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TCC 33 POLITICAS PUBLICAS

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>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
934	
  
Limites	
  e	
  potencialidades	
  dos	
  profissionais,	
  instituições	
  e	
  políticas	
  públicas	
  
para	
  o	
  enfrentamento	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil	
  na	
  Atenção	
  Primária	
  de	
  
Saúde:	
  visão	
  dos	
  gestores	
  
Emiko	
  Yoshikawa	
  Egry1	
  ,	
  Mylene	
  Gomes	
  da	
  Silva2,	
  Karen	
  Namie	
  Sakata	
  So3,	
  Maíra	
  Rosa	
  Apostólico4	
  
	
  
1	
  Escola	
  de	
  Enfermagem,	
  Universidade	
  de	
  São	
  Paulo.	
  São	
  Paulo,	
  SP,	
  Brasil.	
  emiyegry@usp.br	
  
2
	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  da	
  USP,	
  Bolsista	
  Iniciação	
  Científica	
  PIBIC	
  USP/CNPq.	
  mylene.silva@usp.br	
  
3
Escola	
  de	
  Enfermagem	
  (EE)	
  e	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  de	
  Ribeirão	
  Preto	
  (EERP)	
  da	
  Universidade	
  de	
  São	
  Paulo	
  (USP).	
  
knsakata@usp.br	
  
4	
  Universidade	
  Guarulhos.	
  maira_eeusp@yahoo.com.br	
  
Resumo.	
  Estudo	
  descritivo	
   e	
   qualitativo,	
   cujos	
   objetivos	
   foram	
   identificar	
   e	
   descrever	
   os	
   profissionais,	
   as	
  
instituições	
   e	
   as	
   políticas	
   públicas	
   que	
   atuam	
   no	
   enfrentamento	
   da	
   violência	
   doméstica	
   infantil.	
   Foram	
  
analisadas	
  17	
  entrevistas	
  semiestruturadas,	
  realizadas	
  com	
  gestores	
  da	
  Atenção	
  Básica	
  e	
  os	
  profissionais	
  de	
  
referência	
  na	
  unidade	
  de	
  saúde	
  para	
   rede	
  de	
  proteção,	
  em	
  dois	
  cenários	
  brasileiros:	
  Distritos	
  Boa	
  Vista	
  e	
  
Bairro	
   Novo	
   de	
   Curitiba/PR	
   e	
   Distrito	
   Capão	
   Redondo	
   de	
   São	
   Paulo/SP.	
   Os	
   resultados	
   revelaram	
  
potencialidades	
  e	
  fragilidades,	
  a	
  partir	
  da	
  percepção	
  dos	
  entrevistados.	
  Há	
  prevalência	
  de	
  fragilidades	
  nas	
  
três	
  dimensões	
  –	
  profissional,	
  institucional	
  e	
  políticas	
  -­‐,	
  tais	
  como,	
  despreparo	
  e	
  insegurança	
  para	
  lidar	
  com	
  
a	
   violência	
   e	
   suas	
   formas	
   de	
   enfrentamento,	
   dificuldade	
   em	
   realizar	
   ações	
   inter	
   setoriais	
   orquestradas	
   e	
  
pouca	
  efetivação	
  das	
  políticas	
  públicas	
  atreladas	
  aos	
  sub	
  financiamentos.	
  As	
  potencialidades	
  apontadas	
  se	
  
referiram	
  a	
  atuação	
  de	
  uma	
  equipe	
  multiprofissional	
  envolvida	
  na	
  avaliação	
  das	
  necessidades	
  das	
  vítimas	
  e	
  
monitoramento	
  dos	
  casos	
  notificados.	
  
Palavras-­‐chave:	
  violência,	
  maus-­‐tratos	
  infantis,	
  organizações,	
  políticas	
  de	
  saúde,	
  profissionais	
  de	
  saúde.	
  
Limits	
   and	
   potential	
   of	
   professionals,	
   institutions	
   and	
   public	
   policies	
   to	
   combat	
   the	
   child	
   domestic 
violence	
  in	
  Primary	
  Health	
  Care:	
  managers’perception	
  
Abstract.	
   Descriptive	
   and	
   qualitative	
   study,	
   whose	
   objectives	
   were	
   to	
   identify	
   and	
   to	
   describe	
   the	
  
professionals,	
  institutions	
  and	
  public	
  policies	
  that	
  act	
  to	
  cope	
  child	
  domestic	
  violence.	
  We	
  analyzed	
  17	
  semi-­‐
structured	
   interviews,	
   conducted	
   with	
   primary	
   health	
   care	
   managers	
   and	
   reference	
   professionals	
   in	
   the	
  
health	
  unit	
  responsible	
  for	
  protection	
  of	
  violence,	
  in	
  two	
  Brazilian	
  scenarios:	
  two	
  districts	
  of	
  Curitiba,	
  capital	
  
of	
  Parana	
  State	
  and	
  one	
  district	
  of	
  São	
  Paulo,	
  capital	
  of	
  São	
  Paulo	
  State.	
  The	
  results	
  revealed	
  strengths	
  and	
  
weaknesses	
   according	
   to	
   the	
   respondents’	
   perceptions.	
   We	
   found	
   prevalence	
   of	
   weaknesses	
   in	
   all	
  
dimensions	
  -­‐	
  professional,	
  institutional	
  and	
  political	
  -­‐	
  such	
  as	
  lack	
  of	
  preparation	
  and	
  insecurity	
  to	
  deal	
  with	
  
violence	
  and	
  ways	
  of	
  coping;	
  difficulty	
  in	
  performing	
  orchestrated	
  inter	
  sectorial	
  actions	
  and	
  lack	
  of	
  effective	
  
public	
  policies	
  and	
  few	
  financial	
  support.	
  The	
  mentioned	
  potential	
  referred	
  the	
  work	
  of	
  a	
  multidisciplinary	
  
team	
  involved	
  in	
  assessing	
  the	
  needs	
  of	
  victims	
  and	
  monitoring	
  of	
  reported	
  cases. 
Keywords:	
  violence,	
  child	
  abuse,	
  organizations,	
  health	
  policies,	
  health	
  professionals.	
  
1	
  Introdução	
  
A	
   violência	
   doméstica	
   infantil	
   tem	
   aumentado	
   em	
   escala	
   exponencial,	
   alcançando	
   diferentes	
  
sociedades	
   e	
   diferentes	
   grupos	
   sociais.	
   Perpassam	
   relações	
   interpessoais	
   e	
   espaços	
   familiares,	
  
trazendo	
  consequências	
  sérias	
  para	
  o	
  desenvolvimento	
  infantil,	
  assim	
  como	
  o	
  comprometimento	
  das	
  
relações	
  familiares.	
  A	
  criança	
  vítima	
  de	
  violência	
  leva	
  para	
  a	
  fase	
  adulta	
  marcas	
  físicas	
  e	
  psicológicas	
  
significativas.	
  Tem	
  afetada	
  sua	
  autoestima,	
  capacidade	
  de	
  solução	
  de	
  conflitos,	
  respeito	
  e	
  tolerância,	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
935	
  
conferindo	
  ao	
  fenômeno	
  da	
  violência	
  um	
  caráter	
  cíclico	
  (Apostólico,	
  Hino,&	
  Egry,	
  2013;	
  Lourenço	
  et	
  
al.,	
  2013).	
  
Dada	
  a	
  complexidade	
  do	
  fenômeno,	
  o	
  seu	
  enfrentamento	
  requer	
  ações	
  inter	
  setoriais,	
  para	
  além	
  das	
  
realizadas	
  pelo	
  setor	
  saúde.	
  No	
  Brasil,	
  em	
  virtude	
  das	
   implicações	
  para	
  a	
  saúde	
  dos	
  envolvidos	
  nas	
  
situações	
  de	
  violência	
  doméstica	
  infantil,	
  a	
  atuação	
  do	
  setor	
  saúde	
  tem	
  sido	
  fundamental,	
  exercendo	
  
muitas	
  vezes	
  o	
  papel	
  nuclear	
  de	
  organização	
  das	
  ações	
  Inter	
  setoriais.	
  
Os	
  profissionais	
  de	
  saúde	
  que	
  atuam	
  na	
  Estratégia	
  Saúde	
  da	
  Família	
  (ESF)	
  referem	
  insegurança	
  e	
  falta	
  
de	
   qualificação	
   para	
   lidar	
   com	
   os	
   casos	
   de	
   violência	
   doméstica.	
   Apenas	
   a	
   existência	
   de	
   políticas	
  
públicas	
  não	
  tem	
  sido	
  suficientes	
  para	
  garantir	
  que	
  os	
  profissionais	
  percebam	
  o	
  fenômeno	
  como	
  foco	
  
de	
   sua	
   prática.	
   É	
   frequente	
   a	
   queixa	
   dos	
   profissionais	
   sobre	
   o	
   pouco	
   conhecimento	
   do	
   tema,	
  
estrutura	
   insuficiente	
   para	
   enfrentamento,	
   falta	
   de	
   conhecimento	
   sobre	
   a	
   notificação	
   e	
   seu	
   fluxo,	
  
além	
  das	
  dificuldades	
  de	
  se	
  estabelecer	
  uma	
  abordagem	
  integrada	
  e	
  inter	
  setorial	
  (Lobato,	
  Moraes,	
  
&	
  Nascimento,	
  2012).	
  	
