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TCC 9 ENFRETAMENTO DA VIOLENCIA 1

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II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
126 Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.122-128, jul/dez. 2015.
REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: AS POSSIBILIDADES E OS LIMITES DE 
ENFRENTAMENTO
Adriana Maria Leal14 
Dra. Marcela Lima Cardoso Selow15 
RESUMO
 A violência é um fenômeno complexo que possui implicações relacionais, sociais, culturais e polí-
tico-institucionais, no que se refere às determinações e às formas de enfrentamento. A violência contra a 
mulher é histórica e possui várias formas, entre elas, a física, a psicológica e a sexual. Trata-se de uma ex-
pressão de poder que procura reforçar a inferioridade da mulher, sendo reproduzida no imaginário coletivo 
e naturalizada nas relações sociais. O presente artigo tem como objetivo conhecer a rede de atendimento à 
mulher em situação de violência, no contexto principalmente, da Lei Maria da Penha, as possibilidades e 
os limites de enfrentamento, considerando as responsabilidades das três esferas de governo e da sociedade 
civil. 
Palavras-chave: Mulheres. Violência Doméstica. Rede de Proteção. Serviço Social.
ABSTRACT
 Violence is a complex phenomenon that is embedded with relational, social, cultural and political 
and institutional implications, in what concerns the determinations and forms of coping. Violence against 
women is historical and comes in many forms, amongst them, physical, psychological and sexual. It is an 
expression of power that seeks enforcing women’s inferiority, being reproduced in the collective imaginary 
and neutralized on social relations. The present article aims to be familiarized with the battered women’s 
support network specially on the context of Maria da Penha Law. it’s possibilities and the limits of coping, 
considering the responsibilities of the three government spheres and civil society.
Keywords: Women. Domestic Violence. Protection Network. Social Service.
14 Aluna do curso de Pós- Graduação em Gestão Pública do Dom Bosco; Agente Administrativo da Prefeitura de São José dos 
Pinhais – Lotada na Secretaria Municipal de Assistência Social; E-mail: adriana.leal@sjp.pr.gov.br. 
 15 Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação - Faculdade Dom Bosco.
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
127Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.122-128, jul/dez. 2015.
1 INTRODUÇÃO
 O presente artigo tem por escopo conhecer como está articulada a Rede de Proteção Social à Mu-
lher, vítima de violência doméstica. A violência contra a mulher é um fenômeno social antigo, ue atinge 
mulheres de diferentes classes sociais, religiões, grupos étnicos e posições profissionais. Ocorre de diversas 
maneiras nas formas de agressão física, psicológica, sexual e moral. É uma manifestação de relação de poder 
entre o homem e a mulher, que está arraigada na cultura brasileira e no decorrer da história, é considerada 
como algo natural. O tema da violência doméstica contra as mulheres tem um longo caminho de desafios, 
sendo que um dos maiores é promover a sensibilização social dessa violação que se reproduz em todos os 
níveis da sociedade. É necessário tornar esse fenômeno visível aos olhos da sociedade, para que medidas se-
jam implementadas, no sentido de promover transformações pertinentes à questão de gênero, que possam 
contribuir para que o Brasil se torne um lugar mais solidário, igualitário e justo.
 Segundo pesquisa da Sociedade Mundial de Vitimologia, ligada ao governo da Holanda e à Orga-
nização das Nações Unidas (ONU), realizada em 2002, em 54 países e junto a 138 mil mulheres, o Brasil 
é o país que mais sofre com a violência doméstica. Sendo que 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas 
a esse tipo de violência, quando em 70% dos incidentes, o agressor é o próprio marido ou companheiro. 
(BRASIL, 2009, p. 10).
 Contudo, desde a década de 1980 até os dias atuais podem-se confirmar algumas conquistas, reivin-
dicações e prioridades estabelecidas por intermédio dos movimentos feministas e de mulheres que de forma 
enfática denunciaram as crueldades que ocorriam nos lares de milhares de mulheres brasileiras. (MORGA-
DO, 2004).
 Nesse contexto, o Brasil destacou-se em nível mundial por desenvolver ações e medidas pioneiras 
para a luta contra a violência e discriminação de gênero. Uma das principais conquistas atualmente é a Lei 
n.º 11.340, denominada Lei Maria da Penha, sancionada em 07 de agosto de 2006, que contém subsídios 
que se transformam em instrumento para o exercício da democracia de gênero. A Lei cria mecanismos para 
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, uma vez que se constitui em um instrumento eficaz 
no combate à submissão e exploração da mulher no contexto de uma sociedade como a brasileira, em que 
o poder ainda é conferido ao homem.
 No entanto, reconhece-se que somente a legislação não é capaz de assegurar direitos e garantir a 
proteção às mulheres vítimas de violência. É necessário que exista uma rede de apoio, que articule Estado e 
sociedade, com primazia estatal e articulação intersetorial, por meio de canais e organizações, governamen-
tais e não governamentais. 
