos gastrocólicos e duodenocólicos. Esses reflexos resultam da distensão do estômago e do duodeno, são conduzidos pelos nervos extrínsecos do SNA. FUNÇÃO SECRETORA No intestino grosso, o a secreção é na maior parte muco. Esse muco protege a parede contra escoriações, fornecendo meio aderente de matéria fecal, protegendo a parede intestinal contra bactérias e fornecendo barreira para evitar que ácidos ataquem a parede. FUNÇÃO ABSORTIVA Terço médio do cólon é importante para a absorção de água e eletrólitos. A mucosa do intestino grosso tem grande potencial para absorver sódio, e o potencial elétrico criado por essa absorção estimula a absorção de cloro. A absorção de íons sódio e cloro cria um gradiente osmótico por toda a mucosa, o que provoca a absorção e água. O intestino grosso pode absorver um máximo de 5 a 7 litros de líquido e eletrólitos por dia. Quando a quantidade excede a capacidade de absorção, ocorre a diarreia. As fezes representam cerca de 30% de bactérias mortas, 10 a 20% de gordura, 10 a 20% de matéria inorgânica, 2 a 3% de proteína e 30% de fibras não digeridas e elementos ressecados dos sucos digestivos, como pigmento da bile e células epiteliais mortas. A cor marrom das fezes é causada pela estercobilina e urobilina, derivadas da bilirrubina. O odor é causado por indois, escatois, mercaptano e sulfeto de hidrogênio. 4 – EXPLICAR O REFLEXO DE DEFECAÇÃO A defecação pode ser iniciada por um reflexo intrínseco mediado pelo Sistema Nervoso Entérico local. Quando as fezes entram no reto, a distensão da parede retal inicia sinais aferentes que se espalham através do plexo mioentérico e inicia ondas peristálticas no cólon descendente, sigmoide e reto. Conforme as ondas se aproximam do ânus, o esfíncter anal interno relaxa por sinais inibitórios do plexo. Para ser eficiente e causar defecação, o reflexo deve ser reforçado por um reflexo de defecação parassimpático, que envolve segmentos sacros da medula espinal. Esses sinais intensificam as ondas peristálticas e relaxam o esfíncter anal interno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Anatomia Humana – Martini – 6ª edição; • Tratado de Fisiologia Médica – Guyton & Hall; • Histologia Básica – Junqueira e Carneiro; • Embriologia Clínica – Moore.
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