  
O	
   Estado,	
   responsável	
   por	
   garantir	
   os	
   direitos	
   e	
   o	
   bem	
   estar	
   da	
   sociedade,	
   necessita	
   desenvolver	
  
diversas	
   ações	
   e	
   programas	
   que	
   atuam	
   em	
   distintos	
   setores,	
   como	
   educação,	
   saúdee	
   meio	
  
ambiente.	
   Para	
   isso,	
   utiliza-­‐se	
   das	
   políticas	
   públicas,	
   que	
   são	
   um	
   agrupamento	
   de	
   ações	
  
governamentais	
   –	
   seja	
   em	
   qualquer	
   esfera	
   de	
   poder	
   –	
   voltadas	
   para	
   a	
   solução	
   de	
   problemas	
   de	
  
interesse	
  específico	
  e	
  público,	
  como	
  é	
  o	
  caso	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil	
  (Souza,	
  2006).	
  
Buscando	
   uma	
   melhor	
   compreensão	
   das	
   necessidades	
   percebidas	
   pelos	
   profissionais	
   acerca	
   da	
  
organização	
   dos	
   sujeitos	
   e	
   das	
   instituições	
   para	
   o	
   enfrentamento	
   da	
   violência,	
   a	
   pergunta	
   de	
  
pesquisa	
   é:	
   para	
   os	
   gestores	
   da	
  Atenção	
   Básica	
   como	
   e	
   quais	
   profissionais,	
   instituições	
   e	
   políticas	
  
públicas	
  podem	
  auxiliar	
  na	
  assistência	
  à	
  criança	
  vítima	
  de	
  violência	
  doméstica?	
  
2	
  Objetivo	
  
O	
  objetivo	
  do	
  estudo	
  foi	
  identificar	
  e	
  descrever	
  os	
  profissionais,	
  as	
  instituições	
  e	
  as	
  políticas	
  públicas	
  
que	
  atuam	
  na	
  assistência	
  e	
  no	
  enfrentamento	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil.	
  
3	
  Métodos	
  
Trata-­‐se	
  de	
  um	
  estudo	
  exploratório,	
  descritivo	
  que	
  toma	
  como	
  base	
  o	
  discurso	
  de	
  gestores	
  no	
  nível	
  
central,	
   regional	
  e	
   local	
   da	
  Atenção	
  Primária	
  em	
  Saúde	
   (APS),	
   além	
  dos	
  profissionais	
  de	
   referência	
  
para	
  rede	
  de	
  proteção	
  na	
  unidade	
  de	
  saúde,	
  de	
  dois	
  cenários	
  brasileiros.	
  O	
  estudo	
  integra	
  o	
  projeto	
  
“Instrumentalizando	
  os	
  profissionais	
  da	
  Atenção	
  Básica	
  para	
  o	
  enfrentamento	
  da	
  violência	
  contra	
  a	
  
criança”	
   (FAPESP	
   2011/50.932-­‐1),	
   desenvolvido	
   por	
   equipe	
   de	
   pesquisadores,	
   cujos	
   dados	
   foram	
  
coletados	
  de	
  2012	
  a	
  2014.	
  
Como	
   referencial	
   teórico	
   e	
  metodológico	
   este	
   estudo	
   utilizará	
   a	
   Teoria	
   da	
   Intervenção	
   Práxica	
   da	
  
Enfermagem	
  em	
  Saúde	
  Coletiva	
  (TIPESC)	
  nas	
  suas	
  duas	
  primeiras	
  etapas	
  que	
  consistem	
  na	
  captação	
  
e	
  interpretação	
  da	
  realidade	
  objetiva	
  de	
  um	
  dado	
  fenômeno	
  (Egry,	
  1996).	
  
O	
  cenário	
  de	
  estudo	
  foi	
  constituído	
  pelos	
  Distritos	
  Boa	
  Vista	
  e	
  Bairro	
  Novo	
  do	
  município	
  de	
  Curitiba	
  
do	
  Estado	
  do	
  Paraná,	
  Região	
  Sul	
  do	
  Brasil	
  e	
  Distrito	
  Administrativo	
  de	
  Capão	
  Redondo	
  do	
  município	
  
de	
  São	
  Paulo,	
  Região	
  Sudeste	
  do	
  país.	
  Destaque-­‐se	
  que	
  o	
  município	
  de	
  Curitiba	
  conta	
  com	
  as	
  ações	
  
da	
  Rede	
  de	
  Proteção	
  à	
  Criança	
  e	
  ao	
  Adolescente	
  em	
  situação	
  de	
  risco	
  para	
  a	
  violência,	
  tendo	
  como	
  
objetivo	
  contribuir	
  de	
  forma	
  integrada	
  para	
  a	
  redução	
  da	
  violência	
  contra	
  a	
  criança	
  e	
  o	
  adolescente,	
  
principalmente	
  no	
  que	
  se	
  refere	
  à	
  violência	
  sexual	
  e	
  doméstica	
  (Fonseca,	
  Egry,	
  Nobrega,	
  Apostólico,	
  
&	
  Oliveira,	
  2012).	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
936	
  
A	
  base	
  empírica	
  deste	
  estudo	
  foi	
  constituída	
  por	
  17	
  entrevistas	
  dos	
  dois	
  municípios,	
  sendo	
  nove	
  de	
  
Curitiba	
   e	
   oito	
   de	
   São	
   Paulo,	
   referentes	
   aos	
   gestores	
   de	
   saúde	
   do	
   nível	
   central	
   e	
   regional,	
   com	
   a	
  
coordenação	
   da	
   unidade	
   (gerente)	
   e	
   com	
   o	
   profissional	
   de	
   referência	
   da	
   rede	
   de	
   proteção	
   na	
  
unidade	
   de	
   saúde.	
   Os	
   trechos	
   das	
   entrevistas	
   utilizados	
   neste	
   estudo	
   correspondem	
   à	
   seguinte	
  
pergunta	
   norteadora	
   do	
   roteiro	
   de	
   entrevista:	
   “Do	
   seu	
   ponto	
   de	
   vista,	
   de	
   que	
   maneira	
   e	
   quais	
  
instituições,	
   profissionais	
   e	
   políticas	
   públicas	
   podem	
   auxiliar	
   na	
   assistência	
   à	
   criança	
   vítima	
   de	
  
violência	
  e	
  também	
  aos	
  seus	
  familiares?”.	
  Utilizou-­‐se	
  a	
  análise	
  de	
  conteúdo	
  de	
  Bardin	
  (2011)	
  e	
  como	
  
marco	
   de	
   referência	
   Minayo	
   (2004)	
   que	
   considera	
   a	
   análise	
   qualitativa	
   como	
   uma	
   maneira	
   de	
  
ultrapassar	
   o	
   nível	
   do	
   senso	
   comum	
  e	
   os	
   significados	
  mais	
   aparentes	
   e	
   alcançar	
   uma	
   visão	
   crítica	
  
frente	
  ao	
  objeto	
  analisado.	
  
O	
  projeto	
  foi	
  submetido	
  e	
  aprovado	
  pelo	
  do	
  Comitê	
  de	
  Ética	
  em	
  Pesquisa	
  da	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  
da	
   USP	
   (CAAE	
   02153012.9.0000.5392),	
   Comitês	
   de	
   Ética	
   da	
   Secretarias	
   Municipal	
   de	
   Saúde	
   de	
  
Curitiba,	
   Fundação	
   de	
   Assistência	
   Social	
   de	
   Curitiba	
   (FAS)	
   e	
   Secretaria	
  Municipal	
   de	
   Saúde	
   de	
   São	
  
Paulo/	
  Coordenadoria	
  Sul.	
  
4	
  Resultados	
  e	
  Discussão	
  
4.1	
  Caracterização	
  dos	
  sujeitos	
  
Todos	
  os	
  entrevistados	
  são	
  profissionais	
  da	
  saúde	
  com	
  formação	
  universitária	
  e	
  atuam	
  nas	
  unidades	
  
de	
  saúde,	
  nas	
  Coordenações	
  Regionais	
  e	
  nas	
  Coordenações	
  de	
  nível	
  central	
  da	
  assistência,	
  em	
  ambos	
  
os	
   cenários.	
   Exceto	
   um	
   coordenador	
   de	
   referência	
   da	
   rede	
   de	
   proteção	
   na	
   unidade	
   de	
   saúde	
   no	
  
cenário	
  de	
  Curitiba	
  que	
  possuía	
  formação	
  de	
  técnico	
  de	
  enfermagem.	
  