 Assim sendo, neste artigo identifica-se como se articula a rede de garantia dos direitos e proteção da 
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
128 Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.122-128, jul/dez. 2015.
mulher vitimizada, com base na Lei Maria da Penha.
2 REDE PROTETIVA EM PROL DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
 As mulheres brasileiras há muito são submetidas a diversas agressões independentemente de classe 
social, nível de renda e cultura. À medida que as demandas de gênero foram conquistando legitimidade pú-
blica na sociedade o enfoque sobre a violência tomou um novo rumo regulatório e político pelas legislações 
específicas que objetivam coibir a prática violenta de homens contra mulheres. Nesse contexto, de acordo 
com Weber e Guzzo (2006), a opção pela estruturação de uma Rede de Atendimento deveu- se à tentativa 
de eliminar e/ou minimizar o percurso crítico que a mulher em situação de violência faz para receber o 
devido atendimento, em face das diversas portas de entrada como os hospitais de urgência e emergência, 
delegacias, serviços de assistência social. Geralmente, a mulher em situação ou vítima de violência procura 
em diversos órgãos governamentais o amparo legal do Estado e, na maioria das vezes, percorre diversos ou 
os mesmos caminhos sem uma solução para o seu problema, levando ao desgaste emocional e à revitimiza-
ção. 
 O termo “rede” é considerado uma estrutura aberta, com fim de se expandir e de se comunicar den-
tro da própria rede compartilhando as mesmas informações e objetivos. Nesse sentido cabe ressaltar o po-
tencial das redes que são formas promissoras que combinam autonomia e inovação. A principal atividade 
de uma rede é promover a aprendizagem social, a produção de significado compartilhado e a comunicação, 
essa que deve ser assegurada a todos os envolvidos, de modo a contribuir no sentimento de pertença, quan-
do a expressão de idéias, opiniões e propostas, contribuem para um melhor diálogo entre os participantes 
da Rede. (WEBER E GUzzO, 2006).
 A diversidade de redes existentes em um município não exclui a existência da outra, pois, se inte-
gram para potencializar os serviços oferecidos no enfretamento da questão social. Em linhas gerais, o tra-
balho em rede sugere horizontalidade, articulação entre os parceiros para garantir a integralidade e eficácia 
dos serviços prestados à população usuária. (WEBER; GUzzO, 2006). 
 A comunicação e a articulação são elementos primordiais para o trabalho em rede, pois interligam 
a oferta de oportunidades e acesso a serviços, analisando e integrando a população alvo aos programas e 
serviços ligados entre si.
 Para tanto, o trabalho em rede sugere alguns requisitos fundamentais, entre eles: o Município como 
espaço territorial para que as açõesse desenvolvam, comprometimento das autoridades locais na defesa 
dos direitos fundamentais, leitura da realidade social dos indivíduos vulnerabilizados, desenvolvimentos 
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
129Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.122-133, jul/dez. 2015.
de projetos inter - setoriais, sinergia entre todas as Instituições que prestam serviços no Município, apoio 
técnico e financeiro para o desenvolvimento dos propósitos, informações compartilhadas, capacitação dos 
profissionais envolvidos e avaliação e redefinição das estratégias. (WEBER; GUzzO, 2006). 
 De acordo com Lettiere e Nakano (2011), apesar de serem ainda poucos os serviços disponíveis, 
especialmente levando em conta a magnitude do fenômeno, é importante considerar que a rede de aten-
dimento à mulher em situação de violência foi construída em um período muito curto de tempo, respon-
dendo a uma política recentemente instalada e que ainda está em fase de expansão e consolidação.
 De fato, até 2003, as Casas-Abrigo e as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher consti-
tuíram as principais respostas dos governos (Federal, Estadual e Municipal) à questão da violência contra as 
mulheres. A partir de então, as políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres foram ampliadas 
e incluíram ações de prevenção, de garantia de direitos e de responsabilização dos agressores (combate). 
(LETTIERE; NAKANO, 2011).
 Percebe-se assim, a importância e influência central do Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Vio-
lência contra as Mulheres na constituição e fortalecimento da rede de enfrentamento e de atendimento às 
mulheres. O Pacto Nacional, ao definir um dos seus eixos como Fortalecimento da Rede de Atendimento 
e Implementação da Lei Maria da Penha, garante um maior aporte de recursos por parte da Secretaria de 
Políticas para as Mulheres e demais Ministérios para o apoio (criação/reaparelhamento/reforma) de serviços 
especializados de atendimento à mulher (em especial, Centros de Referência de Atendimento à Mulher, 
Casas Abrigo, Casas de Acolhimento Provisório, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, 
Núcleos da Mulher nas Defensorias Públicas, Promotorias Especializadas, Juizados Especiais de Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher). (LETTIERE; NAKANO, 2011).