A	
   formação	
  acadêmica	
  dos	
  gestores	
  de	
   saúde	
  a	
  nível	
   central	
   e	
   regional,	
   em	
  ambos	
  os	
   cenários	
  de	
  
estudo,	
   foram	
   bastante	
   diversificadas:	
   assistentes	
   sociais,	
   odontólogos	
   e	
   fonoaudiólogos.	
   Foi	
  
observado	
   que	
   não	
   há	
   profissionais	
   de	
   enfermagem	
   ocupando	
   cargos	
   de	
   gerenciamento	
   nesses	
  
níveis.	
   Em	
   contraposição,	
   a	
   maior	
   parte	
   dos	
   gestores	
   das	
   unidades	
   de	
   saúde	
   (gerentes)	
   e	
  
profissionais	
  referências	
  da	
  rede	
  de	
  proteção	
  nesses	
  locais,	
  são	
  enfermeiras(os).	
  Atuam	
  em	
  sua	
  área	
  
de	
   formação	
  acadêmica,	
   supervisionando	
  as	
   famílias	
  com	
  histórico	
  de	
  violência	
   infantil,	
  na	
  área	
  de	
  
abrangência	
  da	
  unidade	
  de	
  saúde.	
  A	
  caracterização	
  dos	
  sujeitos	
  permite	
  detectar	
  quais	
  profissionais	
  
estão	
  mais	
  envolvidos	
  no	
  enfrentamento	
  da	
  violência	
  nos	
  cenários	
  de	
  estudo,	
  refletindo	
  o	
  processo	
  
de	
   formação	
   e	
   qualificação	
   do	
   profissional	
   de	
   saúde	
   para	
   lidar	
   com	
   uma	
   demanda	
   delicada	
   e	
  
peculiar.	
  
4.2	
  Organização	
  do	
  material	
  empírico	
  
O	
  conjunto	
  das	
  17	
  entrevistas	
  foi	
  lido	
  à	
  exaustão	
  e	
  gerou	
  três	
  dimensões	
  de	
  análise,	
  seis	
  categorias	
  e	
  
114	
  trechos	
  ou	
  fragmentos	
  que	
  formaram	
  o	
  corpus	
  de	
  análise.	
  A	
  Tabela	
  1	
  sintetiza	
  o	
  agrupamento	
  do	
  
corpus	
  (trechos	
  das	
  entrevistas)nas	
  três	
  dimensões:	
  
Tabela	
  1.	
  Agrupamento	
  do	
  corpus	
  de	
  análise	
  em	
  dimensões.	
  
Dimensões	
  de	
  análise	
   Trechos	
  das	
  entrevistas	
  
Instituições	
   35	
  
Profissionais	
   39	
  
Políticas	
  Públicas	
   40	
  
Total	
  	
   114	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
937	
  
As	
  categorias	
   foram	
  elencadas	
  a	
  partir	
  do	
  objetivo	
  deste	
  estudo,	
  ou	
  seja,	
   identificar	
  e	
  descrever	
  os	
  
profissionais,	
  as	
  instituições	
  e	
  as	
  políticas	
  públicas	
  que	
  atuam	
  na	
  assistência	
  e	
  no	
  enfrentamento	
  da	
  
violência	
  doméstica	
  infantil.	
  Logo,	
  detectar	
  essas	
  peculiaridades	
  requer	
  uma	
  análise	
  minuciosa,	
  que	
  
revele	
  as	
  potencialidades	
  e	
  fragilidades	
  de	
  cada	
  dimensão.	
  
Tabela	
  2.	
  Agrupamento	
  do	
  corpus	
  de	
  análise	
  nas	
  categorias	
  por	
  número	
  de	
  sujeitos.	
  
Categorias	
   N.º	
  de	
  sujeitos	
   %	
  
Fragilidades	
  das	
  instituições	
   13	
   19,4	
  
Fragilidades	
  das	
  políticas	
  públicas	
   13	
   19,4	
  
Potencialidades	
  dos	
  profissionais	
   12	
   17,9	
  
Fragilidades	
  dos	
  profissionais	
   12	
   17,9	
  
Potencialidades	
  das	
  instituições	
   10	
   14,9	
  
Potencialidades	
  das	
  políticas	
  públicas	
   7	
   10,5	
  
Total	
  	
   67	
   100	
  
	
  
Destaca-­‐se	
  que	
  nem	
  todos	
  os	
  entrevistados	
  responderam	
  a	
  todas	
  as	
  dimensões	
  ou	
  todas	
  as	
  partes	
  do	
  
questionário,	
   apresentando	
   dificuldade	
   na	
   ponderação	
   das	
   questões	
   quando	
   elas	
   se	
   encontravam	
  
mais	
   distante	
   de	
   sua	
   realidade	
   de	
   trabalho.	
   Percebe-­‐se	
   aqui	
   um	
   número	
   maior	
   de	
   sujeitos	
  
discorrendo	
  sobre	
  as	
  fragilidades	
  das	
  instituições	
  (n=13)	
  e	
  das	
  políticas	
  públicas	
  (n=13),	
  sendo	
  para	
  a	
  
dimensão	
   dos	
   profissionais	
   um	
   número	
   igual	
   presente	
   nos	
   discursos	
   dos	
   gestores	
   entre	
   as	
  
fragilidades	
   (n=12)	
   e	
   as	
   potencialidades	
   (n=12).	
   Isso	
   indica	
   que	
  na	
   percepção	
  dos	
   entrevistados	
   as	
  
fragilidades	
  dessas	
  três	
  dimensões	
  (profissionais,	
  instituições	
  e	
  políticas	
  públicas)	
  ainda	
  superam	
  suas	
  
potencialidades.	
  
Tabela	
  3.	
  Agrupamento	
  do	
  corpus	
  de	
  análise	
  em	
  categorias	
  por	
  número	
  de	
  trechos.	
  
Categorias	
   N.º	
  de	
  sujeitos	
   %	
  
Fragilidades	
  dos	
  profissionais	
   24	
   21,3	
  
Fragilidades	
  das	
  políticas	
  públicas	
   22	
   19,2	
  
Fragilidades	
  das	
  instituições	
   20	
   17,4	
  
Potencialidades	
  das	
  políticas	
  públicas	
   18	
   15,5	
  
Potencialidades	
  das	
  instituições	
   15	
   13,3	
  
Potencialidades	
  dos	
  profissionais	
   15	
   13,3	
  
Total	
  	
   114	
   100	
  
 
Observa-­‐se	
  que,	
   ao	
   serem	
   considerados	
  os	
   trechos	
  dos	
  discursos	
  dos	
   entrevistados,	
   a	
  maior	
   parte	
  
ainda	
  se	
  concentra	
  nas	
  fragilidades	
  das	
  três	
  dimensões.	
  
4.3	
  A	
  dimensão	
  dos	
  profissionais	
  
Dentre	
  os	
  17	
  entrevistados,	
  12	
  citaram	
  trechos	
  que	
  correspondem	
  à	
  categoria	
  das	
  Potencialidades	
  
dos	
  Profissionais,	
  e	
  12	
  citaram	
  trechos	
  referentes	
  à	
  categoria	
  de	
  suas	
  Fragilidades.	
  
Do	
  total	
  de	
  114	
  trechos	
  analisáveis,	
  15	
  pertencem	
  à	
  categoria	
  das	
  Potencialidades	
  dos	
  Profissionais,	
  
retratando	
   a	
   importância	
   de	
   uma	
   equipe	
   multiprofissional	
   envolvida	
   e	
   sensível	
   acerca	
   do	
   tema	
  
violência	
   infantil.	
  Foi	
  destacada	
  a	
   importância	
  da	
  presença	
  de	
  todos	
  os	
  profissionais	
  para	
  avaliação	
  
da	
   criança,	
   mostrando	
   que	
   eles	
   podem	
   contribuir	
   para	
   o	
   enfrentamento	
   da	
   violência	
   infantil.	
   O	
  
profissional	
  atento	
  e	
  capacitado	
  tem	
  por	
  responsabilidade	
  ajudar	
  essa	
  criança	
  a	
  sair	
  da	
  situação	
  de	
  
violência,	
  atuando	
  desde	
  a	
  notificação	
  até	
  o	
  desfecho,	
  e	
  podendo	
  ainda	
  ser	
  um	
  multiplicador	
  de	
  seus	
  
conhecimentos	
  na	
  área:	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
938	
  
"Eu	
  acho	
  que	
  a	
  presença	
  de	
  um	
  psicólogo	
  é	
  fundamental,	
  a	
  presença	
  de	
  um	
  assistente	
  social,	
  
enfermeiro,	
  médico,	
  uma	
  equipe	
  multidisciplinar	
  para	
  avaliar	
  qual	
  a	
  necessidade	
  da	
  criança."	
  
(SUJ	
  04)	
  	
  
Outros	
  estudos	
   reiteram,	
  enquanto	
  potencialidades	
   relacionadas	
  aos	
  profissionais,	
  poder	
  atuar	
  em	
  
integração	
   com	
   outros	
   trabalhadores	
   e	
   outros	
   setores	
   (escolas,	
   professores,	
   diretores	
   de	
   escolas,	
  
polícia,	
   vizinhos),	
   bem	
   como,	
   contar	
   com	
   uma	
   rede	
   de	
   proteção	
   integrada	
   e	
   ter	
   treinamentos,	
  
capacitações	
  e	
  ou	
   formação	
  para	
   lidar	
  com	
  as	
  situações	
  de	
  violência	
   infantil.	
   (Moreira	
  et	
  al.,	
  2014;	
  
Schols,	
  Ruiter,	
  &	
  Ory,	
  2013)	
  
Quanto	
   às	
   Fragilidades	
   foram	
   encontrados	
   24	
   trechos	
   que	
   reforçaram	
   a	
   falta	
   de	
   capacitação	
   e	
  
preparo	
  do	
  profissional	
  e	
  a	
  ausência	
  de	
  segurança	
  e	
  sigilo	
  dos	
  profissionais	
  na	
  notificação	
  de	
  casos.	
  
São	
   questões	
   que	
   refletem	
   o	
   desconhecimento	
   quanto	
   à	
   denúncia	
   e	
   ao	
   fluxo	
   de	
   notificação	
   para	
  
vigilância	
  e	
  monitoramento	
  dos	
  casos.	
  
Muitas	
  vezes,	
  consideram	
  a	
  retirada	
  da	
  criança	
  do	
  âmbito	
   familiar	
  como	
  o	
  primeiro	
  procedimento,	
  
realocando-­‐a	
  para	
   um	
  abrigo.	
   Isso	
  pode	
  provocar	
   consequências	
   tão	
  desastrosas	
   quanto	
   a	
   própria	
  
violência	
   sofrida	
   no	
   ambiente	
   doméstico.	
   Em	
   geral,	
   os	
   profissionais	
   visam	
   a	
   notificação,	
  
acompanhamento	
  e	
  encaminhamento	
  da	
  criança	
  e	
  da	
  família	
  para	
  as	
  instituições	
  de	
  apoio	
  social.	
  
A	
   dificuldade	
   mais	
   citada	
   é	
   a	
   falta	
   de	
   capacitação	
   e	
   preparo	
   dos	
   profissionais	
   de	
   saúde,	
   sendo	
  
necessária	
   uma	
   pessoa	
   de	
   referência	
   para	
   lidar	
   com	
   a	
   questão	
   da	
   violência	
   para	
   não	
   se	
   perder	
   o	
  
monitoramento	
  e	
  acompanhamento	
  da	
  criança	
  e	
  de	
  sua	
  família.	
  Há	
  também	
  a	
  falta	
  de	
  comunicação	
  
entre	
  os	
  profissionais	
  de	
  saúde	
  com	
  outras	
  instituições	
  públicas	
  e	
  demais	
  equipamentos	
  sociais	
  que	
  
poderiam	
  prestar	
  algum	
  tipo	
  de	
  auxílio,	
  seja	
  para	
  a	
  criança	
  ou	
  para	
  o	
  agressor:	
  
"[...]	
   porque	
   entendemos	
   que	
   para	
   lidar	
   coma	
   situação	
   são	
   pessoas	
   que	
   devem	
   estar	
  
realmente	
  preparadas,	
  capacitadas,	
  treinadas.	
  Ter	
  o	
  profissional,	
  ter	
  o	
  serviço,	
  depende	
  das	
  
políticas	
  públicas."	
  (SUJ	
  30)	
  	
  
A	
   capacitação	
   dos	
   profissionais	
   para	
   enfrentar	
   casos	
   de	
   violência	
   doméstica	
   infantil	
   remete	
   às	
  
dificuldades	
  encontradas	
  pelos	
  mesmos,	
  que	
  perpassam	
  o	
  despreparo	
  profissional	
  na	
   identificação	
  
dos	
   casos,	
   a	
   falta	
   de	
   amparo	
   institucional,	
   a	
   escassez	
   de	
   trabalhadores,	
   a	
   não	
   constatação	
   da	
  
violência	
  como	
  agravos	
  de	
  saúde,	
  os	
  sentimentos	
  de	
  impotência	
  e	
  banalização	
  da	
  violência	
  (Moreira	
  
et	
  al.,	
  2014;	
  Aragão	
  et	
  al.,	
  2013;	
  Vecina	
  &	
  Machado,	
  2010).	
  Essas	
  dificuldades	
  que	
  os	
  profissionais	
  de	
  
saúde	
   se	
   deparam	
   comprometem	
   a	
   atuação	
   profissional,	
   visto	
   que	
   não	
   notificando	
   os	
   casos	
  
suspeitos	
   e	
   os	
   confirmados	
   de	
   violência,	
   situar-­‐se-­‐iam	
   contrariando	
   o	
   seu	
   compromisso	
   social	
   e	
  
moral	
   com	
   a	
   sociedade	
   em	
   preservar	
   os	
   direitos	
   infantis	
   previstos	
   no	
   Estatuto	
   da	
   Criança	
   e	
   do	
  
Adolescente	
  (ECA).	
  	
  
Evidenciam-­‐se	
   lacunas	
   importantes:	
   falta	
   fluidez	
   no	
   encaminhamento	
   dos	
   casos	
   detectados	
   e	
   a	
  
carência	
   de	
   interação	
   entre	
   o	
   serviço	
   de	
   saúde	
   e	
   os	
   órgãos	
   de	
   proteção	
   à	
   criança.	
   A	
   inter	
  
setorialidade	
  ocorre	
  apenas	
  no	
  encaminhamento	
  das	
  vítimas,	
  e	
  não	
  no	
  acompanhamento	
  posterior	
  
das	
  famílias	
  ou	
  da	
  criança	
  
São	
  destacadas	
  ainda	
  a	
   falta	
  de	
  formação	
  profissional	
  específica	
  para	
  o	
  atendimento	
  de	
  ocorrência	
  
da	
  violência	
  doméstica	
   infantil,	
   falta	
  de	
   investimento	
  para	
  a	
   instrumentalização	
  dos	
  profissionais	
  e	
  
ausência	
  de	
  protocolos	
  instituídos	
  que	
  estabeleceriam	
  os	
  fluxos	
  de	
  atendimento:	
  
"Porque	
   se	
   eu	
   deixar	
   isso	
   [a	
   denúncia]	
   na	
   mão	
   do	
   enfermeiro	
   e	
   do	
   médico	
   certamente	
  
haverão	
   desfechos	
  muito	
   complicados	
   e	
   não	
   porque	
   o	
   profissional	
   está	
   de	
  má	
   fé	
   ou	
   tem	
  
pouco	
   interesse	
   em	
   resolver	
   o	
   problema,	
   nada	
   disso,	
   não	
   é	
   o	
   profissional	
   que	
   é	
   ruim	
   é	
   a	
  
formação	
  dele	
  que	
  não	
  é	
  específica	
  para	
  atender	
  a	
  esse	
  tipo	
  de	
  problema.	
  Então	
  eu	
  acho	
  que	
  
o	
   investimento	
   em	
   instrumentalizar	
   o	
   profissional,	
   porque	
   é	
   fácil	
   dizer	
   que	
   o	
   cara	
   tem	
   a	
  
obrigação	
  de	
  denunciar	
  a	
  violência,	
  mas	
  ele	
  não	
  vai	
  denunciar	
  a	
  violência	
  e	
  vai	
  embora	
  do	
  
serviço,	
   ele	
   vai	
   denunciar	
   a	
   violência	
   e	
   vai	
   continuar	
   atendendo	
   essa	
   família	
   e	
   ele	
   vai	
  
continuar	
  nessa	
  comunidade."	
  (SUJ	
  33)	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
939	
  
As	
   dificuldades	
   apresentadas	
   anteriormente,	
   decorrentes	
   da	
   falta	
   de	
   preparo	
   dos	
   profissionais	
   de	
  
saúde	
  acerca	
  do	
  tema,	
  confirmam	
  a	
  importância	
  de	
  integrar	
  na	
  formação	
  acadêmica,	
  a	
  aproximação	
  
do	
  estudante	
  com	
  o	
  tema	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil	
  e	
  o	
  incentivo	
  à	
  participação	
  da	
  universidade	
  
na	
  educação	
  continuada	
  dos	
  profissionais	
  nos	
  diferentes	
  campos	
  de	
  estágio	
  curricular.	
  Também	
  faz-­‐
se	
   necessária	
   a	
   estruturação	
   de	
   uma	
   rede	
   efetiva	
   de	
   acolhimento	
   e	
   enfrentamento	
   da	
   violência,	
  
assim	
  como	
  a	
  construção	
  de	
  protocolos	
  que	
  definam	
  papéis	
  e	
   responsabilidades,	
   com	
  o	
   intuito	
  de	
  
assegurar	
   a	
   notificação,	
   o	
   monitoramento	
   e	
   a	
   resolubilidade,	
   assim	
   como	
   criar	
   ou	
   melhorar	
   as	
  
medidas	
  de	
  proteção	
  às	
  crianças.	
  