 Os acordos firmados entre União, Estados e Municípios para a implementação do Pacto Nacional 
(termos de cooperação técnica) também representam um importante avanço para a constituição da rede 
de atendimento, na medida em que os dois últimos também aportam recursos para a criação de serviços 
especializados de atendimento à mulher em situação de violência.
 Assim, a evolução da rede de atendimento à mulher em situação de violência só pode ser entendida 
no âmbito de um esforço conjugado de órgãos federais, estaduais e municipais no âmbito do Pacto Nacio-
nal, e não somente como reflexo dos recursos disponibilizados pela Secretaria de Políticas para Mulheres 
(SPM) para o fortalecimento dos serviços especializados. (LETTIERE; NAKANO, 2011).
 É relevante frisar que, a partir das negociações do Pacto Nacional nos Estados e nos Municípios, 
houve uma mudança quanto aos tipos de serviços financiados pela SPM. Dessa forma, em 2008, os convê-
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nios tiveram por objeto principalmente, os Centros de Referência de Atendimento a Mulheres e as Casas- 
Abrigo. Já os dados de 2009, 2010 e 2011, referem-se a uma ampla gama de serviços: Casas-Abrigo, Casas 
de Passagem, Defensorias Especializadas, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, Centros de 
Referência de Atendimento à Mulher, Núcleos de Atendimento/Apoio à Mulher e Centros Integrados de 
Atendimento à Mulher, entre outros. (LETTIERE; NAKANO, 2011).
 Os recursos investidos pela SPM no apoio a serviços especializados constituem apenas parte do 
processo de consolidação e fortalecimento da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres, que 
conta com o aporte de recursos de órgãos federais: Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome, Ministério da Justiça, entre outros; órgãos estaduais e municipais: Secretarias de 
Assistência Social, de Saúde, de Justiça, de Segurança Pública, de Promoção da Igualdade, de organismos 
de políticas para as mulheres. (LETTIERE; NAKANO, 2011).
 Segundo Lettiere e Nakano (2011), é fundamental o trabalho em rede, a ação inter-setorial que 
inclua atores de saúde, segurança, educação, bem-estar social e jurídico. Na participação deve haver a cons-
trução de estratégias que respondam, de forma integral, às necessidades físicas, emocionais e jurídicas de 
mulheres submetidas a agravos oriundos dos mais diversos tipos de violência. 
 De acordo com Campos et al. (2010), a construção de uma rede de serviço destinada à mulher 
vítima de violência é de suma importância, pois, a construção de redes é uma proposta inovadora na con-
temporaneidade, mexendo com quebras de paradigmas e de poder existentes entre as instituições atuantes 
nessa expressão da questão social. 
 Os profissionais que atuam no enfrentamento da violência de gênero têm a necessidades de pro-
curar aprofundar seu conhecimento para atender às necessidades sociais apresentadas e transformá-las em 
respostas profissionais sustentáveis, para assim, também ter a capacidade de cada dia melhorar seu trabalho 
e propiciar às mulheres vítimas de violência uma melhor qualidade no seu serviço.
 Para se pensar em rede no atendimento à mulher vítimas de violência, é necessário que o profissio-
nal tenha uma ruptura com o conservadorismo e traga para seu cotidiano uma consciência crítica. 
 A Rede Mulher tem como objetivo principal a busca da articulação das políticas publicas e das or-
ganizações não governamentais para que o trabalho de enfrentamento da violência de gênero tenha ações 
integradas entre os serviços, programas e equipamentos públicos e privados. A Rede Mulher visa contribuir 
para melhoria da gestão dos serviços, programas e projetos destinados a mulheres que sofreram violência. 
A rede ainda contribui para a disposição de diálogo e articulação constantes entre os diversos serviços exis-
tentes e também capacitar os profissionais atuantes nessa demanda. (CAMPOS et al., 2010)
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
131Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.125-133, jul/dez. 2015.
 No entanto, todas essas ações desenvolvidas pela Rede Mulher não são suficientes para o combate à 
violência de gênero. A Rede Mulher necessita de ações mais articuladas e principalmente, a adesão de outras 
políticas públicas e organizações não governamentais, pois, os serviços de apoio da rede não são o bastante 
e sempre ficará uma lacuna para que ocorra uma real efetivação das ações. 
 Para que haja um desenvolvimento da Rede Mulher é necessária a quebra de paradigmas, para que a 
mesma desenvolva uma democratização de poder, um novo jeito de atuar na realidade social das mulheres 
vítimas de violência. É indispensável deixar claro quais as competências de cada instituição, quais limites e 
potencialidades de cada serviço para que assim não haja frustrações futuras.