A	
   falta	
   de	
   interesse,	
   empatia	
   e	
   paciência	
   dos	
   profissionais	
   com	
   os	
   perpetradores	
   também	
   é	
  
retratada.	
   Em	
   alguns	
   casos	
   os	
   profissionais	
   da	
   saúde	
   são	
   agredidos	
   verbalmente,	
   chegando	
   a	
   ser	
  
ameaçados	
  e	
  nessas	
  situações	
  eles	
  mesmos	
  precisam	
  recorrer	
  à	
  ajuda	
  de	
  profissionais	
  de	
  segurança.	
  	
  
"Mas	
  tem	
  pessoas	
  muito	
  desumanas,	
  mal	
  humoradas,	
  que	
  não	
  quer	
  saber	
  do	
  outro,	
  que	
  fala	
  
que	
   também	
   teve	
   uma	
   vida	
   desta	
   forma,	
   chama	
   de	
   vagabundo,	
   manda	
   trabalhar,	
   então,	
  
dentro	
   do	
   setor	
   público	
   quando	
   pede	
   ajuda,	
   encontra	
   pessoas	
   desta	
   forma.	
   Em	
   outros	
  
setores	
   da	
   saúde	
   pública,	
   não	
   na	
   unidade	
   de	
   saúde.	
   Não	
   tem	
   uma	
   coisa	
   de	
   se	
   preocupar	
  
muito	
  com	
  o	
  outro,	
  se	
  importar	
  mesmo	
  que	
  isto	
  aconteça."	
  (SUJ	
  22)	
  	
  
A	
  carência	
  de	
  sigilo	
  na	
  notificação	
  é	
  algo	
  grave	
  e	
  que	
  impede	
  a	
  ação	
  de	
  muitos	
  profissionais.	
  Ameaças	
  
e	
   calúnias	
   são	
   constantes	
   pelos	
   perpetradores,	
   que	
   quando	
   denunciados,	
   revoltam-­‐se	
   com	
   o	
  
acontecido	
  e	
  desejam	
  que	
  aquela	
  notificação	
  não	
  siga	
  para	
  o	
  Conselho	
  Tutelar:	
  
"Mas	
   eu	
   acho	
   que	
   deve	
   ter	
   um	
   sigilo.	
   A	
   falta	
   do	
   sigilo	
   também	
   é	
   uma	
   coisa	
   complicada	
  
porque	
  às	
  vezes	
  é	
  notificado,	
  chega	
  para	
  o	
  Conselho	
  Tutelar,	
  aí	
  o	
  pai	
  ou	
  a	
  mãe	
  são	
  chamados	
  
e	
  falam	
  que	
  foi	
  a	
  pessoa	
  daquela	
  unidade,	
  eles	
  citam	
  o	
  nome	
  da	
  pessoa	
  que	
  ali	
  notificou.	
  Daí,	
  
a	
  pessoa	
  toma	
  isso	
  como	
  pessoal.	
  Sei	
  de	
  relatos	
  de	
  algumas	
  pessoas	
  que	
  têm	
  falado	
  que	
  foi	
  
ameaçada	
  de	
  morte."	
  (SUJ	
  04)	
  	
  
Assim,	
  verifica-­‐se	
  que	
  os	
  impactos	
  da	
  violência	
  na	
  notificação	
  dos	
  casos,	
  está	
  relacionado	
  ao	
  medo	
  de	
  
se	
   envolver	
   com	
   indivíduos	
   com	
   agressivo	
   e	
   violentos,	
   o	
   receio	
   de	
   represálias	
   e	
   de	
   vingança.	
   Esta	
  
insegurança	
  pode	
   interferir	
  no	
  funcionamento	
  do	
  serviço	
  de	
  saúde,	
  na	
  medida	
  em	
  que	
  contribuem	
  
para	
   a	
   atuação	
   paralisante	
   dos	
   profissionais	
   (Andrade	
   et	
   al.,	
   2011).	
   Essa	
   dificuldade	
   é	
   ampliada	
  
quando	
   se	
   coloca	
   a	
   percepção	
   de	
   gênero:	
   a	
   enfermagem	
   é	
   uma	
   profissão	
   predominantemente	
  
exercida	
  por	
  mulheres	
  (Grüdtner,	
  2005).	
  
Em	
  outras	
  palavras,	
  a	
  falta	
  de	
  uma	
  política	
  institucional	
  clara	
  de	
  proteção	
  dos	
  trabalhadores	
  da	
  saúde	
  
das	
   unidades	
   acrescida	
   da	
   dominação	
   masculinaaponta-­‐se	
   como	
   presumível	
   fonte	
   do	
   medo	
   e	
  
inquietação	
   em	
   relação	
   aos	
   agressores	
   familiares,	
   motivando	
   o	
   silêncio	
   e	
   cooperando	
   para	
   a	
  
continuidade	
   da	
   situação	
   de	
   violência	
   (Oliveira	
  &	
   Fonseca,	
   2007).	
   Há	
   também,	
   a	
   complexidade	
   do	
  
tema	
   tratado,	
   uma	
   vez	
   que	
   caracteriza	
   como	
   uma	
   questão	
   desafiadora	
   na	
   rotina	
   de	
   trabalho	
   dos	
  
profissionais	
  de	
  saúde.	
  
4.4	
  A	
  dimensão	
  das	
  instituições	
  
Dentre	
  as	
  17	
  entrevistas,	
  13	
  gestores	
  de	
  saúde	
  citaram	
  trechos	
  que	
  correspondem	
  à	
  dimensão	
  das	
  
Fragilidades	
   das	
   Instituições	
   e	
   10	
   gestores	
   citaram	
   trechos	
   referentes	
   à	
   dimensão	
   de	
   suas	
  
Potencialidades.	
  Dos	
  114	
  trechos	
  gerados,	
  20	
  trechos	
  foram	
  classificados	
  na	
  categoria	
  de	
  Fragilidades	
  
das	
   Instituições,	
  a	
  qual	
  relata	
  as	
  carências	
  de	
   informação	
  das	
  organizações	
  à	
  respeito	
  do	
  tema.	
  Por	
  
outro	
   lado,	
  15	
   trechos	
  pertencem	
  à	
   categoria	
  das	
  Potencialidades	
  das	
   Instituições,	
  mostrando	
  que	
  
existem	
  organizações	
  que	
  auxiliam	
  no	
  enfrentamento	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil.	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
940	
  
As	
   Potencialidades	
   foram	
   relatadas	
   por	
   dez	
   entrevistados.	
   Dentre	
   elas	
   está	
   representado,	
   por	
  
exemplo,	
  o	
  suporte	
  para	
  prevenção	
  da	
  violência	
  que	
  as	
  instituições	
  não	
  governamentais	
  oferecem	
  à	
  
criança:	
  
"O	
  que	
  eu	
  vi	
  até	
  hoje	
  que	
  deu	
  certo	
   são	
  centros	
  pra	
  prevenção	
  da	
  violência	
   com	
  apoio	
  de	
  
instituições	
   até	
  não	
  governamentais,	
  mas	
  é	
  uma	
   coisa	
   assim	
  para	
  no	
   futuro	
   tentar	
   alguma	
  
parceria,	
   mas	
   vai	
   estar	
   envolvendo	
   área	
   saúde,	
   área	
   educação	
   e	
   FAS	
   [Fundação	
   de	
   Ação	
  
Social	
  de	
  Curitiba]."	
  (SUJ	
  16)	
  	
  
As	
  fragilidades	
  das	
  Instituições	
  foram	
  citadas	
  por	
  13	
  entrevistados,	
  tais	
  como,	
  as	
  fragilidades	
  que	
  as	
  
instituições	
  apresentam	
  no	
  acompanhamento	
  das	
  crianças	
  e	
  suas	
  famílias	
  que	
  pertencem	
  aos	
  grupos	
  
vulneráveis	
  para	
  a	
  violência.	
  Geralmente,	
  ocorre	
  falta	
  de	
  articulação	
  entre	
  os	
  equipamentos	
  sociais,	
  
precária	
   atuação	
   com	
   os	
   agressores,	
   demora	
   no	
   fluxo	
   de	
   atendimento	
   e	
   escassa	
   atuação	
   de	
  
instituições	
  governamentais	
  públicas:	
  
“Por	
  exemplo,	
  nós	
  temos	
  uma	
  Guarda	
  Municipal,	
  e	
  a	
  Guarda	
  Municipal	
  não	
  participa.	
  Mas	
  a	
  
Guarda	
   está	
   com	
   seus	
   carros,	
   motos,	
   agentes	
   de	
   segurança	
   em	
   frente	
   às	
   escolas,	
   praças,	
  
parques,	
  equipamentos	
  públicos,	
  nas	
   ruas.	
  Ela	
  devia	
   ser	
  um	
  participante	
  ativo.	
  Só	
  para	
  dar	
  
um	
  exemplo,	
  o	
  esporte	
  talvez	
  pudesse	
  estar	
  participando	
  porque	
  em	
  algumas	
  situações	
  você	
  
pode	
   oferecer	
   opções	
   para	
   a	
   retirada	
   da	
   criança	
   de	
   um	
   ambiente	
   violento.	
   Então	
   eu	
   acho	
  
muito	
  difícil.”	
  (SUJ	
  02)	
  	
  
O	
  fragmento	
  acima	
  explora	
  um	
  dos	
  obstáculos	
  que	
  as	
  instituições	
  se	
  deparam	
  quando	
  o	
  assunto	
  é	
  o	
  
enfrentamento	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil,	
  ou	
  seja,	
  a	
  dificuldade	
  em	
  atuar	
  em	
  ações	
  que	
  sejam	
  
inter	
   setoriais.	
  No	
   trecho	
  abaixo,	
  é	
  possível	
  perceber	
  a	
  ausência	
  de	
  uma	
  rede	
  mais	
  articulada	
  para	
  
atuar	
  de	
  forma	
  mais	
  efetiva	
  no	
  enfrentamento:	
  
"Então	
  eu	
  acho	
  que	
  em	
  termos	
  de	
   instituição	
  de	
   locais,	
  não	
  gostaria	
  de	
  citar	
  nenhum.	
  Mas	
  
assim,	
  que	
  tivesse	
  quem	
  sabe	
  uma	
  rede	
  mais	
  articulada	
  mesmo.	
  Onde	
  a	
  gente	
  pudesse	
  ter	
  
mais	
  opções	
  de	
  locais	
  para	
  encaminhar,	
  de	
  locais	
  para	
  o	
  acompanhamento,	
  porque	
  às	
  vezes	
  
a	
  unidade	
  de	
  saúde	
  não	
  dá	
  conta."	
  (SUJ	
  39)	
  
4.5	
  A	
  dimensão	
  das	
  políticas	
  públicas	
  
Dentre	
   as	
   17	
   entrevistas	
   realizadas	
   com	
   os	
   gestores	
   de	
   saúde,	
   13	
   deles	
   relataram	
   sobre	
   as	
  
Fragilidades	
   das	
   Políticas	
   Públicas	
   que	
   atuam	
   sobre	
   a	
   violência	
   doméstica	
   infantil.	
   Sete	
   relataram	
  
sobre	
   as	
   Potencialidades	
   desta	
   dimensão.	
   Dos	
   114	
   trechos	
   analisados,	
   22	
   são	
   referentes	
   às	
  
Fragilidades	
  das	
  Políticas	
  Públicas	
  e	
  18,	
  às	
  Potencialidades.	
  
As	
  Potencialidades	
  foram	
  expostas	
  por	
  meio	
  de	
  trechos	
  que	
  reafirmaram	
  a	
  importância	
  das	
  políticas	
  
públicas	
  referentes	
  a	
  diversas	
  para	
  se	
  fazer	
  o	
  enfrentamento	
  da	
  violência	
  doméstica	
   infantil,	
  sendo	
  
esta	
  uma	
  preocupação	
  de	
  ordem	
  inter	
  setorial.	
  
“Então,	
  acho	
  que	
  passa	
  por	
  todas	
  as	
  políticas.	
  Porque	
  eu	
  acho	
  que	
  a	
  violência	
  está	
   ligada	
  a	
  
uma	
  série	
  de	
  questões,	
  aquela	
  coisa	
  que	
  falamos	
   lá	
  no	
  começo,	
  é	
  muito	
  multifatorial”	
   (SUJ	
  
40)	
  
Mais	
   investimentos	
   em	
   processos	
   de	
   formação,	
   avaliação,	
   supervisão	
   e	
   apoio	
   aos	
   profissionais,	
  
poderiam	
   fortalecer	
   o	
   protagonismo	
   e	
   o	
   envolvimento	
   dos	
   diversos	
   setores	
   e	
   trabalhadores	
   na	
  
superação	
   das	
   contradições	
   presentes	
   nas	
   políticas	
   públicas	
   entre	
   o	
   que	
   está	
   previsto	
   e	
   o	
   que	
   é	
  
possível	
  de	
  operacionalização	
  (Moreira	
  et	
  al.,	
  2014).	
  
Na	
   percepção	
   dos	
   entrevistados,	
   uma	
   instituição	
   familiar	
   estruturada,	
   com	
   responsáveis	
   que	
  
possuem	
  perspectiva	
  de	
  vida	
  e	
  boas	
  condições	
   financeiras	
   são	
   tidos	
  como	
  condições	
   favoráveis	
  ao	
  
combate	
  a	
  violência	
  doméstica	
   infantil.	
  Sabendo-­‐se	
  disso,	
  as	
  parcerias	
  de	
   instituições	
  com	
  políticas	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
941	
  
públicas	
   que	
   visem	
   retirar	
   famílias	
   de	
   extrema	
  pobreza,	
   vinculando-­‐as	
   a	
   programas	
   sociais,	
   são	
  de	
  
grande	
  avanço.	
  
Mas	
   esta	
   é	
   uma	
   visão	
   parcial	
   pois	
   a	
   violência	
   doméstica	
   infantil	
   não	
   pode	
   ser	
   explicado	
   como	
  
resultante	
  de	
  uma	
  ou	
  duas	
  causas,	
  ao	
  contrário,	
  ele	
  é	
  complexo	
  e	
  socialmente	
  determinado	
  em	
  suas	
  
manifestações.Portanto,	
   é	
   preciso	
   considerar	
   as	
   condições	
   de	
   vida	
   e	
   trabalho	
   no	
   atual	
   modo	
   de	
  
produção	
  capitalista	
  às	
  quais	
  estas	
  famílias	
  estão	
  submetidas,	
  o	
  que	
  irá	
  determinar	
  as	
  condições	
  de	
  
enfrentamento	
  da	
  violência	
  vivenciada.	
  Caso	
  contrário,	
  ações	
  pontuais	
  e	
  de	
  ordem	
  individual	
  apenas	
  
reforçarão	
   o	
   sentimento	
   de	
   culpa	
   pessoal	
   pela	
   violência	
   sofrida	
   e	
   não	
   mudarão	
   as	
   estruturas	
  
geradoras	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil.	
  	
  
“Está	
   sendo	
   feito	
   todo	
   um	
   trabalho,	
   junto	
   à	
   subprefeitura,	
   para	
   trazer	
   essas	
   pessoas	
   de	
  
extrema	
  pobreza	
  para	
  que	
  elas	
  possam	
  estar	
  vinculadas	
  a	
  programas	
  sociais,	
   isso	
  pode	
  ser	
  
uma	
  forma.	
  Acho	
  que	
  também	
  dever	
  estar	
  muito	
   ligado	
  à	
  educação	
  para	
  as	
  pessoas	
  terem	
  
um	
  horizonte.	
  Hoje,	
  vemos	
  muitas	
  pessoas	
  que	
  a	
  vida	
  não	
  leva	
  à	
  perspectiva	
  nenhuma,	
  isso	
  
leva	
  a	
  um	
  sofrimento	
  mental	
  muito	
  grande	
  e	
  eu	
  acho	
  que	
  isso	
  também	
  é	
  um	
  grande	
  gerador	
  
de	
   violência.	
  Na	
  medida	
   em	
  que	
   você	
   não	
   tem	
  perspectiva	
   de	
   nada,	
   que	
   você	
   não	
   almeja	
  
nada,	
  o	
  que	
  você	
  pode	
  almejar	
  é	
  a	
  sua	
  vida	
  de	
  hoje	
  somente.	
  A	
  perspectiva	
  de	
  vida	
  é	
  muito	
  
ruim	
  individualmente,	
  aí	
  você	
  não	
  tolera	
  nada,	
  então,	
  você	
  é	
  gerador	
  de	
  violência.”	
  (SUJ	
  40)	
  
Sendo	
   assim,	
   salienta-­‐se	
   a	
   importância	
   na	
   luta	
   contra	
   a	
   violência	
   infantil,	
   rever	
   e	
   compreender	
  
melhor	
  as	
  múltiplos	
  determinações	
  que	
  colaboram	
  para	
  a	
  ocorrência	
  da	
  violência	
  contra	
  a	
  criança,	
  
bem	
   como	
   as	
   suas	
   distintas	
   formas	
   de	
   expressão	
   e	
   consequências,	
   auxiliando	
   para	
   direcionar	
  
medidas	
  e	
  políticas	
  peculiares	
  de	
  prevenção	
  e	
   intervenção,	
  que	
  dedicam-­‐se	
  a	
   família	
  e	
   incumbindo	
  
não	
  apenas	
  o	
  Estado,	
  mas	
  à	
  sociedade	
  em	
  geral,	
  a	
  função	
  de	
  proteger	
  a	
  criança	
  (ABRAPIA,  1992).	
  Em	
  
termos	
   de	
   política	
   de	
   estado,	
   no	
   Brasil,	
   já	
   existe	
   a	
   garantia	
   de	
   proteção:	
   o	
   artigo	
   4°	
   do	
   ECA,	
  
estabelece	
   que	
   “é	
   dever	
   da	
   família,	
   da	
   comunidade,	
   da	
   sociedade	
   em	
   geral	
   e	
   do	
   poder	
   público,	
  
assegurar	
  com	
  absoluta	
  prioridade,	
  a	
  efetivação	
  dos	
  direitos	
  previstos	
  no	
  Estatuto”	
  (ECA,	
  1990).	
  