 De acordo com Silva (2011), a construção da temática sobre a Rede de Enfrentamento à violência 
contra as Mulheres revela a expressão material da pluralidade do desenvolvimento do país, no âmbito das 
políticas públicas e do reconhecimento dos direitos, bem como na avaliação do papel do Estado, frente às 
demandas contemporâneas, considerando as tendências sócio históricas e ideo-políticas.
 Considerar a formação social da sociedade brasileira relacionada à formulação das políticas sociais 
revela que essa ligação não está voltada para a criação de mecanismos que construam bases e parâmetros 
para uma sociedade mais justa, com equidade social. (SILVA, 2011).Nessa contingência, o agravamento da questão social também significa resultado das mudanças 
ocorridas no processo de industrialização do país, sem planejamento, que continua a não vincular o reco-
nhecimento da classe subalterna como sujeito de direito. Por essa via, é cabível lembrar que o reconheci-
mento dos direitos só ocorreu efetivamente, a partir de 1988, com a nova Constituição Federal. (SILVA, 
2011). Ela menciona que até então, as poucas políticas públicas sociais existentes, eram elaboradas sem a 
contribuição dos sujeitos interessados, sendo que as leis provinham de um processo de articulação das clas-
ses dominantes diante da análise de seus interesses para a organização da sociedade. Assim, além do aden-
samento das expressões da questão social, as políticas sociais não tinham o alcance necessário para atender 
às demandas, e ainda se configuravam de maneira focalista e fragmentada.
 Assim, só se perfilaram outros direcionamentos no papel do Estado quando os movimentos sociais 
que incorporavam categorias profissionais, trabalhadores, militantes da área, lutaram por uma nova rea-
lidade política, social e econômica intensificando as mobilizações, que subsidiaram a mudança no texto 
Constitucional em vigência e contribuíram para a construção de uma nova concepção de Estado, Direito, 
Política, Participação e Financiamento. 
 É preciso efetivar o fortalecimento entre as políticas sociais para que construam uma rede protetiva 
universal, que superem as concepções fragmentadas e focalistas na garantia do desenvolvimento humano 
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
132 Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.125-133, jul/dez. 2015.
com autonomia e emancipação, na luta contra as tendências neoliberais alienadoras, incorporando debates 
críticos e democratizados. É necessário ainda fomentar a importância do Financiamento da Política Nacio-
nal de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, bem como seu processo de planejamento e execução 
orçamentária. Ressalta-se neste contexto a relevância do Controle Social.
2.1 PERCEPÇÕES DOS ATORES ENVOLVIDOS NA REDE DE SERVIÇOS 
SOBRE O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 De acordo com Gomes et al. (2012), mesmo com os resultados positivos, deve-se considerar que 
esses órgãos necessitam de ajustes e adequações, enfatizando a necessidade de capacitações dos profissionais 
envolvidos com os serviços de Enfrentamento da Violência contra a Mulher, oferecendo então, suporte aos 
propagadores dos serviços socioassistenciais oferecidos, ou seja, para que um trabalho seja desenvolvido 
com propriedade e qualidade é necessário que os profissionais compreendam e tenham domínio sobre a 
importância da Política de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
 São de conhecimento as dificuldades e fragilidades encontradas em alguns municípios em adequar 
determinadas ações as quais se defrontam com a cultura conservadora, de interesses, além da concentração 
de poder. Com a ausência do controle social e da participação efetiva da sociedade civil e vontade política, 
essas situações tendem a permanecer e incidir no descaso, por isso, a importância de fóruns e Conselhos 
para discussões sobre a referida Política, promovendo o protagonismo dos participantes e das mulheres 
vitimizadas. 
 Os desafios ainda presentes consistem, entre outros, na unificação de sistemas de informação, no 
empoderamento e total entendimento de sua competência dos profissionais que atendem às mulheres víti-
mas de violência, e na necessidade de instruções normativas, formando assim, profissionais mais sensíveis 
para identificar, atender e enfrentar a violência contra a mulher.
 Ainda, para prestar uma assistência qualificada é necessário mais um olhar clínico para identificar 
as necessidades e os aspectos peculiares que estão relacionados ao processo de adoecimento. É preciso olhar 
para as subjetividades da mulher, permitindo espaço de escuta, sem julgamentos. Assim, os profissionais 
precisam desenvolver a sensibilidade no sentido de identificar a violência como agravo à saúde e a neces-
sidade de uma ação articulada visto que o fenômeno extrapola o setor saúde, levando à necessidade da 
articulação em rede.
 De acordo com a autora Silva (2011), a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres é mar-
cada pela multiplicidade de serviços e de instituições. Essa diversidade deve ser compreendida como parte 
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
133Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.125-133, jul/dez. 2015.
de um processo de construção que visa abarcar a multidimensionalidade e a complexidade da violência 
contra as mulheres. Todavia, para que o enfrentamento da violência se efetive, é importante que serviços e 
instituições atuem de forma articulada e integrada. A perspectiva da intersetorialidade representa, portanto, 
um desafio na medida em que insta a uma ruptura com o modelo ‘tradicional’ de gestão pública, que tende 
à departamentalização, à desarticulação e à setorialização das ações e das políticas públicas.