Quanto	
   às	
   Fragilidades	
   das	
   Políticas	
   Públicas,	
   são	
   citadas	
   a	
   escassez	
   de	
   políticas	
   que	
   pudessem	
  
agilizar	
  os	
  encaminhamentos,	
  a	
  falta	
  de	
  efetivação	
  destas	
  e	
  o	
  sub	
  financiamento:	
  
“E	
   tem	
  políticas.	
   Existe	
   legislação	
   preconizando	
   todos	
   aqueles	
   direitos,	
  mas	
   o	
   que	
   a	
   gente	
  
tem	
  é	
  a	
  falta	
  da	
  efetivação.”	
  (SUJ	
  01)	
  
“As	
  políticas	
  públicas	
  podem	
  auxiliar	
   acho	
  que	
  dando	
  um	
  suporte	
  melhor	
  que	
  não	
   tem,	
   às	
  
vezes	
   para	
   encaminhar	
   é	
   tanta	
   notificação	
  que	
   tem	
  que	
   esperar,	
   então	
   acontece	
   isto,	
   não	
  
tem	
  aquela	
  atenção,	
  é	
  muito	
  burocrática	
  em	
  alguns	
  momentos,	
  não	
  é	
  uma	
  coisa	
  com	
  tanta	
  
facilidade	
   como	
  notificou	
   e	
   já	
   resolveu,	
   precisa	
   de	
   uma	
   reforma	
   política,	
   não	
   existe	
  muito	
  
investimento	
   nesta	
   área,	
   assim	
   como	
   não	
   existe	
   na	
   área	
   de	
   educação	
   no	
   nosso	
   país	
   e	
   a	
  
preocupação	
  com	
  estas	
  crianças	
  que	
  são	
  vitimizadas.”	
  (SUJ	
  22)	
  
Entende-­‐se	
  que	
  a	
   importância	
  do	
  desenvolvimento	
  de	
  políticas	
  públicas	
  efetivas	
  está	
   interligada	
  ao	
  
monitoramento	
  do	
  problema	
  da	
  violência	
  doméstica	
  infantil,	
  com	
  o	
  objetivo	
  de	
  avaliar	
  programas	
  de	
  
prevenção	
  e	
  de	
  assistência,	
  gerar	
  hipóteses	
  para	
  estudos	
  de	
  investigação	
  e	
  servir	
  para	
  a	
  tomada	
  de	
  
decisão.	
  
Apesar	
   das	
   iniciativas	
   desenvolvidas	
   até	
   o	
   momento	
   relativamente	
   ao	
   enfrentamento	
   dos	
   maus-­‐
tratos	
   na	
   infância	
   e	
   adolescência,	
   é	
   necessário	
   destacar	
   a	
   importância	
   de	
   se	
   intensificar	
   ações	
   de	
  
prevenção,	
   seja	
   na	
   eliminação	
   ou	
   redução	
   dos	
   fatores	
   de	
   risco,	
   na	
   identificação	
   de	
   crianças	
   em	
  
situação	
  de	
   risco	
  ou	
   acompanhamento	
  da	
   vítima	
  e	
   de	
   seu	
   agressor	
   (Martins	
  &	
   Jorge,	
   2010).	
   Além	
  
disso,	
  é	
  preciso	
  ampliar	
  os	
  projetos	
  interventivos	
  incorporando	
  a	
  percepção	
  das	
  vulnerabilidades	
  das	
  
famílias	
  em	
  termos	
  de	
  reprodução	
  social	
  decorrente	
  dos	
  processos	
  de	
  inserção	
  na	
  produção	
  social	
  da	
  
riqueza	
   produzida.	
   (Egry,	
   Apostolico,	
   Albuquerque,	
   Gessner,	
   &	
   Fonseca,	
   2015).	
   Ademais,	
   há	
  
necessidade	
  de	
  integração	
  dos	
  diversos	
  segmentos	
  sociais,	
  viabilizando	
  discussões	
  e	
  reflexões	
  entre	
  
os	
   diferentes	
   setores	
   que	
   possam	
   acarretar	
   em	
   políticas	
   e	
   estratégias	
   preventivas,	
   diagnósticas	
   e	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
942	
  
terapêuticas,	
   numa	
   ampla	
   rede	
   de	
   apoio	
   social	
   e	
   interinstitucional	
   (Martins	
   &	
   Jorge,	
   2010).	
   As	
  
limitações	
  do	
  presente	
  estudo	
  se	
  referem	
  à	
  escolha	
  dos	
  sujeitos,	
  que	
  foram	
  todos	
  da	
  área	
  da	
  saúde,	
  
em	
  estudos	
  posteriores	
  estas	
  mesmas	
  indagações	
  podem	
  ser	
  feitas	
  aos	
  serviços	
  de	
  assistência	
  social,	
  
às	
  escolas	
  e	
  ao	
  sector	
  judiciário.	
  
5	
  Conclusão	
  
O	
   estudo	
   mostrou	
   que	
   os	
   gestores	
   quando	
   indagados	
   acerca	
   do	
   papel	
   institucional	
   e	
   político	
   no	
  
enfrentamento	
  da	
  violência	
  doméstica	
   infantil	
   conseguem	
  detectar	
  amplamente	
  as	
  dificuldades	
  ou	
  
as	
   fragilidades	
   nas	
   três	
   dimensões,	
   tais	
   como,	
   o	
   despreparo	
   e	
   a	
   insegurança	
   para	
   lidar	
   com	
   a	
  
violência	
   e	
   suas	
   formas	
   de	
   enfrentamento,	
   a	
   dificuldade	
   em	
   realizar	
   ações	
   inter	
   setoriais	
   e	
   mais	
  
articuladas	
  e	
  a	
  pouca	
  efetivação	
  das	
  políticas	
  públicas	
  atreladas	
  aos	
  sub	
  financiamentos.	
  
A	
   identificação	
   das	
   potencialidades	
   requer	
   uma	
   análise	
   minuciosa	
   do	
   objeto	
   de	
   estudo.	
   As	
  
potencialidades	
   estão	
   relacionadas	
   a	
   atuação	
   de	
   uma	
   equipe	
   multiprofissional	
   comprometida	
   e	
  
capacitada	
   na	
   avaliação	
   das	
   necessidades	
   das	
   vítimas,	
   assim	
   como	
   a	
   supervisão	
   doscasos	
  
notificados.	
  A	
   comunicação	
  entre	
  os	
  profissionais	
   e	
   as	
   instituições	
  devem	
  se	
   fortalecer	
  para	
  que	
  a	
  
criança	
  bem	
  como	
  sua	
  família	
  sejam	
  acompanhado	
  ao	
  logo	
  de	
  sua	
  vida.	
  Uma	
  melhor	
  formação	
  ou	
  o	
  
preparo	
  do	
  profissional	
  para	
  lidar	
  com	
  o	
  fenômeno	
  da	
  violência	
  pode	
  resultar	
  em	
  uma	
  atuação	
  mais	
  
adequada,	
   clara	
   e	
   segura	
   para	
   identificar	
   e	
   intervir	
   no	
   fenômeno	
   da	
   violência	
   doméstica	
   infantil.	
  
Tornar	
  visível	
  o	
  fenômeno	
  e	
  compreender	
  os	
  seus	
  determinantes	
  podem	
  ajudar	
  tanto	
  na	
  atenção	
  às	
  
crianças	
   e	
   suas	
   famílias,	
   incluindo	
   os	
   agressores,	
   quanto	
   em	
   atuações	
   mais	
   articuladas	
   dos	
  
profissionais,	
   instituições	
  e	
  políticas	
  públicas.	
  Estudos	
  em	
  continuidade	
  deverão	
  ser	
  realizados	
  para	
  
conhecer	
   melhor	
   a	
   vulnerabilidade	
   infantil	
   à	
   violência	
   e	
   as	
   formas	
   efetivas	
   de	
   enfrentamento	
  
existentes.	
  	
  
	
  
Agradecimentos.	
   Fundação	
   de	
   Amparo	
   à	
   Pesquisa	
   do	
   Estado	
   de	
   São	
   Paulo	
   (FAPESP)	
   pelo	
   apoio	
   financeiro	
  
(Auxílio	
   à	
   Pesquisa	
   processo	
   nº	
   2011/50.932-­‐1	
   e	
   Bolsa	
   de	
   Pós-­‐Doutorado	
   processo	
   nº	
   2012/06.714-­‐2).	
  
Conselho	
  Nacional	
  de	
  Desenvolvimento	
  Científico	
  e	
  Tecnológico	
   (CNPq)	
  pelas	
  bolsas	
  de	
   Iniciação	
  Científica	
  e	
  
Produtividade	
  em	
  Pesquisa.	
  
Referências	
  
Andrade,	
   E.	
  M.,	
  Nakamura,	
   E.,	
   Paula,	
   C.	
   Silvestre.,	
  Nascimento,	
   Rosimeire.,	
   Bordin,	
   I.	
   A.,	
  &	
  Martin,	
  
Denise.	
   (2011).	
   A	
   visão	
   dos	
   profissionais	
   de	
   saúde	
   em	
   relação	
   à	
   violência	
   doméstica	
   contra	
  
crianças	
  e	
  adolescentes:	
  um	
  estudo	
  qualitativo.	
  Saúde	
  e	
  Sociedade	
  [Internet],	
  20(1),	
  147-­‐155.	
  	
  
Apostólico,	
   M.	
   R.,	
   Hino,	
   P.,	
   &	
   Egry,	
   E.	
   Y.	
   (2013).	
   Possibilities	
   for	
   addressing	
   child	
   abuse	
   in	
  
systematized	
  nursing.	
  Revista	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  da	
  USP,	
  47(2),	
  320-­‐327.	
  
Aragão,	
  A.,	
   Ferriani,	
  M.,	
   Vendruscollo,	
   T.,	
   Souza,	
   S.,	
  &	
  Gomes,	
   R.	
   (2013).	
   Abordagem	
  dos	
   casos	
   de	
  
violência	
  à	
  criança	
  pela	
  enfermagem	
  na	
  Atenção	
  Básica.	
  Revista	
  Latino	
  Americana	
  Enfermagem,	
  
21(spec),	
  172-­‐1179.	
  
Associação	
   Brasileira	
   Multiprofissional	
   de	
   Proteção	
   à	
   Infância	
   e	
   Adolescência	
   (ABRAPIA).	
   (1992).	
  
Maus-­‐tratos	
   contra	
   crianças	
   e	
   adolescentes:	
   proteção	
   e	
   prevenção.	
   Guia	
   de	
   orientação	
   para	
  
profissionais	
  de	
  saúde.	
  Petrópolis.	
  
>>Atas	
  CIAIQ2016	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  >>Investigação	
  Qualitativa	
  em	
  Saúde//Investigación	
  Cualitativa	
  en	
  Salud//Volume	
  2	
  
	
  
 
 
 
943	
  
Bardin	
  L.	
  (2011).	
  Análise	
  de	
  conteúdo.	
  São	
  Paulo:	
  Edições	
  70.	
  
Brasil.	
   (1990).	
   Lei	
   No	
   8.069,	
   de	
   13	
   de	
   julho	
   de	
   1990.	
   Dispõe	
   sobre	
   o	
   Estatuto	
   da	
   Criança	
   e	
   do	
  
Adolescente	
  (ECA)	
  [Internet].	
  Brasília.	
  
Egry,	
  E.	
  Y.	
  (1996).	
  Saúde	
  Coletiva:	
  construindo	
  um	
  novo	
  método	
  em	
  enfermagem.	
  São	
  Paulo,	
  Ícone.	
  
Egry,	
   E.Y.	
   Apostolico,	
   M.R,	
   Albuquerque,	
   L.M,	
   Gessner,	
   R,	
   &	
   Fonseca,	
   R.M.G.S.	
   (2015)	
  
Compreendendo	
   a	
   negligência	
   infantil	
   na	
   perspectiva	
   de	
   gênero:	
   estudo	
   em	
   um	
   município	
  
brasileiro.	
  Revista	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  da	
  USP,	
  49(4),	
  556-­‐563.	
  
Fonseca,	
   R.	
   M.	
   G.	
   S.,	
   Egry,	
   E.	
   Y,	
   Nóbrega,	
   C.	
   R.,	
   Apostólico,	
   M.	
   R.,	
   &	
   Oliveira,	
   R.	
   N.	
   G.	
   (2012).	
  
Reincidência	
  da	
  violência	
   contra	
   crianças	
  no	
  Município	
  de	
  Curitiba:	
  um	
  olhar	
  de	
  gênero.	
  Acta	
  
Paulista	
  de	
  Enfermagem,	
  25(6),	
  895-­‐901.	
  
Grüdtner,	
   D.I.	
   (2007).	
   Violência	
   intrafamiliar	
   contra	
   a	
   criança	
   e	
   o	
   adolescente:	
   reflexões	
   sobre	
   o	
  
cuidado	
  de	
  enfermeiras.	
  Texto	
  &	
  Contexto	
  –	
  Enfermagem,	
  16(1),	
  182-­‐183.	
  
Lobato,	
  G.	
  R.,	
  Moraes,	
  C.	
  L.,	
  &	
  Nascimento,	
  M.	
  C	
  (2012).	
  Desafios	
  da	
  atenção	
  à	
  violência	
  doméstica	
  
contra	
   crianças	
   e	
   adolescentes	
   no	
   Programa	
   Saúde	
   da	
   Família	
   em	
   cidade	
   de	
  médio	
   porte	
   do	
  
Estado	
  do	
  Rio	
  de	
  Janeiro,	
  Brasil.	
  Cadernos	
  de	
  Saúde	
  Pública.	
  [Internet],	
  28(9),	
  1749-­‐1758.	
  
Lourenço,	
   L.	
  M.,	
   Baptista,	
  M.	
  N.,	
   Senra,	
   L.	
   X.,	
   Almeida,	
  A.	
   A.,	
   Basílio,	
   C.,	
  &	
  Bhona,	
   F.	
  M.	
   C.	
   (2013).	
  
Consequences	
   of	
   Exposure	
   to	
   Domestic	
   Violence	
   for	
   Children:	
   A	
   Systematic	
   Review	
   of	
   the	
  
Literature.	
  Paidéia	
  (Ribeirão	
  Preto).	
  [Internet],	
  23(55),	
  263-­‐271.	
  
Martins,	
   C.	
   B.	
   G.,	
   &	
   Jorge,	
   M.	
   H.	
   P.M.	
   (2010).	
   Maus-­‐tratos	
   infantis:	
   um	
   resgate	
   da	
   história	
   e	
   das	
  
políticas	
  de	
  proteção.	
  Acta	
  Paulista	
  de	
  Enfermagem,	
  23(3),	
  417-­‐422.	
  	
  
Minayo,	
  M.	
  C.	
  (2014).	
  O	
  desafio	
  do	
  conhecimento:	
  pesquisa	
  qualitativa	
  em	
  saúde.	
  São	
  Paulo:	
  Hucitec.	
  
Moreira,	
   G.	
   A.	
   R.	
   Vieira,	
   L.J.E.S.,	
   Deslandes,	
   S.F.,	
   Pordeus,	
   M.A.J.,	
   Gama,	
   I.S.,	
   &	
   Brilhante,	
   A.V.M.	
  
(2014).	
  Fatores	
  associados	
  à	
  notificação	
  de	
  maus-­‐tratos	
  em	
  crianças	
  e	
  adolescentes	
  na	
  Atenção	
  
Básica.	
  Ciência	
  e	
  Saúde	
  Coletiva,	
  19(10),	
  4267-­‐4276.	
  
Oliveira,	
  C.	
  C.,	
  &	
  Fonseca,	
  R.M.G.S.	
  (2007).	
  Práticas	
  dos	
  profissionais	
  das	
  equipes	
  de	
  saúde	
  da	
  família	
  
voltadas	
  para	
  as	
  mulheres	
  em	
  situação	
  de	
  violência	
   sexual.	
  Revista	
  Escola	
  de	
  Enfermagem	
  da	
  
USP	
  [Internet],	
  41(4),	
  605-­‐612.	
  
Schols,	
  M.,	
   Ruiter,	
   C.,	
   &	
   Ory,	
   F.	
   (2013).	
   How	
   do	
   public	
   child	
   healthcare	
   professionals	
   and	
   primary	
  
school	
  teachers	
  identify	
  and	
  handle	
  child	
  abuse	
  cases?	
  A	
  qualitative	
  study.	
  BMC	
  Public	
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