 Todavia, a consolidação das ações para assegurar os direitos das mulheres, previstos em Lei, deve 
ocorrer por meio da implementação de Políticas Públicas específicas destinadas à prevenção e combate à 
violência. Portanto, a criação de redes intersetoriais torna-se indispensável para o enfrentamento da vio-
lência doméstica contra mulheres, uma vez que por meio delas podem-se formular e executar ações para 
promoção desses direitos. 
 A rede de enfrentamento à violência contra as mulheres visa ao desenvolvimento de estratégias efeti-
vas de prevenção e de políticas que garantam o empoderamento e construção da autonomia das mulheres, 
os seus direitos humanos, a responsabilização dos agressores e a assistência qualificada às mulheres em situ-
ação de violência. (SILVA, 2011).
 Já a rede de atendimento faz referência ao conjunto de ações e serviços de diferentes setores, que 
visam à ampliação e à melhoria da qualidade do atendimento, à identificação e aos encaminhamentos ade-
quados das mulheres em situação de violência e à integralidade e à humanização do atendimento. (SILVA, 
2011). 
 Assim, é possível afirmar que a rede de atendimento às mulheres em situação de violência é parte da 
rede de enfrentamento à violência contra as mulheres no sentido de garantir o atendimento qualificado às 
mulheres vitimizadas.
 De acordo com Oliveira (2011), a construção e consolidação da rede de atendimento a mulheres 
vítimas de violências é um dos instrumentos primordiais para o enfrentamento dessa demanda multiface-
tada. As redes sociais se tornam essenciais para a busca de respostas sustentáveis para as necessidades sociais 
que estão postas na atualidade de forma mais complexa e a articulação em rede é um dos meios mais efeti-
vos para atuação nas transformações sociais.
 Historicamente, a sociedade é estruturada em relações desiguais em todas as esferas da sociedade, 
restando às mulheres uma situação de subordinação e opressão em relação aos homens nos espaços de deci-
são, no trabalho e na família. Isso reflete a face de uma sociedade patriarcal, que vê no homem a figura do 
senhor, com poder, mando e autoridade sobre as mulheres.
 Como consequência dessa estrutura hierárquica, questões como a violência doméstica e a injusta 
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
134 Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.130-135, jul/dez. 2015.
divisão sexual do trabalho - que destina às mulheres o espaço privado - inviabiliza o rompimento com os 
processos de violência estabelecidos no âmbito doméstico e familiar. (OLIVEIRA, 2011).
 Ao longo da História, a sociedade reservou à mulher um “lugar social”, por assim dizer, e a natureza 
de suas obrigações fundamentais: a reprodução da espécie, os cuidados com a prole e o trabalho doméstico 
que garanta ao provedor da família – o homem – as condições necessárias para garantiro sustento e a sobre-
vivência da familiar. Essas problematizações evidenciam que as relações de gênero não são produtos de um 
destino biológico, mas sim, de construções sociais e históricas a partir de uma base material. (OLIVEIRA, 
2011).
 De toda forma, pode-se asseverar que se vive na atualidade, um momento de retomada das políticas 
públicas com viés de gênero. Exemplo disso foi a implantação da Secretaria de Políticas para as Mulheres 
do Governo Federal com a perspectiva de articulação e intersetorialidade das políticas públicas dos vários 
ministérios e a realização de duas Conferências de Políticas para as Mulheres com participação ampla do 
movimento feminista e de mulheres. Ainda, o advento da Lei Maria da Penha, a criação de Centros de 
Referência e Casa Abrigo e Juizados Especiais, entre outras medidas. (OLIVEIRA, 2011).
 Entretanto, há um distanciamento entre as leis existentes e a garantia de sua (s) aplicabilidade (s), 
quando se trata da questão de gênero nas políticas públicas.
 Oliveira (2011) versa que, nessa conjuntura de diagnóstico social, pode-se pensar em uma cons-
trução de rede voltada para atuar nas mudanças sociais de um determinado território ou serviço. As redes 
sociais devem ter formas horizontais, não devendo ter um controle burocrático, mas sim, uma instrumen-
talidade nas ações desenvolvidas. As redes sociais têm que estar voltadas para proteger os sujeitos, para que 
eles saiam da situação de risco em que se encontram, sem ter características assistencialistas. 
2.2 LEI MARIA DA PENHA: DEFINIÇÕES LEGAIS 
 Segundo Leal (2006), a Lei nº 11.340/2006, a Lei Maria da Penha, é uma conquista de toda a 
sociedade brasileira, especialmente, das mulheres e um compromisso do Estado. Ela trouxe avanços, prin-
cipalmente no que diz respeito à punição do (a) agressor (a) que antes tinha sua sentença transformada 
em penas alternativas, com prestação de serviços comunitários ou cestas básicas. A partir dessa Lei, o (a) 
agressor (a) poderá sofrer penas que variam de 3 meses a 3 anos de detenção, podendo ser aumentada em 
até 1/3 quando a mulher for deficiente. (LEAL, 2006). Outro avanço da Lei Maria da Penha diz respeito 
ao estabelecimento das formas de violência contra a mulher, previstas no seu Art. 7º. (LEAL, 2006, p. 02). 
II. PRODUÇÃO DE ALUNOS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO - ARTIGOS CIENTÍFICOS
135Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.130-135, jul/dez. 2015.
a) Violência Física: “entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal”. (In-
ciso I). Estariam incluídas aí, condutas caraterizadoras de crimes como o homicídio, aborto, lesão corporal.
b) Violência Psicológica: “entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição 
da autoestima”. (Inciso II).
c) Violência Sexual: “entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a parti-
cipar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força”. (Inciso III). 
Esse tipo de conduta pode configurar um dos crimes contra a liberdade sexual, definidos no Código Penal.
d) Violência Patrimonial: “entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destrui-
ção parcial ou total” de bens de qualquer natureza pertencentes à ofendida. (Inciso IV). Podem ser aí en-
quadrados casos em que a mulher, por medo, coagida ou induzida a erro, transfere bens ao agressor.
e) Violência Moral: entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. (Inciso 
V). São as hipóteses de crimes contra a honra, tipificada no Código Penal.
 A violência doméstica e familiar contra a mulher ganhou visibilidade a partir da promulgação da Lei 
n.º 11.340/2006 - Lei Maria da Penha- pois, foi ela definida de forma didática e minuciosa. 
 Leal (2006) afirma que a Lei representa uma nova atitude perante os tratados internacionais de 
proteção dos direitos humanos, uma vez que se fundamenta em normas e diretivas confirmadas na Consti-
tuição Federal, de 1988, (Artigo 226, parágrafo 8.º), na Convenção da ONU sobre a Eliminação de todas 
as Formas de Violência contra a Mulher; na Convenção Interamericana para Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher, entre outros tratados ratificados pelo Brasil. O objetivo foi criar mecanismos para coibir 
e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, dispor sobre o estabelecimento dos Juizados 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com competência cível e criminal e fixar medidas de 
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
 De acordo com Oliveira (2012), o tema da violência doméstica familiar contra as mulheres tem 
uma longa trajetória de desafios para o conjunto da sociedade, sendo que um dos maiores é promover uma 
consciência social dessa violação que se reproduz em todos os níveis da sociedade. 
 À medida que as demandas de gênero foram conquistando legitimidade pública na sociedade o 
enfoque sobre a violência tomou um novo rumo regulatório e político, pelas legislações específicas que 
objetivam coibir a prática violenta de homens contra mulheres. 
 Porém, a dificuldade em se precisar informações e quantificar a violência doméstica contra a mulher 
revela o aspecto diferenciado desse fenômeno que não se expressa em números, uma vez que o medo, a 
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vergonha e a proteção da família inibem a sua exteriorização e, portanto, o seu conhecimento. Aliás, a vio-
lência doméstica contra a mulher evidencia-se pelo rompimento dos valores e papéis impostos aos homens 
e mulheres pela sociedade, o que demonstra o seu caráter diferenciado, quando analisado em relação as 
outras violências institucionais. (OLIVEIRA, 2012).
 Contudo, no Brasil, a constituição de redes de ações e serviços preconizados na Lei Maria da Penha 
para proteger os direitos das mulheres que sofrem violência doméstica e familiar, ainda é um processo inci-
piente, implicando também grandes desafios a enfrentar para consolidar as conquistas oriundas da referida 
Lei, rejeitar e reduzir a violência de gênero na sociedade brasileira. 
 Importante, então, ressaltar, que o maior propósito de uma gestão comprometida com a cidadania, 
é desencadear um processo de desenvolvimento social, ou seja, ampliar as condições de qualidade de vida 
e do exercício dos direitos das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.
2.3 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: A VISIBILIDADE DO PROBLEMA 
 De acordo com Lettiere et al. (2007), a violência contra a mulher, em particular a violência domés-
tica, embora presente na maioria das sociedades continua sendo um fenômeno invisível, sendo por vezes, 
aceita socialmente como “normal”, ou seja, como uma situação esperada e costumeira. Dessa forma, a 
violência nas relações de gênero não é reconhecida nos serviços de saúde ou contabilizada nos diagnósticos 
realizados, sendo caracterizada como problema de extrema dificuldade para ser abordado.
 Assim, a não identificação da situação de violência pelos profissionais contribui para perpetuar o 
ciclo de violência, diminuindo a eficácia e a efetividade dos serviços de saúde, como também, consume 
recursos financeiros. Nessa perspectiva, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, os profissionais 
de saúde têm um papel crucial na detecção da violência, principalmente, porque muitas vezes esse é o único 
lugar procurado pelas mulheres nessas situações.
 Embora alguns profissionais de saúde não questionem a mulher diante de uma suspeita de violência 
por vários motivos, tais como falta de tempo e recursos, falta de intimidade com o assunto, temor de gerar 
constrangimentos, despreparo para atuar e frustração, pois se sentem impotentes para resolver a situação. 
Frente à fragilidade para atuar, os profissionais tendem a se conduzir por protocolos institucionais os quais, 
são exatas sequencias de ações a desenvolver,representando um poderoso instrumento de orientação técni-
ca que determina a competência de cada profissional. Na ausência dos mesmos, os profissionais sentem-se 
inseguros.
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137Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.132-137, jul/dez. 2015.
 Há o reconhecimento de que para o atendimento eficaz à mulher em situação de violência faz-se 
necessária uma equipe multidisciplinar, a qual consiste em uma relação de reciprocidade, de mutualidade, 
que pressupõe uma atitude diferente assumida frente ao problema do conhecimento, substituindo a con-
cepção fragmentária pela unitária do ser humano.
 Reitera-se que a violência é um tema de saúde pública, embora seu enfretamento requeira articula-
ções multidisciplinares e intersetoriais. Caminhar nessa direção implica diminuir o abismo entre o consen-
so discursivo e o dissenso das práticas quando se trata de questões que convocam a intersetorialidade.
 É preciso resgatar a capacidade de indignação frente às mazelas sociais discordando do movimento 
conservador que busca naturalizar a violência. Nesse sentido, o Estado deve ser um instrumento para cons-
trução de um novo pacto, firmado pela a lógica da construção de um mundo democrático que promova a 
igualdade social, a pluralidade política e a autonomia do cidadão. 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A violência contra a mulher gera uma preocupação em inúmeras dimensões sociais e políticas, tra-
zendo questionamentos sobre a forma de organização da sociedade onde se evidenciam as diferenças sociais 
que são diretamente associadas às tensões e aos conflitos que fazem com que a violência atinja proporções 
elevadas. 
 É um fenômeno que deve ser desvelado quanto aos seus determinantes e nexos. Diante disso, o 
presente trabalho privilegiou a discussão sobre o fenômeno da situação de violência doméstica e seu en-
frentamento institucional, por meio da rede de proteção, identificando as fragilidades, limites, avanços e 
potencialidades na perspectiva de articular e mobilizar ações para atender a essa demanda. 
 Nesse contexto, tomaram-se por referência três questões que direcionaram a construção da pesquisa: 
a importância da Lei Maria da Penha como eixo na garantia dos direitos e proteção da mulher vitimizada; o 
funcionamento dos encaminhamentos realizados pela rede de proteção social à mulher vítima de violência 
doméstica. 
 Pensando-se a partir do processo histórico da construção dos direitos, com ênfase na questão de 
gênero, a trajetória histórica da luta das mulheres pela conquista da igualdade de seus direitos significa 
percorrer um caminho de avanços contínuos e descontínuos, contudo, imprescindíveis para que ocorram 
transformações dos indivíduos e das sociedades. Por isso, é importante otimizar ações públicas para o en-
frentamento da violência doméstica e trabalhar de uma forma plural, de modo a angariar alternativas e 
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138 Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.134-138, jul/dez. 2015.
superar as resistências. 
 Assim, elucidou-se que todo o processo de conquista e avanço em matéria de direitos da mulher no 
Brasil, ganhou significado à medida que as mulheres conquistaram espaços na sociedade e a violência de 
gênero tomou novos rumos e suas demandas foram tratadas com maior atenção e respeito, amparadas por 
legislação específica que objetiva coibir a prática violenta de homens contra mulheres. 
 A promulgação da Lei Maria da Penha caracterizou-se em um grande avanço e significa um ins-
trumento ético-político no enfrentamento à violência contra a mulher na sociedade brasileira. Foi a partir 
dessa lei que a violência contra a mulher passou a ter maior visibilidade como uma modalidade de violação 
dos direitos humanos. 
 No entanto, verificou-se que, apesar dos avanços, é possível identificar alguns limites que se cons-
tituíram em obstáculos para a sua efetivação, tais como: a lenta absorção das demandas e na aplicação das 
medidas protetivas no âmbito do sistema de garantia de direitos às mulheres; exigência pelas autoridades 
policiais da representação de denúncia; implementação insuficiente de políticas e serviços especializado. 
 Através da pesquisa constatou-se que o Sistema de Garantia de Direitos da Mulher é um sistema 
que na teoria, é muito bem elaborado, resguardando todos os interesses individuais da mulher, porém, na 
prática, sua efetivação não ocorre de maneira completa. É necessário fortalecer a intersetorialidade entre 
Secretaria de Assistência Social, o Judiciário, o Ministério Público e as autoridades policiais para estabele-
cer atendimento às vítimas de violência doméstica, aos agressores e aos demais familiares que são atingidos 
indiretamente pela violência. 
 Dessa maneira, este estudo possibilitou reflexões que reforçam a necessidade de se avançar na conso-
lidação de uma rede de apoio que articule Estado e sociedade para assegurar os direitos e garantir a proteção 
às mulheres vitimizadas. 
 Para além, identificaram-se potencialidades e aspectos positivos no que se refere à rede de proteção 
à mulher vitimizada, a implementação da Casa de Apoio a mulher vítima de violência, bem como a exis-
tência da DEAM. 
 Mesmo com os resultados positivos, deve-se considerar que ainda necessita de aprimoramentos 
quanto às fragilidades e aspectos negativos, já elencados: a falta de equipe multidisciplinar na Delegacia 
da Mulher; a falta de atendimento à mulher vítima de violência no CREAS; a falta de guia de referência 
e contra referência principalmente, com os CRAS e demais políticas públicas setoriais; a deficiência no 
acompanhamento após o acolhimento institucional; o desconhecimento das redes sociais locais; a ausência 
de centros de educação e de reabilitação para os agressores, conforme prevê a LMP, e por fim, a ausência de 
maiores investimentos em políticas públicas que atendam às mulheres em situação de violência. 
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139Vitrine Prod. Acad., Curitiba, v.3, n.2, p.135-139, jul/dez. 2015.
 Observam-se ainda, as possíveis diferentes formas de manifestação da rede e que uma não exclui a 
existência de outra, porém, preconiza-se que haja um avanço no sentido de se organizar redes intersetoriais. 
 A pesquisa, nesse sentido, torna-se um potente instrumento para o debate que deve continuar 
germinando, porque a tarefa de implantar um sistema público de garantias de direitos é uma tarefa que 
exige tempo, investimento político e acima de tudo, enfrentamento das amarras que fazem com que alguns 
aspectos não sejam facilmente identificados. 
 Nesse contexto, é importante salientar a presença marcante do Serviço Social como protagonista, 
imprimindo um novo significado em todo o processo de conquistas e avanços quanto à luta pela participa-
ção na construção de Democracia de acordo com os princípios éticos de liberdade, equidade e justiça social. 
 Os desafios para o Serviço Social consistem em promover a participação social e a descentralização 
das decisões, qualificar os serviços, estimular a mobilização das forças sociais, visando a criação de novos 
mecanismos de articulação com a sociedade civil que possam gerar novas modalidades de ação coletiva, que 
sejam capazes de intensificar a participação de grupos populares que não sejam apenas ‘usuários’ ou ‘benefi-
ciários’ dos serviços assistenciais, mas como sujeitos que trazem consigo direitos legítimos, que encontram 
no espaço público um lugar de reconhecimento, pertencimento e expressão de demandas sociais. 
 A criação de sistemas de articulação, comunicação e informação junto aos conselhos, fóruns e forças 
sociais nos Estados e Municípios ganha, nos dias atuais, importância no enfrentamento das desigualdades 
sociais do país. Assim, registra-se a manifestação de que é possível um mundo democrático onde todas as 
mulheres vitimizadas terão acesso aos seus direitos, e que só no fortalecimentoem conjunto da rede e dos 
princípios pautados na justiça social, é que se pode avançar para novos patamares. 
 Pondera-se que esta pesquisa contribui para fomentar novos estudos e instigar outras investigações 
por parte dos acadêmicos, professores e demais profissionais ao passo que também poderá cooperar com 
outras pesquisas e debates a cerca da temática estudada, que emergirão a partir das questões levantadas. 
Destaca-se que a contribuição aponta para a compreensão da importância da participação da população em 
todo o processo de garantia de direitos e proteção à mulher vítima de violência. 
 Fica também o registro do silêncio, da coragem e da luta das mulheres vítimas de violência. Suas 
histórias singulares se confundem com as histórias reconstruídas com seus protagonismos e pela mediação 
dos direitos, das políticas públicas e da luta histórica de milhares de mulheres no cotidiano e na esfera pú-
blica. 
Por fim, salienta-se que as mulheres em situação de violência doméstica querem seus direitos garantidos e 
para isso, seria necessário um trabalho mais intensivo e com possibilidades de articular e ampliar estratégias 
do trabalho em rede para que se fortaleça a defesa, a responsabilização, o apoio às pessoas em situação de 
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violência doméstica, é o que aponta para a existência de um terreno fértil a ser fortalecido.
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